Cultura japonesa 1: O caráter nacional: o dever público se revela no grande terremoto do leste japonês
By Masaomi Ise and Koichi Kishimoto
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About this ebook
Por que as pessoas daquele país deixaram de assaltar supermercados quando ocorreu aquele grande terremoto seguido de tsunami em 11 de março de 2011? Por que permaneceram ordeiramente em filas em meio à tragédia?
Por que, na Copa do Mundo de 2014, os torcedores daquele país recolheram o lixo na arquibancada do estádio após o término do jogo?
O que sentiu Einstein quando esteve no Japão, em sua viagem de conferências?
Que pensamentos tiveram os vultos da história japonesa do período da restauração de Meiji como Ryoma Sakamoto, no momento dramático da inclusão do país no sistema mundial após 260 anos de isolação?
Por que foram surgindo do Japão arrasado pela Segunda Grande Guerra, uma após outra, empresas de porte internacional?
Nas entrelinhas desta coleção se esconde a história do Japão e as bases do pensamento japonês, que não se resumem apenas a sushi, sashimi, animação e "cosplay".
Nesta série você encontrará a essência da cultura japonesa.
Uma publicação do Jornal Nikkey Shimbun.
Nesta edição:
É nas crises que se revela o caráter nacional – o dever público e o grande terremoto do leste japonês
Kowashi Inoue – Um país virtuoso por meta
O Japão que Einstein viu
O orgulho da mulher japonesa – De "Bushidô para mulheres"
A revolução tecnológica das empresas tradicionais
A colônia Hirano – Sítio colonial pioniero estabelecido pelos japoneses
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Cultura japonesa 1 - Masaomi Ise
japonesas.
É nas crises que se revela o caráter nacional – o dever público e o grande terremoto do leste japonês
O CUMPRIMENTO DO DEVER PÚBLICO NÃO APENAS POR MILITARES DA FORÇA DE AUTODEFESA E POR BOMBEIROS, MAS ATÉ PELAS TIAS
DE SHOPPING CENTER E MOCINHOS DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE DE CARGAS.
Área de devastação vista do ônibus, no caminho da cidade de Miyako para Yamada
Mesmo com a casa nesta situação, você vai?
Em certa loja de bebidas de uma cidade litorânea em Miyagi violentamente atingida pelo terremoto e tsunami, um rapaz e sua mãe procuravam arrumar o interior quando um oficial uniformizado da Força Nacional de Autodefesa surgiu com uma folha de papel na mão. Era uma ordem de convocação.
O rapaz, outrora membro ativo da Força, era reservista em prontidão para situações de emergência. Pôs-se em posição de sentido diante do oficial que lhe apresentava a convocação e respondeu: Entendi, senhor!
A um repórter de televisão que se achava ao lado e lhe perguntou: Mesmo com sua casa nesta situação, você vai?
, ele respondeu: Eu fui treinado por longos anos para isso. Se não for, eu me arrependeria por dez, vinte anos
. A mãe, que se achava próxima, disse-lhe também: Vá, é para o bem das pessoas. Disto aqui eu cuido.
[1]
Dos reservistas ex-integrantes da Força Nacional de Autodefesa se espera retorno imediato à ativa em situação de emergência. Dos 5.600 reservistas, 1.300 foram convocados neste terremoto até meados de abril.
O Édito Imperial sobre a Educação prega como ideal: Em emergência, trabalhar para o bem público com cavalheirismo e coragem ...
. A cena acima foi a própria reprodução desse ideal.
[Kyodo] membro da equipe de resgate das Forças de Autodefesa do Japão (SDF) em busca na área residencial devastada pelo tsunami = tarde de 14 março de 2011 - Cidade de Higashimatsushima, Província de Miyagi
Vou pelos meus companheiros
A crise da 1ª Usina Nucelar de Fukushima, da Empresa Municipal de Energia Elétrica de Tóquio está sendo debelada aos poucos porque muitos cumpriram esse ideal também.
Em março de 2011, Makoto Nemoto (47 anos, nome fictício), funcionário veterano de uma empresa subcontratada pela Empresa Municipal de Energia Elétrica de Tóquio, se achava no terceiro andar do edifício da 1ª Usina Nuclear de Fukushima quando o terremoto ocorreu. E lá permaneceu juntamente com mais de dez outros companheiros de trabalho, a pedido da empresa, para se entregar aos trabalhos de recuperação.
Tínhamos consciência do risco da contaminação radioativa, mas a recuperação da usina era trabalho para nós, funcionários com 18 anos de experiência. Por isso, decidimos nos arriscar.
Na usina, 300 a 500 pessoas, entre funcionários da empresa e de subcontratadas passavam a permanecer no local continuamente por dias seguidos para recuperar a usina em precárias condições de trabalho: recebiam rações de emergência duas vezes ao dia e dormiam juntos, enrolados em cobertores.
Três dias após, às 11:01 h da manhã, Nemoto trabalhava na recuperação da 2ª Usina quando houve a explosão de hidrogênio na 3ª Usina que lançou aos ares toda estrutura superior do prédio.
Nemoto correu para fora. A 3ª usina estava com as ferragens da sua estrutura à mostra, e uma densa fumaça cinzenta subia ao céu azul. É o fim ...
, ouviu um companheiro dizer.
Cuidado com a contaminação! Fujam da irradiação!
, gritou ele, e se pôs a correr por cima de tijolos caídos envergando a roupa de proteção. O carro em que viera estava com os vidros estraçalhados pela explosão e fora de uso. O prédio sismicamente isolado que servia de base de operações se achava um quilômetro adiante, mas conseguiu chegar ofegando até lá. A ordem de evacuação emergencial da empresa obrigou Nemoto a viver por certo tempo desde o dia 15 seguinte como refugiado, mas voltou depois disso à 1ª Usina como voluntário.
Meus companheiros estão ainda agora trabalhando na usina. Pelejando, com pouca gente. Claro, ninguém me condenaria se eu deixasse de ir. Mas eu não me perdoaria. Vou pelos meus companheiros.
[2]
Eu não me perdoaria
– isto é cavalheirismo
. E ir para o sítio do trabalho consciente dos riscos é coragem
.
Foto A – [Kyodo] imagem de helicóptero do Kyodo News a cerca de 40 km da Central Nuclear Fukushima 1 administrada pela The Tokyo Electric Power Company (Tepco) na Província de Fukushima. A partida da esquerda, Unidades 1, 2, 3, 4 = 13:45 de 18 de março de 2011
Foto B – (Kyodo) Fumaça branca expelida pela 3ª Unidade Geradora da 1ª Usina Nuclear de Fukushima – Companhia de Energia Elétrica de Tóquio,