A Cor que caiu do céu
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Nesta história, Lovecraft nos transporta para Arkham, um pequeno vilarejo em Massachusetts que será palco de uma história tenebrosa. Um narrador anônimo relata eventos que ocorreram a uma família logo após a queda de um misterioso meteorito de cor inominável, que transforma para a sempre a vida do vilarejo. Ele ouve as lendas das pessoas da cidade e conhece Ammi Pierce, que vive ali desde os "dias estranhos" e é única pessoa que conhece e ainda vive perto da charneca queimada.
Trata-se de uma narrativa envolvente, rica em detalhes e descrições, onde o horror se faz presente em cada palavra, e que mergulha o leitor em clima de mistério e terror cósmico.
Nos outros contos deste volume você poderá conferir por que Lovecraft é fonte certa para roteiristas, escritores e artistas que o utilizam como referência em muitas de suas obras.
H. P. Lovecraft
Ubicado en Providence y descendiente de una familia burguesa, H. P. Lovecraft dio muestras desde muy joven de un carácter retraído y elitista. Aunque vivió unos años en Nueva York, donde se relacionó con otros escritores, y a pesar de que también cultivó la poesía y el ensayo, es sin duda conocido por su narrativa fantástica y de terror, que supo renovar dotándola de elementos novedosos, ligados a la ciencia ficción (con alienígenas, otras dimensiones o viajes en el tiempo). Publicó tres novelas y sesenta relatos, casi todos en la revista de género Weird Tales [“Cuentos inquietantes”] fundada en 1923. Se le considera hoy uno de los grandes maestros del horror.
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A Cor que caiu do céu - H. P. Lovecraft
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e outros contos
Todos os direitos reservados
Copyright © 2020 by Editora Pandorga.
Título original: The colour out of space.
Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
(Decreto Legislativo nº 54, de 1995)
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Ficha elaborada por: Aline Graziele Benitez - CRB/1-3129
L947s
1.ed
Lovecraft, Howard Phillips
A cor que caiu do céu / Howard Phillips Lovecraft; tradução de Bárbara Lima, Fátima Pinho, Marsely De Marco. – 1.ed. – São Paulo: Pandorga, 2018.
136 p.; 14 x 21 cm.
ISBN: 978-65-5579-012-2
1. Literatura americana. 2. Contos. 3. Suspense. 4. Mistério. 5. Terror. I. Lima, Bárbara. II. Pinho, Fátima. III. De Marco, Marsely. IV. Título.
CDD CDD 810
Índices para catálogo sistemático:
1. Literatura americana: contos.
2. Suspense: mistério: terror.
DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA PANDORGA
www.editorapandorga.com.br
sUMÁRIO
Nota do editor
Introdução
A cor que caiu do céu
Ele
O horror em Red Hook
O Autor
NOTA DO EDITOR
H. P. Lovecraft é um escritor prodigioso. Em suas histórias, ele aguça os sentidos dos leitores fazendo referência a sons específicos, diferentes colorações, intensidades de luz diversas e uma profusão de odores. Porém, essas referências sensoriais servem apenas para nos preparar para algo que vai muito além dos sentidos físicos: um universo repleto de mistérios sobrenaturais impregnados de perversidade em que os seres humanos se veem impotentes diante de um poder supremo desconhecido.
Lovecraft é um dos grandes mestres do horror e não frustra os amantes do estilo. Suas tramas adquirem ares cada vez mais macabros à medida que se desenrolam, e a atmosfera fica tão tenebrosa a ponto de nos fazer desejar um rápido desfecho da história.
Nesse ambiente coexistem a atmosfera tenebrosa, que provoca tensão e agonia, e a atmosfera preconceituosa, que no mínimo vai provocar estranheza no leitor desavisado. Não há um esforço particular do autor para mitigar as passagens que contêm declarações de natureza racista e xenofóbica, e sua explicitude provavelmente provoca mais desconforto quanto mais distante a leitura se torna do período em que os contos foram escritos.
Ao escritor incomodava a descaracterização das paisagens e dos costumes que tanto queria preservar, e ele atribuía uma decadência generalizada, entre outras coisas, à presença cada vez mais próxima de pessoas de diferentes etnias. Suas histórias apresentam, muitas vezes, indígenas, negros, mestiços, ciganos e imigrantes de várias origens de forma pejorativa.
Não é possível dissociar os contos de Lovecraft, repletos de criaturas cósmicas assustadoras, dos contos entremeados de manifestações de preconceito.
Fica a critério do leitor o tratamento que dará a essas passagens, para que o clima de horror prevaleça durante a leitura.
INTRODUÇÃO
Quando um novo reservatório de água vai alagar quase toda a região de vales, florestas e a charneca na região rural de Arkham, lembranças dos dias estranhos voltam a assombrar os moradores da região.
A cor que caiu do céu narra o que aconteceu com uma fazenda e a família que nela habitava após a queda do meteoro. Ammi Pierce, única testemunha viva daqueles dias cinzentos e macabros, relata com riqueza de detalhes o horror vivido há quarenta e quatro anos.
H.P. Lovecraft envolve o leitor nesse mistério de terror cósmico que se revela aos poucos até o clímax hediondo e inimaginável.
A COR QUE
CAIU DO CÉU
Escrito em março de 1927 e
publicado em setembro de 1927
A oeste de Arkham, as colinas erguem-se virgens, e há vales profundos que jamais sentiram o corte de um machado. Há estreitas ravinas escuras em que as árvores se inclinam de forma fantástica, e onde pequenos regatos correm sem nunca terem refletido a luz do sol. Nas encostas menos acentuadas, estão antigas fazendas feitas de pedra, com chalés cobertos por musgo, soprando eternamente os segredos da Nova Inglaterra que se abrigam por entre as saliências; contudo, a maioria está desabitada agora. As ruínas das amplas chaminés, cujas laterais estão cobertas por pequenas tábuas, estão perigosamente abauladas sob os telhados baixos.
Os antigos moradores foram embora, e forasteiros não gostam de morar ali. Os franco-canadenses tentaram, assim como os italianos e os polacos mal ficaram. Não é por nada que possa ser visto ou ouvido, mas é por causa de algo que pode ser imaginado. O lugar não é bom para a imaginação e não deixa a pessoa ter sonhos relaxantes à noite. Deve ser isso que impede a presença dos forasteiros, pois o velho Ammi Pierce nunca contou a eles nenhuma das suas lembranças sobre os dias estranhos. Ammi, que há anos não é muito certo das ideias, foi o único que não saiu de lá e que ainda comenta sobre os tais dias; e ele ousa fazê-lo porque sua casa é muito próxima dos pampas e das estradas ao redor de Arkham.
Antigamente havia uma estrada que passava pelas colinas e vales, e ia em direção à charneca queimada, mas as pessoas deixaram de usá-la e uma nova estrada foi construída, alongando suas curvas até o sul. Traços da velha estrada ainda são encontrados em meio à relva crescente, e alguns deles ainda permanecerão mesmo quando metade das depressões forem alagadas pelo novo reservatório. Quando isso acontecer, as florestas sombrias serão desmatadas e a charneca queimada irá adormecer debaixo das águas azuis, cuja superfície espelhará o céu, ondulando o sol. E os segredos dos dias estranhos irão unir-se aos das profundezas; com as tradições do velho mar e com todos os mistérios da terra primitiva.
Quando mencionei as colinas e vales, a fim de pesquisá-los para o novo reservatório, disseram-me que aquele lugar era maligno. Foi isso o que ouvi em Arkham, e como a cidade é muito velha e cheia de lendas de bruxaria, pensei que essa ideia fosse algo sussurrado nos ouvidos dos netos ao longo dos séculos pelas avós. O nome charneca queimada
pareceu-me muito estranho e teatral, e fiquei imaginando como tal expressão poderia ter entrado para o folclore de um povo tão puritano. Mas vi com meus próprios olhos o emaranhado de vales e encostas a oeste e passei apenas a ficar imaginando o velho mistério em si. Vi o local pela manhã, mas as sombras sempre espreitavam por lá. As copas das árvores eram espessas demais, e os troncos muito grandes para qualquer floresta da Nova Inglaterra. Havia um silêncio profundo nas vielas sombrias, e o solo era um tanto pantanoso devido ao musgo úmido e à vegetação desenfreada por anos e anos de deterioração.
Nas clareiras, principalmente na região da velha estrada, havia alguns ranchos próximos às encostas; alguns com todas as casas em pé, outros com apenas uma ou duas, e ainda havia alguns com apenas uma solitária chaminé ou um porão cheio de lixo. As ervas daninhas e as silvas reinavam, e seres silvestres furtivos rastejavam por entre a relva baixa. Sobre aquele cenário pairava uma névoa de inquietação e opressão; um toque do irreal e do grotesco, como se algum elemento vital de perspectiva ou chiaroscuro estivesse distorcido. Não estranhei o fato de os forasteiros não quererem ficar por lá, pois aquela não era uma região para se passar a noite. Era bem parecida com uma paisagem de Salvator Rosa; ou com uma xilogravura proibida de um conto de terror.
Mas, mesmo com tudo aquilo, não era tão ruim quanto a charneca queimada. Soube disso assim que notei a imensidão do vale, pois nenhum outro vocábulo poderia definir melhor aquele lugar, e nem outro lugar poderia adaptar-se tão bem a um vocábulo. Era como se o poeta tivesse cunhado a expressão logo após ter avistado aquela região em particular. Assim que vi o local, concluí que um incêndio passara por ali algum dia; porém, por que nada novo jamais crescera naqueles