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Projeto

PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS
ON-LINE

Apostolado Veritatis Spiendor


com autorizagáo de
Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb
(in memoriam)
APRESENTAQÁO
DA EDIpÁO ON-LINE
Diz Sao Pedro que devemos
estar preparados para dar a razáo da
nossa esperanca a todo aquele que no-la
pedir (1 Pedro 3,15).

Esta necessidade de darmos


conta da nossa esperanca e da nossa fé
hoje é mais premente do que outrora,
visto que somos bombardeados por
numerosas correntes filosóficas e
religiosas contrarias á fé católica. Somos
assim incitados a procurar consolidar
nossa crenca católica mediante um
aprofundamento do nosso estudo.

Eis o que neste site Pergunte e


Responderemos propde aos seus leitores:
aborda questóes da atualidade
controvertidas, elucidando-as do ponto de
vista cristáo a fim de que as dúvidas se
dissipem e a vivencia católica se fortaleca
no Brasil e no mundo. Queira Deus
abengoar este trabalho assim como a
equipe de Veritatis Splendor que se
encarrega do respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.

Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e


passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e
Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicacáo.

A d. Esteváo Bettencourt agradecemos a confiaca


depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e
zelo pastoral assim demonstrados.
V)

SUMARIO

"Ao menino Req^m-Nascido... Dai Acolhida"

UJ "Sacramento" na Perspectiva dos Antigos


•O
O Quinto Centenario da Descoberta

OI "Durante Dezesseis anos fui Testemunha de Jeová"


a "Quem Pode ser Participante da Refeicao Noturna do Senhor?"

A Projeciologia

Boris Yeltsin e a Religiao


s
Ui
Medjugorje: Urna Declarapao Oficial
m
O •
oc
Q.

OEZEMBRO 1991 355


ANO XXXII
fthiUUIMIt E RESPONDEREMOS
Publícagáo mensal DEZEMBRO - 1991
N9 355

Oiretor-Responsá vel:
SUMARIO
Estévao Bettencourt OSB
Autor e Redator de toda a materia
publicada neste periódico
Ao menino Recém-Nascido...
Dai Acó I h ida 529
Diretor-Administrador:
D. Hildebrando P. Martins OSB A historia de um vocábulo:
"Sacramento" na Perspectiva dos
Administrado e distribuido: Antigos 530

Edicoes Lumen Christi Na América:


Dom Gerardo, 40 - 5? andar, s/501 O Quinto Centenario da Descoberta . . 543
Tel.:(02i> 291-7122
Ken Guindon:
Caixa Postal 2666
Durante Dezesseis anos fui
20001 - Rio de Janeiro - RJ
Testemunha de Jeová 556
Os "Amigos de Jeová":
tmpfossAo e Encademac&o
Quem Pode ser Participante da
Refeicao Noturna do Senhor?" . . . 563
Nova "ciencia" nascida no Brasil:
A Projeciologia 567
• MARQUES-SARAIX'A''
GRÁFICOS £ EDITORES S A. Um depoimento significativo:
Tels 10211273-9498 - ¿?3-9447 Boris Yeltsin e a Religiao 574
Que dizer?
Medjugorje: Urna Declaracao Oficial . . 576

NO PRÓXIMO NÚMERO:

Os Grandes Inimigos do Catolicismo. - "Enquanto o Diabo Cochila" (D


Monte.ro de Lima). - A Igreja e a Escravatura. - Testemunhas de Jeová e
Liberdade Religiosa. - Canibalismo na Tradicao Bíblica? - Eubiose- que
é? - "Biblia: perguntas que o povo faz" (M. Strabeli).

COM APROVACAO ECLESIÁSTICA

ASSINATURA ANUAL (12 números): Cr$ 10.000.00 - Número avulso cu atrasado: Cr$ 1.000.00

Pagamento (á escolha)
1. VALE POSTAL á agencia central dos Córrelos do Rio de Janeiro em nome de
Ed.coes "Lumen Christi" Caixa Postal 2666 - 20001 - Rio de Janeiro - RJ
2. CHEQUE NOMINAL CRUZADO, a favor de Edicoes "Lumen Christi" (enderece ,
ácima).
3. ORDEM DE PAGAMENTO, no BANCO DO BRASIL, conta N? 31 304-1 em nome
do MOSTEIRO DE SAO BENTO. pagável na AGENCIA PRACA MAUÁ/RJ
n? 0435-9. (Enviar xeróx da guia de depósito á nossa administracao. para efeito de
identificacao do pagamento).
"AO MENINO RECÉM-NASCIDO... DAI ACÓ LHI DA"

(Virgilio, t 19753
No inicio da era crista, o Imperio Romano passava por urna fase con
turbada: os Imperadores Caligula (t 41) e Claudio (t 54) foram infelizes - o
que suscitava a expectativa de catástrofes: os homens falavam de chuva de
sangue, partos monstruosos, pestes, inundacoes, raios que espedacavam tem
plos da divindade. Em conseqüéncia, julgavam mu ¡tos que o mundo cami-
nhava para o seu fim.

Nao faltavam. porém, os que procuravam reerguer os ánimos. Os orá


culos das Sibilas (figuras mitológicas dos orientáis) propalavam a idéia de
que viria urna nova fase da historia: um menino nascido dé urna virgem
introduziria a era de Saturno ou de ouro. Estacrenca foi elegantemente for
mulada pelo poeta romano Virgilio (t 19 a.C.) em sua famosa quarta écloga:

"Eis que vém os últimos tempos marcados pelo oráculo de Cuméia:


A longa serie dos sáculos recomeca,
Eis que volta a virgem, volta o reino de Saturno,
Eis que desee do céu urna raca nova.
Ao menino recém-nascido, que eliminará a geracao de ferro,
E suscitará por todo o mundo urna geracao de oüro,
Dai acolhida..."

Com estas palavras, o poeta exprimía urna concepcao espontánea a to


do ser humano: a Divindade nao abandona os homens; o nascimento virginal
do menino é precisamente o sinal de que nao sao os homens que produzem a
salvacao, mas é de Deus que ela vem. A calamidade nao pode ser a última pa
lavra da historia, mas deve haver urna resposta.para os anseios do homem fei-
to para a Vida, a Verdade e o Amor.

Alias, os judeus de Alexandria (Egito}. nos séculos Ill/ll a.C, já ha-


viam professado a mesma crenca; ao traduzirem para o grego o texto hebrai
co de Is 7, 14, escreveram: "Eis que a virgem concebeu e dará á luz um filho
e por-lhe-á o noma de Emanuel". Emanuel — Deus conosco — é o nome do
Menino que, conforme Virgilio, devia nascer de urna virgem; é aquele que
celebramos no Natal.

O poeta parece ter escrito também para os nossos dias. A sociedade se


debate com problemas que a muitos tiram o ánimo. O cristáo, porém, sabe
que estes nao sao a palavra definitiva da historia. A Providencia do Pai, que
sorriu no primeiro Natal, sorri, mais urna vez, em 1991 ou no semblante do
MeninoDeus que nasce da SS. Virgem em Belém. Ele é a plena resposta aos
anseios do género humano; Ele veio trazer a Boa-Nova da salvacao, que é de
riqueza ¡nesgotável. Aqueles que a conhecem, compete dar testemunho con
creto e eficiente do Dom de Deus, fora do qual nao há esperance para o
mundo, como atesta a recente queda do marxismo ateu.
E.B.

529
Ano XXXII - N? 355 - Dezembro de 1991

A historia de um vocábulo:

"Sacramento" na Perspectiva
dos Antigos

Em sfntese: A S. Escritura revela o plano de salvacao descreyendo as


sitas etapas: no Antigo Testamento aparecem os primeiros sitiáis ou esquemas
de dádivas, que seriam mais ricas e densas no Novo Testamento e que estaráo
consumadas no Jim dos lempos. Mais precisamente pode-se dizer: o Éxodo ou a
salda de Israel cativo no Egito em demanda da Térra Prometida é figura de
acontecimentos que Jesús quis viver com mais intensidade (maná, serpente de
brome exaltada no deserto, cordeiro de Páscoa...); osfeitos salvíficos efetuados
por Jesús se desdobram na vida dos cristüos e se consumarño no Jim dos tem-
pos. - Ora¿acramentum - vocábulo que traduz o grego mystérion -éo ter
mo que os antigos escritores da Igreja utiltzavam para designar esses Jeitos-fi
guras ou esses sinais da salvacáo tais como sao apresentados no Antigo Testa
mento e como sao consumados no Novo Testamento.

* * •

É muito interessante e enriquecedor para a fé estudar o sentido de cer


tas palavras através dos tempos. Entre outras, está o vocábulo "sacramento"
(que traduz o grego mystérion), usual na Teología católica e portador de co-
notacoes muito significativas. Especialmente os escritores dos primeiros sé-
culos (também chamados "Padres da Igreja") exploraram a riqueza dos vocá-
bulos sacramentum e mystérion. - Eis por que se seguem algumas considera-
. coes, que poderao abrir os olhos do leitor para ampios e belos horizontes da
fé.

Visto que as Escrituras foram redigidas ñas li'nguas bíblicas, lembra-


mos que o termo grego equivalente a sacramento (sacramentum, em latim) é
mystérion. Este vocábulo, na traducáo dos LXX e em Teodociao (Theodo-

530
"SACRAMENTO" NA PERSPECTIVA DOS ANT1GOS 3

tion),1 equivale ao aramaico raz (plural razin, de origem persa). Quanto a


símbolo (s^mbolon), nao é palavra bíblica; pode-se-lhe aproximar o termo
semeíbn, que ocorre freqüentemen te ñas Escrituras.

A palavra semeibn pode ter o significado que habitualmente atribuí


mos ao nosso vocábulo sinal: seria aquilo que dá a conhecer outra coisa (ali-
quid pro aliquo); assim em Le 2, 12 (o sinal do Menino recém-nascido); em
Mt 26, 48 (o sinal do traidor Judas); em Mt 24, 3 (o sinal do advento do
Senhor)... Nao é, porém, este sentido ampio de sinal que nos interessará. Es-
tudaremos o sinal na medida em que é sacramento ou misterio, ou na medi
da em que é algo que revela discretamente o plano de Deus manifestado ao
longo das Escrituras Sagradas.

Dividiremos a nossa exposicao em duas partes: na primeira, abordare


mos o conceito de sacramento-símbolo ñas Escrituras em geral. Na segunda,
apresentaremos alguns exemplos concretos de sacramentos bíblicos na exe-
gese dos autores sagrados e dos Padres da Igreja.

1. Sacramento — símbolo ñas Escrituras em geral

0 Cristianismo se baseia no fato de que Deus falou aos homens...


Falou-lhes por palavras, mas também mediante acontecimentos. Tenhase
em vista a Constituicao "Dei Verbum" do Concilio do Vaticano II (n?14):

"Deus amannssimo, planejando e preparando com solicitude a salvagáo


de todo o género humano, por urna providencia especial escolheu um povo a
quem confiasse as suas promessas. De tal modo se revelou a esse povo como
único Deus verdadeiro e vivo, porpalavras e obras, que Israel pode reconhecer
por experiencia os planos de Deus sobre os homens."

As palavras e os feitos (verba et gesta) ácima referidos foram consigna


dos ñas Escrituras. Em conseqüéncia, esses feitos do Senhor se tornam, por
sua vez, letra portadora de ulterior mensagem, como observa sabiamente
Santo Agostinho (t 430):

t
LXX é a sigla que designa urna tradueño do Amigo Testamento hebraico para
o gregofeita em Alexandria (Egito) entre 250 e 100 a. C. A lenda diz que esse
texto se deve a 72 sabios; donde o neme de 'Tradufáo dos Setenta Intérpretes"
ou também "Traducáo Alexandrina". -
Teodocllo é o nome que designa outra traducáo grega do Antigo Testa
mento hebraico, devida a um pagáo convertido ao Judaismo em Éfeso (Turquía
de koje), de nome Teodocifio; trabalhou por votia de 190 a. C, masfez urna
vendo mediocre, porque nao conhecia suficientemente a Ifngua hebraica.

531
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

"As coisas estupendas e maravilhosas que o Senhor realizou, sao, ao


mesmo tempo, obras e palavras; obras, porque sao fotos, palavras, porque sao
sitiáis" (In lo tract. 24; cf. 44,1).

Sao Gregorio Magno (t 604), por sua vez, afirma: "0 nosso Salvador,
ás vezes, nos instrui com palavras, ás vezes com acóes. Pois as suas próprias
acoes sao ensinamentos, porque, ao fazer alguma coisa sem nada dizer. Ele
nos ensina o que devemos fazer" (hom. 17 in Ev. 1).

O seguinte gráfico reproduz os dois sentidos que possa ter a Biblia:


1) o literal, decorrente de palavras apenas; 2) o ti'pico, decorrente de pala
vras e feitos, coisas ou pessoas:

Sentido literal:

PALAVRA ■—> OBJETO

Sentido típico:

- PALAVRA2 > OBJETO2


PALAVRA1 —^OBJETO1 ^ . sentidotípto
sentido literal

É o tipo ou a sombra (skiá) que chamamos também sacramentum bí


blico.

Os criterios para reconhecermos a existencia de sentido ti'pico em de


terminado texto bíblico sao tres:

1) a própria Sagrada Escritura, ou seja, a interpretado que autores


bíblicos posteriores dao a passagens bíblicas anteriores: tal é o caso de
Rm 5, 14 (19 Adáo); Mt 12, 39s (sinal de Joñas); Jo 3, 14 (serpente de
bronze);

2) a tradicao da Igreja, da qual sao porta-vozes privilegiados os Padres


e escritores eclesiásticos antigos;

3) a Liturgia, pois, conforme reza um principio antigo, lex orandi lex


credendi (a norma do orar é a norma do crer).

É o que afirma o Santo Padre Pió XII na sua encíclica "Divino Afflan-
teSpirttu"(1943)n? 16:

532
"SACRAMENTO" NA PERSPECTIVA DOS ANTIGOS 5

"Tudo o que foi dito e feito no Antigo Testamento, foi por Deus sapientis-
simamente ordenado e disposto de modo que as coisas passadas prefigurassem
espiritualmente as futuras, que deviam realizarse no Novo Testamento da Gra-
ca. Por isto o exegeta, como deve encontrar e expor o sentido literal das pala-
vras que o hagiógrafo pretendía exprimir, assim também deve indagar o espiri
tual nos passos onde realmente conste que Deus o quis expressar. Defoto, este
sentido espiritual, só Deus o pode conhecer e revelar. Ora indica-o e enstna-o
o próprio Salvador nos Evangelhos; e, seguindo o exemplo do Divino Mestre,
usam-no os Apostólos /alando e escrevendo; aponta-o a constante tradicño da
Igreja, e, finalmente, o conhecido principio: 'A lei de orar é aleide crer.' Este
sentido espiritual por Deus pretendido e ordenado, descubram-no e exponham-
no os exegetas católicos com a diligencia que requer a divina palavra" (Enchi-
ridion biblicum 552).

Foi com estas ponderacoes que Pió XII quis dirimir o litigio entre exe
getas científicos e exegetas "místicos" na década de 1940. O Santo Padre re-
comendava o estudo filológico, histórico e arqueológico do texto sagrado
como base de qualquer sadia interpretacao bíblica. Reconhecia. porém, que,
mediante os fatos, as coisas e as pessoas apresentadas.pelos autores sagrados,
o Senhor Deus nao raro tencionara revelar ulteriores verdades. Estas nave-
riam, pois, de ser pesquisadas pelos exegetas, atentos a criterios objetivos a
fim de evitar todo subjetivismo e todo falso misticismo.

A exegese patrística foi um pouco livre ou arbitraria na ¡ndicacao e


explanacao de tipos bíblicos. Diante de alguns de seus espécimens, a exege
se científica poderá alimentar justas dúvidas. Importa, porém, termos pre
sente a concepcao que alguns Padres da Igreja, principalmente os de origem
grega, alimentavam no tocante á historia da Salvacao.

Esta é um longo discurso de Deus, mediante o qual o Senhor revela


aos homens o seu plano ou seu designio salvífico. Em conseqüéncia, é líci
to procurarmos ñas Escrituras, que narram esse designio, sucessivas etapas
de revelacao divina, etapas que podem ser compradas á trilogía:

SOMBRA *• ESTATUA *• CÉSAR

Quem vé a sombra da estatua de César, vé muito menos do que verá


ao contemplar a estatua. Mais ainda verá ao fitar a própria pessoa de César.
Todavia há continuidade e dinamismo entre a sombra, a estatua e César; as
mesmas linhas de contorno e os mesmos traeos fisiondmicos váo-se definin-
do, clareando e colorindo cada vez mais. Assim, por exemplo, os judeus que
tinham o maná, possuíam um símbolo da Eucaristía; esta é muito mais rica
de conteúdo do que o maná (pois nos oferece o próprio Cristo); todavia a
Eucaristía ainda é sacramento, é pao de caminhada peregrina, que deve ceder
á fruicao, sem véus nem sinais, da própria Divindade no encontró face-a-face

533
6 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

definitivo. Veremos outros exemplos de tipos bíblicos na segunda parte des-


te estudo.

É, pois, a nocáo de historia da salvacáo professada pelos Padres da


Igreja que explica tenham sido tao propensos a descobrir sinais ou sacramen
tos ñas Escrituras. De resto, tal concepcao poderia apelar para as palavras do
Apostólo, que, ao abordar a historia do éxodo, observa:

"Esses falos aconteceram para nos servir como tipos ou tigdes" (¡Cor
10,6).

"Estas coisas Ihes aconteceram para servir de exempto ou de tipo, efo-


ram escritas para a nossa instrucño" (¡Cor 10,11).

As mesmas idéias poderiam ser expressas mediante o seguinte esquema:

Rom 5,
/\
Expl¡citando: toda a historia da salvacáo tende para Cristo, que apre-
sentará-os homens ao Pai na consumacao dos tempos (cf. ICor 15, 24-28).
Por conseguinte, a figura de Cristo se projeta para dentro da historia, de tal
modo que, se a esta fazemos cortes sucessivos, encontramos em cada quadro
assim resultante a imagem do Cristo em miniatura ai' impressa.

