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Faculdade de Comunicação
Departamento de Jornalismo
Teorias da Comunicação
Professor Gustavo de Castro
Tatiana Tenuto
MORIN, Edgar. Um Terceiro Problema. In: _____. Cultura de Massas no Século XX. 2 ed.
Rio de Janeiro: Forense, 1969. Cap. 1, p. 15-23.
MORIN, Edgar. O Grande Público. In: _____. Cultura de Massas no Século XX. 2 ed. Rio
de Janeiro: Forense, 1969. Cap. 3, p. 37-49.
Toda produção de massa destinada ao consumo tem sua própria lógica, que é a de
máximo consumo. A indústria cultural não escapa a essa lei; ela tende ao público
universal.
A procura de um público variado implica um denominador comum →
homogeneização.
A homogeneização visa a tornar assimiláveis a um homem médio ideal os mais
diferentes conteúdos.
→ O homem médio dispõe de um tronco comum de razão perceptiva, de
possibilidades de decifração, de inteligência.
Sincretismo é a palavra que traduz a tendência a homogeneizar sob um denominador
comum a diversidade dos conteúdos.
O sincretismo tende a unificar numa certa medida os dois setores da cultura
industrial: o setor da informação (fatos diversos, isto é, faixa de real onde o
inesperado e o bizarro irrompem na vida cotidiana) e o setor do romanesco (vedetes).
Com a intenção de se dirigir a todos, novas estratificações do público são formadas.
Surge a imprensa infantil, por exemplo, que antes estava diluída na imprensa adulta,
em quadrinhos e jogos, e a imprensa feminina, embora nunca tenha havido uma
imprensa particularmente masculina.
A existência de uma imprensa infantil de massa é o sinal de que uma mesma estrutura
industrial comanda a imprensa infantil e a imprensa adulta. Pode-se dizer então que a
cultura de massa, em seu setor infantil, leva precocemente a criança ao alcance do
setor adulto, enquanto em seu setor adulto ela se coloca ao alcance da criança.
O cinema, por sua vez, conseguiu ultrapassar a alternativa entre filmes com
características femininas e filmes com características viris. Ele agora produz filmes
sincretizados, nos quais o conteúdo sentimental se mistura com o conteúdo violento.
As fronteiras culturais são abolidas no mercado comum dos mass-media.
A nova cultura se inscreve no complexo sociológico constituído pela economia
capitalista, a democratização do consumo, a formação e o desenvolvimento do novo
assalariado, a progressão de determinados valores.
A cultura de massa, no universo capitalista, depende da indústria e do comércio,
mesmo nos sistemas totalmente estatizados. Por essa razão, a produção cultural é
determinada pelo próprio mercado – o que a diferencia fundamentalmente das outras
culturas.
A cultura de massa é o produto de uma dialética produção-consumo, no centro de
uma dialética global que é a da sociedade em sua totalidade. Ela se sujeita aos tabus,
mas não os cria; ela propõe modelos, mas não ordena nada.
MORIN, Edgar. A Arte e a média. In: _____. Cultura de Massas no Século XX. 2 ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1969. Cap. 4, p. 51-55.
MORIN, Edgar. O Grande “Cracking”. In: _____. Cultura de Massas no Século XX. 2 ed.
Rio de Janeiro: Forense, 1969. Cap. 5, p. 57-69.
MORIN, Edgar. Uma Cultura de Lazer. In: _____. Cultura de Massas no Século XX. 2 ed.
Rio de Janeiro: Forense, 1969. Cap. 6, p. 71-80.
A cultura de massa se estende à zona abandonada pelo trabalho, pela festa e pela
família. O novo tempo livre conquistado sobre a necessidade se enche de conteúdos
que abandonam o trabalho, a família.
Desde então, a personalidade negada no trabalho tenta se reencontrar fora da zona
estéril; durante o lazer, trabalhamos pelo que nos sentimos individualmente
interessados e responsáveis – hobbies e desenvolvimento de talentos pessoais.
Os lazeres abrem os horizontes do bem-estar, do consumo e de uma nova vida
privada. Surge, assim, a possibilidade de se ter uma vida consumidora (vendas a
crédito, compras de bens industriais, eletrodomésticos).
O lazer moderno surge como o centro onde o homem procura se afirmar enquanto
indivíduo privado. É essencialmente esse lazer que diz respeito à cultura de massa.
→ ignora as dificuldades no trabalho, não se interessa pela coesão familiar, se
mantém à parte dos problemas políticos e religiosos.
Uma parte do lazer tem tendência a tomar a forma de um grande jogo-espetáculo.
