Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS
ON-LIN.E
MAIO
1994
(O SUMARIO
I
w "Mulher, eisteu Filho!" (Jo 19,26)
ai
"Compreendendo a Nova Era"
(O
ai Horóscopo diminui duracao da vida
(O "Tudo inventado"
<
ni
A Igreja contraria á saúde dos brasileiros?
Diretor-Responsável SUMARIO
Estéváo Bettencourt QSB
Autor e Redator de toda a materia "Mulher, eis o teu Filhol'MJo 19,26) . . 193
publicada neste periódico
Um turbilhao complexo:
Diretor-Administrador: "Compreendendo a Nova Era" 194
D. Hildebrando P. Martins OSB Quem diría?
Horóscopo diminuí duracao da vida . .. 207
AdministracSo e distribuicao:
Propaganda Proselitista:
Edicoes "Lumen Christi"
"O BiscoitodaMorte" 210
Rúa Dom Gerardo, 40 — 5? andar — sala 501
Tel.: (021) 291-7122 Nos Evangelhos:
NO PRÓXIMO NÚMERO
"Jesús, o Libertador (I)" (Jon Sobrino). — "O Amor Tudo Espera" (Bispos de
Cuba). — No Líbano: os Maronitas. — "A Verdadeira Vida em Deus" (Vassula
Ryden). — Aínda os Preservativos.
(Jo 19,26)
E.B.
193
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS"
ANO XXXV - N9 384 - Maio de 1994
Um tuibilhSo complexo:
tt
COMPREENDENDO A NOVA ERA'
* * *
/ TraducMo do inglés por JoSo Marques Bentes. — Ed. Bompastor, Rúa Pedro Vicente
90-01109-010 SSo Paulo (SPJ. 160 x 230 mm, 421 pp.
194
"COMPREENDENDO A NOVA ERA"
a atualidade do tema e o interesse dos leí teres por claras noticias a respeito, pode-se ter
como oportuna mais urna apresentacáo do assunto enriquecida por dados novos.
Quando, no verSo de 1987, planejei escrever um livro que fizesse sentido acerca
do amorfo movimento da Nova Era, isso tambán pareceu-meurna tarefa desencoraja-
dora. Havia tantas pecas e pedacinhos. Havia fron tetras incertas. Havia sempre novas
esferas de atividade. Havia um elenco giratorio de personagens...
Apesar de estar tao em moda, é muito difícil definir a Nova Era, pois suas fron-
teiras sá~o imprecisas. Tratase de um caleidoscopio sempre em mutacao de 'crencas,
hábitos adquiridos e rituais', conforme a revista Time observou com razio em seu arti
go de fundo da edicao de 7 de dezembro de 1987. New Age Harmonies" (pp. 15-17).
0 autor assim esboca o que seja Nova Era: é um amalgama ou urna confluencia
de varias correntes de pensamento heterogéneas, que tém ao menos um fio condutor
comum: a recusa, um tanto confusa e irracional, do pensamento e dos valores conven
cional, em favor de certas posturas teóricas e práticas novas (novas, porque "prove
nientes do além" ou do aprofundamento de elementos misteriosos). Daf a expressáo
"Nova Era". Mais precisamente: estaríamos na transicSo da Era de Peixes (era coloca
da sob o signo de Peixes) para a Era de Aquário ou Aguadeiro (jovem que traz um cán
taro de agua que ele vai derramar em sinal de bincao, conforme o Zodíaco e a Astro-
logia).
Predomina ñas expressSes da Nova Era o hindúfsmo, muito voltado para a místi
ca e o invisível - o que corresponde a um anseio dohomem ocidental; varios mestrés
budistas tém feito escola no Ocidente, como também muitos cidadüos ocidentais tém
ido procurar na India alguma resposta para as suas aspiracoes.
195
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 384/1994
"O antigo paradigma que divide, separa e ana/isa, precisa de ser descartado — até
mesmo apagado de forma terminante — para que se/a aberto espaco para a nossa supos-
ta unidade entre a realidade e o divino. Tudo é Uno; Deus é Tudo. e Tudo é Deus. A
humanidade é endeusada, a morte é negada, e a ignorancia — e nSo o mal — passa a ser
o inimigo" (p. 37).
Nossa Senhora do Rosario estaría falando através de Verónica Leuken, urna cató
lica ultra-tradicionalista. A Virgem SS. teria revelado que o Pe. Teilhard de Chardin
S.J. (1"I955) se acha no inferno e que o presidente John Kennedy está no purgatorio
"por nao ter manuseado direito acrise dos m foséis em Cuba" (p. 102). -
Há, porém, quem julgue que "os médiuns estilo ludibriando propositalmente os
seus clientes, a fim de obterem fama ou lucro ou ambas as coisas" (p. 106).
196
"COMPREENOENDO A NOVA ERA"
Um médium da Nova Era, Darryl Anka, 'afirma que foi o primen o a detectar
Bashar, um ser extra-terrestre proveniente da constelacSo de Orion, quando ele (An
ka) e alguns amigos puderam ver físicamente, em plena luz do día. de perto, a nave de
Bashar sobre Los Angeles" (p. 111).
"Ruth Norman, de oitenta e seis anos de idade, a quem o People's Weekly cha-
mou 'a grande dama dos espfritos da Nova Era', éproprietíria desessenta e sete acres
ñas imediacoes de San Diego da California, onde, no ano de 1002, ela espera queater-
ríssem trinta e tres espaconaves interligadas, cada qual trazendo mil habitantes de ou-
tros planetas, inaugurando assim a era de UNARIUS (Universal Articúlate Interdimen-
sional Understanding of Science,/" (People Weekly, 26/01/1987, p. 31).
"No livro Out on a Limb, Shirley MacLaine "vé' veículos cheios de seres extra-
terrestres. Esses estarían) mencionados no livro do Éxodo, quando 'o povo hebreu saiu
do Egito e atravessou o Mar Vermelho' (14,19-22); e também percebe urna espaconave
na visao das rodas do profeta Ezequiel (Ez 1-10)" (p. 111).
"Urna pesquisa da Gallup, feita em 1987, mostrou que 50% dos americanos acre-
ditam na existencia de discos voadores — a mesma proporcSb dos que créem que os se
res extraterrestres sáb reais — e urna em cada dezpessoas disseram que ¡á tinham visto
algo que pensavam ser algum 0 VNI" (p. 112).
"Os filmes de Stephen Spielberg, como E.T. e Encontros do Terceiro Grau tém
fomentado a chamada ufologia (estudo sobre os objetos voadores nao identificados),
onde os visitantes do espaco exterior sáb sempre tipos amigáveis, sabios e benévolos.