De modo especial, merece atencáo, a propósito, o Evangelho segundo


Sao JoSo: escrevendo após os tres sinóticos, já por volta do ano 100, o autor
sagrado mesmo quis desenvolver a tipología bfblica com vistas á vida sacra
mental das primeiras comunidades cristas; por conseguinte, no quarto Evan
gelho descobrimos, por vezes, quatro planos de referencia (ficando o quarto,
nao raro, implícito):

4) a Plenitude
3) a Vida dos Cristaos
(os sacramentos)

2) a Vida de Jesús
1)o Éxodo
doA.T. '

534
"SACRAMENTO" NA PERSPECTIVA DOS ANTIGOS 7

Á guisa de exemplos, citamos:


Jo 6. 26.31-33.53-68: há ai alusao ao maná (éxodo), ao pao multipli
cado (cf. Jo 6,11: deu grapas; Jo 6,12s: recolheram os fragmentos) e ávida
eterna (Jo 6,54.57);

Jo 19,33-37: o texto faz referencia ao éxodo (cordeiro imolado sem


quebra de ossos), ao Evangelho, aos sacramentos (agua e sangue jorraram do
lado de Cristo, prefigurando o Batismo e a Eucaristía) e á plenitude da vida
assim obtida para os homens (cf. Jo 19,37, que cita Zc 12,10).

O modo joaneu de considerar e utilizar o Antigo Testamento se pro


longa ñas catequeses sacramentáis dos Padres da Igreja (Santo Ambrosio,
Santo Hilario, Sao Cirilo de Jerusalém, Santo Agostinho...).

O apostólo Sao Mateus, no seu Evangelho, considera sucessivos episo


dios da vida de Cristo como a reaiizacao de figuras comidas no Antigo Testa
mento. Assim Mt 2,6 (-* Mq 5,1); Mt 2,15 (•+ Os 11,1); Mt 2,18 (-♦ Jr31,
15); Mt 4,12-16 (-► Is 8,23-9,1); Mt 12,16-21 (-* Is 42,1-4); Mt 12,39$
|-*Jn2.1.3).

Supoe-se que as primeiras geracóes cristas tivessem á sua disposicao al-


gumas colecoes de testimonia que apresentavam figuras ou tipos do Antigo
Testamento úteis á pregacao do Evangelho. Os escritos do Novo Testamento
representam urna etapa já assaz evoluída dessa tipología dos Apostólos.

Importa-nos, alias, notar que o procedimento de Mateus, do quarto


evangelista e do Apostólo Sao Paulo, que tanto inspirou a exegese patrfstica,
tem seus precedentes entre os autores mesmos do Antigo Testamento. Com
efeito, os profetas bíblicos, ao anunciarem o fim do cativeiro babilónico e
a salvacáo messiánica, referiam-se muitas vezes ao Éxodo ou á saída do Egi-
to; esta tornou-se o paño de fundo para os oráculos dos profetas. Em conse-
qüéncia, as profecias bíblicas vém a ser freqüentemente um memorial e urna
predipSo ou urna promessa. A promessa é apresentada como válida ou digna
de fé, porque no passado o Senhor já realizou urna libertacao, que era proto
tipo, figura, sinal ou sacramento de outra libertacao futura, ainda mais im
portante £ densa do que a anterior. Assim a recordapao (o memorial) das
grandes obras de Deus ocorrídas no passado destina-se a fundamentar a es
peranza dos fiéis ñas realizacoes do futuro. Tenham-se em vista, entre outras
passagens, as seguintes:

- Os 2,16s: "Eu a atrairei (1), a conduzirei ao deserto e Ihe falareiao co-


ragdo... Átela responderá como nos lempos da sua juventude, como nos dios em
que subiu da ierra do Egito".

Tratarse de Israel, considerado como afilha de Sido e a esposa de Javé.

535
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

ls 43, 16-21: "Eis o que da o Senho que abriu urna passagem através
do mar, um ctminko em meio ás ondas, que pos em campo carros e cávalos, a
tropa de soldados e che/es; catram entáo para nunca mais se levantar. Extinguí-
ram-se como um pavio de vela. Nao vos lembreis mais dos acontecimentos de
outrora, nao recordéis mais as coisas amigas; porque eis que vou fazer obra
nova, a qualjá surge: nao a vedes? Vou abrir urna viapelo deserto, efazer cor
rer arrotos pela estepe. Dar-me-ao gloria os animáis selvagens, os chocáis e os
avestruzes, pois tereifeio jorrar agua no deserto, e correr arrotos na estepe,
para saciar a sede de meu pavo, meu eteito; o pavo, queformei para mim, con
tará meusJeitos".

ls 48,21: "Nao passaram sede guando os guiou pelo deserto, porque Ihes
fez brotar agua de um rochedo.fendeu a rocha para que a agua jorrasse".

ls 49, 9-10: "Ao longo de todo o trajeto terño o que comer. Sobre todas
as dunas encontrarao seu alimento. Nao sentirñofome nem sede; o vento quente
e o sol nao os castigarño. Porque aquele que tem piedade deles, os guiará e os
conduzirá ásfontes".

Jr 23, 7-8: "Eis por que chegarño días - oráculo do Senhor- em que nao
se dirá mais: 'Viva Deus, que tirou do Egito osfilhos de Israel.' Mas sinv 'Viva
Deus, quefez voltar os israelitas do norte e de todas as térras, aonde os exilara,
trazendo-os á patria.'".

Note-se bem: o Senhor nao repetirá as facanhas do passado, mas há de


reproduzMas em termos ainda melhores, mais prenhes de conteúdo e graca.

Assim poderfamos considerar o Antigo Testemunho como urna linha


pontilh'ada. Se atentamos apenas para cada ponto isoladamente, nada com-
preendemos do tragado assim esbocado; mas, se ligamos os pontos entre si,
percebemos que se transformam numa linha continua, que tem significado
profundo e belo:

ALIANCA

536
"SACRAMENTO" NA PERSPECTIVA DOS ANTIGOS 9

Assim vemos que é preciso saber ler a historia da salvacao para desco-
brir o valor significativo dos seus sucessivos acontecimentos. Santo Agosti-
nho, já na era crista, retomava esta concepcáo, recorrendo á imagem de um
letreiro: nao basta admirar o tracado elegante das letras representadas, mas
é preciso saber ler esse tracado, depreendendo a mensagem que ele, em seu
conjunto, quer común ¡car.Cf. In Jo 21, 24:

"Cristo i o Verbo de Deus, e todo/ato realizado pelo Verbo ¿para nos


urna palavra...
Nao nos deleitemos ¡órnente com o aspecto exterior do foto; perscrutemos
a sua profimdidade. '
O Jato que admiramos no seu aspecto exterior, tem alguma coisa de ínti
mo.

Vimos, contemplamos alguma coisa de grande, de sublime, umfato intei-


ramente divino, pois só Deus o pode realizar, e, pela contemplacSo dessa obra,
somos levados a louvar o obreiro. Se vfssemos em qualquer parte urna carta
muito bemfeita, nao nos bastaría louvar o escritor que tivesse desenhado as le
tras com tanta belezo e perfeic&o, mas seríamos levados a ler o que as mesmas
letras exprimem. Da mesmaforma, quem observa ofoto, deleitase com a belezo
do mesmo, a ponto de admirar o artista; mas quem Ihe compreende o sentido, de
ceno modo lé.
Urna coisa é ver urna pintura, outra coisa é ler urna carta.
Quando vés urna pintura, contentas-te com ver e louvar esse trabalho.
Quando vés urna carta, nao te contentes com vé-la, és convidado também a ler.
Quando vés urna carta, se nao sabes ler, dizes: 'Que será isto que aqui
está escrito?' Já vés alguma coisa e, todavía, ainda perguntas,
Aquele a quem recorres para conheceres o que viste, há de mostrar-te
outra coisa. Ele tem um poder de visño, e tu tens outro.
Nao véem os dois, do mesmo modo, asformas das letras? Tu, porém, vés e
louvas; ele vé, louva, lé e compreende. Urna vez queja vimos e louvamos, vamos
agora ler e compreender".

En sCntese: o grande mestre nos incita a procurar ler o plano salvífico


de Deus através dos sucessivos episodios, objetos e personagens que marcam
a historia da salvacao.

É o que vamos tentar fazer, segundo alguns exemplos inspirados pela


exegese tipológica dos Apostólos e Santos Padres.

2. Alguns espécimens de sacramento-símbolo

Escolheremos apenas dois temas aos quais se aplicou com especial ín-
teresse a tipología antiga: o ciclo de Adío e o de Moisés.

537
10 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

2.1. O Ciclo de Adao

A mencao de Adáo (bíblicamente entendido, sem que desgamos á exe-


gese de Gn 1-3) é relativamente rara no Novo Testamento; todavía sao signi
ficativos os trechos respectivos:

Rm 5,14: Adao é o tipo do futuro. A historia da salvacao comeca tra-


zendo as marcas da ¡magem que a caracterizará definitivamente. Em Ef 1.10.
Sao Paulo fala de recapitulacao de todas as coisas em Cristo: Cristo é assim
apresentado como novo Chefe ou Cabeca da humanidade, após o primeiro
Chefe ou Cabeca {Adao).

ICor 15,45-47: "O primeiro homem, Adáo, foi feito atina vívente; o últi
mo Adño tomou-se espirito vivificante... O primeiro, tirado da tetra, é terrestre;
o segundo homem vem do céu."

Este trecho bem mostra a superioridade do segundo Adao sobre o pri


meiro; este prenuncia aquele e é consumado por ele.

Ef 5,32: A uniao do homem e da mulher, que tem seu prototipo no


primeiro casal, é grande em vista de Cristo e da Igreja. Ela prefigura o Cristo
e a Igreja.

Entre os Padres da Igreja. principalmente Santo Irineu de Liao(t cerca


de 202) desenvolveu o tema da recapitulacao abordado por Sao Paulo. Eis
aqui um espécimen da teología de Santo Irineu:

"Lucas mostra que a genealogía que vai do Senhor a Adáo, conta setenta
e duas geracóes, unindo o Jim ao comeco; o Evangelista assim quería daerque
foi o Cristo quem recapitulou todas as nagdes dispersas desde Adño, e a própria
estirpe humana com Adao. Eis por que Adño é chamado por Paulo a figura da-
quele que há de vir, pois o Verbo Criador de tudo tinha prefigurado em Adáo
a futura disposicáo da sua Encarnacño; Deus preformara antes o homem ani
mal para quefosse salvo pelo espiritual' (Aáv. haereses /// 22).

É Santo Irineu quem, primeiro, explana o paralelismo entre Eva e Ma


ría Santi'ssima, apresentando María como a nova ou a segunda Eva:

"A Virgem María mostrase obediente ao dizer: 'Eis a servidora do Se


nhor. Faca-se em mlm segundo a tua palavra.' Eva se mostra desobediente; com
efeito, ela n&o obedeceu, sendo aínda virgem. Assim como Eva foi causa de
marte para si e para todo o género humano, assim María, por sua obediencia,
foi causa de salvacáo para si e para todo o género humano. Eis por que a lei
chama aqueta que era noiva, esposa daquele que a tinha escothido, significando

538
"SACRAMENTO" NA PERSPECTIVA POS ANTIGOS 11

a retomada frQcirculatioJ de Eva por María. Com efeito, o que fora ligado nao
podía ser desligado se a sucessáo dos nos nSofosse percorrida em sentido in
verso, de tal maneira que a primeira uniáofosse libertada pela segunda e a se
gunda, por sua vez, libertasse a primeira" (Adv. haer. /// 22).

Neste texto aparece o vocábulo recirculacao, que é sinónimo de reca


pitulado. A salvacao realizada por Cristo é comparada ao desatamento dos
nos que o primeiro Adao dera no fio das relacóes entre Deus e os homens:
Cristo perfez o caminho trilhado por Adao, desatando o que Adao atara.

2.2. O Ciclo de Moisés

Já os profetas de Israel viram nos feitos do Éxodo, encabecado por


Moisés, a figura da libertacao messiánica prometida pelo Senhor Deus. De
modo especial, a volta do povo cativo no Egito é anunciada como novo Éxo
do, melhor do que o anterior, porque assemelhado á libertacao messiánica.
Cf. Is11, 15; 4.5; 10,26; 52, 12.

No Novo Testamento, Sao Mateus apresenta numerosas alusóes ao


éxodo, explícitas ou implícitas. Assim, por exemplo, Joao Batista aparece
como testemunha de novo éxodo a clamar: "Preparai o caminho do Senhor
no deserto" (Mt 3,3; cf. Is 40,3). Jesús é tentado no deserto, como o povo
de Israel tentou Javé no deserto (Mt 4,1). E foi com palavras do Deutero-
nómio que o Senhor repeliu o tentador: Dt 8,3; 6,16; 6,3. Assim o relato
das tentacóes apresenta o verdadeiro éxodo, em que o verdadeiro Israel
opoe a sua fidelidade as infidelidades do primeiro Israel no deserto. Den-
tre outras alusoes ao éxodo, citaremos ainda apenas a cena da Transfigura-
pao, onde nos chamam a atene5o a pessoa de Moisés que aparece, a nuvem,
a voz de Deus, as tendas... (cf. Mt 17,1-9).

O Evangelho segundo Sao Joao também toma por referencial constan


te o Éxodo, como já dissemos, em vista dos sacramentos do Cristianismo.
Assim o quarto Evangelho aparece como urna catequese pascal, que mostra
aos cristaos que os sacramentos recebidos na noite de Páscoa continuam as
maravilhas de Javé realizadas no tempo do Éxodo e por ocasiao da Paixao e
Ressurreiclo de Jesús. Tenham-se em vista, além dos textos já citados á
pág. 535:

Jo 1,14 -» Ex 40,36 (a shekinah, gloria que caracterizava a presenca


do Senhor na tenda do deserto);
Jo 3,14 -* Nm 21,4-9 (a serpente de bronze);
Jo 7, 37s -*■ Ex 17,1-7 (a agua que jorra da rocha);
Jo 8,12 -* Ex 13,21 (a nuvem luminosa).

539
12 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

Merece referencia aínda o episodio das bodas de Cana (Jo 2,1-11):


ocorre no sétimo dia da vida pública de Jesús (cf. Jo 1,29.35.43;2,1). A agua
insípida, contida ñas talhas dos judeus, é transformada em vinho numa festa
de nupcias, em que Jesús aparece discretemente como o verdadeiro Esposo
(cf. Jo 9,9s).

Numerosos outros textos do Novo Testamento poderiam ser aqui cita


dos, nos quais o Éxodo é mencionado. Ao comentar este fato, J. Daniélou
observa:

"Isto nos leva a conceber a historia como o cumplimento dos grandes de


signios de Deus, desoncertantes para o homem, mas marcados por coeréncia e
seqüénda internas, que permitem ao leitorfiel apoiar-se sobre eles como sobre
rocha inabalável. Tratase, pois, de outra coisa que nao a ilustrando do Evan-
gelho por belos símbolos. Estamos diante de urna perspectiva dogmática funda
mental. Essa perspectiva permanecerá na base da exegese patrística. Os porme
nores devem ser explicados a partir da idéia de conjunto que os justifica" (Sa-
cramentum Futuri, p. 143).

Estas palavras exprimem mais urna vez, com exatidao, a mentalidade


que inspirou os autores sagrados e os Padres da Igreja na sua procura e expía-
nacao dos sacramentos-sinais das Escrituras. Tal atitude procura intuir o
plano de Deus ñas suas linhas-mestras, o que pode redundar, sim, em sub
jetivismo arbitrario, mas pode também levar a urna compreensao mais pro
funda e harmoniosa da historia da salvacáo.

Parece-nos oportuno acrescentar a estas ponderacoes um breve

APÉNDICE FILOLÓGICO

A palavra sacramento (= sacramentum) nao tem equivalente etimoló


gico na linguagem grega bíblica. Ela entra no vocabulario teológico cristao,
desde o século II talvez, para traduzir o termo grego mystérion.

1. Quanto a mystérion, é vocábulo de etimología obscura. Parece de-


rivar-se de myo = fechar (a boca, os labios...). 0 sufixo tórion nao aclaro;
costuma designar o lugar em que se realiza' urna acao (necrotário, lugar em
se guardam os mortos; cemitério, lugar onde dormem os mortos).

Em síntese, pederíamos dizer que mystórion é algo a respeito do qual


é precito calar-se. O termo teve ampio emprego ñas chamadas "religioes he
lenísticas de misterios", significando os processos e ritos de celebracao em
que eram introduzidos os iniciados. Mais precisamente: os misterios eram so-

fi'O
"SACRAMENTO" NA PERSPECTIVA DOS ANTIGOS 13

lenidades de culto ñas quais os feitos de urna divindade eram tornados pre
sentes a um círculo de iniciados mediante ritos sagrados, para tornar esses
iniciados (myrtai) participantes da sorte da própria divindade.

Na traducao bíblica dos LXX, mystárion ocorre apenas vinte vezes e


so nos escritos pertinentes á época helenista (Tb, Jd, Sb, Br, Dn e 2Mc).
Realcemos o emprego do vocábulo em Sb 6, 22: a ¡nstrucáo sobre a sabe-
doria é revelacao de misterio. - Em Dn, myitórion se torna um segredo esca-
tológico; sao os eventos futuros predispostos por Deus. e anunciados velada-
mente aos homens.

Nos escritos do Novo Testamento, importa rea lea r o uso paulino de


mystárion. O Apostólo designa assim o plano de salvacáo concebido por
Deus desde toda a eternidade, mas paulatinamente revelado aos homens na
plenitude dos tempos. Cf. Rm 16,25-27; 1Cor 2,7-16; Ef 3,3-12; Cl 2,1-3...

Deve-se notar que mystérion, vocábulo nao raro no Novo Testamento,


nao tem ai relacáo alguma com os cultos dos misterios helenísticos. Nos tex
tos sacramentáis do Novo Testamento, nao se encontra alusSo a mystárion.

Na literatura crista dos primeiros sáculos, mystárion vai assumindo sig-


nificacoes ulteriores:

Designa, nos escritos de Sao Justino, Clemente de Alexandria, Oríge


nes... as figuras e os tipos do Antigo Testamento; sao fatos; pessoas ou coisas
que velam e revelam o designio salvffico de Deus. Alám disto, verifica-se que
na linguagem litúrgica da Igreja antiga mystárion designa o culto sagrado
com seus ritos, especialmente a Sagrada Eucaristia.

Aos poucos, mystárion é substituido por sacramentum no mundo la


tino, talvez para evitar o estrangeirismo do vocábulo.

