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Viianny 1

♥ Sólo déjate amar ♥

Teresina, promotoria, 29/08/08, 09h52

Havia horas, Poncho estava remexendo páginas e mais páginas em


sites de busca. Perdeu o papel com o nome de Tony Monford, mas lembrava
muito bem cada letra escrita. Nem deu atenção à perda… estivera em tantos
lugares depois da briga… pela agitação ele deve ter caído. Isso na verdade
não importava. Descobrir o que estava por trás daquele mistério era a
prioridade agora. A concentração excessiva não permitiu que visse a presença
de Cláudia na sala.

Cláudia: Poncho?!

Alfonso: ai, que susto!

Cláudia: desculpa… — sem graça

Alfonso: estou ocupado, Cláudia. Se for rápido…

Cláudia: muito ocupado… — viu de leve o nome de Tony Monford na tela do


notebook — Pesquisando sobre Tony Monford… interessante…

Alfonso: sabe alguma coisa sobre isso? — não dando muita atenção ao que
ela dizia

Cláudia: sei de algumas sim… principalmente envolvendo a promotora Anahí


Giovanna… — na mesma hora, ele parou de mexer no notebook

Alfonso: o que exatamente? — curioso

Cláudia: isso não sai daqui, tá?

Alfonso: certo…

Cláudia: já percebeu que a Julieta e a Anahí não se dão bem, né?

Alfonso: não tem nem como…

Cláudia: pois bem… a Julieta era pra ser a promotora do caso de Tony
Monford, parece que é sobre tráfico de armas…

Alfonso: é, é isso.

Cláudia: então… certo dia, a Anahí chegou pra Julieta e disse que ela
precisava viajar pra cobrir um caso numa cidade no sul do estado.

Alfonso: e abandonar o caso Monford.


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Cláudia: muito bem, Ponchito. Acertou…

Alfonso: mas e aí?

Cláudia: daí que a própria Anahí ficou com o caso, mas todo mundo sabe que
essa história de viajar foi pretexto pra Julieta sair do caso.

Alfonso: mas por que a Julieta não podia ficar com o caso?

Cláudia: isso só a digníssima promotora chefa pode dizer… o caso se tornou


ultra-secreto depois dela assumir, só ela e Dulce têm acesso desde que ele foi
preso e condenado.

Alfonso: preso? Mas ele tá preso?

Cláudia: lógico! Justiça ainda existe, sabia?

Alfonso: (pensando) mas eu não tô ficando louco… eu vi o alvará de soltura…

Cláudia: algum problema?

Alfonso: não, não, obrigado por confiar em mim e contar os bastidores do


caso.

Cláudia: esse é só mais um motivo pra eu odiar a Anahí… Cuidado com ela!
Ela esconde os chifres naquela cabeleira loira… — saiu

Alfonso: (pensando) é! Por isso não encontrei nada sobre ele solto! Porque
oficialmente ele está preso… O que tá aprontado, Anny, meu amor?

Teresina, promotoria, 29/08/08, 10h14

Janete: mas eu não sei o que eu tá acontecendo!

Hilda: claro que sabe! Ela é tua chefa…

Ada: é, Jay! Tá escondendo alguma coisa…

Janete: olha, eu fiquei surpreendida do mesmo jeito quando vi ela cantando na


entrada do prédio, só que não sei de nada!

Ada: o que será que aconteceu?

Hilda: pra ela tá alegre daquele jeito, só se o marido dela resolveu vim do
inferno fazer uma visitinha… — rindo
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Janete: não sei porque ainda converso contigo! Só sabe falar mal da Anny…

Ada: tô contigo, Jay! Ela só é exigente no trabalho, por isso que as coisas aqui
sempre vão bem… O que falta no Brasil é gente competente e honesta ao
mesmo tempo…

Hilda: vocês tão insuportáveis hoje, hein? Deixa eu ir ver se a Cláudia precisa
de alguma coisa… — saiu

Janete: o que será que aconteceu com a Anny?

Ada: não sei, mas foi algo muito bom… Ela tá com um olhar leve… Aposto que
a Dulce sabe…

Janete: será se ela tá apaixonada?

Ada: será? Ontem ela não tava assim e também não costuma sair em festas
no meio da semana, então é alguém da festa do Poncho…

Janete: não tinha ninguém de fora, deve ser alguém daqui… Quem será?
Ontem ela saiu tarde daqui, como sempre. Só que não tinha quase ninguém
aqui…

Ada: a menos que não seja um dos vigias e seguranças, só nos resta uma
alternativa… — se olharam como que tentando compartilhar alguma idéia

Janete / Ada: Poncho!

Teresina, promotoria, 29/08/08, 16h12

Poncho estava confuso. Será que seu amor por Anny tinha deixado-o
cego diante da realidade? Cláudia falava com tanta segurança a respeito dela,
mas também poderia ser pura inveja pelo cargo e pela fama… Queria poder
esquecer tudo e toda essa insegurança. Todavia, se conhecia muito bem.
Enquanto não descobrisse toda a verdade, não conseguiria seguir adiante.
Continuaria a tratar sua amada o melhor possível, mas não deixaria de
investigar até obter respostas. Se fosse preciso, fugiria com ela pra longe
dessa teia de obscuridade, nem que tivesse de levá-la à força. Força era o que
precisava de agora em diante. Buscaria esse vigor no amor que sentiam um
pelo outro. Só que ela nunca pronunciara tais declarações. Na verdade, nem
ele… Tinha consciência de seus sentimentos e teria que confiar nos dela…

Alfonso: (pensando) tô com saudade, vou ligar pra ela… — discou para hadita
— Minha vida?

Anahí: oi, Alfonso! — bem sedutora


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Alfonso: se continuar falando assim, vou agora mesmo aí na tua sala.

Anahí: seria ótimo, mas não podemos… Já conversamos sobre isso e até
concordamos que o melhor é ficarmos escondido.

Alfonso: eu sei, flor! Só que eu tô muito carente de você e até um pouco


animado, se é que me entende… — rindo

Anahí: pior que eu também… — rindo — E ainda faltam umas duas horas pra
eu poder sair…

Alfonso: ah, Anny, eu não agüento!

Anahí: eu sei, gato! Faz assim, eu vou dar minha chave pra Dul, daqui a meia
hora, passa lá na sala dela e pega. Aí tu me espera lá no meu apartamento. Eu
vou ligar deixando a autorização.

Alfonso: tá, mas não demora muito… — manhoso — Ih, acabei de lembrar!
Julieta pediu pra eu ajudar ela num caso… — Anny ficou calada — Anny, tá me
ouvindo?

Anahí: tô… — séria

Alfonso: ah, não, Anny! Não me diga que tá com ciúmes! — rindo

Anahí: isso é tu quem tá dizendo. — ainda séria

Alfonso: por que não gosta dela?

Anahí: porque ela é uma cobra que só quer me prejudicar! Aquele grupinho da
Cláudia tenta de tudo pra assumir o comando da promotoria, não entende? Se
eu não ficar com os olhos abertos, ela vem e dá o bote…

Alfonso: confia em mim, tá?

Anahí: em você eu até confio, mas nelas não… e nem me peça isso…

Alfonso: tá bom. Se eu chamar a Dulce pra me ajudar, vai ficar brava ainda?

Anahí: tá bom, na Dul eu também confio. Mas não esquece do nosso encontro!

Alfonso: mas é lógico que eu não vou esquecer! — feliz — Até lá!

Anahí: tchau… — desligaram

Teresina, promotoria, 29/08/08, 17h09


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Julieta: ai, gente, tô vendo que vou ter de passar dias e noites estudando isso
pra poder pensar numa solução…

Dulce: repito o que disse antes. A melhor pessoa pra gente perguntar sobre
isso é a Anny!

Alfonso: por que tanta certeza, Dulce?

Julieta: também não entendi, Dulce. Até onde eu sei, ela não tem pós-
graduação nesse assunto.

Dulce: sim, só que ela já pegou muitos casos desse tipo, já estudou isso
bastante… Se não querem acreditar…

Anny estava passando em frente à sala, cuja porta se encontrava aberta.


Realmente foi por pura coincidência. Não passava lá de propósito pra vigiar
Poncho. Confiava nele de verdade, assim como sabia que se um homem
quisesse trair de verdade, não tinha como impedir, ocasiões viriam à vontade,
bastava escolher a melhor.

Anny: algum problema?

Julieta: não. — seca

Dulce: temos sim! Vem cá, Anny. Dá uma olhada nesse laudo médico aqui. —
mostrou o documento pra ela, que o folheou

Anny: qual o problema?

Alfonso: o laudo não dá margem de acusação ao réu.

Anny: quem disse?

Julieta: o perito, por quê? Quer saber mais do que ele também? — séria

Anny: saber mais que ele talvez não, mas quem sabe igual, né? Só que mais
que vocês com certeza ele sabe, não digo por dizer, mas porque ele conseguiu
enganar vocês direitinho. Simplesmente há muitos pontos maquiados aqui.
Qualquer leigo deixaria passar. Por exemplo, olhem essa foto aqui. Isso é uma
mina de Hofmann, uma lesão exclusiva de tiros encostados. O que me dizem
dessa queimadura aqui?

Julieta: com certeza é uma marca típica do assassino. É um dos meus


argumentos pra afirmar que não foi tiro acidental. Ele se ferrou em querer dar
uma de Zorro… — disse se achando

Anny: está errada. — Dulce segurou o riso


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Julieta: quê?!

Anny: essa queimadura foi feita pra esconder o sinal de Werkgartner, que é
uma marca típica também de tiros encostados.

Alfonso: agora faz sentido!

Dulce: eu disse que ela poderia ajudar…

Anny: vou te deixar continuar agora. Faz o seguinte, contrata um novo perito e
investiga sobre o outro, quem sabe saem dois presos no final. — se virou pra
sair, mas continuou falando — E mais uma coisa, a série da arma é
incompatível com os dados e as características citadas. Aconselho estudar
muito sobre isso se quiser fazer um bom trabalho. Esse perito encheu o texto
de informações técnicas pra juiz nenhum entender. Tem que preparar uma boa
base pra argumentar sem deixar mostrar que é leiga no assunto. Por que não
pede ajuda pra Cláudia? — irônica — Ela é tua amiga pra falar mal de mim,
mas na hora de te ajudar só sabe dizer “boa sorte”… — saiu de vez

Dulce: falou e disse. Como também sou tua amiga, também digo. Boa sorte! —
irônica — Vamos, Ponchito! Ela tem que estudar… — saíram os outros dois

Na recepção do mesmo andar…

Poncho: Dulce, como ela sabia daquilo tudo?

Dulce: a palavra “experiência” te diz alguma coisa? — foi pra sala dela

Poncho: (pensando) por que as mulheres não dizem as coisas sem rodeios?
Ei, Dulce! — gritou

Dulce: que foi?

Poncho: cadê a chave?

Dulce — voando: que chave?

Poncho: a do apartamento da… — percebeu que as secretárias Janete e Hilda


estavam prestando atenção na conversa deles — da… da… do… do Chris! É!
Do Chris! Ele disse que era pra eu pegar uma chave contigo…

Dulce — entendendo: ah… tá na minha sala! Da próxima vez diz pro Chris que
não sou chaveira, não…

Poncho: pára de reclamar e vai pegar logo essa chave! — impaciente

Dulce: como é que é? Agora não dou mesmo! — entrou na sala

Poncho: ah, não, Dulce! — entrou na sala dela


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Hilda: eu, hein… não entendi nada… —saiu

Janete — mentindo: nem eu… — Anny apareceu

Anny: Jay, cadê a Dul?

Janete: tá na sala dela… foi entregar uma chave pro Poncho… — piscou pra
Anny, que devolveu a mensagem com um singelo gesto pedindo silêncio

Anny: certo. Então vou indo pra minha sala. — Poncho saiu da sala — Se
ligarem pra mim da parte de Cristina Guerra Albuquerque inventa alguma
coisa, mas não passa a ligação de jeito nenhum. — entrou na sala sem ver
Poncho

Poncho: oh, Jayzinha! Me faz um favorzinho bem pequenininho?

Janete: pode falar, Poncho.

Poncho: então… fiquei agora com uma dúvida enorme. Quem é Cristina
Guerra Albuquerque?

Janete: uma advogada. Mais alguma coisa? — séria

Poncho: esperta você… não, não quero mais nada. Tchau, não volto mais
hoje.

Janete: aproveite bem a noite. Vocês dois merecem… — rindo

Poncho: quê? — com cara de tacho — O que quis dizer com isso?

Janete: nada de fofocas, Poncho. Não combina com o ambiente. — disse


sorrindo docemente — Mas só repetindo… aproveita! Hoje ela parece que tá
disposta!

Poncho saiu meio abobalhado do prédio. Aparentemente, Janete


também sabia do caso entre ele e Anny. Pelo que pôde perceber nesses dias,
a secretária era uma aliada a favor de sua amada. Era uma das funcionárias
que falava com Anny sem medo e sem gaguejar. Com outros, parecia até que
estavam falando com o monstro do lago Ness. Os mais temerosos nem
olhavam direito nos olhos dela, como se fossem virar estátuas sob as miradas
de uma górgone. Saiu do estacionamento pensativo e até distraído. Errou
várias vezes o caminho para o apartamento de Anny, apesar da estrutura da
cidade ser planejada com a maioria das ruas paralelas. Como perdeu muito
tempo, acabou entrando no sagrado engarrafamento das 18h na Avenida Frei
Serafim. Conseguiu chegar até o lugar desejado meia hora depois, sob o olhar
atento de alguns na recepção. Havia um grupo de cinqüentonas conversando
por ali.
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Alfonso: com licença, vim fazer uma visita a Anahí Puente. Ela disse que
deixaria a autorização.

