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Direcção Regional de
Educação do Centro
C u r s o E FA / S e c u n d á r i o – 2 0 0 8 / 0 9
Critério de evidência:
- Identificar deontologia e normas profissionais;
- Reconhecer valores de referência em organizações distintas;
- Actuar criticamente sobre práticas e posturas sociais articulando responsabilidade pessoal e profissional.
Nome: ______________________________________________________ Data ___/____/_____
Ficha
Ética e Moral
Habitualmente confundimos os termos ética e moral. É o caso quando de uma pessoa que agiu
incorrectamente ou mesmo imoralmente dizemos que não tem ética, "não tem carácter".
Na verdade, o termo moral procede do termo latino “mores”, que significa costume ou modo de ser
habitual e o termo ética deriva do grego antigo “ethos”, que significa carácter e também lugar onde se
habita.
Apesar da proximidade etimológica, os termos ética e moral têm sentidos diferentes. A moral tem uma dimensão
prática. A ética uma dimensão teórica.
A Moral é o conjunto de normas e princípios que visam reger ou regular o comportamento de um indivíduo, de um
grupo ou de uma colectividade. Frequentemente essas normas estão ligadas a determinadas formas de religiosidade e
por isso se fala de moral católica, protestante, budista, judaica, islâmica, etc. A tarefa da moral é, por exemplo, a de
definir as normas que devem reger as relações entre os membros de uma família ou entre o médico e o paciente.
Existem normas que prescrevem fazer o bem e evitar o mal, que explícita ou implicitamente nos dizem que esta acção é
imoral e aquela moralmente válida. Mas o que é o bem? O que queremos dizer quando aplicamos as noções de bem e de
mal? Como determinar a validade moral de um acto? Pelas suas consequências e resultados? Pela intenção e pelos
motivos que a determinaram? Uma acção moralmente válida é uma acção boa em si mesma ou boa para realizar um
fim?
Estas, entre muitas outras questões, são questões essencialmente éticas e das diferentes respostas que recebem de quem
reflecte sobre o "facto moral" deriva a diversidade dos sistemas e teorias éticas.
À Ética dá-se também o nome de Filosofia Moral. A Filosofia é uma actividade crítica e que investiga os fundamentos
das coisas. A Ética é Filosofia Moral porque reflecte criticamente sobre o que a Moral estabelece.
Assim se a Moral me diz "Não deves mentir", a Ética discutirá racionalmente a validade dessa norma: "Porque
consideramos moralmente correcto dizer a verdade?"
Esta atitude é importante porque muitas pessoas aceitam e seguem certas normas morais sem perguntarem a si próprias
se essas normas são válidas ou não.
Além disso, a Ética coloca questões fundamentais: "Qual o fundamento da acção moral (boa ou má), isto é, em última
análise, o que torna possível falar de comportamentos morais (que podem ser avaliados como bons ou maus)?"
Em suma, a Moral é o conjunto de normas concretas e de comportamentos sobre os quais a Ética ou Filosofia Moral
reflecte criticamente.
Proposta de trabalho 1
1. Pense numa situação em que as normas morais de uma dada cultura podem entrar em conflito com uma
posição ética pessoal. Apresente-a.
2. Na sua perspectiva, qual deve prevalecer em caso de incompatibilidade, a Ética ou a Moral? Justifique.
Baseado e adaptado de: Luís Rodrigues, Filosofia – 10º, Plátano Editora, Lx, 2003
Os dilemas éticos
Quem ajuíza moralmente julga a partir da sua consciência, isto é, a partir de uma certa escala ou tábua de
valores éticos, concernentes às finalidades do agir humano, subjectivamente assumidos e que funcionam
como uma espécie fundamento das nossas concepções sobre o modo de estar no mundo e na vida.
Essa tábua, mesmo que dela não se tenha uma consciência bem explícita fornece os critérios para julgar
acerca do bem e do mal dos nossos comportamentos.
É a partir dela que estabelecemos como devemos agir ou não agir, seja, é ela que fornece os critérios do que
consideramos ser o nosso dever é ela, ainda, que serve de fundamento aos raciocínios que justificam a
escolha moral numa dada situação.
Afinal, se estivesse no lugar do Henrique, roubava ou não o medicamento? Pois é, uns dizem que sim,
outros que não e cada um apresenta os seus argumentos, em função da hierarquia de valores que perfilha.
