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P rojeto

PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS
ON-LIME

Apostolado Veritatis Spiendor


com autorizagáo de
Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb
(in memoriam)
APRESENTAQÁO
DA EDigÁO ON-LINE
Diz Sao Pedro que devemos
estar preparados para dar a razáo da
nossa esperanga a todo aquele que no-la
pedir (1 Pedro 3,15).

Esta necessidade de darmos


conta da nossa esperanca e da nossa fé
hoje é mais premente do que outrora,
visto que somos bombardeados por
numerosas correntes filosóficas e
religiosas contrarias á fé católica. Somos
assim incitados a procurar consolidar
nossa crenca católica mediante um
aprofundamento do nosso estudo.

Eis o que neste site Pergunte e


Responderemos propóe aos seus leitores:
aborda queslóes da atual idade
controvertidas, elucidando-as do ponto de
ü_ vista cristáo a fim de que as dúvidas se
dissipem e a vivencia católica se fortalega
no Brasil e no mundo. Queira Deus
abencoar este trabalho assim como a
equipe de Veritatis Splendor que se
encarrega do respectivo site.

Río de Janeiro, 30 de julho de 2003.

Pe. Estevao Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e


passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conleúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e
Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicacáo.

A d. Estéváo Bettencourt agradecemos a confisca


depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e
zelo pastoral assim demonstrados.
confroni
Sumario
(Mo.

NATAL E FAMILIA HUMANA ' 48S

Entre os arqueólogos:
E A SEPULTURA DE SAO PEDRO ? 487

Sempre em foco:
EXPLOSÁO DEMOGRÁFICA E PATERNIDADE RESPONSAVEL 500

Declaracao da Santa Sé sobre


A EUTANASIA 5^

LIVROS EM ESTANTE 526

INDIOE GERAL 1980 529

COM APROVACAO ECLESIÁSTICA

NO PRÓXIMO NÚMERO:

O sentido da vida? Entre fé e ateísmo. — Joáo Paulo II aos


sacerdotes. — A Igreja na Rússia Soviética. — Os Congre-
gacionalistas. — Por que nao comer carne ?

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS»
Número avulso de qualquer mes 50,00

Assinatura anual 500,00

PEDIMOS AOS NOSSOS ASSINANTES QUE SEM DEMORA

NOS MANDEM O PAGAMENTO REFERENTE A 1981

Dire$3Jo e Redagáo de Estéváo Bettencourt O.S.B.

ADMINISTKACAO REDACAO DE PR
Livrarfa» Müwionária Editora c^ p ^ 2 666
Bu» México, 111-B (Castelo)
Í0.0S1 Blo de Janeiro (BJ) 20000 B1» d« J««eJro (BJ)
Tel.: 224-0059
NATAL E FAMÍLIA HUMAN M
Mais uma vez ocorre Natal, nunca, porém, ñas mesmSS
circunstancias. Em todo Natal há, sem dúvida, uma mensa
gem permanente táo duradoura quanto a Verdade; mas há
também ressonáncias de momento, devidas ao contexto cro
nológico no qual o Natal é celebrado.
Em seu aspecto essencial, a celebracáo da Natividadc do
Senhor nos lembra o amor de Deus para com os homens, amor
que é primeiro e irreversíveb «Nisto se manifestou o amor de
Deus entre nos: Deus enviou o seu Filho unigénito ao mundo
para que vivamos por Ele» (Uo 4,9) < Todavía o amor de Deus
que se manifesta no Natal, tem significado diferente do amor
que se revela na Páscoa. Com efeito, na Páscoa o Senhor nos
diz que a dor e a morte do cristáo ou a face trágica da existen- '
cia humana tem pleno sentido, pois desabrocha na ressurreigáo
ou na vitória da VIDA. No Natal esta mensagem ainda é mais
radical: Natal nos diz que o próprio ser do cristáo é prenhe de
realidade transcendental; o Filho de Deus quis santificar a na-
tureza humana e o mundo pelo fato mesmo de so fazer homem
e habitar entre nos. Ninguém vive simplesmente a sua vida,
mas todo cristáo vive a vida do Filho de Deus, qu-a se quis in
serir na linhagent dos homens: «Vivo eu, nao eu; é Cristo que
vive em mim» (Gl 2,20). Isto é verídico tanto para os sadios
como para os mais simples...
Eis, porém, que no ano de 1980 Natal tem seu significado
especial. A Igreja' acaba de celebrar o Sinodo Mundial dos Bis
pos referente a familia; os pastores da Igreja volteram-se entáo
com zelo para este grande valor que é a\ familia, com sua mis-
sáo e seus problemas. Após um mes de estudos, os Padres si-
nodaisi dirigiram uma mensagem as familias cristas no mundo
de hoje, em que sintetizam os principáis tópicos das suas refle-
xóes. Dessa mensagem é oportuno destacar o secuinte trecho:
"Um problema é subjacente a todos os demais. Diz respeito ás fami
lias e mesmo ao mundo inteiro: muitos homens parecem recusar a sua
vocablo fundamental a participar da vida e do amor de Deus. S60 movidos
pelo desejo de possulr, pela asplracáo ao poder e pela desmedida procura
do prazer. Olham para os outros nao como para IrmSos e Irmis, mas,
antes, como para rivals ou adversarios; onde desaparece o senso de Deus,
do Pal comum, perde-se também a conscléncla de pertencer & grande fa
milia humana. Como poderiam os homens reconhecer-se mutuamente como
Irmáos e irmás, se esquecem que eles tém todos o mesmo Pal? O funda
mento da fraternidade entre os homens ó a paternidade de Deus" (rfi 6).

Estas palavras de nossos Bispos tocam uma questáo fun


damental: a dos criterios- de valores ou a da razáo de viver.

— 485 —
Por mais paradoxal que isto seja, há quem faga (consciente ou
inconscientemente) dos bens materiais, do exercício do poder
ou do gozo do prazer os grandes referenciais da sua vida. Tais
pessoas nao podem deixar de ser inquietas e insatisfeitas; tém
capacidade para o Infinito, mas voltam-se únicamente para as
criaturas finitas; sao chamadas a amar a Deus, mas servem a
ídolos escravizadores. Em conseqüéncia, fecham-se em si mes-
mas e fazem de si o centro de sua vida egoísta. Está claro que
tais atitudes ameacam a familia pela raíz assim como o pro-
prio género humano.

Ora sobre este paño de fundo Natal deve ter a sua re-
percurssáo em 1980. Anuncia novo sentido para a vida humana.
Na verdade, inflige violencia a si mesmo o homem que queira
viver táo somente para o dinheiro, o poder ou o prazer. O Filho
de Deus se fez Filho do Homem precisamente para que todo
homem seja filho de Deus, irmáo de todos os homens e herdeiro
do Pai celeste. A consciéncia desta Boa-Nova enobrece o com-
portamento humano, fazendo-o superar a mesquinhez; ela ali
menta o espirito de familia,... familia na qual cada um é
valorizado com as suas prendas e as suas deficiencias.

O ideal proposto por Natal é arduo, como, alias, é arduo


tudo o que é nobre. Diante de tal proposta, a natureza humana
tende espontáneamente ao desánimo e á capitulagáo... — Nao
existam tais palavras no vocabulario cristáo! A mensagem de
Cristo é Boa-Nova que reconforta e jamáis deve abater. Há
mais alegría em cammhar para a Casa do Pai, aínda que em
meio a lutas, do que em ceder a convites mais cómodos e menos
exigentes.

Natal vem, pois, renovar o seu desafio a todo cristáo:


«Crés na tua dignidade? Tens consciéncia da nobreza de tua
missáo? Estás lembrado de que muitos irmáos teus só conhecem
o foclore do Natal e ignoram por completo o que este tem de
Boa-Nova? Sabes que muitas vezes tu és o único Evangelho
que teu irmáo pode ler? Estás consciente de que de ti muitos
esperam urna resposta para os seus anseios, pois passas por
cristáo ( = portador de urna Boa-Nova) ?*

Por certo, responderás: «Sim!» Entáo restar-te-á aprovei-


tar desta celebracáo de Natal para pedir ao Senhor Jesús novo
impulso para seres mais filho de Deus, mais irmáo de todos os
homens, mais arauto da Boa-Nova no ambiente em que vives...
E Ele te atenderá, se lhe abrires generosamente o coracáo!

E.B.

— 486 —
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS»
Ano XXI — N° 252 — Dezembro de 1980

Entre os arqueólogos:

e a sepultura de sao pedro ?


€nt fiinteso: As escavanes levadas a efslto no Vaticano desda
1939 sob o Papa Pío XII mostraram que o Apostólo Sao Pedro fol prlmelra-
mente sepultado no circo de Ñero, onde sofreu o martirio. Tal circo, a
partir do séc. I, fol transformado em grande cemltérlo, onde pagfios e crls-
tfios sepultavam seus morios. No séc. IV o Imperador Constantino quls al
construir a basílica de Sfio Pedro, apesar das dificuldades arquitet6nica3
que o local suscltava aos construtores, como também apesar de tal edlfl-
cagáo Implicar a vlolacáo de um cemitório (o que era abomlnável aos
olhos dos romanos e so podía ser pratlcado sob a responsabllldade do
Imperador).

Numerosos grafitos de peregrinos que se referlam a Pedro, foram


encontrados em tomo do local considerado como sepulcro de Sfio Pedro.
Quanto aos ossos do Apostólo, foram echados fragmentos e pecas que,
científicamente anallsados, bem podem ser atribuidos a Sfio Pedro.

O fato de nfio se terem encontrado o sepulcro e a ossada do Apostólo


em melhores condlcSes de conservacfio se deve a que a basílica de Sfio
Pedro foi freqDentemente violada por Invasores e bárbaros (Alarico, Gen-
serlco, Vitiges, Tótila, Sarracenos).

A celebracfio da testa S. Pedro e S. Paulo ñas catacumbas de SSo


SebastISo á Vía Appia até 336 explicarse pelo fato de que em 258 03
crlstSos, receando vlolacfio do sepulcro de Sfio Pedro sob a perseguicfio
do Imperador Valeriano, houveram por bem transferir as reliquias do Apos
tólo para fora da cldade, ou seja, para as catacumbas da Vía Appla. Dests
local devem ter retornado, sob Constantino, para o Vaticano (antlgo circo
de Ñero).

Por consegulnte, a arqueología conflrmou plenamente a tradlcfio do


6epultamento de Pedro em Roma, onde o Apostólo sofreu o martirio. Disto
se segué que o atual btspo de Roma é sucessor de Sfio Pedro e herdeiro
do primado que Jesús quls confiar a este (cf. Mt 16,17-19; Le 22,31s;
Jo 21.15-17).

Comentario: A morte e o sepultamento de Sao Pedro cm


Roma sao temas históricos de grande importancia para a con-
cepgáo católica de Igreja e, de modo especial, para a doutrina

— 487 —
4 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS* 252/1980

do primado do Papa. Este, qual bispo de Roma, é tido como


o Pastor de toda a Igreja precisamente por ser o sucessor de
Sao Pedro, que morreu como bispo de Roma e a quem Jesús
confiou o pastoreio da igreja inteira (cf. Mt 16, 17-19; Le 22,
31s; Jo 21, 15-17). Ha, pois, todo interesse, da parte de histo
riadores e teólogos, em averiguar na arqueología e na documen-
tacáo da antiguidade a realidade da morte e do sepultamento
de Sao Pedro em Roma.

Os últimos Papas, a partir de Pió XII, mandaram proceder


a escavacóes e pesquisas na basílica de Sao Pedro, onde, segundo
a antiga tradicáo, está sepultado o Apostólo. A taSrefa, iniciada
em 1939, foi confiada a arqueólogos de renome como Ferrua,
Josi, Kirschbaum, Chetti, Margherita Guarducci..., que tém
numerosas obras publicadas sobre o assunto. Ora é precisamente
o resultado de tais investigacóes que vai proposto ñas páginas
subseqüentes.

1. O lugar do sepultamento

O Imperador Caligula (39-41 d. C.) recebeu de sua máe


Agripina I jardins situados na colina dita « do Vaticano» em Ro
ma; converteu tais jardins em circo para corridas de carros. Es-
se circo era dividido em dois corredores ou pistas iguais por um
muro longitudinal. No mesmo circo, Calígula mandou colocar
um obelisco que viera do Egito e no séc. XVI foi transportado
para o centro da Praga de Sao Pedro. O circo de Caligula passou
a chamar-se posteriormente circo de Ñero (54-68).

No ano 64, registrou-se o incendio de Roma, que durou seis


dias e seis noites e só poupou quatro dos quatorze bairros da
ddade. Suspeita-se que o próprio Imperador Ñero, desejoso de
construir urna Roma mais bela, tenha sido o autor do incendio.
Para afastar de si as suspeitas de incendiario, Ñero terá ofereci-
do ao povo um novo espetáculo: decretou a perseguicáo aos cris
táos e mandou entregá-los vivos aos caes e ao fogo (á guisa
de tochas que iluminavam a noite), como atestam os escritores
romanos Tácito e Suetónio.

Ora parece que o Apostólo Pedro foi vítima da peorseguigáo


de Ñero em 64 (embora o historiador Eusébio de Cesaréia,
.f 339, assinale o ano de 67); como referem os antigos escritores
cristáos, Pedro morreu crucificado (a pedido do próprio Pedro,
se damos crédito á versáo de Orígenes, 183-255). Segundo o

— 488 —
E A SEPULTURA DE SAO PEDRO ?

Uvro «Atos de Pedro» (apócrifo, mas destituido de valor


histórico), o Apostólo foi martirizado junto ao obelisco do circo
de Caligula ou de Ñero.

Pergunta-se: onde foi sepultado Sao Pedro?

A desposta há de ser depreendida dos documentos da ar


queología e da epigrafía.

— Sabe-se que, após a morte de Ñero, os jardins do Vati


cano cairam em desuso. Entrementes tornou-se cada vez mais
extenso um pequeño cemitério que se achava junto aos mesmos.
Em tal necrópole se encontraram numerosas sepulturas de
pagaos e cristáos: assim, entre outros, chamaram a atengáo

— o mausoléu de Popilio Heracla :

— o dos Valerios, o maior de todos, com sarcófagos;

— o dos Julios, que primeiramente recebeu urna crianza,


depois (230-250) foi revestido de mosaicos de inspiracáo crista
(as figuras de Joñas, do Bom Pastor e de um pescador que
apanhou um peixe) ;

— o dos Matuccios, nao posterior ao Imperador Adriano


(t 138); estando perto da confissáo de Pedro, foi encontrado
cheio de sepulturas posteriores; sem dúvida, eram de cristáos.

Em 324, o Imperador Constantino quis erguer sobre tal


área urna basílica em honra do Apostólo Sao Pedro. Para tanto,
mandou nivelá-la, recobrindo os túmulos do cemitério em foco.
Á primeira vista, é de estranhar que Constantino tenha esco-
lhido precisamente um terreno em declive como era a colina
do Vaticano para construir urna igreja; tal projeto exigiu altos
muros de alicerce e movimentacáo de aproximadamente
40.000 ma de térra. De resto, perto da colina Constantino tinha
a sua disposicáo outro terreno nivelado. — Ora a escolha de táo
incómodo local só se pode explicar pelo fato de que, no cemitério
a ser soterrado, se achava o túmulo do Apostólo Pedro; sobre
este quería o Imperador construir a basílica.

As recentes escavagóes, penetrando no subsolo da atual


igreja de S. Pedro, forana identificando as sucessivas constru-
£óes que se fizeram no decorrer dos tempos sobre o terreno

— 489 —
6 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 252/1980

primitivol; finalmente os arqueólogos atingiram a necrópole do


século I. Nesta encontram-se resquicios do antigo cemitério
romano que Constantino mandou recobrir e que, como sabemos,
tomou grandes proporcóes nos tres primeiros sáculos.

De modo especial, mereceram a atengáo dos arqueólogos


tres sepulturas:

— Urna designada pela letra b, ooberta por tres placas á


guisa de teto; esta sepultura, pelo tipo de telhas que apresenta,
deve datar do tempo do Imperador Vespasiano (69-79);

— ao sul encontrou-se outro sepulcro, que deve ter servido


a urna crianca e que é designado pela letra c;

— no ángulo entre bec havia mais urna sepultura, dita


a, cercada por um muro m1, branqueado, do lado Norte; este
muro deve ter servido para proteger a área da sepultura, que
havia de ser especialmente venerada. Tal é a sepultura atri
buida a Sao Pedro. Esta suposigáo é fundamentada, em grande
parte, sobre a presenga de inscricóes e de ossadas no local,
documentos estes que foram ciosamente analisados pelos ar
queólogos, como veremos abaixo.

2. Os grafitos 3

Junto aos sepulcros enumerados atrás, muitos outros foram


descobertos, datados dos sáculos II e m. Entre outros, é digno
de nota o dos Valerios, que se designa pela letra h, o maior
de todos, com varios sarcófagos. Nele a Profa. Margherita
Guarducci, professora de Epigrafía Grega na Universidade de
Roma, enoontrou notável grafito, escrito com tinta vermelha
por algum visitante antigo: apresenta duas cnbegas, alguns
títulos e a invocacáo: «Pedro, pede a Cristo Jesús pelas almas
dos santos cristáos sepultados junto do tea oorpo». Tal grafito,
importante como é, foi resguardado durante desesseis séculos
por um muro dos lempos de Constantino; mas, ao ser exposto

» NSo no3 cabe aquí descrevar as minucias de tais construyes:


compreendem, entre outros elementos, urna cripta com seu altar, sua ábside,
a chamada "Cápela Clementlna", o nicho dos palios, etc. Importa-nos aquí
apenas o estrado arqueológico dos séculos I-IV.
3 O grafito é urna Inscrlcáo ou um desenho de época antlga tosca
mente rlscado a ponta ou a carv&o em rochas, paredes, vasos (AURELIO,
Dlclonárlo...).