2. Sacramentum vem de sacr, raiz que indica relacionamento com o di


vino ou o numinoso. Sacramentum pode significar

— o meio ou instrumento que sagra,


— o objeto sagrado (sentido passivo),
— ato de sagrar (sentido ativo).

Por causa de sua relacáo com o Divino, o vocábulo sacramentum, na


linguagem cívico-religiosa do Imperio Romano, significava o juramento á

1
Ou seja, após Atexandre Magno (336-323 a.C).

541
J4 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

bandeira prestado por soldados; este seria uma forma de consagracao á Di-
vindade ou a Roma.

Na linguagem crista dos primeiros séculos, sacramentum podía signifi


car os tipos ou as figuras das Escrituras pelas quais Deus se revela; sao tam-
bém as disposicSes salvi'f icas de Deus.

Em Tertuliano (tapós 220). comeca sacramentum a significar outros-


sim as promessas de batismo dos cristaos, na medida em que implicam um
compromisso com Deus semelhante ao juramento á bandeira.

Na linguagem de Santo Agostinho (t430), o vocábulo toma significa


do mais ampio e usual. Designa: 1) figuras e tipos bíblicos; 2) ritos e gestos
salvi'ficos, como o Batismo, a Eucaristía, as Uncoes, a Páscoa... 3) o dogma
cristao na medida em que compromete o cristio com o Senhor Deus.

Além do mais, é Santo Agostinho quem pela primeira vez define o


sacramentum como sacrum signum ou visibile verbu m — o que se tornou
decisivo para a posterior historia do vocábulo sacramentum.

Bibliografía:

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Aparecida, 4? ed. 1990.
BORNKAMM, G. - Verbete Mystéríon, in Grande Lessico del Nuovo Tes
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1978.
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GRELOT, P. - Sens chrétien de I'Anclen Testament. Tournai, 1962.
RENGSTORF, KM. - Verbete Semeion, in Theologisches Wdrterbuch zum
Neuen Testament VIL 199-261. Stuttgart, W. Kolhammer Verlag, 1964.

542
Na América:

O Quinto Centenario da
Descoberta

Em sfntese: A proximidade do quinto centenario da descoberta da Amé


rica (¡2/10/1992) tem suscitado comentarios elogiosos e também críticos á obre,
de evangelizacao da América. O artigo abaixo tenta mostrar que os resultados
positivos foram muito mais vultosos do que os negativos. Os missionários trou-
xeram ao continente americano afee seus valores com intencáo sincera e grande
abnegaqao; por isto nao 'devem ser confundidos com os conquistadores que vie-
ram explorar a térra e os homens da América, Se kouve fainas na evangeliza-
(do, estas se devem á inevitável fragiüdade humana; além do qué, é de notar
que as missdes católicas estavam sob o regime do padroado, que fazia das Co-
roas de Espanha e de Portugal as instancias representativas do Papa na Améri
ca... instancias que nem sempre foram fiéis á conftanca depositada pela Santa
Sé, e, por isto, entravaram ou deturparam nao raro a obra religiosa dos missio
nários.

* * *

Aos 12/10/1992, será celebrado o quinto centenario da descoberta da


América por Cristóvao Colombo. 0 evento teve importancia decisiva para a
historia da humanidade, pois alargou os horizontes dos povos, promoveu o
intercambio de idéias e valores, assim como a industria, o comercio e as-cien
cias em geral.

A Igreja considera o evento a partir das premissas da fé, pois tal aniver
sario vem a ser também o da evangelizado da América. Muito particular
mente a Igreja na América Latina está interessada ñas comemoracoes desse
quinto centenario, pois Ihe sao a ocasiáo de urna revisao do passado e de
urna prospectiva do futuro. A propósito tém-se feito ouvir vozes diversas,
algumas enaltecendo a obra dos missionários portugueses e espanhóis, outras
criticando-a ou mesmo condenando-a.

Ñas páginas subseqüentes, aposentaremos os principáis traeos dessa


facanha evangelizadora, procurando guardar objetividade e equilibrio.

543
16 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

1. O problema

1.1. A Voz do Papa

O Papa Joao Paulo II, aos 14/06/1991, dirigiu-se em Romaá Pontifi


cia Comissao para a América Latina nestes termos:

"O que a Igreja se dispóe a celebrar, é a evangelizando: a chegada e


proclamagáo daféeda mensagem de Jesús, a implantacáo e o desenvolvimento
da Igreja, realidades espléndidas e permanentes, que nao se podem negar nem
menosprezar. Ela se dispóe a celebrá-las no sentido mais profundo e teológico
do termo: como se celebra Jesús Cristo Senhor da Historia, o primeiro e maior
Evangelizados já que Ele mesmo é o Evangelizador de Deus".

Diz ainda o Ponti'fice, em outra ocasiao, que a Igreja encara o seu


quinto centenario na América Latina com a humiídade da verdade, sem
triunfalismo nem falso pudor; tem em vista tao somente a verdade, para dar
grapas a Deus pelos feitos acertados e tirar dos erros o motivo de se projetar
renovada para o futuro.

A referencia a erros do passado tem sido enfatizada em tom muito


alto por grupos de oposicao, entre os quais políticos de esquerda e indígenas.

1.2. 0$ Protestos

Escreveu o historiador norte-americano KirpatrickSale:

"A América estaría muito melhor sem a intervengño européia. Com a


chegada de Colombo, destruiram-se nao somente o mundo e a natureza dos in
dios, mas também o relacionamento respeitoso e cordial que existia entre eles e
o seu ambiente".

A esta opiniáo tém feito eco as declaracoes de alguns Congressos ou


Encentras de estudiosos, como foram

— o Encontró Continental de Povoi Indígenas, convocado recente-


mente no Equador por oito organizacoes indígenas e cujas atas foram assina-
das por participantes de nome hispánico, e nao indígena: Castillo, Rojas,
Sánchez, Tolosa. Estiveram presentes a esse Encontró de Quito 120 repre
sentantes de agremiacoes indígenas;

— a Confederacao Campesina do Peni, que se define como "a organi


zado indígena mais numerosa de todo o continente".
O QUINTO CENTENARIO DA DESCOBERTA 17

O objetivo das declaracoes de tais organizacoes era proclamar "os 500


anos de Resistencia Indígena e Popular", para contradizer as celebracóes do
quinto centenario e lancar urna campanha de "autodescobrimento da nossa
América".

Também se tém empenhado em protestos alguns teólogos da liberta-


cao. Em Janeiro de 1991 reuniram-se na cidade do México e elaboraram a
Declaracáo do México contra o 59 Centenario. Foi assinada, entre outros,
por D. Pedro Casaldaliga, bispo espanhol no Araguaia; D. Sergio Méndez-Ar-
ceo, bispo de Cuernavaca (México), pelo escritor argentino Pérez Esquivel,
Premio Nobel da Paz e pelo intelectual cubano Fernandez Retamar...

Os opositores da celebracáo acusam os europeus de haver destruido a


cultura dos nativos da América, imqondo-lhes costumes e religiao contrarios
aos da sua identidade. Esta violencia terá ocasionado o desaparecimento ou
a morte de popu lacees diversas, especialmente ñas Antilhas.

A propósito da problemática assim concebida, fazem-se oportunas


ponderales.

2. Que dizer?

Tres ponderacóes vém ao caso.

2.1. Confessar a verdade

1. Em toda obra humana, por mais bem intencionada que seja, há sem-
pre fainas. Estas devem ser reconhecidas sem exageras nem atenuacóes. É
certo, por exemplo, que houve ¡nteresses cobicosos ou gananciosos por parte
dos "conquistadores" brancos; eram, nao raro, ávidos de ouro e enriquecí-
mentó. Todavia procuravam conciliar esse natural desejo de ganhar novos
bens materiais com a sua fé católica; é o que refere o soldado-cronista espa
nhol Bernal Diez del Castillo, tentando formular o ideal dos colonizadores:
"Servir a Deus e a S. Majestade, dar luz aos que estavam ñas trevas e possuir
riquezas que todos os homens geralmente procuram".

Em vista disto, os conquistadores ¡mpuseram-se violentamente aos


abon'genes, tentando explorar seu trabalho e seus haveres. Seria injusto, po-
rém, considerar apenas os aspectos negativos da historia.

2. Houve também advogados dos i'ndios, dos quais o mais famoso é


Frei Bartolomeu de Las Casas, (1484-1566), dominicano, de quem se con-
tam 369 escritos (livros, crónicas, cartas), como "Historia de las Indias"

545
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

(1559), "Apologética Historia Sumaria" (1559)... Seja citado também o


arcebispo de Lima Sao Tun'bio de Mogrovejo (1538-1606), que muito se ¡n-
teressou pela promocao dos indios; em vista disto, estudou as línguas indíge
nas, como o quechua, o tuneba, o goajaya e o guahiva; em 1584 publicou o
Catecismo intitulado "Doctrina Cristiana y Catecismo para Instrucción de
los Indios y de las demás personas que han de ser enseñadas en nuestra Santa
Fe", obra que, escrita em castelhano, foi traduzida para o quechua e o
aymara. Nos Estados Unidos destacou-se Frei Junípero (Miguel José) Serra
O.F.M. (1713-1784), que aprendeu o idioma indígena pames; em 1773 foi
procurar o Vice-Rei Antonio María Bucarelli, hostil aos i'ndios, para apresen-
tar-lhe urna "Carta de Direitos", que pleiteava o bem-estar espiritual e físico
dos aborígenes; tal Carta antecipava outra, que o Governo norte-americano
promulgaría no mesmo sentido; até hoje tem pleno significado.

3. Além disto, a respeito do desaparecimento de populagóes nativas,


especialmente ñas Antilhas, é de notar o seguinte:

Os aborígenes, em muitos casos, nao morreram por efeito de armas e


guerra, mas, sim, por ser colocados em situacoes de vida totalmente insólitas
para eles. Com efeito,

a) viviam em regime patriarcal ou matriarcal e neolítico, ao passo que


os soldados e colonos europeus Ihes queriam transmitir o género de vida dos
homens brancos do sáculo XVI, cuja cultura era a renascentista (embora
simples e pobre). Era muito difícil, se nao impossível, que os indígenas com-
preendessem o modo de vida dos europeus, como era difícil aos europeus
compreender por que os indígenas nao assimulavam a cultura européia;

b) os europeus levavam consigo molestias físicas que, para os brancos,


eram quase inofensivas (bronquite, sarampo, varicela...), mas que, para os in
dígenas, eram altamente daninhas, pois estes nao possuiam as defesas imuno-
lógicas necessárias. Os piores inimigos do indio sao os virus e as bacterias;

c) além disto' teve influencia um fator psicológico: a chegada dos


europeus nao pode deixar de causar impacto sobre os indios. O uso de armas
de fogo (alias, relativamente escassas) levava-os a crer que os brancos domi-
navam os raios da atmosfera; o homem montado a cávalo e a sua montadura
causavam pavo'r a quem nao conhecia o cávalo; as "casas flutuantes" em que
viajavam os brancos, e outras surpresas suscitavam nos aborígenes um sentí-
mentó de inferioridade e fatalismo, em virtude do qual podiam imaginar que
nao evitarían! a Vitoria dos intrusos e que os seus deuses (até entao tidos co
mo protetores eficientes) eram inferiores á Divindade dos europeus;
O QUINTO CENTENARIO DA DESCOBERTA 19

d) os indios, acostumados a viver dos frutos que a natureza generosa


Ihes proporcionava sem trabalho, foram submetidos ao regime de trabalho
agrt'cola, que naquele tempo podia durar do nascer ao por do sol diariamen
te. Ora isto foi funesto para os nativos, que fugiam para os montes ou se sui-
cidavam tomando veneno. Tal desfecho nlo era intencionado pelos brancos;
estes, porém, querendo adaptar os aborígenes a um tipo de vida que parecía
mais civilizado e digno da pessoa humana, nao mediram o alcance despropo
sitado de seu gesto.

Alias, os europeus consideravam os indios como povos infantis menos


aptos a se autodeterminar; em conseqüéncia, nao Ihes deixavam a liberdade
de opcoes que seria normal num povo adulto.

Charles Oarwin, referindo-se a povos colonizados pelos ingleses, obser-


vava que, sempre que se póem em contato duas culturas, urna superior e
outra inferior, a cultura inferior sofre ¡mediatamente um decli'nio de popu
lacho, por perda dos grandes referenciais que sustentam a cultura primitiva.

Faz-se mister agora considerar algumas das circunstancias em que se


deu a obra missionária na América Latina.

2.2. A Monarquía e a Fó

A evangelizado do continente latino-americano se deu sob o regime


do Padroado dos reis de Espanha e Portugal. Com efeito; já em 1493 (um
ano após a descoberta da América) o Papa Alexandre VI, pela Bula ínter Ce-
tera, concedeu ás Cortes de Espanha e Portugal as facuidades necessárias para
promover a pregacao do Evangelho no Novo Mundo; o monarca se tornava
quase o representante do Papa em assuntos religiosos das térras recém-desco-
bertas. Em 1503, o reí Fernando de Aragao obteve do Papa Julio II a Bula
do Padroado Regio, que tornava a Igreja, na América Espanhola, dependente
da Coroa em questoes disciplinares. — Em virtude de tais disposicoes da San
ta Sé, aconteceu que o Papa foi sendo, aos poucos, preterido ou esquecido
em assuntos de interesse eclesiástico do Novo Mundo; estes ficavam direta e
¡mediatamente sujeitos á Coroa: Reis, Conselho das Indias e seus represen
tantes na América. O envió de misionarios e os gastos com a evangelizarlo
corríam por conta da Fazenda Real; era a Coroa que chamava determinadas
Ordens Religiosas para a obra missionária e excluia desta tarefa outras, que
menos Ihe agradassem.

Tal estado de coisas nao era difícil de se entender no contexto dos sé-
culos XVI/XVIII, pois a Igreja e o Estado estavam unidos entre si; professa-
vam teóricamente os mesmos objetivos e tencionavam colaborar entrel si pa-

«V.7
20 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 3SS/1991

ra atingi-los.1 A nexpío de um Estado leigo, indiferente aos valores religiosos,


nao tinha cabimento nos homens daquela época. Compreende-se assim que,
além do colono interessado na conquista de térras e ouro, caminhasse na
América o sacerdote missionário, nao para adquirir riquezas materiais, mas
para difundir a fé, animado de sincero zelo evangelizador e civilizador. Este
zelo puramente religioso é atestado pelos numerosos casos de abnegacáo e
heroi'smo vividos pelos misionarios, dos quais, entre outros. seja citado o
Benvaventurado Pe. José de Anchieta S.J., que Huma de suas cartas a S. Iná-
ció de Loiola escreve em data de Io de setembro de 1554 a partir de Sao
Paulo de Piratininga:

"15. Desde Janeiro até o presente, estivemos ás vezes mais de vinte


numa casa pobrezinha, feita de barro e paus e coberta de palha, de 14 passos
de comprimento e 10 de largura, que é ao mesmo tempo escola, enfermaría,
dormitorio, refeitório. cozinha e despensa; mas nao temos saudades das ca
sas ampias que os nossos habitam noutras partes. Com efeito, em mais es-
treito lugar foi posto Nosso Senhor Jesús Cristo, quando se dignou nascer
num pobre presepio entre dois brutos animáis e em estreitíssimo morrer por
nos na cruz. Esta casa construiram-na os próprios indios para nosso uso, mas
agora preparamo-nos para fazer outra um pouco maior, de que nos seremos
operarios com o suor de nosso rosto e o auxilio dos indios...

18. O principal alimento desta térra ó farinha de pau, que se faz de


certas rafzes que se plantam, e chamam mandioca, as quais - quando comi
das cruas, assadas ou cozidas - matam. É necessário deitá-las na agua até
apodrecerem; apodrecidas, desfazem-se em farinha, que se come, depois de
torrada em vasos de barro bastante grandes. Isto substituí entre nos o trigo.
Outra parte do mantimento fornecem-na carnes do mato, como sao maca
cos, gamos, cortos animáis semelhantes a lagartos, pássaros e outros animáis
selvagens, e ainda peixes de rio, mas estas coisas raras vezes. A parte princi
pal da alimentacáo consiste portante em legumes como favas, abóboras e ou
tros, que se podem colher da térra, fothas de mostarda e outras ervas cozi
das; em vez de vinho, bebemos agua cozida com milho, ao qual se mistura
mel, se o há. Assim sempre bebemos tisanas ou remedios; e, se há isto, nao
nos parece ser pobres.

19. As coisas necessárias para a conservacüo de nossa vida, adquirimo-


las com o trabalho de nossas maos, como o Apostólo S. Paulo, para nao ser-
mos pesados a nenhum destes. Devemo-las principalmente ás maos de um

Verdade é que muitas vezes o poder civil exorbitou de suasftmcóes,


atribuindo a si poderes cesaropapistas ou manipulando os valores eclesiásticos
emfervor de seus htieresses políticos.

548
O QUINTO CENTENARIO DA DESCOBERTA

irmáo nono, ferreiro; ainda que nada peca, oferecem-lhe os indios, em paga
das coisas que Ihes faz, farinha e legumes e a» vezes carne e peixe. A isto
ajuntam-se tambám outras esmolas que eles, movido* pelo amor de Deus,
nos dio, e assim muitas vezes o Senhor, a cujo cuidado nos entregamos, nos
prové ató donde menos esperávamos, a nos que nos encontramos faltos de
todas as coisas".

O mesmo Pe. José de Anchieta escrevia ao Pe. Geral Diogo Laínes


(Roma), a partir de Piratininga em marco de 1562:

"2. Nossa conversicao com os próximos é a cortumada. Ocupamo-nos


na doutrina das coisas da fé e mandamentos de Deus, com as mulheres dos
cristaos e seus escravos e escravas, nestes lugares em que estao dispersos.
Sempre se colhe algum fruto, pela bondade do Senhor, assim em apartá-los
de pecados, como em abrandar um pouco sua dureza no conhecimento de
Deus Nosso Criador e Senhor, e ajudando-os a bem morrer, para o que co-
mumente somos chamados, assim para os brancos como para seus escravos,
a quem é necessário acudir a diversos lugares por mar e por térra, onde fa-
zem suas habitacoes. Nisso ás vezes o trabalho é grande, que se dobra com
a pouca consolacao que se recebe do pouco fruto, que dáo campos lavrados
com tantos suores. Mas nos basta salvar urna só alma, ou, para melhordizer,
ser cooperadores de Deus em sua salvaclo. E quando nem isto houvesse, seja
o Senhor servido nos nossos fracos e pequeños trabalhos, recebidos por seu
amor.