Mas os relatos de seres malévolos também tém aparecido aos montSes. O livro
Communion, do escritor de fantasías Whitley Strieber, esteve entre os títulos mais
vendidos no verSo de 1987. A sinistra estaría, que Strieber insiste ser veraz, éseu rela
to de ter sido seqüestrado para o interior de urna espaconave por urna horda de aliení
genas com 90 cm de altura" (p. 112).
197
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 384/1994
"De acordó com a medicina oriental, a dor é entendida nSo como um síntoma,
mas como um acumulo de energía em algum local do corpo, energía essa que, se for
corretamente redistribuida, poderá restaurar a saúde e equilibrar hamonicamente o
corpo. A energía - energía psíquica - corrige ou equilibra as incorrecdes orgánicas"
fp. 206s).
Além disso, varias outras táticas s3o aplicadas pela medicina holfstica:
— a reflexoterapia, que, efetuando massagens sobre pontos precisos dos pés, pro-
duz rápido alivio ñas partes do corpo em que isto se faga necessário;
"O Dr. Wayne Oates, professor e autor, publicou os resultados de treze estados
sobre pacientes onde um grupo de pacientes com dores crónicas recebeu apenas pf-
198
"COMPREENDENDO A NOVA ERA"
lulas apicaradas, enquanto outro grupo recebia medicacSo para aliviar as dores. Trinta
e cinco por cento dos pacientes que nao tomaram remedios, tiveram um alMo de, pelo
menos, metade da dor, porquanto tinham acreditado que estavam recebendo os medi
camentos certos" fp. 212).
"O psicólogo de Nova lorque, Larry LeShan, conta acerca de urna mulher que
Ihe telefonou pedindo que realizasse urna cura a longa distancia naqueia noite. No día
seguinte, ela tornou a telefonar e disse que seu alivio havia sido ¡mediato. Mas LeShan
esquecera-se de efetuar a cura!" (p. 212).
1.5. Gnosticismo
Gnosticismo é urna corren te filosófico-religiosa que data dos sáculos IN/rV d.C.
e que se vem propagando, sob modalidades diversas, até nossos dias. Tem por base a
conviccao de que o conhecimento (gnosis) salva ohomem; trata-se, porém, deum co-
nhecimento oculto, reservado aos iniciados; quem o consegue, faz parte de urna élite,
que é muito superior ao comum dos homens:
"A premissa da Nova Era é que o conhecimento ou gnosis 6 a chave para sermos
despeños de nossa ignorancia da divindade. Osonotento '«/ superior'pode ser desper
tado. A criacao e a humanidade simplesmente sáb 'e/evadas'a um nivel divino,\através
da transformado pessoal" (p. 37).
1.6. Cristianismo
199
8 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 384/1994
Este caráter eclético da Nova Era explica que tal corrente nao tenha urna chefia
única, uma organizacao central e urna sede de governo permanente.
"Ninguém fala pela inteira comunidade da Nova Era, disse Jeremy P. Tarcher,
porta-voz de uma firma de Los Angeles que publica livros da Nova Era. 'Dentro do mo-
vimentó nSb ha unanimidade sobre como defini-lo. nem há uma coesao significativa que
nos permita chamá-lo de movimento' (TJew Age as Perennial Philosophy, em Los An
geles Times Book Review, 7/02/1988.p. 15)" (p. 31).
A Nova Era, segundo a sua visao holística do mundo, quer unificar politicamente
os povos da Térra; consoante esse modo de ser, "tornar-se-iam obsoletas as fronteiras
nacionais. Assim, a agenda da Nova Era requer uma emergente civilizacSo mundial e
um único governo central, ¡ncluindo ¡m pos tos planetarios e as NacSes Unidas como a
única agencia central de governo" (p. 38).
Essa unificaclo é baseada no pressuposto de que "os seres humanos estao fican-
do cada vez melhores, numa ordem bem mais elevada e ¡nterligada" (p. 242).
"Satín propoe um sistema de orientacao planetaria tSo completo que incluí até
mesmo um servífo de taxacao para a/udar a redistribuir riquezas ás nacdes mais pobres.
Em seu modelo político, nao há lugar nem para o socialismo nem para o capitalismo —
esse tipo de questdes deveria ser decidido pelas comunidades locáis — mas antes uma
economía orientada para a vida, composta principalmente de empreendimentos de es
cala humana" (p. 249).
S3o estes os principáis traeos de pensamento e ac3o que convergem para formar
o amalgama da Nova Era. Vé-se que está Ion ge de ser uma mensagem unitaria; por ter
muitas facetas (nem sempre compatfveis entre si), pode recrutar adeptos dos mais di
versos tipos.
"A Nova Era realmente tem influenciado cada faceta da vida contemporánea.
Seus propagandistas e su as crencas geralmente slo visfveis em nossos aparelhos de tele-
vislo, no cinema, em horóscopos impressos ou em lojas locáis de alimentos na turáis.
Até mesmo programas esportivos e de ginástica, de treinamento,de motivacao,de acón-
selhamento psicológico e de aulas religiosas servem de cañáis freqüentes para as nocSes
da Nova Era...
200
"COMPREENDENDO A NOVA ERA" 9
Examinemos agora
O surto da corrente eclética dita "Nova Era" foi preparado de perto pela teoso
fía, escola de pensamento hindú fundada pela Sra. Helena Blavatsky <T1891) e desen
volvida por Annie Besant (T1933). A Sra. Alice Bailey (T1945) pos a m3o final nessa
heranca oriental.
"Parece que quem cunhou o nome 'Nova Era' foi Alice Bailey, o qual é usado
reiteradamente em seus escritos. Mas a grande popularidade da expressSo aconteceu
somente depois que a 'Nova Era' foi associada á música título do musical de 1960.
Hair, designada 'Age of Aquarius'" (p. 57).
201
JO "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 384/1994
4. REFLETINDO...
Este fato leva a refletir seriamente. O senso religioso dos homens ocidentais nao
se extinguiu, como proclamava a Teología da mor te de Deus na década de 1960, mas
vai procurar em fontes novas, pouco lógicas, a sua mensagem.
2. Que terá acontecido nos nossos países ocidentais, geralmente bercados pelo
Cristianismo? — Sejam ponderados os seguintes fatos:
a} O sáculo XX foi certamente urna era convulsionada; marcada por duas guerras
mundiais (1914-18 e 1939-1945, respectivamente), das quais a segunda causou 55 mi-'
Ihoes de mortes; até hoje sentem-se as conseqüencias da grande desordem assim acarre-
tada (tenham-se em vista as lutas na ex-lugoslávia e na ex-URSS). Seguiu-se a descolo-
nizacao na África e na Asia, com os conflitos da ídecorrentes a repercutir também no
Ocidente (migracao de africanos e asiáticos para a Europa e a América). Mu i tas espe-
rancas desfizeram-se, muitos valores desmoronaram, muitas pessoas foram, e estío
sendo, deslocadas.
