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Cláudia: Poncho?!
Alfonso: sabe alguma coisa sobre isso? — não dando muita atenção ao que
ela dizia
Alfonso: certo…
Cláudia: pois bem… a Julieta era pra ser a promotora do caso de Tony
Monford, parece que é sobre tráfico de armas…
Alfonso: é, é isso.
Cláudia: então… certo dia, a Anahí chegou pra Julieta e disse que ela
precisava viajar pra cobrir um caso numa cidade no sul do estado.
Cláudia: daí que a própria Anahí ficou com o caso, mas todo mundo sabe que
essa história de viajar foi pretexto pra Julieta sair do caso.
Alfonso: mas por que a Julieta não podia ficar com o caso?
Cláudia: esse é só mais um motivo pra eu odiar a Anahí… Cuidado com ela!
Ela esconde os chifres naquela cabeleira loira… — saiu
Alfonso: (pensando) é! Por isso não encontrei nada sobre ele solto! Porque
oficialmente ele está preso… O que tá aprontado, Anny, meu amor?
Hilda: pra ela tá alegre daquele jeito, só se o marido dela resolveu vim do
inferno fazer uma visitinha… — rindo
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Ada: tô contigo, Jay! Ela só é exigente no trabalho, por isso que as coisas aqui
sempre vão bem… O que falta no Brasil é gente competente e honesta ao
mesmo tempo…
Hilda: vocês tão insuportáveis hoje, hein? Deixa eu ir ver se a Cláudia precisa
de alguma coisa… — saiu
Ada: não sei, mas foi algo muito bom… Ela tá com um olhar leve… Aposto que
a Dulce sabe…
Ada: será? Ontem ela não tava assim e também não costuma sair em festas
no meio da semana, então é alguém da festa do Poncho…
Janete: não tinha ninguém de fora, deve ser alguém daqui… Quem será?
Ontem ela saiu tarde daqui, como sempre. Só que não tinha quase ninguém
aqui…
Ada: a menos que não seja um dos vigias e seguranças, só nos resta uma
alternativa… — se olharam como que tentando compartilhar alguma idéia
Poncho estava confuso. Será que seu amor por Anny tinha deixado-o
cego diante da realidade? Cláudia falava com tanta segurança a respeito dela,
mas também poderia ser pura inveja pelo cargo e pela fama… Queria poder
esquecer tudo e toda essa insegurança. Todavia, se conhecia muito bem.
Enquanto não descobrisse toda a verdade, não conseguiria seguir adiante.
Continuaria a tratar sua amada o melhor possível, mas não deixaria de
investigar até obter respostas. Se fosse preciso, fugiria com ela pra longe
dessa teia de obscuridade, nem que tivesse de levá-la à força. Força era o que
precisava de agora em diante. Buscaria esse vigor no amor que sentiam um
pelo outro. Só que ela nunca pronunciara tais declarações. Na verdade, nem
ele… Tinha consciência de seus sentimentos e teria que confiar nos dela…
Alfonso: (pensando) tô com saudade, vou ligar pra ela… — discou para hadita
— Minha vida?
Anahí: seria ótimo, mas não podemos… Já conversamos sobre isso e até
concordamos que o melhor é ficarmos escondido.
Anahí: pior que eu também… — rindo — E ainda faltam umas duas horas pra
eu poder sair…
Anahí: eu sei, gato! Faz assim, eu vou dar minha chave pra Dul, daqui a meia
hora, passa lá na sala dela e pega. Aí tu me espera lá no meu apartamento. Eu
vou ligar deixando a autorização.
Alfonso: tá, mas não demora muito… — manhoso — Ih, acabei de lembrar!
Julieta pediu pra eu ajudar ela num caso… — Anny ficou calada — Anny, tá me
ouvindo?
Alfonso: ah, não, Anny! Não me diga que tá com ciúmes! — rindo
Anahí: porque ela é uma cobra que só quer me prejudicar! Aquele grupinho da
Cláudia tenta de tudo pra assumir o comando da promotoria, não entende? Se
eu não ficar com os olhos abertos, ela vem e dá o bote…
Anahí: em você eu até confio, mas nelas não… e nem me peça isso…
Alfonso: tá bom. Se eu chamar a Dulce pra me ajudar, vai ficar brava ainda?
Anahí: tá bom, na Dul eu também confio. Mas não esquece do nosso encontro!
Alfonso: mas é lógico que eu não vou esquecer! — feliz — Até lá!
Dulce: repito o que disse antes. A melhor pessoa pra gente perguntar sobre
isso é a Anny!
Julieta: também não entendi, Dulce. Até onde eu sei, ela não tem pós-
graduação nesse assunto.
Dulce: sim, só que ela já pegou muitos casos desse tipo, já estudou isso
bastante… Se não querem acreditar…
Dulce: temos sim! Vem cá, Anny. Dá uma olhada nesse laudo médico aqui. —
mostrou o documento pra ela, que o folheou
Julieta: o perito, por quê? Quer saber mais do que ele também? — séria
Anny: saber mais que ele talvez não, mas quem sabe igual, né? Só que mais
que vocês com certeza ele sabe, não digo por dizer, mas porque ele conseguiu
enganar vocês direitinho. Simplesmente há muitos pontos maquiados aqui.
Qualquer leigo deixaria passar. Por exemplo, olhem essa foto aqui. Isso é uma
mina de Hofmann, uma lesão exclusiva de tiros encostados. O que me dizem
dessa queimadura aqui?
Anny: essa queimadura foi feita pra esconder o sinal de Werkgartner, que é
uma marca típica também de tiros encostados.