3. Em Sao Vicente se visitam os engenhos, com doutrina e confissoes,


e tres povoacoes de portugueses, que estáo cinco e seis leguas distantes entre
si, fazendo demora em cada urna délas, segundo a necessidade o pede. Prega
o Pe. Manuel da Nóbrega a miúdo, em todas elas, se bem que com muito tra
balho de sua pessoa, por suas muitas e continuas enfermidades, que cada dia
padece, se Ihe vio acrescentando, ordenando-o a divina disposicüo para
maior merecimento seu. Esta quaresma, esteve algum tempo em urna das
povoacoes, que 6 a principal, chamada Santos, pregando tras vezes na sema
na e confessando muitos dos escravos por intérprete. E perseverou neste
ministerio até que mais nao pode, pondo sua alma por seus irmaos, porque
adoeceu tao gravemente, que foi necessário trazé-lo ¿s costas a Sao Vicente,
a nossa casa, por ele nao poder vir por seus pás. A enfermidade é perigosa.
Cumpra-se a vontade de Cristo Nosso Senhor nele e em todos os nossos.
Alguns outros irmaos tambóm sao visitados pelo Senhor com enfermidades,
como febres, prioris1 e cámaras, mas o que as di, as cura por sua misericor
dia, que na térra poucas medicinas há para isso. Bendito seja Ele por tudo!"

(Textos extraídos das Obras Completas do Pe. José de Anchieta, vol.


6?, Ed. Loyola 1984, pp. 72s. 184s).
i
Priorí = pleura ou pleurizia (Nota da RedagSo).

549
22 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

Por conseguinte. é falso dizer, de modo geral, que os missionários fo-


ram coniventes com a cobica dos conquistadores; se houve alguma falha, foi
devida á fragilidade humana, mas nao pode ser considerada como padrao.

Merece referencia outrossim o zelo com que os missionários se dedica


ra m á promocao e catequese dos indios; fundaram escolas para os catequis
tas nativos; escreveram catecismos ilustrados, que expunham as verdades da
fé; redigiram gramáticas e pequeños Dicionários; recorrerán) as artes, á pin
tura, á música, á danca, ao teatro... para apresentar cenas do Evangelho. con-
cementes principalmente ao Natal e á Paixao do Senhor... Tais atividades
sao, em parte, documentadas pela bibliografía relativa aos i'ndios, que consta
de 109 obras redigidas entre 1524 e 1572, além de outras, que se perderam
ou nao chegaram a ser impressas. Através desses documentos percebe-se a
valiosa contribuicao cultural devida aos missionários, que aprenderam varios
idiomas indígenas, adquiriram oportunos conhecimentos de Etnologia, His
toria, Botánica, Zoologia, Astronomía... a fim de melhor exercer suas fun-
coes de educadores da cultura e arautos da fé; correspondían) assim ao seu
lema: "Para cristianizar, é primeramente necessário humanizar e educar".

Outra questáo ainda se poe:

2.3. Pregacáo do Evangelho e respeito da cultura nativa

Há quem julgue que a evangelizado implicou desrespeito á cultura dos


aborígenes ou sufocacao da dignidade do homem nativo.

Ém resposta pondere-se o seguinte:

Todo povo tem sua cultura ou o cultivo de seus valores humanos; don
de resultam a arte, a industria, o tipo de habitacao, o regime alimentar, o
modo de vida dos diversos povos. Há, porém, graus de cultura; esta evolui do
mais rude ao mais civilizado. Por isto ainda hoje se mencionam "povos sub-
desenvolvidos" ou "em vías de desenvolvimento" e "povos desenvolvidos"
(cuja ciencia e tecnologia possibiiitam um tipo de vida mais digno da pessoa
humana).

Ora os europeus chegaram á América como portadores de um tipo de


vida mais evoluído do que o dos aborígenes; excecao feita para os incas do
Perú e os aztecas do México (que atingiram respeitável grau de civilizacáo),
muitas tribos de indios viviam na cultura da idade da pedra {paleolítica ou
neolítica); podiam sentir-se felizes em sua pobreza de recursos, habitando
em choupanas, comendo peixes, raízes, ervas e frutas..., sem grandes aspira-
coes. Ao observaren) tal estado de coisas, os missionários sentiram o dever,

550
O QUINTO CENTENARIO DA DESCOBERTA 23

de consciéncia, de elevar o m'vel espiritual e cultural de tais populacoes; nao


Ihes podia passar pela mente a tese de que deviam deixar os aborígenes em
suas condicoes de vida tao primitivas; por isto esforcaram-se por transmitir-
Ihes a sua cultura, que era crista; era impossi'vel que pensassem ou agissem
de modo diferente. Certos documentos da época revelam que varios euro-
peus chegavam a duvidar da existencia de alma humana nos indios, que por
vezes Ihes pareeiam mais próximos do macaco do que do ser humano. Nao
se pode criticar o zelo missionário de elevar o nivel de vida dos aborígenes,
pois ¡negavelmente a civilizacao indígena era ¡nadequada á dignidade da pes-
soa humana, incluindo nao raro entre suas práticas o sacrificio ritual de en
ancas ou adultos e a antropofagia.1

Dirá alguém: a obra missionária fez desaparecer urna ou mais cultu


ras... Sim, sem dúvida. Mas deve-se observar que a historia registra constante
mente tal fenómeno; a historia é urna sucessáo de culturas, que se vao sobre-
pondo urnas ás outras, com predominio da superior; esta, porém, nao raro
se enriquece absorvendo válidos elementos transmitidos pelas culturas infe
riores. A título de exemplo, seja recordado o caso dos romanos, que suplan-

P costwne da antropofagia é atestado pelo Pe. José de Anchieta em


carta de 1° de setembro de 1554, escrita em Piratininga:
"22. Esta parte da regido do Brasil que habitamos, está, segundo dizem, a
22 graus de latítude sul. Mas, desde Pernambuco, que é a primeira povoac&o de
aislaos, até aquí e mais além, toda esta costa marítima, na extensño de 900 mi-
¡has, é habitada por indios, que sem excegáo comem carne humana; nisso sen-
Km tanto prazer e docura que frequentemente percorrem mais de 300 milkas
guando váo á guerra. E, se cativarem quatro ou cinco dos inimigos, sem cuida-
rem de mais nada, regressam para, com grandes vozearias efestas e copiosíssi-
mos vinhos, quefabricam com robes, os comerem, de maneira que rulo perdem
nem sequer a menor unha, e toda vida se gloriam daquela egregia vitaría. Até
os cativos julgam que Ihes sucede nisso coisa nobre e digna, deparando-se-thes
morte tao gloriosa, como elesjulgam, pois dizem que épróprio de ánimo tímido
e improprio para a guerra morrer de maneira que tenham de suportar na se
pultura o peso da térra, que julgam ser multo grande. Estes, entre os quais tro-
balkamos, estáo espalhados pelo interior na extensño de 300 milhas, comojul-
gamos, e todos comem carne humana, andam ñus e habitam casas de madeira e
barro, cobertas depalka ou cascas de árvores».
23. Vivendo sem leis nem autoridade, segue-se que nao se podem conser
var em paz e concordia, de maneira que cada aldeia consta só de seis ou sete
casas, nos quais, se nüojósse o loco e unlBo.do sangue, naopodiampermane
cer juntos, mas comer-se-iam uns aos outros, como vemos que acontece em
muitos outros lugares, onde ele nño dominam essa paixáo insaciável, nem se
quer para se absterem de devorar abominavelmente os consanguíneos".

(Extraído da obra citada, pp. 73$)

551
24 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

taram a cultura dos etruscos na península itálica, assumindo traeos do fino


senso artístico dos etruscos. - Ora os missionários, ao transmitirem a cultu
ra crista, se preocuparam com as manifestacoes culturáis dos povos evangeli
zados, redigindo gramáticas, léxicos, crónicas de geografía e historia, que
passaram para a posteridade.

Sabe-se ainda que no México os primeiros franciscanos, lá chegados


em 1524, jogavam durante o dia com os meninos indígenas para aprender
o seu linguajar, e á noite se reuniam no convento para compartilhar suas
aquisicoes lingüísticas e formar um vocabulario que aos poucos se ia ampli
ando. Em breve, foram capazes de escrever o livro "Arte de la lengua mexi
cana"; outros escreveram sobre a arte de outras línguas indígenas. Por zelo
apostólico os missionários se fizeram filólogos e etnólogos, conseguindo tí
tulos de benemerencia amplamente reconhecidos.

Como dito, os missionários tentaram civilizar os indios seguindo os


parámetros da cultura ocidental e crista. Nao somente Ihes falaram de Deus,
mas esforcaram-se por melhorar suas condicoes de trabalho, ensinando-lhes
o recurso a asnos, mulos e bois para as tarefas do campo e para o transporte,
que até entao eram efetuadas pelo homem. Ensinaram-lhes também o uso da
roda e de instrumentos de acó e ferro, transmitiram-thes as primeiras artes
ou oficios; criaram para eles escolas de ensino primario, medio e superior,
como ocorreu em Trátele Ico no México. A primeira Universidade da Améri
ca foi fundada em 1538 na ilha de Sao Domingos. A agricultura se benefi-
ciou, pois, além de comecar a usar o arado romano, cultivou novos plantíos:
a oliveira, o trigo, a uva (trilogía mediterránea); a cana de apúcar e o plátano
foram levados das Canarias para a América.

Na área intelectual, a escrita alfabética signíficou um grande avanco


em relacao á escrita pictórica dos aztecas, aos hierógiifos mayas e ao quipu
dos habitantes dos Andes; além destes, sabe-se que havia indígenas que nao
conheciam escrita alguma. Em 1538 fundou-se urna industria gráfica no Mé
xico e, decenios mais tarde, outra em Lima.

É certo, porém, que a tarefa de elevar o nivel cultural teve também


suas falhas e ocasionou a perda de certos valores - fatos estes que a limita-
cao dos homens nao conseguiu evitar. Ainda hoje o progresso da civilizacáo
ocasiona o destropamento de bens da antigüidade: foi o que se deu, por
exemplo, em Córdoba (Espanha), onde a instalacao de um trem de alta velo-
cidade provocou a destruicao de um anfiteatro romano.

Vé-se, pois, que, ao mencionar falhas da evangelizacáo da América,


nao se devem esquecer os aspectos positivos da mesma, muito mais avulta-
dos do que os negativos. Os f ilhos deste continente podem reconhecer com

552
O QUINTO CENTENARIO DA DESCOBERTA 25

alegría a heranca crista que receberam. É para desejar que a procurem depu
rar de elementos heterogéneos intrusos ou mesmo das manchas que os pró-
prios católicos tém infligido a esse patrimonio, a fim de que a nova Evange
lizado logre o almejado éxito no continente latino-americano. Somente re
tornando ás suas fontes, as populacdes locáis, especialmente a do Brasil, en
contrar ao energía para construir a patria e o Reino de Deus em perspectiva
confiante e esperanzosa.

APÉNDICE

Á guisa de complemento, publicamos, a seguir, a lista dos Santos e


Bem-aventurados que nasceram ou, ao menos, trabalharam intensamente na
América, imprimindo-lhe profundas marcas de Cristianismo. Como se vé,
pertencem a rapas diversas (há indi'genas, mesticos, mulatos...); floresceram
no Sul, no Centro e no Norte da América:

1) Santa Rosa de Lima (1586-1617), daOrdem Terceira Dominicana,


declarada Padroeira da América Latina. Distinguiu-se por seu profundo espi
rito de oracao e mortificacáo, associado a grande caridade, especialmente
para com os indios e os negros. Festejada aos 23/8.

2) Santa Francisca Xavier Cabrini, missionária nos Estados Unidos,


Padroeira dos ¡migrantes. Fundou um Instituto para acompanhar os italia
nos na América. Viveu de 1850 a 1917.

3) Sao Luís BeltrSo, espanhol, dominicano, evangelizador dos mdios


do México (1526-1581). Festejado aos 9/10.

4) Sao Filipe de Jesús, jovem Religioso converso (nao sacerdote); mis-


sionário e mártir.

5) Sao Turíbio de Mogrovejo, espanhol (1538-1606), arcebispo de Li


ma (Perú), exemplo e Patrono dos Bispos da América.

6) Sao Francisco Solano, missionário do Perú e músico, franciscano


(1549-1610).

7) Sao Roque González, catequista, missionário paraguaio e mártir.

8) Sao Martinho de Lima ou de Porros, Religioso converso, dominicano,


mulato, enfermeiro dos pobres. Viveu de 1579 a 1639.

553
26 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

9) Sao Pedro Claver, jesuíta, espanhol (1580-1654), apostólo dos ne


gros escravos na Colombia.

10) Sao Joao de Brébeuf, (+1649), jesuíta, missionário, e mártir no


Canadá.

11) Sao Joao Macias, contemplativo no trabalho, dominicano (+1645).

12) Sao Gabriel Lalemant francés (1610-1649). missionário no Canadá


e mártir, vítima dos indios huróes.

13) Sao Joao del Castillo, missionário no Chile e no Paraguai. e mártir


em 1628.

14) Sao Renato Goupil, francés (1607-1642), médico e mártir. Irmao


Converso da Companhia de Jesús, vítima dos iraqueses no Canadá.

15) Santo Isaac Jogues (* 1649), Apostólo e missionário no Canadá,


vi'tima dos mdios iraqueses.

16) Sao Joao de Lalande, colaborador leigo das missoes e mártir no


Canadá em 1642.

17) Santo Alfonso Rodríguez, missionário na Argentina e no Paraguai,


mártir em 1628.

18) Santo Antonio Daniel, jesuíta, fundador de Seminario indígena e


mártir no Canadá (1649).

19) Sao Carlos Garnier, fundador de missoes no Canadá e mártir em


1649.

20) Sao Noel Chabanel, jesuíta francés, missionário e mártir no Ca


nadá (1649).

21) Santa Margarida de Jesús, jovem leiga penitente.

22) Santa Isabel Seton, educadora e organizadora de obras de benefi


cencia nos Estados Unidos.

23) Santa Margarida Bourgeoys, catequista e educadora francesa


(1620-1700); viveu em Montréal no Canadá.

24) Santa Mariana de Jesús Paredes, no Equador.

554
O QUINTO CENTENARIO DA DESCOBERTA 27

25) Sao Joao Neumann, Bispo, catequista e educador.

26) Santo Antonio María Claret (1807-1870), espanhol, Bispo, funda


dor de Congregapoes Religiosas Missionárias e difusor da boa imprensa
em Cuba.

27) Santo Hermano Miguel, catequista e académico.

28) Bem-aventurado Juan Diego, indígena, leigo, a quem apareceu a


Virgem de Guadalupe em Tepeyac (México) no ano de 1531.

29) Bem-aventurado José de Anchieta (1534-1597) jesuíta, missioná-


rio no Brasil, autor de numerosos escritos.

30) Bem-aventurada Margarida Younville, canadense, dedicada aos do-


entes e pobres.

31) Bem-aventurado Junípero Serra, franciscano, fundador de missoes


na California.

32) Bem-aventurada Laura Vicuña, chilena, jovem mártir da sua casti-


dade.

33) Bem-aventurado José Maria de Yermo, catequista.

34) Bem-aventurado Miguel Agustin Pro, juesuíta, mexicano, apostólo


dos trabalhadores em minas e mártir.

35) Bem-aventurado Inácio de Azevedo (1526-1576) e companheiros,


jesuítas, missionários enviados ao Brasil, massacrados, porém, pelos calvinis
tas na altura das ilhas das Canarias.

36) Bem-aventurada Madre Paulina Visintainer, fundadora da Congre-


gacao das Irmas da Imaculada Conceicao aos 12/07/1890, Congregacao que
se dedica a missoes, educacao e saúde em 16 Estados do Brasil e em mais
cinco países: Italia, Nicaragua, Argentina, Chile e urna nacao africana.

555
Ken Guindon

"Durante Dezesseis anos fui


Testemunha de Jeová"

Em sfntese: Ken Guindon foi batizado e educado na Igreja Católica doi


Estados Unidos, Aos dezesseis anos de idade, foi persuadido por urna Testemu-
nha de Jeová de que deveria abrogar tal córreme de pensamento. Ken Guindon
chegou a ocupar cargos de responsabüidade na Sociedade das Testemunhas,
inclusive como missionário na Costa do Matfim. Em 1972, porém, a sua esposa
engravidou; isto fez que o casal fosse obligado a deixar a missáo. conforme o
estatuto das Testemunhas. A nova situacáo gerou aborrecimentos e discordias
entre Ken Guindon e os dirigentes da sociedade. Por isto o missionário repen-
sou sua opc&o religiosa e resolveu desligarse da Congregacao das Testemu
nhas em 1973. N3o quis voltar para a Igreja Católica, porque esta fora forte-
mente difamada dos seus ouvidos pelos antigos correligionarios; por isto Guin
don fez-se batista. Insatisfeito, porém, aínda procurava a verdadeira Igreja de
Cristo, quando finalmente aos 10/09/1987 foi de novo recebido na Igreja Cató
lica. Atualmente é ardoroso mensageiro da fé na Franca. - Ken Guindon, em
entrevista ao jornal L'Homme Nouvcau, narra seu itinerario religioso e algu-
mas dé suas experiencias; certas peculiaridades da Sociedade das Testemunhas
sao assim postas em relevo.

* * *

Segue-se em traducao brasileira o texto de urna entrevista concedida


por urna ex-testemunha de Jeová — Ken Guindon — ao jornalista Antoine
Michelland, do periódico francés L'Homme Nouveau (2/06/1991. p. 7).

É notorio o zelo proselitista das Testemunhas. Daí a importancia de se


ler o depoimento de alguém que, por dezesseis anos, foi filiado a tal Socie
dade religiosa e que narra como entrou e por que deixou a denominacao.

A ENTREVISTA
Antoine Michelland: "Ken Guindon, após dezesseis anos entre as Tes
temunhas de Jeová, wn estágio, como pastor, em diversas igrejas batistas e fi
nalmente após o retomo á Igreja Católica, o Sr. é portador de urna experiencia
muito especial. Poderia descrever-nos os tragos principáis dessas diversasfases
de sua vida?"