— 490 —
E A SEPULTURA DE SAO PEDRO ?

pelas escavagóes ao ar e á luz elétrica, desapareceu por apa*


gamento da tinta. É tido como testemunho da presenca de
Pedro naquele cemitério; só pode ser visto hoje em fotografías.

Alias, o historiador Eusébio de Cesaréia, t 331, afirma


que naquele local (o Vaticano), mesmo antes da construgáo da
basílica por obras de Constantino, o número de peregrinos che-
gava a milhares e milhares (myriades).

Tomou-se especialista no estudo da epigrafía do cemitério


do Vaticano a Prof* Margherita Guarducci, que comegou suas
pesquisas em 1953 e a elas se dedicou durante seis anos. Dentre
os seus adiados, merecem especial mencáo os seguintes:

Sobre um Muro Vermelho da época de Constantino foi en


contrado um fragmento de argamassa em que havia urna ins-
crigio grega de duas linhas; a primeira ¿estas, a de cima,
parecía incompleta. Todavía pode ser reconstruida de modo a
se ler:

PETR(OS)
ENI

Isto quer dizer: «Pedro está aqui». Esta inscrigáo parece


ser a cháncela colocada pelos construtores do referido muro
para servir á identificagáo daquele local. Ver a figura abaixo:

No mesmo Muro Vermelho achou-se outro grafito, muti


lado, que, também em grego, diz «Salve, Apostólo».

Aínda na mesma regiáo cutros grafitos existem datados


de 290-313. O grande número destes confirma a noticia de
Eusébio, segundo o qual urna multidáo de visitantes ia ter ao
referido cemitério. Essas inscrigóes sao freqüentemente cripto
gramas, isto é, modos de escrever enigmáticos, nao compreensí-

— 491 —
8 <PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 252/1980

veis aos nao cristáos. Tais criptogramas jogam com o sinal P,


que em grego soa como o nosso R e em latim equivale a P.
Assim vé-se, por exemplo:

Isto significa: aCristo Pedro». Com efeito, o sinal P é lido


ora como B grego, que, junto ao X, insinúa CHRISTÓS; ora o
mesmo sinal é lido como P que, junto com E, significa
PE(TRUS).

Pode-se confirmar que PE significa PETRUS pelo fato de


que existem semeihantes abreviaturas no mesmo local: PET, PE,
e simplesmente P. A insistencia demonstra suficientemente tra-
tar-se de PETRUS. Ademáis alguna criptogramas apresentam
também as chaves entregues por Jesús a Pedro, conforme Mt
16,17-19; assim

ou ou

Vé-se também o seguinte:

— 492 —
E A SEPULTURA DE SAO PEDRO ?

Isto significa: «viva (o defunto no qual pensava quem es-


crevia) em Cristo e em Pedro». Sabe-se, alias, que os antigos
cristáos faziam grande empenho por ser sepultados junto aos
túmulos dos mártires.

Encontra-se outrossim nos grafitos a adamagáo: «Vitoria


a Cristo, a María e a Pedro». Esta inscrigáo também merecu
atencao por testemunhar o culto de veneragáo a María SS. mais
de um sáculo antes do Concilio de Éfeso (431), que enfatizou a
Maternidade Divina de María. Outros testemunhos epigráficos
poderiam ainda ser aduzidos. Estes, porém, já sao assaz signifi
cativos.

Vé-se, pois, que a epigrafía confirma a presenca de Pedro


no cemitério do Vaticano desde a época pré-constantiniana.

Passemos agora a outra questáo delicada e importante.

3. E os reliquias ?

Pergunta-se: encontraram-se os ossos de Sao Pedro?

No váo de um muro que os arqueólogos designam pela letra


G e que foi construido junto á sepultura tida como petrina,
acharam-se ossos, pedamos de callea vermelha, térra, fiapos de
tecido de púrpura com. fios de ouro, .urna moeda e lascas de
mármore. A Prof> Guarducci, juntamente com especialistas de
varios ramos da ciencia, estudaram esse material e chegaram á
seguinte conclusáo (resumidamente apresentada):

A análise antropológica provou tratar-se de quase metade


dos ossos de um individuo só, robusto, de uns 60-70 anos, de
frontal volumoso, quase indubitavelmente homem, e nao mulher.

O estudo microscópico e a análise química do ouro revela-


ram tratar-se de auténtico ouro. Os vestigios de púrpura que
aparecem em alguns ossos, levam a concluir que um brocado ou
um manto de púrpura e ouro os envolveu — o que é sinal de
grande veneragáo e estima.

O estudo mineralógico provou que as lascas de mármore


sao petrográficamente idénticas as do referido váo e — mais —
que a térra adérente aos ossos é igual á dos alicerces do men
cionado Muro Vermelho; alias, tal tipo de térra só é encontrado
neste ponto do solo romano. — Do fato de que os ossos se apre-

— 493 —
10 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 252/1980

sentaram com térra adérente, conchii-se que procedem de urna


cova humilde e nao de um sarcófago fechado. Com efeito, o
morto, logo depois de faleddo, terá sido enterrado no solo sem
sarcófago e só depois haverá sido revestido honrosamente e
depositado num sarcófago digno.

Omitindo outros pormenores, chega-se á conclusáo de quv¿


tais ossos sao de Sao Pedro. Constantino nao os quis conservar
na sepultura de Pedro (que foi encontrada vazia), mas mandou
cavar um váo no muro pré-constantiniano G para resguardá-los:
quis assim subtrai-los á humildade1, a profanadores e a devotos
indiscretos. Os ossos foram conservados em grande escrínio ou
cofre de mármore frigio, descoberto pelas escavagóes; esse cofre
ficou sendo, a partir de Constantino, considerado como o túmulo
de Sao Pedro colocado no centro da basílica do mesmo nome.

Em conseqüéncia de tais resultados arqueológicos, o Papa


Paulo VI, na audiencia geral da última quarta-feira do Ano da
Fé 1967-1968, declarou o seguinte:

"Exprlmla-se deste modo o Papa Pío XI na sua Radiomensagem de


23 de dezembro de 1950: "... iA questfio essenclal é a seguinte: (oi ver-
dadelramartte encontrado o túmulo de Sfio Pedro ?' A tal pergunta a con-
clusSo final dos trabalhos e dos estudos responde com um SIM clarlsslrno.
O túmulo do Príncipe dos Apostólos foi encontrado. Urna segunda per
gunta, subordinada á primelra, diz respelto ás reliquias do Santo. Foram
elas encontradas? A resposta entáo dada pelo venerado Pontífice era
suspensiva, dubitativa...

Foram, em seguida, realizadas novas Investlgacoes pacientlssimas e


cuidadosísimas, com resultados que Nos, bascado no parecer de espe
cialistas competentes e prudentes, julgamos positivos: também as reliquias
de Sao Pedro foram Identificadas de modo que se pode considerar convin
cente. Por isto louvamos quem a este assunto consagrou estudo minucioso,
prolongadas e conslderáveis canselras.

Com Isto nao termlnarfio as Investigares, verlflcacfies, discussfies e


polémicas. Mas, pelo que nos diz respelto, atendendo ao estado presente
das conclusfies arqueológicas e científicas, consideramos dever nos6o
comunlcar-vos, a vos e á Igreja, esta boa noticia, obrlgados como estamos
a honrar as reliquias sagradas, autenticadas com provas serlas".

0 S. Padre voltou a falar do assunto dois meses antes da


sua morte na audiencia geral da véspera da festa de Sao Pedro.
Referiu-se ia atragáo exercida pela basílica de Sao Pedro, na
qual se encontrava. Explicou este fato dizendo que o visitante

1 Existe, alias, urna Inscrlcáo do Papa Sao Dámaso (366-384) que alude
A humidade naquele lugar.

— 494 —
E A SEPULTURA DE SAO PEDRO ? 11

deve render-se «diante das provas fornecidas pelos estados mais


escrupulosos e mais recentes, e aceitará as conclus&es ao exa
minar os achados arqueológicos relativos ao túmulo de Sao
Pedro». E continuou:

"Sim, fol conseguida a prova histórica nSo só do túmulo, mas tam-


bém dos seus venerad issimos restos mortals. Pedro está aquí, onde a aná-
llse documental arqueológica, Indicial e lógica o Indicaram finalmente".

Nao obstante tais declaragóes, levantam-se dificuldades


contra a autenticidade das reliquias atribuidas a Sao Pedro.

4. Ob¡e{oes

Consideremos duas objegóes:

4.1. E no Lalráo?

Há quem lembre que na basílica de Sao Joáo do Latráo em


Roma se veneram, como se julga, os cránios de Sao Pedro e
Sao Paulo. Ora, se estes sao auténticos, como o podem ser os
vinte e sete pequeños fragmentos de cránio encontrados no
Vaticano?

A resposta nao é difícil. Os dois cránios guardados em


Sao Joáo do Latráo foram recentemente examinados segundo
métodos científicos. Ora tal exame nao comprovou a tradicáo
anterior que atribuía tais ossadas aos dois Apostólos; pode-se
mesmo dizer que carece de fundamento a tradicáo da basílica
do Latráo e, por conseguinte, permanecem firmes as conclusóes
da arqueóloga Margherita Guarducci.

4.2. E na Vía Appia?

Diz o Martirologio de Sao Jerónimo que, antes de 336, ora


celebrada a memoria dos Apostólos Sao Pedro e Sao Paulo ñas
atuais catacumbas de Sao Sebastiáo, junto á Via Appia, fora
de Roma, e nao no Vaticano. Mais: um calendario romano
afirma que em 336, aos 29 de junho, a festa de Sao Pedro era
celebrada ñas catacumbas, e a de Sao Paulo na Via Ostiense,
também fora de Roma.

Além disto, subsisten! até hoje ñas catacumbas de Sao


Sebastiáo uns 600 grafitos datados da segunda metade do
século m, que invocavam os dois Apostólos; devem-se a peregri-

— 495 —
12 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 252/1980

nos que iam rezar a Sao Pedro e Sao Paulo ñas catacumbas de
Sao Sebastiáo.

Por último, urna inscrigáo posta pelo Papa Sao Dámaso


entre 366 e 384 ñas mesmas catacumbas de Sao Sebastiáo re
fere que os dois Apostólos estiveram naquele local.

Que dizer a propósito?

— A questáo tem sido amplamente estudada. A explicagáo


mais comumente aceita para o fato é a seguinte:

Em 258 o Imperador Valeriano, perseguindo os cristáos,


proibiu que estes se reunissem nos seus cemitérios dentro da
cidade de Roma para celebrar a memoria dos mártires. Em
conseqüéncia, os cristáos teráo levado as reliquias dos dois
Apostólos para fora da cidade, depositando-as ñas catacumbas
(== cemitério) de Sao Sebastiáo; neste, portante, passaram a
celebrar anualmente a festa dos dois Apostólos. Urna vez cessa-
das a perseguigáo e as ameagas do Imperio Romano, os cristáos
teráo levado as reliquias para lugares mais condizentes com o
martirio e o sepultamento dos dois Apostólos: as de Sao Pedro,
por conseguinte, teráo sido trasladadas de novo para o Vati
cano, onde Pedro fora martirizado e sepultado; e as de Sao
Paulo para a Via Ostiense, onde o Apostólo sofrera a morte
por degolagáo.

Para corroborar a tese do sepultamento inicial de Sao


Pedro no Vaticano, pode-se citar o testemunho do sacerdote
Gaio, que em 199 escrevia categóricamente:

"Nos aquí, em Roma, temos algo melhor do que o túmulo de Sao


Flllpe. Possufmos os troféus dos Apostólos fundadores desta Igreja local.
Val á via Ostiense, e lá encontrarás o troféu de Paulo; val ao Vaticano, e
lá verás o troféu de Pedro".

Esses troféus, segundo demonstrou o famoso historiador


Jerónimo Carcopino, da Academia Francesa, nao sao apenas
monumentos comemorativos ou cenotáfios, mas so podem ser
os despojos mortais dos dois Apostólos. Carcopino, para funda
mentar tal tese, apoia-se em testemunhos de S. Ambrosio, dos
escritores bizantinos do séc. IV e do poeta Prudencio.

Jerónimo Carcopino expóe ulteriormente o seu pensamento


ñas seguintes ponderagóes:
"É claro que a basílica constantlnlana, tal como as escavacOes a
rovelaram. sup6e a existencia do túmulo do Apostólo. As escavaefies evl-

— 496 —
E A SEPULTURA DE SAO PEDRO ? 13

denclaram as condlcoea anormals, Irraclonals, extravagantes, ñas quais o


edificio foi construido: tora dos muros de Aurellano, isto ó, a merca das
Invasoes dos bárbaros; sobre arglla, onde a erosfio era tBo Intensa que
fol necessárlo o dispositivo de um reforco protetor ao pé des paredes
eetentrlonals. O terreno corría em declínlo de 11 m de altura de Norte a
Sul; tal declínlo exlglu a colocacfio de urna laje sustentada por pilastras
de 5 m, 7 m e 9 m de altura, a flm de se estabelecerem sobre tal laje os
fundamentos do edificio. Mals aínda, o que chega a ser odioso: a basílica
fol erguida por cima de um cemitério, de modo que o arqulteto teve que
violar túmulos e a paz dos mortos, cometendo profanacoes que horrorlzavam
03 romanos o que as leis de Roma proiblam sob severas sanc&es a menos
que o Imperador assumlsse pessoalmente a responsabilldade de tais pro-
tanacoes" (transcrito da revista "L'Aml du Clergó", citada na bibliografía
deste artigo).

Por que terá Constantino enfrentado tantas dificuldades


para construir a basílica de Sao Pedro? — Certamente porque
os cristáos nao podiam admitir, para tanto, outro lugar que
nao aqueta mesmo onde o Apostólo fora sepultado antes de
ser trasladado para as catacumbas de Sao Sebastiáo.

Todavía poderia perguntar alguém: a conviccáo de Cons


tantino e dos cristáos, em 322, tinha algum fundamento real?
Estamos certos de que nao se enganaram?

Jerónimo Carcopino responde nos seguintes termos:

Os cristáos tinham cemitérios própríos, pois eles nao costu-


mavam sepultar os seus mortos em necrópoles pagas. Ora as
escavacóes no Vaticano demonstraran! que

1) desde o ano de 120 até o fim do sáculo m, ricos


mausoléus pagaos foram construidos no cemitério do Vaticano;

2) nao obstante, abrindo estranha e singular excecáo, os


cristáos nao hesitaram em sepultar os seus defuntos em tal
necrópole em meio a sepulturas pagas.

Ora tal prática dos cristáos só pode significar que dese-


javam aproximar-se o mais possível dos despojos do Principe
dos Apostólos.

Carcopino chama a atencao também para alguns grafitos


encontrados na necrópole vaticana. Um deles, em grego, nao
posterior ao ano de 260, traz nítidamente o nome de Pedro;
provavelmente deve ser lido do seguinte modo: Petras endei,
o que significa: Pedro nos falta. De tais dizeres se concluí que
os despojos de Sao Pedro haviam sido, pouco antes, retirados
para o cemitério de Sao Sebastiáo. Concluí Carcopino:

— 497 —
14 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 252/1980

"Já nflo será possfvel pensar com Renán que o último indicio de sepul-
tamento de Sfio Pedro em Roma é a provável vlnda do Apostólo a Roma.
Ao contrario, será preciso dizer que a certeza da vlnda de SSo Pedro a
Roma decorre da certeza, doravante adquirida, de que SSo Pedro fol sepul
tado no Vaticano de Roma. Tal é a veidade que manifestaram as escava-
cñes de 1939-1949. O historiador que procura únicamente a verdade e a
profere sem tlbutelos... so pode prestar com profundo respelto a home-
nagem de sua gralldáo ao Papa cuja fé Ine proporclonou a evidencia dos
falos"».

Passemos agora a

5. Observagoes fináis

Certos de que Sao Pedro morreu e foi sepultado em Roma,


como indicam os vestigios descobertos pelas escavacóes recen
tes, os arqueólogos aínda propóem algumas observares com
plementares a quanto foi dito até aqui.

1) O fato de nao se terem descoberto mais lúcidos teste-


munhos da sepultura e das reliquias de Sao Pedro no Vaticano
bem se compreende, desde que se leve em conta que a basílica
de Sao Pedro, constnfda por Constantino na primeira metade
do sáculo IV, foi sucessivamente invadida e saqueada pelos bár
baros: Alarico em 410, Genserico em 451, Vitiges e Tótila entre
537 e 552, os sarracenos em 846. Deve-se mesmo reconhecer
que a preservacáo do que foi encontrado sob Pió XII e Paulo
VI se deve a um prodigio histórico e arqueológico. Nenhum
bom arqueólogo se surpreenderia se nada tivesse sido encon
trado, mesmo no caso de Sao Pedro ter sido realmente sepul
tado no Vaticano.