Anny: vou te deixar continuar agora. Faz o seguinte, contrata um novo perito e
investiga sobre o outro, quem sabe saem dois presos no final. — se virou pra
sair, mas continuou falando — E mais uma coisa, a série da arma é
incompatível com os dados e as características citadas. Aconselho estudar
muito sobre isso se quiser fazer um bom trabalho. Esse perito encheu o texto
de informações técnicas pra juiz nenhum entender. Tem que preparar uma boa
base pra argumentar sem deixar mostrar que é leiga no assunto. Por que não
pede ajuda pra Cláudia? — irônica — Ela é tua amiga pra falar mal de mim,
mas na hora de te ajudar só sabe dizer “boa sorte”… — saiu de vez
Dulce: falou e disse. Como também sou tua amiga, também digo. Boa sorte! —
irônica — Vamos, Ponchito! Ela tem que estudar… — saíram os outros dois
Dulce: a palavra “experiência” te diz alguma coisa? — foi pra sala dela
Poncho: (pensando) por que as mulheres não dizem as coisas sem rodeios?
Ei, Dulce! — gritou
Dulce — entendendo: ah… tá na minha sala! Da próxima vez diz pro Chris que
não sou chaveira, não…
Janete: tá na sala dela… foi entregar uma chave pro Poncho… — piscou pra
Anny, que devolveu a mensagem com um singelo gesto pedindo silêncio
Anny: certo. Então vou indo pra minha sala. — Poncho saiu da sala — Se
ligarem pra mim da parte de Cristina Guerra Albuquerque inventa alguma
coisa, mas não passa a ligação de jeito nenhum. — entrou na sala sem ver
Poncho
Poncho: então… fiquei agora com uma dúvida enorme. Quem é Cristina
Guerra Albuquerque?
Poncho: esperta você… não, não quero mais nada. Tchau, não volto mais
hoje.
Poncho: quê? — com cara de tacho — O que quis dizer com isso?
Alfonso: foi.
Blanca: Dulce me contou de vocês. Quero que cuide muito bem da minha
loirinha. É como se fosse minha segunda filha, é minha bonequinha. — rindo
Blanca: venha aqui comigo. — foi com ele até um lugar afastado das amigas
— Talvez o que vou dizer agora pareça não ter sentido algum, mas quero que
se lembre sempre disso, porque um dia vai compreender.
Blanca: não posso dizer mais nada. Mas quero que me prometa isso. Sei que
é um bom homem, que gosta dela de verdade, pelo menos foi isso o que Dulce
me contou. É por isso que estou pedindo isso. Pode não parecer mas a minha
Anny corre muito perigo. Não fico em paz enquanto ela e Dulce não chegam à
noite. Já pedi pra ela sair fora antes que seja tarde e alguma coisa ruim
aconteça, mas… — seus olhos se encheram de lágrimas
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Blanca: eu também!
Todas: uhummmmmmm!
Raquel: não, foi ele que chegou ali na recepção. Aí a gente ouviu e…
Luíza: até porque já é tarde… a gente já disse pra uns aí… — mentindo
Anny: pois podem ir atrás pra dizer que era tudo mentira… e agora mesmo…
Anny: pior pra vocês, vai ser mais gente pra falar…
Felícia: tá bom, tá bom… vai indo curtir lá o gostosão que a gente fica aqui
sofrendo… — fazendo drama
Anny subiu até seu andar um pouco agitada. Não queria que todos
ficassem sabendo de seu envolvimento com Poncho, pelo menos não agora.
Não por Cláudia e sua turma, que com certeza iriam atrapalhar de todas as
formas, mas pela segurança de seu amor. Poncho não fazia nem idéia do risco
que corria saindo com ela. Estava entrando numa teia de perigos talvez sem
volta. E a sua maior angústia era não saber se, no desenrolar, ele ficaria do
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Ela entrou ainda meio pasma com tudo. Sentou-se no sofá e ficou
olhando-o com muito desejo.
Alfonso: calma, que ainda temos muito pra fazer hoje. Por que não vai tomar
um banho bem gostoso enquanto eu arrumo o nosso jantar?
Anahí: fala a palavra “gostoso” de novo que eu não respondo pelos meus
atos…
Anny saiu antes que fosse tarde demais. Não cansava de olhar Poncho
daquele jeito e só pra usufruto dela. Entrou em seu quarto e viu sobre a cama
um lingerie rosa bebê minúsculo. Foi até o banheiro e encontrou sua banheira
cheia de água, sais de banho e pétalas de rosas vermelhas. Ficou uns vinte
minutos relaxando e já imaginando o que viria pela frente. Saiu, se arrumou do
jeito que ele escolhera, colocou uma maquiagem simples, somente com os
olhos fortemente marcados, e saiu de encontro a Poncho. Ele estava só à
espera dela na sala de jantar.
Alfonso: não é nada disso e você sabe muito bem… Hoje eu que mando e
digo que agora vamos jantar…
Alfonso: não esse jantar, falo de outro jantar. Vai precisar de muita energia, é
bom escutar isso.
Anahí: mas nem pensar… Vai meter o chicote em outra, mas não em mim…
Anahí: não, não sou… Cadê esse jantar, Alfonso? Tá só me enrolando aqui!
Anahí: quê?! Mas não mesmo… pode me dar essa cópia! — nervosa
Anahí — disfarçado: nada, nada… vai pro teu programa que eu vou dormir…
Alfonso: dormir?
Alfonso: acho que não… tá bom, conseguiu o que queria, mas eu que mando
a partir de agora… — disse com a voz falha
Anahí: Alfonso, entrou um homem voando aqui! Ele disse que vai me estuprar!
— gritando
Criança: mãe! O Super-Homem vai chegar! Deixa eu tirar uma foto dele?
Alfonso: yo quiero tus besos, yo quiero tus encantos, yo quiero tu piel, oh,
mamacita, dame, dame tu miel… [Yo quiero – Camila]
Anahí: chega, Alfonso! — falou lentamente — Já estou sem forças pra nada!
Alfonso: não sei. Fiquei meio encabulado porque das primeiras vezes não
usei.
Anahí: mas não precisa ficar sem jeito. — abraçou-o — Sei que não vai me
passar nenhuma doença venérea e também não vou te passar nenhuma.
Anahí: outro… Eu não vou ficar porque tomo um remedinho que não vai
deixar… Satisfeito?
Dulce: não enche, mãe… Fui dormir tarde demais ontem… Tô cheia de coisas
pra fazer hoje! A Anny me ligou?
Blanca: vocês e essas benditas paradas! Tome muito cuidado com isso…
Parece fácil e seguro, mas na realidade ninguém nunca sabe o que pode
acontecer. Já até pedi pro Poncho… — foi interrompida
Blanca: que mané bico que nada! Prometi guardar segredo, não foi?
Blanca: então, tô guardando… mas acho que ele como namorado da Anny tem
que saber.
Dulce: ele vai saber na hora certa. Que não é agora, só pra esclarecer. Até
porque acho que ele ia era atrapalhar. Ele é todo certinho e coisa e tal.
Blanca: mas se ele não souber agora, quando descobrir pode terminar com
ela.
Dulce: com ele a Anny se entende. É mais fácil a Anny terminar com ele do
que o contrário. Olha, eu vou tomar um banho. Se a Anny ligar, diz que daqui a
pouco eu tô indo pra lá.
Blanca: tá bom.
Dulce: (pensando) se eu sou uma pedra, ela é o morro todo. Ai, preguiça de
voltar lá em casa e pegar a cópia da chave. Mas ela me paga! Vai acordar hoje
como uma rainha! — saiu pro apartamento dela de novo
Dulce: nem sequer cheguei. A Anny não abre a porta de jeito nenhum. Deve tá
dormindo como aliás eu deveria estar. Vou ali pegar a chave de lá. — saiu pro
quarto, pegou a chave e voltou pra sala
Dulce: esquece isso, mãe! A Anny só pensa em ter um filho quando tiver um
neto.
Dulce voltou pro apartamento de Anny. Dessa vez, abriu a porta e entrou
silenciosamente.
Dulce: hum, mesa pra dois… Poncho deve ter jantado aqui ontem… Ah, por
isso ela ainda deve tá dormindo… O trabalho foi árduo ontem… — começou a
rir — Mas vamos lá acordar a bela adormecida! Primeiro quero ver como ela tá
dormindo pra saber como acordar ela.
Dulce: eita, que ali deve tá um forno de tão quente… Ela esqueceu de ligar o
ar… Ou melhor, esquecer talvez não seja o correto. Ela deve ter se cansado
tanto que nem teve coragem de ir ligar.
Quando Dulce entrou no quarto, olhou pra cama e viu Poncho também
lá, não se conteve e soltou um grito. Os dois acordaram assustados e atônitos.
Em primeira instância, nem se lembraram que tinham dormido juntos. Aos
poucos, a ficha foi caindo e eles ficando sem jeito na frente de Dulce.
Dulce: quer dizer que o senhor Herrera passou a noite aqui com a senhora
Puente?! Isso daria uma bela manchete de jornal… — rindo
Anahí: adorei a visita, Dul. Agora volta por onde entrou e tchau.
Dulce: ah, mas aqui tá tão bom… Que tal a gente ir almoçar juntos? Aí vocês
me contam as novidades de ontem pra hoje…
Anny ia responder, só que ouviram uma voz gritando bem alto que
parecia ser mais interessante.
Edu: mas, mãe, eu ouvi ontem uma mulher gritando. Ela passou a noite
lutando com o Super-Homem! Ela deve ser de Cripton!
Dulce: eu vou… mas se demorarem muito vou arrombar essa porta! — saiu
Anahí: preciso responder? Agora sai daqui antes que eu chame a Dul.
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Dulce: então eu tive que desdobrar a Anny pra ela voltar pra casa…
Chris: passado não, brother! Não se iluda! Solta ela num shopping pra tu ver…
Anahí: por que será que homens não entendem a nossa necessidade de
comprar?
Alfonso: Chris, é só a gente ver pelo lado positivo. Elas também trabalham…
— eles começaram a rir
Dulce: caso perdido, Anny! Mas vamos mudar de assunto! Como vocês vão
ficar?
Alfonso: vamos pelo menos esperar mais um pouco pra soltar essa bomba. —
o celular dele começou a tocar — Gente é minha mãe, vou colocar no viva-voz
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Alfonso: oi, mãezinha linda! Deixa eu apresentar meus amigos aqui. Essa é
Dulce.
Dulce: ih, Anny! Já arrumou uma sogra pra pegar no teu pé! — Anny deu
beliscão nela — Ai!
Linda: oi, minha bonequinha! Posso te chamar assim, né? Achei você super
parecida com a Barbie! Quero só ver os meus netos! — falou toda
entusiasmada
Anahí: calma, né… A gente agora que se conheceu… — toda sem graça,
enquanto Dulce tava pra não segurar mais o riso
Linda: tá bom! Mas depois a gente conversa mais sobre isso. Vou desligar por
que tenho que sair. Beijo pra todos! — desligou
Dulce: gente, ela se acha! Oh, Anny, deve ser pelo cérebro!
Dulce: mas não é que nunca colocaram, é que ela não tem mesmo! — todos
riram, exceto Anny
Anny lançou um olhar em Dulce que a fez parar de rir na mesma hora.
Foi como se estivessem estabelecendo determinada comunicação apenas com
aquela mirada, que aparentemente tinha algum efeito sobre a ruiva. Poncho e
Chris até se calaram também. Não por compreenderem a mensagem, e sim
por estranheza. Por um segundo, veio à mente de Poncho todos os mistérios
envolvendo sua amada. Por dedução e indícios, a amiga não era somente
cúmplice, como envolvida direta no caso. E pelo que se passou, supostamente
Dulce também temia algo em relação a Anny. Seriam amigas só por
conveniência? Através de uma sacudida, afastou tais pensamentos e se
concentrou na ocasião. Deu uma leve apertada na mão de Anny por baixo da
mesa, como que passando segurança. Ela não entendeu, fingiu que não
entendera ou simplesmente preferiu interpretar o gesto como uma ação banal.
Alfonso: o que? Ah, sim… Conversei com ela na webcam, aí mostrei sua foto.