556
"FUI TESTEMUNHAS DE JEOVÁ" 29

Ken Guidon: "Meus pais sao canadenses, mas r.asci e cresci na Califor
nia (U.S.A.). Recebi uma educacao católica tradicional e seria. A ponto mes-
mo que pensei em tornar-me sacerdote.

Com a idade de dezesseis anos, encontrei uma mulher que pertencia ao


grupo das Testemunhas de Jeová, e caí' na armadilha do diálogo. Eu queria
defender a minha fé, mas nao estava suficientemente preparado. Apoiada
na sua traducao falsificada da Biblia.1 que elesconhecem perfectamente, as
Testemunhas conseguiram abalar-me mediante perguntas insidiosas que me
obrigaram a examinar a minha fé, pó-la em dúvida e, finalmente, rejeitá-la.
Propóem uma argumentacao aparentemente tao lógica que é preciso estar
bem preparado ou ser teólogo para resistir-lhe.

Após ter em vao procurado respostas satisfatórias junto a tres sacerdo


tes diversos, apesar de muitas hesitacoes e lamentos, eu me voltei para o gru
po, onde eu julgava encontrar Deus. Assisti a todas as reunioes das Testemu
nhas de Jeová, entre os quais achei pessoasgentis, com asquaiseu podia fa-
lar de Deus...; achei também formadores qué se encarregaram de me transmi
tir a sua verdade.

Com cerca de dezoito anos, fui-me para uma regiao 'em que as necessi-
dades eram grandes': a do Maine. Lá passei cinco anos, primeramente como
'pioneiro', depois como 'pioneiro especial', isto é, como membro permanen
te. O proselitismo de porta em porta cederá á responsabilidade de uma Con-
gregacao (responsável pela propagagao das Testemunhas).

Em 1963 fui chamado á sede mundial da Organizacao, em Brooklyn.


Ao mesmo tempo que continuava minha formacáo intensiva — leitura com
pleta da Biblia, estudos diversos... —, fui encarregado da supervisao de um
andar de producao e nomeado Responsável-adjunto de assembléia numa
Congregacao de Nova lorque.

Acontecia algo de muito semelhante ao que ocorre quando um católi


co é mandado para Roma. Eu tinha a certeza de me encontrar no coracSo da
Organizaclo de Deus sobre a térra. Eu julgava estar consagrando a minha vi
da ao essencial, anunciando a iminéncia do fim do mundo e persuadindo as
pessoas de que se deveriam 'converter', se quisessem ser salvas.

A traducao da Biblia utilizada pelas Testemunhas de Jeová difere da


protestante e da católica; tempor título 'Traducao do Novo Mundo das Escritu
ras Sagradas" (Nota do Redator).

55?
30 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

Em 1968 encontrei aquela que se tornou minha esposa. Batizada no


Catolicismo, seus pais atinham arrastado para as Testemunhas de Jeová guan
do ela tinha a idade de seis anos. Quando estava para partir para a Costa do
Marfim como missionária, resolví esposá-la e logo pedí a autorizacáo para
segui-la.

Em 1972 minha mulher engravidou. A norma vigente nos obrigava a


deixar a missáo desde que tivéssemos um filho. O próximo nascimento da
enanca, em lugar de alegría, nos causava angustia e perplexidade. Chegamos
a desojar que a gravidez fosse mal sucedida. Já, porém, que tudo ia bem -
gracas a Deus -, comecei a preparar o regresso á patria e pedi á sede local
das Testemunhas um empréstimo de que precisávamos em nossa situapao.
O presidente da Sociedade recusou e aconselhou-me que me dirigisse aos
meus familiares. Fiquei indignado. Tal decisao parecia-me ser incrivelmen-
te injusta. Eu tinha deixado meus familiares para seguir as Testemunhas de
Jeová; eu tudo sacrificara para ater-me aos seus ensinamentos; a Organizacao
era minha 'má*e'.

Finalmente recebi o empréstimo para a passagem de volta. Mas o cho


que foi útil. Eu me interrogava sobre as 'verdades' que aprenderá. Seriam ne-
cessários ainda seis meses de um lento caminhar para que eu chegasse á
certeza de que Jesús é Deus, apesar do que dizem as Testemunhas.

Em Janeiro de 1973, pela primeira vez após dezesseis anos, ajoelhei-me


e rezei a Jesús. Pela primeira vez após dezesseis anos, vi que eu nao ia 'ga-
nhar' a vida eterna por minhas obras. Pela primeira vez após dezesseis anos,
Deus se fez presente e sua paz habitou o meu coracao. Tres meses mais tar
de, enviei minha carta de despedida ás Testemunhas de Jeová".

A. M.: "Que acontecen naquele momento?"

K.G.: "Eu me vi de novo sem nada. Nao tinha mais comunidade nem
confortável doutrinacSo nem diploma sólido: as Testemunhas de Jeová desa-
conselham sempre de fazer estudos superiores, pois consideram que estes de-
formam o espirito e que é preciso servir a Jeová — Deus em tempo integral
na expectativa do fim do mundo. Apesar de tudo, consegui encontrar um
emprego na California.

Mas eu procurava mais ainda urna igreja. A Igreja Católica nao podia
vir ao caso. Haviam-me repetido tantas vezes que ela era Babilonia! Eu co
mecei a admitir que o Batismo devia ser cristlo, mas o misterio da presenca
real de Jesús na Eucaristía ficava fora do meu alcance. Por isto escolhi a
Igreja Batista. Feito pastor, fui exercer meu ministerio na Franca, onde du
rante dez anos continuei a minha evolucáo, á procura da verdadeira Igreja.
"FUI TESTEMUNHAS DE JEOVÁ"

Finalmente aos 10 de setembro de 1987, durante Missa maravilhosa


pela alegría e pela paz, Mons. Chabert. bispo de Perpignan, cslebrava tanto o
meu casamento quanto o Batismo de meus filhos na Igreja Católica Romana,
essa mae que eu ignorara durante tantos anos.

Hoje pertenpo a urna comunidade de leigos e estou encarregado da


evangelizado de pessoas margináis: Testemunhas de Jeová e outras".

A. M.: "As Testemunhas de Jeová possuemum poderfinanceiro conside-


rável. Como chegaram a construir esse imperio, que nao parece ser meramente
espiritual?"

K.G.: "Se eremos que o fim do mundo ocorrerá amanha, nao precisa
mos de acumular bens materiais nem de transmitir heranca aos nossos filhos.
Muitas Testemunhas de Jeová düo dinheiro á Organizapao. A revista Torre
de Vigía' é sinal e instrumento do formidável poderío da seita. é a revista
religiosa mais espalhada no mundo; publicada em cento e onze línguas, tem
urna tiragem de 15.290.000 exemplares; urna boa administracao permite que
dé lucro. Quanto a recursos de outro tipo, nao tenho prova de que os naja".

A. M.: "Ojeovista sofre pressóes?"

K.G.: "Que é que chamamos pressao? Ninguém, por exemplo, é obri-


gado a dar dinheiro; convém reconhecé-lo. Todavia as Testemunhas de Jeová
sao comparáveis ao Partido Comunista. Quem nao segué as diretrizes. é ex
cluido; ainda poderá assistir ás reunioes, mas deverá guardar silencio e nin
guém terá o direito de falar-lhe. Se se submeter, poderá talvez ser redintegra-
do no fim de um ano de provacao.

Desde que alguém é rejeitado pela comunidade, vé-se em situacao


familiar impossível, caso os seus familiares nao questionem, como ele, a cor-
rente jeovista. Isto redunda em colocar de facto o desertor em condicoes de
pressao insuportável. Abandonar o grupo significa abandonar amigos com os
quais o individuo compartilhou muitas coisas; significa instaurar talvez a
guerra de religiao dentro do seu lar. Tal perspectiva faz que muitos recuem.

Mais: quando alguém abandona as Testemunhas, tem que enfrentar o


Comité de Direpao, que nao deixa de o convocar. Fui acusado precisamente
de 'rebeliao contra a Organizapao teocrática de Deus'. Tres inquisidores me
interrogaran! para saber quais as causas da minha partida. Ficaram surpresos
quando Ihes citei o Evangelho segundo Sao Joao: 'Aquele que eré em Mim
(Jesús), tem a vida eterna'. Eu Ihes disse que simplesmente pedirá ao Salva
dor que me salvasse".

559
32 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

A. M.: "Nao há dúvida de que a maioría das Testemunhas de Jeová é


sincera. Mas os dirigentes podem ignorar asfalsas profecías pronunciadas pelos
seus antecessores?"

K.G.: "As 'profecías' imprudentes dos presidentes Russel e Rutherford


foram conscientemente abafadas. Mesmo pessoas que desempenham funcoes
importantes e de responsabilidade ¡gnoram que o fundador da Organizado
predisse o fim do mundo para 1914. Os dirigentes nao recuam diante da
mentira para preservar a sua verdade em 'pureza imaculada'. Eles dao tantas
ocupacoes aos seus seguidores que nao fica tempo para refletir sobre o que
chamam 'vulgares tropecos'."

A. M.: "Em que consiste o proselitismo praticado pelas Testemunhas de


Jeová e como pode ser tSo eificaz?"

K.G.: "0 principio adotado é o de um processo de marketing bem


organizado. Os ¡eovistas recebem, durante as suas reunióes de servico, urna
auténtica formacao de vendedor. Eles treinam para saber reagir diante das
diversas situacóes que possam enfrentar por ocasiao das suas andancas de
porta em porta. Váo, em grupos de dois, as residencias e fazem tudo para se im
plantar no domicilio e iniciar a sua conversa. Muito meigos, muito felizespor
poderem prestar servico; tudo fazem para arrastar o interlocutor, mediante o
intercambio de pe/guntas e respostas, ao qual estao acostumados dentro de
um arrazoado extremamente lógico em aparéncia. Demonstram, citando al-
guns versículos cuidadosamente selecionados, que Deus tem um plano, em
breve pora fim á anarquía do mundo para restaurar sobre a térra um Éden.
em que os crentes da Organizacao viverao e serao imortais como foi Adao.

Isto interessa ás pessoas porque é novo, e parece lógico, anuncia a paz


e parece apoiar-se ñas Escrituras e em livros bem apresentados, que os jeovis-
tas sem demora oferecem.

É preciso dizer também que a luta nao é de igual para igual. De um


lado, comparecem crentes muito motivados, endoutrinados, que participam
de cinco horas de reuniáo por semana, durante as quais estudam a Biblia me
diante as diversas publicagSes da Sociedade. De outro, há geralmente fiéis
católicos pouco formados e incapazes de responder aos argumentos que Ihes
sao formulados. Aceitam fácilmente ver a Igreja com olho crítico e a propos
ta de urna orientacao lógica, á qual basta obedecer para ser salvo."

A. M.: "As Testemunhas de Jeová, heréticas e apóstatas- aos olhos dos


cristños, recrutam grande número de católicos, A Igreja tem nisto urna certa
responsabilidade?"

560
"FUI TESTEMUNHAS DE JEOVÁ" 33

K.G.: "Nao compete a mim julgar. Como quer que seja, a Igreja tem a
obrigapáo de reagir. A seita das Testemunhas de Jeová atrai muita gente sim
ples ou pertencente a minorías, porque entre elas nao há nem segregacáo
nem preconceitos de classe. Em maioria as mulheres se ihes agregara Mas o
verdadeiro denominador comum de todos os seus membros é a necessidade
de se consagraren) á verdade, a necessidade de se darem a Deus. Os jeovistas
tém quatro milhoes de fiéis no mundo, dos quais doze mil na Franca, onde
a cota de crescimento é de 5,4% já há dez anos. A Igreja Católica, frente a
esse flagelo, perde terreno, principalmente onde faltam sacerdotes. Recen-
temente a tónica dos jeovistas voltou-se para a América Latina, que passa
por urna situapao dramática.

Entao que fazer? Sem dúvida, faltam nos sacerdotes. Mas pergunto:
aqueles que temos, estao preparados para responder a todas as ¡nterrogacóes
dos coracóes sinceros que duvidam e que procuram a Deus? Os leigos estao
conscientes do seu dever de evangelizar os seus ¡rmáos, batizados ou nao?

Precisamos de catequistas, de pessoas que déem algo do seu tempo


para formar o próximo; nao faltam os que desejam ser chamados. Precisa
mos de conhecer melhor a nossa fé para mais a amar, para defendé-la melhor
contra os ataques dos hereges e suscitar vocacoes entre nos. Muitas vezes os
impressos católicos criticam a Igreja, em vez de transmitir os seus ensina-
mentos. Será assim que julgam os responsáveis poder converter-nos, dissemi
nando inquietacao no espi'rito daqueles que querem viver do Evangelho?

O problema das seitas estará resolvido no dia em que nos, católicos, ti-
vermos compreendido que temos de nos converter. No dia em que tivermos
tomado consciéncia de que o Batismo é urna grapa cheia de alegria, mas tam-
bém de exigencias."

A. M.: "Agradefo-lhe esse testemunho extremamente rico e o ardor com


que o Sr. trabalha na Igreja, a sua Mñe, á qual retomou".

REFLETINDO...

Dois parecem ser os fios condutores da entrevista de Ken Guindon:

1) a enfatizacao do despreparo dos católicos para enfrentar as obje-


poes e afirmacoes nao somente das Testemunhas de Jeová, mas também de
outros crentes e pensadores; em conseqüéncia, sao fácilmente arrastados pe
los pregadores de doutrinas que falam aos sentimentos e as emocoes, aínda
que digam aberracoes no plano doutrinário. O fenómeno dos novos moví-

561
34 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

mentos religiosos vem a ser um brado de alerta aos católicos, para que
procurem conhecer melhor as verdades da fé que professam; elas tém grande
profundidade e se concatenam harmoniosamente entre si, de tal modo que
quem as estuda concebe grande deleite e alegría, em vez da aridez que as bre
ves fórmulas do Catecismo (tao necessárias para a enanca!) possam apresen-
tar. Muitos católicos tém fé lánguida e superficial únicamente porque nunca
se ¡nteressaram pelo aprofundamento dos artigos do Credo. O momento pre
sente vem a ser um apelo para que os católicos se disponham 30 estudo das
verdades do Credo, estudo do qual resultarao maior amor e entusiasmo pelo
Catolicismo.

2) O zelo proselitista das Testemunhas e dos mensageiros das novas


«urentes religiosas é também urna interpelado dirigida aos católicos, para
que renovem seu ardor missionário, segundo os dizeres da encíclica Redemp-
toris Missio, apresentada em PR 350/1991, pp. 290-303. Já o Senhor Jesús
observava, no Evangelho, que os filhos deste século sao mais perspicazes do
que os filhos da luz (cf. Le 16,8); a causa do Bem parece atrair menos do
que a do mal. Nao seja assim! Aos fiéis católicos toca a responsabilidade, pe-
rante os seus semelhantes, de viver e traduzir com lucidez a mensagem do
Evangelho, tornando-a conhecida a muitos irmaos. O mundo de hoje, mais
do que nunca desorientado por diversas propostas de vida, procura sequiosa-
mente urna direcao sólida e segura, que somente Jesús Cristo, vivo na sua
única Igreja, pode transmitir cabalmente. Nao é lícito aos católicos enterrar
esse patrimonio ou deixá-lo emudecido. Os sinais dos tempos falam. Felizes
aqueles que sabem compreender a sua mensagem!

• * *

CARO LEITÓR,
QUANTAS VEZES NAO SE TEM DIFICULDADE PARA
ESCOLHER UM PRESENTE DE NATAL QUE NAO SEJA
LEMBRANCA EFÉMERA, MAS TENHA SIGNIFICADO
DURADOURO!?

CERTAMENTE A ASSINATURA DE UMA REVISTA DE


CULTURA ENTREGUE TODOS OS MESES AOS SEUS AMI
GOS FARÁ DO SEU PRESENTE DE NATAL UM TESTEMU-
NHO DE AMIZADE DOZE VEZES REAFIRMADO.

A NOSSA REVISTA PR PROCURA OFERECER AOS


SEUS LEITORES ELEMENTOS QUE OS AJUDEM A REFLE-
TIR EM MEIO AO TURBILHAO DAS ID Él AS DE HOJE.
PODE, POIS, TORNARSE UM PRESENTE ÚTIL E DURA
DOURO PARA OS SEUS AMIGOS.

562
Os "Amigos de Jeová":

Quem Pode ser Participante


da Refeigáo Noturna do
Senhor?"

Em síntese: Vai abaixo transcrito mais um depoimento de ex-Testemunha


de Jjovd discordante dos difames da Organizac&o.

* * *

As Testemunhas de Jeová ensinam que em breve Cristo voltará á Térra


e instaurará um reino de mil anos de bem-estar e paz em nosso planeta.
Quando Ele vier, 144.000 ditos "ungidos" serlo arrebatados aos céus e go-
zarao de grande felicidade, uo passo que as demais Testemunhas ("a multi-
dao, a massa") ficaráo na Térra, contemplando de longe a bem-aventuranca
celestial.

Esta doutrina tem provocado prostestos da parte de algumas Testemu


nhas por causa da discriminacso arbitraria que propoe. Entre esses protestos
está o que vai, a seguir, publicado, de autor anónimo, que se agregou á fac-
pao dos "Amigos de Jeová", dissidente das Testemunhas. Tal autor aponta
o fato de que apenas 0,1% das Testemunhas seguem a ordem, de Jesús, de
participar da sua Refeicao Nocurna (Ceia do Senhor). — E por qué? — Por
que estao sufocados pelos líderes da Organizacao e nao acreditam realmente
em todas as proposicoes que estes ensinam.

Eiso texto em pauta.

"QUEM PODE SER PARTICIPANTE DA


REFEICÁO NOTURNA DO SENHOR?"

"No dia 30 de Marco de 1991, cerca de 10.000.000 de pessoas sentar-


se-ao nos Saldes do Reino do mundo todo, para ouvir o discurso sobre a Re
feicao Noturna do Senhor e observarao os emblemas do pao e vinho passar
em torno de si.
36 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

O que há de tao peculiar nessa observancia? A irania da questao con


siste no fato que apenas 8.869 pessoas tomaram do pao e do vinho em 1990
(A Sentírtela de 01/01/91, pág. 21), da forma como Jesús ordenou em Ma-
teus 26:26-27 e Joao 6:53-54. Deduz-se, pois, que apenas pouco mais de
0,1% das pessoas foram obedientes ao mandamento de Jesús. Por que as Tes-
temunhas de Jeová se mostram tao diligentes em acatar os principios orde
nados por seus superiores e, ao contrario, tao desobedientes ao mandamento
de Jesús sobre essa observancia? (Em 1990, 9.941.189 pessoas desobedece-
ram a esse mandamento). A resposta está no entendimento que elas obtém
da Biblia.

