Entre e fique à vontade
By Vívian Mello
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Entre e fique à vontade - Vívian Mello
Entre e fique à vontade
Esta é uma coletânea de crônicas reais sobre encontros e desencontros na vida da mulher moderna. Começou como uma brincadeira, um diário, uma caixinha sórdida na qual depositamos – eu e minhas amigas jovens, lindas e solteiras – todas as experiências bizarras que tivemos.
São cômicas, são trágicas, são exageradas. Mas tudo é amor! O desejo do amor, a busca pelo amor, a tentativa do amor, a esperança do amor. Amor ao outro e amor-próprio. Afinal, todo tipo de amor vale a pena, sempre!
Portanto, entre e fique à vontade!
Sobre navios e memórias
Abro os olhos. Olho ao redor. Nada. Não reconheço nada. Onde estou? Pera aí! Esta não é a minha cabine! Ao meu lado, um mocinho. Olho novamente. Nossa! Gatinho, hein? Mas… Não! Levanto o edredom. Minha roupa intacta. Ufa… Mas… e se eu me vesti depois? Olho para o lado. Uma garrafa de tequila vazia. Minha cabeça dói. Levanto novamente o edredom. Não. Eu nunca conseguiria fechar todos esses botõezinhos depois de tomar tudo isso de tequila.
Com o maior cuidado possível, levanto e, cambaleando pelo movimento do navio e pelo efeito da tequila, saio da cabine com os saltos nas mãos tentando me localizar. Você já tentou achar o elevador de um navio depois de uma bebedeira? Meu Deus! O que aconteceu? Eu não me lembro de como fui parar naquela cabine. E quem é aquele mocinho?!
Pior do que não se lembrar do que aconteceu na noite anterior é a dor de cabeça que estou sentindo. Mate-me, por favor! Sento-me no restaurante, feliz por encontrar minha amiga, que já se lambuza de protetor solar. Segundos depois, dois mocinhos sentam-se à mesa. Um ponto de interrogação toma meu rosto. Você? Um dos rapazes beija minha amiga e os dois começam a falar animadamente como se já se conhecessem há anos. Eu olho para o outro mocinho e penso: Você é mais bonito acordado. Eu não sei qual é o nome dele, e, pelo visto, ele também não sabe muito sobre mim. O silêncio toma espaço na cadeira entre nós dois, acomodando-se para um longo café da manhã.
Enquanto eu juro nunca mais beber, minha amiga me conta que eu conheci o mocinho na festa da noite anterior; depois de uma garrafa de vodca e outra de champanhe, juramos amor eterno e eu achei melhor tomar um remédio para enjoo graças ao balanço do mar. Também achei melhor tomar com tequila porque, segundo minha mais nova teoria, a água das torneiras do navio vinha do mar. Tequila era álcool, era esterilizado, seguro.
Desembarco mareada e com uma certeza: é hora de tomar jeito na vida, de fazer o que todo mundo diz que é o certo – achar um namorado, casar, ter filhos e ser feliz.
Saio do navio, portanto, com uma simples missão: arranjar um namorado. Só não imaginava que essa missão não seria nada fácil…
Sobre nachos e encontros
Era comemoração do aniversário da Laura em um restaurante mexicano. Convidei a Karina e aproveitei a ocasião para prospectar, aceitando um encontro às cegas com um amigo de um amigo. Enviei o endereço e procurei sentar o mais próximo possível da saída de emergência, só por garantia. Algumas horas depois e a decepção. O mocinho era bonitinho, mas tinha, especificamente, um metro e cinquenta de beleza. Um cara compacto, pode-se dizer.
Como meu amigo tinha feito aquilo? Ele sabia exatamente a minha altura e a minha relação monogâmica com o salto alto. Para mim, o uso do salto alto atinge uma dimensão existencial, faz parte da minha identidade pessoal. Um belo par de saltos consegue deixar qualquer mulher elegante. (Imagine uma mulher de pijama. Agora, imagine uma mulher de pijama usando salto alto! Totalmente diferente, não?)
Além disso, o salto funciona como um referencial importante quando falo de homens. Fator eliminatório número um: sobre os meus saltos mais altos,