Ela te adorou de cara e como vive com essa idéia de ter um neto vai
atormentar a gente demais… E pior porque sou filho único, aí já viram.
Dulce: ah, Anny! Pra ti é fácil. É só pegar umas folhinhas dessas plantas e
comer! Só come salada mesmo!
Anahí: quem mais poderia ser? A fogueira de São João que engole toda
porcaria que vê pela frente! Cuidado pro ralo não entupir!
Anahí: cala a boca, Chris! E você, Dulce Maria, pega esse fio dental e enfia
bem…
Anahí: vocês acham mesmo que a gente ia brigar sério? A gente se xinga
tanto que entra por um ouvido e sai pelo outro.
Anahí: mas é sério! Eu tô com fome! Só tomei um suco antes de vir pra cá!
Chris: então deve tá com fome mesmo! Lembro bem da época que a gente
estudava junto. Tu comia e não engordava nada!
Alfonso: realmente, Anny, tu é tão magrinha que parece que passa fome! —
rindo
Anahí: ah, mentira! Não sou esse osso humano como falou! Eu devo ter tido
anorexia fetal.
Chris: quê?
Anahí: pode deixar, Alfonso. Não levo a sério as coisas que ela diz.
Alfonso: lógico! Não quero que Anny pense que não a acho bonita.
Alfonso: (pensando) será se Dulce tem medo da Anny? Esquece isso, Poncho!
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O que mais Anny valorizava era o seu trabalho. Não era daquelas
funcionárias que já chegavam pela manhã com um humor do cão, sem
simpatia e fazendo as coisas na marra. Pelo contrário, tinha muita disposição
pra executar todas as suas funções. Procurava se manter como um exemplo
para os demais colegas de trabalho, apesar de que muitos entendiam como
pura mania de grandeza. Encarava todos os problemas com muita
racionalidade, pois acreditava que a emoção deturpava o caminho para a
justiça. Além do mais, acreditava muito em uma força divina e no destino. Cria
que, ao nascer, toda a vida de uma pessoa já estava escrita, independente
dela mesma, por isso muitos acontecimentos se encaixavam uns nos outros.
Estava dando uma chance para esse amor entre ela e Poncho. Não sabia se
resistiria aos abates da vida, mas tinha a certeza que se fosse realmente
eterno, uma hora ou outra estariam juntos.
Anahí: como é que é? Vou ter que adiar de novo? — falava ao telefone
Anahí: mas eu não posso! Será que não entende? Eu tenho mil e uma coisas
pra resolver em Teresina, Vagner!
Anahí: só que eu que tenho que resolver. Eu sou a presidente, tenho que me
comportar como tal! Além do mais tu sabe que meu maior interesse nessa
viagem é outro, só que ninguém pode desconfiar disso.
Anahí: é o jeito!
Anahí: pode ser… — rindo — Mas o que eu queria era outra coisa… — ficou
séria
Vagner: tá com medo de acontecer com ele o mesmo que com o presidente da
corregedoria passado?
Anahí: não, não é isso. Na verdade nem eu sei o que é. Mas tu sabe que com
o presidente anterior ao Alfonso eu fui obrigada a conseguir a transferência…
Ele tava muito metido, tava sabendo demais e com certeza ia tirar proveito
através do cargo.
Anahí: se não fosse assim, tava todo mundo lascado… E ele era um safado
mesmo… Caiu direitinho na armadilha da sedução! — rindo — E também quem
mandou casar com uma encrenqueira como aquela dondoca? Agora pra
separar vai ser um caos!
Anahí: é…
Vagner: ah, mas não fica assim senão eu choro! Ia acontecer mais cedo ou
mais tarde. O que tem que fazer agora é proteger esse amor de tudo! Não
deixe que nada atrapalhe vocês… As fêmeas de pítons já sabem?
Vagner: então deixa assim. Cláudia não vai deixar por menos. Pelo que eu
conheço dela, já deve tá dando em cima dele…
Anahí: acertou… Ainda bem que ele também sabe disso e cortou logo.
Anahí: mas eu não tive culpa! Eu não sabia que ela era a fim do Chris quando
fiquei com ele!
Vagner: e se soubesse?
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Anahí: assim é melhor… Olha, eu acho que tem que desistir dele. Cristian tá
feliz com a Vick. Tu tem que ir a outro reino porque o dele já tem princesa.
Anahí — rindo: tá certo, Vag! Vou ter que desligar agora. Um beijo enorme!
Anahí: na verdade nem eu sei direito… Passei a noite tendo pesadelos, não
dormi quase nada. E sempre que me lembro, sinto vontade de chorar mais e
mais…
Anahí: eu o ameaçava com uma arma. Mandava ele fazer várias coisas
horríveis… — segurando o choro
Dulce: Annyzinha, sei que pode ser horrível, mas acho que se me contar vai se
sentir melhor depois…
Anahí: fez. Eu lembro que minhas mãos ficavam sujas de sangue porque eu
pegava no coração e cuspia… Que nojo! Depois, mandava ele transar com a
Cláudia… — voltou a derramar lágrimas
Anahí: eu mandava ele arrancar uma criança dos teus braços e jogar no mar!
Anahí: não sei… talvez não… Chris também tava lá e não fez nada…
Dulce: o Poncho do jeito que é nunca faria isso… Ele preferiria morrer a fazer
tudo isso que disse…
Dulce: eu digo pra mamãe ir ficar lá contigo… mas vai e descansa! Leva
alguns processos pro caso de resolver trabalhar.
Anahí: tá bom… Vou voltar então… Mas diz pra tia não demorar muito.
Dulce saiu da sala de Anny e foi direto pra de Poncho. Lá, entrou de
uma vez assustando todo mundo. Deu uma desculpa qualquer e acabou
arrastando-o até sua sala, já que havia vários funcionários lá trabalhando.
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Alfonso: não sei que loucura é a da vez mas não vou me meter… Tenho
várias coisas pra organizar já que a partir da próxima semana vou ser
oficialmente o presidente da corregedoria.