2) Procurando reunir os respectivos dados transmitidos


por historiadores romanos e livros apócrifos cristáos, a profes-
sora Margherita Guarducd julga poder situar o martirio de
Sao Pedro precisamente no dia 13 de outubro de 64... No ano
de 64 e nao no de 67, como se supunha até há pouco, pois o
incendio de Roma comecou na noite de 18 para 19 de julho de
64. Ora Ñero acusado de responsável por tal incendio, terá
aproveitado o décimo aniversario de sua ascensáo ao trono, 13 de

Ta] Papa é Pío XII, que, numa atltude decidida e corajosa, mandou
proceder as escavacOes na basílica de SSo Pedro. Sua Santldade nSo
temía a verdade e fol recompensado pela evidencia da próprla verdade.
O texto de Carcoplno é transcrito da revista "L'iAmi du Clergó" citado
na bibliografía deste artigo.

— 498 —
E A SEPULTURA DE SAO PEDRO ? 15

outubro do mesmo ano, para divertir a populacáo de Romacom


jogos sangrentes, como alias, costumava fazer anualmente. Ora
entre as vitimas desses jogos sangrentes estavam os cristáos, a
quem Ñero decretara perseguigáo a fim de «distrair o povo*.
Desses cristáos vitimados, um dos mais notáveis terá sido o
Apóstelo Pedro. Tal data — 13/10/64 •— parece confirmada
pela noticia dos apócrifos livros «Ascensáo de Isaías» e «Apo-
calipse de Pedro».

O fato de que a festa de S. Pedro era antigamente, e ainda


é, celebrada anualmente aos 29/06, explica-se do seguinte modo:
o calendario litúrgico hoje vigente formou-se tardíamente, ou
seja, nao antes da metade do sáculo III. Nesta época, os cris
táos de Roma festejavam no mesmo dia os dois Apóstelos prin
cipáis, Pedro e Paulo, e para tanto escolheram o dia 29 de
junho; tal escolha pode ter sido influenciada pelo dia do marti
rio de Sao Paullo; alias, faltam-nos bases históricas para afir
mar que Sao Pedro e Sao Paulo morreram no mesmo dia.

Eis o que as mais recentes descobertas arqueológicas dáo


a ver ao estudioso. Confirmam, desta forma, a tradicáo segundo
a qual Pedro, como bispo de Roma, morreu e foi sepultado em
Roma. Este fato constituiu a sé episcopal de Roma sé prima
cial da Igreja inteira, cujo titular — o Papa — exerce, em
continuacáo do Apóstelo, fungóes confiadas por Jesús a Pedro
em Mt 16,17-19.

A guisa de bibliografía:

CARCOPINO, J., Eludes d'hlstotre ehróllenne. París 1953.

QALASSI PALUZZI, C, San Pletro In Vaticano. Roma 1865.

GUARDUCCI, M., Pletro ritrovato. Verona 1970.

Le reliquia di Pletro. Clttá del Vaticano 1965.

L'Aml du Clergé, 7/06/1956, pp. 369s (Saint Plerre Inhumó au Vatlcan).

L'OSSERVATORE ROMANO, ed. semanal portuguesa, de 6/04/80 e


13/04/80.

VESELY J. M. e BASSO, M., La "Confesslo Sancti Petii" dalla basílica


di San Pletro In Vaticano, em: Notltlae n? 162. lanuarlo 1980. Clttá del
Vaticano, pp. 17-20.

— 499 —
Sempre em foco:

explosáo demográfica e paternidade


responsável

Em síntase: A explosáo demográfica leva 03 Estados a cumprlr pro


gramas de cantencSo da natalldade que freqüentemente desrespeltam a
Indevassabilldade da familia e a dlgnldade humana. Ao Estado toca apenas
esclarecer os cldadáos e fornecer-lhes elementos para que assumam llvre
e conscientemente as suas funcOes na familia.

Aos casáis ó, hoje em día, recomendada a paternidade responsável;


nenhum casal deve ter mais (linos do que aqueles que as sua3 condlcOes
de economía e sjaúde permltam educar com dlgnldade. Quanto á manelra
de espacar ou conter os nascimentos, a Igreja, baseada na leí natural,
aceita os métodos que respeltam a própria natureza humana, exclulndo
qualquer Intervencáo artificial. — Apelando para a leí natural, a Igreja nao
tenclona submeter a Inteligencia crlativa do homem ás lels cegas da biología
nem pretende endeusar a natureza, como o fizeram sistemas pagfios; mas
tem em mira a esséncla do ser humano, que se compOe de materia e
espirito; a corporeidade n9o é estranha á pessoa humana, mas entra na
cinstltucáo dosta; por isto nfio se devem opor entre si pessoa e corporeida
de, llberdade e natureza, crlatlvidade e biología, mas ve|a-se a pessoa como
resultante da composlc&o de materia e espirito. Por Isto também ao homem
nao é licito tratar o seu corpo como trata os corpos que o cercam; estes
«fio "coisas", ao passo que o corpo humano com as suas lels físicas e
fisiológicas é assumldo pela dignldade do homem e merece respeito.

Ademáis a explosáo demográfica ]á tem experimentado declfnlo em


varios pal363, que antraram em fase de envelhecimento, talvez em parte
devldo ao uso Indiscriminado do controle da natalldade.

A Moral católica é exigente, mas nfio InexeqOfvel. Com a grasa de


Oeus torna-se regra enobrecedora da pessoa humana, despertando-lhe a
conscldncla para urna continua superacáo de seus hábitos rotlnelros; todo
ser humano ó chamado por Deus & perfelc&o, e nao á medlocridade.

Comentario: O problema da explosáo demográfica tem


preocupado Chefes de Governo, economistas e pensadores de
todos os países. Mais de quatro bilhóes de habitantes povoam
a térra e tendem a se multiplicar em proporcóes crescentes nos
próximos anos. Este fato suscita prementes questóes no setor
da alimentacáo (ha sempre mais bocas para consumir o pao

— 500 —
EXPLOS&O DEMOGRÁFICA E PATERNIDADE RESPONSAVEL 17

comunt), no plano da educagáo (necessidade de mais escolas),


no plano económico o social (procura de mais empregos condig
nos. ..), no setor do ambiente (poluigáo do ar, das aguas do
mar, dos ríos...), no tocante as materias primas, como o pe
tróleo, o carváo e outras reservas, que se váo extinguindo
paulatinamente... Em consecuencia, muitas pessoas julgam
que a única solugáo plausível será a coibigáo e diminuicáo da
natalidade mundial. É isto que tem levado os estadistas a im
plantar sistemas de contengáo dos nascimentos, apoiados em
modernos (recursos da medicina, dos quais varios sao de impre-
visíveis conseqüéncias. Muitos casáis também, premidos pelas
dificuldades da sobrevivencia, váo planejando a prole pelo re
curso aos mais diversos artificios.

Ora tal situagáo suscita graves problemas éticos, que nos


propomos considerar na presente explanacáo. Esta será dividida
em tres partes: 1) Estado e planejamento familiar; 2) casal
e paternidade responsável; 3) observagóes complementares.

1. Estado e ptanejamento familiar

O Estado, como responsável pelo bem comum, julga-se


obrigado a intervir no problema da explosáo demográfica,
procurando refreá-la.

Segundo a revista norte-americana «People> editada pela


Federagáo de Planejamento Familiar em abril 1979, os Gover-
nos de 85 paises apoiam plenamente atívidades desenvolvidas em
prol da limitacáo da natalidade, dentro das respectivas fron-
teiras. Ora, há táo somente onze anos, menos de trinta paises
davam suporte ao Planejamento Familiar o que é multo
significativo. Somente trinta países — em maioria africanos,
de pequeña populacáo — mostram-se radicalmente contrarios
ao fornecimento de anticoncepcionais á populacáo.

Principalmente os paises anglo-saxónicos e escandinavos


mostram-se dispostos a estimular a limitagáo dos nascimentos
nos países subdesenvolvidos. Dentro desta corrente, salientam-se
os Estados Unidos da América; esta nagáo tende a estabilizar
a sua populacáo no ano 2000; propugna que todos os povos che-
guem á media de dois filhos por familia, ou seja, o suficiente
para compensar o número de óbitos anuais. Como se sabe, esta
política norte-americana tem tido larga repercussáo no Brasil,

— 501 —
18 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 252/1980

como vem denunciando a imprensa. O próprio Governo brasi-


leiro está interessado na problemática populacional.

O que se tem. a objetar a tais programas governamentais,


é que sao inspirados táo somente por criterios pragmáticos ou,
ainda, por meros referenciais sócio-económicos e políticos, dei-
xando de lado os aspectos mais importantes que sao os da familia
como tal. Parecem considerar a familia únicamente como fator
de produgáo e consumo, sem levar em conta os valores profundos
que Ihe dáo origem e significado; o respeito pela vida, pelo amor
e pela indeyassabilidade conjugal há de ser elemento fundamen
tal de auténtica politica estatal. A familia é uní valor em si
mesma, e nao apenas na medida em que contribuí para a eco
nomía nacional.

O Estado nao tem o direito de pressionar, física ou moral-


mente, os casáis no que concerne ao planejamento da familia,
mas deve respeitar os direitos e a liberdade dos esposos neste
particular. O que o Estado pode — e deve fazer —, é chamar a
atengio dos cidadáos para a situacáo demográfica e económica
do país, expondo-mes dados concretos a fim de que os casáis se
possam nortear com sabedoria e realismo. Além disto, é licito
ao Estado adiar, por lei, a idade mínima do casamento, de
modo a diminuir a faixa de anos em que possa haver paterni-
dade e maternidade legáis. Na China, por exemplo, o Estado co
munista elevou as medias de idade para o casamento mediante
medidas legislativas e económicas ñas áreas de alta densidade
demográfica. Sem dúvida, a postergagáo do casamento só pode
ser aceita por um povo devidamente preparado para compre-
ender o alcance de tal medida; esta, como tal, pode provocar
relutancia por parte da populagáo interessada.

Em síntese: o problema da explosáo demográfica nao pode


ser solucionado segundo criterios estranhos á dignidade humana;
esta é o primeiro valor a ser considerado e fomentado, qualquer
que seja a via de solucáo proposta. Quem aceita este enfoque da
problemática, há de se dispor a procurar resolver o desafio
por vias diversas das que comumente sao sugeridas; revisao do
modo como os povos se relacionam entre si, principalmente os
povos mais aquinhoados frente aos mais carentes; melhor dis-
tribuicáo das riquezas, servigo de técnicos e dentistas a países
pobres, extensáo dos sistemas escolares e educacionais em todos
os povos subdesenvolvidos... contribuirlo valiosamente para
que se respeite a dignidade humana sem os perigos de cala-
midade que certos prognósticos apontam unilateralmente.

— 502 —
EXPLOSAO DEMOGRÁFICA E PATERNIDADE RESPONSAVEL 13

2. Casal e planejamento familiar

Distinguiremos: 1) o fato do planejamento familiar; 2)


o modo do mesmo; 3) urna reflexáo sobre «natureza» e «leí
natural».

2.1. O fato do ptanejanwnto familiar

No contexto mundial de nossos dias, nao somente é lícito,


mas torna-se moralmente obrigatório a todo casal, elaborar seu
planejamento familiar. Com outras palavras: é nocessárío que
os cónjuges ponderem criteriosamente quantos filhos podem
conceber e educar de maneira digna, dentro das suas condigóes
próprías de economía, saúde, trabalho, etc.

A Igreja Católica mesma é arauto da paternidade respon-


sável ou do planejamento familiar, como atestam numerosos
pronunciamentos tanto dos Papas mais recentes como do Con
cilio do Vaticano IL Eis como este se manifesta:

"Os conjugas desampenharfio sua mlssfio com responsabllldade crista


e humana e, num respelto chelo de docllldada para com Deus, formarfio
um Julzo reto, de comum acordó e empenho, atsndendo ao bem próprlo «
ao bem dos filhos, sejam nascldos, sejam previstos, dlscernlndo as condl-
coes, sejam mataríais, sejam esplrltuais dos tempos a do estado de vida, a
finalmente levando em conta o bem comum da comunldade familiar, da 6ocla-
dade temporal e da próprla Igreja. Os próprlos esposos, em última análiso,
devem formar esse Jufzo diente de Deus. Estejam, porém, os conjugas
críateos conscientes de nfio poder proceder conforme seu arbitrio, mas
de que se devem guiar por urna consclencla que tem por norma a pro*
prla leí divina, dócela ao magisterio da Igreja, o qual interpreta autentica-
mente essa leí á luz do Evangelho" (Constitulcfio Gaudtitm et 6pes ifi 50;
el. também n"? 51. 87. 67).

O mesmo se lé na encíclica de Paulo VI «Populorum Pro-


gressio» n» 37.

Afirmada a necessidade do planejamento familiar, surge


a delicada questáo do modo de pó-lo em orática: ampio leque
de recursos técnicos — farmacéuticos, cirúrgicos e físicos — se
oferece aos casáis contemporáneos, deixando as consciéncias
perplexas e indecisas. Daí a especial atencáo que merece a
questáo.

2.2. O modo do planefomento fomliar

A Ética crista, se de um lado apregoa a regulagáo da nata*


lidade, de outro lado recusa, na execucáo da mesma, qualquer

— 503 —
20 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS> 252/1980

método artificial. É favorável aos métodos ditos «naturais»,


isto é, que respeitam o curso natural da sexualidade humana.

Expliquemo-nos melhor.

O amor humano, por sua própria natureza, é unitivo e


fecundo. Acontece, porém, que a natureza mesma produz a
alternancia de períodos fecundos e períodos esteréis, como se
quisesse proporcionar ao organismo certas pausas para repouso.
Em conseqüéncia, se um casal deseja realizar o ato conjugal
com exclusáo da prole, utilize os días infecundos ou secos. Assim
procedendo, estará atingindo o seu objetivo sem ferir a natu
reza. O respeito á natureza é decisivo para a Ética crista; as
razóes desta posicáo seráo mais claramente elucidadas ñas pá
ginas seguintes.

Para averiguar as fases esteréis do organismo feminino,


os dentistas tém aplicado esforcos cujo resultado mais positivo
é o chamado «Método de Billings». Este se deve a um casal de
médicos australianos, John e Evelyn Billings, que durante anos
se dedicaram ao estudo da questáo. Tal método, também dito
«da clara de ovo», é divulgado hoje em día mediante publi-
cagóes tanto de nivel científico como de nivel popular *. Outros
métodos, anteriores ao de Billings, como o de Ogino-Knaus e o
de Doyle (ou da temperatura), sao hoje tidos como obsoletos.

O pensamento da Igreja, que pretende basear-se nao


somente em principios teológicos, mas também em premissas
de ordem natural ou filosófica, acha-se expresso com muita
clareza na encíclica «Humanae Vitae», da qual váo alguns tre
chos aqui citados:

"Em conformldade com os pontos essenclals da vlsa>-, humana e


crista do matrimonio, devemos... declarar que é absolutamente de excluir,
como vía legitima para a regulagfio dos nasclmentos, a interrupc&o direta
do processo generativo ]á Iniciado e, sobretudo, o aborto Intencionado dire-
tamente e procurado, mesmo por razóes terapéuticas.

Deve-se excluir, de Igual modo, como o magisterio da Igreja repetida


mente declarou, a esterilizado direta, tanto perpetua como temporaria, e
tanto do homem como da mulher. É aínda de excluir toda acfio que, ou em
prevlsfio do ato conjugal ou durante a sua reallzacSo ou também durante
o desenvolvlmento das suas conseqOénclas naturals, se proponha, como
flm ou como meló, tornar imposslvel a procriacfio" (rf? 24).

iCf.: BILLINGS, J., O método da ovulacSo. — Ed. Paulinas, SSo


Paulo 1976.
SPIELER, J., Planejamento natural da familia, em "Revista da Organi-
zacSo Mundial da Saúde", agosto/setembro 1978.

_ 504 —
EXPLOSAO DEMOGRÁFICA E PATERNIDADE RESPONSAVEL 21

"Se exlstem motivos serlos para distanciar os nasclmentos, que dorl-


vam das condicCes físicas ou psicológicas dos cdnjuges ou de circunstan
cias exteriores, a Igreja ensina que entfio é licito ter em conta os ritmos
naturais, Imanentes ás funcSes geradoras, para usar do matrlmfinlo só nos
periodos Infecundos e, deste modo, regular a natalidade, sem ofender os
principios moráis" (n«? 25).

Tal posigáo, que procura respeitar a natureza, rejeitando


gualguer intervengáo artificial no processo da sexualidade hu
mana, pode ser ulteriormente comprovada como sabia se con
sideramos ainda o seguinte:

1) A própria medicina até hoje hesita sobre a inocuidade


dos meios anticoncepcionais: apontam-se serias contra-indica-
Cóes da pílula anovulatória, do DIU e de outros artificios con
géneres; entre as nefastas conseqüéncias previstas, sejam men
cionadas agáo cancerígena, agáo tromboembólica, anomalías
hormonais, desequilibrio psicológico... Será preciso esperar al-
gumas geragóes vindouras para se poderem definir com mais
precis&o os efeitos dos anticoncepcionais utilizados pela pre
sente geragáo. Em certos casos, parece que a própria natureza
humana, sem a voz de algum intérprete, repele o recurso aos
anticoncepcionais.