202
"COMPREENDENDO A NOVA ERA"
e) Verifica-se que até mesmo o Cristianismo clássico foi atetado pelas ondas do
pensamento moderno no que este tem de negativo: o secularismo ou urna predomi
nante preocupado com as estruturas témpora¡s (sociais. económicas e políticas) des-
te mundo contribuiu para esvaziar o Cristianismo dos seus valors mais típicos ou dos
seus aspectos transcendentais. A "teología da morte de Deus", também dita "Cristia
nismo sem Deus" ou "Cristianismo arreligioso", proposta por autores das décadas de
1940-1960 (Dietrich Bonhoeffer, Harvey Cox, John Robinson, Altizer, van Burén...),
embora já tenha feito sua onda, deixou marcas; estas se refletem ainda ñas modalida
des extremadas da Teología da Libertado, que persiste até nossos dias, colocando em
eclipse a auténtica mística crísti, para enfatizar proposicSes e realizares de ordem
material.
Pode-se notar, outrossim, que, por vezes, o senso religioso se transiere para o cul
to de valores meramente humanos tidos como sagrados ou quase sagrados: osdireitos
203
12 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 384/1994
Todavía, essas modalidades de crer nSo tém a firmeza de urna fé consistente. Por
exemplo, a astrologia liberta da angustia existencia! porque parece oferecer certo do
minio sobre o futuro. Mas, dado que as previsdes nao sao sempre garantidas com cer
teza, as pessoas acreditara e nao acreditan) netas. Um traco de flou ou vago caracteriza
esse tipo de religiosidade" (art. citado, Esprit et Vis, 13/03/86, p. 150).'
Pergunta-se agora:
O Papa Paulo VI afirmou que o Espirito Santo fala, as vezes, pelos ateus. Por que
nao estaría falando através do vasto surto religioso, um tanto emotivo e ilógico, de nos-
sos dias?
Na base desta premissa, podemos dizer que a religiosidade arden te de nossos tem-
pos nao deve ser menosprezada, como se fosse urna onda vazia, mas há de ser tida co
mo um apelo da sociedade contemporánea aos fiéis católicos. 0 Evangelho conserva
hoje a forca e a capacidade de atrair que tinha nos primeiros sáculos: perseguido pelo
Imperio Romano, conseguiu vencer as pressoes sem ter dinheiro nem armas, mas única
mente pelo poder de conviccao da verdade; a beleza da mensagem cristS calou fundo
no coracao dos homens pagüos, a tal ponto que Tertuliano (t220)escrevia: "A alma
humana é naturalmente crista".
Em nossos dias, portante, o Evangelho, vivido durante quase vinte sáculos pela
Igreja de Cristo, há de poder responder aos anseios do homem moderno. Pergunta-se,
porem: será que os cristios créem no valor e na "loucura" do Evangelho, como as pri-
meiras geracóes acreditavam? NSo faltará aos fiéis católicos a tempera convicta e cora
josa que animava os amigos cristSos? O fenómeno religioso fervilhante e desorientado
de nossos tempos nao será o indicio de que existe urna lacuna no coracao dos homens,
que somante a Igreja pode preencher? 0 homem de hoje é sequioso do Transcendental,
como os pagSos eram sequiosos; nao estará faltando quem comunique a esses irmSos
a Palavra que Deus revelou precisamente para atender aos anseios de todo homem?
204
"COMPREENDENDO A NOVA ERA" 13_
1) Faz-se mister anunciar o Evangelho - o que, alias, sempre foi um dever dos
fiéis católicos. Eis, porém, que as circunstancias atuais o exigem com tres modalidades
importantes:
— com seguranca e firmeza (o que nao quer dizer em atitude polémica ou agressi-
va). O homem moderno estima conviccoes sólidas e corajosas. Nao basta falar, mas é
preciso falar com persuasSo. Sao Paulo nao recorría aos artificios da retórica quando
pregava e escrevia, mas exprimia-se com o calor de quem sabe o que diz e ama a verda-
de proferida; isto o tornou o grande arauto da mensagem crista;
205
U "PERGUNTE E RESPONDEREMOS"384/1994
APÉNDICE
Á guisa de complemento, yaj aquí publicado um trecho de carta escrita por SIo
Francisco Xavier (1506-1552), rhfssionáricrnílndia, a S. Inácio de Loyola:
Desde que aqui cheguei, nao parei um instante: visitando com freqüéncia as al
deias, lavando na agua sagrada os meninos ainda nao batizados. Purifiquei, assim, gran-
díssimo número.de criartcas que, como se diz, nao sabem absolutamente distinguir en
tre a esquerda e a direita. Estas criancas nao me permitíam recitar o Oficio Divino
nem comer nem dormir, enquanto nao Ihes ensinasse alguma oracao- foi assim que co-
mecei a perceber que destes é o reino dos céus.
A vista disso, como nao podia, sem culpa, recusar pedido tSo santo, comecando
pelo testemunho do Pai, do Filho e do Espirito Santo, ensinava-lhes o Símbolo dos
Apostólos, o Pai-nosso e Ave-Maria. Observei que sa*o muito inteligentes, e, se houvesse
quem os instruisse nos preceitos cristSos, n3o duvido de que seriam excelentes cristaos.
Quem dera que se dedicassem a esta obra com o mesmo ¡nteresse que as letras,
para que pudessem prestar coritas a Deus da ciencia e dos talentos recebidosl
Esta carta bem ¡lustra o senso religioso ¡nato do ser humano e o zelo apostólico
domissionário. Conserva sua atualidade.
/ A Teología, em nossos días, reconhece que aspessoas que de boa léprofessam urna
crenca nSo católica (até mesmo pagS) ¿So julgadas por Deus segundo a fidelídade á sua
consciencia candida, reta e sincera, e náb segundo os parámetros do Evangelho, que
nSo Ihes fol dado ouvlr. Cf. ConstltuicSb do Vaticano II "Lumen Gentíum", n° 16.
(Nota do Editor)
206
Quem diría?
* * *
A revista Science et Vie, de Janeiro 1994, pp. 6Os, apresenta um artigo de Gérald
Messadié intitulado "Les Preuves que les horoscopes abrégent la vie" (As Pravas de que
os Horóscopos abreviam a Vida). Esta afirmacSo, por mais surpreendente que seja, re
sulta de urna pesquisa feita em San Diego (California, USA) junto a 28.000 cidadlos de
origem chinesa. Vejamos em que consistiu.
