Tigre
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TIGRE Textos curtos e ágeis entrecortados que tratam do cotidiano trágico submetido à persuasão, ao assédio suscitado como desplante, "desplazamiento" do bem quando invadido o íntimo como uma nova via da crueldade.
Ele é dedicado ao Charles, um cara sensacional que inovou o jornalismo com abertura de múltiplas atenções ao público leitor.
Graças a essa pessoa eu pude continuar a pensar que a comunicação através da literatura tem seu espaço no universo contemporâneo, que há poesia na vida, divertimento, estranhamento. São muitos contos, nano-contos, contos extremos, curtos e finalistas.
O conto Tigre é a história de uma mãe que resolve ir embora, se mandar desse mundo. Passam muitos anos e acontece o inesperado.
Assim, o segundo conto, por exemplo, conta a história de uma pessoa que sofre de Alergia à bondade, e a qualquer manifestação de afeto, pureza, inocência, veja esse pedaço:
"Entrou no carro por engano, sofria de alergia contra pessoas de bom caráter, o médico da prisão o avisara e ele recusou.
-Não fique entre os inocentes, pode provocar danos irreversíveis."
O Cantor de banheiro, ele só cantava maravilhosamente em pêlo, nu. O produtor que o descobriu ao acaso - um apartamento ao lado do dele -, preparou tudo para a apresentação, então segue.
O sujeito que chega em casa e diz: Mulher, vou me matar. Ela pergunta com o que faria isso, então ele... Bem, a história é absurda. Outras histórias carregam um sentimento de encontro, de perda, de comicidade em meio à crueldade. Os contos eram feitos de uma só vez: 4 entre terças e quartas-feiras (prazo final) e entregues pessoalmente na redação. Você vai se divertir, vai gostar. Digo isso com sinceridade porque sei que tive leitores que me telefonaram, outros que fizeram coleção. Teve gente que odiava, mas de um ódio singular, no entanto, veja que interessante, não perdia um dos continhos para falar dele com os colegas, amigos.
Alguns textos foram perdidos para sempre no amontoado do tempo, em meio aos arquivos do jornal.
Pedro Moreira Nt
Who I am Pedro Moreira Nt I have been a writer since infancy; my father influenced me with reasonable asks to do that the best possible, and my mother, too, read to me, I have been a writer since infancy; my father influenced me with reasonable asks to do that the best possible, and my mother, too, read to me, and at both comes a song walking my mind, sweetness and lovely goodness. I am critical of that; I desire to create a mist of essay, but my preference for poem structure and sensibility do not long of art. So, I seek romanticizing concepts and developing a new sense of literature that happens in its movement. I leave it to the reader to do part of that; they create a truthful text and can do a good book. It is the interpretation, the way, a leap beyond what a word says, transforming our lives when they share. My first writings, chronic stories, participated in my soul. It was extremely critical and sarcastic about what I saw from reality. I am talking of a fifties age period behind. In a position about what I developed, my evolution was more toward apparent expressionism and realism with wave poetical intermain. I do not know, and I am a writer by chance by life. I wait to create something more dense and fragile so that a reader can discover more insight and make the story. I write all day. I threw out many texts, books, and theatre, left at home friends, gave up on other works, abandoned along the path, and presented in different ways when it was impossible. I have not had a time in which I did not have difficulties showing my art, or I was, for some reason, prohibited from showing, or people made oyster faces and bodies, seeing down shoes, putting me out because, beyond writing, I talk. And when I speak, I create conflict with conceptualistic people. I am intervenient into the academy and ideological corpus, into radicalism free. I am more definitive when I believe in what I say and highly flexible when people do not know what I am saying. My themes are variant, and many circumstances bring me a gift, a motive to write. I wrote in Portuguese two books that I like, "Lirio" - Lille, and "O Peixinho do Pantanal" - The Little Fish from Pantanal (Wetlands), and both meant creation, jump to beyond, overcome, transformation social and personal release. From that, I wrote other books seeking to show different meanings throughout of phantasy necessary, and it to parents an...