2) A liberagáo dos métodos artificiáis de esterilizagáo da


mulher ou do homem acarreta graves conseqüéncias no plano
moral, das quais nao poucas se verificam aos nossos olhos.

Com efeito, excluida a fecundidade, o uso do sexo se torna


cada vez mais motivo de degradagáo do ser humano; princi
palmente a mulher, casada ou nao, é reduzida a condigáo de
instrumento de prazer do homem. Este cada vez menos tende a
considerar a mulher como companheira respeitada e amada,
pois se habitúa a utiliza-la como «objeto de cama e mesa». Tal
degradagáo se verifica nao raro desde o desportar da vida
sexual, que é cada vez mais precoce, ou seja, desde os doze ou
treze anos de idade.

3) Mais ainda: a liberagáo da regulagáo artificial da nata


lidade póe ñas máos de chefes de Estado arma poderosíssima
para violar os direitos dos cidadáos e da familia, como se tem
visto na India. Observa a respeito Paulo VI:

"Deste modo, os homens, querendo evitar dlflculdades individuáis,


familiares ou soclals, que se verificam na observancia da lei divina, acá-
bariam por deixar á mercó da Intervengfio das autoridades públicas o setor
mais pessoal e mais reservado da intimidado conjugal" (encíclica "Huma
rme Vitae" tfi 26).

— 505 —
22 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 252/1980

Eis, porém, que, contra a posicáo até aqui enunciada, se


levantam algumas objegóes.

2.3. Mas...

Deter-nos-emos sobre duas principáis dificuldades: 1) os


conceitos de natureza e lei natural; 2) a teoría da totalidade.

2.3.1. Natureza e lei natural

A mais importante objecáo afirma que o apregoado res-


peito ia natureza e as leis naturais implica atrelar a pessoa
humana, que é dotada de inteligencia e criatividade, ás leis
cegas da biología. Verifica-se precisamente que boje em dia a
inteligencia humana altera o curso natural do seu meio ambi
ente, ou seja, os leitos dos ríos, as faixas do litoral, as elevacóes
montanhosas... E isto, com aplausos, as vezes, por parte da
própria consciéncia crista. Como entáo nao lhe seria licito
dominar o curso das suas fungóes sexuais, subordinando-as a
um planejamento racional da evolucáo demográfica?

Com outras palavras ainda: o respeito á natureza nao tem


um sabor de filosofía estoica panteista, já superado pela filoso-
fia crista? Nao parece sacralizar ou divinizar a natureza*?

— Em resposta, observamos:

O termo «natureza> é, na verdade, polivalente. Assume


significados diversos através dos tempos. Com efeito, tanto pode
exprimir a concepgáo aristotélica de natureza 2, como a estoica

1El3 como se exprime o documento da ComissSo Pontificia para o


Estudo da Populacfio, da Familia e do Controle da Natalldade, que antece-
deu a encíclica "Humanae Vitae" com um parecer sobre a questéo da na
talldade :
"O respeito Incondicional da natureza tal como ela é em si, como se
a natureza em sua existencia física fosse a expressfio da vontade de Deua.
depende de um concelto de homem que vé algo de misterioso e sagrado
na própria natureza e, por Isto, recusa que alguma Intervencflo humana
tonda a destruir essa natureza" (cf. PAUPERT, ob. citada na bibliografía
deste artigo, p. 57).

* Natureza, natura, em latlm, serla o nativo, em oposIcSo ao artificial.


Physts serla o que vem pelo phyeln, nascer, em contra-parte á techne ou
arte, que tem a sua origem na aefio do homem.

— 506 —
EXPLOSAO DEMOGRÁFICA E PATERNIDADE RESPONSAVEL 23

panteísta, como a de Baruch Spinoza, também panteísta, como


a de Kant e a do idealismo de Hegel... Em nossos dias, veri-
ñca-se que o termo «natureza» assume freqüentemente sentido
materialista, «coisista». A natureza é, para muitos, o conjunto
do mundo material, bruto, regido por leis cegas, no qual o
homem está imerso; em conseqüéncia, opóem á naturaza
o homem, que é um ser original inteligente, livrc, criativo, im-
previsivel. A natureza vem a ser entáo a contraparte do espi
rito, da razáo, da liberdade... Falar de lei natural, no homem,
seria ignorar a Índole especifica espiritual da liberdade e, por
conseguinte, da moralidade. Seria cair numa moral «coisista»
ou materialista.

Ademáis o homem de hoje, impregnado de mentalidade


tecnicista, sento-se distante da natureza. Esta, para ele, vem
a ser o indómito, o transformável, que está em seu poder e
que nao lhe pode ditar leis; ele é que lhe imprimirá as normas
concebidas pela sua inteligencia.

Sao estas premissas que tornam difícil ao homem de hoje


a compreensáo do respeito pela natureza e pelas leis naturais.
— Eis por que nos compete explicar que a Moral crista, ao
preconizar o valor das leis naturais, nao tenciona subordinar o
ser inteligente a leis cegas ou á trama de elementos infra-hu-
manos.

Com efeito. Quando a Ética crista apresenta a natureza


humana como criterio de comportamento, tem em vista a essén-
cia do homem, esséncia que é permanente, sempre igual a si
mesma, nao só composta de espirito, mas também de materia ou
de corporeidade. A pessoa humana nao é um valor que se opóe á
realidade corpórea; ao contrario, ela só subsiste na realidade
corpórea do homem. Disto se segué que os valores humanos e
pessoais, para se afirmar, nao rrecessitam de negar os aspectos
fisiológicos do ser humano, mas, ao contrario, os assumem,
enobrecendo-os. Ora tal enobrecimento só é possível se há res
peito as leis próprias da fisiologia humana.

Por conseguinte, aqueles que tendem a opor natnreza e


pessoa, natureza e libsrdade, natureza e espirito, de certo modo
cedem ao dualismo, que opóe materia e espirito como se fossem
antagónicos entre si. A auténtica nocáo de pessoa humana im
plica aceitagáo humilde da corporeidade e das leis fisiológicas.
Vé-se, pois, que o homem nao pode considerar o seu corpo
como considera os demais corpos da natureza física. Se o homem
trata estes últimos a seu bel-prazer, removendo montanhas, des-

— 507 —
24 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 252/1980

viando ríos, aterrando baias, nao Ihe é licito tratar o seu corpo
simplesmente como bem Ihe parega. Na verdade, o corpo hu
mano nao é como os demais corpos; ele é parte integrante de
um todo que é a passoa humana. O corpo faz parte da persona-
lidade e traz a esta as suas características próprins. Ele nao é
mero instrumento de urna pessoa puramente espiritual. Verda
de é que a parte mais nobre da pessoa é a alma espiritual, mas
a pessoa so subsiste mediante a uniáo de corpo c alma.

Vé-se, pois, que a sexualidade, embora soja comum ao


homem, aos animáis irracionais e aos vegetáis, assume no ho-
mem dignidade e significado novos; a sua estrutura biológica
e fisiológica nao é destruida nem contraditada, mas, devida-
mente respeitada, é posta a servigo da plena realizagáo da
pessoa humana. Estas concepgóes diferem profundamente da
nocáo de matrimonio proposta por Kant:

"A comunldade sexual é o uso reciproco que um ser humano faz dos
órgáos e das faculdades sexuals de outro ser humano... O casamento...
é a unláo de duas pessoas de sexo diferente, em vista da possessáo reci
proca e perpetua das suas propriedades sexuais" (Metatíslca dos costa
ntes I § 24).

Nestes dizeres o sexo aparece como algo de extrínseco á


pessoa humana ou como algo que serve de mero instrumento a
esta. Na verdade, dizemos que o ser humano, composto de
partes heterogéneas hierarquizadas entre si, exerce diversos
tipos de atividades, desde aquelas que sao regidas pelas leis da
fisiología (entre as quais estáo nao só as da sexualidade, mas
também as da respiracáo, as da digestáo, as da restauragáo
das forjas físicas...) até as atividades mais típicamente in
telectivas, como o raciocinio, a arte, a oratoria, o culto de Deus,
etc. Numas e noutras, harmoniosamente executadas, se mani-
festa a grandeza da pessoa humana. O respeito ao corpo e as
suas leis vem. a ser o respeito á obra do Criador ou á arte cria
dora e ao designio do Senhor Deus.

Muito a propósito observava Paulo VI na encíclica «Hu-


manae Vitae»:

"... Usar o dom do amor conjugal respeltando as leis do processo


da geracáo é reconhecer que nos nao somos os senhores das fontes da
vida humana, mas, antes, os ministros do designio estabelecldo pelo Criador.
Com efelto, asslm como o homem nSo tem sobre o seu corpo em geral um
poder ilimitado, asslm também ele nao o tem... sobre as suas faculdades
genltals, pois estas estáo intrínsecamente destinadas a suscitar a vida, da
qual Deus é o principio. A vida humana é sagrada, lembrava Joáo XXIII;
desde a sua orlgem, ela Incluí dlretamente a agáo criadora de Deus" (n? 13).

— 508 —
EXPLOSAO DEMOGRÁFICA E PATERNIDADE RESPONSAVEL 25

"0 amor conjugal revela a sua verdadelra natureza e a sua verdadeira


nobreza quando o consideramos em sua fonte suprema, Deus, que é Amor,
'o Pal de quem toda paternldade tem o seu nomo, no céu e na Ierra'.

Por conseguirte, o casamento nfio é o efelto do acaso ou urn produto


da evolucfio de torcas naturals Inconscientes; ó urna sabia InstltuIcSo do
Criador para realizar no género humano o designio de amor de Deus.
Mediante a sua doacfio pessoal reciproca, que Ihes é próprla e exclusiva,
os esposos tándem á comunhfio de suas personalidades, em vista de um
mutuo aperfelcoamento, para colaborar com Deus na geracfio e na educacño
de novas vidas" (ni? 8).

Passemos agora á segunda objeclo anunciada:

2.3.2. A teoría da totalidade

Como dito, a teoría da totalidade afirma que nao é neces-


sário seja cada ato conjugal dirigido <a fecundidade, desde que,
de modo geral, a vida sexual dos cónjuges admita a prole e se
mostré realmente fecunda. O preceito natural de fecundidade
recairia sobre o conjunto da vida sexual e nao necesariamente
sobre cada um dos seus atos. Eis a propósito o texto da Co-
missáo Pontificia para o Estudo da Populacáo, da Familia e do
Controle da Natalidade, que antecedeu a publicacáo da encíclica
«Humanae Vitae» (25/07/68):
"O casamento e amor conjugal estfio orientados, por sua índole pró
prla, para a procrlacSo e a educacáo dos filhos (cf. iGaudlum et Spes
rfí 50). Na comunldade conjugal e familiar, o modo de orientar as coisas
para o bem dos filhos toca a essencla da sexualidade humana. Por Isto
a moralldade das relacCes sexuals no casamento tira o seu significado
prlmelro e especifico do fato de se reallzarem numa vida conjugal fecunda,
Isto é, pratlcada no espirito de urna paternldade responsável, generosa e
prudente; por consegulnte, ela nSo depende da fecundidade direta de cada
ato conjugal em particular" (cf. PAUPERT, ob. citada, p. 140).

Como se vé, a teoría proposta supoe que os atos sexuais


nao tenham a sua moralidade própria; a moralidade de cada
um seria deduzida da moralidade do conjunto. Ora tal supo-
sicáo é inaceitável. — Na verdade, todo ato sexual tem sua
finalidade própria, inscrita na própria estrutura de tal ato (tem
seu finis oporis, como diría a linguagem escolástica). Com ou-
tras palavras: todo ato sexual é, por sua índole mesma, orien
tado á procriacáo e á expressáo do mutuo amor dos esposos.
Caso tal finalidade seja observada, o ato sexual é moralmente
bom; caso nao, é moralmente mau. Tal moralidade é indepen-
dente da intengáo — boa ou má — daqueles que realizam o
ato (... independente do finis operantis ou operantinm).
Por conseguinte, nao se deve julgar o uso do sexo como
se julga o uso de entorpecentes. Este, como tal, produz ate-

_ 509 —
26 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 252/1980

nuacáo ou perda da consciéncia psicológica do usuario; ora


tal efeito em si é algo moralmente neutro. Torna-se moral-
mente bom ou mau de acordó com a intencáo do usuario; se
este se expóe ó perda dos sentidos por indicacáo médica, pratica
algo de moralmente bom; se o faz, porém, por covardia, fuga
ou intemperanga, comete ato moralmente mau. — Ao contra
rio, o uso do sexo é algo que por si mesmo tende a produzir
urna vida nova, ou seja, é algo que está em relacáo direta com
um valor ou com um bem que deve ser respeitado. Em conse-
qüéncia, o uso do sexo que desrespeite a fecundidade espon
tánea da sexualidade é moralmente mau, mesmo que esteja
inserido no contexto de duas vidas que se tornaram fecundas
urna ou mais vezes. Cf. encíclica «Humanae Vitae» n» 14.

Urna vez proposto um esbogo de solucáo crista para o


problema da explosáo demográfica e para o planejamento fa
miliar impóem-se ainda algumas.

3. Observajóes complementares

Proponemos tres pontos de reflexáo:

3.1. Declínio do crescimento demográfico

1. Quando se fala do aumento populacional do mundo,


geralmente nao se leva em conta que nos últimos anos as esta-
tísticas indicam apreciável taxa de declínio do crescimento de
mográfico, principalmente na Europa. Este fato atenúa de
algum modo a gravidade do problema e relatíviza, até certa
ponto, os prognósticos alarmantes.

Além dos dados numéricos já publicados em PR 194/1976,


pp. 59-62, apresentamos os seguintes, mais recentes:
O «Fundo das Nacóes Unidas para Atividades de Popula-
cáo» (UNFPA) publicou em 1978 o relatório «Situacáo do cres
cimento da populacáo mundial», onde se encontram os seguin
tes elementos:

Europa Ocidental: taxa de natalidade baixando em 50%


América do Norte: ... em 30%
China: ... em 30%
Indonesia:... em 10-15%
India:... em 10%
América Latina: comeca a diminuir
África: crescendo, sem alteragáo.

— 510 —
EXPLOSAO DEMOGRÁFICA E PATERNIDADE RESPONSAVEL 27

Há crescimento populacional zero na Alemanha Ocidental,


na Alemanha Oriental, na Grá-Bretanha, na Bélgica, na Aus
tria, no Luxemburgo.

Com base nestes dados, a ONU corrigiu suas estimativas


para o ano 2000: de 6,4 bilhóes cedeu á de 6, 25 bilhóes.

No mundo inteiro, o número de nascimentos é superior ao


de óbitos segundo os seguintes dados:

em 1965: 66 milhóes de nascimentos anuais


em 1970: 70 milhdes
em 1974: 63 milhóes

2. Estes números, que desmentem certas previsóes dos


sociólogos e economistas, bem mostram que nao se devem
abordar os fenómenos humanos (inclusive o demográfico) co
mo se abordam fenómenos astronómicos; estes sao regidos por
leis físicas ou quantitativas, que costumam ser constantes; daí
a seguranca com que um astrónomo, por exemplo, pode prever
um eclipse (com seu calendario e horario precisos) ou a pas-
sagem de um cometa... — O mesmo, porém, nao ocorre com
os fatos humanos ou com o aumento populacional em particular;
este depende de pessoas, que usufruem de liberdade e capad-
dade de improvisagáo, norteadas que sao por seus ideáis pró-
prios. Nao se pode, pois, aplicar as ciencias humanas o deter-
minismo que é geralmente suposto ñas ciencias ditas «exatas»
e na tecnologia. As ciencias humanas detectam geralmente ten
dencias características do ser humano ou das populacóes, em
vez de leis; as tendencias permiten* a formulagáo de hipóteses
com suas respectivas probabilidades, e nao mais... Conse-
qüentemente foram falhas tanto a lei de Malthus como a de
Karl Marx: aquela afirmava que o número dos homens tende
a crescer em progressáo geométrica, ao passo que a superficie
da térra cultivável aumenta em progressáo aritmética; Marx
assegurava que o comunismo se implantaría primeiramente nos
países capitalistas, a comecar pela Inglaterra! — Ambos se en-
ganaram; fenómenos imprevistos apareceram...

3. Note-se outrossim que há povos jovens e povos an


daos sobre a face da Térra, ou seja, povos nos quais o número
de velhos vai aumentando e o de jovens diminuindo; tal é o
caso da Franca, que no inicio do sáculo XX tinha 34 jovens de
menos de 20 anos para 8 adultos de mais de 65 anos; em 1975,
a proporcáo era de 31 para 16! A Europa, de modo geral, se

— 511 —
28 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS> 252/1980

ressente de envelhecimento. Isto faz que ura fardo cada vez


mais pesado de encargos se acumule sobre urna populagáo ativa
cada vez mais reduzida. A diminuigáo relativa do número de
jovens acarreta a perda do espirito de iniciativa, de inovagáo,
de invengáo... e extingue o gosto do risco. Ora tais virtudes
sao indispensáveis ao florescimento de urna sociedade: ademáis,
pode-se dizer que o envelhecimento psicológico provoca a deca
dencia geral das populagóes.