Dulce: baixa a bola, viu? E não é uma loucura… Anny… — foi interrompida
Alfonso: não me enrola, Dulce! Fala o que a Anny tem! Onde é que ela tá?
Dulce: ela não tá legal. Tá chorando direto, não dormiu direito, tá bem triste…
Dulce: nem ela sabe direito por que tá tão abalada assim… Ela passou a noite
tendo pesadelos horríveis, mas a Anny que eu conheço não ficaria do jeito que
eu vi…
Alfonso: então vou correndo lá em casa pegar umas coisas e vou direto pra
lá…
Alfonso: não faria nada que ela não quisesse… E como faço pra ir pra lá sem
autorização?
Dulce: eu falo com a minha mãe. Diz que vai pra minha casa e depois sobe pro
andar da Anny.
Dulce: só peço que ajude a Anny… Ela tá precisando de ti mais que qualquer
outra pessoa. — ele saiu
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Na hora que Anny ouviu “meu amor”, quase que não se cabia de
felicidade. Nunca ouvira tanta sinceridade assim ao ouvir essas palavras.
Abraçou Poncho bem forte. Sabia que ali estaria segura de tudo, mesmo sem
saber qual era realmente o empecilho que tanto a apavorava. Abraçados de
lado, entraram no apartamento. Poncho se sentou no sofá e Anny deitou com a
cabeça em seu colo. Ficaram minutos só se encarando. Poncho mexia nos
cabelos dela e ela brincava com os dedos da outra mão dele.
Alfonso: quédate un momento así. No mires hacia mí, que no podré aguantar.
Si clavas tu mirada, que me llena el cuerpo, me ha pasado antes que no puedo
hablar. Tal vez piensas que estoy loco y es verdad un poco, tengo que aceptar.
Pero si no te explico lo que siento dentro no vas a entender cuando me veas
llorar.
Anahí: ahora tal vez lo puedas entender que si me tocas se quema mi piel.
Ahora tal vez lo puedas entender y no te vuelvas si no quieres ver. Que lloro
por ti…
Anahí: que ya lo entendí que SÍ eres para mí! — sorriu com os olhos brilhando
pelas lágrimas
Anahí: te amo…
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Anahí: tô carente hoje, tenho meus direitos… — disse se agarrando nele e lhe
dando beijos bem no pescoço
Anahí: mas vai sim… — levantou, pegou o controle, ligou a TV e voltou pro
lugar que tava — Ainda vou ser boazinha… Prefere desenho ou fofoca?
Anahí: espera. Vai lá pro quarto que vou pegar uma coisa…
Alfonso — voltou pra sala: mas de quem é aquele quarto todo rosa?
Anahí: também…
Anahí: quem disse que uma pessoa só pode ter um quarto no mesmo lugar?
Alfonso: ninguém, mas é esquisito! E mais ainda sendo tão algodão doce
como ele…
Anahí: nem é só rosa… e o que tem? O quarto é meu mesmo! E hoje vai ser
lá… — sorrindo com cara de travessa
Alfonso: porque na hora do vamos ver não vou me concentrar olhando pra
aquela arrumação…
Anahí — sorrindo: Dul. — enquanto ele saiu, ela discou o número — Alô, ruiva!
Anahí: muito obrigada pelo presente… não sei nem o que dizer…
Dulce: já fez muito por mim antes… somos irmãs, né? Se tu não cuida da tua
vida, eu cuido…
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Dulce: qual?
Anahí: oh, Dul! Lá era o mais lógico que deveria rolar… Liguei pra dizer que
não precisa vir à noite.
Dulce: ah, mas é lógico que vou! Flagrar vocês de novo… Hoje levo minha
câmera…
Anahí: só o que me faltava… Ah! Tô nem aí! O máximo que poderia acontecer
era morrer de inveja da minha sorte… E que sorte…
Alfonso: de onde?
Anahí: da minha cabeça, ora! — se acabou de rir enquanto ele a olhava com
cara de tédio — Eu achei engraçado… — ele cruzou os braços — Tá, é de
Paris… — rindo — Mas o que meu cabelo tem a ver com falar sozinha?
Anahí: vai já entender! Tira esses tênis enquanto eu vou pegar uma coisa ali
no closet. — saiu
Alfonso: o que?
Alfonso: ah, não! Se tu vai ver, também quero ver! Vai que tu chama outro
homem aí! Nem pensar…
Anahí: oh, besta! — rindo — Eu também vou vendar meus olhos! — ele ficou
pensativo — Vai ver como vai gostar!
Anahí: mas tem uma regra. Não pode tirar de jeito nenhum! Se tirar é seca por
um mês!
Alfonso: com essa condição eu até costuro meus olhos se for preciso! Agora
vem que já adiou demais… Já era pra tá no décimo round!
Anahí: pega aqui pra sentir como coloquei a minha direito também. — guiou as
mãos dele pelos próprios olhos vendados
Anahí: agora relaxa… faz o que quiser… só sente… — falou de forma bem
suave
Com a ajuda das mãos, ela chegou até sua boca e lhe tascou um beijo
bem molhado. No começo, foi só mais uma movimentação sem ritmo de lábios.
Aos poucos, foi se convertendo em um apaixonante toque. Apesar das
constantes visitas de um para o outro, das rapidinhas nos escritórios, dos
amassos pelos cantos escondidos… estar ali, naquela circunstância, nunca
perdia a sua essência. Sentiam-se tão extasiados que não mediam suas
pretensões, não pensavam no próximo passo, não avistavam o novo horizonte
que se aproximava. Um beijo a mais nunca era demais… Um beijo a menos, ao
contrário, fazia toda a diferença…
Poncho foi subindo suas mãos por baixo da camisola dela bem devagar.
Chegou à altura da calcinha. Desceu-a um pouco de um dos lados. Com uma
das mãos, foi entrando em contato com sua intimidade. De cara foi introduzindo
um dedo. Mexia-o como se explorasse cada cantinho dentro dela.