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Book preview
Tigre - Pedro Moreira Nt
Tigre
Pedro Moreira Nt
A short stories
Copyright, 2015
Second edition 2022
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Smashwords Edition, License Notes
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This book was produced by Pedro Moreira Nt, 2022.
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Prólogo
O livro apresenta uma parte de Contos Crônicos coluna do jornal O Estado do Paraná, da famosa Seção Especial mantida por Charles. A ele o dedico, in memoriam.
Não fosse a sua estranheza de não ser autofágico, de não ser melindroso, de ter aquele caráter jornalístico já derrubado, de ser do jeito que sempre foi, e de dizer na lata, e, mais um pouco, de não ser fidalgo, de não ser colonizado, de não ser provinciano, de não fazer jornais para poucos, de não produzir palavras para os conhecidos, a ele, naquele momento de me aceitar.
Parei de publicar no dia de sua partida. Já o sabia desde antes que a correnteza leva os bons, os definitivos.
Contos:
Tigre
Alergia Fatal
Bolas e carros
O velho Milhec
A história do Zé do Bicho
Encaixe
O pessimista notório
Um chinês alemão
O ignorante de farda
Penúltimo preguiçoso
Leite
Imunidade parlamentar
A última
Rido e suas vítimas bonitas
O visitante
O último banho
O não do meu ladrão
Gasolina
Lamento muito, o Doutor morreu
Contra a parede
O naufrágio do barquinho
A caricatura do drama
Baratinha
A porta move-se na cozinha
Marvini disse
A espera de madame
Lembranças póstumas
O enterro ou aterro
Agripina em seu jardim
Um amor a chuva
Amigos pra nunca mais
Durvalina, lina, lina
A décima primeira vez
O número do silêncio
Abacate
Eucládia
O eterno retorno
Um riso pra mim
Trepar, um ato de amor
Saída
Os pardos são felinos tristes
Mansarda
O acidente
Deveras, sofri
Viagem pela caixa de papelão
Tigre
Três cartas abertas sobre a mesa, mais alguns comentários indiscretos foram o suficiente para que Adélia fugisse para o estrangeiro.
Certo que receberia condecorações, homenagens de amigos e vizinhos, os parentes viriam até apertar-lhe as mãos com sincero propósito caso dissesse que iria e logo voltaria.Não é muito de ser verdade, assim mesmo, nada é impossível se se usa bem o grado.
No caso dessa mulherzinha fedida, cheia de traças que corroíam-lhe o vestido da alma e toda a sua pueril normalidade, bom, é realmente de se espantar.
Vejam bem, possuía sete filhos, três vivos e quatro desaparecidos nas hostes militares de governos passados e oito netos aferrados a ela.O marido, sim, havia se entorpecido demais com desejos e inglórias e faleceu debaixo do rolo compressor, num ato de covardia segundo Adélia, deixar tudo por nada
.
Não, não era agnóstica, confiava na metafísica, afinal foram três cartas que a fizeram partir aos 62 anos de idade para lugar extremamente diferente daquele em que vivera tão despojada.
Possuíra um jardim florido, uma casa reformada, não havia doenças ou calamidades que o tempo já não houvesse passado a ferro e engomado.Carro não, não que o não quisesse é que pela modéstia da vida que fora confrangida a viver, não pudera dispor da oportunidade monetária para tanto, mas sabia muito bem onde era o acelerador e o freio.
Compassiva, uma mulher delicada que possuía um langor muito dos comuns nos olhos, um jeito todo de afazeres domésticos, de empertigar-se contra os maus tratos da vida, e toda história de vivência que o tempo não come.
Os bolos e os pães, açúcar e outros empréstimos e gentilezas lambuzaram os muros da vizinhança com os seus pratos e delicadezas.