1.0 FENÓMENO
207
J6 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 384/1994
Se alguém nasceu em 1908 (que foi um ano do fogo) tende a sofrer disturbios
cardiovasculares, pois o fogo é relacionado com o coracSo. É de crer que, se ainda está
vivo, vá morrer num ano de fogo (o próximo ocorrerá entre 19/02/1996 e
1997). Se nasceu á meia-noite, cada meia-noite desse ano de fogo será altamente peri-
gosa, pois Ihe poderá acarretar a morte. Mais ainda: nesse ano do fogo as meias-noites
de um dos doze meses serao mais ameacádoras do que as outras, porque o animal
do ano tem su a preferencia por determinado mes; donde se segué que o dito individuo
corre serio risco de morrer no mes M de um ano de fogo á meia-noite ou pouco antes.
As estatísticas comprovam o que acaba de ser dito. Nao se conclua daf que, de
fato, os sinais do horóscopo tém influencia sobre a vida de cada pessoa, mas verifica-se
que a sugestao incutida pelo horóscopo (aceito como infalfvel) condiciona as pessoas
e Ihes tira as resistencias psíquicas e físicas necessárias para superar dificuldades e pro
blemas da vida; daí a capitulacao mais pronta e fácil diante dos desafios cotidianos.
Eis aiguns dados significativos:
208
HORÓSCOPO DIMINUÍ DURAgAO DA VIDA 17
Notemos as diferencias de idade mais acentuadas: 3,86 anos nos casos de cáncer
linfático e da medula; 2,23 anos para os casos de úlcera gástrica.
3. A SEDE DO DRAGÁO
A mentalidade chinesa que associa o tempo e o espapo a animáis, refletiu-se re-
centemente num fato concreto de enorme alcance:
Os chineses descobriram que o arranha-céu] ultra-moderno do Bank of China, em
Hong Kong, fora construido sobre urna "sede de dragao". Com efeito: os chineses nao
constroem sobre qualquer terreno; eles tém que averiguar, antes do mais, se o lugar es-
colhido nao é urna sede de dragoes subterráneos (tal averiguacao se faz mediante adivi-
nhos qualificados). Ora, em Hong Kong verificou-se que o majestoso arranha-céu inco-
modava o dragao sobre cuja caverna ele fora erguida Em conseqüéncia, os diretores do
Banco mandaram executar urna serie de exorcismos expiatorios. Isto, porém, sem pre-
judicar o funcionamento da sofisticada aparelhagem eletrónica do Banco!
Eis a que ponto pode chegar a credulidade humana quando nao orientada pela
razíio. Se o homem é dotado de inteligencia por Deus, deve utilizar esta sua faculdade
também para discernir a auténtica e a falsa Mística. Quem jamáis viu um dragSo? Onde
um zoólogo o classificaria na escala dos animáis? E que arqueólogo jamáis, em suas
escavacoes, descobriu um ninho de dragoes?
209
Propaganda Proselitista:
■k * *
LÁTESE DO AUTOR
210
"O BISCOITO DA MORTE'-'
a) nenhuma das mais abalizadas fon tes de mitología refere tal lenda de Osiris;
Desta lenda os egipcios deduziram urna I ¡cao importante: todo cadáver sobre o
qual sao praticados os ritos que foram aplicados ao corpo de Osiris, juntamente com as
mearías fórmulas mágicas, há de voltar á vida. Tal procedimento se chamava "osiriani-
zacao"; cada defunto podia tornar-se um novo Osiris. Assim, Osiris tomou-se o deus da
ressurreicio. Todos os anos, no mes de Khoiak, celebravam-se "misterios", isto é, re-
presentacóes sagradas que reproduziam o assassinato, o enterro e a ressurreicSo de Osi
ris. Cada egipcio era exortado a peregrinar, ao menos urna vez na vida, até um dos
grandes santuarios osirianos do Egito (Buris, Abydos...).
211
20 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 384/1994
Como se vé, a estória está bem longe de mencionar hostias transformadas em car
ne de Osiris...
Quem diz isso mostra total ignorancia do assunto: IHS nao s3o caracteres egip
cios, mas, no caso, sao letras gregas: o H é a letra eta (e longo). IHS sao os caracteres
iniciáis dó nome grego 1HSOYS (Jesús); por conseguinte, nem na Iíngua egipcia nem
na latina se deve procurar o sentido de tal abreviatura.
212
"O BISCOITO DA MORTE"
26, 26-29; Me.14, 22-25; Le 22, 19s; 1Cor 11,23-25: os relatos da instituicaoda Eu
caristía.
2.3. Memorial
"Na última ceia, Jesús disse que. guando voces comem o pao e tomam o vinho,
devem fazer isso em memoria dele" (tradujo encontrada no panfleto).
213
22 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 384/1994
3. A INQUISICÁO
"De 1200 a 1808 ¡ncontáveis torturas e mortes rondaram o mundo católico, fa-
zendo 68 milhoes de vftimas. Satanás mantinha a Igreja Católica Romana sob seu abso
luto controle."
"É muito mais grave corromper a fé, que é a vida da alma, do que falsificar a
moeda, que é um meio de prover á vida temporal. Se, pois, os falsificadores de moedas
e outros malfeitores sao, a bom direito, condenados á morte pelos príncipes seculares,
com muito mais razio os hereges. desde que sejam comprovados tais, podem nSo so-
mente ser excomungados, mas também em toda justica ser condenados á morte" (Su
ma Teológica /////, 11,3c).
4. CONCLUSÁO
214
"O BISCOITO DA MORTE" 23
A caridade crista para com sectarios t3o cheios de odio e falsidade manda que os
católicos rezem por eles, uninde-se á oblacSo de Cristo, que se oferece ao Pai em cada
S. Missa pela salvacáo do mundo (... também pela dos sectarios protestantes).
O texto deste artigo existe como opúsculo próprio intitulado "O Biscoito da
Morte". Pedidos á Escola "Mater Ecclesiae". Caixa Postal 1362,20001-970 Rio (FU).
Af também foi editado o opúsculo "Por que nao sou Aquaríano (Nova Era)?".
* * *
215
Nos Evangelhos:
'TUDO INVENTADO'
* * *
1. OBSERVARES GERAIS
216
'TUPO INVENTADO" 25
2) O livro The Five Gospels (Os Cinco Evangelhos) é de lavra de autores protes
tantes. Estes percentem á ala liberal do protestantismo contemporáneo, que é mais ra
cionalista do que cristS; negando o transcendental nos Evangelhos, os autores vio pica-
retando o texto sagrado, de modo a esvaziar o seu conteúdo. Formulam hipóteses que,
no decorrer do estudo, sSo tidas como sentencas certas; estas se tornam base para
novas hipóteses, que pouco adiante sa*o tomadas como teses indiscutfveis; assim lancam
areia nos olhos do leitor desprevenido.