Pergunta-se agora: a longa aplicagáo de técnicas anticon-


cepcionais, que provocou a diminuigáo da populagáo européia,
nao terá sido fator mortífero para tal populagáo? A multipli-
cagáo de abortos, com os traumas psicológicos e a degradagáo
moral resultantes do livre controle dos nascimentos, nao teráo
produzido efeitos nefastos ou moríais sobre varios povos do
velho continente?

Mais amplamente, indaga-se: refrear a humanidade na sua


espontánea tendencia a transmitir a vida nao implica induzi-la
ao caminho da senilidade e, conseqüentemente, da decadencia?

Sao estes quesitos que sugerem a seguinte ponderagáo:

3.2. O banquete da vida

A varios pensadores o problema demográfico inspira a li-


mitagáo do número de convidados ao banquete da vida. A outros
os resultados até aqui obtidos, além das premissas filosóficas
já expostas, levam a pensar que, em vez de cercear o acesso ao
banquete da vida, é imperioso providenciar para todos os que
o queiram, os alimentos que a Terra-máe nao deixa de pro-
duzir,... alimentos, porém, que nao chegam á mesa dos fa-
mintos por motivos de egoísmo, prepotencia e falta de senso
humanitario. Calcula-se que o globo terrestre oferece condigóes
de vida digna a 22 bilhóes de habitantes, desde que se explore
o seu potencial natural. Por que entáo nao pensar em melhor
aproveitamento e distribuigáo das riquezas naturais da térra e
do subsolo, em vez de capitalizar em favor de armamentos e
de interesses particulares?

Dir-se-á: é utópica a proposta de desarmamento mundial


em favor de outras tarefas do género humano! — Utópica ou
nao, tal proposta é a única vía sabia para dar remedio á si-
tuacáo de impasse ou decadencia a que se vai condenando o

— 512 —
EXPLOSAO DEMOGRÁFICA E PATERNIDADE RESPONSAVEL 29

género humano por falta de visáo fraterna e comunitaria. Oxalá


o despertar das consciéncias possa produzir resultados concre
tos positivos!

Muito oportunamente dizia Paulo VI as Nagóes Unidas aos


4/10/65:

'V\ vida do homem é sagrada; nlnguém ouse atentar contra ela. O


respelto pela vida, mesmo no que se refere ao grande problema da natall-
dade, deve ter na vossa assembléia a sua mals alta aflrmacSo e a sua
defesa mals racional. Vos devels procurar que o pSo seja suficientemente
abundante na mesa da humanidade, e nSo favorecer urna regulamenlacfio
artificial dos nasclmentos, que seria Irracional, para diminuir o número
dos comensals do banquete da vida" (n<? 6).

3.3. Moral crista: utópica ou exeqüível ?

Quem toma consciéncia da posigáo da Igreja, porta-voz da


lei natural, frente ao problema da paternidade responsável,
talvez julgue que se trata de Moral inexeqüível ou utópica,
irrealista... Nao falaria a homens, mas a anjos.

Esta observagáo, que nao raro é feita aos fiéis católicos,


sugere algumas ponderag5es importantes.

1) Por certo, a Moral católica é Moral que tende a levar


á perfeigáo. Nem poderia ser outra, visto que o Evangelho
mesmo diz: «Sede perfeitos como o vosso Pai Celeste é perfeito»
(Mt 5, 48). Compreende-se, pois, que nao seja Moral facilita
ría; quem a quer seguir, deve passar pela porta estreita de
que fala o Senhor em Mt 7,13s.

2) Todavía a Moral do Evangelho é para todos os homens


indistintamente, e nao apenas para urna élite. Todos recebem
de Deus o mesmo apelo á santídade; ninguém é chamado &
mediocridade ou ao meio-termo. A perfeigáo moral, para o cris-
táo, nao é algo de facultativo, mas é, por assim dizer, o objeto
do primeiro mandamento da Lei de Deus.

3) O diálogo entre Deus e todo homem a propósito da


vocagáo a santídade é bem ilustrado pelo episodio do jovem
rico. Depois que este se foi, acovardado diante do apelo do
Senhor, os Apostólos exclamaram: «Senhor, quem poderá ser
salvo » Ao que Jesús respondeu: «Aos homens isso é impossí-
vel, mas para Deus tudo é possivel» (cf. Mt 19, 23-26),

— 513 —
80 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 252/1980

Estas palavras significam que, se a. primeira vista há exi


gencias de Deus inexeqüiveis aos homens, as mesmas se tornam
viáveis pela graca do Senhor. O cristáo nao é simplesmente um
estoico ou um faquir que tenta, por suas próprias torgas, reali
zar proezas que o comum dos homens nao executa, mas é um
füho de Deus, dotado de novo ser, que o torna filho de Deus
nao apenas por nome, mas em realidade.

A propósito vém palavras de Paulo VI na encíclica «Hu-


manae Vitae>:

"A doutrlna da lgre|a sobre a regulacfio dos nasclmontos, que pro


mulga a leí divina, parecerá aos olhos de multO3 de difícil ou mesmo de
Imposslvel atuagáo. Certamente, como todas as realidades grandiosas e be
néficas, ela exige um empenho serlo e muitos esforcos, Individuáis, fami
liares e sociais. Mais aínda: ela nao seria, de fato, viável sem o auxilio
de Oeus, que apola e corrobora a boa vortade dos homens. Mas, para
quem refletlr bem, nño podaré delxar de aparecer como evidente que
tais esfórcos sfio nobilltantes para o homem e benéficos para a comuni-
dade humana" (rfi 20).

4) Mais: a vida da graca é outorgada a criaturas peca


doras; é recebida em vasos de argila. Isto quer dizer que está
Bujeita a deparar-se com fraqueza, covardia, infidelidade, trai-
C&o, recusa... A graca deve suscitar a conversáo do homem e
e purificagáo dos pecados. Por conseguinte, ela nao realiza a
eua obra instantáneamente, mas no decurso de toda urna vida
na qual há muitas quedas, recaídas, soñolencia espiritual, rea-
vivamentos, arroubos entusiastas...

feto tudo significa que o apelo á santidade está envolvido


na misericordia de Deus. O Senhor chama criaturas que neces-
eitam constantemente de perdáo para as suas faltas e de cura
para as suas enfermidades. Muito oportunamente nota Paulo VI
na encíclica «Humarme Vitae»:
"Hnvldem os esposos os esforcos necessárlos, apolados na té e na
esperance... Implorem com orac&o perseverante o auxilio divino. Abel-
rem-se, sobretudo pela Santfsslma Eucaristía, da fonte da graca e da carl-
dade. E, se porventura o pecado vler a vencé-los, nao desanimem, mas
recorram com perseveranca humilde á misericordia divina, que é outorgada
no sacramento da Penitencia" (n<? 25').

Aos sacerdotes de modo especial diz o Santo Padre:


"N3o minimizar em nada a doutrlna salutar de Cristo 4 forma de ca-
rldade eminente para com as almas. Mas laso deve andar sempre acom-
panhado também de paciencia e de bondade, de que o mesmo Senhor deu
o exemplo, ao tratar com os homens. Tendo vlndo para salvar e nao para
Julgar, Ele fol Intransigente com o mal, mas misericordioso para com os
homent.

— 514 —
EXPLOSAO DEMOGRÁFICA E PATERNIDADE RESPONSAVEL 31

No meló das suas dlflculdades, que os conjugas eneontrem sempre


na palavra e no corec&o do sacerdote o eco fiel da voz e do amor do
Redentor" («"> 29).

5) Para terminar, faz-se oportuno lembrar a distincáo,


proposta por Henri Bergson, entre Moral fechada e Moral aber-
la. Moral fechada é agüela que confirma o homem na sua ro-
tina, tranqüilizando-lhe a consciéncia por ter cumprido estrita-
mente o seu dever sem lhe propor perspectivas de crescimento
espiritual ou de heroísmo. Ao contrario, Moral aberta é aquela
que incita o homem a se ultrapassar constantemente, abrindo-
•lhe novos horizontes de perfeicáo. Ora o Cristianismo apregoa
urna Ética aberta, que atrai o homem a cumes sempre mais
elevados, procurando desinstalá-lo de certo indiferentismo ro-
tineiro.

£ á luz destas ponderacoes que se entenderá a Moral crista


referente á regulacáo dos nascimentos.

Bibliografía:

BEMFAM (Socledade Civil Bem-estar Familiar no Brasil): BOLETÍN!


e outras publicares. Rúa das Laranjelras, 308, 22240 RIO-RJ.
CAMPOS, P'N... Umltaete responsavel dos nasclmentos. Ed. Paulinas,
Sfio Paulo 1968.
CONCILIO VATICANO II, ConstltuIcSo "Lumen GentlnunV'. Roma 1965.
ConstltulcSo "Gaudhim et Spe9". Roma 1965.
CONCIUUM/130 — 1977/10: MORAL.
COTTIER, G., Rógulatlon des naJasancee et diveloppement déme*
graptilque. Oesclée de Brouwer 1S69.
GUCHTENEERE. R. de, A Umltacáo da natalidad». Gd. Criterio, Braga
1952.
HARING, B., La Moral y la persona. — Ed. Herder, Barcelona 1973.
HARING, B., Lrvras e fiéis em Cristo. Voi. I: Teología Moral Geraf.
Ed. Paulinas. Sao Paulo 1979.
MARTELET, G. e LEERS, B.. Moral conjugal a t*gulac§o da natalidad».
Ed. Vozes, Petrópolis 1967.
PAULO VI, Encíclica "Humanas Vita»". Roma 1968.
PAUPERT, J.M., OontrAle des nai»anoas et thoologle. Le dosaler de
Rome. París 1967.
PERICO, G.. U "Supsr Pilota", in "La Clvllltá Cattollca" fí* 2817,
4/11/1967, pp. 262-268.
PR 194/1967, pp. 51-64, (explosfio demográfica: política e consclen-
cla, com bibliografía).
VIDAL, M., Novos caminhos da Moral. — Ed. Paulinas, Sao Paulo 1978.
Moral do amor e da sexualidad». Ed. Paulinas, Sfio Paulo 1978.
ZALBA, M., La regulación de la natalidad. Madrid 1968.

— 515
OeclaracSo da Santa Sé sobre

a eutanasia

Etn slnte9e: A eutanasia (ou o induzlr a morte por compalxño) podo


ser direta ou Indlreta.

A eutanasia direta é o ato de Infligir a morte mediante recurso ocl*


slvo. Tal ato é sempre Ilícito, porque o homem nSo tem o dlrelto de dlspor
da sua vida nem da vida de Irrnfio Inocente.

A eutanasia indlreta é a atitude de subtralr a um paciente os recursos


sem os quals Ihe é Imposslvel conservar a vida. Tais recursos podem ser
classlflcados em duas categorías: os proporcionáis á probabllldade de
melhora ou recuperacSo e os desproporcionáis.

Dlz-se que um recurso é desproporciona! quando exige aparato alta


mente dificll ou penoso em vista de exfguo ou nulo resultado médico (ve-
jam-se os casos do Generalísimo Franco e do Marechal Tito). Ora nao há
obrlgacfio moral de aplicar tais recursos. Todavia flca sempre o dever de
ofetecer ao paciente os melos otlneiros de entreter a vida (atimentagao,
InjecSes, transfusáo de sangue...).

Quanto aos recursos proporcionáis, há obrlgacfio, em conscléncla, de


apllcá-los, desde que estejam dentro do alcance das posses do paciente
ou dos respectivos familiares.

Como se entende, a proporcSo ou a desproporcáo existente entre


determinado meio terapéutico e as probabilidades de éxito pode ser diver
samente apreciada; tal avaliacSo envolve sempre um tanto de subjetividade
de quem a realiza. Será necessário, porém, que com toda a lealdade, diante
de Deus, as pessoas responsáveis procurem considerar a situacSo e tornar
o alvltre mals fiel posslvel aos dltames da Moral.

O novo documento da Santa Sé asslm apresentado significa urna


revlsáo do problema da eutanasia em termos alual izados, mas sempre fiéis
aos principios da Leí do Senhor.

Comentario: Com a data de 1/05/80 foi publicada cm


llns de junho pp. importante Declaracáo da S. Congregado
para a Doutrina da Fé sobre a eutanasia. O assunto tem sido
muito discutido, o que bem se compreende pelo fato de se apre-
sentarem aos estudiosos facetas novas e inéditas do antigo pro
blema. Em vista disto, transmitiremos, a seguir, urn resumo do
documento de Roma, após o qual seráo propostos alguns co
mentarios do tema.

— 516 —
A EUTANASIA 33

I. O DOCUMENTO

1. O problema

O Concilio do Vaticano n rejeitou em 1965 a eutanasia


como sendo um crime contra a vida humana, que deve mere
cer respeito (cf. Constituigáo Gaudium et Spes n" 27). Todavía
nos últimos anos os médicos e moralistas tém recolocado o pro
blema com insistencia, visto que a medicina tem aumentado o
seu poder de prolongar a vida «em condigóes que acarretam,
por vezes, problemas moráis» (Introducáo); pergunta-se qual
o sentido que tem a vida humana entretida artificialmente por
aparelhagem complexa e de maneira extremamente precaria;
nao lhe seria preferível um tipo de morte «suave»?

Frente a esta nova colocagáo do problema, a S. Congrega-


gáo para a Doutrina da Fé mandou proceder a atentos estudos,
dos quais resultou a presente Declaragáo. Esta se dirige, antes
do mais, aos fiéis cristáos, que, mediante a fé, encaram a morte
e a ressurreicáo como participagáo da Páscoa de Cristo (cf.
Rm 14, 7-9; Fl 1, 20). O documento, porém, poderá encontrar
acolhida também da parte dos homens de boa vontade que,
para além de diferengas filosóficas ou religiosas, tenham cons-
ciéncia dos direitos da pessoa humana; tais direitos, fundamen
táis como sao, nao estáo sujeitos ás oscilagóes que o pluralismo
político ou a liberdade religiosa poderla suscitar.

Urna vez exposto o problema e apresentado o respectivo


documento, o texto aborda os sucessivos aspectos da delicada
questáo.

2. O valor da vida humana

A vida humana é o bem fundamental, condigáo de toda


atividade humana e de toda comunháo social. Os homens cos-
tumam atribuir-lhe caráter sagrado, caráter que aos olhos da
fé ainda maior valor assume, pois a vida aparece como «um
dom do amor de Deus, que é preciso conservar e fazer fruti-
ficar». Destes principios decorrem conseqüéncias importantes:

1) Ninguém tem o direlto de atentar contra a vida de


urna pessoa inocente sem se opor ao amor de Deus e sem violar

— 517 —
34 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 252/1980

um direito fundamental — o que quer dizer: sem cometer crime


de extrema gravidade l.
2) Todo homem tem o dever de configurar a sua vida
segundo o designio do Criador. Ela lhe é confiada como um
bem que ele deve valorizar nesta térra, mas que só encontra o
pleno desabrochamento na vida eterna.
3) Por conseguirte, o suicidio é táo inaceitável quanto o
homicidio; vem a ser, da parte do homem, rejeicáo da soberanía
de Deus e do designio de amor do Criador. Muitas vczes também
é recusa do amor a si, negagáo da aspiracáo natural á vida, e
capitulacáo diante dos deveres de justica e caridade em relacáo
ao próximo. — Verdade é que, nao raro, o suicida é vitima de
condigdes psicológicas que podem atenuar ou mesmo suprimir
a sua responsabilidade.
Do suicidio distinga-se o sacrificio pelo qual alguém expóe
a sua própria vida em vista de nobre causa, como a honra de
Deus, a salvac.no das almas ou o servido dos irmáos (cf. Jo
15,14).

3. Eutanasia : conceito e primeira obordagem

1. Etimológicamente, eutanasia significa morte suave sem


cruel sofrimento. Ora tal acepgáo, um tanto genérica, é entendi
da, hoje em día, em sentido mais definido: a eutanasia, na proble
mática moderna, vem a ser o fato de «se provocar a morte por
compaixáo» para extinguir sofrimentos cruciantes ou para evi
tar que criansas anormais, enfermos incuráveis, doentes men
táis levem, durante anos talvez, urna vida penosa, que, além do
mais, acarretaria encargos pesados demais para as familias res
pectivas e a sociedade.
Em conseqüéncia, a Declaracáo enfatiza:
"Por eutanasia entendemos urna acfio ou urna omlssáo que, por si
ou segundo Intenso deliberada, provoca a morte a flm de extinguir qual»
quer sofrlmento".
"Ora a nlnguém ó lícito autorizar a morte de um ser humano Inocente
— teto ou embrISo, crlanca ou adulto, anclfio, doente Incurável ou agoni
zante. Também a nlnguém é licito pedir este gesto homicida para si ou
para outra pessoa confiada á sua responsabilidade; nem mesmo dar con
sentimiento, explícito ou Implícito, a tal prátlca é licito. Nenhuma autoridade
a pode legitlmamene Impor ou permitir. Haverla nisso a violacfio de urna

1 Em nota de roda-pe a S. CongregacSo faz questfio de observar que


nfio aborda nesta Declaracáo as questfies atinentes á pena de morte e &
guerra, pola estas hSo de ser abordadas á luz de "considéraseos especifi
cas estranhaa á presente temática".

— 518 —
A EUTANASIA 35

tel divina, ofensa á dignldade da pessoa humana, crlme contra a vida, aten»
tado contra a humanldade".

Pode acontecer, sent dúvida, que dores prolongadas e cru-


ciais oumotivos de ordem afetiva ou outros indiizam alguém
a crer que pode legitimamente pedir a morte para si ou levá-la
a outrem. Em tais casos, a responsabilidade subjetiva de quem
pede ou provoca a morte pode ser atenuada ou mesmo nula;
todavía, objetivamente falando, o morticinio como tal fica
sendo inaceitável. É de notar outrossim que os enfermos que
pedem a morte, muitas vezes pedem afeto, calor humano e
apoio moral mais do que a própria morte; aos familiares, mé
dicos e enfermeiros toca entender tal carencia e correspon-
der-lhe.

4. O cristoo perante a dor e os analgésicos


A morte é, muitas vezes, precedida por dores atrozes, que
a tornam peculiarmente angustiante.

A dor, de um lado, é inevitável ao homem; constituí urna


advertencia e um alarme de utilidade para o ser humano. As
vezes, porém, a dor pode assumir tais dimensóes que é legítimo
desejar minorá-la — o que se faz mediante os analgésicos.
Nao poucos fiéis recusam, por completo ou em parte, o
recurso aos analgésicos, desejosos de assim participar mais in
timamente da Paixáo de Cristo e do sacrificio redentor do Sal
vador. Todavía tal atitude heroica nao pode ser imposta como
norma geral. Por isto a própria prudencia aconselha em muitos
casos o recurso a analgésicos, mesmo que daí resultem efeitos
secundarios menos desejáveis, como sao a diminuigáo da cons-
ciencia psicológica e certa dopagem.
Eis, porém, que o uso de analgésicos sugere algumas ob-
servagóes. Na verdade, para combater o hábito e manter os
efeitos dos mesmos, requerem-se doses crescentes. Ora é pre
ciso evitar que o recurso aos analgésicos impeca o paciente
de cumprir seus deveres moráis e religiosos de maior vulto;
com outras palavras... nao o reduza á condigáo de ser per
manentemente inconsciente, mas Ihe deixe a possibilidade de
dispor da sua vida segundo os parámetros da inteligencia, da
fé e do amor a Deus e ao próximo. De modo especial, é pre
ciso que o enfermo se possa preparar conscientemente para o
encontró definitivo com Cristo; sim, a vida é como um livro
que cada ser humano escreve dia por dia; ora é necessario que
ele possa subscrever a esse enredo de maneira lúcida e volun-

— 519 —
36 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 252/1980

tária, no fim dos seus dias. Na medida do possível, é para de-


sejar que q pessoa humana nao morra como os animáis, mas
possa tomar as providencias fináis, p5r ordem em seu curso
de vida e suas relacóes com as demais criaturas c dizer um
Sim cheio de amor ao Cristo que a convida para a plenitude da1
vida. Desde que estas condigóes sejam respeitadas, pode-se
aceitar a eventual diminuicáo do tempo de vida ou a acelera-
cáo da morte física acarretada por certos analgésicos.

A propósito, levem-se em consideracáo as ponderac.5es do


Papa Pió XII em alocusáo a urna assembléia de clínicos, cirur-
gióes e anastesistas em 24/02/1957:

«Toda forma de eutanasia direta, isto é, a administracáo de


narcóticos com o fim de provocar ou apressar a morte, é ¡lícita,
porque nesse caso se pretende dispor diretamente da vida. Um dos
principios fundamentáis da Moral natural e crista é que o homem
nao é senhor nem dono, mas somente usufrutuário, do seu corpo e da
sua existencia. Ora o homem arroga-se o direito de disposicao direta
da vida toda vez que o quer encurtar. Na hipótese por vos encarada
(hipótese lícita), trata-se únicamente de evitar ao paciente dores
¡nsuportáveis, por exemplo, em caso do cáncer nao suscetível de
operacao ou em caso de doenca incurável...

O moribundo nao pode permitir, e menos aínda pedir, ao mé


dico que Ihe provoque o estado de inconsciencia, se com isso se
coloca em situacao de nao poder satisfazer a deveres moráis graves,
por exemplo, ao dever de regrar negocios importantes, de fazer o
seu testamento e de se confessar... Para ¡ulgar a liceidode da nar
cose, é preciso também inquirir se este estado será relativamente
breve (durante a noite ou por aígumas horas) ou prolongado (com
ou sem interrupcao); será preciso considerar outrossím se o uso das
faculdades voltará em certos momentos, por alguns minutos ao menos
ou por algumas horas, dando ao moribundo a possibilidade de fazer
o que o seu dever Ihe impoo (por exemplo, reconciliar-se com Deus).
Por outra parte, um médico consciencioso, embora nao seja cristao,
nao cederá ¡amáis as instancias de quem desejasse, contra o vontade
do moribundo, fozer-lhe perder a lucidez, para o impedir de tomar
certas decisoes.

Quando, nao obstante as obrigaeoes que Ihe ¡ncumbem, o mo


ribundo pede a narcose e, para a usar, existem motivos serios, um
médico consciencioso nao se prestará a isso sobretudo se for cristao,
sem ter convidado o doente por sí mesmo ou, methor ainda, por inter
medio de outrem, a cumprir antes os seus deveres. Se o doente obsti
nado se negar a tal cumprimento o persistir no pedido de narcose,

— 520 —
A EUTANASIA 37

o médico poderá conceder-lha som se lomar culpado de colaboracao


formal na falla cometida...

Se o paciente cumpriu todos os seus deveres e recebeu os últimos


sacramentos, se indicacóes médicas claras sugerem a anesteria, se nao
se ultrapassa na fixacao das doses a quantidade permitida, se se
mediu cuidadosamente a ¡ntensidade e a duracáo do estado de
inconsciencia, e ainda se o interessado consenle em tal tratamento
— entao nada se opoe: a anestesia é moralmente permitida» (trans
crito da «Revista Eclesiástica Brasileira» XVII 11957] p. 481).

5. A terapia de combate á morte


Ao lado daqueles que querem truncar a vida dolorosa e
sofredora de seus irmaos enfermos, recorrendo á eutanasia di
reta, há aqueles que se esmeram por aplicar ao paciente os
recursos mais modernos da medicina, prolongando a vida hu
mana por meios artificiáis de grande complexidade e elevados
custos. Tais foram, sem dúvida, os casos do Generalissimo
Franco, da Espanha, do Marechal Tito, da Iugosláyia, da jovem
norte-americana Karen Quinlan e de outros notorios pacientes.
Ora esta nova pertinacia da medicina no combate á morte tem
suscitado vozes contraditórias: há quem proclame o «direito
de morrer» — o que nao significa o direito de dar a morte a
si ou pedir a morte para si, mas o direito de morrer segundo a
dignidade humana e crista, em toda serenidade. Sabe-se, alias,
que tem havido debates públicos sobre a obrigatoriedade, em
consciéncia, de recorrer ou nao aos complexos recursos da mo
derna terapéutica.
Diante da questáo ética que assim se póe, eis a resposta
da consciéncia católica:
1) Todo ser humano tem a obrigagáo de cuidar da sua
saúde. Médicos, enfermeiros e familiares de cuidar da sua
conscienciosamente dos seus pacientes, ministrando-lhes os re
medios que lhes parecem necessários ou úteis.
2) Todavía o recurso a meios terapéuticos nao obriga a
consciéncia indefinidamente. Outrora os moralistas afirmavam
que nao existe o dever de empregar meios extraordinarios para
preservar a saúde ou debelar a doenga. Por «meios extraordi
narios» entendiam tratamentos raros, difíceis, altamente dis
pendiosos. .. Eis, porém, que, com o progresso da medicina,
os recursos «extraordinarios» se váo tornando ordinarios ou
freqüentes e mais oomuns, de modo que a expressáo «recursos

— 521 —
38 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 252/1980

extraordinarios» é ¡nadequada; torna-se oportuno substituí-la


por «msios de desproporcionáis», aos quais se contraporiam os
«meios proporcionáis». Esta nova expressáo significa que há
recursos médicos cuja complexidade, cujos riscos, cujo custeio,
cuja possibilidade de emprego sao muito mais vultosos do que
as esperanzas de resultados benéficos; as probabilidades de me-
lhora significativa do paciente sao táo exiguas que parece inútil
aplicar-lhe táo rebuscados recursos médicos; a aplicacáo destes
parece entáo depender mais do afá médico de nao capitular pe-
rante a molestia do que do dever moral de entreter a vida hu
mana.

3) Na base de tais ponderagóes, sejam propostas as se-


guintes normas:

a) É licito aos médicos que para tanto hajam obtido a


aquiescencia do paciente ou de seus responsáveis, aplicar os
recursos mais esmerados da medicina moderna, mesmo que
estes aínda estejam em fase de experimentagáo e acarretem
algum risco de vida para o enfermo. Aceitando tal teraupautica,
o doente poderá dar provas de generosidade posta a servigo do
género humano.

b) É lícito interromper a aplicacáo de tais recursos, desde


que nao propiciem os resultados almejados. Tal interrupQáo,
porém, só deverá ocorrer após consulta ao paciente (se possível)
e eos respectivos familiares. Na verdade, haverá casos em que
os médicos julguem que o investimento em aparato técnico e
pessoal nao é proporcional aos resultados previsíveis (tenues
ou pouco significativos); além do qué, tal aparato poderá pa
recer constrangedor e provocador de sofrimen tos que nao te-
nham proporgáo com os beneficios previstos.

c) Ninguém, em consciénda, tem o dever de aplicar a si


ou a outrem o recurso a urna técnica usual, mas aínda arris
cada e muito onerosa. A-recusa desta nao pode ser tida como
um suicidio; antes, resulta da aceitagáo da frágil condicáo hu
mana e corresponde ao desejo de nao mobilizar difíceis recursos
sem justificativa adequada, como também do propósito de nao
impor encargos (financeiros e afetivos) demasiado pesados á fa
milia e la sociedade.

d) Na imiñénda de morte inevitável, é lícito renunciar a


tratamentos que só contribuirían! para diferir a morte de ma-
neira precaria e dolorosa. Todavia nao é permitido, em consci-
encía, suspender os cuidados normáis ou obvios que se prestam
a todo paciente (injecóes, soro, transfusóes...).

— 522 —
A EUTANASIA 39

6. Concluso»

As normas contidas nesta Declaragáo sao inspiradas pelo


desejo de servir ao homem segundo o designio do Criador. Para
o cristáo, a morte nao é termo final ou quebra do viver; vem
a ser, antes, a passagem para a plenitude da vida. Daí a neces-
sidade de que todos os homens se preparem para essa transigió
á luz dos valores humanos e, para os cristáos, á luz dos valo
res da fé.

Quanto aos que trabalham ñas profissóes da saúde,


procurem nao somente assistir aos pacientes com toda a sua
competencia técnica; mas esforcem-se outrossim por oferecer-
-lhes o reconforto — ainda mais necessário — de imensa ternura
e de ardente caridade. Tal servigo prestado ao ser humano é
também servico ao Senhor, como Ele mesmo disse: «Na medida
em que o tiverdes feito a um desses pequeninos, a mim o tereis
feito» (Mt 25, 40).

Na audiencia concedida ao Eminentissimo Sr. Cardeal Pre-


feito da Congregacáo para a Doutrina da Fé, o Papa Joáo Paulo
II aprovou esta Declaragáo e ordenou a publicagáo da mesma.
Tal Declaragáo traz a data de 5/05/80 e as assinaturas do Car
deal Franjo Seper, Prefeito, e do arcebispo D. Jerónimo Hamer,
Secretario da referida Congregacáo.

I!. COMENTARIOS

Consideraremos tres pontos: 1) Síntese do documento; 2)


Os analgésicos; 3) Significado da Declaragáo.

1. Síntese do documento

Como se vé, a Declaracáo da Santa Sé veio esclarecer ques-


táo discutida e sujeita a mal-entendidos. O seu teor pode ser
expresso mediante o seguinte esquema:

A eutanasia (ou o induzir a morte por compaixáo) pode


ser direta ou indircta.

A eutanasia direta é o ato de infligir a morte mediante


recurso ocisivo. Tal ato é sempre ilícito, porque o homem nao
tem o direito de dispor da sua vida nem da vida de irmáo
inocente. Nenhuma situacáo aflitiva, por mais crucial que seja,
justifica a eutanasia direta.

— 523 —
40 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 252/1980

A eutanasia indireta é a atitude de subtrair a um pa


ciente os recursos sem os quais lhe é impossivel conservar a
vida. Tais recursos poden ser classificados em duas catego
rías: os proporcionáis á probabilidade de melhora ou recupe-
raeáo e os desproporcionáis.

Diz-se que um recurso é desproporcional quando exige


aparato humano, material ou financeiro altamente difícil ou
penoso em vista de exiguo ou nulo resultado médico; tal era
talvez o caso de Karen Quinlan, tal o do Generalíssimo Franco,
o do Marechal Tito... Ora a Santa Sé declarou que nao há
obrigacáo moral de aplicar tais recursos. Todavía restará sempre
o dever de oferecer ao paciente os meios rotineiros de entreter
a vida (alimentagáo, injecóes, transfusáo de sangue...); estes,
em hipótese nenhuma, poderáo ser suspensos, qualquer que seja
o caso do paciente (admite-se, porém, que o conceito de «re
curso rotineiro» possa variar de caso para caso).

Pora desta última hipótese, ou seja, ao se tratar de re


cursos proporcionáis, há obrigacáo, em consciéncia, de aplicá-
-los, desde que estejam dentro do alcance das posses do pa
ciente ou dos respectivos familiares.

Como se entende, a proporcáo ou a desproporgáo existente


entre determinado meio terapéutico e as probabilidades de éxito
pode ser diversamente apreciada; tal avaliagáo envolve sempre
um tanto da subjetividade de quem a realiza. Será necessário,
porém, que com toda a lealdade, diante de Deus, as pessoas
responsáveis procurem considerar a situacao e tornar o alvitre
mais fiel possivel aos ditames da Moral.

2. Os analgésicos
O uso de analgésicos nao é vedado pela consciéncia crista.
Importa, porém, que nao impega por completo o paciente de
dispor de suas facilidades mentáis. Esta cláusula £ importante,
visto que o ser humano deve poder enfrentar a consumacáo de
eua vida terrestre de maneira lúcida e consciente; possa sanar
qualquer ferida que tenha infligido ou que haja sofrido; possa
dizer aos seus a respectiva mensagem final (principalmente se
é pai ou máe de familia, chefe de algum grupo ou criador de
alguma obra); possa, enfim, subscrever de maneira humana e
crista o livro de sua vida, dizendo entáo a palavra conclusiva
de todo o discurso anterior. Ainda que esta atitude cause algum
esforco ou sacrificio ao paciente, tal sacrificio é o de um homem
(e cristáo) que deseja comportar-se como tal até o fim de sua

— 524 —
A EUTANASIA 41

peregrinacáo terrestre; está na linha da grandeza e magnanimi-


dade que deve ter caracterizado os seus gestos no decorrer da
vida presente. Claro está que contpete aos familiares e amigos
do paciente assistir-lhe nessa fase decisiva e suprema de seu
currículo; toca-lhes, sem dúvida, participar do afá, do enfermo,
de por digno fecho ao seu viver terrestre; em muitos casos, os
bens de que mais carecem os doentes, sao os do afeto e do
apoio moral.

3. O significado da Declarando

«A Dedaracáo da Santa Sé retoma e atualiza principios jú


vigentes na Teologia Moral. Apenas se deve notar que outrora
se falava de recursos terapéuticos ordinarios e extraordinarios,
sendo estes tidos como nao obligatorios. Houve, pois, um pro-
gresso de conceituacáo, visto que os recursos extraordinarios
se váo tornando aos poücos ordinarios; o binomio «proporcional»
e «desproporciona!» parece atender melhor á realidade da me
dicina contemporánea; nao se evita, porém, a subjetividade do
julgamento, que cada urna das pessoas interessadas procurará
seja táo sincero e leal quanto possivel.

Talvez alguns estudiosos se surpreendam pelo fato de que


a Santa Sé nao impóe a luta contra a morte física de maneira
incondicional. Tal atitude da Igreja se deve á consciéncia que
o crístáo tem, de que a morte física nao é termo final, mas,
sim, transicáo para a plenitude da vida. Quem deixa de existir
neste mundo, nao deixa de viver, mas apenas muda a sua
modalidade de vida; por isto nao lhe toca o dever absoluto e
incondicional de entreter a existencia terrestre com o sacrifi
cio de pessoas e coisas que poderiam ser úteis a outras pessoas
chamadas por Deus a permanecer mais tempo na vida presen-
te. O cristáo que tenha nítida consciéncia desta verdade, nao
se apega insevidamente a peregrinagáo terrestre nem consdera
a morte como um desastre a ser evitado a todo prego, mas vé-a
como ocasiáo de participar rematadamente da Páscoa do Senhor
Jesús.

A propósito veja-se:
PR 34/60, pp. 410-420 (a eutanasia).
PR 170/74, pp. 58-71 (eutanasia para crlancas e adultos...).
PR 198/76, pp. 246-258 (matar para llvrar o enfermo ?).
PR 198/76, pp. 669-270 (obstinarle contra a morte ou humanizar a
morte ?).

Estéváo Berttenoourt O. S. B.

— 525 —
livros em estante
Para urna prlmelra lellura da Biblia, por E. Charpentler. TradugSo do
francés pelo Pe. José Raimundo Vldlgal. ColecSo "Cadernos Bíblicos" n? 1.
— Ed. Paulinas, SSo Paulo 1980, 158 x 230 mm, 100 pp.

