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CURSO DE PERÍCIA JUDICIAL AMBIENTAL

APOSTILA DE PERÍCIA AMBIENTAL

Dr. Georges Kaskantzis Neto


Engenheiro Químico

3a versão – Junho de 2005

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PREFÁCIO

Nas últimas décadas compreendi que cada vez mais o desenvolvimento


econômico e a proteção ambiental devem se apoiar em objetivos compartilhados. A
degradação do meio ambiente e dos recursos naturais são fatos que devem evitados e
minimizados quando buscamos o desenvolvimento econômico e a riqueza que todos
desejamos.

Os fatos em nosso país indicam que a pobreza e o crescimento populacional


se combinam para causar impactos negativos sobre os ecossistemas e a população. A
urbanização desordenda e os acidentes ambientais, cada vez mais frequentes e
intensos, dão lugar ao aumento da contaminação do ar, da água e do solo, causando
o aumento da incidência das enfermidades, degradação dos materiais e das perdas
financeiras.

O Poder Público, consciente da responsabilidade de proteger os cidadãos e os


recursos naturais, têm exigido que os impactos ambientais negativos sejam
minimizados e controlados, através da criação e aplicação de severa legislação
ambiental. Cada vez mais, os Procuradores da Justiça têm instaurado Ações Civis
Públicas visando punir os infratores e reparar os danos ambientais. Neste sentido, o
Perito Ambiental têm um papel fundamental a cumprir, auxiliando a justiça na
elucidação da lide e na valoração dos danos ambientais. A reparação dos danos
causados ao meio ambiente somente é possível quando se determina o seu valor.

Cada vez mais os profissionais de nível superior das diversas áreas do


conhecimento são requeridos pela justiça e pelas empresas para atuarem como
peritos e assistentes técnicos em processos judiciais. Na maioria dos casos, a
interdisciplinaridade de conhecimentos necessários para avaliação do dano
ambiental, requer a constituição de uma equipe multidisciplinar de profissionais
especialistas.

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Neste sentido, para suprir a demanda de mercado e treinar profissionais que
desejam atuar como Assistentes Técnicos e Peritos Judiciais na área de meio
ambiente, foi desenvolvido este Curso de Perícia.

Nos últimos anos este Curso foi ministrado em diversas regiões do país tendo
formado centenas de profissionais com conhecimentos específicos para atuarem com
peritos na área de meio ambiente. Os conhecimentos e as técnicas apresentadas neste
Curso são a base para a prática da perícia ambiental, mas o contínuo
aperfeiçoamento e exercício profissional são fundamentais para o desenvolvimento
da atividade do perito, considerando a complexidade do assunto em questão.

A terceira versão desta apostila apresenta uma síntese dos conhecimentos e as


ferramentas necessárias para a realização da perícia ambiental. Os principais temas
abordados englobam conhecimentos sobre ecologia, direito ambiental, técnicas de
avaliação de impactos, valoração de danos e passivos ambientais e análise de riscos.
Nesta nova versão da apostila, foram incluídos novos métodos de valoração de danos
ambientais pesquisados em literatura e, alguns utilizados pelos órgãos de
fiscalização e controle de meio ambiente do país e do exterior.

Dr. Georges Kaskantzis Neto


Curitiba, 15 de junho de 2005

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SUMÁRIO

1. ECOLOGIA E RECURSOS NATURAIS


1.1 Definições
1.2 Meio Físico
1.3 Energia e Meio Ambiente
1.4 Recursos Renováveis e Esgotáveis
1.5 Análise do Ciclo de Vida de Produtos

2. DIREITO AMBIENTAL
2.1 Legislação Nacional
2.2 Órgão e Competências Legais
2.3 Leis e Normas Ambientais
2.4 Ação Civil Pública
2.5 Perícia Ambiental

3. AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL


3.1 Definições e Conceitos
3.2 Elementos e Etapas do Processo de EIA
3.3 Tipologia dos Impactos
3.4 Diagnóstico do Meio Físico, Biológico e Antrôpico
3.5 Metodologias de Avaliação de Impactos Ambientais
3.6 Métodos e Técnicas de Laboratório

4. INTRODUÇÃO A ECONOMIA AMBIENTAL


4.1 Base Conceitual
4.2 Valoração Econômica do Meio Ambiente
4.3 Métodos de Avaliação de Danos Ambientais

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4.4 Conclusões sobre os Métodos de Valoração

5. MERCADO EXTRA JUDICIAL


5.1 Passivos Ambientais
5.2 Origens dos Passivos Ambientais
5.3 Mensuração de Passivos
5.4 Casos Reais
5.5 Passivos Ambientais Evidentes e Difusos
5.6 Matriz de Passivos Ambientais
5.7 Avaliação de Riscos e Acidentes Ambientais
5.8 Auditoria Ambiental
5.9 Diagnóstico Básico Ambiental
5.10 EIA – RIMA e Licenciamento Ambiental
5.11 Plano Básico Ambiental
5.12 Relatório, Laudo e TAC Ambiental

6. ESTUDOS DE CASO

- REFERÊNCIAS
- ANEXOS

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1. ECOLOGIA E RECURSOS NATURAIS

Atualmente ecologia não significa somente uma área de conhecimento da Biologia,


mas toda uma forma de pensar a relação do homem com a natureza e com si próprio.
No atual estágio do desenvolvimento humano, de economia e problemas ambientais
globalizados, ecologia significa propor novas formas de desenvolvimento voltadas
para a melhoria da qualidade de vida dos homens e preservação do meio ambiente.

A tecnologia avançou tanto que nos dias atuais parece que não precisamos mais da
natureza para suprir nossas necessidades. Esta mentalidade resultou no desequilíbrio
ambiental que atualmente se manifesta através da poluição hídrica, poluição
atmosférica, erosão e contaminação do solo e outros problemas ambientais que
comprometem a nossa qualidade de vida.

Pretende-se nesta seção apresentar os principais conceitos sobre ecologia, os meios


físicos que constituem o nosso universo de estudo e sua relação com a produção,
assim como o uso de energia e impactos ambientais associados. A questão da
utilização de recursos naturais renováveis e esgotáveis também é discutida nesta seção
e associada a com a análise do ciclo de vida de produtos.

1.1 DEFINIÇÕES E PRINCIPAIS CONCEITOS

Ecologia é a ciência que estuda os seres vivos e as suas relações com outros seres
vivos e com o meio ambiente. A palavra é derivada do grego é significa literalmente o
estudo da “casa” onde se vive. Para sobreviver na sociedade todos os indivíduos
precisam conhecer os seus ambientes, as forças da natureza, os vegetais e os animais
que os cercavam. Basicamente, os níveis de organização dos seres vivos, do mais
simples para o mais complexo, são mostrados no esquema abaixo.

ÁTOMOS ⇒ MOLÉCULAS ⇒ ORGANÓIDES ⇒ CÉLULAS ⇒ TECIDOS ⇒


⇒ ÓRGÃOS ⇒ SISTEMAS ⇒ INDIVÍDUOS ⇒ POPULAÇÃO ⇒ COMUNIDADE
⇒ BIOSFERA ⇒ ECOSSISTEMA

Figura 1 – Esquema de organização dos seres vivos

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ƒ População

É o conjunto de indivíduos da mesma espécie, vivendo juntos no espaço e tempo.

ƒ Comunidade ou Biocenose

É o conjunto de populações interdependentes no tempo e no espaço.

ƒ Ecossistema

Ecossistema é o conjunto formado por uma ambiente físico (solo, ar, água) e os seres
vivos que nele habitam. Como exemplos de ecossistemas podemos citar os lagos, os
rios, os mares, os campos, as florestas, etc. É a unidade fundamental da Ecologia. No
ecossistema distinguem-se dois componentes, a biocenose e biótopo. A biocenose, ou
comunidade biótica é o componente vivo, ou biótico de um ecossistema. O biótopo
refere-se ao meio físico ou abiótico de um ecossistema, sobre o qual se desdobram a
vida vegetal e animal.

ƒ Equilíbrio Ecológico

Os ecossistemas são sistemas equilibrados. O ecossistema consome certa quantidade


de gás carbônico e água enquanto produz determinado volume de oxigênio e matéria
orgânica. Qualquer mudança na entrada ou saída destes elementos desequilibra o
sistema, alterando a produção de alimento e oxigênio. Cada espécie viva tem seu
papel no funcionamento do ecossistema a que pertence. Por exemplo, quase todo
vegetal que se reproduz por meio de flores necessita de alguma espécie de inseto para
polinização. O extermínio do inseto também provoca a extinção do vegetal.

ƒ Biosfera

As regiões habitadas da Terra, desde as profundezas do mar até os picos das mais
altas montanhas, constituem a esfera viva deste planeta, ou a biosfera. Ela é uma
camada quase contínua ao redor da Terra, interrompendo-se apenas nos desertos
extremamente áridos e nas regiões cobertas de gelo. Apesar de abrigar um imenso
número de seres vivos, a biosfera, cuja espessura máxima não chega a 20 km, é
relativamente fina se comparada ao raio de Terra que é de cerca de 6000 km.

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ƒ Habitat e Nicho Ecológico

O habitat é o local específico onde o organismo vive e, nicho ecológico é o papel que
o organismo exerce nesse local. Costuma-se dizer que habitat é o endereço de uma
espécie, enquanto que nicho ecológico é a sua profissão.

ƒ Fatores Ecológicos

Todo ser vivo sofre ação de vários fatores do meio ambiente em que vivem. Assim,
fator ecológico é todo elemento do meio capaz de agir diretamente sobre os seres
vivos, pelo menos em uma fase de seu ciclo vital.

ƒ Classificação dos Fatores Ecológicos

Os fatores ecológicos são divididos em fatores abióticos e bióticos. Os fatores


abióticos incluem os fatores físicos do ambiente, como clima, luz, temperatura, água,
salinidade e condições do solo. Os fatores bióticos compreendem os fatores
relacionados aos seres vivos, como a ação do predatismo, parasitismo e competição.

ƒ Ação da Luz

A luz é o fator ecológico que permite a existência da vida na Terra. A luz atua pela
intensidade, tipo de radiação, direção e duração. Seu papel ecológico essencial é a
fotossíntese, bem como a indução de ritmos biológicos.

ƒ Fotossíntese

É a energia luminosa fornecida pelo Sol às plantas possibilita a fixação do gás


carbônico da atmosfera e a realização da fotossíntese, que significa síntese em
presença de luz. Trata-se do processo responsável pela produtividade alimentar dos
ecossistemas.

ƒ Temperatura

A temperatura, com exceção da luz é o mais importante dos fatores ecológicos. A


temperatura afeta as reações químicas. É evidente que as reações bioquímicas que

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ocorrem nas células são dependentes da temperatura. Muitas reações celulares são
catalisadas por enzimas, ajustadas para operarem em temperaturas que variam de 28 a
30ºC. Além disso, a temperatura define o clima de uma determinada região.

ƒ Limites de Tolerância

De maneira geral, os organismos só podem viver na faixa de temperatura entre 0ºC e


50ºC que é compatível com uma atividade metabólica normal. Há exceções, como
bactérias que vivem em águas termais que atingem 90ºC e, nematóides que já foram
submetidos a -272ºC sem nada sofrerem.

ƒ Ação da Água

A água é muito importante como fator ecológico. A água é um componente


fundamental do protoplasma. Na composição química da célula, a proporção de água
varia de 70 a 90%. O elevado calor específico da água funciona como regulador
térmico dos organismos. A tensão superficial permite o deslocamento de insetos e
aracnídeos sobre a superfície da água como se estivessem em terra firme. A agitação
das águas provoca a queda da temperatura e o aumento do teor de oxigênio dissolvido.
A turbidez da água, devido à presença de partículas em suspensão, reduz a intensidade
luminosa e, por conseguinte, diminui a atividade fotossintética, reduzindo a
produtividade alimentar e o teor de oxigênio.

ƒ Ação da Salinidade

A salinidade exerce importante papel na distribuição dos seres vivos aquáticos,


especialmente os marinhos. A salinidade relaciona-se com a pressão osmótica, fator
responsável pela entrada e saída de água nas células. As espécies capazes de suportar
grandes variações de salinidade são chamadas de euri-halinas e habitam, por
exemplo, as águas salobras. As esteno-halinas são as espécies adaptadas a uma
concentração salina mais ou menos constante.

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ƒ Fatores Edáficos

O solo é um meio bastante complexo onde existem seres vivos e numerosos fatores
abióticos influenciando tais como água, granulometria, porosidade, ar, seres vivos e
propriedades físico-químicas, principalmente, pH e salinidade. Os fatores edáficos
relacionados ao solo são húmus, lixiviação, erosão e laterização. O húmus é o
resultado da decomposição de detritos vegetais, rico em nutrientes, quem mantém a
textura e umidade do solo. A lixiviação é a lavagem do solo pela chuva, que por ser
rica em íons hidrogênio substitui os íons cálcio e potássio do solo, tornando-o ácido.
A erosão é a conseqüência da ação do intemperismo nas rochas. A laterização é a
remoção da sílica e enriquecimento do solo em óxidos de ferro e alumínio o que
impede a prática agrícola.

ƒ Alimento

Dependendo da quantidade e da qualidade do alimento disponível ocorrem alterações


na fecundidade, longevidade, desenvolvimento e mortalidade das espécies. As
espécies que suportam regime alimentar variado são chamadas de eurífagas, enquanto
que as de hábito alimentar restrito são as estenófagas.

1.2 MEIO FÍSICO

Considerando que o objeto de uma perícia ambiental busca determinar as alterações


ocorridas no meio físico, biológico e antrôpico, é de extrema importância o
conhecimento e a características destes meios. O meio físico engloba o solo, a água e
o ar. O meio biológico incluiu os animais e as plantas do ecossistema em análise
enquanto o meio antrôpico está relacionado ao homem e ao patrimônio físico e
cultural de uma determinada população. Nesta seção trataremos apenas do meio físico.

- Meio Físico (Litosfera, Hidrosfera, Atmosfera)

A parte sólida da Crosta Terrestre, ou Litosfera, é constituída pelas rochas. A parte


hídrica, constituída pelos mares, lagos e rios, é chamada de Hidrosfera. A parte
gasosa é chamada de Atmosfera. Naturalmente sobre este sistema se encontra vida e
os impactos ambientais alteram a estrutura e qualidade.

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- LITOSFERA

As rochas que constituem a litosfera são classificadas em três tipos. As ígneas ou


magmáticas (solidificação de materiais vulcânicos, granito e basalto), as
sedimentares ou estratificadas (material particulado erosivo estratificado, argilas,
calcáreo, arenito, folhelhos), e as metamórficas (rochas sedimentares modificadas
pelo meio, pressão, temperatura, agentes químicos, mica, mármore).

O intemperismo sofrido pelas rochas da superfície da Terra formam várias camadas.


A camada mais superficial é a que chamamos de solo. É no solo que as plantas fixam
suas raízes. Os solos são compostos por diferentes tipos de rochas, além de uma
infinidade de materiais e de seres vivos. Além disso, os componentes do solo podem
variar de região para região.

A areia é um tipo de rocha sedimentar formada por grãos de quartzo e por outros
minerais. Pode ter diversas cores, dependendo do mineral predominante. As cores
mais comuns são cinza, amarela e vermelha. A areia é muito permeável à água,
deixando-a passar com muita facilidade. Quando um solo possui mais de 70% de areia
é chamado de solo arenoso.

A argila é um tipo de rocha sedimentar. Normalmente apresenta-se nas cores cinza,


preta, amarela ou avermelhada. É muito impermeável não deixando a água passar com
facilidade. Um solo com mais de 30% de argila é chamado de solo argiloso. O solo
argiloso é aquele que quando molhado forma uma pasta.

O húmus é formado por restos de animais e de vegetais decompostos. Normalmente é


muito escuro quase preto. O solo que apresenta mais de 10% de húmus é chamado de
solo humífero. Para que o húmus se forme é necessária a ação de microorganismos,
como fungos, bactérias e protozoários, sobre os seres mortos.

O calcário é um tipo de rocha sedimentar que também pode constituir os solos. O


calcário é normalmente formado por carbonato de cálcio e apresenta-se nas cores
cinza, amarela e até preta. Se a constituição do solo apresentar mais de 30% de
calcário é chamado de solo calcário.

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Os solos contêm um pouco de cada um desses materiais. Se forem nas proporções
adequadas constituem o solo agrícola. Essa proporções, em geral, são: de 60 a 70%
de areia, de 20 a 30% de argila, de 10 a 30% de húmus e de 5 a 6% de calcário, além
de elementos, como potássio, nitratos em pequenas quantidades e outros minerais em
micro quantidades.

Há locais, na desembocadura de rios para o mar, em que o solo sofre a ação das
marés, ficando sob a água, durante a maré cheia e exposta, durante a maré baixa. São
os chamados manguezais. Nestes sistemas a vida é intensa. Eles são tão importantes
que são chamados de berço da vida dos oceanos.

A formação geológica do subsolo e a composição das rochas influenciam tanto o


movimento da água de infiltração e subterrânea (direção e velocidade de escoamento)
quanto na sua configuração. A resistência ao escoamento de fluxos de água ou de
outros compostos no solo está associada ao seu coeficiente de permeabilidade, que
descreve a maior ou menor facilidade de passagem de fluído através dos vazios.

A permeabilidade em rocha de igual formação pode ser diferente de um ponto para o


outro. Ela pode variar também de acordo com a direção. A Tabela 1 mostra alguns
valores típicos do coeficiente de permeabilidade, kf.

Tabela 1 – Valor de kf em função do tipo de solo


Solo kf (m/s)
Saibro 10- 1 a 10- 2
Areia 10- 3 a 10- 5
Areia fina (Siltosa, argilosa) 10- 6 a 10- 9
Argila < 10- 9

Esses valores de coeficiente kf são classificados conforme se segue:

- fortemente permeáveis: > 10- 4 (m/s);


- permeáveis: 10- 4 até 10- 6 (m/s);
- fracamente permeáveis: 10- 6 até 10- 9 (m/s) e;
- muito pouco permeáveis: < 10- 9 (m/s);

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- CONTAMINAÇÃO DO LENÇOL FREÁTICO

O subsolo e a água freática contaminada é um sério risco para a saúde humana,


o que normalmente não é diretamente reconhecido pelas pessoas atingidas. O
tratamento da água de um sistema aqüífero pode levar centenas de anos e
consome grandes quantidades de dinheiro. As principais fontes de contaminação
do solo e do lençol freático são geralmente:

1) Percolação de substâncias concentradas em um local (fonte pontual) de:

- deposições antigas e problemáticas (lixões, lixões não-controlados);


- aterros sanitários impermeáveis;
- poços de drenagem, lagoas de infiltração;
- áreas industriais (depósitos e manuseio indevidos de substâncias tóxicas);
- locais de acidentes ocorridos no transporte de substâncias químicas.

2) Infiltração em forma de linhas de substâncias por:

- infiltração a partir de riachos e rios;


- infiltração de efluentes de tubulações de água danificadas e;
- infiltração da água pluvial nas estradas.

3) Infiltração difusa de substâncias em áreas com a água pluvial por:

- utilização exagerada de agrotóxicos na agricultura;


- utilização indevida de herbicidas e pesticidas e;
- infiltração de substâncias da atmosfera com água pluvial.

4) Infiltração a partir de lagos e lagoas de contenção

- HIDROSFERA

Toda água livre que existe no nosso planeta compõe hidrosfera. Dessa água cerca de
0,001% está na atmosfera, 0,009% está nos lagos, rios e riachos, 0,625% está nas
águas de superfície e solo, 2,15% está nas calotas de gelo e geleiras e 97,209% nos
mares. Há um outro tanto de água em composição química com minerais, como é o

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caso da sílica. Assim, a água disponível para uso é apenas uma pequena parcela de
toda água existente no planeta.

A água é tão importante para a vida humana quanto os alimentos. Um indivíduo


precisa de um ou dois litros de água diários para sobreviver. O problema básico não é
a falta de água potável, poucas pessoas morrem de sede. O problema é obter um
fornecimento suficiente de água potável e serviços de saneamento adequados.

Ao contrário do combustível fóssil e do solo, as águas doces são uma fonte renovável.
Se forem usadas de forma adequada e cuidadosamente conservadas, o ciclo
hidrológico global pode satisfazer as necessidades, atuais e projetadas, em uma base
sustentável. Contudo, problemas como o fornecimento de água doce e com a
qualidade da água são de importância imediata e fundamental para todos.

O crescimento populacional e as exigências crescentes por energia e alimentos estão


impondo grandes demandas tanto pela quantidade quanto pela qualidade dos
suprimentos de água doce. Nos países em desenvolvimento, os problemas com a
poluição e esgotamento da água potável são uma realidade.

- DIMENSÃO QUÍMICA

A água pura é um composto líquido formado por moléculas de oxigênio e hidrogênio.


A água nunca se encontra no estado puro na natureza. Diversos gases, oxigênio,
dióxido de carbono e nitrogênio estão dissolvidos na água. Os sais, como nitratos,
cloretos e carbonatos também se encontram em solução. Diversos sólidos, tais como:
pequenos pedaços de matéria animal, poeira e areia encontrados em suspensão na
água. Outras substâncias químicas dão cor e gosto à água. Os íons presentes na água
conferem o caráter alcalino ou ácido à solução. A temperatura da água varia de acordo
com profundidade e local, influenciando o comportamento químico.

- DIMENSÃO BIOLÓGICA

Dentro dessa complexa mistura existe uma coleção extraordinariamente variada de


vida vegetal e animal. Desde o fitoplâncton (vegetais) e zooplâncton (animais)
unicelulares até a baleia azul, pode ser encontrado na água. Para quase todas as

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espécies de vida fora da água encontram seu correspondente dentro dela. Algumas,
particularmente os insetos, podem viver diferentes estágios de vida tanto dentro como
fora da água. Cada categoria de biota tem um nicho particular, ou conjunto de
condições aquáticas, que lhe é mais adequado para o desenvolvimento.

- USOS DA ÁGUA

Os usos de água podem ser divididos em quatro grandes categorias:

1. Uso físico direto pelo homem e seus animais domésticos. Usamos água para
beber, tomar banho, lavar e diversos usos domésticos. Para este caso os padrões
são severos. A água deve ser aspecto limpo, pureza de gosto e acima de tudo, estar
isenta dos perigosos e debilitantes microorganismos que flagelam as populações
urbanas dos séculos precedentes.

2. Uso direto na indústria e agricultura como fator de produção. As indústrias são


os maiores consumidores. Elas consomem quase 40% nos processos industriais.
Outros 17% estão no item "indústrias e miscelânea" e incluem manufatura,
mineração e construção. A irrigação utiliza 33%.

3. Uso psicológico como parte de nosso ambiente estético e cultural. Um belo lago
ou rio talvez não tenha serventia especial, mas se houver uma contabilidade
econômica, a água tem um valor definido porque o apreciador sente-se tão
satisfeito pela visão com acontece com o gosto da comida ou a cor da roupa. O
valor não pode ser medido simplesmente em dinheiro.

4. Uso ecológico como componente virtual no sistema de sustentação da vida na


Terra. Apesar do vasto volume de água na Terra, que inundaria o solo até uma
altura de uns 250 metros se fosse distribuída por igual, o ambiente aquático é
biologicamente fraco. Apenas 3% cabem à água doce. No resto, a produção
biológica limita-se em primeiro lugar à camada da superfície, especialmente nos
estuários. Contudo, todo o volume oceânico funciona como um termostato do
calor e dos minérios para o resto do mundo.

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- RECURSOS MARINHOS E BIODIVERSIDADE

A atividade humana é responsável por um grande numero de ameaças à rica


diversidade da vida marinha. As causas dos danos ao meio ambientes marinho e
costeiro são variadas e complexas, no entanto, todas estão relacionadas à alta
concentração humana nas regiões litorâneas. Aproximadamente dois terços da
população mundial vivem ao longo dos litorais e dos rios que deságuam nas áreas
costeiras. Essa alta concentração de pessoas é responsável por mais da metade dos
prejuízos causados aos recursos marinhos e costeiros.

As causas principais dos danos aos recursos marinhos são a poluição costeira vinda do
continente através do esgoto municipal, lixo industrial, escoamento urbano e rural,
desflorestamento continental, construção e crescimento em áreas litorâneas,
lançamento em grande quantidade de resíduos nos oceanos, sedimentos dos esgotos e
substâncias nocivas, derramamento de petróleo, plásticos descartáveis e a pesca
excessiva pelo uso de métodos agressivos.

Quando comparados com o mar aberto, os ecossistemas costeiros possuem uma


fecundidade biológica muito maior. Os estuários e recifes de corais são de 14 a 16
vezes mais férteis do que o mar aberto, os mangues são mais de 20 vezes mais
fecundos. A Tabela 2 mostra a fertilidade biológica das áreas marinhas.

Tabela 2 - Fertilidade Biológica de Áreas Marinhas


Tipo de Ecossistema Média da Fertilidade Líquida *
Mar aberto 57
Regiões de Plataforma Continental 162
Áreas de Nascentes Elevadas 225
Pântanos Salgados 300
Estuários 810
Recifes de Corais e Bancos de Areia 900
Mangues 1.215
* em gramas de carbono por metro cúbico por ano

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- ATMOSFERA

Toda a Terra está envolta em ar. Esse espaço nós chamamos de atmosfera. Muitos
seres vivos necessitam do ar para respirar. Além disso, o ar é o próprio ambiente em
que vivem algumas espécies de seres vivos. A camada de ar que envolve a Terra é
como uma casca de maçã, pois metade do seu volume está até 5,5 km de altura da
superfície, enquanto que 75% estão até 8,8 km e 99% até 30 km.

A atmosfera (do grego atmós, gás; sphaîra, esfera) da Terra tem espessura estimada
em 800 km. Ela é formada por gases, principalmente, o nitrogênio (78%), o oxigênio
(21%) e o argônio (0,9%), e por gases menores, entre eles o vapor de água e o dióxido
de enxofre, que totalizam apenas 0,1% do volume do ar atmosférico. Ela também
contém microrganismos e partículas sólidas, como cinzas vulcânicas e poeira.

A atmosfera pode ser dividida conforme a variação da temperatura, da composição


química do ar ou da estrutura eletromagnética (campos elétricos e de atração
magnética). Essas camadas são denominadas de troposfera, estratosfera, ionosfera,
ou mesosfera e exosfera ou termosfera.

A emissão de gases na atmosfera existe desde os primórdios da vida na Terra. Os


fenômenos naturais como o vulcanismo, decomposição anaeróbica da matéria
orgânica e descargas elétricas de raios, têm a sua contribuição na liberação e na
formação dos poluentes atmosféricos. Porém, a evolução da qualidade de vida e o
crescimento populacional induziram o aumento da produção industrial e o consumo
energético, acarretando dessa forma no aumento da poluição atmosférica.

A poluição do ar consiste na alteração da composição natural da atmosfera que é


causada pelos poluentes nas formas sólida, líquida ou gasosa e energia. As fontes de
poluição do ar podem ser do tipo naturais (atividades vulcânicas, queimadas, maresia)
ou antropogênicas (aquelas que resultam da atividade humana).

Segundo a resolução do CONAMA 03/90, o ar torna-se poluído quando as


concentrações de certos compostos ultrapassam valores limite de referência e podem
afetar a saúde, a segurança e o bem-estar da população, bem como ocasionar danos à
flora e à fauna, aos materiais e ao meio ambiente em geral.

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Os principais poluentes atmosféricos são o monóxido de carbono (CO), gás carbônico
(CO2), dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2), material particulado
(MP), hidrocarbonetos (HC), sulfeto de hidrogênio (H2S), ozônio (O3), dioxinas e
furanos, entre outros. Sabe-se ainda que esses poluentes podem ter maior ou menor
impacto sobre a qualidade do ar, de acordo com sua concentração na atmosfera e
condições metereológicas locais.

A poluição do ar provoca doenças respiratórias (asma, bronquite e enfisema


pulmonar) e desconforto físico (irritação dos olhos, nariz e garganta, dor de cabeça,
sensação de cansaço, tosse), agrava doenças as cardiorespiratórias e contribui para o
desenvolvimento de câncer pulmonar. Estes problemas apresentam um alto custo
social, uma vez que, eles provocam desgastes físicos e emocionais, gastos financeiros
com o tratamento da saúde, perda de horas de trabalho e redução da produtividade.

Os principais problemas causados pela contaminação atmosférica são a degradação da


qualidade do ar; a exposição humana e dos ecossistemas a substâncias tóxicas; os
danos à saúde humana, aos ecossistemas e ao patrimônio público; a acidificação das
águas e solos; a depleção do ozônio estratosférico e o aquecimento global e alterações
climáticas.

Considerando que o homem é diretamente afetado por tudo que acontece no meio
ambiente por fazer parte dele, podemos concluir que se o meio ambiente perece todos
perecem. Cada pessoa é produto do meio e a sua vida depende da qualidade da água
que bebe, dos alimentos que ingere, do espaço em que vive e do ar que respira. Surge
então a necessidade de se preservar e cuidar do meio ambiente. Observa-se que essa
responsabilidade do “cuidado” vai além do bairro, da cidade e mesmo do país em que
se vive, ele deve ser a conjugação de esforços a nível internacional para se viver o
presente e o futuro.

1.3 ENERGIA E MEIO AMBIENTE

A energia constitui o substrato básico do universo e de todos os processos de


transformação, propagação e interação que nele ocorrem. Há uma diversidade de
fontes de energia, inferidas da análise desses variados processos. Do ponto de vista
cultural podemos falar em fontes naturais e fontes artificiais de energia.

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As fontes naturais são aquelas em que a natureza é o agente produtor de energia. As
fontes artificiais de energia são as que incluem a ação do homem, incluindo geradores,
turbinas, reatores nucleares e baterias solares. Sob o ponto de vista do referencial
humano podemos identificar dois estados básicos da energia: potencial e cinético. O
primeiro significa energia armazenada disponível a qualquer instante, como a energia
gravitacional das águas represadas. O aspecto cinético ou dinâmico está associada a
massa em movimento.

- O HOMEM E A ENERGIA

Os estágios de desenvolvimento do homem desde o homem primitivo até o homem


tecnológico de hoje em dia pode ser correlacionado estreitamente com a energia
consumida, conforme mostrado a seguir.

• O homem primitivo sem o uso do fogo tinha apenas a energia dos alimentos que
ele comia (2.000 kcal / dia);
• O homem caçador (100.000 anos atrás) tinha mais comida e também queimava
madeira para obter calor e para cozinhar;
• O homem agrícola primitivo (Mesopotâmia, 5.000 a.C.) semeava e utilizava a
energia animal;
• O homem agrícola avançado (Noroeste da Europa, em 1.400 d.C.) usava carvão
para aquecimento, a força da água, a força do vento e o transporte animal;
• O homem industrial (Inglaterra, 1875) tinha a máquina a vapor e;
• O homem tecnológico (nos EUA, em 2000) consumia 250.000 kcal / dia.

Começando com o consumo de energia muito baixo de 2.000 kcal por dia, que
caracterizava o homem primitivo, o consumo de energia cresceu, em um milhão de
anos, para quase 250.000 kcal por dia. Este enorme crescimento da energia per capita
consumida só foi possível devido:

• Ao aumento do uso do carvão como fonte de calor e potência no século 19;


• Ao uso de motores de explosão interna com petróleo e derivados e;
• Ao uso de eletricidade gerada em usinas hidrelétricas e termelétricas.

19
Por outro lado, existe ainda uma enorme diferença entre o consumo per capita dos
países industrializados, onde moram 25% da população mundial, e dos países em
desenvolvimento, onde vivem os restantes 75%. Os EUA, por exemplo, com 6% da
população mundial, consomem 35% da energia mundial.

O consumo médio anual per capita no século XX foi de 75.000 kcal/dia nos países
industrializados e de apenas 9.450 kcal/dia nos países em desenvolvimento. Dentro de
alguns países há diferenças enormes no consumo de energia entre os ricos e os pobres.
A Figura 2 ilustra a evolução do homem no uso da energia.

- FONTES DE ENERGIA

A principal causa dos problemas ambientais relacionados ao uso da energia para


alimentação, moradia e comércio, indústria e agricultura, e transporte, é o emprego de
combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás), ou mesmo a lenha. O uso da
hidroeletricidade e a energia nuclear também criam problemas. A Tabela 3 mostra as
principais fontes de energia utilizada atualmente pelo homem.

H o m em
te cn o ló g i co

H o m em in d u s tr ial

H o m em a g r íc o la
a va n ç a d o
T r a n s p o r te
H o m em a g r íc o la
p r im itiv o In d ú s tri a e a g r ic u ltu ra
M o r ad ia e co m é rci o
H o m em c a ça d o r A lim e n taç ã o

H o m em p r im iti vo

0 50 1 00 1 50 2 00 2 50

Figura 2 – Consumo de energia do homem ao longo da história

20
Tabela 3 – Fontes de energia, vantagens e desvantagens
FONTE OBTENÇÃO USOS VANTAGENS DESVANTAGENS
ESGOTÁVEL
Resulta de reações Produção de Domínio da Polui a atmosfera
químicas de energia elétrica; tecnologia para (gás carbônico,
fósseis, matéria-prima da sua exploração e enxofre,
Petróleo depositados no gasolina, do diesel refino; particulados, óxidos
fundo do mar e no e de produtos, facilidade de de nitrogênio);
continente. como plástico, transporte e colabora para o
borracha sintética, distribuição. aumento da
ceras, tintas, gás e temperatura.
asfalto.
Reatores nucleares Produção de Não emite Não há tecnologia
produzem energia energia elétrica; poluentes que para tratar lixo
térmica por fissão fabricação de contribuam para nuclear; a
Nuclear de átomos de bombas nucleares. o efeito estufa.construção das
urânio. Esta usinas é demorada e
energia aciona um cara; há riscos de
gerador elétrico. contaminação
radioativa.
Resulta das Produção de Domínio da Polui a atmosfera
transformações energia elétrica; tecnologia para (gás carbônico,
químicas de aquecimento; seu enxofre,
Carvão grandes florestas matéria-prima de aproveitamento; particulados, óxidos
Mineral soterradas. fertilizantes. facilidade de de nitrogênio);
Extraído de minas transporte e colabora para o
localizadas em distribuição. aumento da
bacias temperatura.
sedimentares.
Ocorre na Aquecimento; Emissão baixa Altos investimentos
natureza combustível para de poluentes; para o
associado, ou não, geração de pode ser armazenamento e
Gás Natural ao petróleo. A eletricidade, utilizado nas distribuição
pressão nas veículos, caldeiras formas gasosa e (gasodutos, navios
reservas e fornos; matéria- líquida; existe metaneiros).
impulsiona o gás prima de derivados um grande
para a superfície, de petróleo. número de
onde é coletado reservas
em tubulações.
RENOVÁVEL
A energia liberada Produção de Não emite Inundação de
pela queda de energia elétrica. poluentes, não grandes áreas e
água represada interfere no deslocamento da
Hidrelétrica move uma turbina efeito estufa. população
que aciona um residente; a
gerador elétrico. construção das
usinas é demorada e
cara; altos custos de
transmissão.

21
FONTE OBTENÇÃO USOS VANTAGENS DESVANTAGENS
Eólica O movimento dos Produção de Grande Exige investimentos
ventos é captado energia elétrica; potencial para para transmissão da
por hélices movimentação de geração de energia; produz
gigantes ligadas a máquinas e energia elétrica; poluição sonora;
uma turbina que motores. não interfere no interfere em
acionam um efeito estufa; transmissões de
gerador elétrico não ocupa áreas rádios e TV.
de produção de
alimentos.
Solar Lâminas Produção de Não é poluente; Exige altos
recobertas com energia elétrica; não interfere no investimentos para
material aquecimento. efeito estufa; seu aproveitamento.
semicondutor, não precisa de
como o silício, são turbinas ou
expostas ao sol. A geradores para a
luz excita os produção de
elétrons do silício, energia elétrica.
que geram uma
corrente elétrica
Biomassa A matéria Aquecimento; Não interfere no Exige altos
decomposta em produção de efeito estufa (o investimentos para
caldeiras ou energia elétrica e gás carbônico seu aproveitamento.
biodigestores, O de biogás liberado durante
processo gera gás (metano). a queima é
e vapor, que absorvido
acionam uma depois no ciclo
turbina e movem de produção).
um gerador
elétrico

1.4 RECURSOS RENOVÁVEIS E ESGOTÁVEIS

As principais fontes de recursos, utilizadas para satisfazerem às necessidades


humanas, dividem-se em recursos esgotáveis e recursos renováveis.

Os recursos esgotáveis são aqueles que, uma vez consumidos, não há como serem
repostos, uma vez que levaram milhões de anos para se formarem, como é o caso dos
combustíveis fósseis - petróleo e carvão mineral. Outros recursos esgotáveis, usados
para geração de energia, são os minerais físseis, usados em usinas nucleares. Os
recursos renováveis são aqueles que constantemente a natureza está repondo, como é
o caso de madeiras, carvão vegetal, extratos vegetais - óleos, açúcar, álcoois, entre
outros. Outros recursos, chamados renováveis, são aqueles disponíveis na natureza,
como a luz solar, a força das marés, a força dos ventos e a geotermia.

22
- RECURSOS ESGOTÁVEIS

PETRÓLEO

Em períodos geológicos distantes, restos de animais e vegetais depositaram-se no


fundo de mares e lagos que sob ação de intensa sedimentação, calor e pressão
transformaram-se me petróleo, encontrado no estado líquido (óleo), gasoso (gás
natural) e sólido (betume). A importância do petróleo é tão inquestionável em nosso
tempo que alguns mais exagerados o denominam ouro negro dos tempos modernos.
Sem dúvida percorrer 400, 500 e até 600 km sem necessidade de reabastecer o
automóvel, ou percorrer milhares de quilômetros sem necessidade de reabastecer a
aeronave é uma grande conquista da humanidade. A grande portabilidade dessa forma
líquida de energia é que permitiu o enorme progresso industrial que tivemos e estamos
tendo nestas últimas décadas. Por outro lado, em todas as fases do uso do petróleo e
de seus derivados existem pontos de contaminação do meio ambiente.

- OUTRAS FONTES ESGOTÁVEIS

As outras fontes de energia esgotável, como carvão e usinas termonucleares, gerando


cerca de 10% do total de energia elétrica do país, são de pequena monta. Tanto a
queima do carvão, seja para uso siderúrgico, como em termelétricas, sempre geram
poluição atmosférica. O carvão mineral é um combustível fóssil originado do
soterramento de antigas florestas em ambientes aquático ou subaquático, com pouco
oxigênio, durante o período Paleozóico. As reservas brasileiras, além de pequenas, são
de baixa qualidade, com pouco poder calorífico e alto teor de cinzas, o que
historicamente dificultou seu aproveitamento como fonte de energia no país. Já o
combustível nuclear tem pontos de poluição desde a sua mineração, assim como no
seu transporte, processamento e refino, no seu uso em usinas nucleares e na sua
disposição final, como lixo radiativo.

- RECURSOS RENOVÁVEIS

A geração de energia elétrica no Brasil está associada às Usinas Hidrelétricas, porque


cerca de 90% dela é gerada dessa maneira. Nosso país é rico em rios e possui um
clima caracterizado por altos índices pluviométrico. Os principais desníveis e quedas

23
têm um potencial hidráulico estimado em 209 milhões de KW, sem considerar as
pequenas quedas que, incorporadas, poderiam produzir muito mais. A bacia do Paraná
possui a maior potência instalada, pois cerca de 70% de seu potencial já é aproveitado
hoje. Nela está instalada a maior Usina Hidrelétrica do mundo, ITAIPU, que significa
“a pedra que canta”. ITAIPU foi projetada para gerar 12,6 milhões de KW em 18
turbinas de 700 mil KW cada.

- PROBLEMAS NA GERAÇÃO HIDRELÉTRICA

As Usinas Hidrelétricas não poluem e a energia elétrica é uma forma “limpa” de


energia. Do ponto de vista financeiro, usar água como fonte de energia é,
aparentemente, um bom negócio. Um dos principais problemas nesta forma de
geração de energia é que os locais onde se pode instalar uma usina geradora,
normalmente ficam longe de um grande centro consumidor. Nestes casos a energia
tem que ser gerada em um local e transportada por linhas até os centros de consumo.
Essa distribuição desperdiça muita energia, ou seja, de todo potencial de geração,
parte significativa é consumida em perdas no transporte. Um problema mais sério, do
ponto de vista ecológico, é a inundação de grandes áreas, com o desaparecimento de
terras férteis e de florestas com todos os seus componentes.

ÁLCOOL ETÍLICO

Uma fonte alternativa de combustível líquido é o álcool etílico obtido da fermentação


da cana-de-açúcar. Outros vegetais também podem fornecer o açúcar necessário para
a fermentação, como é o caso da mandioca e da batata. As imensas áreas passíveis de
produção influíram logicamente para a escolha desta alternativa energética. O álcool é
um combustível melhor do ponto de vista ecológico por gerar menos poluentes
quando queimado no motor à explosão, uma vez que, o gás carbônico gerado do
álcool já está computado no ciclo biogeoquímico, enquanto que o da gasolina não.

- OUTRAS FONTES RENOVÁVEIS

Outras fontes de energia renováveis, como eólica, solar, geotérmica, de biomassa e de


marés, são muito pouco expressivas, principalmente devido ao alto custo de geração,
ou de aproveitamento Uma das mais difundidas é a energia solar que pode ser usada

24
como fonte de calor e para geração de energia fotovoltáica. O aproveitamento da
energia solar como fonte energética tem suas aplicações em aquecimento de água, de
residências, de estufas, ou refrigeração.

A energia eólica é aproveitada em pequena escala tanto como força motriz para
bombas (normalmente de água de poço ou nas salinas) como para geração de energia
elétrica, quando o cata-vento é acoplado a um gerador. Os problemas de ruído podem
ser contornados, com a implantação em áreas afastadas, mas os custos de implantação
ainda não foram devidamente equacionados.

O calor da região abaixo da Crosta Terrestre (manto) pode ser aproveitado tanto para
aquecimento direto, como para aquecimento de água com geração de vapor, com o
qual se pode movimentar turbo-geradores para produzir energia elétrica. Para ser
eficiente o sistema necessita operar com altas temperaturas, presentes somente em
grandes profundidades. O custo de perfurar e manter esses sistemas profundos ainda
está inviabilizando o uso dessa forma de energia.

O movimento das ondas, provocado pelos ventos, e o movimento das marés,


provocado pela posição da Lua, pode ser aproveitado transformando o sobe e desce de
uma bóia, acoplada a um braço, em energia motora, com a qual se pode movimentar
equipamentos, diretamente, ou geradores de energia elétrica. O custo das instalações,
somado ao custo dos equipamentos especiais, para suportar a agressividade do
ambiente marinho, e aliados à baixa amplitude das ondas e o grande período entre as
marés, são fatores que ainda limitam a aplicabilidade do aproveitamento desta forma
de energia renovável.

Uma outra fonte de energia renovável está associada à biomassa. A biomassa é


constituída de restos, de vegetais, de animais, de estrume, etc. O processamento da
biomassa gera um gás combustível e a biomassa processada é um excelente adubo. É
uma fonte de energia que tem crescido ultimamente, com a instalação de biodigestores
nas cidades, para tratamento do lixo doméstico.

Nas pequenas comunidades, ou fazendas, onde há dificuldade na instalação de rede


elétrica, é uma alternativa bastante viável. Sob a ação de microorganismos, a
biomassa fermenta, gerando gás rico em metano, gás carbônico e água. Se o teor de

25
gás carbônico for alto, o gás tem baixo poder calorífico, o que ocorre normalmente.
Por isso não tem sido uma alternativa energética muito interessante.

1.5 ANÁLISE DO CICLO DE VIDA DE PRODUTOS

As novas técnicas de industrialização desenvolvidas nos últimos anos, juntamente


com o aumento populacional e de consumo, têm provocado a elevação da demanda
mundial dos recursos naturais com conseqüente aumento na quantidade de descarte
de resíduos pós-consumo, dificultando sua destinação final.

Neste contexto, a Análise do Ciclo de Vida (ACV) dos produtos surge como uma
opção real para a indústria e para a sociedade. A Análise do Ciclo de Vida de um
produto estuda a complexa interação entre um produto e o meio ambiente, e permite a
avaliação dos aspectos e impactos ambientais potenciais associados a fabricação de
um produto.

ACV compreende o estudo das etapas que vão desde a retirada das matérias-primas
elementares da natureza, que entram no sistema produtivo (berço), passando por todas
as etapas produtivas industriais e de consumo até a disposição do produto final
quando se encerra sua vida útil (túmulo). Esta análise é conhecida como from graddle
to grave ou do berço à sepultura.

Para se descrever o processo se faz necessário a realização de balanços de massa e


energia, calculando-se automaticamente a geração de resíduos sólidos, efluentes
líquidos e as emissões atmosféricas. Com esta técnica é possível também avaliar e
tomar decisões gerenciais de forma a contribuir para a melhoria e conservação do
meio-ambiente.

A análise do ciclo de vida de um produto apresenta inúmeras vantagens, entre as quais


podemos citar a otimização dos produtos do ponto de vista ambiental, aquisição de
informações do processo de produção e o melhor entendimento dos aspectos
ambientais ligados ao processo produtivo. Além disso, a ACV é útil para a tomada de
decisões e para a seleção de indicadores ambientais relevantes na avaliação de
projetos e processos, servindo como suporte em decisões de fabricação na indústria.

26
ACV contribui para a diminuição dos resíduos devido à redução do uso de energia e
de materiais, sendo também útil como ferramenta de marketing para a obtenção de
declarações e rótulos ambientais de produtos “amigos” do meio ambiente. Por esses
motivos, os fabricantes têm dado cada vez mais atenção às propriedades ambientais de
seus produtos como um meio de diferenciá-los e aumentar a fatia de mercado das
empresas.

As principais fases da Análise do Ciclo de Vida de um produto são a definição de


objetivo e escopo, análise do inventário, avaliação de impacto, interpretação e revisão
crítica. Uma descrição mais detalhada da técnica é apresentada em um artigo técnico
em anexo.

27
2. DIREITO AMBIENTAL

Nesta seção serão abordados os temas relacionados a doutrina do Direito Ambiental


englobando a Legislação Brasileira, os Órgão e suas Competências Legais na questão
ambientais, os princípios, leis e normas que norteiam a legislação ambiental, a lei da
ação civil pública e questões relativas a perícia ambiental propriamente dita.

Considerando o objetivo deste curso, não se pretende nesta seção detalhar e esgotar
por completo este tema. Pretende-se apresentar de forma resumida as principais fontes
e informações básicas necessárias para a condução de uma perícia ambiental. Nos
anexos desta apostila encontram-se as principais leis, resoluções e normas abordadas
neste trabalho.

2.1 LEGISLAÇÃO NACIONAL

Didaticamente podemos dividir o estudo do Direito em duas grandes áreas: o público


e o privado. Naquele tratamos de uma gama de direitos comuns aos cidadãos
enquanto este trata dos direitos particulares do cidadão. No direito privado a
propriedade é o principal instituto. No direito público o bem estar comum.

O Direito Ambiental por sua vez caracteriza-se por pertencer a uma pluralidade de
sujeitos não identificáveis, mas que pode ser exercido a qualquer tempo. Acima de
qualquer interesse está o da sociedade. É o que chamamos de Direito Difuso.

O Direito existe pelo homem e para o homem. Desta forma, todo o disciplinamento
intentado pelo legislador no âmbito de resguardar recursos naturais, vivos ou não,
deve ser feito, através da lente da equidade social. Enfim, é preciso que saibamos os
diversos aspectos, ou os vários sentidos, em que se fala de Direito Ambiental. Um dos
aspectos é o do meio ambiente propriamente dito, isto é, dos recursos naturais
existentes (ar, água, flora, fauna, etc.).

Outro aspecto é o do ambiente criado pelo homem, isto é, o ambiente eminentemente


humano tais como praças, ruas, edifícios, obras, etc. Por último o ambiente do
trabalho, onde aspectos relacionados como iluminação, ventilação, ruídos,

28
temperatura, dentre outros são importantes. Assim, pode-se conceituar Direito
Ambiental como:

“Conjunto de princípios, institutos e normas sistematizadas para disciplinar


o comportamento humano, objetivando proteger o meio ambiente”.

- PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Admitir-se que existe um Direito Ambiental exige, no mínimo, que se conceitue os


princípios norteadores da aplicação da legislação ambiental.

a) Princípio da Prevenção ou Precaução: Este é o maior e mais importante


ordenamento jurídico ambiental, considerando que a prevenção é o grande objetivo de
todas as normas ambientais, uma vez que, desequilibrado o meio ambiente a
reparação é na maior parte das vezes uma tarefa difícil e dispendiosa. Os instrumentos
da Política Nacional do Meio Ambiente (Licenciamento, EIA, zoneamento) estão
fundados nesse princípio.

b) Princípio da Cooperação: Significa dizer que todos, o Estado e a Sociedade,


através de seus organismos, devem colaborar para a implementação da legislação
ambiental, pois não é só papel do governo ou das autoridades, mas de cada um e de
todos nós.

c) Princípio da Publicidade e da Participação Popular: Importa afirmar que não se


admite segredos em questões ambientais, pois afetam a vida de todos. Tudo deve ser
feito, principalmente pelo Poder Público, com a maior transparência possível, e de
modo a permitir a participação na discussão dos projetos e problemas dos cidadãos de
um modo geral.

d) Princípio do Poluidor-pagador: Apesar de um princípio lógico, pois quem


estraga deve consertar, infelizmente ainda não é bem aceito na prática, ficando para o
Estado esta obrigação de recuperar e para a sociedade o prejuízo, e para o mal
empreendedor somente o lucro.

29
e) Princípio In dúbio pro natura: É uma regra fundamental da legislação ambiental,
que leva para a preponderância do interesse maior da sociedade em detrimento do
interesse individual e menor do empreendedor ou de um dado projeto.

- MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

A Constituição de um país á a sua Lei Maior. O Direito Ambiental que integra o


Sistema Jurídico Nacional se apóia na Carta Magna. O Legislador Constituinte de
1988 dedicou especial atenção ao tema, reservando um capítulo da constituição, para
tratar do meio ambiente. O Capítulo VI do Título VIII, no art. 225, cuja transcrição
é obrigatória diz:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de


uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações”

O termo Todos significa que qualquer pessoa é sujeito de direitos relacionados ao


meio ambiente. Na linguagem jurídica o bem de uso comum abrange todos os bens
(tudo que possa ser valorado) que não pertencem a ninguém especificamente,
entretanto, que possam ser utilizados por qualquer um, a qualquer tempo, sem
qualquer ônus (como por exemplo: água, ar, luz solar, etc).

O sentido da qualidade de vida é amplo e abrange todos os aspectos da vida humana,


tais como transporte coletivo, segurança pública, comunicações, hospitalais, lazer,
habitação, enfim, tudo o que possa conduzir a um nível de bem estar do cidadão. A
responsabilidade pelo meio ambiente ecologicamente equilibrado não está restrita ao
Poder Público constituído (seja Federal, Estadual ou Municipal). O termo preservar
para gerações futuras está associado ao desenvolvimento sustentável.

30
Tabela 4 – Análise comentada dos parágrafos e incisos do art. 225 da Magna Carta
Parágrafo / Inciso Comentário

1º / 1º Trata do manejo ecológico, que está regulado no Decreto no


(preservar e restaurar 1.282/94. Procedimento para conservar os recursos naturais,
processos ecológicos) conservar a estrutura da floresta e suas funções, manutenção da
diversidade biológica e desenvolvimento sócio – ecológico.
1º / 2º Trata da preservação. 1) a preservação realizada por qualquer uma
(preservar patrimônio das três maneiras possíveis: in situ, preservando-se o ecossistema
genético) no qual se encontra seu meio natural; ex situ, preservando-se parte
do organismo, como sementes, sêmen, outros, e; ex situ
preservando-se o organismo inteiro em ambientes artificiais em
zoológicos, jardim botânico, aquário, outros. 2) É permitida a
manipulação de material genético, desde que desta manipulação
resulte um aprimoramento na qualidade de vida. A lei que trata
deste assunto é a de no 8.974/95.
No inciso terceiro encontramos referência as unidades de
1º / 3º conservação tais como: APA, ARIE, AIET, reserva, parques,
(Unidades de dentre outras. Cada uma destas unidades tem um regime próprio
Conservação) com limitações de uso, zoneamento, objetivo e características
próprias.
No inciso quarto, a necessidade de elaboração do EIA/RIMA. A
lei que disciplina este inciso é a de no 6.803/80, modificada pela
1º / 4º Lei no 6.938/81 e Resolução 001/86 do CONAMA que lhe fixou
(Elaborar EIA/RIMA) suas diretrizes gerais. O Estudo é realizado por equipe
multidisciplinar e, apresentado em audiência pública para
aprovação popular via RIMA.
O inciso quinto abrange tanto a poluição do ar (pelas suas mais
1º / 5º diversas formas), quanto a da água (rios e mar principalmente) e
(Poluição do Meio do solo (através dos agrotóxicos e biocidas por exemplo). Existe
Físico) farta legislação para controlar emissões, bem como multas, penas,
etc.
A educação ambiental está prevista no inciso sexto, deve ter
1º / 6º como principais características interdisciplinaridade, tratamento
(Educação Ambiental) sistêmico, mudança filosófica de comportamento (atitude),
pesquisa e a discussão do desenvolvimento sustentável em termos
econômicos.
A proteção à fauna e à flora, do inciso sétimo, é realizada através
1º / 7º de legislação tais como: Código de Pesca, da Caça e Florestal.
(Proteção a Fauna e Além de muitos dispositivos dispersos nos Códigos Civil e Penal,
Flora) além da Lei das Contravenções Penais e em Resoluções e Portarias
Administrativas com cunho federal. Em 1998 foi sancionada a Lei
no 9.605 que trata dos Crimes Ambientais.

2º O Código de Minas regulamenta o disposto no parágrafo


(Recursos Minerais) segundo que versa sobre os recursos minerais.

As pessoas físicas e jurídicas têm responsabilidades civil, penal e


3º administrativa nas ações lesivas ao meio ambiente, conforme
(Responsabilidade disciplina o parágrafo terceiro. Cabe ressaltar que estamos nos
Objetiva) referindo à responsabilidade objetiva, isto é, não é necessária a
prova de dolo ou culpa. Basta que se prove o dano. A
responsabilidade pode ser cumulativa, isto é, o causador do dano

31
pode receber sanções penal, civil e administrativa.

4º O parágrafo quarto trata da Floresta Amazônica Brasileira, da


(Florestas) Mata Atlântica, da Serra do Mar, do Pantanal Mato–grossense e da
Zona Costeira.
5º Trata da indisponibilidade das terras devolutas ou arrecadadas
(Terra Devolutas) pelos Estados para a proteção dos ecossistemas.

6º Localização definida em lei federal para a sua instalação.


(Usinas Nucleares)

- POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (PNMA)

O mais importante diploma legal brasileiro na área ambiental é sem dúvida a Lei no
6.938/81 com regulamentação no Decreto no 99.274/90. Essa lei materializa a
tradução jurídica da Política Nacional do Meio Ambiente.

Esta Lei traz como objetivo principal à preservação, melhoria e recuperação da


qualidade ambiental, e dá como parâmetros o desenvolvimento sócio – econômico, a
segurança nacional e a dignidade da vida humana. Os princípios adotados são o
equilíbrio ecológico, racionalização de uso dos recursos, a proteção dos ecossistemas,
zoneamento, incentivos, educação, etc. A responsabilidade civil objetiva no campo do
dano ambiental é estabelecida por essa Lei, que prevê as sanções administrativas
aplicáveis pelos órgãos de controle e fiscalização ambiental locais.

A organização do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) foi traçada


nesta Lei com os órgãos superiores (Conselho de Governo); órgãos consultivo e
deliberativo (CONAMA); órgão central (Ministério do Meio Ambiente); órgão
executor (IBAMA); órgãos setoriais (federais); órgãos seccionais (estaduais) e locais
(municipais).

Os instrumentos de proteção ambiental também têm sua origem nesta Lei. Os


principais são o Licenciamento Ambiental, o Zoneamento e o Estudo de Avaliação de
Impacto Ambiental (EIA/RIMA). Outros instrumentos são o estabelecimento de
padrões de qualidade ambiental por Câmara Técnica do CONAMA e fiscalizada pelo
IBAMA, o estabelecimento de unidades de conservação (APA, parques, etc.), o
cadastro técnico de atividades de defesa e potencialmente poluidores e as sanções tais

32
como multa, perda ou restrição de incentivos ou benefícios, a suspensão de atividades,
entre outras.

2.2 ÓRGÃOS E COMPETÊNCIAS LEGAIS

A Constituição Federal de 1988 alterou a competências ambientais, descentralizando a


competência para legislar sobre o meio ambiente, que antes era concentrada na União.
Conforme consta no Art. 22 da Constituição, a competência privativa da União fica
restrita às matérias que tratam das águas, energia, navegação fluvial, lacustre e
marítima, aérea e aeroespacial, trânsito e transporte, recursos minerais e
metalurgia, populações indígenas e atividades nucleares.

Atualmente, tem-se a competência concorrente em matéria ambiental conforme consta


no Art. 24 da Constituição Federal. Portanto, cada Estado da Federação tem
competência legislativa concorrente com a União para fazer leis em matéria
Ambiental. Cabe salientar que o princípio da hierarquia das leis deve ser respeitado.

O município também é um ente da Federação e pode legislar em matérias ambientais


de interesse local, podendo ser mais restritiva, e suplementando a legislação federal e
estadual. O Art. 30 da Constituição trata da competência municipal para legislar as
matérias ambientais de interesse local. A Tabela 5 mostra a competência e atribuição
dos órgãos ambientais no país. A Tabela 6 mostra a competência legislativa, político
administrativa de cada ente da União em relação às matérias ambientais.

Tabela 5 – Competência dos órgãos que tratam das questões ambientais


ÓRGÃO
ENTE DA ÓRGÃO DO PODER
FEDERAÇÃO ADMINISTRATIVO JUDICIÁRIO, MINISTÉRIO
E AMBIENTAL DE POLÍCIA PÚBLICO
CIVIL, MILITAR
E AMBIENTAL
Ministério Público
• Ministério do Meio • Justiça Federal Federal
Ambiente (MMA) • Polícia Federal (Procuradores.
UNIÃO • SISNAMA Matérias: índios,
• CONAMA águas federais e
• IBAMA subterrâneas,
energia nuclear,
praias, parques
nacionais e fauna

33
• Conselho Estadual de • Justiça Estadual Ministério Público
Meio Ambiente • Polícia Judiciária dos Estados
ESTADO • Secretarias de M.A. • Polícia Militar (Promotores de
• Órgãos Ambientais • Polícia Florestal Justiça). Matérias:
(CETESB, FEMA) Todas que não é
interesse da União

• Conselho Municipal • Guarda


MUNICÍPIOS de Meio Ambiente Municipal
• Secretaria Municipal
de Meio Ambiente

Tabela 6 – Competência Legislativa e Político Administrativa


ENTE DA COMPETÊNCIA COMPETÊNCIA DIVISÃO DA
FEDERAÇÃO LEGISLATIVA ADMINISTRATIVA ATRIBUIÇÃO
(ATUAÇÃO POR MATÉRIA
AMBIENTAL) DEFINIDA
• PRIMITIVA (União) • COMUM • Caça (animais)
Monopólio: Águas, - Poder de Polícia • Energia nuclear
energia, crimes, recursos - Multar • Agrotóxicos
minerais, questões - Licenciar • Águas
indígenas - Fiscalizar • Mineração
UNIÃO (Congresso Nacional), - Embargar • Garimpo
Art. 22 da Constituição - Interditar • Lixo
• Unidade de
• CONCORRENTE Art. 23 Constituição
Conservação
(União + Estados) Federal. Incisos III,
• Florestas
Estabelece normas IV, VI, VII, XI
gerais.
(Congresso Nacional),
• COMUM • Águas Internas
• CONCORRENTE - Poder de Polícia • Solo Agrícola
Assembléia Legislativa - Multar • Erosão
Art. 24 da Constituição - Licencias • Lixo
ESTADO - Fiscalizar • Floresta
- Embargar
- Interditar
Art. 23 Constituição

• COMUM • Zoneamento
• SUPLEMENTAR - Poder de Polícia Urbano
Interesse Local, - Multar • Plano Diretor
Plano Diretor, - Licencias • Distrito Industrial
MUNICÍPIO (Câmara Municipal), - Fiscalizar • Parcelamento do
Art. 30, II da - Embargar Solo Urbano
Constituição - Interditar • Poluição Sonora
• Edificação
Art. 23 Constituição • Trânsito
• Lixo

34
- ESFERAS DE RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

São três esferas independentes de responsabilidade ou responsabilização ambiental:


Administrativa, Civil e Penal.

Via de regra, a primeira sanção que o infrator da legislação ambiental recebe é a


administrativa, aplicada pelos agentes dos órgão ambientais no exercício do poder de
polícia, variando desde uma simples multa até a suspensão parcial ou total da
atividade lesiva ou demolição da obra. Nesta esfera de responsabilidade ambiental o
Poder Público age por iniciativa própria ou mediante denúncia da sociedade.

O poder de polícia visa garantir a segurança e a integridade ambiental, e pode ser


exercida pelas três esferas do governo: federal, estadual e municipal, através dos
órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA).

O Decreto No 3.179 de 21/09/1999 especificou e sistematizou a infração


administrativa ambiental classificando-as pelo bem ambiental atingido, além de
unificar o referencial de valor das multas em Real, que pode ir de R$ 50,00
(cinqüenta reais) a R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais). Cabe lembrar
que os valores arrecadados pelos órgãos ambientais da União em pagamento às multas
por infração ambiental são revertidos ao Fundo Nacional de Meio Ambiente.

A segunda sanção que o infrator da legislação ambiental recebe é a de


responsabilidade civil. Neste campo a Lei No 6938/81 representou uma grande
novidade, até hoje de suma importância para a eficácia da aplicação da legislação
ambiental: a responsabilidade objetiva ou, em outras palavras, a dispensa da culpa
para caracterizar a obrigação de indenizar. Outra lei que se aplicam nesta esfera é a
Lei da Ação Civil Pública, Lei No 7347/85, e o seu art. 8º que trata do Inquérito Civil
Público, que será apresentada em maiores detalhes adiante.

Finalmente, a responsabilização penal e administrativa das pessoas física e jurídica


que agridem o meio ambiente pode ser atribuída pela nova Lei de Crimes
Ambientais, Lei No 9.605 de 12 de fevereiro de 1998. A Lei nova, além de definir
crimes ambientais, apresenta alternativas à pena privativa de liberdade e prevê a não

35
aplicação da pena, desde que o infrator recupere o dano, ou de outra forma, pague seu
débito para com a sociedade.

Quanto à responsabilidade penal da pessoa jurídica, a Lei de Crimes Ambientais não


exclui a responsabilidade penal das pessoas físicas associadas que sejam autoras, co-
autoras ou participem do mesmo fato. O art. 7º da nova Lei permite ainda substituir
penas de prisão até 04 (quatro) anos por penas alternativas, como prestação de
serviços à comunidade. Observa-se que os produtos e instrumentos apreendidos com o
infrator podem ser doados, destruídos ou vendidos.

2.3 LEIS E NORMAS AMBIENTAIS

As principais leis sobre questões ambientais decorrentes da Política Nacional de Meio


Ambiente são apresentadas abaixo de forma resumida.

- FLORA

A Lei no 4.771/65, ou o Código Florestal define dois tipos de florestas de preservação


permanente: a) por força de lei e, b) por disposição do Poder Público. Neste sentido o
Decreto no 1.282/94 também traz regras claras com respeito a exploração de florestas,
manejo florestal sustentável, princípios e fundamentos técnicos para o manejo,
confere ao IBAMA competência para definir áreas de exploração de madeiras, o corte
raso na Amazônia para projetos sociais e de desenvolvimento, a reserva legal (50%) e
a reposição florestal.

- FAUNA

Em relação à fauna, a Lei no 5.197/67, trata deste assunto. Os animais são patrimônio
nacional, proíbe a caça profissional e veda o comércio de animais. O Código de Pesca,
Decreto – Lei no 221/67, pretende disciplinar cuidados acerca dos animais aquáticos,
pesca, suas modalidades, sanções, cuidados, entre outros.

- AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Em 1985 surge, com a Lei no 7.347/85, um dos instrumentos de proteção ambiental


mais eficazes, a Ação Civil Pública, instrumento jurisdicional importante do qual

36
pode o cidadão fazer uso quando se sentir prejudicado. Esta Lei será tratada com
maiores detalhes na seqüência.

- REGRAS RELATIVAS À BIODIVERSIDADE

Em relação a biossegurança e às regras para manipulação genética segura, surge em


1995, para disciplinar o dispositivo constitucional a Lei no 8.974/95, regulada pelo
Decreto no 1.752/95. Todas as regras e técnicas de engenharia genética para
instituições no tocante à manipulação genética e liberação no ambiente de organismos
geneticamente modificados estão aqui apresentadas. Atualmente, transita no
Congresso o Projeto de Lei 2401/03 (Lei da Biossegurança) que trata do plantio e
comercialização de sementes trangênicas.

- LEI DE PATENTES

Uma lei polêmica foi a de no 9.279/96 que trata da propriedade intelectual, ou lei de
patentes. Ela se aplica tanto para produtos quanto para processos ou modelos de
utilidade. Proíbe o patenteamento de animais ou vegetais, autorizando apenas aos
microorganismos transgênicos se cumpridos os requisitos de novidade, atividade
inventiva e aplicação industrial. Internacionalmente os EUA, Japão, México, Austrália,
Canadá, Coréia do Sul, Panamá, Chile, Tailândia e Indonésia concedem direitos de
propriedade intelectual por patenteamento para plantas, animais e microorganismos
transgênicos e seqüências específicas de DNA. Na esteia da lei de patentes veio a Lei
no 9.456/97, a lei de cultivares (plantas advindas de melhoramento genético) e
propriedade industrial.

- CRIMES AMBIENTAIS

Finalmente, a Lei no 9.605/98 – a lei de crimes ambientais ressaltou alguns aspectos


importantes: a) o crime ocorre por ação ou omissão; b) a responsabilidade é pessoal
(física) e também jurídica; c) sanções alternativas; d) o funcionário público responde
na medida do dano (co-responsabilidade por omissão). Além de reafirmar outras: a)
sanções; b) agravantes e atenuantes; c) os crimes em espécie; d) o cálculo das multas.

37
- OUTRAS LEIS E NORMAS TÉCNICAS

Na realização de perícias ambientais é necessário observar o cumprimento da


legislação básica aplicável e das normas técnicas ao caso concreto em análise. As
principais usualmente empregadas são:

a) Água: Decreto no 23.777/34 – indústria açucareira


Lei no 7.661/88 – gerenciamento costeiro
Lei no 7.754/98 – florestas em nascentes de rios
Lei no 9.433/97 – Política Nacional de Recursos Hídricos
Resolução no 357/05 – CONAMA

b) Ar: Decreto – Lei no 1.413/75 – poluição por atividades industriais


Lei no 6.803/80 – zoneamento industrial
Portaria no 231/76
Resolução no 03/90 – CONAMA
Resolução no 06/93 – CONAMA
Resolução no 18/86 – CONAMA

c) Camada de Ozônio: Decreto no 2.679/98


Decreto no 2.699/98

d) Solo: Lei no 5.318/67


Lei no 6.766/79

Internacionalmente as regras para o gerenciamento ambiental no setor produtivo estão


organizadas pela ISO série 14.000. Um sistema de normatização ou padronização de
produção tendo em vista a proteção ambiental. As principais regras compreendidas
por este sistema são:

14.001 – Gerenciamento Ambiental – Orientação de Uso


14.004 – Gerenciamento Ambiental – Princípios, sistemas e técnicas de apoio
14.010 – Auditoria Ambiental – Princípios
14.011/1 – Auditoria Sistemática Ambiental no SGA

38
14.012 – Auditoria Ambiental – Qualificação para auditores ambientais
14.013 – Gerenciamento de Programas para AA
14.015 – Avaliação Ambiental das Instalações
14.021 – Rotulagem Ambiental definições
14.022 – Rotulagem Ambiental – Símbolos
14.023 – Rotulagem Ambiental – Testes e Verificação (métodos)
14.024 - Rotulagem Ambiental – Princípios de orientação e procedimentos
14.025 – Metas e princípios de rotulagem
14.031 – Avaliação de desempenho ambiental do SGA – relação ambiental
14.040 – Avaliação do Ciclo de Vida – Princípios e Orientação
14.041 – Avaliação do Ciclo de Vida – Análise do inventário
14.042 – Avaliação do Ciclo de Vida – Impactos
14.050 – Termos e definições
14.060 – Inclusão de aspectos ambientais em normas de produtos

2.4 AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Um grande avanço, sem dúvida, foi o advento da chamada Lei de Ação Civil Pública
– Lei No 7.347 de 1985, que atribui legitimidade ao Ministério Público e as Entidades
Civis (ONG’s) para ajuizar ações contra os infratores da legislação ambiental e de
outros direitos e interesses chamados difusos e coletivos.

Antes da Lei 7347/85 se uma empresa estivesse, por exemplo, poluindo o ar, somente
os vizinhos - confrontantes poderiam pensar em promover uma ação. Hoje a
sociedade tem o poder de ação, através do Ministério Público ou de alguma
associação criada para o fim de proteger o meio ambiente.

Esta lei tem como objetivo principal disciplinar a Ação Civil Pública de
Responsabilidade por Danos Causados ao Meio Ambiente, ao Consumidor, a Bens de
Direito de Valor Artístico, Estético, Histórico, Turístico e Paisagístico. Inovação que
também merece destaque é a instituição do Inquérito Civil Público, previsto no art.
8º, da Lei 7347/85, que pode ser instaurado pelo Ministério Público para apuração e
investigação de qualquer denúncia relativa a ofensa à direitos e interesses difusos e
coletivos, como é o caso da lesão ambiental.

39
O Inquérito Civil Público é sempre presidido por um promotor de justiça, e para tanto
pode requisitar informações e documentos de qualquer entidade pública e privada,
assim como notificar pessoas físicas ou jurídicas para prestarem declarações sobre
fatos de que tenham conhecimento. O referido instrumento, de natureza inquisitória,
serve como base para o ajuizamento da Ação Civil Pública ou de outras medidas
judiciais cabíveis para a prevenção ou reparação do dano ambiental.

2.5 PERÍCIA AMBIENTAL

Desde a instituição dos diplomas legais acima citados e com o advento da Lei dos
Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98), os tribunais dão conta de inúmeros processos
movidos pela coletividade, pelo Ministério Público, pelo Estado ou pelo particular no
exercício da proteção aos direitos individuais e coletivos na esfera do meio ambiente.
O dano ou a ameaça ao meio ambiente é o objeto principal destas lides.

Nas ações judiciais sobre o meio ambiente que se destaca a Perícia Ambiental.
Prevista no Código de Processo Civil (artigos 420 a 439 da Seção VII, Cap. VI – Das
Provas), a prova pericial é solicitada sempre que, na averiguação da verdade dos fatos,
faz-se necessária a atuação de profissionais com conhecimentos técnico-científicos
especializados. Na área ambiental as informações e documentos não bastam para
elucidar a lide, muitas vezes a averiguação da existência do fato danoso e dos efeitos
prejudiciais depende de prova eminentemente técnica que somente pode ser produzida
por profissionais especializados na área, é neste momento que se faz necessário a
perícia ambiental.

A atividade pericial em meio ambiente é regida pelo Código de Processo Civil, bem
como as demais modalidades de perícias. E, em razão da especificidade das questões
ambientais, esta atividade deve ser amparada na Legislação Ambiental vigente no
âmbito Federal, Estadual e Municipal.

- PERITO E ASSISTENTE TÉCNICO

A Perícia Ambiental tornou-se, assim, uma área técnica específica de atuação


profissional. O objetivo da perícia é esclarecer tecnicamente a existência ou não de
ameaça ou dano ambiental. Ela é realizada por profissional especializado na área.

40
Logo, além dos requisitos morais e éticos inerentes a esta função, o Perito deve ser
capacitado tecnicamente no tema de meio ambiente a ele designado. Deve estar apto a
dirimir as dúvidas apresentadas através dos quesitos em fase processual específica e
preencher os requisitos legais exigidos no Código de Processo Civil (art. 145 e §s
seguintes).

Designado pelo Juiz, o Perito do Juízo atua como Auxiliar da Justiça assessorando o
juiz na formação de seu convencimento. Trata-se da pessoa de confiança do
Magistrado e produz ao final dos trabalhos o Laudo Pericial. A fundamentação do
Laudo Pericial e responsabilidade do perito sobre as informações prestadas por ele são
tratadas, respectivamente, no art. 429 e 147 do Código Processual Civil (CPC).

Observe-se que é direito das partes nomearem Assistentes Técnicos dentre os


profissionais especializados e que forem de sua confiança. Estes profissionais irão
orientá-los e assisti-los nos trabalhos periciais em todas as fases da perícia e, quando
necessário, emitirão um Parecer Técnico. Diferentemente dos Peritos do Juiz, os
Assistentes Técnicos não estão sujeitos a impedimento ou suspeição (art. 422 do CPC).
Importante atuação dos Assistentes Técnicos é a de, durante os trabalhos de perícia,
deixar transparecer os mesmos padrões exigidos pela legislação aos Peritos do Juízo,
quais sejam, a capacidade técnica comprovada e os compromissos morais e éticos.

No laudo ou parecer técnico o que importa é a fundamentação técnica, que deve ser
calcada em elementos objetivos, analisados e interpretados por métodos adequados,
que conduzam a conclusões técnicas irrefutáveis. Inúteis, também, são as
considerações de ordem jurídica, que alguns peritos e assistentes técnicos se permitem
enxertar no laudo e parecer técnico, esquecidos de sua missão que é meramente
técnica, sendo esta tarefa exclusiva dos advogados.

O que se requer do laudo ou parecer técnico é o aclaramento das questões técnicas,


submetidas à apreciação pericial. Por isso, há de ser objetivo e conclusivo, afirmando
ou negando o que foi indagado nos quesitos, sem omissões ou evasivas e, obviamente,
sem desvios ou falsidades nas suas informações e conclusões. Laudos omissos,
facciosos, confusos ou não conclusivos são imprestáveis.

41
Sendo a prova pericial, a rainha das provas, tomamos a direção desta seara para suprir
as necessidades e expectativas de nossos clientes, buscando sempre mostrar e
defender seus interesses nas discussões técnicas jurídicas, o que se faz necessário
tomar algumas medidas de ordem prática na condução desta fase técnica do processo.

O Perito Judicial, a priori, é o profissional de confiança do Juízo, e muitas vezes, o


que os fatos nos tem demonstrado, esta confiança esta baseada somente, em atitudes
dentro dos padrões morais e éticos, deixando de lado o terceiro fator que equilibra esta
árdua tarefa, a capacitação técnica.

Como consideramos que moral e ética são condições inerentes ao exercício da função
do Perito Judicial, e dispensam qualquer tipo de questionamento, deparamos sim na
capacitação técnica e preparo dos profissionais, o que nos leva sempre a tomar vários
cuidados na condução dos casos, principalmente atuando como Assistentes Técnicos
em defesa de nossos clientes.

Então, como deve atuar um Assistente Técnico?

ƒ Deve estar tecnicamente preparado e habilitado na matéria que irá discutir;


ƒ Deve estudar e conhecer o problema, para que tenha suas próprias convicções;
ƒ Deve participar em conjunto com o advogado, no que lhe compete tecnicamente,
na elaboração da inicial, contestação e quesitos;
ƒ Deve estar junto ao Perito Judicial para ajudá-lo e convencê-lo de suas convicções;
ƒ Deve participar, se assim for aceito pelo Perito Judicial, na elaboração do Laudo;
ƒ Deve sempre estar a disposição dos advogados, perito e interessados, para dirimir
duvidas e participar intensamente da produção da prova pericial e;
ƒ Deve administrar tecnicamente o que lhe compete, com clareza e objetividade,
para sempre que solicitado prestar esclarecimentos aos advogados e interessados.

Sabemos, que a Prova pericial, como sendo a "Rainha da Provas", deve ser produzida
com muita atenção, zelo e competência, sob pena, depois de encaminhada ao juízo,
ver todo o trabalho perdido e interesses comprometidos, amargando assim, prejuízo
material e insatisfação do cliente final.

42
Assistência Técnica Judiciária é uma atividade que envolve, competência técnica,
interesse, trabalho, ética, comprometimento com as causas do interessado, e o mais
importante, vontade de sempre vencer. Sempre dizemos, antes da discussão de
qualquer matéria técnica, consulte sempre um perito da área.

- ATRIBUIÇÃO PROFISSIONAL E LEGISLAÇÃO

As perícias ambientais envolvendo áreas da engenharia devem ser conduzidas por


profissionais de nível superior, com registro profissional em órgão competente e
conforme regem as atribuições profissionais segundo as leis federais, resoluções do
CONFEA e normas técnicas mostradas abaixo.

• Lei Federal no 5194 de 21/12/1966 - Exercício da profissão de Engenheiro;


• Resolução no 205 de 30/10/1973 - Código de ética profissional;
• Resolução no 218 de 27/06/1973 – Atribuições profissionais;
• Resolução no 345 de 27/07/1990 – Exercício de atividades de Avaliações;
• Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT);
• Constituição, Leis Ambientais Federais, Estaduais e Municipais, Código e
Defesa do Consumidor; CONAMA; Código Florestal, entre outros.

- QUESITOS

Os quesitos de uma perícia ambiental são as questões formuladas pelas partes


envolvidas no processo e que devem ser respondidas de forma técnica e imparcial,
buscando esclarecer os interessados a respeito da matéria em análise. Para se
responder os quesitos de uma perícia ambiental utilizam-se dados técnicos das normas,
fotografias, referências bibliográficas especializadas, modelos matemáticos,
questionários de respostas, visitas ao local em análise, resultados de análises de
laboratório, entre outros.

- LAUDO PERICIAL

O laudo pericial é o documento que apresenta os resultados da perícia ambiental. Não


existe um formato padrão para este tipo de documento, mas recomenda-se que
contenha, no mínimo, as seguintes informações:

43
• Identificação do processo e solicitante da perícia;
• Identificação das partes envolvidas;
• Descrição do objeto da perícia;
• Apresentação da equipe de trabalho (perito e assistente técnico);
• Relação dos documentos e informações utilizados (fornecidos, leis e normas);
• Metodologia de trabalho adotada;
• Descrição do local da perícia;
• Data, hora e período de tempo das diligências;
• Descrição dos dados e informações disponíveis para fundamentar a análise e
as respostas dos quesitos da perícia em execução e as conclusões.
• Resultados e discussões
• Conclusões
• Identificação do perito ou assistente técnico, registro profissional, registro
geral, assinatura do profissional, data.

Considerando que a perícia ambiental está, geralmente, relacionada com impactos e


danos causados ao meio ambiente, não se pode deixar de considerar no trabalho a
análise dos fatores abióticos (clima, atmosfera, hidrologia, geologia, etc.), fatores
bióticos (microorganismos, flora e fauna) e dos fatores sócio-econômicos (cultura,
religião, nível social, raça, etc.). De um modo geral, o Perito Ambiental atua mais nos
fatores abióticos e bióticos, entretanto, em alguns casos, os fatores sócio-econômicos
podem desempenhar papel preponderante.

- SEQÜÊNCIA PARA CONFECÇÃO DE LAUDO DE PERÍCIA AMBIENTAL

A seqüência apresentada trata de uma sugestão que na maioria dos casos não se tem
ou não são necessários todos os elementos abaixo listados. Para cada caso específico
são importantes os itens mais relacionados com o problema ambiental em estudo.

1. EXAME DO LOCAL

1.1. Localização da Área: Apresentar mapas da área em análise em escala


compatível indicando o local e vizinhança. Utilizar preferencialmente as
coordenadas geográficas em unidades técnicas métricas.

44
1.2. Situação Legal da Área: Verificar se a área é pública ou privada, a qual
unidade da federação pertence e se é considerada uma área de proteção
ambiental. Descrever sucintamente a que se destina e qual o seu uso atual.

1.3. Clima: Realizar o levantamento climatológico regional (índice pluviométrico,


freqüência, direção e intensidade do vento, umidade e temperatura ambientes
médias).

1.4. Recursos Hídricos: Inventariar os recursos hídricos superficiais e subterrâneos


e mapear os corpos d’água e mananciais.

1.5. Geologia e Morfologia do Solo: Descrever o perfil geológico do terreno e


relevo local, relacionar os recursos minerais e indicar a direção de fluxo do
lençol freático.

1.6. Solo: Mapear os solos, com considerações sobre a pedologia e a edafologia.

1.7. Vegetação: Descrever a mapear as principais formas de vegetação. Listar as


plantas, principalmente, aquelas de interesse econômico. Constatar a
ocorrência de espécies raras ou endêmicas.

1.8. Fauna e Ictiofáuna: Identificar principalmente os vertebrados e peixes, dando


ênfase às espécies endêmicas, raras, migratórias e cinergéticas.

1.9. Ecossistema: Identificar e descrever os principais ecossistemas da área, nos


seus componentes abióticos e bióticos.

1.10. Áreas de interesse histórico ou cultural: Listar e descrever locais de interesse


histórico, culturais e jazidas fossilíferas num raio de 50 km.
1.11. Área de Preservação: Constatar se o local descrito está inserido em área
protegida por lei (Parques, Estação Ecológica, Reserva Biológica, etc).

1.12. Infra-estrutura: Descrever as infra-estruturas existentes no local (núcleo


habitacional, telefonia, estrada, cooperativas, etc).

1.13. Atividades previstas, ocorridas ou existentes na área: Relatar as tecnologias


utilizadas nas fases de implementação e operação do empreendimento.

1.14. Listar insumos e equipamentos, usualmente, empregados nas atividades.

2. DISCUSSÃO

2.1. Diagnóstico Ambiental da Área

2.1.1. Uso atual da terra: Constatar o uso atual da terra, dar o percentual utilizado
pela agropecuária.

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2.1.2. Uso atual da água: Constatar o uso da água, bem como obras de engenharia
(canal, dique, barragem, drenagem). Verificar se ocorrem fontes poluidoras.

2.1.3. Avaliação da situação ecológica atual: Realizar o levantamento das ações


antrópicas anteriores e atuais, bem como relatar a situação da vegetação e
fauna nativas. Com os dados obtidos inferir sobre a estabilidade ecológica dos
ecossistemas da área.

2.1.4. Avaliação sócio-econômica: Analisar a situação sócio-econômica da área,


através de uma metodologia compatível com a realidade regional.

2.2. Impactos Ambientais Esperados na Área

2.2.1. Impactos ecológicos: Listar e analisar os impactos ecológicos, levando em


consideração a saúde pública e a estabilidade dos ecossistemas naturais,
principalmente, aquelas localizadas em áreas protegidas por lei.

2.2.2. Impactos sócio-econômicos: Avaliar os impactos sócio-econômicos da área,


levando em consideração os aspectos médicos e sanitários.

2.2.3. Perspectivas da evolução ambiental da área: Inferir sobre qual seria a evolução
da área com ou sem o empreendimento.

2.3. Considerações Complementares (quando for o caso)

2.3.1. Alternativas tecnológicas e locacionais: Optar por alternativas menos


impactantes para o meio ambiente, em termos tecnológicos e locacionais.

2.3.2. Recomendações para minimizar os impactos adversos e incrementar os


benéficos: Listar as recomendações específicas para minimizar os impactos
negativos e incrementar os benéficos.

2.3.3. Recomendações para o monitoramento dos impactos ambientais adversos:


Desenvolver e implantar programas de biomonitoramento, de controle de
qualidade da água, de controle de erosão, etc.

2.3.4. Apreciação dos quesitos: Como geralmente há quesitos formulados pelo


Promotor, Juiz ou Delegado, neste subitem eles deverão ser claramente
discutidos e esclarecidos.

3. CONCLUSÃO

Ela deve ser elaborada de forma sucinta, mas sempre que possível, conclusiva,
abrangendo os aspectos ambientais anteriormente discutidos.

46
3. AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

Considerando que a perícia ambiental busca avaliar os impactos ambientais causados


no meio ambiente decorrentes de um acidente, nesta seção serão apresentados os
conceitos do Estudo de Avaliação de Impactos ambientais (EIA). Os elementos e
etapas de EIA e tipologia dos impactos também é discutida. Finalmente são
apresentados as técnicas usuais de avaliação e os métodos analíticos empregados para
se determinar o nível de contaminação e a mudança da qualidade ambiental.

3.1 DEFINIÇÃO E CONCEITOS

Conforme consta no art. 255 da Constituição Federal de 05/10/1988, o Estudo de


Avaliação de Impactos Ambientais (EIA) é exigido na forma da Lei para instalação de
obra ou atividade potencialmente perigosas de causar dano ao meio ambiente. A sua
publicidade também é exigida na forma da Lei. Considerando que uma perícia
ambienta, geralmente, avalia um dano ambiental ocorrido em uma obra ou atividade
já em operação, o EIA-RIMA também é uma ferramenta útil para avaliar o dano
ocorrido e desenvolver o laudo pericial.

- IMPACTO AMBIENTAL

Defini-se Impacto Ambiental como sendo uma perturbação no ecossistema


proveniente de uma ação ou omissão humana (efeito ambiental), qualificada de
positiva ou negativa por um certo grupo social, no contexto de sua realidade espacial e
temporal. Nota-se que o efeito ambiental inclui a noção de julgamento, valor positivo
(benéfico) ou negativo (prejudicial). Portanto, o conceito de Impacto Ambiental é
relativo porque o julgamento que lhe é intrínseco varia no espaço e no tempo. A
Figura 3 mostra o impacto ambiental como função do índice de qualidade no meio
ambiente.

47
Impacto Ambiental
Evolução do Meio Ambiente sem Impacto

QA

Evolução do Meio Ambiente


com Impacto

ta to ti tf tc

Figura 3 – Impacto Ambiental, QA = Índice de qualidade do meio ambiente, ta =


momento atual, to = momento do início da ação, ti = momento do início do impacto,
tf = momento de finalização da ação e tc = momento de interesse considerado.

- ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA)

É o conjunto de atividades técnicas e científicas que incluem o diagnóstico ambiental,


identificação, previsão, medição, interpretação e a valorização de impactos ambientais,
o estabelecimento das medidas mitigadoras e os programas de monitoramento de
impactos ambientais (necessários para a contínua avaliação e controle de impactos
ambientais).

- RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL (RIMA)

É o documento do processo de avaliação de impacto ambiental e deve esclarecer em


linguagem corrente (popular), todos os elementos da proposta em estudo, de modo,
que estas informações possam ser utilizadas na tomada de decisão e divulgados para o
público em geral (em especial para a comunidade afetada). O RIMA consubstancia as
conclusões do EIA devendo apresentar a discussão dos impactos positivos e negativos
considerados relevantes no estudo.

48
- AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA)

É um instrumento de Política Ambiental, formado por um conjunto de procedimentos


capaz de assegurar desde o início do processo, que se faça um exame sistemático dos
impactos ambientais de uma ação proposta (ou já ocorrida com danos, no caso da
perícia ambiental) e de suas alternativas e que os resultados sejam apresentados, de
forma adequada, ao público (ou poder público, no caso do laudo pericial) e aos
responsáveis pela tomada de decisão.

3.2 ELEMENTOS E ETAPAS DO PROCESSO DE EIA

- ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE AIA

Devem ser estabelecidos com clareza, quais os “atores” envolvidos no processo de


AIA, as responsabilidades das instituições governamentais, dos indivíduos e dos
grupos sociais que participam no processo. Geralmente, os envolvidos são:

• Órgão Ambiental Licenciador: Federal, Estadual, Municipal;


• Ministério Público: Promotoria e Procuradoria Pública;
• Empreendedor: É o interessado, do Poder Público ou privado;
• Equipe Interdisciplinar: São os consultores independentes ou
representando por uma empresa;
• Órgão Não Governamentais (ONG’s): Grupos sociais organizados, com a
finalidade de proteger os ecossistemas, espécies da flora ou fauna, sítios ou
outros elementos de riqueza cultural;
• População Afetada: Direta ou Indiretamente;
• Instituições Governamentais: Outros órgãos do governo que devem ser
consultados e;
• Consultores Autônomos: Especialistas que podem ser contratados para
auxiliarem na análise do EIA e do RIMA.

- ETAPAS DO PROCESSO DE EIA

A fim de homogeneizar a preparação, elaboração e apresentação do Estudo de


Avaliação de Impactos Ambientais (EIA) e do RIMA, as etapas recomendadas são:

49
ELABORAÇÃO DO EIA

a) Cadastramento de pessoas físicas e jurídicas capacitadas para elaboração do


estudo, montagem da equipe multidisciplinar.

b) Atendimento à Legislação, em especial aos princípios expressos na Lei de


Política Nacional do Meio Ambiente, obedecendo às seguintes diretrizes:

b1) contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do


projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto;

b2) identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas


fases de implantação, operação e desativação do projeto;

b3) considerar os efeitos acumulativos e/ou sinérgicos com outras obras de


grande porte situadas na mesma bacia hidrográfica;

b4) considerar planos e programas governamentais, propostos ou em


implementação na área de influência do projeto.

c) Caracterização do Empreendimento. O empreendimento proposto deve ser


analisado com precisão e objetividade nas suas finalidades e justificativas. A
descrição pode comportar duas etapas distintas: a de implantação do projeto,
quando são analisados o lay-out, equipamentos, mão de obra, matérias-primas,
e a etapa de operação quando o empreendimento irá interagir com o meio
ambiente.
d) Definição da Área de Influência. A correta delimitação da área de influência
é fundamental no EIA. Segundo a Resolução CONAMA 001/86, determinou
definir os limites da área geográfica direta ou indiretamente afetada pelos
impactos, considerando em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se
localiza.
e) Diagnóstico Ambiental da Área de Influencia do Projeto. Através da
obtenção de dados necessários para a completa descrição e análise dos
recursos ambientais e as suas interações, tal como existem, de modo a
caracterizar a situação ambiental da área em estudo, considerando:

50
e1) o meio físico: o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos
minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime
hidrológico, as correntes marinhas; as correntes atmosféricas;

e2) o meio biológico: tanto terrestre quanto aquático, os ecossistemas naturais,


fauna, a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de
valor científico, econômico,raras e gerais, ameaçadas de extinção, e as áreas
de preservação permanente;

e3) o meio sócio-econômico: o uso e ocupação do solo, o uso da água,


destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e aturais, as
relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e o
potencial de utilização futura deste recursos, considerando as características
tradicionais da comunidade.

f) Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através da


identificação previsão da magnitude e importância dos prováveis impactos
relevantes descriminando: os impactos positivos e negativos (benefícios e
adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazo, temporários
e permanentes, seu grau de reversibilidade, as sua propriedades acumulativas
esinérgicas, a distribuição do ônus e benefícios sociais.

g) Definição de medidas mitigadoras e compensatórias dos impactos negativos.


As medidas mitigadoras, corretivas ou preventivas, entre elas, os
equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, devem ser
claras e a eficiência de cada um deles comprovada. As medidas
compensatórias devem ser justificadas e bem especificadas e discutidas com a
comunidade. Para ambos os tipos de medidas deve ser estimados os custos
para que o empreendedor possa considerar estes valores na análise de
implantação do projeto.

h) Apresentação de Alternativas para o Projeto

51
i) Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos
positivos e negativos, indicando fatores e parâmetros que devem ser
considerados, cronograma de implementação e instituições responsáveis.

j) Análise de Riscos: Análise qualitativa e quantitativa de Riscos associados a


prováveis Acidentes decorrentes da atividade do empreendimento e
determinação das suas Conseqüência sobre a vizinhança. Determinação do
Risco Individual e Social do empreendimento.

k) Participação da sociedade civil. Publicidade e Audiência Pública.

- ELABORAÇÃO DO RIMA

O Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, refletirá as conclusões dos EPIA, deverá


ser apresentado separadamente e deverá conter no mínimo os seguintes itens:

a) Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as


políticas setoriais, planos e programas de governo;

b) A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais,


especificando para cada um delas, nas fases de construção e operação, a área
de influência, as matérias-primas, a mão de obra, as fontes de energia, os
processos e técnicas operacionais, os prováveis efluentes líquidos, emissões de
poluentes atmosféricos, resíduos sólidos e perdas de energia, os empregos
diretos e indiretos a serem gerados;

c) A síntese dos resultados do diagnóstico ambiental da área de influência do


projeto;

d) A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da


atividade, horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os
métodos, técnicas e critérios adotados para a sua identificação, quantificação e
interpretação;

52
e) A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência,
comparando com diferentes situações de execução do projeto, bem como com
a hipótese de não realização do projeto;

f) A descrição do efeito separado das medidas mitigadoras previstas em relação


aos impactos negativos, apresentando aqueles que não puderem ser evitados e
o grau de alteração esperado;

g) O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;

h) A recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusão e comentários


de ordem geral)

- AUDIÊNCIA PÚBLICA

A audiência Pública tem por finalidade a divulgação, discussão do projeto e de seus


impactos, as suas alternativas locacionais e tecnológicas, além de colher opiniões,
sugestões e críticas para subsidiar a decisão do licenciamento ambiental, constituindo-
se ato formal e consultivo.

A audiência deverá ser realizada em local acessível à todos os interessados em todos


os municípios afetados e todos poderão fazer uso da palavra, pela ordem de inscrição.
Ela deverá ser gravada por meios sonoros e visuais e servirá de base para a elaboração
do relatório da reunião. Ao final de cada audiência pública será lavrada uma ata
sucinta.

- TOMADA DE DECISÃO NO PROCESSO DE LICENCIAMENTO

Cumpridas as etapas de elaboração e análise do EIA/RIMA diferentes decisões podem


ser adotadas pelos órgãos governamentais, dentre as quais podemos citar:

a) O EIA/RIMA são aprovados e a obra é licenciada, pois não causa impacto


ambiental significativo, ou por outro lado, as medidas mitigadoras e/ou
compensatórias são adequadas;

53
b) O EIA/RIMA são aprovados, pois atendem às exigências constantes na
legislação em vigor, mas a obra não é licenciada, pois causa impacto
ambiental significativo negativo à região;

c) O EIA/RIMA devem ser refeito, pois não atende às exigências da legislaçã


o em vigor;

d) O EIA/RIMA devem ser completados e submetidos a nova análise e;

e) O EIA/RIMA não foram definitivamente aprovados.

- LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Uma vez realizado e aprovado o EIA de um empreendimento é possível a obtenção do


licenciamento ambiental do projeto. No caso da perícia ambiental, o licenciamento
ambiental do empreendimento sob análise deve ser solicitado e verificar a sua
validade, as condicionantes do licenciamento e os termos aditivos, caso existam. Em
diversas ocasiões o empreendimento sobre modificações estruturais e de processo
durante a sua vida útil, no entanto, o licenciamento destas modificações, geralmente,
não é solicitado conforme rege a legislação ambiental. Basicamente, existem três tipos
de licenças: Licença Prévia, Licença de Instalação e a Licença de Operação.

- LICENÇA PRÉVIA (LP)

É solicitada no início do processo de licenciamento ambiental, ou seja, na fase de


planejamento do empreendimento, obra ou atividade. Nesta fase é exigida pelo Poder
Público, a elaboração do EIA - RIMA. Os documentos, geralmente, solicitados são: o
requerimento do solicitante, o cadastro da atividade com algumas características,
cópia das notícias em jornal de circulação regional e no diário oficial, que torna
público o pedido de licenciamento e a cópia do pagamento da taxa. Cabe observar que
nada impede que o órgão licenciador venha exigir demais documentos para subsidiar
a tomada de decisão.

54
- LICENÇA DE INSTALAÇÃO (LI)

Esta licença é solicitada após a obtenção da licença prévia. Nesta fase são
apresentados os planos e programas ambientais tais como: Planos de Controle
Ambiental, Programas de Recuperação Ambiental, Projetos das Unidades de
Tratamento de Efluentes Industrias, Programas de Gerenciamento de Risco. Os
documentos são semelhantes aos apresentados anteriormente, porém, adequados à esta
fase do licenciamento. Após obtenção desta licença o interessado poderá iniciar a
implantação da atividade.

- LICENÇA DE OPERAÇÃO (LO)

Esta licença é requerida após a obtenção da LP e LI e, vem acompanhada da


documentação necessária que será concedida se todos o procedimento anterior for
aprovado. Nesta fase os sistemas de abatimento e tratamento dos poluentes emitidos
pela atividade são verificados quanto a sua eficiência proposta no projeto.

Conforme visto acima, o processo de elaboração de um EIA e RIMA de um projeto é


complexo e demanda tempo, mas permite determinar a viabilidade ambiental de uma
nova proposta.

No caso da Perícia Ambiental considerando que o objetivo é avaliar os impactos


ambientais decorrentes de uma atividade já em operação ou desativada, não
precisamos obrigatoriamente seguir todos os itens apresentados. Por outro lado, a
análise sistemática dos itens desenvolvidos no EIA - RIMA, permite estabelecer uma
metodologia adequada na elaboração de um laudo pericial. Portanto, caso exista um
EIA já desenvolvido para a atividade que está sendo investigada não deixe de solicitá-
lo, ele certamente lhe será bastante útil.

A partir deste ponto, as informações apresentadas são bastante úteis e diretamente


aplicadas para a elaboração de laudos em perícias ambientais, uma vez que permitem
determinar qualitativamente e quantitativamente os impactos ambientais decorrentes,
por exemplo, de um acidente ambiental. O objetivo sempre é determinar o dano e a
mudança da qualidade do meio ambiente decorrente de um impacto negativo.

55
3.3 TIPOLOGIA DOS IMPACTOS

A caracterização dos impactos ambientais pode ser realizada considerando os


elementos dos impactos e as suas possibilidades. A Tabela 7 mostra os principais
elementos e suas possibilidades.

Tabela 7 – Tipologia dos Impactos Ambientais


ELEMENTO DO IMPACTO POSSIBILIDADE
1. DESENCADEAMENTO IMEDIATO, DIFERENCIADO, ESCALONADO
2. FREQÜÊNCIA CONTÍNUA, DESCONTÍNUA, SAZONAL
3. EXTENSÃO PONTUAL, LINEAR, ESPACIAL
4. REVERSIBILIDADE REVERSÍVEL, IRREVERSÍVEL
5. DURAÇÃO 1 ANO, DE 1-10 ANOS, DE 10-50 ANOS
6. MAGNITUDE GRANDE, MÉDIA, PEQUENA
7. IMPORTÂNCIA IMPORTANTE, MODERADA, FRACA, DESPREZÍVEL
8. SENTIDO POSITIVO, NEGATIVO
9. ORIGEM DIRETA, INDIRETA, TERCIÁRIA
10. ACUMULAÇÃO LINEAR, QUADRÁTICA, EXPONENCIAL
11. SINERGIA PRESENTE, AUSENTE
12. DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS SOCIALIZADOS, PRIVATIZADOS

3.4 DIAGNÓSTICO DO MEIO FÍSICO, BIOLÓGICO E ANTRÔPICO

A análise e o diagnóstico dos impactos sobre os meios físico, biológico e antrôpico


em um EIA visa avaliar diretamente as opções para a implantação de um projeto em
estudo. No caso da Perícia Ambiental, o objetivo é avaliar os impactos ou danos já
ocorridos no meio ambiente devido a um acidente.

Na análise do dano, para a sua futura valoração, é necessário especificar os


componentes ambientais que devem ser considerados. Os principais componentes que
podem ser considerados em uma Perícia Ambiental são: o ar, o solo, a água, a flora, a
fauna, as unidades paisagísticas, uso do terreno, infra-estrutura, os recursos humanos,
culturais e de economia.

56
Considerando que a perícia ambiental deve determinar o dano causado e a perda da
qualidade do componente ambiental analisado, parece adequado o uso dos métodos de
avaliação de impactos ambientais para orientar a investigação do dano, em uma
perícia ambiental. Inicialmente, podemos, por exemplo, determinar o grau de
importância de um conjunto de impactos negativos ocorridos no meio ambiente
devido a um acidente ambiental.

Para a determinação da importância, (IP), do impacto ambiental, ou seja, do efeito de


uma ação sobre o fator ambiental (meio), pode-se utilizar a relação (1) em conjunto
com os valores mostrados na Tabela 8.

IP = ± [3I + 2E + M + P + R]

A importância do impacto assume valores na faixa de 8 a 100. Apresenta valores


intermediários (entre 40 e 60) para as seguintes situações:

ƒ Intensidade total e valores mínimos dos outros fatores;


ƒ Intensidade muito alta ou alta e valores muito altos e altos para os outros
fatores;
ƒ Intensidade alta, efeito irrecuperável, e valores muito altos dos outros fatores;
ƒ Intensidade média ou baixa, efeito irrecuperável, e valores muito altos de pelo
menos dois fatores.

Outros fatores importantes na avaliação dos danos ambientais são a magnitude e


valoração que serão explicados em maiores detalhes durante a apresentação das
metodologias de avaliação de impactos ambientais mostradas a seguir.

3.5 METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS

A origem dos métodos de AIA monta da década de 70 no EUA. É importante citar


que não há, dentro dos métodos de AIA conhecidos, aquele que se aplique a todo e
qualquer estudo de impacto ambiental. Nenhum método pode ser considerado o
melhor. A escolha do método a ser empregado em um determinado estudo, deve levar
em conta os recursos técnicos e financeiros disponíveis e os termos de referência a
serem atendidos.

57
Tabela 8 – Fatores utilizados no cálculo da importância do impacto ambiental
SINAL INTENSIDADE (I) (dano)

ƒ Impacto benéfico = + 1 ƒ Baixa = 1


ƒ Impacto prejudicial = -1 ƒ Média = 2
ƒ Alta = 4
ƒ Muito Alta = 8
ƒ Total= 16

EXTENSÃO (E) (Área de Influência) MOMENTO (M) (ti – to)

ƒ Pontual = 1 ƒ Longo prazo = 1


ƒ Parcial = 2 ƒ Médio prazo = 2
ƒ Extensa = 4 ƒ Imediato = 4
ƒ Total = 8
ƒ Crítica ≥ 8

PERSISTÊNCIA (P) REVERSIBILIDADE (R)


(permanência do efeito)
ƒ Curto prazo = 1
ƒ Recuperação imediata (< 1 ano) = ƒ Médio prazo = 2
1 ƒ Longo prazo = 4
ƒ Temporal ( 1- 3 anos) = 2 ƒ Irreversível = 8
ƒ Recuperação Longa (3-10 anos) = ƒ Irrecuperável = 20
4
ƒ Permanente = 8

MEDIDAS CORRETIVAS IMPORTÂNCIA (IP)

- Em Projeto = P
- Em Obra = O IP = ± 1 x (3I + 2E + M + P + R)
- Em funcionamento = F
- Sem possibilidade = N

Existem na literatura diversas metodologias desenvolvidas para a avaliação de


impactos ambientais, entre as quais podemos citar: metodologias espontâneas (Ad.
Hoc); Listagens (Check-list); Matrizes de Interação; Redes de Interações (Networks);
Metodologias Quantitativas (Batelle – Columbus); Modelos de simulação; Mapas de
superposição (Overlay); Projeção de Cenários, entre outras. A Tabela 9 abaixo mostra
uma síntese dos principais métodos de AIA e sua comparação.

58
Tabela 9 – Metodologias utilizadas para eleboração de Estudo de Impacto Ambiental
MÉTODO DESCRIÇÃO APLICAÇÃO VANTAGENS DESVANTAGENS
Avaliações em
tempo curto e
Reunião de quando há Não fazem análise
Especialistas; carência de Rapidez sistemática dos
Método Ad Hoc criação de grupos dados Baixo custo impactos.
de trabalho
interdisciplinares A legislação Resultados com alto
vigente no país grau de
não permite sua subjetividade e
utilização como pouco fundamentas
método de AIA

Listagem de Listas de fatores Diagnóstico Não identificam


Verificação ambientais ambiental da impactos diretos e
associados à área de influência indiretos
Simples parâmetros
ambientais Não consideram
características
temporais dos
Listas mais Diagnóstico Ajudam a impactos, nem
orientação para ambiental da lembrar de espaciais
Descritivas análise dos área de todos os fatores
impactos (fontes influência, ambientais que
de danos, técnicas análise dos podem ser Não analisam as
de previsão), impactos afetados, interações dos
questionário evitando fatores ou dos
omissões de impactos ambientais
impactos
Listas mais Diagnóstico ambientais
Escalares escalas de valores ambiental, relevantes Não consideram a
para fatores e comparação de dinâmica dos
impactos alternativas sistemas ambientais
ambientais

Quase nunca
Como as Diagnóstico indicam a
Escalares escalares, ambiental, magnitude dos
Ponderadas incorporando o valoração dos impactos
grau de impactos,
importância dos comparação das Resultados
impactos alternativas subjetivos

Não identificam
impactos diretos

Listagem de Não consideram


controle características
bidimensional espaciais dos
dispondo nas Boa disposição impactos
linhas os fatores visual do
ambientais e nas conjunto de Subjetividade na
Matriz de colunas as ações impactos diretos atribuição da
Interação do projeto Identificação dos magnitude (usa
impactos Simplicidade de símbolos)
Cada célula de ambientais elaboração
interseção diretos Não atendem às
representa a Baixo Custo demais etapas do
relação de causa EIA
e efeito gerador
do impacto Não consideram a
dinâmica dos
sistemas ambientais

59
Não destacam
importância relativa
dos impactos

Abordagem Não consideram


integrada na aspectos temporais
Gráfico ou Identificação dos análise dos e espaciais dos
diagrama impactos impactos e suas impactos
representando ambientais relações
Redes de cadeias de diretos e Não atendem às
Interação impactos gerados indiretos Facilidade de demais etapas do
pelas ações do (secundário, troca de EIA
projeto terciário) informações
entre disciplinas Não prevêem
cálculo da
magnitude

Não consideram a
dinâmica dos
sistemas ambientais

Subjetividade dos
Preparação de resultados
cartas temáticas
em transparência, Não quantifica a
síntese das Projeto lineares, Boa disposição magnitude dos
Superposição interações dos escolha de visual impactos
de Cartas fatores alternativas de
ambientais por menor impacto Não admite fatores
superposição das ambientais não
cartas ou mapeáveis, difícil
processamento no inclusão de
computador impactos sóciais
Considera a
Diagnóstico e dinâmica dos
Modelos prognóstico da sistemas Representação
matemáticos de qualidade ambientais, imperfeita da
computador que ambiental da interação entre realidade
Modelos de simulam o área de influência os fatores e
Simulação funcionamento impactos no Custo elevado
dos sistemas Comparação das espaço e tempo
ambientais alternativas –
cenários Tratamento de
grande
Projetos de quantidade de
grande porte dados

Conforme pode ser visto na Tabela acima existem diversas técnicas para o estudo de
AIA. Entre as citadas, vamos apresentar um estudo de caso das mais interessantes sob
o ponto de vista de perícia ambiental, pois permitem que os danos sejam valorados em
termos de importância, magnitude e alteração da qualidade ambiental dos fatores
ambientais.

- ESTUDO DE CASO DA MATRIZ DE INTERAÇÃO

Conforme citado, esta metodologia é uma lista bidimensional que permite o


cruzamento das condições e características ambientais de um sistema em análise
(meio) com as ações ou atividade propostas (ou ocorridas, no caso da perícia), que

60
podem impactar o meio ambiente. As interações entre os elementos na matriz são
mensuradas em termos de magnitude e importância.

As magnitudes são representadas pela extensão das interações entre as características


ambientais do meio ambiente e as ações propostas (ou ocorridas). Para o cálculo da
importância pode ser utilizado, por exemplo, os valores mostrados na Tabela 8, ou
pode se atribuir valores de acordo com julgamento pessoal do avaliador. No exemplo
abaixo, vamos adotar o intervalo de valores de [0 – 5] para ambas as variáveis. Vamos
atribuir 1 para aquelas de pequena intensidade e 5 para as de grande intensidade.

Para cada célula de interação (elemento da matriz), coloca-se uma linha diagonal que
representa a interação entre a característica ambiental (linha) x ação (coluna). Em
seguida são atribuídos valores, na parte superior da linha diagonal, para o grau de
importância e, na parte inferior da linha diagonal, para o grau de magnitude, em todos
os elementos da matriz. Em seguida, todas os valores dos elementos da matriz são
somados nas linhas e nas colunas, obtendo-se o grau de importância e magnitude total

Os resultados da Tabela 10 mostram que as ações da proposta têm grande influência


na qualidade da água superficial e que a escavação superficial gera um grande
impacto. É interessante notar que esta metodologia também pode ser usada na perícia
ambiental para determinar o grau de importância e magnitude de danos ambientais.

Tabela 10. Matriz de Interação da Exploração de Carvão e Qualidade da Água


Característica Explosão Escavação Furo Draga- Exploração Pesca Caça TOTAL
Ambiental Furos superficial Poço gem Madeireira Comercial Comercial I\M
Água 2\4 2\4 2\2 2\3 1\2 1\4 2\2 12\21
Superficial
H2O Oceânica 1\2 1\1 1\2 1\2 0\0 5\4 0\0 9\11

Aqüífero 2\1 2\2 5\4 0\0 0\0 0\0 0\0 9 \7

Qualidade 2\1 4\4 1\3 1\2 1\2 5\3 5\3 19\18

Temperatura 0\0 0\0 0\0 0\0 1\3 0\0 0\0 1\3

Reposição 0\0 2\3 3\3 2\3 2\2 0\0 0\0 9\11

Geada 1\1 1\1 0\0 0\0 1\2 0\0 0\0 3\4

TOTAL 8\9 12\15 12\14 6\10 6 \ 11 11 \ 11 7\5 62\65


I\M

61
- MÉTODO ENVIRONMENTAL EVALUATION SYSTEM

O método de Battelle (Battelle Columbus Laboratories), conhecido como


“Environmental Evaluation System (EES)”, é um exemplo de lista de verificação
de escala ponderada que pode ser empregado em uma perícia ambiental. Está técnica
permite determinar quantitativamente a perda da qualidade ambiental de um sistema
em análise devido à ocorrência de um impacto. Nesta técnica o sistema ambiental
afetado é dividido em quatro categorias, as categorias em dezoito componentes e,
cada componente em 78 parâmetros específicos.

O primeiro passo para a aplicação do EES é a transformação dos valores de cada


parâmetro em índices de qualidade ambiental, de modo a uniformizá-los em uma
escala de 0 – 1, na qual zero denota um índice de qualidade extremamente baixo e
um representa um índice de qualidade muito bom. Dessa forma, as alterações
produzidas em cada parâmetro, pelas ações, serão considerados impactos positivos ou
negativos conforme representam um ganho ou perda nos índices de qualidade
ambiental, respectivamente. A transformação do valor de um parâmetro em índice de
qualidade ambiental se faz por meio de uma função, mostrada na Figura 5.

O segundo passo diz respeito à atribuição do grau de importância de cada parâmetro.


Para isto, o método propõe a distribuição de um total de 1000 pontos, chamados de
UNIDADES DE IMPORTÂNCIA (PIU), pelos 73 parâmetros ambientais. O
número de pontos atribuídos a cada um reflete a sua importância em relação aos
demais, sendo distribuídos pelos avaliadores.

O terceiro passo constitui na multiplicação dos índices de qualidade ambiental pelas


unidades de importância correspondentes, para serem obtidos os valores de cada
impacto ambiental. Avalia-se então a qualidade ambiental inicial do sistema (sem a
implantação do projeto ou dano ambiental), com qualidade ambiental posterior do
sistema (com a implantação do projeto, ou dano ambiental ocorrido).

62
Figura 4 – Sistema ambiental adotado pela metodologia EES

63
Figura 5. Funções de qualidade ambiental determinadas experimentalmente.

64
A diferença entre estes valores expressa em UNIDADES DE IMPACTO
AMBIENTAL (EIU), pode ser adversa (EIU negativo) ou benéfica (EIU positivo).
Note que no caso da perícia ambiental a EIU será sempre negativa. Em seguida faz-se
a agregação dos impactos pelas categorias. Sempre que se observa um impacto
negativo incidindo sobre um parâmetro ambiental crítico ou frágil, o método propõe
que o impacto seja assinalado para estudos mais detalhados.

O EES tem sido adaptado para outros casos, como por exemplo, na avaliação de
impactos ambientais em trabalhos de perícia ambiental. Na perícia ambiental, este
método permite a transformação de resultados subjetivos em escala numérica para
listar e ordenar os impactos ambientais. A perda da qualidade ambiental também é um
parâmetro interessante que pode ser determinado.

Na avaliação e valoração de danos ambientais esta perca de qualidade ambiental pode


ser usada como um valor de referência, ou base de cálculo, para se estimar o quanto o
sistema ambiental se modificou em relação ao estado inicial. Cabe salientar que,
devido a complexidade dos sistemas ambientais, nenhum método é capaz de retratar a
completa realidade de uma ação sobre os mesmos, mas por outro lado, de alguma
forma é necessário estimar o quanto se deve reparar um ecossistema contaminado.

65
66
3.6 MÉTODOS E TÉCNICAS DE LABORATORIO

Considerando que na realização de uma perícia ambiental, geralmente, é necessário à


obtenção das provas de contaminação do meio ambiente e alteração da sua qualidade,
nesta seção são apresentadas e comentadas as principais técnicas analíticas utilizadas
para se constatar o nível de contaminação do meio ambiente.

- ATMOSFERA (EMISSÃO e IMISSÃO)

Para a avaliação da qualidade do ar, é utilizada a Resolução CONAMA nº 03 de


28/06/1990, que estabelece os Padrões da Qualidade do Ar (padrões primários e
secundários). Para a emissão de poluentes pode se utilizar, por exemplo, a Resolução
SEMA 41 de 09/12/2002 que estabelece os padrões de emissão, de condicionamento e
metodologias para determinação de emissões. A Tabela 11 mostra os padrões
primários e secundários adotados no Brasil.

Tabela 11 – Padrões de qualidade do ar nacionais


TEMPO DE PADRÃO PADRÃO MÉTODO DE
POLUENTE
AMOSTRAGEM PRIMÁRIO SECUNDÁRIO MEDIÇÃO
(µg/Nm3) (µg/Nm3)
Partículas 24 horas (1)* 240 150 Amostrador de
totais em MGA (2)* 80 60 grandes volumes
suspensão

Dióxido de 24 horas (1)* 365 100 Pararosanílina


enxofre MAA (3)* 80 40
Monóxido de 1 hora (1)* 40.000 40.000 (35ppm) Infravermelho não
carbono 8 horas (1)* (35ppm) 10.000 (9ppm) dispersivo
10.000
(9ppm)
Ozônio 1 hora (1)* 160 160 Quimiluminescência
Fumaça 24 horas (1)* 150 100 Refletância
MAA (3)* 60 40
Partículas 24 horas (1)* 150 150 Separação
inaláveis MAA (3)* 50 50 Inercial/filtração
Dióxido de 1 hora (1)* 320 190 Quimiluminescência
nitrogênio MAA (3)* 100 100

67
A classificação da qualidade do ar, através do índice de qualidade, é mostrada na
Tabela 12. Os equipamentos e técnicas usuais para amostragem dos poluentes em
chaminés e no meio ambiente são mostrados nas Figuras 6 a 8.

Tabela 12 - Classificação da qualidade do ar através do índice de qualidade do ar

Classificação PTS Fumaça PI SO2 NO2 O3 CO


Faixas do Média Média Média Média Média Média Média (8h)
3
IQA (24h) µg/m3 (24h) µg/m (24h) µg/m3 (24h) µg/m3 (1h) µg/m3 (1h) µg/m3 ppm
Bom 0-60
0-80 0-50 0-80 0-100 0-80 0-4,5
(0-50)
Regular >60-150
>80-240 >50-150 >80-365 >100-320 >80-160 >4,5-9,0
(51-100)
Inadequada >150-250
>240-375 >150-250 >365-800 >320-1130 >160-400 >9,0-15
(101-199)
Má >150-420
>375-625 >250-420 >800-1600 >1130-2260 >400-800 >15-30
(200-299)
Péssima >420-500
>625-875 >420-500 >1600-2100 >2260-3000 >800-1000 >30-40
(300-399)
Crítica >500
>875 >500 >2100 >3000 >1000 >40
Acima de 400

Figura 6. Amostrados Isocinético para emissão de poluentes em chaminés

68
Figura 7. Amostrador de material particulado

Figura 8. Amostrador de Compostos sulfurosos

69
- ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS

Para a determinação do nível de contaminação e padrão de qualidade das águas


superficiais deve-se tomar como base os parâmetros mostrados na nova Resolução
CONAMA 357 de 17/03/2005. Esta Resolução classifica as águas superficiais e
estabelece os limites máximos de contaminantes para cada classe. Para as águas
subterrâneas, se pode utilizar os padrões de potabilidade mostrados, por exemplo, na
Portaria Ministerial 518/2004.

Oxigênio Dissolvido

O oxigênio dissolvido na água é fundamental para manutenção da vida aquática.


Quanto menor a concentração de oxigênio dissolvido, maior é a possibilidade de
ocorrência de mortandade de peixes e outros seres vivos do meio aquático.
Concentrações abaixo de 2,0 mg/l de oxigênio podem ocasionar mortandades de
peixes. Altas concentrações de oxigênio dissolvido, além de benéficas para a vida
aquática favorecem a depuração da matéria orgânica lançada nos corpos hídricos (vide
DBO).

DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio)

É a quantidade de oxigênio necessária para depurar a matéria orgânica biodegradável


lançada na água. Portanto, indica a presença de matéria orgânica, que pode ter origem
nos esgotos cloacais ou nos efluentes industriais. Quanto maior a concentração de
DBO na água haverá uma tendência de redução na concentração do oxigênio que está
dissolvido na água.

Coliformes Fecais

Indicam a presença de esgotos cloacais nas áreas urbanas. Altas concentrações de


coliformes fecais são acompanhadas de concentrações mais elevadas da matéria
orgânica (DBO). A presença de esgotos cloacais aumenta possibilidade de contrair
doenças de veiculação hídrica. Em áreas rurais pode indicar a contaminação oriunda
de atividades de pecuária.

70
Metais Pesados

São apresentados gráficos dos seguintes metais pesados cádmio, chumbo, cobre,
cromo total, mercúrio, níquel e zinco. Quando encontrados em áreas urbanas são
indicativos da presença de efluentes industriais (metalúrgicas, galvanoplastia,
indústrias químicas, curtumes, etc.). Em áreas rurais, os metais estão presentes em
fungicidas e outros tipos de agrotóxicos. Podem ser encontrados também em áreas de
mineração. Em alguns casos são decorrentes das características geológicas locais.

Os dados de qualidade das águas podem ser representados em três formas:

- SOLO E LENÇOL FREÁTICO

Para análise da contaminação do terreno e do lençol freático, diversas técnicas podem


ser utilizadas. Os principais métodos são os biológicos, geofísicos, análise de gás por
cromatografia, sondagem e amostragem do solo, do ar intersticial e da água
subterrânea para ensaios analíticos.

- MÉTODOS BIOLÓGICOS

O biomonitoramento consiste no registro qualitativo e quantitativo de substâncias


nocivas no meio ambiente através de indicadores biológicos. Neste método são usados
organismos de forma padronizada. Geralmente, os organismos já existem no
ecossistema, como por exemplo, o teste de crescimento de vegetais, teste de bactérias
luminosas, teste de reprodução de bactérias, etc.

- MÉTODOS GEOFÍSICOS

Os métodos geofísicos consistem na sondagem por radar, processos sísmicos e


processos de indução geoelétricos. A vantagem destes métodos consiste no fato de
eles não causarem danos, isto é, não são necessários serviços de terraplanagem,
perfurações ou trabalhos dispendiosos similares. Nos processos de medição
geoelétricos é aplicada uma tensão contínua 900 volt na superfície do solo com dois
eletrodos, baseado em informações geológicas, os dados coletados são avaliados

71
através de computador para se verificar a alteração das propriedades de condutância e
resistividade elétrica do terreno, indicando ou não a presença de contaminantes.

- ANÁLISES DE GÁS

A determinação da concentração dos vapores e gases presentes nos interstícios do


terreno pode ser realizada no local através de um FID (detector de ionização de
chamas), que é utilizado para o registro contínuo de componentes orgânicos de gás. O
FID serve para a medição da concentração total de hidrocarboneto em ppm (partes por
milhão).

- AMOSTRAS DA ÁGUA SUBTERRÂNEA

O objetivo da amostragem é obter uma amostra representativa da água subterrânea


para se realizar as análises físico-químicas, permitindo assim a determinação da
qualidade da água subterrânea. Na análise da água subterrânea são obtidos os
parâmetros hidrogeológicos e físico-químicos.

Os primeiros estão relacionados com a determinação do nível do lençol freático, da


profundidade do aqüífero e da permeabilidade (teste de bombeamento), bem como a
direção e a velocidade do fluxo do lençol. A análise físico-química é orientada à
determinação da composição da água subterrânea. A amostragem, via de regra, é
realizada com bombas submersas ou de sucção. As bombas de sucção somente podem
ser utilizadas até aproximadamente 8-10 m abaixo da superfície do terreno. As
bombas submersas, por sua vez, podem ser utilizadas em qualquer profundidade.

Medição do nível piezométrico

Para a determinação de valores característicos hidrogeológicos deve ser medido o


nível exato do lençol freático em relação ao nível do mar. A medição é feita através de
uma sonda óptica. O princípio de medição é simples. Tão logo o eletrodo da sonda
ótica toca a superfície da água, acende uma lâmpada no carretel de cabos. No cabo,
que serve simultaneamente de escala de medição, deve ser lida a profundidade. O
ponto de medição sempre é a borda superior do poço.

72
Análise química

Após o perito ter feito uma seleção das amostras já no local, estas são devidamente
acondicionadas em recipientes e rotuladas para serem encaminhadas ao laboratório.
Nesta fase é muito importante que sejam definidos quais parâmetros serão analisados
para a amostra.

Os parâmetros, geralmente, analisados são o valor do pH; Condutividade elétrica;


Teor de oxigênio; Potencial redox; Hidrocarbonetos Totais de Petróleo (TPH);
Aromáticos (BTEX); Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAH); Fenóis;
Substâncias orgânicas halogenadas; Hidrocarbonetos clorados voláteis e semi-
voláteis. Alguns exemplo de contaminantes e parâmetros que devem ser amostrados
são, por exemplo, Gasolina, Diesel (THP, BTEX); Óleos em geral (TPH); Solventes
(VOCs); Metais (Metais específicos).

- MÉTODOS INSTRUMENTAIS

A Figura 9 mostra os principais métodos instrumentais para análise de parâmetros da


água subterrânea contaminada.

processos processos processos processos


eletroquímicos espectrométricos cromatográficos físico-atômicos

ƒ pH ƒ espectrometria ƒ cromatografia ƒ espectrometria de


ƒ condutividade UV/VIS ƒ gasosa (GC) massa
ƒ potencial de Redox ƒ espectrometria ƒ cromatografia ƒ análises com
ƒ potenciometria (ele- infravermelho (IR) ƒ líquida de alta ƒ raios X
trodos seletivos) ƒ espectrometria de performance ƒ medidas de
ƒ polarografia fluorescência (HPLC) radioatividade
ƒ espectrometria de ƒ cromatografia em
absorção atômica camada delgada
(AAS) (CCD)
ƒ espectrometria de
emissão (AES)

Figura 9 – Técnicas analíticas para amostras de água subterrânea contaminada

73
- ANÁLISE DOS RESULTADOS E DIAGNÓSTICO

Os sistemas de interpretação e avaliação dos resultados são processos comparativos,


que servem para apurar o potencial de risco de uma área contaminada. Para esta
análise tem-se utilizado como auxílio limites de referência de contidos em Listas de
Valores Limites, como por exemplo: Lista da EPA, Lista Holandesa; Lista de Berlim;
Lista de Baden – Württemberg e lista da CETESB. A Figura 10 mostra os valores dos
contaminantes presentes no solo para início de investigação em função do uso do
terreno.

Figura 10. Valores da Lista Alemã.

74
4. INTRODUÇÃO A ECONOMIA AMBIENTAL

Nesta seção serão apresentados os conceitos fundamentais da economia ambiental,


uma revisão sobre a valoração de recursos naturais, a conceituação, origem e
avaliação de passivos ambientais, uma revisão dos métodos de avaliação de danos
ambientais e as técnicas usuais de avaliação de riscos e conseqüências de acidentes
ambientais. Na medida do possível, a teoria será complementada com exemplos de
aplicação para subsidiar o conhecimento e aprendizado da valoração de danos
ambientais em processos de perícia ambiental.

4.1 BASE CONCEITUAL

A Economia do Meio Ambiente é relativamente recente e, por isso, utiliza um


conjunto de conceitos em torno dos quais nem sempre há absoluta concordância
quanto aos seus significados.

Até recentemente acreditava-se que deveria buscar-se prioritariamente o conforto e a


segurança da humanidade, através do domínio e utilização das forças e matérias
disponíveis na natureza O Meio Ambiente era considerado como fonte inesgotável de
recursos a serem explorados e como receptáculo de resíduos com capacidade
inesgotável. A Ciência Econômica seguiu a mesma linha. De acordo com esse
pensamento, os recursos naturais, englobando materiais e energia, se aliam ao
Trabalho e ao Capital para produzir os bens de serviço solicitados pelo mercado, os
quais desaparecem no consumo ou no investimento.

As limitações do Meio Ambiente, tanto como fonte de insumos para a produção


quanto como depósito de resíduos são evidentes; o que torna necessária desenvolver
novos instrumentos de análise econômica para incorporar os efeitos das atividades de
produção e consumo sobre o meio ambiente e valorá-lo adequadamente como um bem
da sociedade.

Duas dificuldades principais se interpõem à estimação do valor do Meio Ambiente.


Em primeiro lugar, enfrenta-se uma incapacidade teórica da Economia para lidar com
a questão, porque tanto a Teoria do Trabalho quanto a Teoria Neoclássica não são
suficientes. Quanto à primeira, afirma-se que o valor tem origem exclusivamente no

75
trabalho humano. A conseqüência teórica disso é que apenas o Meio Ambiente
Construído possui valor, o que é claramente inaceitável. Quanto à segunda, o valor
seria determinado no mercado, pela interação entre oferta e procura. No entanto, os
estudiosos dessa abordagem reconhecem as “falhas de mercado” na valoração do
Meio Ambiente.

Aos economistas interessam, especialmente, os danos que os diferentes tipos de


poluição provocam ao homem, à fauna, à flora, aos recursos naturais, às condições
climáticas e aos materiais. Para estes tipos de danos é necessário, nos estudos
econômicos do meio ambiente, obter uma avaliação das perdas financeiras, e quando
possível, das perdas intangíveis. Tendo isto em mente é preciso entender as diferenças
essenciais entre os bens e serviços econômicos e os bens e serviços ambientais.

- BENS DE SERVIÇO ECONÔMICO E SERVIÇOS AMBIENTAIS

A diferença é que os bens econômicos são regulados em grande parte pelo mercado e,
via preço, a oferta e a demanda destes bens são equilibradas. Ao contrário, os bens e
serviços ambientais não estão sujeitos à lei de mercado.

Antigamente os bens e serviços ambientais eram considerados bens livres, ou seja,


inexauríveis, portanto de preço zero. Não é possível, em muitos casos, estabelecer
direitos de propriedade sobre os bens ambientais. Ninguém poderia arrogar o direito
sobre bens e serviços ambientais, não havendo como cobrar pelo seu uso. Por estas
razões os bens e serviços ambientais eram considerados como de preço zero, ou seja,
não eram objeto de transações nos mercados econômicos.

De uma maneira geral, os métodos de valoração econômica ambiental são utilizados


para estimar os valores que as pessoas atribuem aos recursos ambientais, com base em
suas preferências individuais. A compreensão desse ponto é fundamental para
perceber o que os economistas entendem por “valorar o meio ambiente”.

- O VALOR DO MEIO AMBIENTE

A literatura econômica convencional sugere que o valor de um bem ou serviço


ambiental pode ser mensurado através da preferência individual pela preservação,

76
conservação ou utilização desse bem ou serviço. Considerando seu gosto e
preferências, cada indivíduo terá um conjunto de preferências que será usado na
valoração de todo e qualquer bem ou serviço, inclusive os ambientais.

No caso serviços ambientais, os economistas iniciam o processo de mensuração


distinguindo entre valor de uso e valor de não-uso do bem ou serviço ambiental.

O valor de uso refere-se ao uso efetivo ou potencial que o recurso pode prover. Como
por exemplo, o valor que os indivíduos estão dispostos a pagar para visitar um
parque ecológico ou para conservar determinadas espécies vegetais ou animais que
são utilizadas para a fabricação de remédios.

O valor de não-uso ou valor intrínseco ou valor de existência reflete um valor que


reside nos recursos ambientais (valor que o meio ambiente tem por si mesmo),
independentemente de uma relação com os seres humanos, de uso efetivo no presente
ou de possibilidades de uso futuro. Por exemplo, o valor de existência da Floresta
Amazônica poderia ser estimado a partir da disposição dos países desenvolvidos de
trocar parte da dívida dos países que têm a propriedade da floresta por compromisso
de preservação.

A partir dessa distinção inicial, novos detalhamentos são paulatinamente incorporados.


O valor de uso é subdividido em valor de uso propriamente dito, valor de opção e
valor de quase-opção.

O valor de opção refere-se ao valor da disponibilidade do recurso ambiental para uso


futuro. Diz respeito, por exemplo, a disposição a pagar dos indivíduos para
conservar uma determinada floresta, cuja a substituição seria difícil ou impossível. O
valor de quase-opção, por outro lado, representa o valor de reter as opções de uso
futuro do recurso, dado uma hipótese de crescente conhecimento científico, técnico,
econômico ou social sobre as possibilidades futuras do recurso ambiental sob
investigação.

Muitas variantes dessa classificação existem. Não obstante, se pode distinguir os


seguintes componentes do Valor Econômico Total (VET) de um bem ou serviço
ambiental.

77
VET = valor de uso + valor de opção + valor de quase-opção + valor de existência

Fica claro que a valoração econômica do meio ambiente passa pelo cálculo do VET
para o bem ou serviço ambiental sob análise. Entretanto, o valor econômico total do
meio ambiente não pode ser integralmente revelado por relações de mercado. Muitos
de seus componentes não são comercializados no mercado e os preços dos bens
econômicos não refletem o verdadeiro valor da totalidade dos recursos usados na sua
produção. Não obstante, a teoria econômica tradicional indica que a solução dos
problemas de mercado, para bens e serviços ambientais passam obrigatoriamente
pelas decisões individuais dos consumidores.

4.2 VALORAÇÃO ECONÔMICA DO MEIO AMBIENTE

Com a incorporação da dimensão ambiental na análise econômica, nas últimas


décadas, vem aumentando os estudos sobre a valoração monetária de bens e impactos
ambientais. A valoração econômica do meio ambiente constitui-se em um conjunto de
métodos e técnicas que buscam estimar valores para os ativos ambientais e para os
bens e serviços por eles gerados e danos ambientais. A Figura 2.4.1 mostra o processo
de valoração econômica do meio ambiente.

Inicialmente, pressupõe-se que existe a decisão política e administrativa de


instrumentar entidades e órgãos governamentais a procederem a valoração. A
crescente conscientização geral a respeito da acelerada degradação do meio ambiente,
bem como, a exaustão de recursos naturais, serve como base para essa decisão. O
processo mostrado na Figura 11 consiste basicamente no estabelecimento de uma
relação entre um agente valorador (indivíduo) e um bem ou fenômeno a ser
valorado (objeto).

78
DECISÃO DE VALORAÇÃO
ECONÔMICA DO MEIO
AMBIENTE

AGENTE VALORADOR OBJETO A SER VALORADO

SUPORTE VALORATIVO CARACTERÍSTICAS

Técnicas, Dados, Experiências Localização, Época, Parâmetros,


Unidade, Abrangência, Elemento

TAREFAS - VALORAÇÃO ECONÔMICA


O objeto da valoração, como se percebe, pode ser de natureza muito variada, como
por MEIO AMBIENTE - IMPACTOS AMBIENTAIS - MEDIDAS MITIGADORAS/COMP.
exemplo:

PRODUTOS AMBIENTAIS

CUSTOS – BENÉFICOS – PATRIMÔNIO – CONTABILIDADE – BALANÇO –


CONTAS REGIONAIS

Figura 11 – Processo de Valoração Econômica do Meio Ambiente

- OBJETO DE VALORAÇÃO

a) um parque ecológico;
b) uma reserva mineral;
c) um passivo ambiental;
d) a perda de biodiversidade;
e) os danos à saúde decorrentes de ambiente poluído ou acidente ambiental;
f) as perdas de quantidade e/ou qualidade de produção.

79
Em cada caso, é necessário caracterizar adequadamente o objeto de valoração para
que não sujam equívocos quanto à interpretação dos dados, das análises e dos cálculos.
Essa caracterização, geralmente, envolverá informações sobre localização, épocas,
períodos, porte, abrangência, unidades de medida e elementos. De outro lado, tem-se
o agente valorador, geralmente uma equipe multidisciplinar, que se vale de um
suporte valorativo, constituído de métodos e técnicas disponíveis. A valoração
econômica compreende três tipos básicos:

a) A valoração do meio ambiente, em particular dos recursos naturais;


b) A valoração dos impactos ambientais positivos ou negativos;
c) A valoração das medidas mitigadoras ou compensatórias.

Esses três tipos de tarefa estão muitas vezes relacionados, os métodos utilizados não
são necessariamente distintos, mas obviamente o objeto é de natureza diversa em cada
caso. Certamente, os principais resultados obtidos através da valoração econômica do
meio ambiente são as estimativas dos custos e benefícios ambientais que se
configuram de grande valia para o desenvolvimento sustentável.

- ANÁLISE CUSTO-BENEFÍCIO

A Análise Custo-Benefício tem uma longa tradição no que se refere à avaliação de


projetos. Entretanto, quando o meio ambiente é levado em conta, a situação se torna
mais complexa. Na perspectiva ecológica, ela maximiza o bem estar total, minimiza os
custos de oportunidade e distributivos, utilizando preços de mercado sem subsídios e
outras distorções de mercado, ajustando estes com pesos distributivos para incorporar
questões de eqüidade e incluindo a valoração monetária de externalidades ambientais.
Para fixarmos os conceitos apresentados até este ponto, vamos apresentar um exemplo
da análise custo-benefício de um parque ecológico.

- Estudo de Caso do Parque Nacional do Superagüi

A elaboração de uma análise social de custo-benefício, sob uma perspectiva ecológica,


para o Parque Nacional do Superagüi, localizado no Paraná, envolve uma análise
prospectiva sobre os grupos sociais beneficiários, as políticas públicas que dão o suporte
técnico-administrativo para a unidade, bem como a identificação das instituições que

80
cooperam com recursos humanos e materiais para a sua gestão ambiental. Em termos
gerais, o benefício da conservação pode ser colocado como:

BLCONS = BLUD + BLUID + BLEXIST - CPPUB

onde

BLCONS : Benefício líquido da conservação da área protegida;

BLUD : Benefício líquido do uso direto da área protegida;

BLUID : Benefício líquido do uso indireto da área protegida;

BLEXIST : Benefício líquido do não uso (valor de existência) da área protegida e;

CPPUB : Custo das políticas públicas para manter a área protegida.

Beneficiários do uso direto: Como beneficiários diretos podem-se citar os agentes


locais que desenvolvem a atividade de transporte e hospedagem de turistas, que se
deslocam para o parque, e lá permanecem por alguns dias. Neste mesmo extrato situam-
se os guias residentes nas vilas do entorno, os quais conduzem os grupos turísticos
através de trilhas, proporcionando recreação aos mesmos.

Beneficiários do uso indireto: Em relação aos beneficiários indiretos, tem-se as


instituições de pesquisa, as quais tem a oportunidade de desenvolverem estudos e
pesquisas focalizadas nos atributos ambientais preservados na unidade, e assim,
ampliarem o seu acervo técnico. Nesta categoria de valor inclui-se também a
manutenção de um Banco genético in situ.

Um outro grupo de beneficiários corresponde às comunidades pesqueiras, cuja produção


gera renda para a manutenção de famílias moradoras no entorno do parque. Para estas
mesmas comunidades os canais internos e adjacentes à esta área protegida, possibilita a
navegação e o transporte de pessoas e produtos.

Beneficiários da existência: Finalmente, tem-se no valor de existência, a cooperação de


extratos sociais situados em outros países, os quais percebem a manutenção desta
unidade como um benefício para a humanidade. A este segmento unem-se os esforços de

81
outros residentes no país com esta mesma percepção. Para esta análise não será
considerada a categoria valor de opção, isto é, aquela valoração referente a bens e
serviços ambientais, de usos diretos e indiretos ainda desconhecidos e a serem
apropriados e consumidos no futuro.

Políticas Públicas: A contrapartida para estes benefícios, isto é, pelo lado custo, estão as
políticas públicas que dão o respectivo suporte técnico-administrativo para o objetivo de
manutenção desta área protegida. Dessa forma temos quatro principais grupos de ações
políticas os quais perfazem um documento denominado Plano de Manejo, conforme
descrito a seguir:

a) Administração: Refere-se aos custos correntes e de capital, relativos a pessoal,


veículos, equipamentos, material de consumo, encargos diversos e manutenção predial.
A este centro de custo somam-se os gastos da atividade de fiscalização, não só aqueles
realizados pelo IBAMA, como também as despesas dos órgãos participantes como a
Polícia Florestal.

b) Manejo do Meio Ambiente: Aqui são lançados os custos e despesas com o apoio a
pesquisas e aplicação de metodologias em prol da manutenção do Banco genético in situ
e a geração de conhecimento científico.

c) Uso público: Estes custos se referem a atividades de apoio à recepção, orientação e


recreação de visitantes, de forma compatível com o patrimônio natural. Neste centro de
custo situam-se também as despesas relativas à preparação de material de divulgação e
educação ambiental.

d) Integração do entorno: Este bloco de ações visa proporcionar a manutenção do


modo de vida harmônico das populações tradicionais que habitam o entorno. Portanto
são ações relativas ao dimensionamento de alternativas de geração de renda em
compatibilidade com o patrimônio natural protegido.

Cabe salientar que este bloco de ações segue um modelo fundamentado na observação
do modo de vida destas populações tradicionais, com o aporte da ciência sociológica
norteando as demais ações de políticas. Em termos econômicos, a racionalidade consiste
em apoiar a estrutura predominantemente informal existente visando mais a organização

82
produtiva nas formas mais simples existentes do que a modernização, conforme
prescrevem os estudos sociológicos. A seguir são apresentados os resultados obtidos na
análise social de custo-benefício, sob uma perspectiva ecológica, do Parque Nacional do
Superagüi.

A principal conclusão é que os benefícios crescem do âmbito local para o regional e,


deste para o global, ao passo que os custos seguem uma tendência inversa, isto é, são
maiores em nível local e diminuem regional e globalmente. Os resultados mostram a
relação custo-benefício é favorável à conservação do parque.

Quadro 1 – Análise Custo-Benefício do Parque Nacional do Superagüi


Beneficiários Forma do benefício Valor (R$)

1520 turistas uso direto 77.840,00


valor recreativo
Proprietários uso direto 46.704,00
de 6 pousadas bens e serviços complementares

5 Instituições de pesquisa uso indireto indeterminado


apropriação de conhecimento banco genético in situ

Comunidades do uso indireto 81.807,00


entorno 300 famílias potencial pesqueiro

Comunidades do uso indireto 66.600,00


Entorno 300 famílias vias navegáveis

Região Metropolitana valor de existênciaª 2.832.042,00


de Curitiba critérios subjetivos
1.055 mil pessoas
VALOR ANUAL 3.104.993,00
---------------------------------------------------------------------------------------------------------
Políticas públicas Componente Valor (R$)
---------------------------------------------------------------------------------------------------------
Administração
1. Bens de capital Prédio 4.800,00
Equipamentos 2.540,00

2. Despesas correntes: Pessoal, material de consumo,


Serviços de terceiros 80.000,00

Manejo do meio ambiente Apoio às pesquisas 10.950,00

Integração do entorno Projetos comunitários 36.000,00

Relação benefício /custo anual = 23,12 VALOR ANUAL 134.290,00


---------------------------------------------------------------------------------------------------------

83
4.3 AVALIAÇÃO DE DANOS AMBIENTAIS

Os prejuízos econômicos causados pela degradação do meio ambiente reflete


diretamente na economia das pessoas, empresas e administração pública. Os
conhecimentos técnicos e científicos disponíveis atualmente para avaliação monetária
dos danos ambientais ainda são limitados. Para se determinar o valor dos danos
ambientais previstos ou constatados é necessário identificar e valorar a perda de
biodiversidade, como por exemplo, os danos causados à flora e fauna pela derrubada
da mata, alteração da cadeia alimentar e fixação de gases, entre outros serviços que
ainda não têm valor de mercado estabelecido.

Diversos artigos sobre o valor dos recursos naturais já existem na literatura


especializada, mas para a valoração do dano ambiental, propriamente dito, pouco se
tem divulgado. Os centros de apóio técnico às promotorias de meio ambiente de
diversos estados têm, na medida do possível, procurado desenvolver correlações para
quantificar e valorar o dano ambiental.

Apesar dos esforços realizados, os resultados obtidos com essas propostas ainda são
bastantes questionados na justiça, o que demostra a fragilidade das técnicas
desenvolvidas. Portanto, até o presente momento, não existe no país uma proposta
técnica, obtida através da metodologia científica, que possa ser utilizada de forma
generalizada para a valoração dos danos ambientais, o que representa um desafio.

Nesta seção, são apresentadas algumas técnicas utilizadas atualmente para a valoração
de danos ambientais, desenvolvidas no país e no exterior, que possibilitam uma
estimativa inicial do valor monetário do dano ambiental. Cabe observar que, em
muitos casos, mais de uma técnica pode ser utilizada para a valoração do dano.
Algumas técnicas podem ser aplicadas para avaliar diferentes tipos de dano, enquanto,
outras foram desenvolvidas de forma mais específica, como por exemplo, para
vazamento de óleo. Basicamente, nesta seção são apresentados os principais diplomas
legais que determinam a valoração do dano ambiental, os principais indicadores do
dano ambiental, uma planilha para a coleta de dados na constatação do dano e as
metodologia de valoração. Alguns exemplos de aplicação das técnicas de valoração
do dano também são apresentadas.

84
4.3.1 DEFINIÇÕES DE DANO AMBIENTAL

a) Valor

Ação de estimar-se o valor de alguma coisa, determinando-se a sua valia


(valia esta entendida como importância/utilidade).

A avaliação do valor de alguma coisa, refere-se ao valor de troca ou algo que


dele se aproxime, ou possa, até mesmo, ser utilizado em seu lugar (em geral o
valor de mercado).

Valor seria definido como uma expressão da capacidade de um bem ou


serviço de satisfazer necessidades humanas e econômicas.

b) Avaliação Ambiental

O processo de avaliação econômica de danos ambientais (irreversíveis),


como todo e qualquer processo de avaliação econômica deve se apoiar nos
pressupostos básicos do contexto de “mercado” (oferta, demanda e
formação de preços).

O procedimento da estimativa do valor de mercado tem como objetivo, por


exemplo, orientar atos de compra e venda, decisões quanto à escolha entre
alternativas, avaliações comparativas, avaliações fiscais, análises de garantias,
estimativas de prejuízos, efeitos de indenizações e, determinação da
importância de qualquer setor ou produto.

c) Avaliação Econômica de Danos Ambientais

O princípio poluidor-pagador (externalidades) não é um princípio de


compensação dos danos causados pela poluição (isto porque, aqui, estão
incluídos todos os custos da proteção ambiental: prevenção, reparação e de
repressão do dano ambiental).

85
A avaliação econômica dos danos ambientais, a partir dos dispositivos
legais, deve ocorrer, inclusive, no caso da irreparabilidade dos danos
ambientais (danos ambientais irreversíveis)

Os danos ambientais causados a determinado ecossistema devem ser


submetidos a um determinado processo de avaliação quanto à (ao):

a) Aferição do dano - determinação da extensão e gravidade para fins de


apuração da natureza e amplitude dos prejuízos sofridos pelo ecossistema
em decorrência do ato danoso;

b) Busca das soluções técnico-científicas visando a reconstituição do


equilíbrio ecológico afetado; e

c) Avaliação econômica do dano, discutindo-se os métodos possíveis, assim


como indicando as variáveis ambientais componentes do processo
avaliatório.

4.3.2. BASE LEGAL

A vertente jurídica que possibilita legalmente a avaliação de danos ambientais está


baseada, principalmente, nos seguintes diplomas:

- Lei No 6.838 de 31 de agosto de 1981 – Política Nacional de Meio Ambiente;

- Lei No 7.347 de 24 de julho de 1985 – Ação Civil Pública;

- Constituição da República Federativa do Brasil de 1988;

- Constituições Estaduais da República Federativa do Barsil e;

- Lei No 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 – Lei de Crimes Ambientais.

86
a) Lei No 6.838 de 31 de agosto de 1981 – Lei que dispõe sobre a Política
Nacional de Meio Ambiente;

Art 2o
A PNMA tem por objetivo a preservação e recuperação da qualidade
ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao
desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança e à
proteção da dignidade humana, atendidos os seguintes princípios:

I – ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico,


considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser
necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;
...
VII – recuperação de áreas degradadas;
...
Inc I, II e III do Art. 3o

Degradação Ambiental
Alteração adversa das características do meio ambiente (conjunto
de condições, leis, influências de ordem física, química e biológica
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas) .

Poluição Ambiental
Degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que,
direta ou indiretamente;
a) prejudiquem a saúde, a segurança, e o bem-estar da população;
b) afetam desfavoravelmente a biota;
c) afetam condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e;
d) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões
ambientais estabelecidos

87
Inc IV do Art. 3o.

Poluidor
Pessoa física ou jurídica de direito público ou privado responsável
direta ou indiretamente por atividade causadora de degradação
ambiental.

Inc V do Art. 3o.


Recursos ambientais
Atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os
estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo e os elementos da
biosfera, a fauna e a flora

Inc VII, do art. 4o.

Objetivos da Política do Meio Ambiente


Imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar
e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição
pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

Parágrafo 1o, do Art 14

Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o


poluidor obrigado, independentemente de existência de culpa, a
indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a
terceiros, efetuados por suas atividades. O Ministério Público da
União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de
responsabilidade civil e criminal por danos causados ao meio
ambiente.

88
b) Lei No 7.347 de 24 de julho de 1985 – Ação Civil Pública

Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos


causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (e qualquer outro
interesse difuso ou coletivo) e dá outras providências.

Art 3o.
A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o
cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer (recuperação
ambiental)

Art 4o
Ação cautelar
Evitar e prevenir os danos ambientais bem como aos demais
interesses difusos ou coletivos.

Art. 6o
Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a
iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe informações sobre
fatos que constituam objeto de ação civil e, indicando-lhe os
elementos de convicção.

Parágrafo 1o, Art. 8o.

O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência,


inquérito civil, ou requisitar, de qualquer organismo público ou
particular, certidões, informações, exames, perícias, no prazo que
assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias.

Art. 10
Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três)
anos, mais multa de ..., a recusa, o retardamento ou a omissão de

89
dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil, quando
requisitados pelo Ministério Público.

Art. 13
Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado
reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por
Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério
Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos
destinados à reconstituição dos bens lesados.

Art. 18
Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas,
emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas,
nem condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé,
em honorários de advogado, custas e despesas processuais.

c) Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 -

Capítulo VI - Meio Ambiente - Art 225

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,


bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo
e preservá-lo as presentes e futuras gerações.

Parágrafo 3o
As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais
e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os
danos causados.

90
d) Constituição do Estado de São Paulo de 1989 ou de outros Estados

Art 192
A execução de obras, atividades, processos produtivos e
empreendimentos e a exploração de recursos naturais de qualquer
espécie, quer pelo setor público, quer pelo privado, serão admitidas
se houver o resguardo do meio ambiente ecologicamente
equilibrado.

Art. 193
O Estado, mediante lei, criará um sistema de administração da
qualidade ambiental, proteção, controle e desenvolvimento do meio
ambiente e uso adequado dos recursos naturais, para organizar,
coordenar e integrar as ações de órgãos e entidades da administração
pública direta e indireta, assegurada a participação da coletividade,
com o fim de:
...
XIV – promover medidas judiciais e administrativas de
responsabilização dos causadores de poluição ou de
degradação ambiental;
...
XX – controlar e fiscalizar obras, atividades, processos
produtivos e empreendimentos que, direta ou indiretamente,
possam causar degradação do meio ambiente, adotando
medidas preventivas ou corretivas e aplicando as sanções
administrativas pertinentes;
Art 195
As condutas e atividades lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, com aplicação de multas diárias e progressivas no caso
da continuidade da infração ou reincidência, incluídas a redução do
nível de atividade e a interdição, independentemente da obrigação
dos infratores de reparação aos danos causados.

91
e) Lei No 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 – Lei de Crimes Ambientais

Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de


condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências

Capítulo II - Da Aplicação da Pena - Art. 6o

Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente


observará:
...
III – a situação econômica do infrator, no caso de multa.
Art. 8o
Penas restritivas de direito:
...
IV – prestação pecuniária
...
Art. 12
A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima
ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada
pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos
e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante
de eventual reparação civil a que for condenado o infrator.

Art. 15
São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:
...
a) para obter vantagem pecuniária;
b) ...
c) afetando ou exposto a perigo, de maneira grave, a saúde
pública ou o meio ambiente;
...
Art 17

92
A verificação da reparação a que se refere o parágrafo 2o do art. 78
do Código Penal será feita mediante laudo de reparação do dano
ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão
relacionar-se com a proteção do meio ambiente.

Art 19
A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível,
fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de
fiança e cálculo de multa.

Parágrafo único

A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser


aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório.

Capítulo VIII - Disposições Finais - Art 79o-A.

Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os órgãos ambientais


integrantes do SISNAMA, responsáveis pela execução de programas e
projetos e pelo controle e fiscalização dos estabelecimentos e das
atividades suscetíveis de degradarem a qualidade ambiental, ficam
autorizadas a celebrar, com força de título executivo extrajudicial,
termo de compromisso com pessoas físicas ou jurídicas responsáveis
pela construção, instalação, ampliação e funcionamento de
estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos naturais,
considerados efetiva ou potencialmente poluidores (vide, também, art.
19 da Lei da ACP).

Parágrafo único

O termo de compromisso a que se refere este artigo destinar-se-á,


exclusivamente, a permitir que pessoas físicas ou jurídicas
mencionadas no caput possam promover as necessárias correções de

93
suas atividades, para o atendimento das exigências impostas pelas
autoridades ambientais competentes, sendo obrigatório que o
respectivo instrumento disponha de:
...
III – a descrição detalhada de seu objeto, o valor do
investimento previsto e o cronograma físico de execução e
de implantação das obras e serviços exigidos, com metas
trimestrais a serem atingidas;
...

4.3.3. INDICADORES DE DANOS AMBIENTAIS

Os pesquisadores alemães Schultz e Wicke estudaram o custo dos danos ambientais,


associados as diversas categorias de poluição, relacionando os danos ao meio
ambiente com indicadores do dano, apresentados na Tabela 13.

A partir destes indicadores de dano é possível realizar uma estimativa inicial do seu
custo financeiro, através da utilização de diversos modelos que serão apresentados na
sequencia. Cabe observar que a tarefa mais difícil para o perito é decidir quais
recursos e impactos ambientais devem ser considerados na perícia, como quantificá-
los, para então, valorá-los financeiramente. Na verdade não existe uma “receita de
bolo” para esta tarefa.

Uma recomendação útil para a realização desta tarefa é começar sempre com o mais
óbvio e simples, ou seja, com os impactos ambientais de maior importância e
magnitude que são mais facilmente identificados.

94
Tabela 13 – Indicadores de danos ambientais segundo fontes poluidoras

CATEGORIA / ORIGEM DANOS INDICADORES PARA CÁLCULOS


Para a Saúde
Doenças, atendimento ambulatórias,
hospitais, faltas, aposentadorias precoces,
Em Materiais invalidez, etc.

custos com manutenção, restauração,


limpeza e reposição decorrentes de
deteriorações.
Custos da poluição
Em Animais
atmosférica perda de rendimento na produção animal,
desaparecimento de espécies, transtorno
do ciclo sexual, etc.

Em Agricultura perda de rendimentos, perda de qualidade,


prejudica o equilíbrio da água e do clima.

Em Florestas custo de manutenção, risco de avalanche,


enchentes, erosão do solo, desabamentos,
prejuízos na silvicultura, queda de
rendimento e perda de qualidade da
madeira, etc.

Na atividade diminuição do número de peixes, queda de


pesqueira produção, doenças no pescado

No abastecimento custo de tratamento da água, custo de


de água potável e captação de fontes distantes, custos com
de uso tratamento de doenças transmitidas pelo
consumo da água.
Custo da poluição hídrica Ao lazer e repouso
redução da demanda, desaparecimento de
atividades, custo de saneamento.
Prejuízos estéticos
ótica, cheiro, qualidade ambiental da
moradia.
Acidificação, perda de produtividade, variação na
radioatividade e qualidade do produto, prejuízos devido a
substancias nocivas contaminação de alimentos, diminuição na
Custo da contaminação aos alimentos renda da terra, etc.
do solo
Lixões saturados e contaminação de águas subterrâneas,
instalações qualidade ambiental da moradia, cheiro,
abandonadas doenças, etc.
redução da capacidade de trabalho, custo
Perda de
por pensões e indenizações, surdez
produtividade e
profissional, gastos com proteção contra
pensões por
ruído, etc.
Custo da poluição sonora poluição sonora

perda de valor do imóvel, diminuição do


Desvalorização de
valor dos aluguéis, alteração na ocupação
imóveis
do solo.

95
4.3.4 IDENTIFICAÇÃO DE DANOS AMBIENTAIS

Segundo recomenda a metodologia do Departamento de Interior dos Estados Unidos


(DOI), utilizada para avaliação de danos ambientais, incialmente, é necessário
identificar e caracterizar o dano para depois quantificá-lo e determinar o seu valor. A
Figura 12 apresenta a sistemática do processo de avaliação de dano ambiental do DOI.

Figura 12 - Processos de avaliação de dano ambiental do Departamento do Interior do


EUA

96
Conforme pode ser visto na Figura acima, os danos ambientais são classificados
em dois tipos, A e B, em função da quantidade de informações e recursos
financeiros necessários para a sua caracterização.

Na avaliação do dano tipo A, a coleta de informações é mais simplificada e o


tempo de observação do cenário é menor. Na avaliação do dano tipo B, são
necessárias metodologias mais detalhadas e um tempo de observação maior de
observação do cenário para se determinar o tipo, extensão e o valor do dano
ambiental.

Independente do tipo de local onde ocorre o acidente ambiental, as autoridades


devem obter rapidamente as informações necessárias para possibilitar a futura
análise do evento acidental em invesitgação e classificar o dano.

Para ambos os tipos de dano, A ou B, as informações que devem ser coletadas são
a identificação do contaminante (quantidade, massa ou volume), duração da
liberação ou derramamento do produto, data do evento (dia, mês, ano e hora),
localização do acidente, condições do tempo no dia do acidente, extensão das
ações de resposta, extensão em dias e km2 de área afetada, condições de maré,
umidade, vento e temperatura local, temperatura da água, quantidade de sólidos
suspensos, velocidade de sedimentação dos sólidos, tipo de habitat, entre outros.

Após a coleta das informações, tão logo ocorra o evento, se faz o cômputo do
dados, com um programa de computador, para se estimar se a reparação dos danos
supera o valor de U$100.000,00 (cem mil dólares). A partir dos resultados obtidos
a autoridade decidirá entre duas opções: Escolha do dano Tipo A, limitando a
causa neste valor, ou que os danos devem ser avaliados e considerados do Tipo B.

As principais fases do procedimento de avaliação de danos ambientais segundo a


sistemática do DOI são as seguintes:

97
Pré-avaliação: Notificar autoridade competente que deverá iniciar as atividades
de avaliação do cenário afetado pela coleta rápida de informações disponíveis
sobre o evento, para o estabelecimento do procedimento de avaliação;

Plano de Avaliação: Fase que assegura a correta avaliação do dano de forma


estruturada, planejada e sistemática para que o procedimento escolhido seja de
custo financeiro razoável;

Avaliação: Dano do Tipo A requer procedimento simplificado, Dano Tipo B


necessita três fases: identificação física, quantificação e determinação do valor do
dano ambiental

Pós-avaliação: Cumprimento de requisitos para terminar a fase anterior. Exige


uma devida apresentação do valor calculado para a parte responsabilizada pelo
dano.

Relatório de Avaliação: Procedimentos e documentos utilizados.

- Planilha de Coleta de Informações

Para facilitar e sistematizar a coleta de dados no campo durante a investigação dano


ambiental, o perito ambiental deve obter e registrar os dados de maneira organizada
para facilitar a sua posterior análise. Neste sentido, a planilha abaixo pode serutilizada
para a coleta de informações durante os trabalhos de campo do perito.

Conforme citado, durante os trabalhos de campo, o perito ambiental, provavelmente,


deverá também coletar amostras para posterior análise em laboratório. A coleta dessas
amostras deverá ser cuidadosa e organizada para que não ocorra erros que possam
alterar os resultados da perícia e invalidar o laudo. Assim, recomenda-se que o perito
elabore uma planilha para registrar os códigos das amostras coletadas, condições
metereológicas no dia da coleta, data, hora, entre outras informações importantes.

98
PLANILHA DE AVALIAÇÃO DE ACIDENTE AMBIENTAL

1. Tipificação do Dano Denominação 2. Data de Ocorrência

Dia Mês Ano


Horário

3. Localização
UF Município

4. Área Afetada Inexiste/ não afetada Urbana Rural Urbana e Rural


Tipo de Ocupação
Residencial
Comercial
Industrial
Agrícola
Pecuária
Extrativismo Vegetal
Reserva Florestal
Área de Proteção Ambiental
Mineração
Turismo
Outras
Descrição das Áreas Afetadas:

5. Causas do Desastre (Descrição do Evento e suas Características):

6. Danos Humanos 0 a 14 anos 15 a 64 anos > 65 anos Gestantes Total


Número de Pessoas
Desalojadas
Desabrigadas
Deslocadas
Desaparecidas
Levemente Feridas
Gravemente Feridas
Enfermas
Mortas
Afetadas

100
Danificadas Destruídas Total
7. Danos Materiais Edificações
Quantidade R$ Quantidade R$ R$
Residenciais Populares

Residenciais – Outras

Públicas de Saúde

Públicas de Ensino

Infra-Estrutura Pública

Obras de Arte

Estradas (km)

Pavimentação de Vias Urbanas


(km2)
Comunitárias

Particulares de Saúde

Particulares de Ensino

Rurais

Industriais

Comerciais

101
8. Danos Ambientais Intensidade do Dano Valor (R$)

Recursos Naturais

Água Sem Baixa Média Alta Muito Alta


Dano
Esgotos Sanitários
Efluentes Industriais
Resíduos Químicos
Outros

Solo Sem Baixa Média Alta Muito Alta


Dano
Erosão
Deslizamento
Contaminação
Outros

Ar Sem Baixa Média Alta Muito Alta


Dano
Gases Tóxicos
Partículas em Suspensão
Radioatividade
Outros

Flora Sem Baixa Média Alta Muito Alta


Dano
Desmatamento
Queimada
Outros

102
Fauna Sem Baixa Média Alta Muito Alta
Dano
Caça Predatória
Outros

9. Prejuízos nos Setores da Economia


Quantidade Valor (R$)
Agricultura Produção Toneladas / Unidades
Grãos / cereais / leguminosas
Fruticultura
Horticultura
Silvicultura / Extrativismo
Comercial
Outras
Pecuária Cabeças
Grande porte
Pequeno porte
Avicultura
Piscicultura
Outros
Indústria Produção
Extração Mineral
Transformação
Construção
Outros
Serviços Prestação serviço
Comércio
Instituição Financeira
Outros

103
Descrição dos Prejuízos Econômicos:

10 - Prejuízos Sociais e Serviços


Essenciais Quantidade Valor (R$)

Abastecimento d’Água
Rede de Distribuição m
Estação de Tratamento (ETA) Unidade
Manancial m3

Energia Elétrica
Rede de Distribuição M watt
Consumidor sem energia consumidor

Transporte
Vias km
Terminais Unidade
Meios Unidade

Comunicações
Rede de Comunicação km
Estação Retransmissora Unidade

Esgoto
Rede Coletora m
Estação de Tratamento (ETE) Unidade

104
Gás
Geração m3
Distribuição m3

Lixo
Coleta toneladas
Tratamento toneladas

Saúde
Assistência Médica diária
Prevenção diária

Educação
Alunos sem dia de aula aluno

Alimentos Básicos
Estabelecimentos. Armazenadores toneladas
Estabelecimentos comerciais estabelecimento

Descrição dos Prejuízos Sociais:

11. Informações do Município

Ano Atual: Ano Anterior


População (hab): Orçamento (Mil R$): PIB (Mil R$): Arrecadação (Mil R$):

105
12. Avaliação Conclusiva sobre a Intensidade do Desastre (Ponderação)

Critérios Preponderantes

Intensidade dos Danos Pouco Importante Médio ou Significativo Importante Muito


Importante
Humanos
Materiais
Ambientais

Vulto dos Prejuízos Pouco Importante Médio ou Significativo Importante Muito


Importante
Econômicos
Sociais

Necessidade de Recursos Pouco Vultosos Mediamente Vultosos Vultosos porém Muito


Suplementares ou Significativos Disponíveis Vultosos e
Indisponíveis

Critérios Agravantes Pouco Importante Médio ou Significativo Importante Muito


Importante
Importância dos Desastres
Secundários

Despreparo da Defesa Civil Local


Grau de Vulnerabilidade do
Cenário
Grau de Vulnerabilidade da
Comunidade

106
Padrão Evolutivo do Desastre Gradual e Gradual e Súbito e Súbito e
Previsível Imprevisível Previsível Imprevisível

Tendência para agravamento Não Sim

Conclusão

Nível de Intensidade do Acidente I II III IV


Ambiental
Pequeno Médio Grande Muito
Porte do Desastre ou Acidente Grande

13. Instituição Informante

Nome da Instituição Responsável

Cargo: Assinatura Telefone Dia Mês Ano

14 . Instituições Informadas Informada

Coordenadoria Estadual de Meio Ambiente


Coordenadoria Regional de Meio Ambiente
IBAMA
BOMBEIROS
DEFESA CIVIL
MINISTÉRIO PÚBLICO

107
15. Informações Complementares

Moeda utilizada no preenchimento: Taxa de conversão para o Dólar Americano:

16. Responsável pelas Informações

Nome:

Instituição:

Endereço:

Telefone:

e-mail:

ASSINATURA:

108
4.4 VALORAÇÃO DE DANOS AMBIENTAIS

A partir da constatação e caracterização do dano ambiental podemos utilizar as técnicas


apresentadas nesta seção para a sua valoração. A tarefa mais difícil para o perito é decidir
quais danos ambientais devem ser considerados e como quantificá-los, para então, valorá-
los. Na verdade não existe uma “receita de bolo” para esta tarefa. Uma recomendação útil
para a realização desta tarefa é começar sempre com o mais óbvio e simples, ou seja, com
os danos ambientais de maior magnitude e importância que, geralmente, são os mais
facilmente de identificar. Para este propósito, o perito ambiental deve utilizar uma técnica
quantitativa de avaliação de impacto ambiental A Tabela 13 apresenta as técnicas usuais
de valoração de dano ambiental apresentados na literatura especializada.

Tabela13 – Métodos de valoração de danos ambientais da literatura especializada

MÉTODO DE VALORAÇÃO EFEITOS VALORADOS BASE FUNDAMENTAL

I– ENFOQUES OBJETIVOS
DE VALORAÇÃO

a) Mudança de Produtividade Produtividade Técnica / Física

b) Custo de Enfermidade Saúde (morte) Técnica / Física

c) Capital Humano Saúde (morte) Técnica / Física

d) Custo de Restauração Ativos de capital e recursos Técnica / Física

II – ENFOQUE SUBJETIVO DE
VALORAÇÃO

a) Custos Preventivos e Saúde, Produtividade, Ativos Comportamental


Mitigadores de Capital, Recursos Naturais Revelada

b) Hedônico Qualidade Ambiental Comportamental


Produtividade, Saúde, Revelada
Valor da propriedade Recursos Naturais
Diferença salarial
Saúde, Recursos Naturais Comportamental Revelada e
c) Custo de viagem Expressa

d) Valoração Contingencial
Os métodos de valoração de danos ambientais apresentados na literatura são classificados
em dois grandes grupos, os métodos com enfoque de valoração objetiva e os métodos
com enfoque de valoração subjetiva.

Os métodos de valoração com enfoque objetivo utilizam “funções de dano” que


relacionam o nível da ação do poluente (por exemplo, nível de concentração e tipo de
poluente atmosférico) com o grau do dano ambiental sobre o meio ambiente e sobre a
saúde do homem. Os dados para o desenvolvimento das funções são obtidos
experimentalmente em estudos de campo epidemiológicos (funções dano - reposta).

Os métodos de valoração subjetiva de impactos ambientais se baseiam na avaliação


subjetiva dos possíveis danos expressos ou revelados sobre um mercado real ou
hipotético. Estes métodos se baseiam em preferências expressas ou reveladas dos
indivíduos que constituem o universo de análise. A seleção do método depende do se
quer valorar, o diagrama da Figura 2.4.3 mostra um fluxo simples de seleção das técnicas
de valoração objetivas e subjetivas.

Dentre as técnicas de valoração que existem serão apresentados aqueles estão sendo mais
utilizados para valoração de danos ambientais. Os métodos de valoração de danos
ambientais usualmente empregados são:

1. Método do FATOR AMBIENTAL


2. Método DEPRN
3. Método do IBAMA
4. Método de CARDOZZO
5. Método CATES
6. Método da CETESB
7. Método OBJETIVOS
8. MÉTODOS SUBJETIVOS

110
IMPACTO AMBIENTAL

não Mudanças na Qualidade Ambiental

sim Qualidade do Ar
Habitat e Água
Recreação

Custo de Oportunidade Custo de Viagem


Existem preços de
Custo de Prevenção
mercados não
Valor Contingencial
Custo de Reposição
Efetividade do Custo de
Prevenção

sim não Valor da Propriedade


Ativos Estéticos,
Custos de Realocação Genéticos, Culturais

Valor Contingencial
Utilizar a
técnica de Valor Contingencial
mudança de
produtividade
Efeitos na Saúde Morte

Enfermidade Capital Humano


Empregar as técnicas de
mercados substitutos
utilizando preço-sombra Perda de Receita Prevenção de CEA
para mudança de
produtividade
Custos Médicos
Figura 13 – Diagrama de Valoração Ambiental
MÉTODO DO FATOR AMBIENTAL PARA VALORAÇÃO DE DANOS
AMBIENTAIS

Referência: Romanó, E., N., L., “Avaliação Monetária do Meio Ambiente”, Cad. Min.
Público Paraná, v.2, n.5, p. 143 – 147, jun. 1999.

1. INTRODUÇÃO

A pesquisadora Elma Romanó considera que a degradação ambiental seja uma alteração
adversa das características do ambiente e que a sua valoração é bastante complexa. Ela
cita que para se avaliar os danos ambientais devemos considerar todas as variáveis
relacionadas e buscar recompor novamente o ambiente impactado, como se apresentava
em sua forma original.

Segundo Elma, devemos incialmente determinar através de cálculos matemáticos simples


apenas os custos para se reconstituir o ambiente na sua forma original, ou seja, os valores
econômicos para recuperação da área, sem considerara a importância ecológica.

Por exemplo, ao se avaliar o dano ambiental associado ao desmatamento ilegal de uma


área, deve se considerar todas as etapas necessária para se recompor a área, considerando
o tipo de solo, adubação, tratos culturais (para um período não inferior a 5 anos), mão-de-
obra necessária para todas as etapas do plantio, desde limpeza da área até o replantio,
coroamento das mudas, hora/máquina necessárias, preço das mudas, transporte das
mesmas, entre outras variáveis. O lucro que foi obtido na retirada da madeira do local,
preço de mercado e custos da retirada da mesma,também deve ser considerado no cálculo.

Dessa forma, a determinação contábil das atividades necessárias para recompor a área
afetada permitirá determinar a quantidade de recursos monetários necessários para se
implantar no local uma floresta. Devemos ainda lembrar que uma floresta levará no
mínimo trinta anos para se recompor, portanto, aos custos de recomposição estão ainda
associados com outras variáveis tais como o tempo e o clima, grau de degradação da
área, desmate procedido de fogo, destoca, ou ainda se a área sofreu inundação.
Diversos pesquisadores estabelecem hipóteses e modelos para verificar se é possível
avaliar monetariamente o patrimônio natural, se isso é legítimo, ou ainda se a natureza
tem preço?

Segundo Elma, o preço da natureza é ainda um conceito abstrato, mas de alguma forma
ele deve ser considerado na avaliação do dano ambiental. Para tanto, no modelo proposto
por Elma Romanó, o “valor da natureza” é associado ao chamado “Fator Ambiental’, que
é definido como sendo um valor fixo igual a 100% do custo de recomposição do meio
ambiente.

Assim, o valor total do dano ambiental será a soma do custo de recomposição do meio
ambiente afetado mais o “valor da natureza, calculado conforme citado acima. A relação
proposta pelo modelo de Elma tem a seguinte forma,

AV = (X + Y + Z + .....N) + FA
onde,

• AV = Avaliação do Dano Ambiental (em unidades monetárias);


• (X, Y, Z, ...., n) = somatório dos custo das n atividades necessárias para recompor
o meio ambiente afetado (em unidades monetárias);
• FA – Fator Ambiental (= 100% do somatório do custo de recomposição)
(unidades monetárias)

Assim temos,

AV = (X + Y + Z + ... + n) + (X + Y + Z + ... + n) * 100%

Na perícia técnica ambiental requerida nas ações judiciais devemos sempre considerar
eminentemente a avaliação econômica de forma objetiva. No modelo proposto, a inclusão
do chamado Fator Ambiental tem como objetivo principal incluir a importância ecológica
da natureza e, estabelecer um procedimento padrão para avaliação do dano ambiental.

113
Segundo Elma, para todas as atividades degradadoras do meio ambiente é possível obter
os valores dos danos ambientais associados. Por exemplo, para a poluição dos rios pelo
lançamento de efluentes, pode-se considerar o custo de implantação dos sistemas de
tratamento dos efluentes, a contratação de empresa e técnico habilitado, análises físico-
químicas e o custo para implantação de projeto de despoluição. O exemplo abaixo ilustra
a aplicação da metodologia proposta.

2. ESTUDO DE CASO

2.1. Nome do Proprietário: XXXXX;

2.2. Local de Ocorrência do Dano Ambiental: Pitanga PR;

2.3. Histórico: XXXXX;


2.3.1. Autuações recebidas pelo proprietário: XXXX;
2.3.1.1. Auto de Infraçãonº 000000 – data: dd/mm/aaaa e;
2.3.1.2. Enquadramento: queima de 6,0 ha de mata de reserva florestal da propriedade

2.4. Especificação do Dano Ambiental:

Constado pelo Órgão Ambiental do Estado do Paraná, o uso do fogo para limpeza de área
em 6 ha de mata nativa que fazia parte da reserva florestal do imóvel.

2.4.1.Corte de: 06,00 ha.

2.5. Reparação do Dano Ambiental:

A reparação do dano se dará com a recuperação da área de 6ha conforme autuação


efetuada pelo Órgão Ambiental, através do isolamento da área com cerca, plantio de
mudas de essências nativas, adubação, condução das mesmas até a fase adulta com os

114
devidos tratos culturais e combate a insetos (que não foi objeto de análise dentro dos
custos de recuperação)

2.6. Memória de Cálculo

2.6.1. Cálculo da área: 6 ha

2.6.2. Isolamento da área com cerca:

1 ha ------ 10.000 m2
6 ha ------- x x = 60.000 m2

V 60.000 = 244,94 m
244,94 m x 4 = 979,79 m de cerca.

2.6.2.1. Quantidade de arame farpado: Cerca com 5 fios.

5 x 979,79m = 4.898,95 m de arame farpado.

1 rolo ----- 500 m


x ------ 4.898,95 m x = 9,79 = l0 rolos.

2.6.2.2. Custo do arame farpado:

Custo de 1 rolo = R$ 40,00


10 rolos x 40,00 = R$ 400,00

2.6.2.3. Quantidade de palanques:

1 palanque a cada 2,00 m.


n° de palanques: 979,79/2 = 489,89 = 490 palanques.

115
2.6.2.4. Custo dos palanques:

1 palanque = R$ 1,61
1,61 reais x 490 = R$ 788,90

2.6.2.5. Quantidade e custo dos grampos para cerca:

Custo dos grampos: R$ 1,90/ kg de grampos


2 kg x R$ 1,90 = R$ 3,80

2.6.2.6. Custo de mão-de-obra para construção da cerca:

10 empregados fazem 200 buracos / dia

200 buracos ------1 dia


490 buracos ------ x x = 2,4 dias

1 diarista cobra R$ 20,00 / dia


R$ 20,00 x 10 empregados = R$ 200,00 / dia x 2,4 dias
Total = R$ 480,00

2.6.3. Quantidade de mudas necessárias:

1 muda a cada 4 m2 (espaçamento 2m x 2 m)

1 muda ----- 4 m2
y ----- 10.000 m2 y = 2.500 mudas / ha

2.500 mudas ----------1 ha


z ---------6 ha z = 15.000 mudas

116
2.6.3.1. Custo da mudas:

15.000 mudas x R$ 0,25 = R$ 3.750,00

2.6.3.2. Custo do coveamento das mudas (preparo e coveamento):

1 diarista faz 42 covas / dia durante 8hs de trabalho

42 covas ------------1 dia


15.000 covas -------y y = 350 dias

1 mês ----------- 42 covas x 20 (dias) = 840 covas / mês.

10 diaristas = 8.400 covas / mês.


15.000 / 8.400 = 2 meses para a confecção das covas.

Custo diarista = R$ 20,00 / dia x 20 dias = 400,00 / mês


10 diaristas x R$ 400,00 = R$ 4.000,00

2.6.3.3. Custo do preparo das covas e plantio das mudas:

1 diarista ------------ 100 mudas / dia


10 diaristas --------- y y = 1.000 mudas

1.000 mudas ------- 1 dia


15.000 mudas ------ x x = 15 dias

Custo de R$ 20,00 x 10 = 200,00 x 15 dias = R$ 3.000,00

117
2.6.3.4. Custo tratos culturais:

10 diaristas--------1 mês para realizar os tratos culturais

R$ 20,00/ dia x 10 diaristas = 200,00 x 20 / dias = 4.000,00 x 4 anos (até que a


muda esteja desenvolvida). = R$ 16.000,00

2.7. Totalização dos Custos

2.7.1. Isolamento da área com cerca: (X)

X = 400,00 (custo do arame) + 788,90 (custo dos palanques) + 3,80 (custo dos grampos)
+ 480,00 (mão-de-obra)

X= R$ 1.672,70

2.7.2. Plantio das mudas: (Y)

Y = 3.750,00 (custo das mudas) + 4.000,00(custo coveamento) + 3.000,00 (mão-de-obra)

Y= R$ 10.750,00

2.7.3. Tratos culturais: (Z)

Z = R$ 16.000,00 (mão-de-obra)

2.7.4. Total:

1.672,70 + 10.750,00 + 16.000,00 = Total (X,Y,Z) = R$ 28.422,70

118
2.8. Avaliação Ambiental

AV= (R$ 28.422,70)+ FA (fator ambiental)


AV =(R$28.422,70) + 100%
AV = R$ 28.422,70 + R$ 28.422,70 = R$ 56.843,40

3. CONCLUSÃO

Este cálculo poderá ser mais completo, incluindo os custos faltantes de combate à
formiga, adubação, volume de madeira que foi queimada na área. Dessa forma, nota-se
que o valor subjetivo torna-se objetivo, não deixando dúvidas na variável ambiental. A
valoração do dano ambiental realizado desta forma não produzirá divergências subjetivas,
mas apenas de custo, que varia de região para região. Outro fator que está pode ser usado
no calculo do dano é o custo das áreas por hectare da região, quando da inexistência de
dados de mercado. Neste caso se utiliza a mesma fórmula, mas, ao invés das variáveis
X,Y,Z, faz-se o seguinte calculo,

AV= Área em hectares x custo / hectare - valor de mercado + FA (100%)


AV = 6 ha x R$ 4.500,00 + FA
FA = 6 ha x R$ 4.500,00
AV = 27.000,00 x 2
AV = R$ 54.000,00

Este cálculo corresponde à área degradada que nem sempre coincidirá com os valores
calculados através da primeira forma, o que faz crer que o melhor método de avaliação é
o primeiro, uma vez que, pode ser aplicado em todas as situações e não deixa dúvidas
para nenhuma das partes nas ações ambientais. Cabe observar que quando é utilizado o
método de valoração dos danos em funcao do valor da área, geralmente, se utiliza um
valor menor conforme empregado em processos indenizatórios de áreas desapropriadas,
considerando o valor da terra nua, o que faz incorrer em erro.

119
MÉTODO DO DEPRN PARA VALORAÇÃO DE DANOS AMBIENTAIS

Referência: Galli, F., L., “Valoração de Danos Ambientais – Subsídio para Ação Civil”,
Série Divulgação e Informação, 193, Companhia Energética de São Paulo, CESP, São
Paulo, 1996.

I. INTRODUÇÃO

Esta proposta foi elaborada pelo Departamento Estadual de Proteção de Recursos


Naturais (DEPR), da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, com o
objetivo de atender duas premissas básica, a primeira é ser de aplicação prática e, a
segunda é poder aplica-la às condições brasileiras. A apresentação desta metodologia foi
realizada no Seminário promovido pelo DEPR em 1992.

II. METODOLOGIA

A metodologia proposta é bastante simples e consiste basicamente no uso de duas tabelas.


Na primeira tabela, o meio ambiente é dividido em seis aspectos ambientais: ar; água;
solo e subsolo; fauna; flora e paisagem. Para cada aspecto do ambiente são considerados
dois tipos de dano e, para cada tipo de dano são descritos e qualificados diversos agravos.

O perito, durante a vistoria da área impactada, define os aspectos ambientais afetados e,


para cada um deles, os tipos de dano. Em uma segunda etapa, o perito analisa o agravo
conforme mostrado na Tabela 1, qualificando-os de acordo com critérios pré-etabelecidos.

A definição do tipo de dano e os critérios de qualificação dos agravos, mostrados na


Tabela 1, são descritos em separado para cada um dos aspectos ambientais. De acordo
com os critérios de qualificação dos agravos, eles recebem um número que varia na faixa
de 0 a 3 unidades. Assim, ao final da utilização e análise da Tabela 1, o perito ambiental
avaliador obterá para cada um dos seis aspectos ambientais, um índice numérico
correspondente à qualificação dos agravos e, portanto, ao dano ambiental em análise.

Na sequência, para cada índice numérico, associado a cada aspecto ambeintal, é atribuído
um fator de multiplicação mostrado na Tabela 2. Assim, o perito ambiental obtém o

120
cálculo da indenização através do somatório dos fatores de multiplicação vezes o valor de
exploração, conforme mostrado pela relação abaixo,

INDENIZAÇÃO = Σ (Fator de multiplicação) x Valor de Exploração

O valor de exploração é o valor de mercado dos bens apropriados ou lesados, objeto da


ação civil, como por exemplo, o valor de mercado da tora ou da lenha provenientes de um
desmatamento irregular, ou ainda, o valor da aréia proveniente da exploração irregular.

Considerando que alguns bens degradados não têm valor de mercado estabelecido (como
por exemplo, atmosfera; ecossistema aquático, lençol de água subterrâneo), a
metodologia propõe a utilização do valor de recuperação do bem ou recurso lesado, para
o cálculo do valor do dano ambiental, conforme mostra a relação abaixo,

INDENIZAÇÃO = Σ (Fator de multiplicação) x Valor de Recuperação

Neste caso, o perito ambiental deverá estudar e indicar qual será o método de recuperação
mais adequado para cada situação analisada (controle da poluição atmosférica,
recuperação da área desmatada, terraplanagem, etc.) e, a partir desta seleção, estimar o
custo da recuperação.

Segundo o autor, em algumas situações a valoração do dano, utilizando o valor de


exploração ou recuperação se torna difícil ou praticamente impossível. Como exemplo, o
dano causado pela morte de um animal cuja espécie esteja ameaçada de extinção, ou o
caso de lesão ao patrimonio público tombado. Nestes casos, ainda existem lacunas que
deverão ser preenchidas com o tempo.

A Tabela 1 apresenta os seis aspectos ambientais considerados pela metodologia, os dois


tipos de dano atribuídos para cada um dos aspectos ambientais e os tipos de agravos
considerados para cada tipo de dano e aspecto ambiental considerado. A Tabela 2
apresenta os índices nméricos correspondentes à qualificação dos agravos, segundo o
aspecto ambiental e o fator de multiplicação.

121
Tabela 1. Descrição e qualificação dos agravos associados aos dois tipos de danos e aos seis aspectos ambientais em análise
ASPECTO
AMBIENTAL TIPO DE DANO DESCRIÇÃO E QUALIFICAÇÃO DOS AGRAVOS
Impacto causado pela Toxicidade da Proximidade de Áreas protegidas Comprometimento Morte ou dano à Morte ou dano à Dano ao
emissão de gases, emissão centros urbanos do aquífero fauna flora patrimonio ou
partículas, agentes monumento
ATMOSFERA biológico, energia natural

Impacto na dinâmica Morte ou Morte ou Alteração da Previsão de


atmosférica ( x 1,5) dano à fauna dano à flora qualidade do ar reequilíbrio

Impacto causado por Toxicidade da Comprometi- Áreas protegidas Dano ao solo e/ou Morte ou Morte ou dano à Dano ao
compostos químicos, emissão mento do subsolo dano à fauna flora patrimonio ou
físicos, biológico, energia aquífero monumento
natural
ÁGUA Impacto na hidrodinâmica Morte ou Morte ou Alteração da Alteração da vazão Previsão de
( x 1,5) dano à fauna dano à flora classe do corpo / volume de água reequilíbrio
hídrico
Impacto causado por Toxicidade da Comprometi- Áreas protegidas Assoreamento de Morte ou Morte ou dano à Dano ao Objetivando
agentes químicos, físicos, emissão mento do corpo hídrico dano à fauna flora patrimonio ou comercializa-ção
biológicos e energia aquífero monumento
SOLO / natural
SUBSOLO Impacto na dinâmica solo Morte ou Morte ou Alteração na Dano ao relevo Previsão de
e/ou subsolo ( x 1,5) dano à fauna dano à flora capacidade de uso reequilíbrio
da terra
Áreas protegidas Espécies Espécies endemica Fêmeas Objetivando
Dano aos indivíduos ameaçadas de comercialização
extinção
FAUNA Impacto na dinâmica da Importancia Morte ou Alteração dos Previsão de
comunidade ( x 1,5) relativa dano à flora nichos ecológicos reequilíbrio

Áreas protegidas Espécies Espécies endemica Favorecimento da Dano ao Objetivando


Dano aos indivíduos ameaçadas de erosão patrimonio ou comercializa-ção
extinção monumento
FLORA Natural
Impacto na dinâmica da Morte ou Importancia Alteração dos Previsão de
comunidade ( x 1,5) dano à fauna relativa nichos ecológicos reequilíbrio

Áreas e/ou Proximidade de Reversão do dano Comprometimen to Comprometi- Morte ou dano à Morte ou dano à Dano ao
Dano à paisagem municípios centros urbanos do aquífero mento do solo - fauna flora patrimônio
protegidos subsolo monumento nat.
PAISAGEM Dano ao patrimonio Proximidade de Reversão do Comprometimento Comprometimen to Morte ou Morte ou
cultural, histórico, turistico, centros urbanos dano do aquífero do solo / subsolo dano à fauna dano à flora
arquit., artístico ( x 1,5)
Tabela 2. Índice numérico de qualificação dos agravos

ASPECTO DO INTERVALO DO ÍNDICE NUMÉRICO


AMBIENTE CORRESPONDENTE A QUALIFICAÇÃO DOS
AGRAVOS
AR ≤ 6,8 ≤ 13,6 ≤ 20,4 ≤ 27,2 ≤ 34,0
ÁGUA ≤ 7,2 ≤ 14,4 ≤ 21,6 ≤ 28,8 ≤ 36,0
SOLO-SUBSOLO ≤ 7,5 ≤ 15,0 ≤ 22,5 ≤ 30,0 ≤ 37,5
FAUNA ≤ 6,4 ≤ 12,8 ≤ 19,2 ≤ 25,6 ≤ 32,0
FLORA ≤ 6,6 ≤ 13,2 ≤ 19,8 ≤ 26,4 ≤ 33,0
PAISAGEM ≤ 8,0 ≤ 16,0 ≤ 24,0 ≤ 32,0 ≤ 40,0
FATOR DE 1,6 3,2 6,4 12,8 25,6
MULTIPLICAÇÃO

III . CRITÉRIOS DE QUALIFICAÇÃO DOS AGRAVOS

1) AR
Os agravos descritos na linha Impacto na dinâmica atmoférica da Tabela 1, têm os
seus valores multiplicados por 1,5.

• Toxicidade da emissão (baseada na literatura)


¾ Comprovada = 3
¾ Fortes indícios = 2
¾ Suposta = 1

• Proximidade de centros urbanos


¾ Centro urbano (com população ≥ 60.000 hab, distante até 10km = 2
¾ Centro urbano (com população ≥ 60.000 hab, distante até 25km = 1

• Localização em relação a área protegida (unidades de conservação)


¾ Dentro da área = 2
¾ Sob influência = 1

• Comprometimento do aquífero, decorrente do dano ao ar


¾ Comprovado = 2
¾ Suposto = 1

123
• Morte ou dano à fauna, decorrente do dano ao ar
¾ Comprovado = 2
¾ Suposto = 1

• Morte ou dano à flora, decorrente do dano ao ar


¾ Comprovado = 2
¾ Suposto = 1

• Dano ao patrimônio cultural histórico, artístico, arqueológico e turístico e/ou a


monumentos naturais, decorrente do dano ao ar
¾ Comprovado = 2
¾ Suposto = 1

• Alteração da qualidade do ar
¾ Estado de emergencia = 3
¾ Estado de Alerta = 2
¾ Estado de Atenção ou péssimo = 1

• Previsão de reequilíbrio (quando não é possível a previsão a curto prazo,


utilizar o critério de custo de recuperação ou custo dos equipamentos
preventivos, na seguinte ordem: baixo custo = 1; médio custo = 2; alto custo =
3)
¾ Curto prazo = 1
¾ Médio prazo = 2
¾ Longo prazo = 3

2) ÁGUA

Os agravos descritos na linha de impacto na hidrodinâmica (alteração do fluxo e/ou


vazão) da Tabela 1, têm seus valores multiplicados por 1,5.

• Toxicidade da emissão (baseada na literatura)


¾ Comprovada = 3
¾ Fortes indícios = 2

124
¾ Suposta = 1

• Comprometimento do aquífero
¾ Comprovado = 3
¾ Fortes indícios = 2
¾ Suposto = 1

• Localização em relação as áreas protegidas (unidades de conservação)


¾ Dentro = 3
¾ Na mesma bacia hidrográfica à montante = 2
¾ Na mesma bacia hidrográfica à jusante = 1

• Dano ao solo e/ou subsolo, decorrente do dano à água


¾ Comprovado = 2
¾ Suposto = 1

• Morte ou dano à fauna, decorrente do dano à água


¾ Comprovado = 2
¾ Suposto = 1

• Morte ou dano à flora, decorrente do dano à água


¾ Comprovado = 2
¾ Suposto = 1

• Dano ao patrimônio cultural histórico, artístico, arqueológico e turístico e/ou a


monumentos naturais, decorrente do dano à água
¾ Comprovado = 2
¾ Suposto = 1

• Alteração da classe do corpo hídrico (baseado na Resolução do CONAMA)


¾ Comprovado = 3

125
• Alteração na vazão / volume de água
¾ Significativa = 2
¾ Não significativa = 1

• Previsão de reequilíbrio na condição natural (quando não é possível a previsão


a curto prazo, utilizar o critério de custo de recuperação ou custo dos
equipamentos preventivos, na seguinte ordem: baixo custo = 1; médio custo =
2; alto custo = 3)
¾ Curto prazo = 1
¾ Médio prazo = 2
¾ Longo prazo = 3

3) SOLO E SUBSOLO

• Toxicidade da emissão (baseada na literatura)


¾ Comprovada = 3
¾ Fortes indícios = 2
¾ Suposta = 1

• Comprometimento do aquífero, decorrente do dano ao solo/subsolo


¾ Comprovado = 3
¾ Fortes indícios = 2
¾ Suposto = 1

• Localização em relação às áreas protegidas


¾ Totalmente inserido = 2
¾ Parcialmente inserido = 1

• Assoreamento de corpos hídricos


¾ Grande intensidade = 3
¾ Média intensidade = 2
¾ Pequena intensidade = 1

126
• Morte ou dano à fauna, decorrente do dano ao solo/subsolo
¾ Comprovado = 2
¾ Suposto = 1

• Morte ou dano à flora, decorrente do dano ao solo/subsolo


¾ Comprovado = 2
¾ Suposto = 1

• Dano ao patrimônio cultural histórico, artístico, arqueológico e turístico e/ou a


monumentos naturais, decorrente do dano ao solo/subsolo
¾ Comprovado = 2
¾ Suposto = 1

• Objetivando a comercialização
¾ Atividade principal ou secundária = 1

• Alteração na capacidade de uso da terra


¾ Em mais de uma classe (p/ex: classe 1 para 3) = 3
¾ Em uma classe = 2
¾ Na mesma classe de uso (subclasses) = 1

• Danos ao relevo (alteração da declividade, desmoronamento, etc)


¾ Ocorrido = 3
¾ Grande risco = 2
¾ Pequeno risco = 1

• Previsão de reequilíbrio na condição natural (caso não haja possibilidade de


previsão do prazo, utilizar os critérios de custo de recuperação na seguinte
ordem: baixo custo (menor que o da exploração) = 1; médio custo
(equivalente ao da exploração) = 2; alto custo (maior que da recuperação) = 3
¾ Curto prazo = 1
¾ Médio prazo = 2
¾ Longo prazo = 3

127
4) FAUNA

Os agravos descritos na linha de impactos na dinâmica da comunidade da Tabela 1,


têm seus valores multiplicados por 1,5

• Localização em relação às áreas protegidas


¾ Dentro = 3
¾ No raio de ação do animal = 2

• Ocorrência de espécies ameaçadas de extinção (Baseada na Portaria do


IBAMA No 1522 de 19/12/89)
¾ Comprovada = 3
¾ Suposta = 2

• Ocorrência de espécies endêmicas


¾ Comprovada = 2
¾ Suposto = 1

• Ocorrência de Fêmeas
¾ Prenhas ou ovadas = 3
¾ Comprovada = 2
¾ Suposto = 1

• Objetivando comercialização
¾ Atividade principal = 3
¾ Atividade secundária = 2

• Importância relativa
¾ Espécie que não de reproduz em cativeiro = 3
¾ Espécie que se reproduz em cativeiro = 2
¾ Espécie criada comercialmente = 1

128
• Morte ou dano à flora, decorrente do dano à fauna
¾ Comprovado = 3
¾ Fortes indícios = 2
¾ Suposto = 1

• Alteração nos nichos ecológicos


¾ Comprovada = 3
¾ Fortes indícios = 2
¾ Suposto = 1

• Previsão de reequilíbrio (natural, caso não haja possibilidade de previsão de


prazo, utilizar como critério: outras espécies = 1; espécies endêmicas = 2;
espécies ameaçadas = 3)
¾ Longo prazo = 3
¾ Médio prazo = 2
¾ Curto prazo = 1

5) FLORA

Os agravos descritos na linha impacto na dinâmica da comunidade da Tabela 1,


têm seus valores multiplicados por 1,5. Para maciços maiores que 0,1ha, deve-se
analisar os danos aos indivíduos e a comunidade.

• Localização em relação às áreas protegidas


¾ Totalmente inserido = 3
¾ Parcialmente inserido = 2

• Ocorrências de espécies ameaçadas de extinção (Portaria IBAMA No 1522 de


19/12/89)
¾ Comprovada = 3
¾ Suposta = 2

129
• Ocorrência de espécies endêmicas (baseado em literatura)
¾ Real ocorrência = 3
¾ Suposta ocorrência = 2

• Favorecimento à erosão
¾ Comprovada = 3
¾ Fortes indícios = 2
¾ Suposta = 1

• Dano ao patrimônio cultural histórico, artístico, arqueológico e turístico e/ou a


monumentos naturais, decorrente do dano à flora
¾ Comprovado = 2
¾ Suposto = 1

• Objetivando a comercialização
¾ Atividade principal = 2
¾ Atividade secundária = 1

• Morte ou dano à fauna, decorrente do dano à flora


¾ Comprovada = 3
¾ Fortes indícios = 2
¾ Suposto = 1

• Importância relativa. Possibilidade de ocorrência na região de parcela similar


qualitativamente e quantitativamente à área degradada (estudar o aspecto
paisagem)
¾ Área 30 vezes maior que a área degradada = 3
¾ Área entre 10 e 30 vezes a área degradada = 2
¾ Área até 10 vezes maior a área degradada = 3

• Alteração nos nichos ecológicos


¾ Comprovada = 3
¾ Fortes indícios = 2

130
¾ Suposto = 1

• Previsão de reequilíbrio (caso não seja possível a previsão de prazo, analisar o


estágio de regeneração: inicial = 1; médio = 2; avançado = 3)
¾ Longo prazo = 3
¾ Médio prazo = 2
¾ Curto prazo = 1

6) PAISAGEM

Os agravos descritos na lina dano ao patrimônio cultural, histórico, artístico e turistico


(legalmente constituído, tombado pelo CONDEPHAAT ou SPHAN), da Tabela 1 têm
seus valores multiplicados por 1,5

• Localização em relação a área e/ou município protegido (unidade de


conservação)
¾ Dentro = 3

• Proximidade de centros urbanos


¾ Centro urbano com população ≥ a 60.000 hab, distante até 10km = 3
¾ Centro urbano com população ≥ a 60.000 hab, distante até 25km = 2
¾ Centro urbano com população ≥ a 60.000 hab, distante até 50km = 1

• Reversão do dano
¾ Alto custo = 3
¾ Médio custo = 2
¾ Baixo custo = 1

• Comprometimento do aquífero (estudar o aspecto água)


¾ Diretamente relacionado = 2
¾ Não diretamente relacionado = 1

131
• Comprometimento do solo / subsolo (estudar o aspecto solo/subsolo)
¾ Diretamente relacionado = 2
¾ Não diretamente relacionado = 1

• Morte ou dano à fauna (estudar o aspecto fauna)


¾ Diretamente relacionado = 2
¾ Não diretamente relacionado = 1

• Morte ou dano à flora (estudar o aspecto flora)


¾ Diretamente relacionado = 2
¾ Não diretamente relacionado = 1

• Dano ao patrimônio cultural, histórico, artístico, arqueológico e turístico, e/ou


cultural
¾ Tombado pelo CONDEPHAAT = 2
¾ Não tombado = 1

IV. ESTUDO DE CASO

A Curadoria de Meio Ambiente do Município de São José dos Campos do Estado de


São Paulo moveu uma ação civil pública por dano ambiental contra uma empresa de
empreendimentos imobiliários que desmatou 25ha de Mata Atlântica remanescente,
para a implantação de um loteamento, com área superior a 100ha, sem qualquer
licença ambiental. Durante a vistoria da área, o assitente técnico da Promotoria
avaliou a importância da vegetação destruída, caracterizada após uma análise de
restos de vegetação e dos remanescentes contíguos, como mata secundária, de porte
arbóreo, com altura média em torno de 10m e sub-bosque (estrato arbustivo e
herbáceo) denso. Constatou, ainda, que os restos de vegetação seriam queimados e
enterrados no local. A terraplanagem realizada em uma área de 10ha deixou a área
suceptível à erosão, com assoreamento do riacho que corta o loteamento. A valoração
do dano foi realizada pelo assistente técnico através da metodologia do DEPRN,
conforme mostrado a seguir.

132
1 - CÁLCULO DO FATOR DE MULTIPLICAÇÃO

a) Água: Impacto na hidrodinâmica (x 1,5)

• Morte ou dano à fauna

- suposto ................................................. 1 x 1,5 = 1,5

• Morte ou dano à flora

- suposto ................................................. 1 x 1,5 = 1,5

• Alteração da vazão / volume de água

- significativa........................................... 2 x 1,5 = 3,0

• Previsão de reequilíbrio

- longo prazo .............................................. 3 x 1,5 = 4,5

Índice numérico = 1,5 + 1,5 + 3,0 + 4,5 = 10,5

Fator de multiplicação (Tabela 2) = 3,2

b) Solo e subsolo: Impacto na dinâmica do complexo solo e subsolo (x 1,5)

• Morte ou dano à fauna

- suposto ................................................... 1 x 1,5 = 1,5

• Morte ou dano à flora

- suposto ....................................................1 x 1,5 = 1,5

• Alteração da capacidade de uso da terra

- na mesma classe de uso .......................... 1 x 1,5 = 1,5

• Dano ao relevo

- grande risco ............................................. 2 x 1,5 = 3,0

• Previsão de reequilíbrio

133
- longo prazo .............................................. 3 x 1,5 = 4,5

Índice numérico = 1,5 + 1,5 + 1,5 + 3,0 + 4,5 = 12,0

Fator de multiplicação (Tabela 2) = 3,2

c) Fauna: Impacto na dinâmica da comunidade (x 1,5)

• Alteração dos nichos ecológicos

- comprovada ............................................. 3 x 1,5 = 4,5

• Previsão de reequilíbrio

- longo prazo .............................................. 3 x 1,5 = 4,5

Índice numérico = 4,5 + 4,5 = 9,0

Fator de multiplicação (Tabela 2) = 3,2

d) Flora: Impacto na dinâmica da comunidade (x 1,5)

• Morte ou dano à flora

- fortes indícios ............................................. 2 x 1,5 = 3,0

• Importância relativa

- área até 10 x maior que a degradada .......... 1 x 1,5 = 1,5

• Alteração dos nichos ecológicos

- comprovada ................................................ 3 x 1,5 = 4,5

• Previsão de reequilíbrio

- longo prazo ................................................. 3 x 1,5 = 4,5

Índice numérico = 3,0 + 1,5 + 4,5 + 4,5 = 13,5

Fator de multiplicação (Tabela 2) = 6,4

134
e) Paisagem: Dano a Paisagem

• Localização em áreas protegidas

- dentro ....................................................................... 3,0

• Proximidade de centro urbano

- centro urbano (sup. 60.000 hab.)


distante até 10km ..................................................... 3,0

• Reversão do dano

- alto custo .................................................................. 3,0

• Comprometimento do aquífero

- diretamente relacionado ........................................... 2,0

• Comprometimento do complexo solo – subsolo

- diretamente relacionado ....................................... 2,0

• Morte ou dano à flora

- diretamente relacionado ....................................... 2,0

Índice numérico = 3,0 + 3,0 + 3,0 + 2,0 + 2,0 + 2,0 + 2,0 = 17,0

Fator de multiplicação (Tabela 2) = 6,4

Σ (Fator de multiplicação) = 3,2 + 3,2 + 3,2 + 6,4 + 6,4 = 22,4

135
2. CÁLCULO DO VALOR DE RECUPERAÇÃO

Para a determinação dos custos de recuperação da área degradada foram considerados


os serviços de reafeiçoamento e preparo do terreno, na área correpondente a 10ha,
onde foi realizada a terraplanagem e, a recomposição da área desmatada
correspondente a 25ha.

O reafeiçoamento do terreno, além de possibilitar o controle da drenagem e a redução


da erosão do solo, facilita a mecanização das demais operações de preparo do solo e
plantio. Incluí-se nesta operação a contrução de terraços, que evita a formação de
enxurrada, facilita a infiltração da água no solo e o desenvolvimento das mudas.

Para a recomposição vegetal da área deve-se ter como objetivo a recosntrução da


estrutura e a composição original da vegetação anterior, resguardando a diversidade
das espécies e representatividade genética das populações. Tratando-se, entretanto, de
área que sofreu profundas modificações, principalmente, em funçãoda terraplanagem,
a formação de uma floresta com as mesmas caracteeríticas da original é praticamente
impossível. A estimativa dos custos da recomposição vegetal, correspondente as
etapas de implantação e manuntenção da vegetação para a sua consolidação é indicada
no Quadro 1.

136
Quadro 1. Valor de recuperação da área degradada

Custo Custo / Área Subtotal


Operação Equipamentos Unidade Unitário ha (R$) (ha) (R$)
(R$)
1. Reafeiçoamento
e Sistematização
- Terraceamento D6 16h/ha 105,00 1.680,00 10 16.800,00
-Manut. Terraços D6 2h/ha 105,00 210,00 10 2.100,00

2. Preparo do Solo
- Subsolagem D6 4h/ha 50,00 200,00 10 2.000,00
- Calagem Trator agrícola 3h/ha 16,00 48,00 10 480,00
- Gradagem leve Trat. agr.+ grade 3h/ha 16,00 48,00 10 480,00

3. Recomposição
Florestal
- Combate à 30ho-h/ha 1,40 42,00 15 630,00
formiga
- Marcação de covas 10ho-h/ha 1,40 14,00 15 210,00
- Coveamento 150ho-h/ha 1,40 210,00 15 3.150,00
- Adubação 15ho-h/ha 1,40 21,00 15 315,00
- Distribuição 25ho-h/ha 1,40 35,00 15 525,00
mudas
- Transporte Trator + carreta 3h/ha 16,00 48,00 15 720,00
material
- Plantio 75ho-h/ha 1,40 105,00 15 1575,00
- Replantio 30ho-h/ha 1,40 42,00 15 630,00
- Roçada Trator agrícola + 2h/ha 16,00 32,00 15 480,00
roçadeira
- Capina na linha 100ho-h/ha 1,40 140,00 15 2.100,00
- Adubação 15ho-h/ha 1,40 21,00 15 315,00
cobertura

4. Insumos
- Calcáreo 3t/ha 65,00 10 650,00
- Fertilizante 450kg/ha 0,51 220,50 15 3.442,50
- Formicida 12kg/ha 1,20 14,40 15 216,00
- Mudas 2.222/ha 0,64 1.422,00 15 21.342,00
- Mudas (replantio) 222/ha 064 142,08 15 2.131,20

TOTAL (R$) 60.391,70


ho – h / ha : homem / hora / hectare

3. VALOR DE RECUPERAÇÃO E CÁLCULO DO DANO

A partir do valor de recuperação determinado, conforme indicado no Quadro 1, que é


a R$ 60.391,70 (secenta mil trezentos e noventa e um reais e setenta centavos),
podemos calcular o valor do dano ambiental para a indenização. Aplicando a relação
abaixo temos,

137
INDENIZAÇÃO = Σ (Fator de multiplicação) x Valor de Recuperação

INDENIZAÇÃO = 22,4 x R$ 60.391,70 = R$ 1.352.774,08


VALOR DO DANO AMBIENTAL = R$ 1.352.774,08

4. CONCLUSÕES

A valoração do dano ambiental tem sido uma das principais dificuldades na condução
da ação civil. Apesar da existência de diversos métodos de valoração de dano
ambiental, muitos deles são de difícil aplicação ou desconhecidos pelos peritos
judiciais e assitentes técnicos envolvidos com ações civis públicas.

No entanto, as limitações dos processos e metodologias de valoração de danos


ambientais não devem impedir ou justificar a não valoração do dano e prosseguimento
da ação civil, sob pena de privilegiar o agressor do meio ambiente e favorecer a
degradação do meio ambiente. A qualificação do dano deve considerar todos os
elementos ambientais envolvidos, indepedentemente da sua valoração, pois somente
dessa forma será possível determinar a real dimensão do dano ambiental.

Exemplo: Valoração de impacto ambiental para obra de engenharia realizada em área


de maguezal e de restinga, em estudo de EIA/RIMA.

1) Pelo Valor de Mercado da Lenha

Estimando-se que o volume total de lenha gerado com o desmatamento da área para
instalação do empreendimento seja igual a 2.820m3 e, que o valor de mercado do
produto seja de R$ 10,00/m3, temos R$ 28.200,00 (valor de exploração).
Considerando que o somatório dos agravos é igual a 74,9, temos que

Valor de Indenização = somatório dos fatores x valor de exploração


Valor da Indenização = 74,9 x R$ 28.200,00 = R$ 2.112.180,00

2) Considerando cada Aspecto Ambiental de forma individual

a) Aspecto ambiental ar: Considerando a ocorrência de impacto no ar em


decorrência da emissão de material particulado e pelo ruído gerado pelas obras, pela

138
emissão de gases de combustão dos veículos e máquinas, além das atividades
industriais. O somatório dos agravos é igual a 6,0 pontos e o fator de multiplicação
equivalente é 1,6.

b) Aspecto ambiental água: Considerando que deverá ser afetada diretamente pela
dragagem dos rios e indiretamente pelo efeitos causados por essa atividade como
alteração da turbidez, eutrofização, ressuspensão de metais pesados, entre outros. O
somatório dos agravos é de 15 pontos e, o fator de multiplicação é de 12,8. Segundo o
EIA/RIMA, pretende-se dragar um volume de 1.395.000m3, ao custo de R$ 2,10/m3,
teremos o valor total de R$ 2.929.500,00.

Indenização = fator de multiplicação x valor de exploração


Indenização = 12,8 x R$ 2.929.500,00 = R$ 37.497.600,00

c) Aspecto solo/subsolo: Considerando que deverá ser afetado pelo aterro e


terraplanagem do terreno, provavelmente estará mais sujeito à erosão. Deverá receber
impermeabilização e alterações topográficas, entre outros efeitos. O somatório dos
agravos é igual a 11 pontos e, o fator de multiplicação associado igual a 6,4. Segundo
o EIA/RIMA, o total da área terraplanada é igual a 874.389m2, ao custo de R$
0,30/m2, o que totaliza R$ 262.317,00.

Indenização = fator de multiplicação x valor de exploração


Indenização = 6,4 x R$ 262.317,00 = R$ 1.678.828,80

d) Aspecto ambiental fauna: Considerando os impactos ambientais decorrentes


sobre os carangueijos que serão afetados diretamente pelo corte do manguezal, pela
dragagem e pelas obras de construção e, por terem valor comercial e serem fonte de
subsistência de comunidade de baixa renda da região. Os outros representantes da
fauna aquática e terrestre que serão afetados de forma direta ou indiretamente pelo
empreendimento não foram considerados e valorados. O somatório dos pontos é igual
a 19 e, o fator de multiplicação associado é igual a 28,5. Através de pesquisa de
campo na região, com vendedores ambulante, foi determinado que a dúzia ou a
“corda” do carangueijo Ucides sp é igual a R$15,00. No manguezal, segundo estudo
de literatura, a colonização desta espécie de carangueijo é de 4 indivíduos por m2.

139
Considerando que a área do mangue impactada será de 6.000m2, estima-se que 24.000
indivíduos poderão ser afetados, totalizando um custo de R$30.000.

Indenização = fator de multiplicação x valor de exploração


Indenização = 28,5 x R$ 30.000,00 = R$ 855.000,00

e)Aspecto ambiental flora: Neste caso será considerado somente a vegetação de


restinga que será alterada pelo desmatamento. O valor do corte da madeira do
manguezal não será computado pois entende-se que seu uso é proibido conforme
estabelecido pela legislação. O somatório dos pontos é igual a 16 e, o fator de
multiplicação associado é igual a 12,8. A partir das informações do EIA/RIMA,
estima-se que será desmatado 2.820m3 de lenha, com um custo de mercado de
R$10,00/m3, o que totaliza R$28.200,00.

Indenização = fator de multiplicação x valor de exploração


Indenização = 12,8 x 28.200,00 = R$ 360.960,00

f) Aspecto ambiental paisagem: Considera-se aquela que será totalmente alterada


pela obras do empreendimento, tanto para paisagem das áreas de restinga como a dos
manguezais. O somatório dos pontos é igual a 25,5 e o fator de multiplicação igual a
12,8. O valor de exploração foi considerado como sendo igual ao valor de recuperação
de 320.000m2 que deverá ser “revegetada”. A um custo de R$ 2,36 / m2, temos um
valor total de R$ 758.400,00. Assim temos,

Indenização = fator de multiplicação x valor de recuperação


Indenização = 25,5 x 758.400,00 = R$ 9.707.520,00

Somando todos os valores obtidos pelo cálculo de indenização dos recursos naturais
de forma individual temos o valor total da indenização de R$ 50.099.909,00.

VALOR TOTAL DA INDENIZAÇÃO = R$ 50.099.909,00

140
MÉTODO DE VALORAÇÃO DE IMPACTOS EM UCS DO IBAMA

Referência: www.eco.unicamp.br/ecoeco/artigos/parceria/1.pdf

I. INTRODUÇÃO

O Parecer Técnico do DIREC/IBAMA/2003 apresenta uma metodologia para a


valoração econômica dos impactos ambientais em unidade de conservação. Esta
metodologia foi desenvolvida pela equipe de técnicos do IBAMA coordenada pelo Dr.
Peter Herman May. Esta metodologia foi desenvolvida para a avaliação de grau de
impacto com conversão direta para compensação ambiental de empreendimentos
pontuais de comunicação e telecomunicação, radiodifusão e outras atividades afins,
pré-existentes em unidades de conservação.

II. OBJETIVO DA PROPOSTA

A metodologia tem como objetivo estabelecer os parâmetros para as compensações


ambientais decorrentes dos impactos ambientais provocados pelos empreendimentos
de comunicação localizados nas unidades de conservação, salvaguardando-se, porém,
a importância e a necessidade de novos estudos que venham aprimorar ou propor
novos métodos, tendo em vista a complexidade e as variadas abordagens sobre o
assunto.

III. IMPACTO AMBIENTAl EMPREENDIMENTOS DE COMUNICAÇÃO

Os impactos ambientais dos empreendimentos de comunicação localizados nas


Unidades de Conservação (UCs) possuem magnitudes diferenciadas de acordo com a
extensão das instalações, dos procedimentos locais de manutenção, da infra-estrutura
e dos equipamentos existentes, da pressão das atividades antrópicas envolvidas, dentre
outros aspectos. Os mais relevantes considerados na proposta do IBAMA são o
desmatamento, alteração do meio biótico, poluição, alteração da paisagem, incêndios
e perda de visitação.
Dentre os impactos que são verificados pela ação dos desmatamentos das vertentes e
áreas de baixada, no âmbito de uma bacia hidrográfica, citam-se: erosão laminar;

141
deslizamentos; perda dos solos; aumento da taxa de nutrientes nos corpos aquáticos;
assoreamento dos rios; inundações na época chuvosa; diminuição do volume de água
nas nascentes, rios e lagos, durante a estiagem; desestabilização da relação
solo/água/biota; e degradação dos ecossistemas.

As mudanças ambientais e os impactos no meio biótico, advindos dos processos de


uso e ocupação da área pelos empreendimentos de comunicação, podem ocasionar a
alteração da biota, incluindo-se o desaparecimento de espécies e inversão do padrão
original de representatividade, favorecendo o aumento de espécies melhor adaptadas à
sobrevivência em áreas degradadas. Nos locais onde se localizam os equipamentos
dos serviços de telecomunicação, radiodifusão e atividades afins, constata-se poluição
sonora provocada por geradores de energia elétrica, veículos, mão-de-obra
operacional e de manutenção dos equipamentos.

No caso das áreas onde são encontradas cisternas também ocorre poluição hídrica, por
conta de esgotos não tratados observados nas instalações. Além da poluição hídrica,
há também poluição causada pela deposição de resíduos sólidos, por conta do lixo
gerado pelos funcionários dos empreendimentos, podendo, inclusive, contaminar
lençóis freáticos e corpos d’água próximos aos locais das instalações.

A presença de empreendimentos de comunicação em unidades de conservação pode


aumentar a incidência de incêndios devido à redução de umidade relativa nas
cercanias da instalação; à redução da evapotranspiração e aumento da temperatura; à
probabilidade de incidência de fontes de ignição pela presença de pessoal de operação
e manutenção, como fósforos, isqueiros, fogueiras, produtos inflamáveis, veículos; e
devidos à liberdade de acesso. Quando os empreendimentos de comunicação
encontram-se instalados nas áreas que possibilitam ao visitante uma visão panorâmica,
há uma perda da área de uso público para os visitantes/usuários, resultando no
impacto sobre a arrecadação financeira de ingressos, tendo em vista que estes recursos
poderiam ser aplicados nos programas de proteção, manejo e uso público das UCs.

142
IV. PROPOSTA METODOLÓGICA

O modelo inicialmente determina o valor total dos impactos ambientais causado pelo
empreendimento, pela seguinte relação,

VT= (P1 + P2+ P3+ P4 +P5)/ r


onde,
VT: Valor total
P1: Impacto de perda de área
P2: Impacto sobre perda de visitação
P3: Impacto sobre perda de produção de bens
P4: Impacto sobre recursos hídricos
P5: Impacto sobre perda de serviços ambientais
r: taxa de desconto oficial

A taxa de desconto (r) a ser aplicada, será definida pela Taxa de Juros de Longo
Prazo–TJLP estabelecida pelo Tesouro Nacional. Por exemplo, uma porcentagem de
12% será convertida, na fórmula, para 0,12. A divisão por r faz com que o somatório
dos valores atribuídos ao impacto ambiental, calculados em termos anuais, seja
expresso como a totalidade do valor dos impactos associados à permanência do dano
ao longo prazo.

A partir do valor total (VT) obtém-se o percentual de compensação, definido pelo art.
36 da Lei. 9985/2000, sobre o custo de implantação do empreendimento (CEMP). O
valor da compensação ambiental (VCEMP) é expresso pela seguinte equação,

VCOMP (%) = (VT/ CEMP) x 100

sendo que VCOMP ≥ 0,5.

143
DETERMINAÇÃO DA ÁREA DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO

Todas as parcelas do modelo se baseiam na área de influência do empreendimento.


Considera-se aqui que a mesma não se restringe à área edificada, tendo em vista que
os impactos extrapolam a área física onde se localizam as instalações.

A equação abaixo determina o cálculo da área de influência do empreendimento


(AEMP), definida a partir da análise de diversas áreas edificadas onde se localizam as
instalações. Verificou-se que a forma geométrica mais comum é o quadrado. Deste
modo, assumindo o quadrado como forma geral (AE) da área edificada, incorpora-se
aos lados do quadrado a faixa de influência do impacto (F). Trata-se de um modelo
matemático generalizável para estimar a área aproximada de qualquer figura
geométrica.

O valor de F deve ser estabelecido através de vistoria técnica no local, identificando-


se a distância do ponto máximo de influência do empreendimento a partir da área
edificada, em direção à área florestada. A equação mostrada abaixo fornecerá
diretamente a nova área do empreendimento acrescida da faixa de influência do
impacto gerado.

AEMP = 4 F2 + 4 x F x (AE)½ + AE

onde,

AEMP = área de influência do empreendimento;


F = faixa de influência do impacto causada pela instalação a partir de sua
fronteira edificada ou cercada;
AE = área edificada

144
CÁLCULO DO IMPACTO DE PERDA DE ÁREA (P1)

A supressão da biota da área edificada pelo empreendimento pressupõe a eliminação


da flora e fauna do ecossistema atingido. A biota eliminada não pode ser reposta no
local do empreendimento, somente podendo ser compensada em área ecologicamente
equivalente.

O valor desta parcela está diretamente relacionado à área impedida para fins de
conservação (área de influência do empreendimento) e com o custo associado à sua
substituição com área de igual tamanho, fora da unidade de conservação, que
permitiria a realização das atividades relacionadas a estes fins. Ou seja, como o
propósito é compensar uma perda do ecossistema suprimido pelo empreendimento, a
recriação de uma outra área o mais próximo possível da original perdida, com o
mesmo solo, clima, fauna e flora é adequado.

Para tanto, multiplica-se a área de influência do empreendimento pelo valor venal da


área do entorno, que pode ser obtido dos cadastros de ITR ou IPTU, conforme a área
do entorno seja rural ou urbana, respectivamente. O valor de fato de uma área do
entorno que se possa adquirir para esse propósito é o valor de mercado.

Assim, o cálculo desta parcela é obtido pelo produto da área do empreendimento


(AEMP) e do valor venal médio de propriedades, situadas nas áreas do entorno da
unidade de conservação (Vv), medidos em reais por metro quadrado, praticados no
período do cálculo da compensação.O valor da parcela é dado pela equação abaixo
descrita,

P1= AEMP x VV
onde,
AEMP = área de influência do empreendimento
Vv = valor venal médio

145
CÁLCULO DO IMPACTO SOBRE PERDA DE VISITAÇÃO (P2)

Seja pela beleza cênica ou pela possibilidade de contato direto com a natureza, as
unidades de conservação que permitem o uso público são bastante freqüentadas pela
população. Em virtude desta característica algumas UCs auferem recursos financeiros
através da cobrança de ingressos para visitação, o que em alguns casos constitui-se em
significativa parcela do orçamento da unidade.

Havendo empreendimentos de comunicação na área de uso público de uma unidade


de conservação, o espaço torna-se fechado à visitação, tendo em vista questões de
segurança dos equipamentos e da infra-estrutura dos empreendimentos. Além disso, a
presença das instalações tem impacto sobre a paisagem gerando redução do interesse
do público em visitar a área em questão. Assim, quando o empreendimento estiver
localizado fora da área de uso público da UC, considera-se que não implicará em
impacto sobre a visitação. Deste modo, a parcela não será incluída no modelo, pois
terá valor nulo. O cálculo desta parcela é determinado através da seguinte equação:

P2 = (AEMP / AUP) x VI x VM
onde,
AEMP = área de influência do empreendimento
AUP = área de uso público da UC, de acordo com seu Plano de Manejo
VI = valor do ingresso
VM = visitação média anual com base, preferencialmente, nos últimos cinco anos.

CÁLCULO DO IMPACTO SOBRE PERDA DE PRODUÇÃO DE BENS (P3)

Nas categorias de unidade de conservação Floresta Nacional, Reserva Extrativista,


Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva de Fauna é permitida a produção
e comercialização de bens naturais (Lei 9985/2000), como madeira, pescado e
essências vegetais, constituindo-se um percentual importante da receita destas
unidades.

146
A presença de empreendimentos de comunicação em áreas destinadas à produção dos
referidos bens implica na redução da sua produtividade. Quando o empreendimento
estiver localizado fora da área de produção de bens, considera-se que não acarretará
em impacto sobre a produção e comercialização dos mesmos. Deste modo, a parcela
não será incluída no modelo, pois terá valor nulo.

Para o cálculo desta parcela, utilizam-se os valores dos produtos potenciais que
podem ser produzidos pela UC (p/ex: potencial de produção madeireira sob manejo
sustentável), quando houver informações disponíveis já concluídas em estudos
desenvolvidos in loco, devidamente aprovados pelo órgão ambiental. Nestes casos
utiliza-se a equação,

P3A = ( AEMP / AP) x Pp


onde,
AEMP = área de influência do empreendimento
Ap = área de produção de bens, segundo o Plano de Manejo da UC
Pp = potencial produtivo estimado, em valor dos bens potencialmente produzidos, em
reais por ano.

No caso da não existencia de estudos, deverá ser utilizado o somatório da receita


anual obtida com todos os bens produzidos e comercializados na UC, tendo em vista
que a presença do empreendimento pode afetar indiscriminadamente o potencial
produtivo dos bens que são gerados na área de produção da unidade. Assume-se desta
forma o princípio da precaução, extraído do art. 225 da Constituição Federal e da
Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.983/1981). Nestes casos utiliza-se a
equação,

P3B = (AEMP / Ap) x ∑ (qi pi)


onde,
i = 1..... n
qi = quantidade produzida do bem i
pi = preço de venda do bem i

147
n = quantidade de bens produzidos e comercializados na UC, em média, nos últimos
cinco anos

CÁLCULO DO IMPACTO SOBRE RECURSOS HÍDRICOS (P4)

Um dos serviços ambientais prestados pelas Unidades de Conservação (UCs) e


recursos naturais associados consiste no suprimento de água de boa qualidade,
regulada em volume estável e previsível para o consumo humano. Em alguns estados,
notadamente no Paraná, estabeleceu-se o princípio de compensação municipal através
do ICMS Ecológico, tanto pelas UC presentes nos seus territórios, mas também pela
presença de mananciais que servem de alicerce para o abastecimento de água aos
demais municípios.

A valoração dos serviços de água prestados pelas UCs depende de informações sobre
a área da bacia hidrográfica afetada pelo empreendimento, o preço da água cobrado
para abastecimento e a vazão de água captada, se não houver captação de água na UC
considerada, esta parcela assume valor nulo. O cálculo desta parcela se dá através da
seguinte relação,

P4 = (AEMP / AB) x P x V
onde,
AEMP = área de influência do empreendimento
AB = área da bacia hidrográfica impactada dentro da UC
P = preço do metro cúbico de água cobrado para abastecimento
V = vazão anual da água captada para abastecimento

CÁLCULO DE IMPACTOS SOBRE A PERDA DE SERVIÇOS AMBIENTAIS


(P5)

Os ecossistemas, além de componentes ambientais (animais, plantas, solo etc),


possuem também funções (ciclagem de nutrientes, fluxo energético entre diferentes
níveis tróficos etc). No caso destas funções apresentarem alguma valia identificável
para a sociedade são consideras serviços ambientais.

148
Alguns destes serviços são facilmente reconhecidos pela população, como o
suprimento de água proporcionado por florestas e regulação térmica gerada por áreas
florestadas próximas a ambientes urbanos. No entanto, inúmeros outros serviços
prestados pelos ecossistemas fogem à percepção imediata, mas são importantes para a
sociedade, dentre os quais podemos citar o refúgio de habitat para espécies
migratórias, base de cadeia trófica em ecossistemas abertos, sumidouro de carbono em
ecossistemas florestais etc.

Há vários trabalhos de valoração ambiental que atribuem valores econômicos para os


serviços ambientais. Em tese nenhum destes trabalhos tem condição de valorar
integralmente os serviços prestados de um ecossistema, uma vez que, a quantidade de
ecossitemas tende a ser quase infinita. É necessário, portanto, identificar e valorar os
serviços mais importantes e ressaltar que o resultado final obtido (a soma dos valores
calculados para os serviços ambientais) é apenas uma parcela do valor econômico
real prestado pelo ecossistema.

Nestas situações, deve-se somar os valores dos serviços ambientais considerados (em
reais por metro quadrado por ano), que constituirão o fator VE (valor anual dos
serviços ambientais). Este fator deve ser multiplicado pela área de influência do
empreendimento (AEMP), resultando no valor da parcela. A determinação desta
parcela do impacto total é obtida com a seguinte relação,

P5 = VE x AEMP
onde,
VE = valor anual dos serviços ambientais
AEMP = área de influência do empreendimento

149
MÉTODO DE CARDOSO PARA AVALIAÇÃO DE DANOS AMBIENTAIS

Referencia: Cardoso, A., R., A., “A Degradação Ambiental e seus Valores


Economicos Assciados”, Editor Sérgio Antonio Fabris, Porto Alegre, Brasil, 2003.

INTRODUÇÃO

Segundo Cardozo, a quatificação econômica do dano ambiental pode ser relaizada a


partir de duas parcelas principais. A primeira parcela correspondente às variáveis
quantificáveis do dano ambiental (q) e, a segunda parcela relacionada com as
variáveis intangíveis (i) associadas do dano ambiental.

Nesta proposta são consideradas como variáveis quantificáveis todas aquelas que de
alguma forma são economicamente mensuráveis, como por exemplo, os investimentos
que foram não realizados para se previnir o impacto e se evitar a contaminação, assim
como, os custos do licenciamento ambiental quando inexistente. As variáveis
intangíveis são todas aqueles que não têm um valor de mercado estabelecido, como
por exemplo, o custo da morte de microorganismos como fungos e bactérias, entre
outras.

Para cada variável intangível, i, o método atribuí um peso que varia na escala
numérica de 0 a 4, em função da intensidade e duração do impacto. A escala de peso
proposta no método segue a seguinte ordem de valores:

A) Impacto de curto prazo (dias):


* Sem impacto: 0
* Baixo impacto: 1
* Médio impacto: 2
* Alto impacto: 3

B) Impacto de médio e longo prazo (meses e anos): 4

A partir das definições acima, o valor econômico de referência do dano ambiental


pode ser determinado pela seguinte relação,

150
α α
VERD = ∑ q n × ∑ in
n =1 n =1

onde,

VERD = valor econômico de referência do dano ambeintal;


Σ qn = somatório de todas as variáveis economicamente quantificáveis;
Σ in = somatório de todas as variáveis intangíveis, com peso que varia na escala de 0 a
4;
n = variáveis consideradas no cálculo, variando de 1.....α.

No estabelecimento de variáveis intangíveis, Cardoso divide o meio ambiente em


duas classes principais (físico e biótico) e respectivas subclassess. As classes e
subclasses consideradas no método de Cardoso são:

- Físico: que incluí o ar, água, solo e sedimentos;


- Biótico: que incluí o reino monera, protista, fungi; animal; plantas; antôpico.

Os principais representantes para cada subclasse considerada são:

• Reino Monera: Bactérias e Cianobactérias;


• Reino Protista: Protozoários (amebas, paramécio);
• Reino Fungi: Musgos, Líquens;
• Reino Animal: Vertebrados (peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos)
e Invertebrados (planárias, besouros, minhocas, lesmas, caramujos,
centopeias, aranhas e ácaros);
• Reino da Plantas: Vegetais superiores, intermediários (samambais) e
inferiores (algas verdes, vermelhas e pardas).

Assim, o cálculo do valor econômico de referência do dano ambiental, é realizado


pela avaliação do grau de impacto sofrido pelos representantes das classes e
subclasses do meio ambiente consideradas por Cardoso, avaliadas segundo uma escala
numérica de pesos, cálculo dos somatórios das variáveis quantificáveis e intangíveis e,
aplicação da relação de multiplicação dos referidos somatórios. Os exemplos
mostrados a seguir ilustram a aplicação do método de Cardoso.

151
ESTUDO DE CASO: Derrubada de mata nativa em área de preservação permanente
e extração de 56m3 de lenha.

1) Cálculo das variáveis economicamente quantificáveis

1.1) Multa da Infração

Aplicada pelo Órgão Florestal do Estado pelo corte irregular da madeira, no valor de
R$10,00/m3 de lenha.

- multa: q1 = 56m3 x R$10,00/m3 = R$560,00.

1.2) Custo da Perícia paga pelo Estado

- diárias: q2 = R$50,00
- combustível: q3 = R$30,00
- 5 horas técnicas: q4 = R$ 50,00

1.3) Perda de Receita

Receita não arrecadada pelo Estado associada à cobrança de taxa de autorizacão de


corte de madeira, no valor de R$50,00.

- taxa de autorização: q5 = R$50,00

1.4) Custo de elaboração de EIA/RIMA não realizado

- estudo de impacto ambeintal: q6 = R$5.000,00

Assim, o somatório de todas as variáveis economicamente quantificáveis é igual a

Σ qn = q1 + q2 + q3 + q4 + q5 = R$ 5.740,00 (cinco mil setecentos e quarenta reais)

2) Cálculo das variáveis intangíveis

Para o cálculo das variáveis intangíveis é utilizada a matriz mostrada abaixo,

152
Tabela. Determinação das variáveis intangíveis
Prazo do Impacto Ambiental
Classe e Subclasse n Curto Médio
Longo
Ambiente in Sem = 0 Baixo = 1 Médio = 2 Alto = 3 =4

Ar i1 1
Físico Água i2 1
Solo / Sed. i3 4

Biótico
Monera Bactérias i4 1
Protista Protozoários i5 1
Fungi Cogumelos i6

Animal Invertebrado i7 1
Animal Vertebrado i8 1

Arbóreo i9 4
Plantas Arbustivo i 10 4
Herbáceo i 11 4

Antrôpico Social i 12
Antrôpico Paisagem i 13 4
Economia i 14
Bem-estar i 15
Subtotal = 6 20
Total = 26

A Tabela acima indica que de um total de 15 variáveis, foram consideradas neste caso
apenas 11 variáveis intangíveis no cálculo do dano, sendo seis de baixo impacto e
cinco de impacto mais significativo, considerando o prazo de recuperação do
ambiente. Assim, temos que o somatório de todas as variáveis intangíveis é igual 26.

153
Uma vez determinadas as parcelas referentes as variáveis quantificáveis e intangíveis,
podemos calcular o valor econômico de referência do dano ambiental como sendo
igual a,

α α
VERD = ∑ q n × ∑ in = R$ 5.740,00 x 26 = R$ 149.240,00
n =1 n =1

ESTUDO DE CASO: Morte de peixes provocada pela operação indevida de um


eclusa durante o período de piracema

1) Preliminares:

Devido a operação indevida de uma eclusa estima-se que foram mortos


aproximadamente 12.500 peixes. Os técnicos especialista afirmaram que para
compensar cada peixe morte seria necessário repor 20 alevinos/juvenis. Este fato foi
baseado, por analogia com o código florestal que estabelece um número de 15
unidades como valor de reposição para cada árvore abatida.

2) Cálculo das variáveis quantificáveis

Para a derminação do valor de mercado do peixe, foi adotado à menor, o valor


unitário de um peixe ornamental que é da ordem de R$ 0,50 a unidade. Com relação
ao número de peixe que foi se considerado no cálculo do dano, o perito adotou como
base de cálculo a conversão da massa de peixes mortos em equivalente massa de
alevino. A massa de peixes mortos foi estimada em aproximadamente 2.250kg,
enquanto, a massa média do alevino foi adotada como 20g / indivíduo. Assim, o
número de alevinos considerada no cálculo foi igual a 112.500 indivíduos. Assim
temos,

- número de peixes alevinos que devem ser repostos = 115.000 indivíduos;


- valor do peixe ornamental no mercado = R$ 0,50 / indivíduo

- valor dos peixes: q1 = R$57.500,00

154
O custo do projeto de repovoamento do ambiente impactado, considerando o estudo
técnico, as horas de trabalho e outros fatores, foi estimado em aproximadamente
R$1.500,00. Assim temos,

- valor da atividade de repovoamento: q2 = R$1.500,00

Σ qn = q1 + q2 = R$ 59.000,00

3) Cálculo das variáveis intangíveis


Prazo do Impacto Ambiental
Classe e Subclasse n Curto Médio
Longo
Ambiente in Sem = 0 Baixo = 1 Médio = 2 Alto = 3 =4
Ar i1 0
Físico Água i2 1
Solo / Sed. i3 1
Biótico
Monera Bactérias i4 1
Protista Protozoários i5 1
Fungi Cogumelos i6 0
Animal Invertebrado i7 1
Animal Vertebrado i8 4
Plantas Arbóreo i9 0
Plantas Arbustivo i 10 0
Plantas Herbáceo i 11 1
Antrôpico Social i 12 0
Antrôpico Paisagem i 13 0
Antrôpico Economia i 14 4
Antrôpico Bem-estar i 15 1
Subtotal = 7 8
Total = 15

A partir das parcelas das variáveis quantificáveis e intangíveis, podemos calcular o


valor econômico de referência do dano ambiental como sendo igual a,
α α
VERD = ∑ q n × ∑ in = R$ 59.000,00 x 15 = R$ 885.00,00
n =1 n =1

155
VALORAÇÃO DE DANO AMBIENTAL DA QUEIMADA DE CANAVIAL

Referência: Mattos., M., K., e Mattos., A., “Valoração Econômica do Meio Ambiente
– Uma abordagem Teórica e Prática”, Ed. RiMa, Fapesp, São Carlos, SP, 2004.

INTRODUÇÃO

Segundo os autores os três problemas principais da humanidade são a produção de


alimentos, o meio ambiente e geração de energia. Neste sentido, a cana-de-açucar
mostra-se uma matéria-prima ideal, uma vez que, a partir dela é possível produzir
energia e alimento sem contaminar o meio ambiente, caso se evite a queimada na pré-
colheita e a transformação dos resíduos em produtos de valor agregado. Segundo o
IBGE, em 2002, essa cultura ocupou uma área de 5.061.531 de hectares do território
nacional.

A quantidade de resíduos da colheita da cana-de-açucar depende de divesos fatores


como sistema de colheita, altura do corte dos ponteiros,variedade, idade da cultura,
clima, entre outros. Atualmente, poucos estudos foram realizados sobre a
quantificação da biomassa palha (folhas secas, folhas verdes e ponteiras) da cultura da
cana de açucar, que é um dos principais resíduos do cultivo de cana-de-açucar.
Segundo os autores deste tabalho, a possibilidade deste resíduo ser utilizado com
combustível é real e deve ser aproveitada.

Atualmente a queima da palha seca da cana-de-açucar, sem o aproveitamento


energético, provoca diversos impactos negativos sobre o meio ambiente. Os principais
impactos negativos observados são a emissão de material particulado, óxidos de
carbono, perda de visibilidade, aumento da infestação da broca da cana, entre outros.
Dessa forma, na efera legal, as queimadas são caracterizadas como agressões ao meio
ambiente e, os responsáveis pelas queimadas em suas propriedades devem ser
compelidos a reparar os danos provocados. Assim, é necessário determinar o valor da
indenização pecuniária pelo dano ambiental, partindo-se de dados objetivos, assim
como cessar essa atividade nociva. Neste sentido, uma ação civil pública associada às
queimadas de plantações de cana-de- açucar deve conter ao menos esse dois pedidos.

156
I. CÁLCULO DO VALOR DO DANO AMBIENTAL

O valor econômico total do dano ambiental decorrente da queimada da palha de uma


área de cana- de-açucar, pode ser estimado a partir da seguinte relação,

VET = (VUD + VUI + VO) + VE

onde,
VET = valor total do dano ambiental;
VUD = valor de uso direto;
VUI = valor de uso indireto;
VO = valor de opção e;
VE = Valor de existência.

1. CÁLCULO DO VALOR DE USO DIRETO (VUD)

O cálculo do valor de uso direto da cana-de-açucar pode ser obtido a partir da soma
dos valores obtidos pelo uso da palha, ou seja, a partir do seu potencial energético,
pela economia de água de irrigação, pela economia no uso de herbicidas, pela
economia de plantio e, pela utilização do bagaço da cana-de-açucar.

1.1) Valor do potencial energético da queima da palha da cana-de-açucar

Para se aferir monetariamente a perda de energia referente a queima da palha,


determina-se o valor monetário da energia equivalente gerada pela queima de álcool,
uma vez que o valor do litro do álcool é conhecido no mercado consumidor.

Tabela 1. Propriedades dos derivados da cana-de-açucar


Palha da cana-de- Álcool Bagaço
açucar (etanol)
Poder Calorífico (kcal/kg) 2.285 5.147 1.7900
Quantidade (kg/ha) 9.700 4.056 17.500
Energia Gerada (kcal/ha) 22.166.000 20.877.000 31.325.000

157
O valor potencial da queima da palha por hectare de cana-de-açucar plantada,
expresso em equivalente litros de álcool, é igual a,

Álcool equivalente (kg/ha) = 22.166.000 (kcal/ha) / 5.147 (kcal/kg) = 4.307 (kg/ha),

Volume de Álcool Equivalente (litros) = 4.307 (kg/ha) / 0,78 (kg/litro) = 5.521


(litros/ha).

Dessa forma, o valor monetário da energia proveniente da queima da palha da cana


por hectare plantado, expresso em litros de álcool com energia equivalente, é igual a,

Custo da Energético = 5.521 (litros/ha) x preço do litro de álcool (R$ / litro)

1.2) Custo da Água de Irrigação:

Segundo os produtores, a cana-de-açucar cortada crua economiza uma irrigação por


safra, ou seja, 50m3/ha de água. Assim, considerando o custo de R$2,40/m3 da água
temos,

Custo da Água de Irrigação = 50 m3 x R$ 2,40 = R$ 120,00/ha

1.3) Custo dos Herbicidas

Os herbicidas usualmente aplicados no cultivo convencional da cana são o DIUROM,


AMETRINA, TEBTIUROM. As quantidade utilizadas, em média, são de 6 litros/ha
de DIUROM e AMETRINA e 3 litros/ha de TEBTIROM. Assim temos,

- DIUROM: R$12,50 / litro x 6 litros = R$75,00


- AMETRINA: R$14,60 / litro x 6 litros = R$87,60
- TEBTIROM: R$73,00 / litros x 3 litros = R$219,00

Dessa forma, a economia na aplicação de herbicidas quando não ocorre a queimada da


palha será igual a,

Custo dos Herbicidas = R$ (75,00 + 87,60 + 219,00) = R$ 381,60/ha

158
1.4) Custo do Plantio

Uma importante vantagem da palha residual da colheita mecanizada da cana-de-


açucar crua que permanece sobre o terreno é que ela favorece o controle de ervas
invasoras, reduz o uso de herbicidas e, portanto, uma folha a mais, ou seja, uma
economia da ordem de R$400,00/ha

Custo do Plantio = R$400,00/ha

1.5) Custo do Bagaço

Segundo os produtores de cana-de-açucar do país, o bagaço de cana pode ser utilizado


como materia-prima, por exemplo, para a produção de ração animal, compostos
químicos (furfurol), papel e celulose e para a produção de energia, entre outros. Os
dados de produção indicam que são gerados aproximadamente 22,5 toneladas de
bagaço (30% da produção) para cada hectare de área de cana-de-açucar plantada.
Atualmente, a valor da tonelada do bagaço é da ordem de R$30,00/t. Assim, o custo
do aproveitamento do bagaço será igual a,

Custo do Bagaço = 22,5 (toneladas/ha) x Preço do bagaço (R$/tonelada)

Portanto, o valor de uso direto, associado a queima da palha seca da cana-de-açucar,


por hectare de área de plantio, será a soma das parcelas determinadas acima, ou seja,

VUD = 5.521 (litros/ha) x preço do litro de álcool (R$/litro) + R$ 120,00/ha + R$


381,60/ha + R$400,00/ha +22,5 (toneladas/ha) x preço do bagaço (R$/tonelada)

Considerando agora o valor de mercado do bagaço de R$30,00 e do litro de álcool de


R$1,20/litro, obtemos o valor de uso direto associado ao dano ambiental em questão,
uo seja,

VUD = R$ 8.201,80 / ha

159
1.2 CÁLCULO DO VALOR DE USO INDIRETO (VUI)

As principais externalidades ambientais positivas associadas a produção e uso do


álcool etílico combustível, sem a queimada dos resíduos de produção, são a redução
da poluição atmosférica, regulação climática, controle da erosão, redução do uso de
água, sequestro de carbono e redução da incidência de doenças respiratórias. Observa-
se que diversas Usina do Sudeste já estão negociando os chamados créditos de
carbono, através de implantacão de projetos baseados em mecanismos de
desenvolvimento limpo (MDL).

Alguns estudos iniciais indicam que a contribuição da agroindútria canavieira para a


reducão das emissões de carbono para a atmosfera é significativa. O balanço das
emissões líquidas de CO2 decorrentes da produção de cana-de-açucar e da utilização
de entanol veicular, realizado para o ano de 1996, é apresentado na Tabela 2.

Tabela 2. Balanço das emissões de CO2 equivalente na produção de cana-de-açucar


10 6 toneladas de C equivalente / ano
Uso de combustíveis fósseis na agricultura + 1,28
Emissões de metano (queima de cana) + 0,06
Emissões de N2O do solo + 0,24
Substituição de gasolina por álcool - 9,13
Substituição de combustível HC por bagaço - 5,20
Contribuição Liquida - 12,74

Os dados da Tabela acima indicam que o balanço líquido das emissões da indústria
canavieira e uso do etanol é bastante favorável, uma vez que, pode-se evitar a emissão
de 12,74 x 106 toneladas de carbono por ano, o que representa 46,7 x 106 toneladas de
CO2 , ou seja, aproximadamente, 20% de todas da emissões de combustíveis fósseis
no Brasil. