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O mundo é uma cabeça: A mente, a matéria e a construção da realidade
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O mundo é uma cabeça: A mente, a matéria e a construção da realidade

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About this ebook

Sabemos que a ciência investiga a matéria, a psicologia a mente, e que as escrituras tratam da espiritualidade. O racionalismo materialista por muito tempo nos ensinou que é assim que a realidade deve ser dividida. Mas quando a própria ciência conclui que a matéria não existe como entidade. Que se trata apenas de energia condensada. Que sua existência depende de uma mente observadora. E que sua constituição não parece ser muito diferente da constituição de um pensamento. O homem é então posto diante de um caldeirão fervente onde se misturam ciência, psicologia, filosofia e espiritualidade, Esse é o momento que vivemos. E este livro está em sintonia com esse tempo.

Hippertt parte de uma sólida base de conhecimentos científicos, a qual adiciona novos fatos e experimentos sobre aspectos ainda desconhecidos da interação entre mente e matéria, para nos apresentar, com ideias elaboradas e explicações claras, uma nova e audaciosa maneira de ver a realidade.
LanguagePortuguês
PublisherViseu
Release dateJan 4, 2019
ISBN9788554549237
O mundo é uma cabeça: A mente, a matéria e a construção da realidade

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    Profundo. Uma visão alternativa da realidade. Pertence à categoria de livros que modificam o pensamento.

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O mundo é uma cabeça - J. Hippertt

abstrato

Prefácio

Difícil a missão de escrever um livro. Mas se esse livro já está em suas mãos, é porque já existe (não é mais uma ideia) e já tem um título. Significa então que já fui até o final. E encontrei afinal o título que você leu na capa, e que talvez tenha te atraído.

Mas agora, nesse momento em que o inicio, não tenho a menor ideia de qual será o título, porque, embora saiba qual seja o conteúdo a ser abordado, não sei como poderia cobri-lo com um único título. Mas enfim, o livro saiu da minha mente e existe no plano material, e espero que seja útil ao leitor de alguma maneira. Seja pelo novo que possa eventualmente conter. Ou pelo já conhecido que possa eventualmente ressaltar. Ou pelo exótico ou absurdo, com o qual possa talvez entreter.

E porque escrever tal livro, para o qual não se tem nem ao menos um título ou um roteiro a seguir? Bom, concluí que o escrevo porque necessito. Porque é algo que devo fazer para que seja completa minha vida. É claro que o escrevo porque penso que tenho algo a dizer. Escrevo também porque as palavras me transbordam. Ou nascidas dentro de mim. Ou às vezes vindas como em fila para dentro da minha cabeça, uma atrás da outra, de algum lugar que não parece ser meu interior. Apresso-me então em coletá-las, e vão sendo todas elas incluídas no livro, que vai sendo escrito nesta sua primeira página em direção a algum ponto futuro, que ainda não sei bem qual é. Mas esse é o caminho que se afigura. O único que vejo. Então o sigo.

A sensação de que faço algo útil me estimula. Parece-me uma boa conclusão de vida para um homem, que tem 55 anos e carrega uma estranha e confortável sensação de satisfação de dias, expressão comum usada nas escrituras do antigo testamento para descrever o estado de homens longevos, patriarcas do povo judeu, que viveram vários séculos e ao final, morreram satisfeitos de dias.

Não sou tão longevo assim. Mas em mim tudo foi precoce. Aos cinco anos tive minha primeira paixão, Lia, no primeiro ano da escola fundamental, e aos 55, tanto pela diversidade da experiência vivida, como pela intensidade do que senti, determinada pela eletricidade que sempre circulou em meus nervos e acelerou meu coração, eu confesso estar muito satisfeito de dias (fiz as contas, cerca de 20 mil já vividos). Não preciso de muitos mais para completar minha trajetória.

Nesse livro tenho a pretensão de falar do mundo, como observado e experimentado pela janela da minha mente individual de onde desde sempre procurei auscultá-lo. Como alias todos de uma forma ou outra fazem, e não existe mesmo outra maneira de fazer, já que não se pode perceber o mundo com a mente de outro. Pode-se talvez incorporar o pensamento do outro como uma ferramenta, mas a oficina onde o artífice humano processa a percepção e faz o produto final – a cosmovisão de cada um – é sempre a nossa mente individual que não pode ser compartilhada, apenas vivida.

Na minha abordagem do mundo, utilizei todas as ferramentas que tive ao meu dispor. Sendo um cientista de profissão, nunca me furtei da experimentação para a confrontação de qualquer dogma, os quais nunca comprei sem algum tipo de teste. Tampouco me furtei ao místico. Nunca me esquivei também do absurdo. Antes, fui ao seu encontro. E antes de me espantar, procurei testar todo o estranho, oculto e o impossível.

Quando ouvi alguém dizer que iria semear um tijolo para fazer nascer uma casa, preferi acompanhar o processo de perto para aprender a lógica do semeador, ao invés de classificá-lo de antemão de insensato. Nunca me apressei a chamar ninguém de louco. Nem me espantei com o inusitado. O aparentemente impossível me parece acessível na mesma medida em que a lógica me parece móvel. Abstrato e concreto me parecem estados transitórios da mesma essência fundamental do existir onde tudo é possível. Nunca encontrei uma razão para me deter diante daquilo que foge a compreensão. Antes fui de encontro do que não me era palpável. Esses são os fundamentos da minha ação. E como um prêmio pela minha audácia, alguma compreensão, acredito, foi acumulada. É disso que o livro trata.

Mas o leitor não deve esperar moderação de minha parte. Não pretendo relatar nenhum entender seguro, nenhum caminho do meio. Não poderia, pois só sei andar na beira do abismo. Penso que a moderação seja própria ao senso comum. Mas ao indivíduo é mais apropriado o excesso ou falta de sal do paladar de cada um, pois não se pode saborear o prato da vida com o paladar do outro. E o prato que ofereço pode ser meio salgado para os adeptos de perspectivas mais insossas.

E ao atingir o fim do Prefácio, vejo que o universo me ajuda (e eu agradeço). O que era a pouco obscuro já se clareia, e o título que não visualizava alguns parágrafos acima me surge agora límpido na mente, o único possível: O Mundo é uma Cabeça. Desse título não mais me afastarei.

Cambará do Sul (RS), Janeiro de 2015

Joao Hippertt

Introdução

Procuro entender a realidade (o que mais haveria para entender, leitor?), tendo como foco a mente e a matéria, e a interação entre essas duas entidades. Minhas ideias estão montadas em cima de acontecimentos reais do mundo dos fenômenos, tanto mentais quanto físicos, os quais procurei analisar de forma coerente. Portanto o leitor que porventura não se agrade das ideias, pode contudo aproveitar o relato dos variados fatos que apresento, alguns deles talvez nunca antes abordados.

Acredito que trato de fatos de ocorrência generalizada, e de conceitos de significância para todos. Quando procuro demonstrar, por exemplo, que palavras e símbolos agem diretamente sobre o meio físico ao redor, alterando a realidade; ou que a matéria pode ser alterada pela intenção e pelo pensamento, penso estar tratando de assuntos que a todos interessam, mesmo àqueles que por conta de alguma atitude cética, já deram por certo a inexistência de tais coisas.

Na articulação de minhas ideias, procuro utilizar argumentos de procedências variadas, envolvendo desde conceitos e leis das ciências do mundo físico, da neurobiologia, da psicologia e parapsicologia, até informação procedente do pensamento filosófico e místico-espiritual. Após a apresentação do corpo principal do livro em 20 capítulos, incluo mais três textos adicionais (dois suplementos e o Posfácio) que considero relevantes para esclarecer ao leitor meu pensamento. Tais textos, que estão no final do livro por razões organizacionais apenas, mas que podem ser lidos a qualquer tempo, abordam a liberdade, a ética, e as noções de humano e supra-humano.

Sempre que possível, procuro confrontar minhas observações e conclusões com conteúdos de textos milenares considerados como de procedência transcendente ou divina como a Torá¹, o Alcorão, a Bíblia e os Upanishads² nos quais estão fundamentadas as principais tradições espirituais do homem. Meu intuito com essa confrontação é investigar até que ponto tais escrituras estão falando dos mesmos temas que buscamos ou de conclusões que atingimos com a investigação científica.

Pois a sensação que temos, nessa era de universalidade da informação, é de que todos os enfoques, que toda ciência, toda filosofia e toda espiritualidade parecem pretender falar sobre a mesma coisa. Apenas a forma e a linguagem parecem variar. Porque o tempo em que vivemos é um tempo de convergência do pensamento. E daí procede a proliferação de atividades multidisciplinares e a mescla de conteúdos, até então insolados, que hoje criam incontáveis formas novas de ação humana. Penso que esse livro esteja em sintonia como essa tendência. E muitos outros que são lançados todos os anos também estão.

Tal convergência acontece porque o pensamento humano chegou até aqui muitíssimo compartimentado, desde que iniciamos na Grécia Antiga aquilo que chamamos de civilização ocidental, separando o espiritual (anima) do físico (physis). Ali nascia com Parmênides, Demócrito, e mais a frente Aristóteles (para citar somente alguns dos principais) o nosso racionalismo materialista que impulsionou nosso entendimento do mundo que chamamos físico pela atividade da razão que chamamos ciência. Enquanto que o espiritual, que nunca abandonamos, foi reservado ao campo filosófico e a religião.

Passados 2500 anos desde que a Grécia nos apontou o caminho do materialismo, a ciência se depara agora com uma fronteira onde podemos ver algo do outro lado, mas esse algo não é a entidade física a qual temos investigado (a matéria em si), mas uma entidade essencial mais tênue de natureza não material, que habita o âmago da própria matéria e a edifica. A própria ciência, especificamente os avanços recentes da física quântica, é que nos levou até esse ponto.

Ou seja, caminhamos com aceleração crescente em direção a uma forma de entendimento, que é exatamente aquela que o homem desejou se afastar quando enveredou pela trilha do racionalismo materialista. A amalgamação entre mundo físico, psique e espiritualidade é agora inevitável. É essa convergência que estamos vivendo nos dias atuais. Pois a realidade se estende muito além daquilo que pensávamos compreender com nossa ciência ocidental.

Como parte fundamental da minha abordagem, descrevo experimentos que desenvolvi ao longo de minha vida, envolvendo diferentes aspectos da ação da mente sobre a matéria. Tais experimentos foram desenhados de forma tão simples quanto possível, de modo a permitir fácil reprodução por qualquer leitor interessado em confirmar minhas observações. De fato, intrigar e estimular o leitor crítico a buscar confirmação do que falo pela reprodução de alguns dos experimentos descritos nesse livro, é um dos meus propósitos. Agrada-me que minhas ideias sejam questionadas por pessoas de atitude inquisidora e cética, que possam reproduzir meus experimentos e venham talvez a se convencer dos fatos que narro, por sua própria constatação. Se tal coisa acontecer, mesmo que com poucos indivíduos, creio que a elaboração deste livro já terá sido justificada.


1 Livro sagrado do Judaísmo que contém o Pentateuco, conjunto dos cinco livros atribuídos a Moises (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) que contam a história do povo judeu.

2 Conjunto de 108 textos com conteúdo filosófico-religioso, 10 deles considerados básicos para o Hinduísmo. Surgiram originalmente em Sânscrito. Fazem parte dos livros sagrados dos Vedas.

O sujeito é o sustentáculo do mundo.

Tudo que existe, existe para o sujeito

Arthur Schopenhauer

O universo é mental

Caibalion

1.

A Mente Humana Individual

I

A mente existe, disso não se pode duvidar. Mas não é algo que possamos apalpar ou ver, ou perceber e analisar como um objeto exterior. A mente só pode ser vista de dentro, pelo próprio indivíduo, o dono da mente. Dentre as diversas modalidades ou níveis de mente, a mais obvia é a mente consciente individual com a qual cada um, através do estado que chamamos consciência, percebe e lida consigo mesmo e com o mundo ao redor, sempre ao seu modo, um modo que pode ser talvez descrito a terceiros mas que nenhum terceiro pode sentir. Como nas palavras de Caetano Veloso, essa é a indescritível e única dor e delícia de se ser o que é.

Todos conhecem a distinção entre cérebro e mente, mas vale relembrar. Cérebro é o órgão físico que, mediante processos fisiológicos, tem a função de administrar o funcionamento do corpo e trazer à existência a mente, promovendo as atividades mentais conscientes e inconscientes. A mente, de natureza insubstancial, estaria portanto enraizada no cérebro, que é substancial. Com a morte cerebral se extinguiria a mente. Essa é a visão padrão da ciência ocidental. Mas não parece ser completa. Pois a própria ciência se depara com incontáveis fenômenos que não pode explicar, que indicam que a mente é algo mais do que apenas resultado de fisiologia cerebral. Ao longo do livro trataremos disso com diversos enfoques.

II

Se pensarmos em termos de espaço, os limites da mente individual consciente são desconhecidos. Assemelha-se a uma espécie de receptáculo escuro embora se apresente como sendo as vezes claro e colorido por simples efeito perceptivo advindo do sentido da visão. Mas se fechamos os olhos temos melhor noção da aparência última da mente quando observada de dentro: é de fato escura. Mesmo que a inundemos com pensamento de objetos coloridos, e atentarmos bem - mas sempre mantendo os olhos fechados - ela permanece escura, ficando os pensamentos vagando como temas coloridos mais ou menos dispersos, aqui e ali no interior desse substrato mental escuro, que não se altera.

A mente é também silenciosa, como constatamos quando nos isolamos de qualquer som exterior. Parece sempre persistir entretanto uma espécie de ruído de fundo, um zumbido como aquele que se ouve ao se por o ouvido numa concha marinha, mas que geralmente é apenas um efeito ressonante do labirinto auditivo. Esse ruído está quase sempre presente mas é na verdade externo a mente, inerente ao corpo físico e não a mente em si. A mente individual em seu estado puro é silenciosa. Mesmo que pensemos um som (um apito por exemplo), esse pensamento simulando um som acontece de forma localizada na mente, mas o ambiente da mente em si permanece silencioso. A mente individual consciente se assemelha portanto a um casulo escuro e silencioso, o qual mantemos geralmente inundados com incontáveis pensamentos, emoções e percepções sensitivas. Esse casulo pode ser descrito como o berçário

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