Deus tencionou que todos os filhos lessem a Sua Palavra e procuras-


sem entendimento por meio de dois caminhos: 1) por meio de sua mente
(Romanos 12:2), e 2) dailuminacao do Espirito Santo (1 Corintios 2:13-14).
Para se entender a Palavra de Deus, é necessário ter-se acurada fonte de in-
formacoes sobre a própria Biblia: a cultura contemporánea, a linguagem do
texto, o contexto das passagens, etc. Os eruditos de grego e hebraico, bem
como as Universidades, podem fornecer tais informacóes para serem exami
nadas por todos. Entretanto, isto nao é suficiente. Muitos eruditos, a despei-
to do conhecimento dos fatos, estao carentes da sabedoria divina. Eles nao
perceberam ainda que apenas parte da sabedoria pode ser obtida através do
intelecto. O apostólo Paulo disse que a sabedoria deste mundo (conhecimen
to sem discernimento espiritual) é tolice perante Deus (1 Corintios 3:19).

O que mais é necossário? O mesmo que foi necessário para os apostó


los e discípulos, entenderemos propósitos de Deus no primeiro sáculo: o Es
pirito Santo. Isto nao aconteceu até que o Espirito Santo foi dado no dia
de Pentecostés, e entao: 1) eles entenderam as verdadeiras boas novas (1
Corintios 15:1,8); 2) eles entenderam a identidade de Jesús (Jólo 1:1);
3) conheceram o que era o reino e como pregar acerca do reino (Atos 1:6-
8); e 4) puderam discernir as profundezas das coisas de Deus (1 Corintios
2:6-16). Joao falou acerca da importancia do Espirito Santo:

E, quanto a vas, a uncáo que recebeste dele permanece em vos, e nao ne-
cessitais de que alguém vos ensine; mas, como a uncáo da pane dele vos ensina
todas as coisas, e é verdadeira e nao é mentira, e assim como vos tem ensinado,
permanecei em uniSo com ele, (1 Joño 2:27),

O Corpo Governante das Testemunhas de Jeová em Nova York ensina


que somente 144.000 podem receber a uncao do Espirito Santo, e participar
de um relacionamento intimo com Jeová Deus e Jesús Cristo. Todos os de-
mais - 99,88% daqueles que atendem á celebracáb do Memorial - precisam
vigiar e aguardar o fim dos mil anos do reinado de Cristo para terem garantia
do favor de Deus. É isto que Deus tencíonava?
OS "AMIGOS DE JEOVÁ" 37

Jesús disse a Nicodemos, um fariseu treinado na Palavra de Deus desde


a sua mocidade: Digo-te em toda a verdade: A menos que alguém nasca de
novo, nao pode ver o reino de Deus, e continuou: Eu te digo em toda a
verdade: A menos que alguém nasca de agua e espirito, nao pode entrar no
reino de Deus; e finalmene disse: Nao te maravilhes por eu te dizer: Vos ten-
des de nascer de novo (Joao 3:3,5,7).

Da forma como Jesús repreendeu os fariseus por impedir que o povo


comum entrasse no reino dos céus com eles (Mateus 23:13), assim também
Ele preveniu o povo em relagáo aqueles que nos últimos dias poderiam ter
urna forma de devocao piedosa, mostrando-se, porém, falsos para com o
seu poder (2 Timoteo 3:5). Que poder eles negariam? O poder do Espirito
Santo, é claro. Ao mesmo tempo que clamariam a crenca no Espirito Santo
como forga ativa de Deus, eles negariam a necessidade de nascer do Espi'rito
e de tomar a comunhao, com partí Ihando assim de um relacionamento pes-
soal com Cristo. Jesús disse em Joao 6:53-54: Digo-vos em toda a verdade: A
menos que comáis a carne do Filho do homem e bebáis o seu sangue, nao
tendes vida em vos mesmos. Quem se alimenta de minha carne e bebe meu
sangue tem vida eterna, e eu o hei de ressuscitar no último dia. Como é pos-
sivel que grande parte das Testemunhas de Jeová nao percebe isso?

Isso só pode acontecer por meio de fraude engenhosa e manipulacao


da Palavra de Deus. O Escravo Fiel e Discreto, que é representado pelo Cor-
po Govemante, é estabelecido e comprovado como a autoridade máxima da
Sociedade Torre de Vigia. Como é que isso pode ser assim? A Torre de Vigia
reivindica tal autoridade baseando-se em sua provisao do alimento espiritual
rtotempo apropriado, extraído da Biblia para suas ovelhas. A mesmacoisa
dizem os mórmons, os Meninos de Deus, os moonistas, etc. Todos eles usam
a Biblia, todos eles podem reivindicar que Mateus 24:45 se aplica a eles, mas
será que eles entertdem a Biblia no contexto? Consideremos o seguinte:
Quem sao os 144.000 e a grande multidáo?

Este número só é mencionado duas vezes na Biblia, ambas no livro de


Revelacao. O tempo é durante a grande tribulagao, e o corpo inteiro de cris-
táos do mundo já foi arrebatado da cena (I Tessalonicenses 4:16-17). Jeová
agora está tratando com a nacao de Israel. Ele segura os ventos fináis da
tribulagao, enquanto seleciona 144.000, judeus — 12.000 tirados de cada tri-
bo de Israel, para um propósito especial. Eles sao as primicias da ceifa da tri-
bulacao. Enquanto eles estao na térra pregando, a grande multidáo está no
cáu! (Revelacao 7:14-15). Os 144.000 judeus pregam o evangelho na térra
durante o tempo restante (Revelacao 14:6-7) e aparentemente muitos se
convertem. Muitos deles sao martirizados e se tornam parte desta grande
multidáo que aguarda a vitória dos céus. Eles possuem vestes brancas e sao
vistos sob o altar de Deus no céu, dizendo: Até quando. Soberano Senhor,
38 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

santo e verdadeiro, abster-te-ás de julgar e vingar o nosso sangue dos que mo


ram na térra? Entao é dito: E a cada um deles foi dada urna comprida veste
branca; e foi-lhes dito que descansassem mais um pouco, até que se comple-
tasse também o número dos seus co-escravos e dos seus irmaos, que estavam
para ser mortos assim como eles também tinham sido {Revelacáo 6:10-11).

Todos esses tres grupos — a igreja no céu, os 144.000 e a grande multí-


dáb - serao unidos no céu no final da tribu lapso, e entao eles todos desee-
rao á térra, para viver no paraíso da térra por mil anos (Revelacáo 21:1,4).

O Corpo Governante tem ensinado que so 144.000 deveriam nascer


de novo e unirse a Cristo. Esses compoem a classe ungida e sao representa
dos pelos 13 homens de Brooklyn, em Nova York. Eles nao apenas tem re
presentado erróneamente o plano de Deus, mas também tém reivindicado
serem os únicos que créem no parai'so terrestre. Mais grave aínda é que, por
meio de suas astutas interpretacoes, eles tém impedido que milhóes de pes-
soas nascam de novo e caminhem na luz do Espirito Santo. Vocé confiaría
sua salvacao a um grupo de homens idosos em Nova York? Se esse artigo
tem levado vocé a repensar na sua situacao, sinta-se á vontade para entrar em
contato conosco para mais informacoes, sem compromisso.

Eu sou o pao da vida. Vossos antepassados comeram o maná no ermo,


e, nao obstante, morreram. Este é o pao que desee do céu, para que qual-
quer um posta comer dele e nao morrer. Eu sou o pao vivo que desceu do
céu; sa alguóm comer deste pao, vivera para sempre; e, de fato, o pao que eu
hei de dar, é a minha carne a favor da vida do mundo (Joáo 6:48-51)".

* * *

Como se vé, as Testemunhas de Jeová, que já sao urna dissidéncia de


muitas outras dissidéncias, cindem-se, por sua vez, dando origem aos "Ami
gos de Jeová". É a isso que leva o subjetivismo na interpretacao das Sagradas
Escrituras. Cristo confiou-as á sua Igreja, fundamentada sobre Pedro, Kepha,
a Rocha.

566
Nova "ciencia" nascida no Brasil:

A Projeciologia

Em sfntese: A Projeciologia ensina que o espirito do homem pode sair


do corpo e projetar-se no astral, de modo a perceber as diversas dimensdes da
realidade e fazer contatos com entidades desencarnadas, ora mais, ora menos
evolufdas. Professa também a reencarnacao. É, portanto, urnaforma de Espiri
tismo. Alias, o seu próprio fundador, Dr. Waldo Vieira, refere ter recebidofor-
macáo kardecista.

A propósito pódese observar que o ser humano nao é um espirito angéli


co encarnado apenas para se aperfeícoar ou para se purificar de suasfaltas,
mas é um ser naturalmente psicossomático: é corpo (material) e alma (espiri
tual), de tal modo que o corpo sem alma nño vive e a alma sem corpo neste
mundo nao existe. A tese da reencarnacao égratuita ou destituida depravas. Os
fenómenos de conhecimento mediúnico ou espirita sao cabalmente explicados
pela Parapsicología; esta ensina que o psiquismo humano é sujeito á sugestáo, a
qual pode desencadear percepcdo extra-sensorial e, de modo geral, ofuncio-
namento paranormal da pessoa. O recurso á Parapsicología dispensa explica
res fantasiosas mediante viagens ao astral, contato com entidades desencama
das, experiencias de túnel ejardim ameno no além...
* * *

O Brasil é a segunda patria do Espiritismo, que vai dando novase no


vas expressoes de si mesmo. Entre as mais recentes, está a chamada "Proje
ciologia", que tem por fundador o Dr. Waldo Vieira, autor do livro "Proje
ciologia", com mais de 900 páginas. Diz-se que há dois exemplares dessa
obra na estacao brasileira de pesquisas científicas na Antártida e que "alguns
pesquisadores ali baseados procuram alivio para a solidao dos longos diase
noites do Polo Su I, visitando suas familias através de viagens astrais" (Revis
ta "Ano Zero" n? 1,p. 40).

Os adeptos da Projeciologia afirmam que se trata de urna ciencia. Exa


minemos as suas proposicoes, baseando-nos na entrevista concedida pelo
Dr. Waldo Vieira ao repórter Marcos Guttmann, da revista "Ano Zero" e
publicada no n? 1, pp. 40-43, da mesma.

fifi?
40 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

1. Projeciologia: principáis linhas

A Projeciologia é definida como "a projecao consciente" ou como


"urna experiencia extracorpórea", também chamada "desdobramento lúci
do, viagem astral, projecao astral, O.B.E. (out-of-the-body-experience)".
Esse tipo de experiencia favorece um autoconhecimento profundo, segun
do dizem.

Tal teoría supoe que o ser humano seja um espirito encarnado, capaz
de sair do seu corpo e vaguear pelo espaco.1 Desencarnado pela morte, o es
pirito sobrevive em outros mundos, na procura de aperfeicoamento crescen-
te e guiado por outros espíritos ainda mais iluminados; dentre estes desta-
cam-se os "serenóes", tidos como "seres desenvolvidi'ssimos, tranquilos e
despojados de dogmas religiosos, identidades nacionalistas, doutrinacoes...;
tém aparéncia de beatitude dinámica, principalmente no amor universal,
na ajuda impessoal ao próximo" (p. 43).

As viagens pelo astral permitem penetrar "nos lugares mais surpreen-


dentes, como outros planetas e outras dimensoes; propiciam "contato com
toda sorte de entidades, algumas ainda mergulhadas na ignorancia, parecen-
do foragidas de filmes de ficcao científica, normalmente doentias e trauma
tizadas por experiencias violentas vividas na vida física" (p. 43).

Segundo Waldo Vieira,. "havia gente saindo do corpo há muito mais


de dois milenios, como está registrado na Biblia" (p. 43).

Mais: diz o entrevistado que todas as pessoas tém capacidade de se


projetar fora do corpo: 89% o fazem inconscientemente, pois "quase todo
mundo sai do corpo enquanto dorme". Dos restantes 11%, acontece que
9,8% realizam projecoes sem¡conscientes ou "o sonho lúcido", e 1,2% efe-
tuam "projecoes totalmente lúcidas ou conscientes" (p. 43).

Sao patavras de Waldo Vieira:


"O homem se compóe de varias carnadas superpostas de energía chama-
das 'corpos". O corpo físico é a carnada percebida pelos sentidos físicos, o que
nao impede a deteccáo das dentáis através de varios processos. A sede da indi-
vidualidade, da inteligencia, encontrase no corpofísico guando todas as cama-
das estáo em coincidencia, isto é, quando a pessoa está acordada. Como o sonó
é como se o corpo ügasse o piloto automático dasJuncSes autónomas, e a sede
do eu, juntamente com as outras carnadas, sai do corpo físico... O que pode
ocorrer, é que a pessoa, de repente, se ache botando pelo quarto, como um ba-
¡ño, ot* observando o seu próprio corpo adormecido" (p.41).

568
PROJECIOLOGIA 41

O espirito que sai do corpo, poderia "penetrar em lugares estratégicos


em busca de segredos militares ou industriáis, espionar a vida alheia, procu
rar meios que permitam o enriquecimento rápido, como descobrir informa-
coes confidenciais no mundo dos negocios da bolsa de valores, etc. Feliz
mente as sat'das do corpo sao monitoradas por espíritos iluminados. Eles nos
ajudam a compreender a transitoriedade das coisas terrenas" (p. 42).

A sai'da do corpo, segundo dizem, ocorre também com os espt'ritos de


pessoas moribundas, em fase de quase-morte. Waldo Vieira alude a depoi-
mentos de pessoas que estiveram em coma profundo e finalmente voltaram
ao seu estado lúcido; "enquanto os médicos constatavam a morte el mica,
elas empreendiam a grande viagem, desta vez com bilhete de ida-e-volta, e,
ao regressar, relataram o extraordinario vóo de consciéncia, urna intensidade
de sensacóes jamáis experimentadas em vida: flutuacáo fora do corpo, falta
de gravidade, sensacáo de grande paz, percepcao do todo, urna ¡mensa luz á
sai'da de urna especie de túnel, consciéncia de que um 'Ser de Luz' os ajuda-
ra na transicao a outro planeta de existencia, contemplacao da vida passada,
saber absoluto e total..." (reportagem de Isabela Herranz, no artigo "Urna
luz no fim do túnel", "Ano Zero", (n? 1. p. 53).

Quem retorna de urna viagem feita em estado de quase-morte, goza de


percepcao mais ampia, grande paz e amor, que perfazem "o paraíso aqui e
agora" (p. 55).

Há quem julgue que a própria Biblia apresenta casos de projepao cons


ciente para fora do corpo. Tal seria o de Ezequiel, "cuja consciéncia foi le
vantada ou extraída do corpo humano e transportada por um espirito (o
amparador) a outro lugar (cf. Ez3,14); também seria o caso de S. Joao men
cionado em Ap 3,15; 1,1 Os; 4,2 e o de Sao Paulo referido em 2Cor 12,2.

Sao estas as principáis linhas da doutrina e da mensagem da Projecio-


logia. Tém despertado o interesse de muitas pessoas, impressionadas pelas
maravilhas que sao assim apresentadas. Impóe-se urna reflexSo a respeito.

2. Que dizer?

Proporemos tres títulos de comentarios.

2.1. Antropología

A premissa básica de toda a Projeciologia é o seu conceito de ser hu


mano: segundo tal teoría, este seria um espirito encarnado para se purificar
de suas imperfeicoes e chamado a viver desencarnado, desde que tenha
concluido a sua evolucao espiritual.

SPfl
42 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

Ora tal nopao nao resiste a um exame atento. Com efeito; verifica-se
que o ser humano é uno; nada há nele que nao seja psicossomático, ou seja,
o resultado da uniao e colaborapao de corpo (materia) e alma (espi'ríto). Em-
bora corpo e alma sejam realidades distintas urna da outra (como o sao
materia e espirito), essas duas realidades existem para se completar mutua
mente, de tal modo que o corpo só existe e vive quando vivificado pela al
ma espiritual e esta (na vida presente) existe para se aperfeipoar (em seu co-
nhecimento, em suas volipSes e em seus afetos) mediante o corpo. A separa-
pao de corpo e alma acarreta a morte do corpo, ao passo que a alma humana
sobrevive (mesmo sem corpo) porque é espiritual e, conseqüentemente.
¡mortal.1 Nao se deve conceber a alma humana como se fosse um anjo, cuja
índole espiritual nada tem que ver com a materia; ao contrario, a alma hu
mana é espiritual e ¡material, mas ela é criada para se aperfeipoar na materia
e aperfeipoar a materia, embora possa subsistir sem a materia após a morte
do individuo.

Quem admite que a alma humana possa sair do corpo, "viajar" pelo es
papo e retornar ao corpo, admite que o homem possa morrer e reviver tantas
vezes quantas tais viagens acontecem. Ora isto é fantasioso e falso. Urna pes-
soa adormecida é urna pessoa viva, que se remexe enquanto dorme e que ela
bora o enredo de seus sonhos mediante o funcionamento do inconsciente e
do cerebro (fantasia ou imaginapao).1
Além disto, é de notar o seguinte: urna pessoa que está em coma pro
fundo, nao está morta; por isto continua animada ou vivificada por sua alma
espiritual; esta, porém, nao se manifesta, porque o corpo está tesado e impe
dido de servir de instrumento á alma espiritual. Nao se diga, portanto, que
a alma sai do corpo e vagueia pelo espapo, enquanto o corpo permanece em
coma ou sob tratamento de "reanimapáo".

Os relatos de pessoas que, tendo voltado do coma, contaram suas via


gens espaciáis (travessia de túnel, entrada em jardim iluminado, encontró

i
Todo ser espiritual é ¡mortal, porque nao tem partes e, conseqüente
mente, nao se decompóe.
Z
A concepgño aristotéUco-tomista. patrocinada pelo magisterio da Igreja
Católica (ver Código de Direito Canónico, canon 252, § 3-), professa que o
homem consta de corpo e alma (principio vital). Esta ¿ ¿nica em cada individuo;
é espiritual, mas responde por todas asfitncóes da pessoa: vegetativas (orgáni
cas), sensitivas (orgánicas) e intelectivas (nao orgánicas). Asfuncdes intelecti
vas sSo de índole espiritual, mas dependan do cerebro, que é a sede central da
vida orgánica (vegetativa e sensitiva). Por isto, quando alguém sonha, a sua al
ma (principio vital) é o sujeito do sonho mediante as/acuidades da memoria
sensitiva e da imaginacáo, que tem sede no cerebro.