2.1. O Problema
"Apenas urna em cinco falas atribuidas a Cristo nos Evangelhos foí realmente
proferida pelo Nazareno... Frases célebres como 'Bem-aventurados os limpos de co-
racSo, porque verSó a Deus', do SermSb da Montanha, e 'Desatai-o e deixai-o ir',
da ressurreicao de Lázaro, nunca safram da boca de Jesús, segundo os pensadores"
(p. 76).
É certo que os Apostólos nao taquigrafaram nem gravaram as palavras que ou-
viam de Jesús. Todavia, é certo que procuraram guardar e transmitir com fidelidade
as ligues recetadas do Mestre. Em alguns trechos dos Evangelhos podem-se reconhecer
ipisissima verba Chrísti ou as mesmíssimas palavras de Cristo, com todo o seu\ sabor
aramaico. Assim, por exemplo, em Mt 16.117-19 as frases sSo tecidas de aramafsmos:
/ O Evangelho segundo Marcos refere numerosas sentencas de Jesús que tém parale
los emMte Le. Por conseguinte, os dizeres de Jesús "que nao se salvam em Me", tam-
bém náb se salvam em Mt e Le. Donde resulta que também Mt e Le sa~o, quase por
completo, anulados pela crftíca protestante.
217
26 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 384/1994
Pai que está nos céus é expressSb semita recorrente em Mt 18,11; 5,45;
Chaves do Reino... Esta expressSo lembra o uso semita segundo oqual o mordo-
mo trazia sobre os ombros as chaves do palacio real; cf. Is 22,22;
Os exegetas reconhecem que o trecho de Mt 16,17-19 nSo foi composto por cris-
t3os de li'ngua grega, mas é o eco das palavras aramaicas de Jesús e dos primeiros pre-
gadores do Evangelho.
Vé-se que o Apostólo é tido como testemunha, que refere o que viu e ouviu,
sem o alterar. Na verdade, os Apostólos preencheram esta funcao como decorre das
passagens abaixo:
218
"TUPO INVENTADO" 27
At 2,32: "Deus ressuscitou Jesús dos morios, e disto nos todos somos testemu
nhas", diz Sao Pedro.
At 3,15: "Deus o ressuscitou dos monos, e disto nos somos testemunhas", diz
SSo Pedro.
At 5,32: "Nos somos testemunhas destas coisas, nos e o Espirito Santo", afir-
mam os Apostólos.
Gl 1,8s: Sao Paulo, tendo em vista falsos pregadores, exclama: "Se alguém, aín
da que nos mesmos ou um anjo do céu, vos anunciar um Evangelho diferente do que
vos anunciamos, seja ana'temal Vplto a dizé-lo agora: se alguém vos anunciar um Evan
gelho diferente do querecebestes, seja anatema!".
2.3. Explidtacoes
Assim, por exemplo, urna coisa édizer: "Morrreu oSr. José Maria" num noticia
rio de radio ou televisSo. Outra coisa é dizer: "Morreu o Sr. José María, teu pai". A
segunda noticia explícita a primeira; acrescenta-lhe algo que a torna mais concreta e
significativa, sem a deturpar. Ora, é de crer que os Apostólos e discípulos, ao pregar,
tenham desdobrado a mensagem de Jesús de maneira auténtica. Como exemplos, apon-
tam-se os textos de
219
28 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 384/1994
(cf. Mt 22,7); este tópico, segundo a conjectura de bons exegetas, terá sido acrescenta-
do pelos pregadores cristaos após a queda de Jerusalém em 70: os convidados displi
centes significavam os judeus, cuja cidade santa foi incendiada pelos romanos, os quais
também mataram grande número de israelitas.
Estes dois exemplos, aos quais outros poucos se poderiam acrescentar, ilustram
a afirmacao de VEJA (p. 76): "Os evangelistas comumente editaram aspalavrasde Jesús
a fim de acomodá-las ao seu estilo de escrever e aos seus pontos de vista". — Está claro
que, nao tendo taquigrafado, os evangelistas disseram com suas palavras aquilo mesmo
que Cristo disse; num ou neutro caso pode-se admitir que tenham explicitado o pensa-
mento de Jesús, a fim de Ihe dar significado mais concreto para os ouvintes. Isto é le
gítimo; além do qué, é de notar que a redacao dos Evangelhos, segundo ensina a fé,
nao foi obra meramente humana, mas ocorreu sob o carisma do Espirito prometido
por Jesús e penhor de fídelidade (cf. Jo 14,26; 16,13-15). O próprioSaoJoaonos diz
que, após a ressurreicao de Jesús, a pregacao doSenhor anterior á Páscoa apareceu aos
Apóstelos sob nova luz, que Ihes permitiu aprofundar os dizeres do Mestre {cf. Jo
2,18-22; 12, 14-16).
Em conseqüéncia, seria pouco provável que Jesús tenha dito: "Eu sou a luz do
mundo" (Jo 8,12).
Mt 11,25: "Jesús pós-se a dizer: 'Bu te louvo. ó Pai, Senhor do céu e da térra,
porque ocultaste estas coisas aos sabios e doutores e as revelaste aos pequeninos"'.
Mt 16,24: Disse Jesús a seus discípulos: "Sealguém quer vir após mim, riegúese
a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me".
220
'TUPO INVENTADO" 29
= Fonte. Julga-se que o Evangelho comecou a ser parcialmente escrito antes que Ma-
teus, Marcos, Lucas e Jólo o fizessem. .., escritos sob forma de coletáneas de senten-
cas, de parábolas, de milagres, de altercacdes com os fariseus...; os sinótícos terlo uti
lizado essas fon tes; isto n3o se chama plagio.
221
30 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 384/1994
Jo 1,14: "E o Verbo se fez carne... e vimos a sua gloria, gloria que Ele tem jun
to ao Pai como Filho Único".
Uo 1,1-3: "O que era desde o principio, o que ouvimos, oque vimos com nos-
sos olhos, o que contemplamos e o que nossas m jos apalparam do Verbo da Vida...
Nos o vimos e Ihe damos testemunho... O que vimos e ouvimos, vo-lo anunciamos".
2) "Escritos bem depois da morte de Jesús". Entre Jesús e a redapSo dos Evange
lhos nao houve um hiato, mas a pregacáo do Evangelho se fez oralmente desde o dia
de Pentecostés, como atesta o livro dos Atos; assim se foi formando e redigindo o teor
daquiio que mais tarde os evangelistas coiocaram por escrito. Em consequéncia, quan
do os evangelistas escreveram, nao fizeram senao cristalizar urna tradiclo que vinha
ininterruptamente de Jesús através de auténticas testemunhas.