-Uma mulher comum não pode partir, a senhora é uma mulher comum mamãe!
Não havia queixas, dúvidas, contramão que já não houvesse alcançado.Era como de um especialista deixasse de fazer aquilo que a vida inteira dedicou-se para se iludir com a loteria esportiva do governo, era como se fosse fuga desesperada contra assassinos armados.Impossível um caso impossível.
O filho tentou dissuadi-la, quis telefonar para o juiz e solicitar por esclerose ou loucura, o direito de agir sobre os desejos da mãe.
-Azar o seu, ninguém mandou visitar-me na hora da partida, queria que ninguém soubesse.Eu vou, e não é você que há de impedir
O filho calou-se, ajudou carregar as bagagens e a levou até o aeroporto.Num rápido aceno, já estava no ar.
Uma mulher, sem falar chinês caíra na Ásia menor ou maior, em algum ponto do planeta. Ninguém soube se foi ou se ficou, se era brincadeira de mau gosto, se era entorpecimento.Desapareceu.Nunca mandou recado ou um olá, qualquer coisa, até serviria um cartão postal sem assinaturas.
- Nós a tivemos por tanto tempo, nós a amamos tanto que não temos motivo de chamar uma busca internacionalpara localizar uma senhora em algum lugar, fazendo alguma coisa, para retornar ao local que antes estivera e não quisera permanecer, não temos este direito.A mamãe partiu, não porque nos odiasse, e sim porque desejou, encontrou motivo especial, dela mesmo, sem interferências.
Quando se passaram dez anos da partida, um advogado apareceu e solicitou a casa da velhinha.Os filhos quiseram saber.
- Nada especial, dona Adélia fez-me esta procuração, registrada e encaminhada para que eu disponha de seus bens para quando necessitar.
- E ela necessita? Onde ela está seu víbora
, aproveitador, enganador, seu grande raposa.
O advogado, um gentleman
, sorriu com o seu ar canino e disse que não sabia nada, mas que, segundo reza o contrato, depois de dez anos, ele passasse os bens para uma certa cartomante e entregasse-lhe uma correspondência. A família reunida disparou em melancolia e interesse.
Dias após a cartomante aparece para receber as chaves da suposta indenização e a carta: Queria que soubesse que a senhora não forjou o meu destino, eu sim estou lhe destinando um futuro magro
, a cartomante leu aquilo como se fosse um augúrio.É o tigre
, pensou. Não deu tempo de esconder o bilhete entre os seios, alguém bate à porta: Pois não!
, estremece, um rugido dentro de si mesmo, abala-se. Diz baixinho:
- Um tigre, dois tigres, três tigres, bem rápido, se tropeçar pode morrer de tédio.Uma mulher pode viver em outro mundo, até mesmo uma cartomante.
Abre a porta, a família entra, e o tigre que mora dentro dela, volta a dormir.
Alergia Fatal
Entrou no carro por engano, sofria de alergia contra pessoas de bom caráter, o médico da prisão o avisara e ele recusou.
-Não fique entre os inocentes, pode provocar danos irreversíveis.
Mas ele, que era todo ameno a regras, naturalmente deixou-se cair ao léu.
-Não posso doutor, não posso.
Ele não era inocente, ainda bem, a doença alastrava. Se fosse morreria, portanto não era.
Entrou no ônibus depois que cumpriu a pena. Imaginem, nada lhe aconteceu. O ônibus lotado fedia a trabalho dobrado, cheiro de cotidiano, rancor do suor, repleto de interesses escusos, vontades jamais declaradas, coisas irrealizáveis. Foi o que pressentiu.
Iria pra onde? Aonde iria? A mãe morrera desgraçadamente há um ano, a única pessoa que lhe assentara a hemorragia. Jorros de sangue escorreram da pele um dia.
Baixo, não era forte, corria bem e dormia mal, pensava pouco porque