Proposta de trabalho 2
3. Propomos um momento de reflexão e debate sobre este dilema ético apresentado no texto anterior.
A. Preparação do debate
B. Início do debate
• Se algumas das razões apresentadas não for suficientemente clara, colocar de seguida questões para
clarificação. Por exemplo:
o "Poderias explicar um pouco melhor...?";
o "Queres dizer com isso que...?";
o "Deixa-me ver se consigo parafrasear...?"
• Pode-se também perguntar aos outros elementos do grupo se eles entenderam as razões da pessoa X.
Objectivo: Ter a certeza de que todos os elementos têm a oportunidade de fazer afirmações de abertura.
Utilizar, se necessário, durante o questionamento.
C. Continuação do debate
Para continuar a discussão e ajudar a desenvolver ideias mais elaboradas, são úteis as seguintes técnicas:
1. Consequências alternativas:
"O que aconteceria se a pessoa tivesse feito A B ou C?"
2. Assumpção de papéis:
"Quais seriam as tuas razões se fosses a pessoa X, Y ou Z? Põe-te no lugar de outra pessoa."
3. Sentimentos e emoções:
"Como é que pensas que a pessoa X se sente? Como te sentirias numa situação do género? Quais poderão ser
algumas das consequências desses sentimentos?"
4. Experiência pessoal:
"Já alguma vez te aconteceu algo parecido com isto? Quais foram os teus pensamentos, sentimentos e atitudes?
Fazendo uma retrospectiva, consideras que gostarias de mudar alguma coisa?"
5. Mudança de um elemento-chave:
"Consideremos que a pessoa envolvida nesta situação è alguém que nem sequer conheces, em vez de ser alguém
muito teu amigo. Em que é que esse facto mudaria as coisas?"
D. Atingir um compromisso:
Para que se perceba melhor que o que determina o tipo de moralidade envolvida numa
escolha na resolução de um dilema ético são os raciocínios aduzidos para uma escolha e não
o conteúdo da escolha propriamente dito, dão-se exemplos de como escolhas opostas
podem ser caracterizadas num mesmo estádio, em virtude das razões invocadas para essas escolhas.
Baseado e adaptado de: Maria O. Valente (1989) “A Educação para os Valores”. Porto, Asa, pp. 156-l58.
Proposta de trabalho 4
Ética e Deontologia
A Ética é, então, o domínio da filosofia que tem por objectivo o juízo de apreciação que distingue o bem e o mal, o
comportamento correcto e o incorrecto. Os princípios éticos constituem-se enquanto directrizes, pelas quais o homem
rege o seu comportamento, tendo em vista uma filosofia moral dignificante.
Os códigos de ética são dificilmente separáveis da deontologia profissional, pelo que não é pouco frequente os termos
ética e deontologia serem utilizados indiferentemente.
O termo deontologia surge das palavras gregas “déon, déontos” que significa dever e “lógos” que se traduz por
discurso ou estudo. Sendo assim, a deontologia seria o estudo do dever ou o conjunto de deveres, princípios e normas
adoptadas por um determinado grupo profissional. A deontologia é uma disciplina da ética especial adaptada ao
exercício da uma profissão.
Existem inúmeros códigos de deontologia, sendo esta codificação da responsabilidade de associações ou ordens
profissionais.
Nos casos de dilemas éticos, anteriormente expostos, podemos pensar no papel que poderiam ter os códigos
deontológicos das profissões de farmacêutico e de polícia. Poderiam ajudar, certamente, a colaborar na decisão de
cada um dos profissionais envolvidos e a avaliar os seus comportamentos.
Regra geral, os códigos deontológicos têm por base as grandes declarações universais e esforçam-se por traduzir o
sentimento ético expresso nestas, adaptando-o, no entanto, às particularidades de cada país e de cada grupo
profissional.
Para além disso, estes códigos propõem sanções, segundo princípios e procedimentos explícitos, para os infractores do
mesmo. Alguns códigos não apresentam funções normativas e vinculativas, oferecendo apenas uma função
reguladora.
Embora os códigos pretendam oferecer uma reserva moral ou uma garantia de conformidade com os Direitos Humanos,
estes podem, por vezes, constituir um perigo de monopolização de uma determinada área ou grupo de questões,
relativas a toda a sociedade, por um conjunto de profissionais.
Baseado e adaptado de: http://www.psicologia.com.pt/profissional/etica/
Proposta de trabalho 5
7. Faça uma recolha e apresente um código deontológico, de uma profissão ou actividade semelhante, à sua
escolha.
8. Quais serão os perigos de que se fala no final desta ficha? Que importância lhes atribui?
9. Propomos que se faça uma proposta de um código deontológico de formandos de Cursos Educação e
Formação para Adultos.