222
'TUPO INVENTADO" 31
5.0 PAI-NOSSO
A propósito, observemos:
223
32 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 384/1994
cío: um servidor devia ao rei uma quantia tao grande que ele nSo a podía pagar. Foi,
porém, agraciado. Pouco depois, encontrou um companheiro que Ihe devia pouca coi-
sa; mas o servidor agraciado nao quis perdoar a divida como o rei Ihe havia perdoado.
En tao, o soberano mandou punir aquele que nao quisera agraciar oseu companheiro.
- De resto, mais de uma vez Jesús recomendou a generosidade para com o próximo,
"porque, com a medida com que medirdes, o Pai do céu medirá também a vos" (el.
Le 6, 36-38). Donde se vé que a peticao do Pai-Nosso relativa ao perdSo é bem típica
do ensinamento de Jesús; é arbitrario contestá-la.
Quanto á express3*o "Pai, que estás nos céus", também é usual na pregacao do
Senhor; ocorre dez vezes no Sermlo da Montanha (Mt 5-7); cf. 5,16.45.48; 6,1.9.14.
26.32; 7.11.21. Ver ainda
Mt 16,17: "Ni"o foram carne e sangue que te revelaram isso, mas meu Pai que
está nos céus".
Mt 18,11: "Os anjos desses pequeninos véem continuamente a face de meu Pai
que está nos céus".
* * *
ÍNDICE DE PR 1978-1993
224
Um artigo de VEJA:
A IGREJA CONTRARIA
Á SAÚDE DOS BRASILEIROS?
* * *
1. RESPONDENDO AO ARTIGO...
22S
34 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 384/1994
O texto ressalva que lubrificantes e antissépticos usados ñas camisinhas nao de-
ve/77 prejudicar as suas normas de uso."
Um dos fatos mais significativos para mostrar quanto é falho o uso da camisinha
foi divulgado pelo Journal of the American Medical Association em 1987: os pesquisa-
dores interessados em averiguar a transmissa*o da AIDS acompanharam casáis, dos quais
um dos cónjuges estava afetado pelo virus; averiguaran! que, nos casáis que usavam pre
servativos durante suas relacóes sexuais, houve transmisslo do virus na porcentagem de
17% em dezoito meses; ao contrario, nos casáis que se abstiveram de relacionamento
sexual, n3o se pode averiguar contagio.
226
IGREJA CONTRARIA ASAÚOE DOS gRASILEIROS? 35
2. A AUTÉNTICA SO LUgÁO
227
36 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 384/1994
nha familia, amigos, futuro cónjuge e filhos, a ser sexua/mentepuro ateo casamento'.
Milhares de jovens ja assinaram as cartas, que serSo apresentadas em uma manifestacSo
día 29 de julho, em Washington. Os pecadores fiquem tranquilos: quem já teve expe
riencias sexuais pode assinar a carta depoisde pedir perdSb a Deus.
Em linguagem mais tranquila pode-se acrescentar: ha reía torios sobre a AIDS nos
Estados Unidos e na Suécia que chegam a afirmar que "a Al OS só poderá ser superada
por uma vida sexual harmoniosa dentro de um casal fiel e unido". "Neste setor como
em outros somente os tolos podem pretender ignorar a experiencia alheia",observa a
Comissao para a Defesa da Vida, da Arquidiocese de Buenos Aires.
A Igreja afirma que as leis da natureza s3b as leis de Deus. Contrariar a natureza é
sujeitar-se as tristes conseqüéncias daf decorrentes (nao é necessário que Deus "crie"
castigo para os infratores). A fidelidade á natureza e ás su as normas é garantía, sim, de
saúde e paz do coracao, como notam ilustres pesquisadores. Sejam aquí mencionados
dois depoimentos.
228
IGREJA CONTRARIA A SAÚDE DOS BRASILEIROS? 37
da natalidade, foi reconhecido como urna ameaca particular. Isto foibaseado na nocSo
de que o único método aprovado pela Igreja - o planejamento natural da familia
(PNF) — nao é confiável, aceitável ou efetivo.
* * *
E.B.
229
Em que consiste?
* * *
1. ANTECEDENTES E SIGNIFICADO
230
ACORDÓ ENTRE A SANTA SÉ E ISRAEL 39
0 Concilio do Vaticano II, em 1S65, abriu novos horizontes para o diálogo entre
judeus e cristSos, como se depreende da DeclaracSo Nostra Aetate, da qual vai um tre
cho aqui transcrito:
"Se é verdade que a Igre/'a é o novo povo de Deus, nem por isto os hebreus de-
vetn ser tídos como rejeitados por Deus nem como malditos, como se isto decorresse
da S. Escritura. . . Além disso, a Igreja, que execra todas as perseguidas movidas con
tra quem quer que seja, lembrada do patrimonio que Ihe é comum com os hebreus e
inspirada nao por motivos políticos, mas por religiosa caridade evangélica, deplora os
odios, as perseguicoes e todas as manifestares do antisemitismo volado contra os ju
deus em qualquer época e por quem quer que seja " (n° 41.
— além disso, havia o caso dos palestinos (árabes que habitavam a Térra Santa e
de lá foram expulsos pelos judeus); estes, deslocados e sem térra, sofriam injusticas,
que se agravaram após a guerra dos Seis Días em 1967; embora os palestinos fossem
muculmanos em maioria, nao podiam ser esquecidos pela Santa Sé em suas conversa
coes com Israel. 0 Papa Paulo VI, aos 22/12/1975, exprimia o pensamento da Igreja
relativo a esses pontos cruciais, afirmando a legitimidade das aspiracoes do povo judeu
desejoso de ter sua patria própria, á revelia de tantos obstáculos impostos pela historia;
notava, porém, que tais anseios nSo deveriam deixar de levar em conta as legítimas rei-
vindicacoes do povo palestinense. Alias, a convivencia de israelenses e palestinos fora
até ent3o — e continuaría a ser — urna sucessffo de atos de terrorismo e de ataques mi
litares, que parecíam tornar insolúvel a situacSo do Próximo Oriente.
231
40 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 384/1994
Quanto á Santa Sé, é de notar que, aos 29/07/92, decidiu constituir com o Go
verno de Israel urna ComissSo de Trabalho permanente no intuito de normalizar as re-
lacoes entre ambas as partes. No andamento desses esforcos teve repercussáb muito fa-
vorável o Protocolo de Acordó assinado por Israel e a OLP em 13/09/93; removia o
principal empecilho de bom éxito das conversacoes. As boas relacóes entre a Santa Sé
e Israel estavam ligadas ao bom relacionamento entre israelenses e palestinos. Assim é
que aos 30/12/93 pode ser assinado o Acordó Fundamental entre aquelas duas partes,
apesar das dificuldades oriundas na aplicacSo, em Gaza e Jericó, das decisoes tomadas
por Israel e palestinos.