570
PROJECIOLOGIA 43

com parentes e amigos...), sao produto da imaginapao; correspondem ao


que os homens ocidentais geralmente concebem a respeito do além: belo
parque, flores, agua, luz, amigos...; ¡sto tudo, em suma, nao seria mais do
que a reedipao revista e ampliada do conceito de felicidade ou paraíso que
os ocidentais costumam ter. Nada prova que haja realmente um mundo to
pográfico no além.

Quanto á reencarnado, é outra concepcao destitui'da de provas ou


gratuitamente professada. Nenhum ser humano normal se lembra de quantas
encarnapoes teve e do que foi em cada urna délas. Os relatos de vida pregres-
sa obtidos em estado de transe hipnótico nao sao mais do que a associacao
de imagens, impressoes e conceppóes colhidas na vida presente; tal é a con-
clusao a quem tém chegado os estudiosos que analisam tais relatos. Em sonó
hipnótico e em transe, a pessoa deixa o seu inconsciente funcionar livremen-
te, de modo que vém á tona quadros e impressoes armazenadas nesse in
consciente desde que o individuo abre os olhos e os ouvidos. A apresentacao
livre e fantasiosa desses elementos guardados no inconsciente é tao beni con
catenada que parece ser o enredo de urna existencia anterior; tal ¡mpressao.
porém, nao resiste a urna investigapao cn'tica.

2.2. A Biblia registra...?

Quanto a dizer que a Biblia registra casos de viagens do espirito fora


do corpo, é algo de totalmente gratuito.

Examinemos cada um dos textos citados como testemunhos de proje-


pao consciente.

Ez 3,14s: "O espirito me tomou e me arrebatou e andei decidido e


excitado, enquanto a mao de Javé me empurrava. Cheguei aos deportados de
Telabib..."

O texto de Ezequiel há de ser entendido á luz do estilo adotado pelo


Profeta: é cheio de imagens, visees, símbolos..., que nao podem ser tomados
ao pé da letra. Em 3.14s, Ezequiel quer dizer que esteve presente aos exila
dos de Judá na Babilonia: imagina entao urna viagem até aquela regiao por
obra do espirito e da mao de Javé. - Ora evidentemente Javé nao tem maos;
dir-se-á, pois, que o arrebatamento por má"o de Javé nao passa de figura retó
rica. De resto, os melhores comentadores professam ter dificuldade em inter
pretar passagens do livro de Ezequiel, tao obscuro que por vezes é. Conse-
qüentemente a interpretacao dada pela Projeciologia aparece como algo de
subjetivo e preconcebido.

571
44 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

2Cor 12,2: "Conheco um homam em Cristo que, há quatorze anos,


fo¡ arrebatado ao terceiro céu - se em corpo, nao tei; te fora do corpo, nao
$e¡; Deus o sabe".

0 Apostólo se refere a um de seus éxtases, ou seja, a urna graca de in-


tuicáo profunda que teve... Tao profunda que Ihe parecía ser um rapto para
o alto. Esse rapto, porém, é figura de linguagem^omo é a referencia ao ter
ceiro céu (= ao mais alto dos céus); tal modo de falar supoe a térra cercada
de esferas concéntricas, das quais a mais elevada seria o chamado "terceiro
céu". Desta locuelo nada se pode deduzir em favor da Projeciologia. O fato
de dizer o Apostólo que nao sabe se foi arrebatado no corpo ou fora do cor
po explica-se pelo uso de urna expressao popular, fantasiosa, que Sao Paulo
nao tenciona apresentar como profissao de fé dogmática. Também quem so-
nha, pode ter a impressao de ter viajado fora do corpo, quando na verdade
nao há separacfo de corpo e alma; logo que urna pessoa adormecida é des
pertada repentinamente, ela reage com a sua constituicao psicossomática ¡n-
teira.

"Ap 1, 10: "No dia do Senhor fui movido pelo Espirito, eouvi atrás
de mim urna voz forte".

Sao Joao também se refere a urna visao que teve. Dá-se o nome de
éxtase ao estado de alma dos visionarios como se a respectiva alma estivene
ou sai'sse fora do corpo (ex = fora; stásis= estado). Dada a impossibilidade
de separacao de corpo e alma sem que haja morte do individuo, entenda-se
éxtase como expressao de um modo subjetivo e pré-cienti'fico de formular
a realidade.

Em Ap 4,2 lé-se algo de semelhante: "Fui ¡mediatamente movido pelo


Espi'rito". Tal locucao há de ser entendida no sentido da anterior.

Um episodio que aínda se poderia aproximar de tal teoría éoda pitoni


sa1 de Endor: solicitada pelo reí Saúl, terá feito "baixar" o espirito de Samuel
(cf. ISm 28,3-25). Todavía quem lé o texto bíblico, verifica que a própria pi
tonisa se assustou e "soltou um grito medonho" quando viu o espectro de
Saúl aparecer (ISm 28, 12); tratava-se de um fenómeno extraordinario, in
sólito. Na verdade, nenhuma arte mediúntca é apta a fazer "baixar" os mor-
tos; nao há comunicacao do aquém com o além mediante encantamentos

i
Pitonisa é a mulher que, pretensamente inspirada pelo deus Pitón
(deus dos oráculos, segundo a mitología grega), transmite sentengas do além ou
faz o papel de médium.
PROJECIOLOGIA 45

humanos. No caso de Saúl, Deus quis permitir que, por ocasiao (nao por
causa) da evocacao feita pela pitonisa, Samuel transmítase a Saúl a impor
tante noticia de que no dia seguinte estaría morto e, portanto, se devia pre
parar para tanto. Tal permissSo de Deus foi gratuita; nao pode ser provoca
da, de modo que nao é licito recorrer a 1Sm 28,3-25 para tentar fundamen
tar a evocacáo dos mortos e a "descida" dos mesmos até a térra.

2.3. Observacáb final

Os fenómenos extraordinarios (pré-cognicao. telepatía, clarividencia...)


que Waldo Vieira atribui á Projecíologia, explicam-se simplesmente pela
combinacao de duas funcóes do psiquismo ou da alma humana existente
no corpo: a sugestáo e a percepcao extra-sensorial. Com efeito; quem acre
dita que pode viajar pelo espago, sugestiona-se ou deixa-se sugestionar e,
conseqüentemente, suscita em si a sensacao de estar saindo do corpo e va
gueando pelos ares; se é urna pessoa "sensitiva" ou dotada de boa paranor-
malidade, exercerá a percepcao extra-sensorial, ou seja, perceberá coisas
que nao perceberia se nao fosse estimulada pela sugestáo; tal percepcao pode
ser fiel ou verídica, de modo que cause surpresa e provoque expltcacoes fan
tasiosas. Estas, porém, crívadas pela reflexao serena e lógica, se desfazem.
A pesquisa do psiquismo humano e da sua amplidao paranormal ( = ao lado
do funcionamiento normal) mostra que nao é preciso admitir "viagens" espa
ciáis para explicar o que possa haver de ven'dico e auténtico nos relatos de
pessoas influenciadas pela Projeciologia; o próprio psiquismo humano dilata
do por influencia de certos fatores (entre os quais a sugestáo) é capaz de
apreender verdades que em estado normal nao seriam apreendidas.

É de notar outrossim que o ser humano é espontáneamente propenso


a devassar o além, procurando respostas para indagacoes que a ciencia e a ra-
zá*o nao Ihe fornecem. Por isto tem deixado, e continuará a deixar (talvez
inconscientemente), que a ¡maginacao funcione, arquitetando pseudo-respos-
tas, que podem ter o efeito de surpreender e maravilhar ou de reconfortar
provisoriamente enquanto nao sao submetidas ao crivo da lógica.

Assim a Projeciologia aparece como maís urna tentativa de satisfazer


aos anseios, do homem, de conhecer o além e sair da ratina do cotidiano.
Contudo nao logra seu intento, pois permite que a fantasía e as emocoes se
exercitem sem o controle da razio e de sadio senso crítico. - A fé crista
tem sua resposta para o justo desejo de saber qual a sorte final do homem,
resposta que foi sumariamente explanada em PR 353/1991, pp. 434-447.

573
Um depoimentó significativo:

Boris Yeltsin e a Religiáo

O líder russo Boris Yeltsin, eleito presidente da Rússia aos 12/06/91


por sufragio universal, concedeu urna entrevista ao jornal Izvestia, naquela
época órgao do Soviete Supremo, entrevista na qual abordou, entre outras
coisas, a questao religiosa. Precisamente este segmento das suas declaracoes
vai, a seguir, reproduzido em traducao portuguesa.1

Izvestia: "Nos últimos tempos tornou-se freqüente ver personalidades


do Governo e da poh'tica assistir a cerímónias religiosas transmitidas pela
televisao. Ao observar isto, tanto os ateus quanto os homens religiosos inda-
gam: Com que finalidade, e por qual motivo, alguns dirigentes, entre os
quais Yeltsin, se vóltam para Deus?"

Yeltsin: "Vou falar do que me diz respeito. Antes do mais, recebi o


Batismo. Meu nome e minha data de nascimento, como de praxe, estao
consignados no Registro de Batizados. Meu avó e minha avó eram pessoas
de fé. Assim também foram meu pai e minha mae até deixarmos a zona
rural para vir para a cidade. A seguir, recebi na escola e na Universidade
urna formacao desmedidamente ideologizada; constantemente ouvi, lie —
por que o ocultar? - experimentei e compartíIhei as mais injuriosas opi-
nióes sobre a Igreja e a religiao. Tal educacao vem a ser urna pesada falha
e grave injustipa. Como também é falha e ¡njustipa a divisao da sociedade em
crentes e nao crentes. Por isto também hoje em dia tal divisao vai-se apagan
do aos poucos.

Dito isto, dedico o maior respeito á Igreja Ortodoxa, á sua historia, á


sua contribuicao para a vida espiritual russa, á sua Moral, á sua tradipao de
misericordia e beneficencia. Em nossos dias o papel da Igreja se intensifica
nesses setores. E nosso dever é restaurar os direitos da Igreja. Nao é raro en-

1
Utilizamos o texto francés desse depoimento, publicado em LA DO-
CUMENTATION CATHOLIQUE ri¡ 2003 (4-18/08/1991), p. 763.
BORIS YELTSIN E A REUGIÁO 47

contrarmos o Patriarca e outros ministros do culto. Quando me encontró


numa igreja, tomo urna vela ñas maos. Um oficio religioso que dure quatro
horas nao me cansa. Nem a mim nem á minha esposa. E muitas vezes, quan
do saio de urna igreja, julgo que algo de novo, de luminoso, entrou em mim.

Apesar de tudo, nao consigo fazer o sinal da Cruz em público. Há


qualquer coisa que me impede. Para dizer a verdade, o que acontece é que
nao se deve ter fé pela metade. De modo geral, o processo de conversao é
um trabalho de alma, um trabalho que prossegue e que nao é mais fácil do
que a revisáo do totalitarismo".

Izvestia: "0 Sr. que outrora foi um membro influente do Partido, nao
se senté culpado hoje. diante do povo, por aquilo que aconteceu?"

Yeltsin: "É obvio que sim, experimento tal sentimento".

(Izvestia, 23 de maio de 1991)

COMENTANDO.. .

O texto é muito importante a dois títulos:

1) Poe em relevo o que é o homo sovieticus. Com efeito; diz-se que


atualmente, além do homo faber, homo sapiens, homo ludicus, homo beco-
nomicus..., os cientistas podem falar do homo sovieticus: aquele que foi for
mado segundo urna ideología atéia e materialista em grau extremo; tornou-se
súdito de um Governo totalitario, que pensava por seus subalternos, dispen-
sandoos de tomar iniciativas e ser eles mesmos. Acontece, porém, que a má
quina do sistema implodiu e os cidadáos querem recuperar sua identidade,
mas encontram dificuldades, pois estSo acostumados a um tipo de vida ultra-
passado: Boris Yeltsin sente-se bem numa igreja, mas nao ousa persignarse
em público; a recuperacao da identidade é tao difícil quanto o alijamento do
totalitarismo, . . . ao menos quanto o alijamento do totalitarismo parecía ser
á primeira vista (pois surpreendentemente ele desmoronou com muita rapi
dez).

2) O líder russo reconhece que a Igreja foi vítima de injusticas e mere


ce atualmente que se Ihe devolvam seus direitos. Ela contribuiu, e poderá
continuar a contribuir, para formar e enriquecer o patrimonio cultural, mo
ral e místico do povo russo. É chegado o momento de reconstruir o que de
cenios de sufocacao governamental destruiram na Rússia.

Possam os povos ocidentais refletir sobre a I i cao que tais acontecimen-


tos e declaracoes transmitem! Mais urna vez verifica-se que "o homem foi
feito para Deus e nao repousa enquanto nao se volta para Deus" (S. Agos-
tinho).

575
Que dizer?

Medjugorje: Urna Declaragáo


Oficial

Aos 10 de abril de 1991 os Bispos da lugoslávia emitiram o seguinte


Comunicado:

"Os membros da Conferencia Episcopal lugoslava, reunidos em sessao


ordinaria aos 9,10 e 11 de abril, em Zadar, concordan) em formular e decla-
racáo seguinte:

Desde o inicio, os Bispos acompanharam os acontecimentos de Med


jugorje mediante o Bispo Diocesano, a Comissáo Diocesana e o Comité no-
meado para tal fim pela Conferencia Episcopal lugoslava. Na base das inves-
tigacoes realizadas até agora, nao é possfvel afirmar que se trate de aparicóes
ou de revelacóes sobrenatural. Nao obstante, a presenca muito macica de
fiáis, que, movidos por razoes de fé ou por outros motivos, vao a Medjugor
je, procedentes de todas as partes do mundo, exige a atencao e a solicitude
pastoral do Bispo Diocesano em primeiro lugar, mas também dos outros Bis
pos, a fim de que em Medjugorje se promova urna sadia devocao á Virgem
María, de acordó com o ensinamento da Igreja. Em vista disto, os Bispos bai-
xarao também diretrizes litúrgicas e pastorais oportunas. Ao mesmo tempo,
continuarao, através das suas ComissSes, a acompanhar e examinar os acon
tecimentos de Medjugorje em seu conjunto".
(Texto traduzido do francés como foi publicado em LA DOCUMEN-
TATION CATHOLIQUE rfi2003. (4-18/08/1091), p. 763.
Como se vé, a Igreja ainda mantém silencio sobre a autenticidade das
aparlcoes de Medjugorje, pois nao tem elementos suficientemente lúcidos
para os avaliar; mas quer aproveitar o afluxo de fiéis áquele lugar, transfor
mado em santuario, para oferecer ao povo de Deus urna genui'na devocao a
María. Muítas pessoas ali tém reencontrado ou afervorado sua fé, de modo
que a Igreja se vé impelida a vigiar pela autenticidade da devocáo a María em
Medjugorje, tragando as linhas que possam entreter e alimentar, no melhor
sentido, a piedade dos fiéis.
Estévao Bettencourt O.S.B.

576
Pergunte

Responderemos

índice Getal de 1991


57/
ÍNDICE
(os números á dimita indieam, respectivamente, fascículo, ano de
edicáo e página)

ABORTO — (onte de lucro 349/1991, p. 277;


e inicio da vida humana 346/1991, p. 98;
conseqüénclas psicológicas 350/1991, p. 328.
ADÁO NO NOVO TESTAMENTO 355/1991, p. 538.
ACÁO DE GRACAS APÓS A COMUNHÁO 348/1991, p. 256.
AIDS: curado? 348/1991, p. 276;
solucáopara 352/1991, p. 363.
ALBANIA: carta clandestina 345/1991, p. 90.
ALMA HUMANA: principio vital 347/1991, p. 151
AMÉRICA: 5a Centenario da Evangelizado 355/1991, p. 543.
"AMIGOS DE JEOVÁ": dissidentes das Testemunhas . 355/1991, p. 563.
"A MISSÁO DO REDENTOR", de Joáo Paulo II .... 350/1991, p. 290.
AMOR HUMANO E DESVÍOS 345/1991, p. 64.
ANDRÓGINO E TEOLOGÍA FEMINISTA 349/1991, p. 245.
ANGLICANISMO E CATOLICISMO: CONVERSÓES . . 354/1991. p. 527.
ANTIGO TESTAMENTO — palavra e culto 348/1991. p. 244.
ANTIINTELECTUALISMO E RELATIVISMO 344/1991. p. 29.
ANTROPOLOGÍA DA TEOLOGÍA FEMINISTA 349/1991. p. 249.
APROPRIAQÓES TRINITARIAS 344/1991. p. 21.

BÍBLIA E MULHER 354/1991, p. 504;


PROJECIOLOGIA 355/1991, p. 571.
BITANTAS. PAVEL PE.. NA SIBÉRIA 347/1991, p. 169.
BORIS YELTSIN E RELIGIÁO 355/1991, p. 574.
"BRIDA", de Paulo Coelho 345/1991, p. 84.
BRUXARIA E MENTALIDADE MEDIEVAL 354/1991, p. 496.

CAMELO E FUNDO DA AGULHA 349/1991, p. 261.


CÁNONES HIBERNENSES E PENITENCIA TARIFADA 350/1991, p. 318.

578
CARTA DA ALBANIA 345/1991, p. 90.
CATÓLICO E MACÓN: incompatibilidad© 345/1991, p. 68.
"CENTESIMUS ANNUS". a nova Encíclica
de Joáo Paulo II 352/1991, p. 338.
CEREBRO E INTELIGENCIA 347/1991. p. 153.
CEU: que ó? 353/1991, p. 439.
COELHO, PAULO: "BRIDA" 345/1991, p. 84
COLONIZACÁO E EVANGELIZACÁO 355/1991, p. 543.
COMA REVERSÍVEL E IRREVERSÍVEL 345/1991, p. 80.
COMISSÁO ARQUIDIOCESANA P/ DOUTRINA DA FÉ:
educacáo sexual 345/1991, p. 64
COMUNHÁO EUCARÍSTICA E ACÁO DE GRAQAS . . 348/1991, p. 256.
COMUTAgÓES DE PENITENCIAS 350/1991, p. 318.
CONCÍLIO VATICANO II: mudanca de doutrina? . . . . 352/1991, p. 372.
CONTINENCIA PERIÓDICA OU LIMITACÁO NATURAL
DA PROLE 352/1991. p. 368.
CONTROVERSIAS TRINITARIAS 344/1991, p. 11.
CONVERSÓES FAMOSAS 353/1991. p. 461.
CRUCIFIXÁO 351/1991. p. 367.
DE JESÚS 351/1991. p. 368.
CRUZ: sinal do cristáo 351/1991, p. 364
CUBA: aumento da fó 344/1991, p. 33.
CULTO DIVINO E PALAVRA BÍBLICA 348/1991. p. 252.
DOS SANTOS 348/1991. p. 263.