O turismo se torna uma grande viagem-espetáculo ao interior de um universo de
paisagens, monumentos, museus. O turista leva sua máquina fotográfica a tiracolo e,
dentro em pouco, está mais preocupado em registrar do que em ver.
A cultura de massa mantém um tipo de espectador puro, isto é, destacado fisicamente
do espetáculo, reduzido a um estado passivo (voyeur). Tudo se desenrola diante de
seus olhos, mas ele não pode aderir corporalmente àquilo que contempla.
Nesse sentido, as telecomunicações empobrecem as comunicações concretas do
homem com seu meio. É revelador o exemplo banal da televisão, que empobrece as
comunicações familiares no decorrer da refeição.
O turista pode dizer “eu estive lá”, e é essa evidência física indiscutível que valoriza o
turismo em relação ao espetáculo. Em relação ao espectador, o turista percorre (uma
cidade) e adquire (souvenirs).
MORIN, Edgar. Os Campos Estéticos. In: _____. Cultura de Massas no Século XX. 2 ed.
Rio de Janeiro: Forense, 1969. Cap. 7, p. 81-89.
MORIN, Edgar. Simpatia e “Happy End”. In: _____. Cultura de Massas no Século XX. 2
ed. Rio de Janeiro: Forense, 1969. Cap. 8, p. 95-101.
MORIN, Edgar.Os Vasos Comunicantes. In: _____. Cultura de Massas no Século XX. 2 ed.
Rio de Janeiro: Forense, 1969. Cap. 9, p. 103-109.
MORIN, Edgar. Os Olimpianos. In: _____. Cultura de Massas no Século XX. 2 ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1969. Cap. 10, p. 111-115.
MORIN, Edgar. O “Eros” Quotidiano. In: _____. Cultura de Massas no Século XX. 2 ed.
Rio de Janeiro: Forense, 1969. Cap. 12, p. 125-130.
MORIN, Edgar. O Amor. In: _____. Cultura de Massas no Século XX. 2 ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1969. Cap. 14, p. 137-144.
MORIN, Edgar. A Promoção dos Valores Femininos. In: _____. Cultura de Massas no
Século XX. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1969. Cap. 15, p. 145-152.
MORIN, Edgar. Juventude. In: _____. Cultura de Massas no Século XX. 2 ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1969. Cap. 16, p. 153-163.
MORIN, Edgar. A Cultura Planetária. In: _____. Cultura de Massas no Século XX. 2 ed.
Rio de Janeiro: Forense, 1969. Cap. 17, p. 165-172.
A cultura de massa, em sua natureza, não possui nacionalidade, não constitui estado, é
antiacumuladora. Seus conteúdos essenciais, que compõem sua força conquistadora,
são os conteúdos das necessidades privadas, afetivas, imaginárias ou materiais.
As necessidades de bem-estar e de felicidade, na medida em que se universalizam no
século XX, permitem a universalização da cultura de massa.
Em toda parte por onde se espalha, a cultura de massa tende a destruir a cultura do
“aqui e agora” (hic et nunc). Ela não destrói, porém, todo o folclore: ela substitui os
folclores antigos por um novo folclore cosmopolita.
O cosmopolitismo da cultura de massa é a promoção de um homem moderno que se
universaliza, o homem que aspira a uma vida melhor, o homem que procura sua
felicidade pessoal e que afirma os valores da nova civilização.
→ É assim que a cultura de massa leva modelos culturais a todos os domínios.
No primeiro mundo, o progresso econômico transformou as mentalidades. No
terceiro mundo, a indústria das comunicações começa a revolucionar as mentalidades
antes mesmo que a sociedade seja transformada.
Nos países ocidentais de primeiro mundo, o alfabetismo, a educação foi difundida
antes da cultura audiovisual. No terceiro mundo, o processo é constantemente
invertido.
A cultura de massa é viva e conquistadora porque corresponde ao real atual. É por
estar na escala da mundialização atual que ela é cosmopolita.
A cultura de massa é o ópio sociológico das classes médias e da burguesia do terceiro
mundo, contribuindo para sua debilitação e sua heterogeneização.
→ Num primeiro momento, há o favorecimento do desenvolvimento político
antiamericano, antiburguês, anticapitalista. Em seguida, a cultura de massa favorecerá
o desenvolvimento dos valores e dos modelos do individualismo, do bem-estar e do
consumo.
MORIN, Edgar. O Espírito do Tempo. In: _____. Cultura de Massas no Século XX. 2 ed.
Rio de Janeiro: Forense, 1969. Cap. 18, p. 173-191.