Este llvro é realmente o que o titulo exprime: urna Introducfio á lei-


tura dos livros sagrados. Em llnguagem de fácil compreensfio, Ilustrada por
comparacSes e Imagans diversas, o autor val apontando ao leltor os grandes
recursos necessários para o feliz entendimento do texto bíblico. Charpentler
aprésenla a mentalidade semita, a nocSo de géneros literarios, a historia da
formacüo dos livros bíblicos, tabelas cronológicas..., de tal manelra que
os "segredos" da literatura bíblica se vfio revelando. Ao flm de cada capí-
tuto, o leltor encentra a IndlcacSo de passagens bíblicas setetas, que cons-
tltuem valiosa antología. Digna de especial mencao é a planllha posta entre
as pp. 48 e 49, que vem a ser a slntese do livro intelro de Charpentler.

Registramos com prazer que, embora o livro tenha sido redlgido origi
nariamente em francés, o tradutor sabiamente substituiu os exemplos tirados
da cultura francesa por outros da cultura brasllelra. A obra merece ampia
dlfusfio.

De acordó com as Escrituras, por P. M. Beaude. TraducSo do francés


pelo Pe. José Raimundo Vldigal. ColecSo "Cadernos Bíblicos" n? 2 — Ed
Paulinas, Sao Paulo 1980, 158 x 230 mm, 77 pp. "

Este volume se concentra nos escritos do Novo Testamento, derrtre


os quais os Evangelhos sfio mais longamente considerados. Procura mostrar
como, a partir do fato da ressurrelcSo de Jesús, a pregacfio crista se foi
desencadeando, de modo a suscitar paulatinamente os escritos dos Apos
tólos, que sSo o eco dessa pregacSo oral; tais escritos contém constantes
alusSes. de caráter explícito ou Implícito, aos livros do Antlgo Testamento,
mostrando que as promessas feitas outrora aos País se cumpriram em Cristo;
dal o titulo do livro "De acordó com as Escrituras". Tal enfoque é válido;
contribuí para por em relevo a teología bíblica, que, em última análise, ó
o principal objetivo de todo leitor da S. Escritura.

O llvro é recomendável nao so aos que Inlclam seus estudos bíblicos,


mas também aos que já se familiarizaran) com estes.

A colecfio em foco constará de 29 volumes, relativos a temas bíblicos


atuais, tendo em vista o grande público, para o qual tenta "traduzir em
mlúdos" as grandes conquistas da exegese sadiamente erudita.

Como viver a nexualldade, por Freí Ovidio Zanlnl. — Secretariado


Arquldlocesano de Pastoral Vocaclonal, Pouso Alegre 1980, 157 x 210 mm,
67 pp.

O autor tenclona orientar os fovens a respelto do delicado assunto do


sexo. Distingue entre sexualldade, genltalidade e genltallsmo; afirma que
todo ser humano está marcado pelo sexo (masculinldade ou femlnilldade)
— o que nSo Implica necessarlamente a genltalidade ou a cópula sexual;
esta, ñas circunstancias devldas, pode ser santa. Ao contrario, o genlta
llsmo é o abuso das funcñes genitals, Identificado com prostituicSo e Ilber-
tlnlsmo. O estilo do autor é franco e realista.

— 526 —
LIVROS EM ESTANTE 43

Encontram-se em tal livro páginas multo proveltosas, porque contri-


buem para dlssipar concepcGes erróneas ou tabus relativos ao sexo. To-
davia é posslvel que o autor tenha Ido um pouco longe, como se poderá
depreender das observacfies abalxo :

1) Tem-se a ImpressSo de que, no llvro, a concupiscencia, Inata em


todo ser humano, nao é devldamente levada em conta. O homem nao ó
urna criatura por si harmonlosa, todavía deteriorada por preconceltos do
educacfio ou de vida social; na verdade, as palxdes sfio congénltas e podem
ser excitadas por um tipo de comportamento Imprudente e Irrefletldo; dal
a sabia recomendacfio de cautela quando se trata de conduta sexual.
Cf. pp. 41 s, onde se desolarla urna visfio mals prudencial.

2) O otimlsmo do autor em relacfio a natureza humana transparece


em páginas diversas do livro: p. 20 ("por que nfio dar aos meninos a
chance de lavar o corpo de suas Irmfizlnhas?"), pp. 23-27 (a contemplacfio
do corpo humano nu), p. 31 (a experiencia de Barbarella e do reí ó am
bigua) ...

3) Pediríamos ao autor que explique melhor a sua poslcfio antropo


lógica : no homem exlstem duas realidades distintas — corpo e alma, ou
materia e espirito? Ou se trata apenas de dols nomes de urna realidade
única? Se o espirito n&o se distingue realmente da materia, é Inevitável
calrmos fio materialismo. A dlstlncfio entre espirito e materia está longe de
significar dualismo ou manlquelsmo. O dualismo só ocorre quando se admite
antagonismo ou oposicfio entre corpo e alma ou entre materia e espirito.
Quem admite que materia e espirito sfio realmente distintos um do outro,
mas nfio se opCem mutuamente no plano ontológlco, ao contrario se com
plementan) em sfntese harmonlosa, nfio professa dualismo nem manlquelsmo,
mas, slm, dualldade. A dualldade é freqüente na natureza; vem a ser um
panhor de harmonía; asslm o masculino e o femlnlno constltuem verda-
deira dualidade (que ó preciso afirmar), nfio, porém, dualismo.

Sfio estes alguns poucos tópicos que, no momento, Importa apontar


no livro em foco. Voltaremos ao assunto em ulterior artigo de PR. Oremos
que tal escrito merece revisfio, pois, apesar do que tem de válido, sugere
urna mentalidade um tanto irreal e um enfoque Incompleto do que seja a
natureza humana.

Os Padres da Igreja, por A. Hamman. Traducfio de Ir. Isabel Fontes


Leal Ferrelra. — Ed. Paulinas, Sfio Paulo 1980, 158 x 230 mm, 290 pp.

Chamam-se "Padres da Igreja" os escritores crlstfios (blspos, presbí


teros, diáconos ou lelgos) que contribulram para a reta transmissfio e for-
mulacfio das verdades da fé nos prlmelros sáculos, quando era necessárlo
distinguir nítidamente, de hereslas diversas entfio oriundas, a mensagem
revelada por Cristo. Sfio ditos "País" porque, por seu amor a verdade, cwv
tribuiram para gerar a genuino vida ñas subsequentes geracfies de crlstfios.
A época patrística, segundo bons historiadores, se encerra no Ocldente com
S. Gregorio Magno (t 604) e no Oriente com Sfio Jofio Damasceno
(t 749). A. Hamman, na obra que recenseamos, llmlta-se aos cinco ptlmel-
ros sáculos — o que bem se entende, pols nos dote ou tres séculos subse
quentes val escasseando o número de escritores Ilustres.

— 527 —
44 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS> 252/1980

O autor teve em mira oferecer um fiel perfil biográfico de cada


escritor anallsado, sltuando-o claramente em seu contexto histórico. É na
moldura deste que sao citadas e brevemente anallsadas as obras de cada
Padre da Igreja, obras das quals Hamman extrai e publica, em traducao
portuguesa, alguns trechos mais característicos. O livro ó ilustrado por
mapas geográficos, quadros cronológicos e, no flm, um Léxico dos princi
páis escritores ciistáos da antlgüidade (Léxico que aprésenla em poucas
Hnhas 03 autores dos cinco prlmelros séculos nao estudados no corpo
do livro).

A obra de A. Hamman é de alto valor. Apenas sentimos falta de urna


anállse mals minuciosa e precisa de cada um dos principáis escritos pa-
trtstlcos. Hamman, no caso, é mals historiador do que cronista e critico
literario.

Serla oportuno que o público crlst&o se aprofundasse no estudo dos


Padres da Igreja. A obra destes constituí um dos mais puros mananciais
da doutrina crlstB; "todas as vezes que no Ocidente floresceu alguma reno
vacáo tanto na ordem do pensamento como na ordem da vida..., tal reno-
vacáo surglu sob o signo dos Padres" (Henrl de Lubac). O retorno aos
Padres é Inseparável do retorno ás S. Escrituras e á Liturgia; o pensamento
patrlstico revltallza sadiamente a mentalldade dos crlst&os, pols está Impreg
nado de profunda teología.

Antología dos Santos Padres, por Cirilo Folch Gomes. — Ed. Paulinas,
S&O Paulo 1980, 158 x 230 mm, 457 pp.

Este livro complementa o de Hamman, apresentando ao leitor um


rico florilegio de textos patrlsticos, que váo desde Sao Clemente de Roma
(t c. de 102) até Sao Jofio Damasceno (f 749). iA varledade de temas
abordados é grande, de modo que o livro se torna útil nao somente ao
estudo da Teología, ma3 também ao cultivo da esplrltualldade. O homem
moderno lucrará pelo contato com fontes de estilo e perspectiva diversos
dos que caracterizan) as obras modernas. Nao pode haver auténtico tra-
balho teológico sem reflexfio sobre os textos da Igreja antiga.

Congratulamo-nos com o autor desta Antología, que já sai na sua


segunda edicSo, revista e aumentada.

E. B.

— 528
ÍNDICE 1980

ERGUNTE
e

esponderemos
ÍNDICE 1980

(Os números á direita indicam respectivamente íaseleulo, ano de


edicüo e página)

* ABORTO: em voga- no mundo 244/1930, p. 168.


ABSOLVICAO COLETIVA : documentos da San
ta Sé 245/1980, p. 204;
242/1980, p. 56.
AMBIENTE RELIGIOSO E CIENTÍFICO
DOS SÉCULOS XVI/XVII 250/1980, p. 421.
AMOR CONGUGAL EM TEATRO 251/1980, p. 479.
ANALGÉSICOS E EUTANASIA 252/1980, p. 253.
ANGOLA — situacao atual 247/1980, p. 292.
ANIMÁIS FALAM? 247/1980, p. 275.
ANO INTERNACIONAL DA CRIANQA: balanco 244/1980, p. 168.

BANQUETE DA VIDA 252/1980, p. 512.


BATISMO — acordó entre católicos, luteranos
c anglicanos 241/1980, p. 3
DE CRIANCAS. conveniencia ou nao.. 248/1980, p. 322.
BEATIFICACAO E CANONIZACAO: que sao?.. 249/1980, p. 355.
BEBÉ DE PROVETA: tópicos de crónica 244/1980, p. 172.
BENTO, SAO — homem de Deus 247/1980, p. 267.
BESTA DO APOCALIPSE: número 666 251/1980, p. 4G9
«BIG BANG» E EXISTENCIA DE DEUS 244/1980, p. 152.
BISPOS DO BRASIL E JOAO PAULO II 251/1980, p. 450;
DA HOLANDA E JOAO PAULO II .... 245/1980, p. 183.
BISSEXUALIDADE DO INDIVIDUO HUMANO . 245/1980, p. ¡¿14
BOFF, L.: «JESÚS CRISTO LIBERTADOR» .... 246/1980, p. 242;
249/1980, p. 365.
BUÑUEL, LUÍS: «NAZARIN» 250/1980, p. 434.

CAMPONESES: Joao Paulo II aos 250/1980, p. 429.


CANONIZACÁO E BEATIFICACAO 249/1980, p. 355.
CASAL E PLANEJAMENTO FAMILIAR: inde-
vassabilidade 252/1980, p. 503.
CASAMENTO RELIGIOSO DE CRISTAOS INDI
FERENTES 248/1980, p. 322.
«CASSACAO» DOS SANTOS 249/1980, p. 363.
cCATECHESI TRADENDAE» — Exortacáo Apos
tólica de Joao Paulo H 246/1980, p. 22 .
CATEQUESE E JOAO PAULO II 246/1980, p. 223
CATÓLICOS DE ESQUERDA 249/1980, p. 39:.
CELIBATO E MATRIMONIO: dispensa da Igreja 243/1980, p. 125;
CELIBATO: por qué? 243/1980, p. 126.

— 530 —
ÍNDICE DE 1980 47

CENTENARIO (XV) DE SAO BENTO 247/1980, p. 267.


CEREBRO — transplante 249/1980, p. 47.
CHICO XAVIER: análise do fenómeno 248/1980, p. 316
CHINA: Situacáo religiosa 249/1980, p. 375.
244/1980, p. 152;
CIENCIA CONTEMPORÁNEA E EXISTENCIA
DE DEUS 251/1980, p. 443.
CNBB: discurso do Papa á 251/1980, p. 451;
E DOCUMENTO DE PUEBLA 243/1980, p. 119.
«COMO SE FAZ UM PAPA» — livro Andrew
M. Greeley 248/1980, p. 346.
COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE: dis
curso do Papa 251/1980, p. 461.
COMUNISMO E CATOLICISMO NA CHINA .. 249/1980, p. 375-
NA ROSSIA . 241/1980, p. 19;
NO BRASIL .. 242/1980, p. 71.
CONCLAVES DE CARDEAIS E JORNALISMO 248/1980, p. 346.
CONFISSAO DE PECADOS ABSOLVIDOS:
por qué? 242/1980, p. 56;
ou ABSOLVICAO COLETIVA .... 245/1980, p. 204.
CRIANCA — suas carénelas hoje 244/1980, p. 166.
CRIANCAS — Batismo de 248/1980, p. 322.
CRIATIVIDADE NA CELEBRACAO EUCA-
RÍSTICA 246/1980, p. 260.
CRISTO DAFÉE CRISTO DA HISTORIA 246/1980, p. 242.
CUERNAVACA E PSICANAUSE 248/1980, p. 334
CULTO DA S. EUCARISTÍA: Carta de Joño
Paulo II 246/1980, p. 252;
DOS SANTOS: significado 249/1980, p. 356.
CURANDEIRISMO: o poder da sugestao 244/1980, p. 140.

«DEUS ESTA DE VOLTA> no pensamento mo


derno 244/1980, p. 118.
DEUS NA CIENCIA CONTEMPORÁNEA 251/1980, p. 443
D'HERBIGNY, MICHEL NA RÚSSIA (1925-1937) 242/1980, p. 82.
DIVORCIO: o NAO da Igreja ., 243/1980, p. 126
DOCUMENTO DE PUEBLA: debates no Brasil 243/1980, p. 119.
DOCUMENTO DA SANTA SÉ SOBRE O SACRA
MENTO DA PENITENCIA 242/1980, p. 66.
DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA E MARXISMO 250/1980, p. 400.

ECLESIALIDADE DAS COMUNIDADES DE


BASE 251/1980, p. 461.
ELEICAO PAPAL E JORNALISMO 248/1980, p. 346.
ESQUERDA CATÓLICA 249/1980, p. 393.
ÉTICA SEXUAL: homossexualismo 345/1980, p. 219
EUCARISTÍA: carta de Joáo Paulo II 246/1980, p. 252;
E ECUMENISMO 246/1980, p. 261-
EUTANASIA — dedaracao da Santa Sé 252/1980, p. 515.
EVANGELIZACAO e CNBB 252/1980, p. 452.

— 531 —
48 ÍNDICE DE 1980

EVANGELHO E COMUNISMO 242/1980, p. 72.


EXAME DE LIVROS NA IGREJA 243/1980, p. 92
EXPLOSAO DEMOGRÁFICA E PATERNIDADE
RESPONSAVEL 252/1980, p. 500.

FALA DOS ANIMÁIS: Sim ou nüo? 247/1980, p. 275.


FÉ E CATEQUESE 246/1980, p. 237;
FENÓMENOS MEDIONICOS 243/1980, p. 311.
251/1980, p. 459;
FILOSOFÍA CRISTA: ICONGRESSO MUNDIAL 242/1980, p. 86.
<FORA DE CAMPO» — livro de Raniero La Valle 249/1980, p. 393.
FORMOSA (TAIWAN): Situacáo religiosa .... 249/1980, p. 139

GALILEO GALILEI E JOAO PAULO II 244/1980, p. 156.


250/1980, p. 420
GOVERNO COMUNISTA E CATOLICISMO
NA CHINA 249/1980, p. 379;
NA RÚSSIA 241/1980, p. 19.
GRAFITOS E TÚMULO DE SAO PEDRO 25V198Ü, p. 490.
GREELEY, A.: «Como se laz um Papa» 248/1980, p. 346.

HAERING B: «LIVRES E FIÉIS EM CRISTO» 241/1980. p. 8.


HANS HÜNG E ROMA 243/1930, p. 97.
HISTORIA COMO LUGAR TEOLÓGICO 250/1980, p. ál2
HOLANDA: Sínodo dos Bispos 245/1980, p. 186 -
«HOMEM (O) MORRE» .' 244/1980, p. 1%
HOMEM RUSSO — aspiracdes e interrogacCes .. 241/1980, p. 19
«HOMOSSEXUAIS, OS» — livro de Marc Daniel e
André Baudiy 245/1980, p. 209.
HOMOSSEXUALJSMO: Análise e juizo 245/1980, p. 216

IGREJA E COMUNISMO ALIADOS 242/1980, p. 71;


DEPÓSITO DA FÉ 243/1980, p. 02;
GOVERNO NA CHINA 249/1980, p. 381;
EM PROL DOS PEQUEÑOS 242/1980. p. 77;
NA HOLANDA ANTES DO SÍNODO
DE 80 241/1980, p. 42.
«IGREJAS POPULARES PROGRESSISTAS» ... 249/1980, p. 382
ILUSIONISMO: fundamento psicológico 244/1980, p. 144.
INCONSCIENTE E FENÓMENOS MEDIONICOS 248/1980, p. 311
INDISSOLUBILIDADE DO CASAMENTO 243/1980, p. 126.
INFALIBILIDADE PAPAL: como? quando 250/1980, p. 416.
INSTITUICAO DA S. EUCARISTÍA POR CRISTO 243/1980, p. 116

_ 532 —
ÍNDICE DE 1980

«JESUÍTA, O» — romance de John Gallahue .. 242/1980, p. 11.