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Na mesma hora, ele tirou o dedo para introduzir dois de uma só vez em
seguida. Ela arqueou o corpo instantaneamente, agonizando de prazer. Soltou
o membro dele e tirou a camisola por cima, ficando somente de calcinha, já que
estava sem sutiã. Com a outra mão, ele foi subindo pelo corpo dela, até
alcançar um dos seios. Anny apoiou-se com as duas mãos na cama e ficou
fazendo movimentos simulando uma cópula. Poncho também estava
maravilhado porque seu membro roçava no períneo dela, já bastante
lubrificado. Em mais algumas reboladas, Anny gozou. Ao sentir o líquido
orgástico dela escorrendo por seu membro, ele também atingiu o ápice,
descarregando-lhe jatos de sêmen nas costas.
Alfonso: coma, meu amor! Assim vai ficar fraca… — advertiu preocupado
Poncho ignorou as palavras dela e passou a lhe dar comida na boca. Ela
recusava, obviamente, mas ele não tava nem ligando. Tinha momentos em que
Anny parecia uma criança mimada, contrastando com sua fama de séria e
ajuizada. Só que isso não o preocupava agora. Sua apreensão era decorrente
da incógnita em relação aos pensamentos da amada. Mas mesmo incipiente no
assunto, resolveu deixá-lo de lado e somente cuidar muito bem dela. Faria com
que se sentisse amada, protegida, querida, para que, no momento certo,
pudesse abrir seu coração. Assim que acabaram de almoçar, voltaram pra sala
e se sentaram abraçados. Sem perceber, os afagos de Poncho fizeram-na
dormir. Ele estava tão distraído assistindo à reportagem sobre o golpe do
chupa-cabra que nem se tocou.
Alfonso: desse jeito esses bandidos vão acabar fazendo clones humanos pra
arrancar mais dinheiro dos bancos, né, amor?
Como ela não respondeu, ele abaixou a vista e notou que estava
dormindo. Desligou a TV com o controle, a suspendeu no colo e se dirigiu ao
quarto. Deitou-se e a colocou a seu lado, com parte do corpo sobre si,
aconchegando-a com seus malhados braços. Não dormiu, simplesmente queria
que ela descansasse o máximo para afastar más idéias. Lembrou então do dia
em que se conheceram. De como se enfeitiçou por aqueles magníficos olhos
de oceano. Queria se afogar nessas águas… Suas reflexões foram cessadas
por um raso soluço. Ao despertar das lembranças, encontrou Anny num choro
contido e sofrido. Não estava entendendo nada… Sentia-se mais que
impotente por não saber como ajudar a pessoa que mais amava no mundo,
apesar de estarem quase colados. Ela já estava com a face bem rubra, a
respiração descontrolada e os olhos encarnados, afrontando suas íris celestes.
Uma das duas únicas ações que ousou fazer foi lhe abraçar bem forte,
repassando-lhe apoio e confiança. A outra não foi instantaneamente. Foi só
depois de perceber que apenas o conforto de seus braços não era suficiente. O
que lhe veio à mente foi cantar. Sabia que não dotava de uma voz estupenda,
porém tinha conhecimento do efeito que uma canção tinha sobre Anny.
Alfonso: Cada mañana, entre mis brazos te encuentro. Y cada mañana, siento
tu piel que acaricio y no puedo esconder que quiero amanecer en ti. Cada
mañana, entre una sábana y otra, hay un milagro que está respirando a mi lado
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A essa altura, ela já estava bem mais calma. Alguns pingos ainda
insurgiam, mas todos eram absorvidos pela camisa de Poncho. Como Dulce
dissera, aquela não parecia sua hadita. Era como se uma parte de sua alma
estivesse atormentada e se revoltasse contra todo o resto, dominando-o. Agora
entendia as célebres palavras matrimoniais. Na alegria e na tristeza… Até que
a morte os separe… Já são meio monótonas, só que, de uma forma ou outra,
representam o verdadeiro sentido do legítimo amor, a maior busca de toda
criatura humana. Amor, meu grande amor… que eu seja o último e o primeiro.
E quando eu te encontrar, meu grande amor, por favor, me reconheça! [Amor...
meu grande amor – anônimo]
Alfonso: nunca… também te amo muito! Quero aproveitar essa ocasião pra
fazer uma coisa que quero muito, mas não tinha coragem… até agora…
Alfonso — rindo: tava mal mesmo, hein? Claro que trouxe! Hoje vamos passar
o dia juntos… e quem sabe amanhã… e depois… e depois… só depende do
tanto que precisar de mim aqui!
Começou a fazer cócegas em Anny. Ela não tinha nem mais forças pra
resistir. O sorriso enfraquece o organismo temporariamente. Não conseguia
nem revidar. A chance que teve aproveitou pra sair da cama, correr pro
banheiro e se trancar lá. Não o fez por fuga, pra se livrar da situação, mas
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Alfonso: interesseira!
Anahí: mas é lógico! Adoro ganhar presente… principalmente quando sei que
foi de coração de uma pessoa que me ama bastante…
Alfonso: disso pode ter certeza! Agora vem aqui! Sai dessa cama! — ela ficou
de pé, de frente pra ele
Anahí: grosso!
Alfonso: espero que essa seja sua última palavra… Lá vai… O amor, quando
se revela, não se sabe revelar. Sabe bem olhar pra ela, mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente, não sabe o que há de dizer. Fala: parece que
mente. Cala: parece esquecer. Ah, mas se ela adivinhasse, se pudesse ouvir o
olhar, e se um olhar lhe bastasse pra saber que a estão a amar! Mas quem
Viianny 42
Alfonso: sei que talvez seja meio precipitado, mas também não quero casar
amanhã! Quem sabe no fim do ano, começo do próximo…
Anahí: casar…
Alfonso: mas é muito interesseira mesmo! — ele lhe colocou a aliança no dedo
e depois ela fez o mesmo com ele — Pronto! Já estamos devidamente noivos!
Na verdade, depois de tudo o que a gente já fez, já deveríamos estar mais que
casados, mas tudo bem…
Alfonso: claro que quero! Aliás, vem cá! — lhe tascou um beijo bem molhado e
apaixonado; já estavam indo pra cama quando ouviram o videofone tocar
Cláudia: o que acha? Poncho me convidou pra uma orgia aqui! — irônica —
Vocês acham que eu sou uma idiota é?
Cláudia: abatida? Só se for de sexo, meu querido! Vocês agiram pelas costas
de todos! Me admira você, Poncho! Sabia como eu sou interessada em ti, mas
nem me deu satisfação! E foi se meter logo com quem mais me prejudicou,
quem mais eu odeio!
Anahí: quem você pensa que é pra ter que saber de tudo na vida dos outros?
Alfonso nunca, ouviu bem, nunca te deu uma única chance! E ele não te deve
satisfação nenhuma! Aliás, nenhum de nós aqui deve satisfação a ninguém que
não seja si próprio! Agora você deveria honrar muito bem o chão que pisa
naquela promotoria! Esqueceu que só trabalha lá por causa da amizade do teu
pai com o ex-presidente? Aí agora vem me cobrar explicação… Muito bonito
pra minha cara! Eu não tenho um pingo de consideração por ti, mas mesmo
assim nunca denunciei as irregularidades do teu cargo… Não tô cobrando
nada! Sei que trabalha bem! Mas não se meta na minha vida! Não sabe do que
eu sou capaz! Pode até imaginar, mas não faz nem sombra de idéia! E se não
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Cláudia olhou pra Poncho, mas ele só fez um gesto de que não tava
nem aí. Ela saiu furiosa, batendo a porta.
Anahí: tava triste, aí olhei pra essa aliança… — mostrando a aliança no alto —
Ela representa o que há de mais valioso na minha vida…
Anahí: a irmã dela mora aqui. O nome dela é Sol. Muito enjoada, por sinal! É
louca pelo Chris, mas acho que só ficaram… Pra ter uma idéia das
mandingueiras, elas duas já brigaram por ele.
Anahí: que insensível! Só porque agora vai ter o cargo oficializado… Mas não
importa, isso vai ser até bom pra ti.
Anahí: que tal uma viagem pelo litoral daqui nessa semana?
Anahí: mas não só a passeio. Vai ter uma comemoração de um negócio lá,
sempre esqueço o que é… Na verdade, eu vou porque quero, porque faz bem
à imagem de presidência… entende?
Anahí: com certeza! Lá vão estar nomes da alta cúpula do governo. Vai
conseguir novos contatos, vai se mostrar presente diante das causas fora da
tua esfera…
Anahí: na verdade, nem eu posso. Vou levar pastas e mais pastas de trabalho.
E ainda tenho uns casos pra supervisionar por lá… Não vai ser só festa…
Alfonso: mas nem vai ter tempo pra se bronzear do jeito que falou…
Anahí: não vai? Amor, em uma manhã aqui você fica torrado até usando
protetor!
Anahí: acho que depois dessa da Cláudia nem adianta esconder mais…
Alfonso: ah, pena que vamos ficar pouco tempo trabalhando juntos… A
reforma termina em mais ou menos um mês…
Anahí: nem que terminasse ano que vem… agora, elas vão pegar no nosso pé
direto! Vão criar desculpa dizendo que a gente passa o dia namorando e não
trabalhando…
Anahí: mando, mas não mando na boca delas… Vão criar intriga à vontade!
Mas elas que me aguardem! Faço elas se calarem num instante… — ficou
pensativa, enquanto especulava
Alfonso: (pensando) o que Anny poderia fazer contra elas? Algumas são
concursadas… tenho que descobrir essa história… Não agüento mais!
Anahí: dessa vez eu olho! — foi na cozinha e voltou logo em seguida — Agora
é Dul! — abriu a porta, recepcionando a amiga com um forte abraço
Dulce: vamos entrando, né? Tem gente aqui com roupas transparentes… —
entraram na sala abraçadas
Dulce se jogou num dos sofás e Anny deitou com a cabeça no colo de
Poncho.
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Anahí: passamos o dia jogando Super Mario… — disse olhando pro nada
Alfonso: então me deixa tentar te explicar. Pelo jeito já jogou Super Mario, né?
Dulce: pera aí! Ele fica comendo os… Ah! Seus pervertidos! Tão bom de criar
vergonha! E que anel é esse Anny? Comprou quando?
Dulce: espera… vocês dois com anéis iguais… mas não são aqueles de
compromisso não, né? — eles olharam pro nada — Oficializaram? — já
querendo gritar
Não adiantou. Dulce correu gritando pra ir abraçá-los. Estava tão feliz
por tudo que andava acontecendo. Às vezes tinha a impressão de que sua vida
(envolvendo familiares e amigos) estava coberta por nimbos gigantescos.
Parecia que agora tudo era circunscrito por um imenso céu da cor do mar
profundo em dia claro.
Anahí: por mim, não importa mais. Bom que agora podemos sair por aí, sem
temer nada…
Anahí: oh, meu bombom! Mas é que alguém tem que ficar no comando aqui!
Dulce: não é demais… Todo mundo me manda calar a boca… E se você quer
saber, Anny e Vagner são muito amigos! — querendo provocar Poncho
Anahí: é…
Dulce: gente, vou indo porque tô morta! Tem um pessoal aí que só sabe ficar
se pegando, sem um pingo de vergonha, e eu tenho que ficar no batente!
Anahí: já disse! Tem que ficar alguém aqui pra comandar tudo… — ela se
levantou e caminhou até uma janela
Alfonso: pelo movimento que pude perceber, não precisa de ninguém assim já
que são poucos dias… — ela ficou calada — Sabe qual o seu maior problema?
— abraçou-a por trás
Anahí: qual?
Alfonso: tudo bem, flor… É isso o que seu coração pede? Que não diga a
ninguém?
Alfonso: então?
Anahí: mas me promete não comentar sobre nada disso com ninguém e
nunca… vai ter que esquecer isso…
Anahí: isso que vou te contar é o real motivo pela Dul ter terminado com o
Chris da primeira vez e só agora conseguir se dar outra chance com ele…
Anahí: não sabia de nada. Ainda hoje não sabe. Depois dessa segunda crise,
eu a notava muito pensativa e eu não queria perguntar o que ela pretendia
fazer. Dei um espaço pra ela se acalmar, raciocinar direito, pra só então me
meter na história.
Anahí: direto. Ficava horas do dia fazendo cafuné nela… queria passar meu
apoio… apesar dela saber que eu estaria do seu lado sempre… Um dia, ela
resolveu conversar comigo. — derramou algumas lágrimas — Ela disse que iria
abortar…
Alfonso: quê?!
Anahí: tentei convencê-la o máximo que pude. Falei dos riscos, de tudo que
poderia acontecer… Não precisava, ela sabia de tudo, mas acho que tava fora
de si…
Anahí: não convenci… Fiquei por dias grudada nela, pra ela não cometer essa
burrada… mas num pequeno deslize, num dia em que passei a noite
estudando e acordei tarde, ela não estava lá… Na hora sabia onde encontrá-la,
corri pra lá, mas já sabendo que poderia ser tarde demais…
Anahí: muito mal… Ela me contou que tava lá deitada numa maca, já sedada,
quando passou por sua cabeça que com sua mãe tinha acontecido quase que
a mesma coisa… e que se a mãe tivesse feito o que ela tava fazendo agora,
hoje ela não estaria viva…
Anahí: sim… mas já era tarde demais… a anestesia tava agindo e ela não
conseguia mais se mexer direito… tava sentindo o corpo pesado e uma
sonolência profunda… não tinha mais jeito… Ela se arrependeu tanto, mas
tanto… Talvez eu não saiba direito qual a sensação… — começou a
choramingar — mas deve ser muito ruim você saber que vai perder um filho por
sua própria culpa e não poder fazer nada… não conseguir nem abrir os olhos
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Alfonso: concordo, minha linda! Ela deve ter se sentido péssima quando
acordou…
Anahí: demais… ela tava tão arrasada consigo mesma que nem conseguia
mais encarar o homem que mais amava, que era o pai do filho que ela mesma
matou. Terminou com o Chris por não conseguir mais encará-lo depois do que
fez… pra ter uma idéia, eles terminaram por telefone, com ela apertando minha
mão forte pra poder suportar tudo aquilo sem chorar…
Alfonso: muito triste… Fiquei chocado! Nunca tinha imaginado uma coisa
dessas… mas o que litoral daqui tem a ver?
Anahí: segundo Dul, lá foi o lugar da concepção… eu não a deixo viajar mais
pra lá de jeito nenhum…
Alfonso: por que? Quem sabe ela não se consola mais lá… Cria forças ou algo
do tipo…
Anahí: não… ela já tentou uma vez e não deu certo… mal conseguia ficar no
quarto trancada… tava até com medo dela surtar de vez…
Anahí: não quis contar pra tia… A Dul já tem castigo pior, que é todas as noites
chorar pela burrada que fez… Logo que a tia é muito carinhosa, aí ela se sente
mais mal ainda…
Alfonso: incrível história… mas não fique triste! Você fez a sua parte…
Alfonso: quem sabe não foi melhor assim? Já imaginou? A Dulce, festeira
como é, tendo que ficar em casa escutando choro de criança enquanto vocês
tavam lá dançando numa boate?
Alfonso: eu sei disso… nem eu gostei do exemplo que dei… mas é nesse
sentido. Talvez ela passasse o resto da vida se arrependendo pela loucura que
fez ao engravidar… Nem todas as mulheres têm instinto maternal… Além
disso, ela teria um atraso na vida profissional… Acha que ela conseguiria estar
onde tá hoje com uma criança no colo?
Alfonso: quem sabe? Disse que tava com medo dela surtar, acha que ela
chegaria a esse ponto?
Anahí: não, mas são situações diferentes… não podemos comparar uma
suposição com uma certeza…
Anahí: muito!
Alfonso: então? Nada escapa aos olhos do cara lá de cima! Eles ainda vão ter
muitos filhos juntos… Mas agora, vamos nos arrumar pra comemorar nosso
noivado…
Anahí: fora ter que agüentar os comentários… só que eu não tava pensando
nada conchino, sir Herrera! Tava pensando num passeio pelo shopping…
Alfonso: agora já sei… nunca mais convide Anahí Giovanna Puente Portillo
Herrera pra passear num shopping…
Alfonso: ainda bem que a Dulce não quis vim! Não dava conta de duas!
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Y: e quem é aquele?
Alfonso: sei lá… porque minha boca é irresistível… porque eu sou a tentação
em pessoa… porque… porque eu beijo maravilhosamente bem…
Alfonso: eu sou modesto, mas também sou perfeito… ainda mais com uma
princesa do meu lado… mas voltando ao assunto… quem são as curiosas?
Y: ah se o…
Z: hi, girls!
Z: falar o que?
Z: pois eu tenho!
Rivanildo: mas não em ouro branco como essas… tão um luxo só… Mas a
proposta de casamento é oficial ou só na expectativa?
Rivanildo: ah, então essa é das novas! Deixa eu te perguntar. Cadê o Vagner?
Rivanildo: nem que fosse em coma, mas ele tinha que me chamar… Vocês
vão pra inauguração da obra de uniformização das barracas da praia?
Anahí: e é disso a festa? Mas essa obra não foi terminada há tempos?
Rivanildo: eles dizem que só agora que terminaram porque ainda tinha uns
ajustes e tal… Mas vão ou não?
Anahí: eu vi que era alguma obra, mas não sabia que era essa… Tenho o
convite no meu escritório, mas só me lembro dele quando tô em casa…
Rivanildo: gente, a conversa tá boa, mas tenho que ir… Adorei o papo! A
gente se encontra pelos shoppings… Bye! — saiu
Anahí: fofa pra cá, mel pra lá… gostou do tapinha? — rindo