2. O TEXTO DO ACORDÓ
232
ACORDÓ ENTRE A SANTA SÉ E ISRAEL 41
- retendo que tal Acordó forneceráuma base sólida e duradoura para continuar
a desenvolver o seu relacionamento presente e futuro e para levar adíame as tarefas
da Comissáb,
Como se vé, o Acordó nao dá por resolvidos todos os problemas, mas afirma
criar "urna base sólida e duradoura" para o progresso do bom relacionamento entre os
dois Estados e para o prosseguimentodos trabalhos da Comissá'o bilateral.
Como se sabe, os santuarios da Térra Santa est3o entregues á guarda dos cristaos
latinos (especialmente franciscanos), gregos, armenios, etíopes, russos, tendo cada co-
munidade seus direitos de a( viver e celebrar o cu I tu divino. Fatores históricos diver
sos definiram tal distribuicao. - Ora, o Estado de Israel se compromete a nao interfe
rir, mas respeitar a si tu agio. A Santa Sé, por su a vez, se compromete a nao retocar tal
ordem de coisas.
233
42 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 384/1994
O Acordó nao deixa de apontar problemas que deverao ser resolvidos através de
ulteriores negociacoes efetuadas "em boa fé" (art. 10, n° 2). Tais sao:
3. CONSIDERACÓES FINÁIS
A Santa Sé quis informar, a respeito das conversacoes e dos trámites que prece-
deram o Acordó, os embaixádores de muitos países acreditados junto ao Vaticano, es
pecialmente os dos países árabes (em maioria, mucuImanos). Quis assim significar que
o bom relacionamento entre a Santa Sé e Israel é conseqüencia do clima oriundo da
Conferencia de Madri—Washington. Mons. Jean-Louis Tauran, Secretario da Santa
Sé para as Relacoes Exteriores, percorreu o Marrocos, o Egito, o Líbano e a Siria, en-
contrando-se com os respectivos Chefes de Govemo e os Ministros do Exterior. A
Jordania foi visitada por Mons. Claudio Celli em' 1992 com o mesmo intuito de infor
mar os ¡nteressados.
í 234
ACORDÓ ENTRE A SANTA SÉ E ISRAEL 43
Como se vé, o texto do Acordó nSo faz referencia á cidade de Jerusalém. Este
silencio se explica por dois motivos:
1 Já o Papa Paulo VI, aos 22/12/1967, fazia declarares, que estSo na base de outros
pronunciamentos posteriores da Santa Sé:
"Em termos gerais, a questao das relacoes entre a Santa Sé e Israel se apresenta
hoje, a nosso modo de ver, com dois aspectos essenciais que nao podem ser omitidos.
O primeiro refere-se aos lugares sagrados propriamente ditos e assim considera
dos pelas tres religioes monoteístas: a judaica, a crista e a muculmana. É necessário ga
rantir a Iberdade de culto, o respeito; a conservacSó e o acesso aos lugares sagrados.
Estes deverao beneficiar-se de especial imunklade grapas a um Estatuto próprio, cuja
observancia deverá ser garantida por urna ¡nstituicao de caráter internacional, dándo
se particular atencio á fisionomía; histórica e religiosa de Jerusalém.
O segundo aspecto da questSo refere-se ao livre usodos direitos civis e religiosos
que tocam legítimamente as pessoas, aos lugares e as atividades de todas as comunida
des presentes no territorio da Térra Santa."
A Santa Séjulga que a sua posicSo reflete o modo de ver da comunidade interna
cional, que se manifestou em termos muito claros na ResolucSo n? 181 (II) adotada
pelas Nacdes Unidas em 29 de novembro de 1947, quando a ONU reconheceu o direito
dos judeus a constituir o Estado de Israel na Palestina.
235
No Egito:
236
IRMÁ~EMANUELA ENTRE OS DESERDADOS 45
Com vinte anos, Madeteine era urna jovem que se vestía e enfeitava segundo os
melhores padroes do seu tempo. Gostava de vida mundana, na qual se dava a excursoes
com amigos, ao esporte e á danca. Contudo, dentro déla outros atrativos se faziam sen
tir, como ela mesma recorda posteriormente: "Foi o Espirito que me atraiu, eme pe-
diu que me fizesse Religiosa. Pediu-o a mim, á jovem que viajava, dancava e se diver
tía. .. Respondí que sim".
Eis, porém, que a Ir. Emanuela ouvia em seu íntimo aínda outro apelo. Tornou-
se consciente de que devia entregar-se aos mais pobres e indefesos. Apresentou seus no-
vos anseíos as Superioras, que de ¡mediato nao a quiseram dispensar. Todavía, a insis
tencia da Irma* obteve, finalmente, a permissSb de partir para o Egito em fevereiro de
1965. Comecou em Alexandria, onde ensinou Filosofía. Ainda nao era este o seu obje
tivo mais almejado. Aos poucos foi-se voltando mais e mais para a populacio carente:
em 1970 pós-se a trabalhar no Leprosario de Abu Zaabal e, por fim, foi para a perife
ria do Cairo, cidade de 13.000.000 de habitantes(se nao mais); nesta regiao vivem em
favelas milhares de zabaline (trapeiros ou vendedores de trapos) em.meio as imundf-
cies e aos dejetos recolhidos ñas lixeiras do Cairo.
Foi ai que, aos 62 anos de idade. Ir. Emanuela se fixou, morando num barraco
de fot has de metal e papelao, em meio aos ratos e aos porcos. Ela mesma comenta:
IrmS Emanuela ficou ali até meados de 1993. Atualmente, está retirada numa
casa do Sul da Franca, saudosa dos seus pobres deixados no Egito, a tal ponto que ela
declarou:
237
46 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 384/1994
pedi que me deixassem lá aínda por um pouco; mas acabei-me convencendo. Sou idosa.
No Egito eu andava de manhSá noite; tomava o metro, visitava os barracos, agüen tava
o calor e o frío. .. Em suma, eu preciso de descansar. Ademáis sei que no Egito estSo
as Irmas coptas, que falam o árabe melhor do que eu; há também médicos e volunta
rios. Tudo funciona bem;já nüo sou necessária."
"Eu me retiro para a capeta, a fim de rezar durante urna hora aínda. Este é o mo
mento mais belo, principalmente porque, quando eu estava no Cairo, eu meachava tSo
cansada de noite que muitas vezes nao conseguía rezar. Aquí, ao contrario, levo comigo
as cartas que me escrevem os prisioneiros, as pessoas tristes e desesperadas. Leio-as de
novo, frase por frase; assimilo a dor, apresen to ao Senhor essas desgrapas. Nao espero
milagres; sei que a vida é feita de alegrías e tristezas, mas Deus ajuda o homem a lutar;
faz que aceitemos o sofrimento e o transforma em abertura do coracao."