DESMITIZACÁO E RESSURREICÁO DE JESÚS .... 351/1991, p. 357.


DÍA DO SENHOR 346/1991. p. 120.
DIREITO DE ASSOCIACÁO E SINDICATOS 351/1991, p. 345.
DIVORCIO E B. HÁRING 352/1991. p. 366
DOCETISMO E RESSURREICÁO < 351/1991, p. 356.
DOMINGO: testa crista 346/1991, p. 119.
DOMINIAN, JACK, E AIDS 352/1991, p. 363.
DUALISMO OU DUALIDADE NO HOMEM 347/1991, p. 147.

ECOLOGÍA E NEW AGE 354/1991, p. 523.


EDUCACÁO SEXUAL desvios 345/1991, p. 50.
EMBRIÁO E PRÉ-EMBRIÁO 346/1991, pp. 98 e 105.
ENCÍCLICA "REDEMPTORIS MISSIO" 350/1991. p. 290.

579
ENCÍCLICA -RERUM NOVARUM" 351/1991, p. 338.
ENCONTRÓ COM DEUS 353/1991, p.464.
DEJOVENSEMMOSCOW—1990 347/1991. p. 190.
ESCANDINÁVIA: o bem-estar que nao satisfaz 349/1991, p. 271.
ESCRITURA SAGRADA E DINAMISMO 347/1991, p. 182.
ESPIRITO DE DEUS 344/1991, p. 6.
SANTO — protagonista da missáo do Redentor . 350/1991, p. 295.
ESPÓRTULAS "COLETIVAS" DE MISSA 353/1991, p. 486.
ESTADO E CULTURA 352/1991, p. 345.
ETAPAS DA RECONCILIAQÁO SACRAMENTAL . . . 350/1991. p. 310
"ÉTICA BIOMÉDICA", por Sandro Spinsanti 350/1991. p. 329.
EUCARISTÍA E TESTEMUNHAS DE JEOVÁ 349/1991, p. 266.
EUTANASIA: lícita ou nao? 350/1991, p. 330.
NO BRASIL 352/1991. p. 374.
EVANQELHO DE MARCOS — no ano 50? 354/1991. p. 482;
ETRADigAO 347/1991. p. 162.
"EXISTE SAÍDA PARA UMA PASTORAL DOS
DIVORCIADOS?" por Bemhard Haring 354/1991, p. 509.

FÁTIMA E CONVERSÁO DA RÚSSIA 346/1991, p. 137.


FÉREUGIOSA AUMENTA EM CUBA 344/1991, p. 33.
FEITICEIRAS E INQUISICAO 354/1991. p. 495.
FESTACRISTÁ 346/1991. p. 114.
FIM DO CRISTIANISMO? 344/1991. p. 28.
FRAGATA S.J.. Pe. JUUO perante a morte 348/1991. p. 273.
FRATERNIDADE NA PRISAO 347/1991. p. 187.

GRISA. PEDRO, E PODER DA MENTE 346/1991. p. 127.


GULAG — ESCOLA DE ECUMENISMO 347/1991, p. 188.

HEDONISMO HOJE 344/1991, p. 29.


HOMEM — CAMINHO DA IGREJA 352/1991, p. 348;
— queé? 347/1991, p. 146;

580
HOMEM —quoé? 355/1991, p. 569.
HOMOSSEXUAUSMO. segundo J. Dominian 352/1991, p. 367

IDADE MEDIA E A MULHER 354/1991, p. 505;


PROGRESSO 347/1991, p. 177.
IDENTIDADE DE JESÚS 347/1991, p. 162.
IGNORANCIA RELIGIOSA 353/1991, p. 457.
IGREJA "CLANDESTINA" NA TCHECOSLOVÁQUIA . 351/1991. p. 379;
SECULARIZADA NA ESCANDINÁVIA 349/1991, p. 276.
INCREDULIDADE E CONVERSÁO 353/1991, p. 457.
INICIACÁO CRISTA E INICIAQÁO MAQÓNICA 345/1991, p. 69.
INQUISICÁO MEDIEVAL: como entender? 354/1991, p. 495.
INSTINTO NO HOMEM E NO ANIMAL
INFRA-HUMANO 347/1991, p. 155.
"INTELIGENCIA" DOS ANIMÁIS 347/1991. p. 159.
INTELIGENCIA E INSTINTO 347/1991, p. 155.
INVENQÓES E DESCOBERTAS NA IDADE MEDIA . . 347/1991. p. 178.
ISLA, CORRENTE RELIGIOSA QUE MAIS CRESCE
NO MUNDO 344/1991, p. 31.
ISRAEL E VATICANO 354/1991. p. 473.
"ISTO É MEU CORPO" — Mt 26.26 349/1991. p. 266.

JEOVÁ OU JAVÉ? 344/1991. p. 12.


JESÚS CRISTO: identidade 347/1991. p. 162;
na "Nova Era" 354/1991, p. 524.
JESUS'CRISTO REINTERPRETADO 353/1991. p. 450.
— aspecto físico 347/1991. p. 164.
JESÚS CRISTO, ÚNICO SALVADOR 350/1991, p. 292.

LEJEUNE, JERÓME E GENÉTICA 346/1991. p. 98.


"LEMBRA-TE..." — poema de Paulo VI 345/1991. p. 95.
LESTE EUROPEU E SEGREDO DE FÁTIMA 346/1991. p. 137.

581
LIBERALISMO E COLETIVISMO NA ENC. "RERUM
NOVARUM" 351/1991. p. 342.
"LIBERTE SEU PODER EXTRA", por Pedro A. Grisa . 346/1991. p. 127.
LIMITACÁO DA NATALIDADE 345/1991, p. 55.

MAGIA E PAULO COELHO 345/1991, p. 88.


MAGISTERIO DA IGREJA: valor 352/1991. p. 371.
MARXISMO: queda no Leste Europeu 352/1991. p. 341
MARY DALY. Teóloga Feminista 349/1991. p. 247
MASTURBAQÁO 352/1991. p. 368.
MATERIAL DIDÁTICO PARA EDUCAQÁO SEXUAL . . 345/1991, p. 64.
"MATURIDADE SEXUAL. A SOLUCÁO PARA A AIDS".
por Jack Dominian 352/1991, p. 363.
MÉDICO E SACERDOTE NO HOSPITAL 350/1991, p. 336.
MEDJUGORJE: declara?áo oficial 355/1991, p. 576.
MENTE PODEROSA 346/1991. p. 128.
"MILAGRE DO SOL": mal-entendido 349/1991, p. 283.
"1994..." UMA PROFECÍA? 344/1991. p. 22.
"MISSÁO DO RENDENTOR, A": encíclica 350/1991. p. 290.
MISSAS "COMUNITARIAS": regulamentacáo 353/1991, p. 466.
MISSÓES DIVINAS 344/1991, p. 19.
"MÍSTICAS" NOVAS NO MUNDO OCIDENTAL .... 344/1991, p. 30.
MOISÉS NO NOVO TESTAMENTO 355/1991, p. 539.
MONTEOLIVA. J.M.. E SEXUALIDADE 346/1991. p. 140.
MORTE. PENA DE: sim ou nao? 352/1991. p. 360.
MÚSICA-"ROCK" 349/1991. p. 284.

"NEW AGE": que ó? 354/1991, p. 518.


NEOCATECUMENATO: aprova?áo papal 347/1991. p. 183.
NOVOSIBIRSKI E CATOLICISMO 347/1991. p. 168.
NOVA ERA: que ó? 354/1991. p. 518.
NOVO TESTAMENTO—PALAVRAE CULTO 348/1991, p. 248.

"O DILEMA DA SEXUALIDADE". por José Marta


Monteoliva. S.J 346/1991. p. 140.

582
"OECUMENA": solidariedade na prisáo 347/1991, p. 187.
OITAVO DÍA: domingo 346/1991, p. 122
"O MARTELO DAS FEITICEIRAS" 354/1991 p 495
"ORACÁO DO CATEQUISTA" (Primo Vleira) 345/1991, p. 495.
OWEN. BOB E AIDS 348/1991 p 276

PADRE NA SIBÉRIA 347/1991. p. 166


PADROADO DOS REÍS E IGREJA 355/1991, p. 543
PALAVRA 348/1991. p. 250.
E CULTO 348/1991. p. 253.
PANTEÍSMO 346/1991. p. 134.
PAPA JOÁO PAULO II E O QUINTO CENTENARIO
DA AMÉRICA 355/1991. p. 544.
PARTICIPANTE DA REFEICÁO NOTURNA DO SENHOR 355/1991. p. 563
PÁSCOA. O CERNE DA FESTA CRISTA 346/1991. p. 117.
PASSAGEM PARA A VIDA DEFINITIVA 353/1991 p 437
PASTORAL DOS DIVORCIADOS 354/1991, p. 509
PAULO COELHO: "BRIDA" 345/1991 p 84
PECADO E RECONCILIAQÁO 350/1991, p. 305
PECADOS GRAVES E PECADOS LEVES 350/1991. p 309
IRREMISSÍVEIS 350/1991, p. 307.
PENA DE MORTE: sim ou nao? 352/1991 p 360
PENITENCIA PÚBLICA 350/1991, p. 310
PENITENCIAS "TARIFADAS" 350/1991. p 317
PÍLULA ANTICONCEPCIONAL NOS EE.UU 345/1991. p. 55
PODER DA MENTE 346/1991. p. 129.
PORNOGRAFÍA: v'rtimas 344/1991, p. 36.
"POR QUE CRER?. por Luiz José de Mosquita 353/1991. p. 456.
PRECE CIENTÍFICA, segundo P. Grisa 346/1991, p. 131.
PREGACÁO DO EVANGELHO E RESPEITO DA
CULTURA NATIVA 355/1991, p. 550.
PROCESSÁO 344/1991, p. 17.
PROJECIOLOGIA: queé? 355/1991, p. 567.
PROLONGAQÁO ARTIFICIAL DA VIDA 350/1991, p. 330.
PROPRIEDADE PARTICULAR: lícita 351/1991, p. 343.
PSICOTERAPIA E REUGIÁO 350/1991. p. 334.
PURIFICAgÁO POSTUMA 353/1991. p. 443.

QUINTO CENTENARIO DA DESCOBERTA DA AMÉRICA 355/1991, p. 543.

583
RECONCIUACÁO: historia do sacramento 350/1991, p. 304.
"REDEMPTORIS MISSIO" 355/1991, p. 452.
REENCARNADO E NEW AGE 354/1991, p. 524.
REGULACÁO DA NATALIDADE: como? 350/1991, p. 333.
REINO DE DEUS E IGREJA 350/1991. p. 294.
RELAgÓES PRÉ-MATRIMONIAIS, segundo
J. Dominian 352/1991. p. 366.
RELIGIÓES E RELATIVISMO RELIGIOSO 353/1991. p. 448.
"RERUM NOVARUM" — centenario 352/1991, p. 338.
RESSURREICÁO DA CARNE: slm ou nao? 353.1991, p. 444;
DE JESÚS: fato e significado 351/1991. p. 350.
RETRATO DE JESÚS 347/1991. p. 161.
REVELAgÓES PARTICULARES EM NOSSOS DÍAS . 345/1991, p. 73.
"ROCK": que ó?- 349/1991, p. 284.
"ROGER CONSEGUIU-SE CURAR-SE DE AIDS",
por Bob Owen 348/1991. p. 276.
"RÚSSIA: DEUS ESTÁ DE VOLTA" 344/1991, p. 35.

SACRAMENTO DA RECONCILIACÁO: historia 350/1991. p. 304.


— símbolo ñas Escrituras 355/1991, p. 532.
SAGRADA ESCRITURA E CULTO DIVINO 348/1991, p. 242.
SANTA SÉ E ESTADO DA CIDADE DO VATICANO . . 353/1991, p. 477.
— relacóes diplomáticas com Israel 353/1991, p. 473.
SANTÍSSIMA TRINDADE E TESTEMUNHAS
DE JEOVÁ 344/1991, p. 2.
SANTOS, CULTO DOS 348/1991, p. 262.
SANTOS E BEM-AVENTURADOS QUE
TRABALHARAM NA AMÉRICA 355/1991, p. 553.
SAO BASÍLIO (+379) E DEFESA DA VIDA 346/1991, p. 111.
SEGREDO DE FÁTIMA 346/1991, p. 137.
SHABBATH E DOMINGO 346/1991, p. 120.
SIBÉRIA E EVANGELIZAgÁO 347/1991, p. 167.
SINAL DA CRUZ: s. do cristáo 351/1991, p. 370.
SÍNDROME PÓS-ABORTO 350/1991, p. 322.
VIDEOCOMPULSIVA 351/1991, p. 375.
SOCIEDADE "MACHISTA" 349/1991. p. 275.
SOM. LETRAS E GESTOS DA MÚSICA "ROCK" . . . 349/1991. p. 286.
SPONG, JOHN SHELBY. E CRÍTICA DA BÍBLIA .... 349/1991. p. 254.

584
TCHECOSLOVÁQUIA E ORDENACÓES
CLANDESTINAS 351/1991, p. 380.
TEOLOGÍA FEMINISTA 349/1991. p. 242.
TESTEMUNHA DE JEOVÁ CONVERTIDO 355/1991, p. 556.
TESTEMUNHA DE JEOVÁ E SANTÍSSIMA
TRINDADE 344/1991. p. 2.
TIPOS DE COMA 345/1991, p. 82.
TRADICÁO E FÉ TRINITARIA 344/1991, p. 9.
TRANSPLANTE... quando? 345/1991, p. 83.
TRANSUBSTANCIACÁO: que ó? .' 349/1991, p. 266.

"UM HOMEM É UM HOMEM" (Jéróme Lejeune) .... 346/1991. p. 98.


URSS APROVA LIBERDADE DE CONSCIÉNCIA ... 344/1991. p. 34.

VATICANO E ESTADO DE ISRAEL 354/1991, p. 473.


"VENCEU O BOM SENSO" (D. Jaime Luiz Coelho) . . 344/1991, p. 41.
VIDA: queé? 347/1991. p. 150.
DEPCIS DA MORTE 353/1991, p. 434.
VIOLENCIA E PENA DE MORTE 352/1991. p. 349.
VÍTIMAS DA PORNOGRAFÍA 344/1991. p. 36.

YELTSIN. BORIS. E RELIGIÁO 355/1991. p. 574.

EDITORIAIS

A ALEGRÍA DE VIVER UM TEMPO PRECIOSO .... 348/1991. p. 241.


A NOVA ÁRVORE DA VIDA 346/1991. p. 97.
"AO MENINO RECÉM-NASCIDO DAI ACOLHIDA" . . 355/1991, p. 529.
... ATÉ O FIM 349/1991. p. 241.
JANEIRO. O MES DA PORTA 344/1991. p. 1.
O DEUS FELIZ (1 Tm 1.11) 345/1991. p. 49.

585
"Ó MORTE. SEREI A TUA MORTEI" 354/1991. p. 481.
"OS TEMPOS SAO MAUS..." 347/1991. p. 146.
SANCÓES DENTRO DA IGREJA 350/1991. p. 289.
"SÉ FIEL ATÉ A MORTE..." 352/1991. p. 337.
SIMPLES VOZ OU PALAVRA DE DEUS 351/1991, p. 337.
"TARDE EU TE AMEI..." 353/1991. p. 433.

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ALVES, J. A Fe nossa de cada día 346/1991. p. 142.


COMBLIN. José e outros. O Evangelho de Mateos . . . 346/1991. p. 142.
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matrimonial 352/1991, p. 382.
FROSSARD. André. Deus em questóes 352/1991. p. 384.
GANDHI. Mahatma. Palavras de Paz 347/1991. p. 186.
GORDON, Richard. A cura pelas máos ou a prática
dapolarídade 348/1991. p. 287.
HADDAD. Víctor. Jesús em Mateus 344/1991. p. 48.
RAMOS-REGIDOR, José. Teología do Sacramento
da Penitencia 352/1991. p. 380.
RANGEL, Padre Paschoal. María, María 352/1991, p. 384.
SCHALK, Hans. Porque confessar-se? Sugestóes
prátlcas para o Sacramento da Reconciliacáo . . 347/1991, p. 192.
ZANCHETTA, María Lulza. Ancestrals, vida Intra-uterína
e llbertacáo do homem 346/1991, p. 143.
ZANINI, Freí Ovidio. Sexo: bloquelos e desbloqueas . 353/1991, p. 480.

586
EDIQÓES LUMEN CHRISTI

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da clássica controversia entre Católicos e Protestantes, procurando
mostrar que a díscussao no plano teológico perdeu muito de sua
razáo, de ser. pois. nao raro, versa mais sobre palavras do que sobre
conceitos ou proposicoes - 380 páginas. SUMARIO: 1. O catálogo
bíblico: livros canónicos e livros apócrifos - 2. Somente a Escritura?
- 3. Somente a fé? Nao as obras? - 4. A SS. Trindade. Fórmula
paga? — S. O primado de Pedro — 6. Eucaristía: Sacrificio e Sacra
mento - 7. A Confissáo dos pecados. - 8. O Purgatorio — 9. As
indulgencias- 10. María, Virgem e Mae-- 11. Jesús teve irmaos? 12.
O Culto aos Santos - 13. E as imagens sagradas? - 14. Alterado o
Decálogo? - 15. Sábado ou Domingo? - 16. 666 <Ap. 13.18) - 17.
Vocé sabe quando? - 18. Serta e Espirito sectario - 19. Apéndice
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celebracao da Vida — A uncao do Espirito — O pao do céu e a
bebida de salvacao - O sentido do Sagrado e á linguagem simbólica
na Liturgia — Gnosticismo moderno — Bernanos e a inútil liberdade
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