Recepcionista: me deixe conferir… sim, aqui está. Vou chamar um funcionário


para lhe acompanhar.

Alfonso: por mim, não precisa. Já conheço o caminho.

Recepcionista: desculpe, mas é a política do prédio.

X: rapaz, venha aqui um momento. — chamou uma das mulheres

Alfonso: sim… — se aproximando

X: você deve ser Alfonso Herrera.

Alfonso: isso mesmo. Não me lembro da senhora, nos conhecemos?

X: eu sou mãe de Dulce.

Alfonso: dona Blanca?

Blanca: só Blanca serve. Veio ver Anny?

Alfonso: foi.

Blanca: Dulce me contou de vocês. Quero que cuide muito bem da minha
loirinha. É como se fosse minha segunda filha, é minha bonequinha. — rindo

Alfonso: pode deixar, já faço isso com muito prazer.

Blanca: venha aqui comigo. — foi com ele até um lugar afastado das amigas
— Talvez o que vou dizer agora pareça não ter sentido algum, mas quero que
se lembre sempre disso, porque um dia vai compreender.

Alfonso: pode dizer.

Blanca: proteja Anny para que nada de mal lhe aconteça.

Alfonso: por que está dizendo isso? — preocupado

Blanca: não posso dizer mais nada. Mas quero que me prometa isso. Sei que
é um bom homem, que gosta dela de verdade, pelo menos foi isso o que Dulce
me contou. É por isso que estou pedindo isso. Pode não parecer mas a minha
Anny corre muito perigo. Não fico em paz enquanto ela e Dulce não chegam à
noite. Já pedi pra ela sair fora antes que seja tarde e alguma coisa ruim
aconteça, mas… — seus olhos se encheram de lágrimas
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Alfonso: calma, Blanca! — abraçando-a — Eu prometo que vou protegê-la
sempre! Mas se aclame por favor!

Blanca — mais controlada: vá, ela já deve tá chegando… — se afastaram

Alfonso: fiquei feliz em conhecê-la.

Blanca: eu também!

Alfonso: se quiser falar comigo, Dulce tem meus telefones.

Blanca: certo. Tchau. — enxugou o rosto e voltou pras amigas

Teresina, apartamento de Anny, 29/08/08, 18h47

Anny agora que estava chegando no prédio. Estava atrasada com


alguns assuntos que precisavam ser resolvidos urgentemente. A secretária foi
que a ajudou muito para não sair tão tarde. Pouquíssimos sabiam disso, mas
Janete e Ada eram formadas em Direito. Na recepção do prédio, estava a mãe
de Dulce ainda com as amigas.

Anny — se aproximando do grupo: olha quem eu encontro! As taradas da 9ª


idade!

Blanca — irônica: muito engraçadinha…

Felícia: senta com a gente hoje?

Anny: não obrigada…

Luíza: meninas, ela tem visita hoje!

Todas: uhummmmmmm!

Anny: como é que vocês sabem? — nervosa

Catarina: nós vimos o bonitão… Muito gato, né, gente?

Blanca: gato é pouco! — se abanando

Anny: foi a Dulce que contou pra vocês?

Raquel: não, foi ele que chegou ali na recepção. Aí a gente ouviu e…

Anny: ah tá, entendi… mas olha, silêncio! Ninguém pode saber!


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Blanca: ah não, Anny! Qual a vantagem de ter uma fofoca se não puder
espalhar?

Luíza: até porque já é tarde… a gente já disse pra uns aí… — mentindo

Anny: pois podem ir atrás pra dizer que era tudo mentira… e agora mesmo…

Catarina: essa hora todo mundo já sabe.

Anny: pior pra vocês, vai ser mais gente pra falar…

Felícia: tá bom, tá bom… vai indo curtir lá o gostosão que a gente fica aqui
sofrendo… — fazendo drama

Anny: mas que vovó mais dengosa… — com voz de bebê

Felícia: vovó não, alto lá!

Blanca: todo mundo já sabe do seu neto que nasceu, Fê!

Anny: pois é, né… Quero conhecer depois… — rindo docemente

Felícia: você, Anny? Querendo conhecer um bebê? Eu ouvi direito?

Blanca: verdade… Que história é essa, Anny? Nunca gostou de crianças


pequenas…

Catarina: nem pequenas e nem de tamanho nenhum…

Blanca: explica direito esse interesse!

Anny: eu só falei da boca pra fora!

Blanca: Anahí Giovanna Puente Portillo Saviñón Herrera, tu não tá grávida,


né?

Anny: claro que não, tia! Eu me cuido direitinho!

Catarina: tá, Anny… só mais uma perguntinha. E se tiver, o pai é o gostosão?


— toda animada

Anny: ah, deixa eu ir embora… — saiu deixando todas rindo dela

Anny subiu até seu andar um pouco agitada. Não queria que todos
ficassem sabendo de seu envolvimento com Poncho, pelo menos não agora.
Não por Cláudia e sua turma, que com certeza iriam atrapalhar de todas as
formas, mas pela segurança de seu amor. Poncho não fazia nem idéia do risco
que corria saindo com ela. Estava entrando numa teia de perigos talvez sem
volta. E a sua maior angústia era não saber se, no desenrolar, ele ficaria do
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seu lado ou não, se acreditaria no seu amor ou não… Ao chegar à porta,
respirou fundo pra se recompor e tocou o videofone. Segundos depois, escutou
o barulho da porta sendo aberta.

Alfonso: pois não, senhorita…

Anny ficou simplesmente boquiaberta. Sabia que Poncho tinha “planos”


pra noite, mas não sabia da amplitude dos “planos”. Não conseguia nem se
mexer… estava atônita demais pra pronunciar uma palavra. Ele estava parado
de frente pra ela, com um olhar bem sexy e vestindo somente um avental de
cozinha.

Alfonso: acho melhor sairmos da porta, senhorita. Os vizinhos podem se


incomodar em me ver assim…

Ela entrou ainda meio pasma com tudo. Sentou-se no sofá e ficou
olhando-o com muito desejo.

Alfonso: calma, que ainda temos muito pra fazer hoje. Por que não vai tomar
um banho bem gostoso enquanto eu arrumo o nosso jantar?

Anahí: fala a palavra “gostoso” de novo que eu não respondo pelos meus
atos…

Alfonso: desculpe, senhorita, não foi a minha intenção. Mas vá logo, a


banheira já está pronta.

Anny saiu antes que fosse tarde demais. Não cansava de olhar Poncho
daquele jeito e só pra usufruto dela. Entrou em seu quarto e viu sobre a cama
um lingerie rosa bebê minúsculo. Foi até o banheiro e encontrou sua banheira
cheia de água, sais de banho e pétalas de rosas vermelhas. Ficou uns vinte
minutos relaxando e já imaginando o que viria pela frente. Saiu, se arrumou do
jeito que ele escolhera, colocou uma maquiagem simples, somente com os
olhos fortemente marcados, e saiu de encontro a Poncho. Ele estava só à
espera dela na sala de jantar.

Alfonso: uau… que gata! — admirado

Anahí: dá pra gata dar agora um beijo no seu gato? — sedutora

Alfonso: tá, mas não abusa…

Sem demora, ela agarrou no pescoço dele e o beijou ardentemente.


Anny começou a se esfregar nele, mostrando o quão estava excitada. Ele se
deixou levar por esse clima de êxtase, permitindo que ela o guiasse até o sofá
e se deitasse por cima dele. Passando o beijo da boca pro cangote, Anny foi
aos poucos lhe desamarrando o avental. Nesse momento, ele estava se
deliciando ao tocar-lhe as coxas. Ao sentir o nó sendo desfeito, Poncho
acordou do transe.
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Alfonso: chega, chega, chega… — tentando se afastar dela

Anahí: como é que é? — sem entender — Tá negando fogo, é?

Alfonso: não é nada disso e você sabe muito bem… Hoje eu que mando e
digo que agora vamos jantar…

Anahí: e o que estávamos fazendo?

Alfonso: não esse jantar, falo de outro jantar. Vai precisar de muita energia, é
bom escutar isso.

Anahí: não é sadista, né? — rindo

Alfonso: sabe que não sei. Quem sabe hoje descubro…

Anahí: mas nem pensar… Vai meter o chicote em outra, mas não em mim…

Alfonso — rindo: tá bom… prometo que se for sádico, também me torno


masoquista.

Anahí: nada como uma vingança na cama… — rindo maliciosamente

Alfonso: acho que sadista aqui é outra pessoa…

Anahí: não, não sou… Cadê esse jantar, Alfonso? Tá só me enrolando aqui!

Alfonso: vamos, chatinha…

Foram jantar num clima romântico e descontraído. Anny, a toda hora, o


provocava com pisadas leves em seu membro. Em algumas, ele ignorava e só
tirava o pé. Em outras, deixava ela continuar até ver que se não parasse não
suportaria.

Anahí: o que vamos fazer agora?

Alfonso: vamos assistir à televisão.

Anahí: tá com raiva de mim, Alfonso?

Alfonso: eu não, por quê?

Anahí: porque eu estou aqui linda, maravilhosa, gostosa e disposta a tudo e tu


querendo assistir a uma droga de programa! — alterando a voz

Alfonso: calma, amor… só não quero que tenha nenhuma indigestão, só


isso…
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Anahí: indigestão? Mas o que tanto vai fazer comigo hoje?

Alfonso: segredo! — rindo da cara dela

Anahí: nunca mais dou minha chave pra ti.

Alfonso: não precisa, eu já tirei uma cópia.

Anahí: quê?! Mas não mesmo… pode me dar essa cópia! — nervosa

Alfonso: tô brincando, amor… Tá muito estressada hoje. Que que tá


acontecendo? (pensando) Será se ela me fala alguma coisa?

Anahí — disfarçado: nada, nada… vai pro teu programa que eu vou dormir…

Alfonso: dormir?

Anahí: (pensando) nada como mexer no ego masculino… (falando) me trocou


por um programazinho, então vou te trocar pela minha cama, que é bem macia
e confortável… — saiu

Alfonso: Anny! — disse gritando e entrando no quarto

Poncho olhou em sua volta e não encontrou Anny de jeito nenhum. De


repente, sentiu uma mãozinha que acariciava sua bunda suavemente. Sem
perceber, a mãozinha já lhe tocava o membro, ora um pouco ereto.

Anahí: consegue resistir a isso? — disse com voz bem sedutora

Alfonso: acho que não… tá bom, conseguiu o que queria, mas eu que mando
a partir de agora… — disse com a voz falha

Sem perder tempo, Anny pulou em cima da cama.

Anahí: tô esperando, bonitão.

Alfonso: deixa só eu pegar umas coisinhas… — saiu do quarto

Passaram-se uns minutos e nada de Poncho aparecer.

Anahí: Vamos, Alfonso! — gritando

Mais minutos e nada dele voltar.

Anahí: Alfonso, entrou um homem voando aqui! Ele disse que vai me estuprar!
— gritando

Nada aconteceu. Ela se levantou, olhou pela janela e começou a gritar


de novo.
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Anahí: a nave da Liga da Justiça tá vindo nessa direção! Eu tô vendo o Super-


Homem na porta! Ele veio me pegar pra morar lá no espaço! Nós nunca mais
vamos nos ver, Alfonso! — gritando direto

Quando ela se virou em direção à porta, Poncho tava parado lá olhando


a palhaçada que ela tinha feito. Anny ficou rindo, olhando pro chão, como uma
criança que acabou de aprontar. Ele ficou lá, querendo rir, mas se fazendo de
pai-carrasco. De repente escutaram uma voz de criança berrando.

Criança: mãe! O Super-Homem vai chegar! Deixa eu tirar uma foto dele?

Mãe: tá louco, menino! Vai já dormir! Só faltava essa!

Ao ouvirem isso, Anny e Poncho caíram no riso. Fizeram a pobre da


criança se iludir acreditando numa mentira e ainda levar bronca da mãe.
Recuperados da situação, ele lhe mostrou um par de algemas.

Alfonso: o que acha disso?

Anahí: não tá pensando em…

Alfonso: isso mesmo. Agora deita aí!

Poncho prendeu os pulsos de Anny na grade da cama. Depois ficou em


pé na cama e começou a tirar o avental que ainda usava. Primeiro desatou o
nó do pescoço, deixando que a parte de cima caísse e mostrasse seu busto
malhado. Bem devagar, foi desamarrando o nó das costas, fazendo meio que
suspense.

Anahí — ansiosa: anda logo, Alfonso! Eu já vi tudo aí mesmo!

Alfonso: já viu mesmo, mas por que tá tão desesperada?

Ele deixou o avental cair. Na mesma hora, Anny soltou um gemido de


satisfação. Poncho foi se abaixando e segurando os pés dela. Começou a
beijar, a acariciar e a morder cada um dos dedos. Ela sentia cócegas e ondas
de prazer simultaneamente. Então foi subindo os toques. Agora iniciou um
trabalho com os joelhos. Beijava-os como fez com os seios dela, enquanto
também tocava a parte de trás, bem sensível. Subiu mais um pouco e ficou
alisando as coxas dela. Anny nem conseguia mais reagir diante de tanta
satisfação, só gemia e murmurava palavras sem nexo. Posicionou-se em cima
dela e começou a tirar-lhe o sutiã. Escolhera aquele propositalmente por ter um
fecho na frente e as alças removíveis. Primeiro tirou as alças e ficou beijando
os ombros. Num impulso, começou a beijar-lhe a boca. Era um beijo
avassalador, como de necessidade. Eles precisavam de um beijo assim, sem
interrupções como das outras vezes. As línguas estavam se amando também,
pela forma como interagiam. Anny se sentia mais tentada ainda porque queria
tocar e arranhar o dorso dele, mas não podia por causa das algemas.
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Anahí: Alfonso, me solta…

Alfonso: ainda não…

Enquanto a beijava, num rápido movimento, abriu o fecho do sutiã.


Agora os bustos estavam unidos. Poncho ficou muito mais excitado ao sentir os
seios de Anny em contado com sua pele. E pelo que notou, ela estava mesmo
bastante tentada, porque seus mamilos se encontravam totalmente rijos.
Passou a baixar os beijos, com a intenção de atingir-lhe o colo. Aí começou a
festa. Apertava um enquanto mamava no outro. Ela deu início a um frenético
bater de pernas na cama, não conseguia manter latentes esses estímulos que
Poncho lhe provocava. Com a língua, ele rodeava cada um dos peitos. Às
vezes rápido, outras mais lentamente. Pra provocar mais, ele foi descendo.
Ignorou o umbigo e partiu logo pra intimidade. Praticamente arrancou a
calcinha num brusco movimento. Ela já estava bem úmida, conseqüência da
excitação. Mas ele queria mais. Foi aí que principiou uma seqüência de
lambidas. Entre uma e outra cantava…

Alfonso: yo quiero tus besos, yo quiero tus encantos, yo quiero tu piel, oh,
mamacita, dame, dame tu miel… [Yo quiero – Camila]

Para facilitar, ele pegou as pernas dela e as colocou em seus ombros. A


partir daí, introduziu de vez sua língua, fazendo movimentações circulares
alternadas de repouso. Isso garantia que ela não atingisse o clímax antes que
ele quisesse.

Anahí: chega, Alfonso! — falou lentamente — Já estou sem forças pra nada!

Alfonso: pois eu estou só no começo… Agüenta aí!

Agora ele agarrou o clitóris com os dentes e introduziu um dedo. Ela se


debatia na cama de tanto tesão. Poncho mexia o dedo com se fosse seu
membro.

Anahí: mais… — voz rouca

Poncho colocou outro dedo, mexendo os dois juntos, dando a impressão


de ser um só.

Anahí: mais, Alfonso! — gritou

Sem cerimônia, ele introduziu mais um. Estava disposto a levá-la à


loucura com tanto prazer. Até porque era assim que se sentia mais extasiado.
Antes, só conhecia um tesão superficial, provocado por um corpo bonito, ou
seja, digno de um encontro qualquer com uma vadia de quinta. Agora, com
Anny, descobriu um tesão íntimo, profundo, em demasia, digno de um amor de
verdade, aquele que decorre da satisfação em causar prazer no amado. Em
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poucos movimentos, ele percebeu que ela estava pra alcançar o ápice, então
tirou todos os dedos de uma única vez.

Alfonso: quer me trocar por uns dedos, é?

Anahí: é só dar conta do recado! — rindo quase sem forças

Como também já estava muito excitado, ele simplesmente colocou um


preservativo, se deitou em cima dela, entre suas pernas, e lhe tascou um beijo.
Enquanto a beijava, foi introduzindo seu membro. Quando ela o sentiu todo
dentro de si, soltou um suspiro profundo. Sem deixá-la perceber, Poncho
pegou uma chave na mesinha-de-cabeceira e abriu as algemas. Como ela não
tinha percebido, ele mesmo tirou cada um dos pulsos e colocou ao redor de
seu pescoço. Anny agiu como se nem estivesse presa antes, dando leves
beliscões na bunda dele. Foi então que Poncho aumentou os movimentos, de
acordo com os gemidos dela. Não demorou muito para que se afogassem num
orgasmo desmedido. Esperou um momento para se acalmarem, saiu de dentro
e cima dela, trocou o preservativo e voltou pra posição de antes. Recomeçaram
os movimentos sem desgrudar os lábios. Amava sentir os seios dela se
movimentando sob seu corpo em cada estocada. Não fazia movimentações
bruscas, só as aumentava de vez em quando. Assim atingiram outro orgasmo.

Alfonso: agüenta mais uma?

Anahí: só se for contigo…

Poncho a pegou no colo e a levou pro banheiro. Sentou-a na pia e mais


uma vez trocou o preservativo.

Anahí: por que agora tá usando camisinha?

Alfonso: não sei. Fiquei meio encabulado porque das primeiras vezes não
usei.

Anahí: mas não precisa ficar sem jeito. — abraçou-o — Sei que não vai me
passar nenhuma doença venérea e também não vou te passar nenhuma.

Alfonso: mas pode ficar grávida…

Anahí: outro… Eu não vou ficar porque tomo um remedinho que não vai
deixar… Satisfeito?

Alfonso: certo, mas eu prefiro não arriscar…

Anahí: se prefere assim… Agora me beija que já tô com saudade!

Tempo depois, lá estavam eles de novo, unidos em um único corpo.


Anny com as pernas enlaçadas na cintura dele. Poncho sugando cada vez
mais cada um dos seios dela. Fora os golpes de um contra o outro, numa
Viianny 17

♥ Sólo déjate amar ♥


dança inconstante na busca pelo prazer. Já estavam totalmente molhados de
suor, mas não cansavam. Amavam-se como se fosse a ultima vez que se
veriam, o último contato que teriam, a última gota de suor que derramariam.
Além de seus corpos estarem fervendo de prazer, o tempo não ajudava em
nada. Aquela noite parecia ainda mais quente que as outras. Talvez fosse a
proximidade da chegada da primavera, estação mais quente no estado.
Quando atingiram o clímax, foi como se um peso saísse das suas entranhas.
Foi um gozo profundo, avassalador, debilitante. Só agüentaram mais um banho
rápido, com apenas alguns beijos a mais, nada dominadores. Literalmente,
caíram na cama. Dormiram juntinhos cobertos só pelo edredom.

Teresina, apartamento de Dulce, 30/08/09, 11h07

Dulce: e aí, mãe… — entrando na sala

Blanca: isso é hora de acordar, Dulce Maria?

Dulce: não enche, mãe… Fui dormir tarde demais ontem… Tô cheia de coisas
pra fazer hoje! A Anny me ligou?

Blanca: não, por quê?

Dulce: a gente combinou de discutir umas paradas aí…

Blanca: vocês e essas benditas paradas! Tome muito cuidado com isso…
Parece fácil e seguro, mas na realidade ninguém nunca sabe o que pode
acontecer. Já até pedi pro Poncho… — foi interrompida

Dulce: pediu o que pro Poncho? — assustada

Blanca: pra ele cuidar da Anny, ora!

Dulce: mãe, a senhora não abriu o bico não, né?

Blanca: que mané bico que nada! Prometi guardar segredo, não foi?

Dulce: foi, mas…

Blanca: então, tô guardando… mas acho que ele como namorado da Anny tem
que saber.

Dulce: ele vai saber na hora certa. Que não é agora, só pra esclarecer. Até
porque acho que ele ia era atrapalhar. Ele é todo certinho e coisa e tal.

Blanca: mas o que ele pode fazer?


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♥ Sólo déjate amar ♥


Dulce: estragar tudo serve?

Blanca: mas se ele não souber agora, quando descobrir pode terminar com
ela.

Dulce: com ele a Anny se entende. É mais fácil a Anny terminar com ele do
que o contrário. Olha, eu vou tomar um banho. Se a Anny ligar, diz que daqui a
pouco eu tô indo pra lá.

Blanca: tá bom.

Uma hora depois, lá estava Dulce a todo custo tocando no videofone.

Dulce: (pensando) se eu sou uma pedra, ela é o morro todo. Ai, preguiça de
voltar lá em casa e pegar a cópia da chave. Mas ela me paga! Vai acordar hoje
como uma rainha! — saiu pro apartamento dela de novo

Blanca: voltou cedo…

Dulce: nem sequer cheguei. A Anny não abre a porta de jeito nenhum. Deve tá
dormindo como aliás eu deveria estar. Vou ali pegar a chave de lá. — saiu pro
quarto, pegou a chave e voltou pra sala

Blanca: Dulce, me responde uma coisa.

Dulce: fala aí.

Blanca: a Anny toma todas as pílulas certinho?

Dulce: acho que sim, por quê?

Blanca: não sei, tô com essa idéia na cabeça…

Dulce: esquece isso, mãe! A Anny só pensa em ter um filho quando tiver um
neto.

Blanca: não entendi.

Dulce: nem precisa. Bye!

Dulce voltou pro apartamento de Anny. Dessa vez, abriu a porta e entrou
silenciosamente.

Dulce: hum, mesa pra dois… Poncho deve ter jantado aqui ontem… Ah, por
isso ela ainda deve tá dormindo… O trabalho foi árduo ontem… — começou a
rir — Mas vamos lá acordar a bela adormecida! Primeiro quero ver como ela tá
dormindo pra saber como acordar ela.

Dulce se dirigiu até o quarto. A porta estava totalmente aberta.


Viianny 19

♥ Sólo déjate amar ♥

Dulce: eita, que ali deve tá um forno de tão quente… Ela esqueceu de ligar o
ar… Ou melhor, esquecer talvez não seja o correto. Ela deve ter se cansado
tanto que nem teve coragem de ir ligar.

Quando Dulce entrou no quarto, olhou pra cama e viu Poncho também
lá, não se conteve e soltou um grito. Os dois acordaram assustados e atônitos.
Em primeira instância, nem se lembraram que tinham dormido juntos. Aos
poucos, a ficha foi caindo e eles ficando sem jeito na frente de Dulce.

Dulce: quer dizer que o senhor Herrera passou a noite aqui com a senhora
Puente?! Isso daria uma bela manchete de jornal… — rindo

Anahí: adorei a visita, Dul. Agora volta por onde entrou e tchau.

Dulce: ah, mas aqui tá tão bom… Que tal a gente ir almoçar juntos? Aí vocês
me contam as novidades de ontem pra hoje…

Anny ia responder, só que ouviram uma voz gritando bem alto que
parecia ser mais interessante.

Voz: Edu, eu já cansei dessa história de Super-Homem!

Edu: mas, mãe, eu ouvi ontem uma mulher gritando. Ela passou a noite
lutando com o Super-Homem! Ela deve ser de Cripton!

Dulce: que história é essa de Super-Homem? — rindo

Anahí: nada que tu queira saber.

Dulce: pelo contrário, com certeza é obra de vocês dois.

Anahí: nós aceitamos o convite do almoço, né, Alfonso?

Alfonso: é, é sim… e se puder esperar a gente lá fora é bem melhor, Dulce…

Dulce: eu vou… mas se demorarem muito vou arrombar essa porta! — saiu

Alfonso: ótima amiga a sua… — irônico

Anahí: Dul é um bombom… quando não tá enrolada, tá na boca… — Poncho


se acabou de rir — Gostoso, faz assim… vai pro quarto ao lado e se arruma
direitinho enquanto eu me arrumo aqui.

Alfonso: tá fugindo da tentação? — com uma voz bem sedutora

Anahí: preciso responder? Agora sai daqui antes que eu chame a Dul.
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♥ Sólo déjate amar ♥

Teresina, Churrascaria Gramado, 14h23, 30/08/09

Em um clima bem descontraído, Anny, Poncho, Dulce e Chris estavam


almoçando. Escolheram um local fora da cidade pra terem mais liberdade, pra
poderem ser eles mesmos sem ter que se importar com quem estivesse ao
redor, apesar de que mesmo assim ainda tiveram que ficar numa mesa mais
afastada.

Dulce: então eu tive que desdobrar a Anny pra ela voltar pra casa…

Anahí: porque eu queria a todo custo voltar pro México.

Alfonso: mas por que? Não se acostumou, foi?

Anahí: porque a tia não deixava eu fazer nada! Lá na minha casa, se eu


quisesse cortar meu cabelo bem curtinho e pintar de rosa chocante, mammy
diria pra eu ter cuidado e não deixar cortarem pouco demais e pra usar um rosa
exclusivo. Se eu pedisse pra tia, ela diria que era melhor eu cortar logo a minha
cabeça junto. — todos riram

Alfonso: quer dizer que a temida promotora tem um passado de paty…

Chris: passado não, brother! Não se iluda! Solta ela num shopping pra tu ver…

Anahí: por que será que homens não entendem a nossa necessidade de
comprar?

Dulce: também não sei…

Alfonso: Chris, é só a gente ver pelo lado positivo. Elas também trabalham…
— eles começaram a rir

Chris: pensando por esse lado…

Anahí: mas são um bando de sovinos!

Dulce: caso perdido, Anny! Mas vamos mudar de assunto! Como vocês vão
ficar?

Anahí: não entendi, Dul.

Dulce: vão continuar se esfregando pelos cantos?

Anahí: não queremos que perturbem a gente.

Alfonso: vamos pelo menos esperar mais um pouco pra soltar essa bomba. —
o celular dele começou a tocar — Gente é minha mãe, vou colocar no viva-voz
Viianny 21

♥ Sólo déjate amar ♥


pra todo mundo falar com ela. O nome dela é Linda e ela sabe português
direitinho.

Linda: oi, meu príncipe!

Alfonso: oi, mãezinha linda! Deixa eu apresentar meus amigos aqui. Essa é
Dulce.

Dulce: como vai, dona Linda?

Linda: melhor se não me chamar de dona. — todos riram

Alfonso: gente, ela acha que tá no jardim de infância…

Linda: deixa eu te pegar que eu te dou umas belas palmadas, Poncho!

Alfonso: mãe, esse é o Chris.

Chris: oi, Linda!

Linda: oi, Chris! Voz forte! Poncho, cadê a Anny?

Dulce: ih, Anny! Já arrumou uma sogra pra pegar no teu pé! — Anny deu
beliscão nela — Ai!

Linda: que foi?

Dulce: uma abelha me picou. Abelha malvada!

Alfonso: e essa é a Anny, mãe.

Anahí: tudo bem, Linda!

Linda: oi, minha bonequinha! Posso te chamar assim, né? Achei você super
parecida com a Barbie! Quero só ver os meus netos! — falou toda
entusiasmada

Anahí: calma, né… A gente agora que se conheceu… — toda sem graça,
enquanto Dulce tava pra não segurar mais o riso

Linda: ah, mas eu quero um neto!

Alfonso: não exagera, né, mãe! Ainda tá cedo!

Linda: tá bom! Mas depois a gente conversa mais sobre isso. Vou desligar por
que tenho que sair. Beijo pra todos! — desligou

Dulce: saia justa, hein, Anny.


Viianny 22

♥ Sólo déjate amar ♥


Anahí: nem me fale! Alfonso, como ela me conhece? Como ela sabe que sou
parecida com a Barbie?

Dulce: gente, ela se acha! Oh, Anny, deve ser pelo cérebro!

Anahí: mentira, nunca colocaram um cérebro na Barbie!

Dulce: mas não é que nunca colocaram, é que ela não tem mesmo! — todos
riram, exceto Anny

Anny lançou um olhar em Dulce que a fez parar de rir na mesma hora.
Foi como se estivessem estabelecendo determinada comunicação apenas com
aquela mirada, que aparentemente tinha algum efeito sobre a ruiva. Poncho e
Chris até se calaram também. Não por compreenderem a mensagem, e sim
por estranheza. Por um segundo, veio à mente de Poncho todos os mistérios
envolvendo sua amada. Por dedução e indícios, a amiga não era somente
cúmplice, como envolvida direta no caso. E pelo que se passou, supostamente
Dulce também temia algo em relação a Anny. Seriam amigas só por
conveniência? Através de uma sacudida, afastou tais pensamentos e se
concentrou na ocasião. Deu uma leve apertada na mão de Anny por baixo da
mesa, como que passando segurança. Ela não entendeu, fingiu que não
entendera ou simplesmente preferiu interpretar o gesto como uma ação banal.

Anahí: ainda não me respondeu, Alfonso…

Alfonso: o que? Ah, sim… Conversei com ela na webcam, aí mostrei sua foto.
Ela te adorou de cara e como vive com essa idéia de ter um neto vai
atormentar a gente demais… E pior porque sou filho único, aí já viram.

Anahí: gente, eu tô com fome, vamos pedir logo?

Dulce: ah, Anny! Pra ti é fácil. É só pegar umas folhinhas dessas plantas e
comer! Só come salada mesmo!

Anahí: melhor comer folha do que se entupir de esgoto!

Dulce: quem come esgoto aqui?

Anahí: quem mais poderia ser? A fogueira de São João que engole toda
porcaria que vê pela frente! Cuidado pro ralo não entupir!

Dulce: quê!? Mas só poderia ser você, clone de fio dental!

Chris: dá pras damas da society parar com esse barraco?

Anahí: cala a boca, Chris! E você, Dulce Maria, pega esse fio dental e enfia
bem…

Alfonso: Anny! — assustado


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♥ Sólo déjate amar ♥

Anny e Dul se olharam e caíram no riso. Poncho e Chris aí que não


entenderam nada.

Anahí: vocês acham mesmo que a gente ia brigar sério? A gente se xinga
tanto que entra por um ouvido e sai pelo outro.

Dulce: são muito abestados mesmo! — rindo

Anahí: mas é sério! Eu tô com fome! Só tomei um suco antes de vir pra cá!

Chris: então deve tá com fome mesmo! Lembro bem da época que a gente
estudava junto. Tu comia e não engordava nada!

Dulce: isso é verdade! Todas as meninas se cortavam de inveja!

Alfonso: realmente, Anny, tu é tão magrinha que parece que passa fome! —
rindo

Anahí: ah, mentira! Não sou esse osso humano como falou! Eu devo ter tido
anorexia fetal.

Chris: quê?

Dulce: mais uma do almanaque Anahí Giovanna.

Anahí: mas me fala, Alfonso. — com cara preocupada — Sério que tá me


achando muito magra?

Alfonso: claro que não, hadita! — abraçou-a

Dulce: ele tá mentindo, Anny! Tá só querendo garantir o sexo de hoje à noite…


— rindo

Alfonso: cala a boca, Dulce! Esquece o que ela falou, Anny.

Anahí: pode deixar, Alfonso. Não levo a sério as coisas que ela diz.

Dulce: ficou todo preocupado, hein, Poncho!

Alfonso: lógico! Não quero que Anny pense que não a acho bonita.

Anahí: quanto a isso não se preocupe, fofo! — deu um selinho nele — Só


perguntei por perguntar. Só me importo em estar bem comigo mesma! O resto
que se dane!

Dulce: Anny, não quero nunca ser tua inimiga…

Alfonso: (pensando) será se Dulce tem medo da Anny? Esquece isso, Poncho!
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♥ Sólo déjate amar ♥

Ficaram mais umas horas na churrascaria e depois foram embora.

Teresina, promotoria, 01/09/08, 08h31

O que mais Anny valorizava era o seu trabalho. Não era daquelas
funcionárias que já chegavam pela manhã com um humor do cão, sem
simpatia e fazendo as coisas na marra. Pelo contrário, tinha muita disposição
pra executar todas as suas funções. Procurava se manter como um exemplo
para os demais colegas de trabalho, apesar de que muitos entendiam como
pura mania de grandeza. Encarava todos os problemas com muita
racionalidade, pois acreditava que a emoção deturpava o caminho para a
justiça. Além do mais, acreditava muito em uma força divina e no destino. Cria
que, ao nascer, toda a vida de uma pessoa já estava escrita, independente
dela mesma, por isso muitos acontecimentos se encaixavam uns nos outros.
Estava dando uma chance para esse amor entre ela e Poncho. Não sabia se
resistiria aos abates da vida, mas tinha a certeza que se fosse realmente
eterno, uma hora ou outra estariam juntos.

Anahí: como é que é? Vou ter que adiar de novo? — falava ao telefone

X: não precisa adiar! Vem agora e depois…

Anahí: mas eu não posso! Será que não entende? Eu tenho mil e uma coisas
pra resolver em Teresina, Vagner!

Vagner: deixa a Dul resolvendo!

Anahí: só que eu que tenho que resolver. Eu sou a presidente, tenho que me
comportar como tal! Além do mais tu sabe que meu maior interesse nessa
viagem é outro, só que ninguém pode desconfiar disso.

Vagner: então vem só na próxima semana?

Anahí: é o jeito!

Vagner: vai vir sozinha?

Anahí: vou tentar convencer o Alfonso a viajar comigo.

Vagner: ah, sabida! Lua-de-mel?

Anahí: pode ser… — rindo — Mas o que eu queria era outra coisa… — ficou
séria

Vagner: acha que ele tá desconfiando de alguma coisa?


Viianny 25

♥ Sólo déjate amar ♥


Anahí: não sei… mas não quero arriscar… não posso contar pra ele sem
envolvê-lo no caso. E isso eu não quero!

Vagner: por que não?

Anahí: não quero que se arrisque à toa… ele não precisa…

Vagner: tá com medo de acontecer com ele o mesmo que com o presidente da
corregedoria passado?

Anahí: não, não é isso. Na verdade nem eu sei o que é. Mas tu sabe que com
o presidente anterior ao Alfonso eu fui obrigada a conseguir a transferência…
Ele tava muito metido, tava sabendo demais e com certeza ia tirar proveito
através do cargo.

Vagner: mas também não precisava dar aquele corretivo nele!

Anahí: se não fosse assim, tava todo mundo lascado… E ele era um safado
mesmo… Caiu direitinho na armadilha da sedução! — rindo — E também quem
mandou casar com uma encrenqueira como aquela dondoca? Agora pra
separar vai ser um caos!

Vagner: então, minha amiga, a única explicação pra essa preocupação é… —


se calou por uns segundos

Anahí: é…

Vagner: que você está amando, minha diva…

Anahí: sério? — triste

Vagner: ah, mas não fica assim senão eu choro! Ia acontecer mais cedo ou
mais tarde. O que tem que fazer agora é proteger esse amor de tudo! Não
deixe que nada atrapalhe vocês… As fêmeas de pítons já sabem?

Anahí: não, é segredo.

Vagner: então deixa assim. Cláudia não vai deixar por menos. Pelo que eu
conheço dela, já deve tá dando em cima dele…

Anahí: acertou… Ainda bem que ele também sabe disso e cortou logo.

Vagner: será que ela quer se vingar pela história do Chris?

Anahí: mas eu não tive culpa! Eu não sabia que ela era a fim do Chris quando
fiquei com ele!

Vagner: e se soubesse?
Viianny 26

♥ Sólo déjate amar ♥


Anahí — rindo: ficaria do mesmo jeito!

Vagner: tá bom, Barbie malvada! — rindo — Agora me fala do meu príncipe!

Anahí: qual deles?

Vagner: como assim ‘qual deles’? Eu só tenho um príncipe! O resto é plebeu!

Anahí — se acabando de rir: tá bom! Tá falando do Cristian?

Vagner: mas é lógico! Ah, desculpa, às vezes eu esqueço que tu é loira…

Anahí: não começa senão eu não digo nada.

Vagner: começar o que? Eu não fiz nada!

Anahí: assim é melhor… Olha, eu acho que tem que desistir dele. Cristian tá
feliz com a Vick. Tu tem que ir a outro reino porque o dele já tem princesa.

Vagner: vou pensar…

Anahí: olha, não vai aprontar, hein!

Vagner: até parece que tu não se mete nas minhas arrumações…

Anahí: mas eu só entro como telespectadora!

Vagner: Anny, tá falando é comigo, se lembra? Eu sei de todas as tuas


fuleragens! Tu, Dul e eu somos o trio das nights!

Anahí — rindo: tá certo, Vag! Vou ter que desligar agora. Um beijo enorme!

Vagner: outro pra você, doçura! — desligou

Teresina, prédio de Anny, 08/09/08, 07h34

O tempo é uma das maiores indeterminações que existem. Em um


segundo, a tarde vira noite, uma lágrima pode ser derramada, uma vida pode
ser sugada, uma história de amor pode ser modificada… Os mais racionais
dizem que controlam suas emoções e guardam-nas em caixinhas de concreto
em algum lugar do coração. Mal sabem eles que essas emoções só ficam em
latência à espera do primeiro deslize. Alguns realmente não choram, não se
expressam com sentimentos. Só que essa é a pior dor que há. Porque é a alma
quem sofre sozinha, perdida por entre as pilhas de concreto.

Em uma semana, quase nada mudou nos pavimentos da promotoria.


Pelo menos isso era o que aparentava. Anny e Poncho continuavam se
Viianny 27

♥ Sólo déjate amar ♥


encontrando e se amando cada vez mais. Dulce e Chris começaram a namorar
sério, o que provocou certo ciúme por parte de Cláudia. Ela queria todos os
homens a seus pés. Queria ter todos ao mesmo tempo e que, quando se
cansasse de um, este embarcasse numa depressão infinda.

Esta manhã de trabalho, ao contrário, se iniciou de forma diferente.


Dulce havia chego toda satisfeita depois de uma noite de amor com seu
amado. Só que, pela primeira vez em todos esses anos, Anny não estava lá. A
ruiva entrou no escritório da amiga já falando e contando das últimas
novidades. Levou um enorme susto seguido de uma terrível preocupação por
não ver nem a amiga nem seus pertences, sinal que ainda não estava na
promotoria. Ficou ligando insistentemente para o celular, para o apartamento
mas nada dela atender ou retornar. Sabia da presença de Poncho, mas não
ousou lhe dividir esse problema por temer que mais alguém descobrisse os
amantes. Correu para a recepção no intuito de aguardar a chegada da loira.
Pode parecer uma situação meio paranóica, porém era justificável porque não
condizia com as características de Anny. Além disso, se ela não atendera às
chamadas, com certeza teve um motivo bem sério.

Foram angustiantes minutos até a chegada dela. Mas algo realmente


parecia anormal. As vestimentas e os penduricalhos eram os mesmos, sem
alteração. O que chamava a atenção era a presença de enormes óculos
escuros cobrindo seus lindos olhos azuis. Anny adorava seus olhos, fazia
questão de mostrá-los a quem pudesse e a qualquer hora. Realmente eram
muito chamativos e sedutores. E ela sabia usá-los a seu favor. Assim como
também era o exemplo fiel de que os olhos são o espelho da alma. Só que
nesta manhã estavam escondidos pela escuridão. Isso preocupava Dulce. Ao
se aproximar, Dulce fez menção em ir abraçá-la.

Anahí: aqui não, por favor! Vamos à minha sala.

Elas caminharam juntas sem pronunciar uma palavra sequer. Ao


entrarem, Dulce trancou a porta e, ao se virar pra amiga, se deparou com uma
imagem que talvez nunca fosse esquecer. Anny estava com os olhos muito
inchados, provavelmente chorara a noite toda. Havia sinais de cansaço em
todo o rosto. Se isso não bastasse, a expressão do rosto da loira era muito
angustiante, com que pedindo ajuda urgentemente. Imediatamente, elas se
abraçaram. Choraram juntas como fizeram várias vezes. O mundo não
interessava agora. Podiam todos ser tragados pelo vento que não se
importariam. O silêncio parecia ser o mais reconfortante àquela ocasião.
Nenhuma das duas sabia até quando deveria prolongar o abraço. O único que
sabiam era que o menos desejado agora era se afastarem. Através dessa
dúvida, se lembraram de um velho poema que aprenderam juntas quando
fizeram um pacto de amizade eterna. Decifraram-no em meio a lágrimas que
teimavam cair.

Dulce: O que preciso fazer para ter seu carinho?

Anahí: Por favor, me abrace apertado.


Viianny 28

♥ Sólo déjate amar ♥

Dulce: Eu acredito em seu caloroso coração.

Anahí: Como faço para enxergar seu carinho?

Dulce: Me abrace mais forte.

Anahí: Adeus solidão...

Dulce: Até algum amanhã...

Anahí: E seguir para o amanhã... [trechos de Abraço (anônimo)]

Dulce: pensei que tinha esquecido… — disse enxugando as lágrimas de Anny

Anahí: acho que eu nunca vou esquecer. — se sentaram no sofá

Dulce: posso saber agora o que tá acontecendo?

Anahí: na verdade nem eu sei direito… Passei a noite tendo pesadelos, não
dormi quase nada. E sempre que me lembro, sinto vontade de chorar mais e
mais…

Dulce: me conta o que tanto viu nesses pesadelos.

Anahí: sempre era eu fazendo alguma coisa com o Alfonso.

Dulce: Poncho? Mas o que tanto fazia com ele?

Anahí: eu o ameaçava com uma arma. Mandava ele fazer várias coisas
horríveis… — segurando o choro

Dulce: Annyzinha, sei que pode ser horrível, mas acho que se me contar vai se
sentir melhor depois…

Anahí: primeiro eu mandava ele matar o Tony e me dar o coração dele.

Dulce: Tony? E o Poncho fez isso?

Anahí: fez. Eu lembro que minhas mãos ficavam sujas de sangue porque eu
pegava no coração e cuspia… Que nojo! Depois, mandava ele transar com a
Cláudia… — voltou a derramar lágrimas

Dulce: nossa! E ele?

Anahí: transou bem na minha frente!

Dulce: e tu viu tudo, tudo?


Viianny 29

♥ Sólo déjate amar ♥


Anahí: tudo! — limpou os olhos — E a pior parte, Dul… — calou como se
arranjando as palavras certas

Dulce: calma, Anny! Se não quiser então não conta.

Anahí: eu mandava ele arrancar uma criança dos teus braços e jogar no mar!

Dulce: criança minha? — assustada

Anahí: não sei… talvez não… Chris também tava lá e não fez nada…

Dulce: nossa, Anny! Mas e ele fazia de boa vontade?

Anahí: não, ele sempre revidava…

Dulce: o Poncho do jeito que é nunca faria isso… Ele preferiria morrer a fazer
tudo isso que disse…

Anahí: mas eu não ameaçava matar ele.

Dulce: e quem era então?

Anahí: eu ameaçava me matar!

Dulce: credo, miga! Quer falar com ele? Eu dou um jeito!

Anahí: não sei… Acho melhor não…

Dulce: por que não fica em casa hoje?

Anahí: não quero ficar sozinha…

Dulce: eu digo pra mamãe ir ficar lá contigo… mas vai e descansa! Leva
alguns processos pro caso de resolver trabalhar.

Anahí: tá bom… Vou voltar então… Mas diz pra tia não demorar muito.

Dulce: tá bom, dengosa… Vai lá e descansa bastante! À noite passo lá pra


gente conversar mais…

Anahí: tá bom, meu bombonzinho! — se abraçaram de novo

Dulce: porque me chamou de bombom?

Anahí: não sei… — irônica — Te adoro, Dul! — saiu

Dulce saiu da sala de Anny e foi direto pra de Poncho. Lá, entrou de
uma vez assustando todo mundo. Deu uma desculpa qualquer e acabou
arrastando-o até sua sala, já que havia vários funcionários lá trabalhando.
Viianny 30

♥ Sólo déjate amar ♥

Alfonso: fala, Dulce! — disse se sentando

Dulce: vai ter que tirar o dia de folga hoje.

Alfonso: não sei que loucura é a da vez mas não vou me meter… Tenho
várias coisas pra organizar já que a partir da próxima semana vou ser
oficialmente o presidente da corregedoria.

Dulce: baixa a bola, viu? E não é uma loucura… Anny… — foi interrompida

Alfonso: que que tem a Anny? — preocupado

Dulce: ah, se soubesse tinha começado assim…

Alfonso: não me enrola, Dulce! Fala o que a Anny tem! Onde é que ela tá?

Dulce: ela deve tá indo pra casa agora.

Alfonso: indo pra casa? No México? — assustado

Dulce: não, anta! A casa dela aqui! Ou melhor, o apê dela.

Alfonso: mas por que ela não tá aqui?

Dulce: ela não tá legal. Tá chorando direto, não dormiu direito, tá bem triste…

Alfonso: mas por que?

Dulce: nem ela sabe direito por que tá tão abalada assim… Ela passou a noite
tendo pesadelos horríveis, mas a Anny que eu conheço não ficaria do jeito que
eu vi…

Alfonso: então vou correndo lá em casa pegar umas coisas e vou direto pra
lá…

Dulce: não vai se aproveitar da minha amiga não, hein! — rindo

Alfonso: não faria nada que ela não quisesse… E como faço pra ir pra lá sem
autorização?

Dulce: eu falo com a minha mãe. Diz que vai pra minha casa e depois sobe pro
andar da Anny.

Alfonso: tá… Tchau, Dulce. Valeu pelo toque.

Dulce: só peço que ajude a Anny… Ela tá precisando de ti mais que qualquer
outra pessoa. — ele saiu
Viianny 31

♥ Sólo déjate amar ♥


Poncho só pegou uns documentos na sua sala e saiu. Foi em casa, se
trocou e separou algumas coisas, pretendia ficar o dia todo com Anny (e quem
sabe dormir também…). Na recepção, encontrou Blanca, que já esperava por
ele. Subiram pelo elevador. Blanca ficou em seu andar e Poncho foi pro de
Anny. Tocou no videofone. Como Anny já esperava por Blanca, nem se
preocupou em olhar quem era. Estava vestida só com uma camisola branca de
seda, muito elegante. Abriu a porta meio sem vontade e se deparou com a
imagem de Poncho lhe sorrindo.

Anahí: o que… — sem entender

Alfonso: meu amor tá precisando de mim…

Na hora que Anny ouviu “meu amor”, quase que não se cabia de
felicidade. Nunca ouvira tanta sinceridade assim ao ouvir essas palavras.
Abraçou Poncho bem forte. Sabia que ali estaria segura de tudo, mesmo sem
saber qual era realmente o empecilho que tanto a apavorava. Abraçados de
lado, entraram no apartamento. Poncho se sentou no sofá e Anny deitou com a
cabeça em seu colo. Ficaram minutos só se encarando. Poncho mexia nos
cabelos dela e ela brincava com os dedos da outra mão dele.

Alfonso: quédate un momento así. No mires hacia mí, que no podré aguantar.
Si clavas tu mirada, que me llena el cuerpo, me ha pasado antes que no puedo
hablar. Tal vez piensas que estoy loco y es verdad un poco, tengo que aceptar.
Pero si no te explico lo que siento dentro no vas a entender cuando me veas
llorar.

Enquanto o escutava cantando, Anny deixava lágrimas se exalarem. Em


seus olhos azuis, Poncho enxergava um enorme oceano. Sentia certo mistério
que, em primeira impressão, provocava receio, mas, posteriormente, toda essa
insegurança era coberta pelas fortes ondas do amor que também lhe afetava.
Queria se afogar nessas águas…

Anahí: ahora tal vez lo puedas entender que si me tocas se quema mi piel.
Ahora tal vez lo puedas entender y no te vuelvas si no quieres ver. Que lloro
por ti…

Alfonso: que lloro sin ti…

Anahí: que ya lo entendí que SÍ eres para mí! — sorriu com os olhos brilhando
pelas lágrimas

Alfonso: y lloro… [Que lloro – Reik y Sin Bandera] — correspondendo o sorriso


com outro

Pensava estar no paraíso tamanha era a felicidade. Só não imaginava


que felicidade maior ainda estava por vir…

Anahí: te amo…
Viianny 32

♥ Sólo déjate amar ♥

A maior alegria para um coração abatido não é encontrar um amor de


verdade, mas ser correspondido por um amor de verdade. Isso resume por
completo a situação de Poncho nesse exato instante. Só conseguiu abrir um
enorme sorriso de satisfação e gratidão. Encontrava profunda sinceridade
naquela simples e grandiosa declaração.

Alfonso: também te amo… e muito…

Ele a segurou como a um bebê. Abraçou-a com muita gana. Não


sentiam necessidade de um beijo agora. Isso é puro convencionalismo. Um
abraço é muito mais verdadeiro que um beijo. Não só pela questão dogmática,
mas porque se trata de uma troca de energias. É um gesto puro em sua
essência porque parte da aceitação de uma troca de calores involuntários.

Anahí: não quero sair daqui nunca mais.

Alfonso: se não engordar, por mim tudo bem… — rindo

Anahí: cala a boca e liga a TV.

Alfonso: mas olha… é muito mandona mesmo…

Anahí: tô carente hoje, tenho meus direitos… — disse se agarrando nele e lhe
dando beijos bem no pescoço

Alfonso: zona de perigo… se não parar…

Anahí: tá bom… agora liga que tá passando desenho…

Alfonso: desenho? Mas não mesmo…

Anahí: mas vai sim… — levantou, pegou o controle, ligou a TV e voltou pro
lugar que tava — Ainda vou ser boazinha… Prefere desenho ou fofoca?

Alfonso: eu quero a terceira opção.

Anahí: não tem terceira opção.

Alfonso: tem certeza? — olhou pra ela de forma bem provocante

Anahí: realmente… — largou o controle no sofá — Mas hoje eu que mando!

Alfonso: às ordens! Pode vir, tchutchuca! — abriu os braços

Anahí: espera. Vai lá pro quarto que vou pegar uma coisa…

Alfonso: certo… — saiu da sala — (gritando) Anny! Qual é o quarto mesmo?


Viianny 33

♥ Sólo déjate amar ♥


Anahí: (gritando) qualquer um… precisa nem ser quarto…

Alfonso — voltou pra sala: mas de quem é aquele quarto todo rosa?

Anahí: nem é tão rosa assim…

Alfonso: não, que é isso… — irônico — Responde. De quem é aquele quarto?


Pelo que eu saiba mora sozinha…

Anahí: é meu. — rindo

Alfonso: teu? E aquele daquele dia?

Anahí: também…

Alfonso: tem dois quartos?

Anahí: quem disse que uma pessoa só pode ter um quarto no mesmo lugar?

Alfonso: ninguém, mas é esquisito! E mais ainda sendo tão algodão doce
como ele…

Anahí: nem é só rosa… e o que tem? O quarto é meu mesmo! E hoje vai ser
lá… — sorrindo com cara de travessa

Alfonso: mas de jeito nenhum!

Anahí: por que não?

Alfonso: porque na hora do vamos ver não vou me concentrar olhando pra
aquela arrumação…

Anahí: não se preocupe… eu sei exatamente o que vamos fazer… — sorriu


maliciosamente — Agora vai pra lá!

Alfonso: e tu vai fazer o que aqui?

Anahí: vou dar um telefonema…

Alfonso: pra quem? — com ciúmes

Anahí — sorrindo: Dul. — enquanto ele saiu, ela discou o número — Alô, ruiva!

Dulce: oi, loira…

Anahí: muito obrigada pelo presente… não sei nem o que dizer…

Dulce: já fez muito por mim antes… somos irmãs, né? Se tu não cuida da tua
vida, eu cuido…
Viianny 34

♥ Sólo déjate amar ♥

Anahí: eu cuido da minha vida!

Dulce: aham, e muito bem por sinal… — irônica — Cadê ele?

Anahí: no meu quarto.

Dulce: qual?

Anahí: da princesa Anny.

Dulce: ih… tava pensando em ir dormir contigo mas esquece… Já


contaminaram todas as camas…

Anahí: oh, Dul! Lá era o mais lógico que deveria rolar… Liguei pra dizer que
não precisa vir à noite.

Dulce: ah, mas é lógico que vou! Flagrar vocês de novo… Hoje levo minha
câmera…

Anahí: nem pense!

Dulce: já tá pensado! Tchau… — desligou

Anahí: só o que me faltava… Ah! Tô nem aí! O máximo que poderia acontecer
era morrer de inveja da minha sorte… E que sorte…

Alfonso: tá falando sozinha?

Anahí: quem? Eu?

Alfonso: esse cabelo é natural ou não?

Anahí: cabelo? Ah, sim… Cabelo… Meu cabelo é natural…

Alfonso: de onde?

Anahí: da minha cabeça, ora! — se acabou de rir enquanto ele a olhava com
cara de tédio — Eu achei engraçado… — ele cruzou os braços — Tá, é de
Paris… — rindo — Mas o que meu cabelo tem a ver com falar sozinha?

Alfonso: desisto, Anny! Acho melhor a gente pular o desenvolvimento e ir


direto pra conclusão.

Anahí: homens… só pensam com a cabeça…

Alfonso: mulheres… só pensam com o cabelo…

Anahí: acho melhor levar esse duelo pra outro lugar…


Viianny 35

♥ Sólo déjate amar ♥

Alfonso: eu também queria mas tu não desgruda dessa sala!

Anahí: tá bom! Vamos! — saiu empurrando-o

Entraram no quarto. Poncho já foi logo pulando na cama e tirando a


roupa.

Anahí: hei! Calma aí! As camas não vão entrar em extinção!

Alfonso: há horas eu te espero aqui! Já tava pra subir nas paredes!

Anahí: Tarzan no país das maravilhas! — rindo

Alfonso: não! Tô mais pra lobo mal na casa da vovozinha!

Anahí: e quem é a vovozinha? — com voz sedutora

Alfonso: vagas abertas!

Anahí: vagas fechadas! — rapidamente pulou em cima dele e o beijou

Enquanto o beijava, Anny foi deitando-o e se posicionando em cima


dele. Tirou-lhe a camisa bem devagar, sem a ajuda dele, que estava muito
distraído alisando suas pernas por cima da camisola. Depois, parou de beijá-lo
e se levantou, saindo da cama.

Alfonso: ué?! Parou por que?

Anahí: vai já entender! Tira esses tênis enquanto eu vou pegar uma coisa ali
no closet. — saiu

Alfonso: já tirei, Anny! — gritando

Anahí: tá! Espera aí! — gritando

Tempos mais tarde ela voltou.

Alfonso: pensei que ia sair daí vestida de noiva!

Anahí: exagerado! É que eu não tava encontrando…

Alfonso: o que?

Anahí: isso! — mostrou pra ele um par de vendas pretas

Alfonso: vai me amarrar também?

Anahí: não… vou te vendar…


Viianny 36

♥ Sólo déjate amar ♥

Alfonso: ah, não! Se tu vai ver, também quero ver! Vai que tu chama outro
homem aí! Nem pensar…

Anahí: oh, besta! — rindo — Eu também vou vendar meus olhos! — ele ficou
pensativo — Vai ver como vai gostar!

Alfonso: realmente… — começando a gostar da idéia

Anahí: mas tem uma regra. Não pode tirar de jeito nenhum! Se tirar é seca por
um mês!

Alfonso: com essa condição eu até costuro meus olhos se for preciso! Agora
vem que já adiou demais… Já era pra tá no décimo round!

Anny subiu na cama e vendou os olhos dele. Em seguida, fez o mesmo


com os dela.

Anahí: pega aqui pra sentir como coloquei a minha direito também. — guiou as
mãos dele pelos próprios olhos vendados

Anny pegou as mãos dele e as colocou em sua cintura. Foi chegando


perto dele e lhe dando leves beijos em algum lugar.

Anahí: agora relaxa… faz o que quiser… só sente… — falou de forma bem
suave

Com a ajuda das mãos, ela chegou até sua boca e lhe tascou um beijo
bem molhado. No começo, foi só mais uma movimentação sem ritmo de lábios.
Aos poucos, foi se convertendo em um apaixonante toque. Apesar das
constantes visitas de um para o outro, das rapidinhas nos escritórios, dos
amassos pelos cantos escondidos… estar ali, naquela circunstância, nunca
perdia a sua essência. Sentiam-se tão extasiados que não mediam suas
pretensões, não pensavam no próximo passo, não avistavam o novo horizonte
que se aproximava. Um beijo a mais nunca era demais… Um beijo a menos, ao
contrário, fazia toda a diferença…

Anny foi baixando as mãos no intuito de tirar-lhe o cinto. Acabou sem


querer tocando em seu membro por cima da calça. Instintivamente, ele soltou
um gemido de satisfação. Localizada a fivela, ela tratou de abri-la e partir logo
pro botão e pro zíper da calça, devido o evidente tesão excessivo de Poncho.
Ao abaixá-la um pouco, enfiou suas mãos dentro da cueca. Massageou toda a
região de forma bem agressiva. Agora queria libertar sua face mais irracional.

Poncho foi subindo suas mãos por baixo da camisola dela bem devagar.
Chegou à altura da calcinha. Desceu-a um pouco de um dos lados. Com uma
das mãos, foi entrando em contato com sua intimidade. De cara foi introduzindo
um dedo. Mexia-o como se explorasse cada cantinho dentro dela.
Viianny 37

♥ Sólo déjate amar ♥


Anahí: vai me deixar louca! — falava enquanto o beijava

Alfonso: ainda não tá?

Na mesma hora, ele tirou o dedo para introduzir dois de uma só vez em
seguida. Ela arqueou o corpo instantaneamente, agonizando de prazer. Soltou
o membro dele e tirou a camisola por cima, ficando somente de calcinha, já que
estava sem sutiã. Com a outra mão, ele foi subindo pelo corpo dela, até
alcançar um dos seios. Anny apoiou-se com as duas mãos na cama e ficou
fazendo movimentos simulando uma cópula. Poncho também estava
maravilhado porque seu membro roçava no períneo dela, já bastante
lubrificado. Em mais algumas reboladas, Anny gozou. Ao sentir o líquido
orgástico dela escorrendo por seu membro, ele também atingiu o ápice,
descarregando-lhe jatos de sêmen nas costas.

Ficaram durante um tempo tentando recuperar o fôlego. A respiração de


ambos estava descompassada. Poncho tirou seus dedos da intimidade de
Anny e ficou brincando com os mamilos dela.

Anahí: agüenta agora uma transa de verdade?

Alfonso: sem dúvida…

Anny passou a mão por suas costas, umedecendo-as com o esperma


dele. Então, começou a estimulá-lo novamente. Imitava com as mãos todas as
movimentações que fizera.

Alfonso: que tal pular essa parte? — já quase sem fala

Ela simplesmente soltou-lhe o membro e, num ato brusco, se sentou em


cima dele. Gemeu de dor e prazer.

Alfonso: o que foi? — preocupado

Anahí: nada… — respirou fundo — Às vezes esqueço como é grande… —


eles riram

Alfonso: quer que eu continue?

Anahí: não! Deixa só eu me acostumar…

Alfonso: e seu eu fizer isso? — começou a acariciar o clitóris dela

Anahí: pára, Alfonso… — já envolvida — isso… vai… aí!

Poncho a segurou pela cintura e foi mexendo-a, reproduzindo as


estocadas. Isso até ela se recuperar e tomar o posto de comandante. Firmou
as mãos nos ombros dele e iniciou a seqüência de golpes. Sua temperatura
interior estava muito elevada, fazendo com que Poncho se excitasse ainda
Viianny 38

♥ Sólo déjate amar ♥


mais. Já estava muito úmida apesar de que estavam apenas começando. Em
certos momentos, ela abaixava seu colo, fazendo-o grosar no busto dele.
Fazia-o porque sabia o quanto Poncho gostava. Dava-lhe sugadas no pescoço.
Mordia-lhe o lóbulo da orelha. Apertava-lhe o cabelo. Enquanto isso, ele
apalpava-lhe as nádegas, dava-lhe chupões no pescoço (provavelmente
deixando marcas), acariciava-lhe as coxas, apertava-lhe a cintura… O bater da
parte inferior do bumbum de Anny com os testículos de Poncho provocava uma
tensão ainda maior. As mentes já não dominavam os corpos. Estes agiam de
acordo com as próprias necessidades. Apesar de estarem muito alucinados
com esse novo sentimento tomando de conta da vida deles, ali, naquela pose,
não estavam os apaixonados Anahí e Alfonso, e sim os promíscuos Anny e
Poncho. As almas deles sempre se amarão com doçura, assim como sempre
se amarão um com o outro, mesmo que estejam com outros corpos durante o
ato. Enquanto eles estiverem consumando um mero ato carnal, seus espíritos
estarão do lado exercitando o amor… o verdadeiro amor…

Os corpos já nadavam em suor. Alcançar o ápice do prazer sexual


realmente traz muito cansaço, principalmente quando acontecem várias vezes
seguidas. Anny e Poncho estavam nesse dilema. Para um casal qualquer tudo
o que já fizeram nessas últimas horas poderia se caracterizar como mais que
suficiente. Mas eles não estavam ligando para tempo, ranking, calor, telefone…
Só se desgrudariam quando a falta de forças fosse infinitamente superior à
vontade de enlouquecerem de excitação. Uma hora ou outra ia acontecer. Foi
assim que ela deu uma última estocada e desabou por cima dele, se deleitando
com a mistura de gozos.

Dormiram quase que instantaneamente. Abraçados. Com um enorme


sorriso à mostra no rosto. Se Dulce chegasse àquela hora, não só registraria
um momento mais que erótico da amiga, como também talvez o mais feliz e
com certeza o mais romântico. Foi um sono profundo que caiu sobre os dois.
Só despertaram horas depois. Poncho acordou primeiro, mas preferiu deixá-la
descansar mais, afinal trabalhara tanto antes que equivalia a dias de trabalho
na promotoria.

Pelo pouco, mas aprofundado, que conhecia da amada, Poncho notou


que algo a estava entristecendo. Acordara com um brilho melancólico, perdido
por entre pensamentos desconhecidos.

Alfonso: vem, vamos tomar um banho…

Ela nada disse, só se levantou, saindo de dentro dele, e lhe estendeu a


mão. Foram até o banheiro, onde se deliciaram debaixo do chuveiro. Poncho a
banhou com muito carinho, nem se excitava ao tocar-lhe partes mais íntimas.
Também se banhou. Alternava feitos entre um e outro. Vestiu-a com uma
camisola rosa bebê de seda, bem delicada, e uma calcinha comportada toda
colorida. Penteou-lhe os cabelos com muito cuidado, sabia o tanto que
significavam para ela. Depois se vestiu com uma bermuda florida e uma regata
branca colada, moldando sua musculatura. Foram pra sala. Anny deitou no
sofá enquanto Poncho foi pedir o almoço ao restaurante no prédio. Esperaram
Viianny 39

♥ Sólo déjate amar ♥


o pedido assistindo a telejornais. Ela simplesmente não ousava pronunciar
nenhuma palavra. Tinha receio de tentar falar e se enganchar com as lágrimas
que tentava segurar. Não queria voltar ao descontrole da madrugada. Em
determinados momentos pensara estar perdendo a lucidez. Não tinha mais
controle sobre seus atos. Perdera-os para um “que” desconhecido. Foi nessa
luta imaginária que, sem se dar conta, já estava remexendo um prato de
comida. Parecia até saborosa, mas seu ânimo mal dava conta de sua própria
consciência…

Alfonso: coma, meu amor! Assim vai ficar fraca… — advertiu preocupado

Anahí: não tenho fome…

Poncho ignorou as palavras dela e passou a lhe dar comida na boca. Ela
recusava, obviamente, mas ele não tava nem ligando. Tinha momentos em que
Anny parecia uma criança mimada, contrastando com sua fama de séria e
ajuizada. Só que isso não o preocupava agora. Sua apreensão era decorrente
da incógnita em relação aos pensamentos da amada. Mas mesmo incipiente no
assunto, resolveu deixá-lo de lado e somente cuidar muito bem dela. Faria com
que se sentisse amada, protegida, querida, para que, no momento certo,
pudesse abrir seu coração. Assim que acabaram de almoçar, voltaram pra sala
e se sentaram abraçados. Sem perceber, os afagos de Poncho fizeram-na
dormir. Ele estava tão distraído assistindo à reportagem sobre o golpe do
chupa-cabra que nem se tocou.

Alfonso: desse jeito esses bandidos vão acabar fazendo clones humanos pra
arrancar mais dinheiro dos bancos, né, amor?

Como ela não respondeu, ele abaixou a vista e notou que estava
dormindo. Desligou a TV com o controle, a suspendeu no colo e se dirigiu ao
quarto. Deitou-se e a colocou a seu lado, com parte do corpo sobre si,
aconchegando-a com seus malhados braços. Não dormiu, simplesmente queria
que ela descansasse o máximo para afastar más idéias. Lembrou então do dia
em que se conheceram. De como se enfeitiçou por aqueles magníficos olhos
de oceano. Queria se afogar nessas águas… Suas reflexões foram cessadas
por um raso soluço. Ao despertar das lembranças, encontrou Anny num choro
contido e sofrido. Não estava entendendo nada… Sentia-se mais que
impotente por não saber como ajudar a pessoa que mais amava no mundo,
apesar de estarem quase colados. Ela já estava com a face bem rubra, a
respiração descontrolada e os olhos encarnados, afrontando suas íris celestes.
Uma das duas únicas ações que ousou fazer foi lhe abraçar bem forte,
repassando-lhe apoio e confiança. A outra não foi instantaneamente. Foi só
depois de perceber que apenas o conforto de seus braços não era suficiente. O
que lhe veio à mente foi cantar. Sabia que não dotava de uma voz estupenda,
porém tinha conhecimento do efeito que uma canção tinha sobre Anny.

Alfonso: Cada mañana, entre mis brazos te encuentro. Y cada mañana, siento
tu piel que acaricio y no puedo esconder que quiero amanecer en ti. Cada
mañana, entre una sábana y otra, hay un milagro que está respirando a mi lado
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♥ Sólo déjate amar ♥


y me hace tan feliz que seas la dueña de mi amor. Y así me pierdo en ti, yo
dejo de existir y nace un sol, la luz de nuestro amor, y una canción, la música
que hacemos cuando hacemos el amor. Cada mañana, me enseñaré a
quererte como si fuera nuestra primera vez y nunca olvidaré lo bello que es
amarte. Y así perdido en ti, aprenderé a amar y a vivir un eterno amanecer que
sin medir nos llene de placer cada mañana hasta morir… [Cada mañana –
Benny Ibarra]

A essa altura, ela já estava bem mais calma. Alguns pingos ainda
insurgiam, mas todos eram absorvidos pela camisa de Poncho. Como Dulce
dissera, aquela não parecia sua hadita. Era como se uma parte de sua alma
estivesse atormentada e se revoltasse contra todo o resto, dominando-o. Agora
entendia as célebres palavras matrimoniais. Na alegria e na tristeza… Até que
a morte os separe… Já são meio monótonas, só que, de uma forma ou outra,
representam o verdadeiro sentido do legítimo amor, a maior busca de toda
criatura humana. Amor, meu grande amor… que eu seja o último e o primeiro.
E quando eu te encontrar, meu grande amor, por favor, me reconheça! [Amor...
meu grande amor – anônimo]

Anahí: te amo! Não me deixe cair…

Alfonso: nunca… também te amo muito! Quero aproveitar essa ocasião pra
fazer uma coisa que quero muito, mas não tinha coragem… até agora…

Anahí: o que? — disse acariciando o tórax dele

Alfonso: deixa eu pegar uma coisa na minha mala. — ia se levantar

Anahí: trouxe mala?

Alfonso — rindo: tava mal mesmo, hein? Claro que trouxe! Hoje vamos passar
o dia juntos… e quem sabe amanhã… e depois… e depois… só depende do
tanto que precisar de mim aqui!

Anahí — fingindo: ai, Alfonso! — colocou a mão na cabeça — Meu mundo


acabou! Tudo está mal! Que vida injusta! Acho que os reptilianos vão dominar
a Terra! No meu lugar vai ficar uma lagartixa de peruca loira e batom
vermelho… Eu vou ser presa, colocada pra quebrar pedra e ser acorrentada
pela perna! Já tô sentindo meus ossos doendo… — disse fazendo maior drama

Poncho só se afastou um pouco, tentando digerir as tantas loucuras que


ela havia dito.

Alfonso: reptilianos? Deixa eu te mostrar os reptilianos!

Começou a fazer cócegas em Anny. Ela não tinha nem mais forças pra
resistir. O sorriso enfraquece o organismo temporariamente. Não conseguia
nem revidar. A chance que teve aproveitou pra sair da cama, correr pro
banheiro e se trancar lá. Não o fez por fuga, pra se livrar da situação, mas
Viianny 41

♥ Sólo déjate amar ♥


porque se demorasse mais um minuto, sua bexiga ganharia autonomia. Saiu
do banheiro de mansinho, pra ver se ele não estaria fazendo alguma
armadilha. Deitou-se na cama, se enrolou e ficou esperando Poncho aparecer.
Deduziu que ele fora pegar a tal coisa que havia dito.

Alfonso: ah… já voltou? — com as mãos pra trás, escondendo a coisa

Anahí: uhum… — disse sorrindo docemente — O que é meu presente?

Alfonso: interesseira!

Anahí: mas é lógico! Adoro ganhar presente… principalmente quando sei que
foi de coração de uma pessoa que me ama bastante…

Alfonso: disso pode ter certeza! Agora vem aqui! Sai dessa cama! — ela ficou
de pé, de frente pra ele

Anahí: aqui tá bom?

Alfonso: excelente! Agora fecha os olhos. — ela fechou — Obediente desse


jeito só por causa do presente?

Anahí: o que acha? — irônica — Mas cadê?

Alfonso: calma… — ele se aproximou dela e começou a lhe falar perto do


ouvido — Não sei as palavras certas pra falar… Vou tentar começar com um
poema que aprendi há alguns anos, mas nunca encontrei alguém pra falar.

Anahí: gosta de poemas?

Alfonso: na verdade não… só que achei esse diferente… Quando li só uma


idéia ficou na minha cabeça: vou aprender pro dia em que encontrar um grande
amor…

Anahí — limpou uma lágrima que caiu: fala…

Alfonso: é de Fernando Pessoa… se chama “O amor, quando se revela…”

Anahí: não conheço…

Alfonso: melhor assim… Agora cala a boca!

Anahí: grosso!

Alfonso: espero que essa seja sua última palavra… Lá vai… O amor, quando
se revela, não se sabe revelar. Sabe bem olhar pra ela, mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente, não sabe o que há de dizer. Fala: parece que
mente. Cala: parece esquecer. Ah, mas se ela adivinhasse, se pudesse ouvir o
olhar, e se um olhar lhe bastasse pra saber que a estão a amar! Mas quem
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♥ Sólo déjate amar ♥


sente muito, cala; quem quer dizer quanto sente fica sem alma nem fala, fica
só, inteiramente! Mas se isto puder contar-lhe o que não lhe ouso contar, já não
terei que falar-lhe porque lhe estou a falar... Quer ser a senhora Herrera?

Anny abriu os olhos de imediato. Nunca fora pedida em casamento


antes. Pelo seu gênio, pensara até que nunca seria. Inclusive já pensara que
nomes daria pros seus gatinhos. Poncho a pegou de surpresa. A cena era até
hilariante. Ele estava segurando sua mão com excessiva delicadeza. Com a
outra mão, segurava uma caixinha com duas alianças em ouro branco.

Anahí: casar? — em choque

Alfonso: sei que talvez seja meio precipitado, mas também não quero casar
amanhã! Quem sabe no fim do ano, começo do próximo…

Anahí: casar…

Alfonso: não tô cobrando nada. Se não quiser aceitar, ficamos como


estávamos. Prometo não me chatear…

Anahí: (pensando) só se aprende a viver vivendo! (falando) Aceito!

Alfonso: então agora somos noivos? — sorrindo um pouco emocionado

Anahí: na verdade, só depois que colocar meu presente no meu dedo…

Alfonso: mas é muito interesseira mesmo! — ele lhe colocou a aliança no dedo
e depois ela fez o mesmo com ele — Pronto! Já estamos devidamente noivos!
Na verdade, depois de tudo o que a gente já fez, já deveríamos estar mais que
casados, mas tudo bem…

Anahí: não acho não… ainda não me conhece casada… — sorrindo


maliciosamente

Alfonso: vai me matar desse jeito!

Anahí: tá bom, já que não quer…

Alfonso: claro que quero! Aliás, vem cá! — lhe tascou um beijo bem molhado e
apaixonado; já estavam indo pra cama quando ouviram o videofone tocar

Anahí: ué? Que horas são?

Alfonso — olhando pro relógio: são quase seis da noite.

Anahí: deve ser Dulce…

Alfonso: mas ela tem a chave.


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♥ Sólo déjate amar ♥


Anahí: só que a chave fica na casa dela e a tia Blanca nunca a deixaria vir aqui
e flagrar a gente… Ou seja, ela teria de tocar o videofone se quisesse
realmente entrar.

Alfonso: deixa eu ir lá então… — saiu direto pra sala

Quando Poncho abriu a porta, levou um enorme susto.

Alfonso: o que eu faz aqui?

X: sabia que te encontraria aqui! — entrou no apartamento — Pensavam que


iam enganar a todos até quando?

Anny estranhou o fato de Dulce não correr pro quarto e se jogar na


cama. Resolveu ir à sala conferir o que estava acontecendo. Quando chegou
lá, tomou um susto.

Anahí: Cláudia! O que faz aqui?

Cláudia: o que acha? Poncho me convidou pra uma orgia aqui! — irônica —
Vocês acham que eu sou uma idiota é?

Anny se sentou no sofá transtornada. Estava se sentindo sem chão.


Como se tivesse acordado do mundo fantástico em que só viviam ela e
Poncho. E agora? Será se seu noivado também foi só uma ilusão? Ou se agora
é que estava tendo um pesadelo? Depois da troca de alianças teriam dormido
novamente (talvez feito amor antes) e agora esse tormento lhe voltava em um
mau sonho. Vendo essa confusão de idéias é que Poncho se sentou ao lado
dela, temendo a volta daquelas crises.

Alfonso: vai embora, Cláudia! Não vê o tanto que ela tá abatida?

Cláudia: abatida? Só se for de sexo, meu querido! Vocês agiram pelas costas
de todos! Me admira você, Poncho! Sabia como eu sou interessada em ti, mas
nem me deu satisfação! E foi se meter logo com quem mais me prejudicou,
quem mais eu odeio!

Anny se levantou do nada e ficou encarando Cláudia.

Anahí: quem você pensa que é pra ter que saber de tudo na vida dos outros?
Alfonso nunca, ouviu bem, nunca te deu uma única chance! E ele não te deve
satisfação nenhuma! Aliás, nenhum de nós aqui deve satisfação a ninguém que
não seja si próprio! Agora você deveria honrar muito bem o chão que pisa
naquela promotoria! Esqueceu que só trabalha lá por causa da amizade do teu
pai com o ex-presidente? Aí agora vem me cobrar explicação… Muito bonito
pra minha cara! Eu não tenho um pingo de consideração por ti, mas mesmo
assim nunca denunciei as irregularidades do teu cargo… Não tô cobrando
nada! Sei que trabalha bem! Mas não se meta na minha vida! Não sabe do que
eu sou capaz! Pode até imaginar, mas não faz nem sombra de idéia! E se não
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♥ Sólo déjate amar ♥


quiser descobrir, acho bom tirar as patinhas da minha casa e nunca mais voltar
aqui! Entendeu? Ou quer que eu desenhe na sua cara de carrapato?

Cláudia olhou pra Poncho, mas ele só fez um gesto de que não tava
nem aí. Ela saiu furiosa, batendo a porta.

Anahí: ainda quer quebrar minha porta! Vê se pode?

Alfonso: me surpreendeu, hein? Como conseguiu revidar tudo o que ela


disse?

Anahí: tava triste, aí olhei pra essa aliança… — mostrando a aliança no alto —
Ela representa o que há de mais valioso na minha vida…

Alfonso: na nossa vida! — abraçou-a de lado — Como ela conseguiu chegar


até aqui?

Anahí: a irmã dela mora aqui. O nome dela é Sol. Muito enjoada, por sinal! É
louca pelo Chris, mas acho que só ficaram… Pra ter uma idéia das
mandingueiras, elas duas já brigaram por ele.

Alfonso: que ridículo!

Anahí: horrível mesmo! Ah, quero te propor algo.

Alfonso: se for loucura, tô fora!

Anahí: que insensível! Só porque agora vai ter o cargo oficializado… Mas não
importa, isso vai ser até bom pra ti.

Alfonso: então fala…

Anahí: que tal uma viagem pelo litoral daqui nessa semana?

Alfonso: viagem agora? Sem chance!

Anahí: mas não só a passeio. Vai ter uma comemoração de um negócio lá,
sempre esqueço o que é… Na verdade, eu vou porque quero, porque faz bem
à imagem de presidência… entende?

Alfonso: acha então que eu deveria ir?

Anahí: com certeza! Lá vão estar nomes da alta cúpula do governo. Vai
conseguir novos contatos, vai se mostrar presente diante das causas fora da
tua esfera…

Alfonso: a idéia é boa…

Anahí: então! Vamos!


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♥ Sólo déjate amar ♥

Alfonso: não sei se posso me ausentar agora…

Anahí: na verdade, nem eu posso. Vou levar pastas e mais pastas de trabalho.
E ainda tenho uns casos pra supervisionar por lá… Não vai ser só festa…

Alfonso: tá bom! Que dia vai ser?

Anahí: saímos quinta e voltamos domingo. Vai chegar bronzeadinho pra


cerimônia de posse… — rindo

Alfonso: mas nem vai ter tempo pra se bronzear do jeito que falou…

Anahí: não vai? Amor, em uma manhã aqui você fica torrado até usando
protetor!

Alfonso: mas e como vamos fazer? Vamos assumir de vez?

Anahí: acho que depois dessa da Cláudia nem adianta esconder mais…

Alfonso: ah, pena que vamos ficar pouco tempo trabalhando juntos… A
reforma termina em mais ou menos um mês…

Anahí: nem que terminasse ano que vem… agora, elas vão pegar no nosso pé
direto! Vão criar desculpa dizendo que a gente passa o dia namorando e não
trabalhando…

Alfonso: e teriam coragem? Tu é quem manda lá dentro!

Anahí: mando, mas não mando na boca delas… Vão criar intriga à vontade!
Mas elas que me aguardem! Faço elas se calarem num instante… — ficou
pensativa, enquanto especulava

Alfonso: (pensando) o que Anny poderia fazer contra elas? Algumas são
concursadas… tenho que descobrir essa história… Não agüento mais!

As dúvidas de Poncho foram despedaçadas pelo toque do videofone.

Anahí: dessa vez eu olho! — foi na cozinha e voltou logo em seguida — Agora
é Dul! — abriu a porta, recepcionando a amiga com um forte abraço

Dulce: vamos entrando, né? Tem gente aqui com roupas transparentes… —
entraram na sala abraçadas

Alfonso: sempre discreta… — irônico

Dulce se jogou num dos sofás e Anny deitou com a cabeça no colo de
Poncho.
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♥ Sólo déjate amar ♥


Dulce: mas aí o que vocês tanto fizeram?

Anahí: passamos o dia jogando Super Mario… — disse olhando pro nada

Dulce: Super Mario? Baixou uma nova versão? — animada, enquanto os


outros se acabaram de rir da cara dela — Que foi? Passei o dia trabalhando!
Tô com a cabeça cheia! Não tô boa pra deduzir coisas…

Alfonso: então me deixa tentar te explicar. Pelo jeito já jogou Super Mario, né?

Dulce: desde a época de Mario nas cavernas…

Anahí: pois é… — segurando o riso — O que tanto o Mario fica fazendo no


jogo?

Dulce: enfrentando vários monstros e obstáculos pra passar de nível.

Alfonso: além disso, o que mais ele faz?

Dulce: ele fica comendo aqueles negocinhos que valem ponto…

Anahí: então… — moveu a cabeça como indicando que ela prosseguisse

Dulce: pera aí! Ele fica comendo os… Ah! Seus pervertidos! Tão bom de criar
vergonha! E que anel é esse Anny? Comprou quando?

Anny: Não comprei… Alfonso me deu…

Alfonso: e por coincidência eu tenho um igualzinho… — irônico — Olha! —


mostrou o anel dele

Dulce: espera… vocês dois com anéis iguais… mas não são aqueles de
compromisso não, né? — eles olharam pro nada — Oficializaram? — já
querendo gritar

Anny: estamos noivos… — Dulce deu um grito — Calma, ruiva!

Não adiantou. Dulce correu gritando pra ir abraçá-los. Estava tão feliz
por tudo que andava acontecendo. Às vezes tinha a impressão de que sua vida
(envolvendo familiares e amigos) estava coberta por nimbos gigantescos.
Parecia que agora tudo era circunscrito por um imenso céu da cor do mar
profundo em dia claro.

Dulce: mas e aí? Vão assumir que estão juntos?

Anahí: nem te conto, amiga. Cláudia esteve aqui.

Dulce: vadia! E como ela descobriu?


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Alfonso: devia tá desconfiando porque a gente não briga mais como antes e
hoje deve ter sido a gota d’água já que faltamos juntos.

Anahí: por mim, não importa mais. Bom que agora podemos sair por aí, sem
temer nada…

Alfonso: verdade, amor… — deu um selinho nela

Anahí: Dul, Alfonso vai viajar comigo.

Dulce: ah, eu não podia ir mas ele pode? — indignada

Anahí: oh, meu bombom! Mas é que alguém tem que ficar no comando aqui!

Dulce: tá bom! Vagner ainda tá por lá?

Alfonso: quem é Vagner?

Anahí: tá, Dul. Vagner é um dos meus assistentes…

Dulce: não me diga que já é ciúme?

Alfonso: cala a boca, Dul!

Dulce: não é demais… Todo mundo me manda calar a boca… E se você quer
saber, Anny e Vagner são muito amigos! — querendo provocar Poncho

Alfonso: muito amigos? Verdade, Anny?

Anahí: é…

Alfonso: muito, muito, muito e muito?

Anahí: faltam uns três muitos…

Alfonso: ele é gay! — elas se acabaram de rir

Anahí: como adivinhou?

Alfonso: pra ser muito amigo assim, só se cruzou a linha…

Dulce: gente, vou indo porque tô morta! Tem um pessoal aí que só sabe ficar
se pegando, sem um pingo de vergonha, e eu tenho que ficar no batente!

Anahí: que pessoal vagabundo esse, né, amor?

Alfonso: demais… fico até com raiva…


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Dulce: tá bom… Tchau, amores! Durmam com… com… ah, não durmam… —
saiu

Alfonso: amor, por que não quer levar Dulce?

Anahí: já disse! Tem que ficar alguém aqui pra comandar tudo… — ela se
levantou e caminhou até uma janela

Alfonso: pelo movimento que pude perceber, não precisa de ninguém assim já
que são poucos dias… — ela ficou calada — Sabe qual o seu maior problema?
— abraçou-a por trás

Anahí: qual?

Alfonso: você se acostumou a guardar todas as suas mágoas dentro do seu


coraçãozinho de boneca… só que isso é um grande erro… sei que algumas
coisas deve dividir com a Dulce, mas e os assuntos relacionados a ela?
Quando você a ajuda, como fica depois? Dividir os problemas agora com
quem? Nós somos noivos, pode confiar em mim…

Anahí: mas é um assunto muito pessoal, Alfonso…

Alfonso: tudo bem, flor… É isso o que seu coração pede? Que não diga a
ninguém?

Anahí: na verdade, não…

Alfonso: então?

Anahí: mas me promete não comentar sobre nada disso com ninguém e
nunca… vai ter que esquecer isso…

Alfonso: tá bom… — se sentaram

Anahí: isso que vou te contar é o real motivo pela Dul ter terminado com o
Chris da primeira vez e só agora conseguir se dar outra chance com ele…

Alfonso: tem a ver com ele também? Ele sabe disso?

Anahí: sim e não, respectivamente. Isso aconteceu quando tínhamos dezoito


anos. Eles eram namorados. Eu e Dul estávamos em nosso primeiro ano de
Direito. Ele fazia Medicina. Certo dia, encontrei a Dul se acabando de chorar no
quarto. Foi uma luta pra conseguir acalmar ela. Fiquei horas ali do lado dela,
caladinha, sem saber o porquê de tudo aquilo. Só entendi depois que vi uma
caixinha de teste de gravidez em cima da cama.

Alfonso: ela tava grávida? — chocado


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Anahí: tava. Pra confirmar, a convenci a fazer o exame de sangue. Foi outra
crise quando abriu o resultado.

Alfonso: e a mãe dela?

Anahí: não sabia de nada. Ainda hoje não sabe. Depois dessa segunda crise,
eu a notava muito pensativa e eu não queria perguntar o que ela pretendia
fazer. Dei um espaço pra ela se acalmar, raciocinar direito, pra só então me
meter na história.

Alfonso: ficava sempre do lado dela?

Anahí: direto. Ficava horas do dia fazendo cafuné nela… queria passar meu
apoio… apesar dela saber que eu estaria do seu lado sempre… Um dia, ela
resolveu conversar comigo. — derramou algumas lágrimas — Ela disse que iria
abortar…

Alfonso: quê?!

Anahí: tentei convencê-la o máximo que pude. Falei dos riscos, de tudo que
poderia acontecer… Não precisava, ela sabia de tudo, mas acho que tava fora
de si…

Alfonso: e como convenceu?

Anahí: não convenci… Fiquei por dias grudada nela, pra ela não cometer essa
burrada… mas num pequeno deslize, num dia em que passei a noite
estudando e acordei tarde, ela não estava lá… Na hora sabia onde encontrá-la,
corri pra lá, mas já sabendo que poderia ser tarde demais…

Alfonso: e onde seria?

Anahí: numa maternidade aqui… eles fazem abortos…

Alfonso: mas e como ela se sente hoje?

Anahí: muito mal… Ela me contou que tava lá deitada numa maca, já sedada,
quando passou por sua cabeça que com sua mãe tinha acontecido quase que
a mesma coisa… e que se a mãe tivesse feito o que ela tava fazendo agora,
hoje ela não estaria viva…

Alfonso: então ela se arrependeu?

Anahí: sim… mas já era tarde demais… a anestesia tava agindo e ela não
conseguia mais se mexer direito… tava sentindo o corpo pesado e uma
sonolência profunda… não tinha mais jeito… Ela se arrependeu tanto, mas
tanto… Talvez eu não saiba direito qual a sensação… — começou a
choramingar — mas deve ser muito ruim você saber que vai perder um filho por
sua própria culpa e não poder fazer nada… não conseguir nem abrir os olhos
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direito… se sentir impotente… — ele a abraçou de lado, enxugando suas
lágrimas

Alfonso: concordo, minha linda! Ela deve ter se sentido péssima quando
acordou…

Anahí: demais… ela tava tão arrasada consigo mesma que nem conseguia
mais encarar o homem que mais amava, que era o pai do filho que ela mesma
matou. Terminou com o Chris por não conseguir mais encará-lo depois do que
fez… pra ter uma idéia, eles terminaram por telefone, com ela apertando minha
mão forte pra poder suportar tudo aquilo sem chorar…

Alfonso: muito triste… Fiquei chocado! Nunca tinha imaginado uma coisa
dessas… mas o que litoral daqui tem a ver?

Anahí: segundo Dul, lá foi o lugar da concepção… eu não a deixo viajar mais
pra lá de jeito nenhum…

Alfonso: por que? Quem sabe ela não se consola mais lá… Cria forças ou algo
do tipo…

Anahí: não… ela já tentou uma vez e não deu certo… mal conseguia ficar no
quarto trancada… tava até com medo dela surtar de vez…

Alfonso: e a mãe dela?

Anahí: não quis contar pra tia… A Dul já tem castigo pior, que é todas as noites
chorar pela burrada que fez… Logo que a tia é muito carinhosa, aí ela se sente
mais mal ainda…

Alfonso: incrível história… mas não fique triste! Você fez a sua parte…

Anahí: eu poderia ter feito mais…

Alfonso: quem sabe não foi melhor assim? Já imaginou? A Dulce, festeira
como é, tendo que ficar em casa escutando choro de criança enquanto vocês
tavam lá dançando numa boate?

Anahí: eu não deixaria minha amiga sozinha…

Alfonso: eu sei disso… nem eu gostei do exemplo que dei… mas é nesse
sentido. Talvez ela passasse o resto da vida se arrependendo pela loucura que
fez ao engravidar… Nem todas as mulheres têm instinto maternal… Além
disso, ela teria um atraso na vida profissional… Acha que ela conseguiria estar
onde tá hoje com uma criança no colo?

Anahí: claro que não, mas ela chegaria lá…

Alfonso: mas e se ela se frustrasse e botasse a culpa na criança?


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Anahí: Dul não faria isso…

Alfonso: quem sabe? Disse que tava com medo dela surtar, acha que ela
chegaria a esse ponto?

Anahí: não, mas são situações diferentes… não podemos comparar uma
suposição com uma certeza…

Alfonso: não podemos, mas especulamos… Acredita em Deus? Em destino?

Anahí: muito!

Alfonso: então? Nada escapa aos olhos do cara lá de cima! Eles ainda vão ter
muitos filhos juntos… Mas agora, vamos nos arrumar pra comemorar nosso
noivado…

Anahí — animada: aonde vamos?

Alfonso: quer ir aonde?

Anahí: posso mesmo dizer? — com cara de travessa

Alfonso: lembra que amanhã temos de acordar cedo… repor o trabalho de


hoje…

Anahí: fora ter que agüentar os comentários… só que eu não tava pensando
nada conchino, sir Herrera! Tava pensando num passeio pelo shopping…

Alfonso: então vai lá se arrumar…

Anahí: tá bom! — deu um selinho nele e correu pro quarto

Teresina, Riverside Shopping, 08/09/08, 19h59

Alfonso: agora já sei… nunca mais convide Anahí Giovanna Puente Portillo
Herrera pra passear num shopping…

Anahí: agora já é tarde… — rindo — Mas já devia imaginar… Uma mulher


como eu nunca vai ao shopping sem comprar uma besteirinha…

Alfonso: besteirinha? Chama vinte sacolas de besteirinha?

Anahí: eu acho normal!

Alfonso: ainda bem que a Dulce não quis vim! Não dava conta de duas!
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Anahí: Ah, amore! Isso é o de menos! Vamos curtir nosso primeiro passeio
como noivos! — iniciaram um beijo bem apaixonado

X: aquela ali não é a promotora Anahí?

Y: e quem é aquele?

X: não conheço… mas parece ser bem gato!

Y: vamos sentar ali perto pra ver se dá pra descobrir…

Alfonso: te amo… — falava enquanto a beijava

Anahí: te amo… — pararam de se beijar e ficaram só se admirando

Alfonso: quer jantar por aqui mesmo?

Anahí: quero! — sorrindo

Alfonso: então vamos pedir… tô morrendo de fome… — fizeram os pedidos,


comeram e estavam só namorando — Já percebeu que tem duas mulheres ali
só olhando pra gente?

Anahí: já… por que acha que tô te beijando tanto?

Alfonso: sei lá… porque minha boca é irresistível… porque eu sou a tentação
em pessoa… porque… porque eu beijo maravilhosamente bem…

Anahí: engoliu a modéstia ou o que?

Alfonso: eu sou modesto, mas também sou perfeito… ainda mais com uma
princesa do meu lado… mas voltando ao assunto… quem são as curiosas?

Anahí: sei não… pelo menos, não reconheci…

X: eu tenho que falar com ela!

Y: ah se o…

Z: hi, girls!

Y: não morre mais, já ia falar de ti!

Z: falar o que?

X: olha ali! A Anahí tá com um novo affair…

Z: e quem é aquele gostoso?


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Y: não sabemos… mas também não temos coragem de ir lá…

Z: pois eu tenho!

Alfonso: chegou agora mais um…

Anahí: ah! Agora sei quem é! Aquele é amigo do Vagner!

Alfonso: é do clube cor-de-rosa?

Anahí: isso mesmo…

Z: com licença… não sei se me conhecem. Meu nome é Rivanildo Feitosa.


Vocês podiam dar uma entrevista pro meu programa?

Anahí: entrevista? E vai gravar com que?

Rivanildo: não precisa. Eu memorizo tudo…

Alfonso: eu não me incomodo…

Anahí: tá certo… (pensando) Já tô lascada mesmo! Vamos terminar de


lascar…

Rivanildo: você eu sei que é a presidente da promotoria do estado, admiro


muito o seu trabalho. Mas e você? É novo por aqui?

Alfonso: eu sou o próximo presidente da corregedoria do estado. Meu nome é


Alfonso Herrera.

Rivanildo: ah, eu te conheço! — deu um tapinha gay no braço do Poncho —


Te vi no jornal! Não sabia que tavam juntos… Formam um belo casal! Já
pensam em casamento? Quero fazer a cobertura…

Alfonso: por enquanto ainda não… talvez no fim do ano…

Rivanildo: perguntei porque vi que já estão usando até aliança…

Anahí: mas isso qualquer casal pode usar, até de ficantes…

Rivanildo: mas não em ouro branco como essas… tão um luxo só… Mas a
proposta de casamento é oficial ou só na expectativa?

Anahí: é oficial. O pedido foi feito hoje.

Rivanildo: ah, então essa é das novas! Deixa eu te perguntar. Cadê o Vagner?

Anahí: tá em Luís Correia.


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Rivanildo: ah, ingrato! Foi pra praia e não me convidou!

Alfonso: ele tá lá a trabalho…

Rivanildo: nem que fosse em coma, mas ele tinha que me chamar… Vocês
vão pra inauguração da obra de uniformização das barracas da praia?

Anahí: e é disso a festa? Mas essa obra não foi terminada há tempos?

Rivanildo: eles dizem que só agora que terminaram porque ainda tinha uns
ajustes e tal… Mas vão ou não?

Alfonso: vamos sim… eu só não sabia de que era a festa…

Anahí: eu vi que era alguma obra, mas não sabia que era essa… Tenho o
convite no meu escritório, mas só me lembro dele quando tô em casa…

Rivanildo: gente, a conversa tá boa, mas tenho que ir… Adorei o papo! A
gente se encontra pelos shoppings… Bye! — saiu

Alfonso: como será a conversa do Vagner com o Rivanildo? — irônico

Anahí: fofa pra cá, mel pra lá… gostou do tapinha? — rindo

Alfonso: vai caçar conversa o resto da vida, né?

Anahí: se quiser eu te dou um tapainha…

Alfonso: fala em tapinha de novo pra tu ver…

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