Acrescenta a lrmá*que essa oracao ainda n2o é o ato final do seu dia:
"Jé há anos que custo a adormecer, porque, quando me deito (e isto me aconte
cía mais ainda no Egito), levo comigo os problemas da ¡ornada. Visto que quero perma
necer lúcida, renuncie/' aos soporíferos. Entao, para conciliar o sonó, lelo os romances
de Agatha Chrístie; assim aprendo um pouco de inglés, relaxo-me e acabo adormecen-
do tranquila."
Eis mais algumas recordacoes da Irma*:
"A maíor satisfacao do meu trabalho no Egito foram as criancas. Quando che-
guei no Cairo em 1971, viviam em condicoes miserávels: sujas, chelas de parásitas,
em meio a porcos e llxo. Pavoroso! Procurei que as familias compreendessem a impor
tancia da escola, mas encontré! muita resistencia, porque os país predsavam da ajuda
dos filhos para recolher o iixo. Leve! dez anos para superar essa mentalidade. Assim,
atualmente, as crianzas, que outrora cresciam como selvagens, freqüentam escolas, ñas
quais se sentem respeitadas. Também as jovens nSb sao mais raptadas e tratadas como
escravas. Nos primeiros tempos que passeino Egito, dísse-me urna mufher: Tomos fei-
tos para ser manipuladas por nossos maridos'; ela nSo brincava, mas julgava dizer a ver-
dade."
Jamáis alguém ameacou ou agrediu a Irma" Emanuela, nem haveria por que o fa-
zerem. Diziaela:
"Mais envelheco e mais me dou conta de que amar éa única coisa que vale. Tai-
vez baste um olhar, um sorríso. . . Em París eu procurava sempre passar peno dos var-
redores, que sao todos ¿migrantes do Norte da África, e eu os saudava em árabe. Com
que alegría me agradeciam! Temos que mostrar aos outros que os amamos; todospreci-
sam de amor!"
Quando Ihe insinuaram, certa vez, que era urna Santa, respondeu:
238
IRMA EMANUELA ENTRE OS DESERDADOS 47
Os Santos deixam que a luz de Deus entre em seus corafdes, mas o Santo 6 Deus, nao
sou eu."
2. MOKKATAM E ARREDORES
2.1. Mokattam
Essa Irma* recebe o visitante, que bate á porta do casebre onde ela vive com ou-
tras Religiosas. Diante da.porta encontra-se um porco deitado em urna poca de excre-
""mentos, lama e lixo, que exala um fedor insuportável. O motorista de taxi, Zaki, que
levou o repórter através das ruelas atrabancadas de Mokattam, desloca o porco á custa
de pontapés e gritos. A'porta se abre e se apresenta urna IrmS, que saúda: "Salam
aleikum, A Paz esteja com os Srs.l" A Irma* Sara mostrou Mokattam ao visitante,
acompanhada por Bos Bos, o seu cita muito vivaz. Os barracos do quarteirao, aos pou-
cos, v3o sendo substituidos por alvenaria. Mas o terreno é frágil: na noite de 13 para 14
de dezembro de 1992 um abalo de térra sacudiu urna parte da favela, provocando a
morte de cinqüenta pessoas.
239
48 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 384/1994
Na mesma rúa da casa das IrmSs e do ambulatorio está a escola; cerca de mil alu-
nos af estudam ou em nivel primario ou em nivel técnico. As criancas aprendem, antes
do mais, as nocóes básicas de higiene e limpeza; usam vestidos brancos com raias cor de
rosa e avental azul. Os alunos aprendem a ler, escrever, cantar, fazem experiencias cien
tíficas simples, semeiam plantas diversas e estudam as flores. Em suma, aprendem que
o mundo nao consta apenas de lixo, sujeiras e animáis irracional...; as aulas sá*o dadas
em salas limpas e arrumadas por professores jovens e sorridentes.
Deixando Mokattam, o repórter, com a Ir. Sara, fo¡ para Ezbet El Nakhl, enfren
tando o tráfego superlotado do Cairo. Verificaram ter chegado quando sentiram o mau
cheiro e viram lama, animáis e barracos como em Mokattam. O nome dessa favela quer
dizer: Vila das Palmas; estas, porém, desaparecerán!. Em 1980 a Ir. Emanuela af inau-
gurou o Centro Salam (Paz), que compreende hospital, asilo, escola artesanal, escola de
corte e costura, ambulatorio e área de esportes. Ai também moram Religiosas coptas,
da Congregaclo das Filhas de María. Em torno do Centro Salam, circulam as carretas
portadoras de lixo, e funcionam botequins onde os homens fumam e bebem, e também
onde se vendem támaras, mangas e meloes, que fazem, por sua beleza natural, esquecer
os aspectos negativos do quarteirlo. — Os milhares de pessoas que vivem em Ezbet El
Nakhl, como as de Mokattam, provém do Alto Egito para fugir da pobreza lá existente;
é, para elas, melhor viver ñas imundfcies do Cairo do que ñas térras do Sul do país. Sao
quase todas de religiSo copta, mas nao faltam af muculmanos, que, apesar do Corao,
convivem com os porcos, merecendo assim o desprezo dos seus correligionarios orto
doxos.
240
Eis breves tragos da miseria em que vivem tantas criaturas humanas em nossos:
dias. Madre Teresa de Calcuttá e lrma*Emanuela vém a ser modelos de dedicacSo, dedi-
cacao que faz os Santos,.. . dedicagao que é o tesouro da Igreja. A forga dessas duas
mulheres nao está no plano físico nem no plano económico, mas na oferta do amor e
da generosidade abnegada; estes sSo valores poderosos quenaovencem, mascon-vencem
o próximo.
1. RIQUEZAS DA MENSAGEM CRISTA (2? ed.), por Oom Cario Fotch Gomes
O.S.B. Teólogo conceptuado, autor de um tratado completo de Teología Dogmática,
comentando o Credo do Povo de Deus, promulgado pelo Papa Paulo VI. Um alen
tado volume de 700 p., best-seller de nossas EdigSes CR$ 21.800,00
3. LITURGIA PARA O POVO DE DEUS, (4? ed., 1988), pelo Salesiano Don Cario
Fiore, traducSo de D. Hildebrando P. Martins OSB. Edigao ampliada e atualizada,
apresenta em linguagem simples toda a doutrina da Constituicio Litúrgica doVat.
II. E um breve manual para uso de Seminarios, Noviciados, Colegios, Grupos de re-
flexao. Retiros etc., 216 p CR$ 5.000,00
— y
ü ÜÉ
i1
1L m SP*ÜÜ
mema
■fes
J EM COMUNHÁO \
Revista bimestral (5 números: margo a dezembro)
(NOVA FASE A PARTIR DO N? 103)