«JESÚS CRISTO LIBERTADOR» — LJvro de
Freí Leonardo Boff 246/1980, p. 242;
249/1980, p. 365.
JESÚS CRISTO: pontos debatidos por Schil-
lebeeckx 247/1980, p. 301.
JÓ E C. G. JUNG 247/1980, p. 301.
JOAO PAULO II, GALILEU E A ENFABILIDADE
PAPAL 250/1980, p. 416;
AOS CAMPONESES 250/1980, p. 429
AOS BISPOS DO BRASIL 251/1980, p. 450:
AS CEB 251/1980, p. 461
JOAO XXIII e MACONARIA 241/1980, p. 39
JUNG E A RELIGIAO 247/1980, p. 303.

KÜNG, HANS, E ROMA 243/1980, p. 97.

LA VALLE, RANIERO: «FORA DE CAMPO> .. 249/1980, p. 393.


LEGISLACAO SOBRE MATERIA AGRARIA ... 250/1980, p. 430.
LEÍ NATURAL E PE. HAERING 241/1980, p. 17.
— explicacáo 252/1980, p. 506.
LEIGOS NA IGREJA DA HOLANDA 245/1980, p. 195.
LEMERCIER, GREGORIO, E CUERNAVACA .. 248/1980, p. 334.
LENIN E DOUTRINACAO COMUNISTA 241/1980, p. 27.
LEROY, M. — V. E «JESÚS CRISTO LIBER
TADOR 246/1980, p. 242.
LIBERTACAO, TEOLOGÍA DA 250/1980, p. 400
LITURGIA E CARTA DE JOAO PAULO H 246/1980, p. 252.
«LIVRES E FIÉIS EM CRISTO» — livro de Ber-
nhard Haering 241/1980, p. 8.
LTVROS SUSPEITOS E CENSURA ECLESIAS- M9Mm „
TICA 243/1980, p. »4.
«LOJA (A) DO OURIVES» — peca teatral de
Károl Wojtyla 251/1980, p. 479,

MACONS E JOAO XXIH 241/1980, p. 39.


MAGISTERIO DA IGREJA E TEOLOGÍA .... 243/1980, p. 132.
MAL E PROVIDENCIA DIVINA 247/1980, p. 304.

MARXISMO E CRISTIANISMO 250<1§fS' p* 422:


TEOLOGÍA 250/1980, p. 400;
EM NOSSOS DÍAS: diversificado .. 250/1980, p. 402;
— LENINISMO EM ANGOLA 247/1980, p. 296;

— 533 —
50 ÍNDICE DE 1980

MATRIMONIO INDISSOLOVEL: quando? 243/1980, p. 127,


MEDICINA E SUGESTAO 244/1980, p. 140.
MÉTODO DA HISTORIA DAS FORMAS 246/1980, p. 243.
MINISTERIO EUCAR1STICO NA VIDA DA
IGREJA E DO SACERDOTE 246/1980, p. 253.
MONAQUISMO HOJE: QUE SIGNIFICA? .... 247/1980, p. 270.
MORAL CRISTA — utópica ou exeqüível? .... 252/1980, p. 513.
MORTE DO HOMEM NA FILOSOFÍA MODERNA 244/1980, p. 150

<NAZARIN» — filme de Luis Bufiuel 250/1980, p. 434


NUDEZ: aspecto moral 244/1980, p. 161.
NÚMERO DA BESTA (Ap 13,18) 251/1980, p. 463

OPCAO FUNDAMENTAL E PECADO 24171980, p. 11.


PREFERENCIAL PELOS POBRES: que
significa? 247/1980, p. ¡M2
«ORACÁO AOS MACONS»: análise 241/1980, p. 39.
OTIMISMO: poder e influencia 244/1980, p. 143,

PADRE RETRATADO EM «NAZARIN» DE


BUÑUEL 250/1980, p. 434.
PANSEXUALISMO DE FREUD 244/1980, p. 156.
PAPA: eleicao de 248/1980, p. 346.
PARAPSICOLOGÍA E FENÓMENOS MEDIONI-
COS 248/1980, p. 311.
PECADO E OPCAO FUNDAMENTAL 241/1980, p. 11.
242/1980, c. 56.
PENITENCIA SACRAMENTAL: necessidade ... 245/1980, p. 204.
PENSAMENTO: que é? 242/1980, p. 505.
P1LULA ANTICONCEPCIONAL: efeitos 252/1980, p. 505.
«PLACEBO»: falso remedio 244/1980, p. 141.
PLANEJAMENTO FAMILIAR E ESTADO 252/1980, p. 501.
POBRES: quem sao segundo Puebla? 247/1980, p. 285.
POBREZA E RIQUEZA INTERIORES 250/1980, p. 431.
PODER DA SUGESTAO E SOFROLOGIA 244/1980, p. 135;
DO OTIMISMO 244/1980, p. 143.
PRÉ-EXISTÉNCIA DE CRISTO NA TEOLOGÍA
CONTEMPORÁNEA 243/1980. p. 113.
PRESTES, Luis Carlos e Igreja 242/1980, p. 71.
PEDRO: Sepultura e reliquias 252/1980, p. 487.
PROCESSO DE GALILEU 250/1980, p. 422.
cPSICANALISE E RELIGIAO>, de Gregorio
Lemercier 248/1980, p. 334.
PSICOFONIA: como se explica 248/1980, p. 311.
PSICOGRAFIA: como se explica? 248/1980, p. 311.
PSICOLOGÍA ANALÍTICA DE C. G. JUNG .... 247/1980, p. 302.
PUEBLA: debates sobre Documento Final 243/1980, p. 119.

— 534 —
ÍNDICE DE 1980 51

RECONCIUACAO E PSICANÁLISE 248/1980, p. 334


RELIQUIAS DE SAO PEDRO 252/1980, p. 493.
RENASCIMENTO RELIGIOSO EM NOSSOSDIAS 244/1980, p. 160
«RESPOSTA A Jó» — livro de Cari Gustav Jung 247/1980, p. 301
RESSURGIMENTO RELIGIOSO NA CHINA .. 249/1980, p. 375.
RESSURREICAO DE JESÚS — realidade objetiva 243/1980, p. 117
RUSSOS EFÉEM DEUS 241/1980, p. 19

SACRALJDADE DA EUCARISTÍA 246/1980, p. 255.


SACRAMENTO DA CONFISSAO: HISTORIA . 242/198, p. 60;
SALVACAO SÓCIO-ECONÓMICA E SALVACAO
CRISTA 250/1980, p. 414.
SANTOS: culto dos (por qué?) 249/1980, p. 356
SCHILLEBEECKX, E.: questoes debatidas 243/1980, p. 105.
666: número da Besta (Ap 13,18) 25V1980, p. 469.
SEPULTURA DE SAO PEDRO 252/1980, p. 487.
SER VIVO: elementos característicos 251/1980, p. 444
SESBOÜÉ, B. E «JESÚS CRISTO LIBER
TADOR D 249/1980, p. 366.
SÍNODO DE BISPOS: que é? 245/1980, p. 184;
cPARTICULAR» DOS BISPOS HOLAN
DESES 245/1980, p. 183.
SOFROLOGIA: que é? 244/1980, p. 145.
SOLIDARIEDADE ÑAS COMUNIDADES ECLE-
SIAIS DE BASE 251/1980, p. 468
SUGESTAO E PUBLICIDADE 244/1980, p. 138.

TAIWAN: Situa?áo religiosa 249/1980, p. 389


TEOLOGÍA: que é? 250/1980, p. 400.
DA LIBERTACAO: que é? 250/1980, p. 400.
TEÓLOGOS: funcao na Igreja 249/1980, p. 373;
EM EXAME 243/1980, p. 91.
TERAPIA DE COMBATE A MORTE 252/1980, p. 520
TÉRRA — dom de Deus 250/1980, p. 430.
«TOPLESS>: avaliacSo moral 244/1980, p. 161.
TOTALIDADE: teoría da 252/1980, p. 509
TRANSPLANTE DE CEREBRO 242/1980, p. 47 .

VALOR DA VIDA HUMANA 252/1980, p. 516.


VIDA — explicacáo mecanicista 251/1980, p. 447;
VEGETATIVA, SENSITIVA, INTE
LECTIVA 242/1980, p. 48.
VOLTA DE DEUS 244/1980, p. 151.

— 535 —
52 ÍNDICE DE 1980

EDITORIAIS

A IGREJA E O ABORTO 245/1980, p. 177.


AÍNDA ECOS DA VINDA DO PAPA 250/1980, p. 397.
COM NOVO ANIMO 241/1980, p. 1.
FIDEUDADE A FÉ 242/1980, p. 45.
«JOAO PAULO É REÍ... REÍ... REÍ» 248/1980, p. 309.
NATAL E FAMÍLIA HUMANA 252/1980, p. 485.
O PAPA NO BRASIL 246/1980, p. 221.
OPCÁO SUPOE CONHECIMENTO 249/1980, p. 353.
O SANTUARIO DA FAMILIA 251/1980, g. 441.
«TU NOS FIZESTE PARA TI» 247/1980, p. 265.
UM GRANDE VAZIO E SUA RESPOSTA 243/1980, 89.
VIOLENCIA SOBRE O FUNDO DE PASCOA .. 244/1980, p. 133.

LIVROS APRECIADOS

ABIB, Joñas, SDB — A BIBLIA FOI ESCRITA


PARA VOCÉ 246/1980,3* capa
BALTHASAR, Von e outros — Ó CULTO A
MARÍA 247/1980, p. 307.
BATTISTINI, Freí — ENCONTROS QUE
MARCAM 243/1980,3" capa.
— A IGREJA DO DEUS VIVO. Curso Bíblico
sobre a verdadeira Igreja 243/1980,3' capa.
BEAUDE, Pierre — Marie — DE ACORDÓ COM
AS ESCRITURAS 252/1980, p. 526.
BRIGHT, John — HISTORIA DE ISRAEL 242/1980,3' capa
CESCA, Olivio — ITINERARIO DA ENCAR-
NACAO 245/1980,3' capa
CHARPENTIER, ETIENNE — PARA UMA PRI-
MEIRA LEITURA DA BIBLIA 252/1980, p. 526.
CONCILIUM/129 — ESPIR1TUALIDADE — OS
CARISMAS: FÉ SEM ESTRUTURA 246/1980, p. 263.
CRISÓSTOMO, S. Joáo — O SACERDOCIO 243/1980, p. 132.
DATTLER, F. — A CARTA AOS HEBREUS ... 247/1980, p. 308.
FINCKLER, Pedro - QUANDO O HOMEM REZA 246/1980,3* caüa
GALOT, J — PORTADORES DO SOPRO NO
ESPIRITO 246/1980, p. 263
GOMES, C. FOCH, ANTOLOGÍA DOS SANTOS
PADRES 252/1980, p. 528.
HAMMAN, A. — OS PADRES DA IGREJA .... 252/1980, p. 528.
INSTITUTO DIOCESANO DE SUPERIOR DE
WÜRBURG — TEOLOGÍA PARA O CRIS-
TÁO DE HOJE. Vol. 9. SALVACÁO E
REDENCAO 251/1980,3' capa
LAPPLE, Alfred — A BIBLIA HOJE. Documen-
tacáo de historia, geografía, arqueología .. 246/1980, p. 264
— BIBLIA, INTERPRETACAO ATUALIZA-
DA E CATEQUÉSE. Vols. 1 e 2 — ANTIGO
TESTAMENTO. Vols. 3 e4 — Novo TES
TAMENTO 250/1980,3* capa

— 536 —
LEB — BIBLIA, MENSAGEM DE DEUS: NOVO
TESTAMENTO 244/1980, p. 175
LEPARGNEUR, Hubert — TEOLOGÍA DA LI-
BERTACAO 244/1980, p. 175.
MACNUT, Francis, OP. — O PODER DE CURAR 248/1980,4* capa
MERMET, Roy — A FÉ EXPLICADA AOS
JOVENS E ADULTOS. Vol. I — FÉ 245/1980, 4' capa
Vol. II — OS SA
CRAMENTOS ... 249/1980,3* caüa.
MOHANA, Joáo — JESÚS CRISTO RADIOGRA-
FADO 248/1980, p. 352.
MONDIN, Batista — ANTROPOLOGÍA TEOLÓ
GICA. HISTORIA, PROBLEMAS, PERSPEC
TIVAS 247/1980, p. 30G.
— OS TEÓLOGOS DA LIBERTACAO .. 250/1980, p. 440.
MONLOUBOU, Louis e BOUYSSON, Domina
que. — ENCONTRÓ COM A BIBLIA. Vol. I:
ANTIGO TESTAMENTO. Vol. II NOVO
TESTAMENTO 250/1980, p. 440.
PAIVA, R. — O CONCILIO, MEDELLIN,
PUEBLA E A EDUCACAO 251/1980,3» capa
PARENTEAU-CARREU, Suzanne — AMOR
DO4NDO VIDA. FECUNDIDADE E CON
TROLE DA NATALIDADE 242/1980,3' capa .
PAULA, Rubén Descartes de García — RELI-
GIAO, UMA CRIACAO DA HUMANIDADE.
GÉNESE, EVOLUCAO , CONFLITOS, PERS
PECTIVAS 243/1980,3- capa
PEDRINI, Alirio J. — ORACAO DE AMORI
ZACAO A CURA DO CORACAO 248/1980,4« capa .
PESTAÑA ' FILHO, D. Manoel — IGREJA
DOMÉSTICA 248/1980,3» capa.
PIAZZA, Waldomiro O. — O POVO DE DEUS NA
SUA HISTORIA, LITERATURA, MENSAGEM
RELIGIOSA 245/1980,4* capa
ROUET, Albert — MARÍA E A VIDA CRISTA.. 248/1980.3« capa.
RUIZ, José María González — O EVANGELHO
DE PAULO 246/1980, p. 264.
SANTOS, Luiz Pereira dos — CATEQUESE
ONTEM E HOJE 242/1980,3* capa .
SCHARBERT, Joseí — INTRODUCAO A SA-
GRADA ESCRITURA 249/1980, p. 396
SCIADINI, P. — EM BUSCA DO MESMO DEUS.
Textos para- reílexáo e oracáo selocionados da
sabedona universal 247/1980,3« capa.
SILVEIRA, Ildefonso. A VIDA DOS SANTOS NA ,„„„„ .
LITURGIA 242/1930,4* capa.
VIANNA, José Ribeiro — DISCIPLINA ECLE
SIÁSTICA A RESPEITO DO HABITO TALAR 242/1980,3* capa.
VIDAL, Marciano - MORAL DE ATITUDES.
Vol 2. ÉTICA DA PESSOA 24V1930,3»capa.
WILKE J C e Sra — O ABORTO 247/1980, p. 308
ZAMITH, J. e CASTANHEIRA, M. — A PAZ NO
MEU CAMINHO. Vida de Sao Bento narrada „„,,,„. ,..„
para o homem de hoje 243/1980, p. 142
ZANINI, Ovidio - COMO VIVER A SE-
SUALIDADE ••• 252/1930, p. 527 .
ZILLES, Urbano - ESPERANCA PARA ALÉM
DA MORTE 241/1980, p. 44
AOS NOSSOS LEITORES
COM ESTE NÚMERO CONCLUIMOS MAIS UM ANO DE
EXISTENCIA DE PR, SUSTENTADOS PELA PROVIDENCIA
DIVINA. TODOS SABEM QUANTO É DIFÍCIL MANTER UMA
REVISTA ÉM NOSSOS DÍAS, QUANDO OS PREQOS SOBEM
INCESSANTEMENTE E TODO ORCAMENTO SE ARRISCA A
SER ULTRAPASSADO.

CREÍMOS NO VALOR DO ESTUDO DAS QUESTÓES MO


DERNAS A LUZ DA FÉ E DO PENSAMENTO CRISTÁO. POR
ISTO CONTINUAREMOS... COM A GRACA DE DEUS. TO
DAVÍA MAIS DO QUE NUNCA PR NECESSITA DA COLABO-
RACÁO DE SEUS LEITORES E AMIGOS, AOS QUAIS PEDE

1) QUEIRAM DIFUNDIR A REVISTA, AMPLIANDO O


SEU CIRCULO DE ASSINANTES. SUGERIMOS UMA ASSINA-
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ANUAL DE PR. OS LEITORES COMPREENDERÁO A RAZAO
DE SER DESTA DIFERENSA ; DESTINA-SE TAO SOMENTE
A COBRIR AS DESPESAS DE PR COM PAPEL, MÁO DE
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GOS, SUBSCREVEMO-NOS ATENCIOSAMENTE.

A DIRECAO DE PR

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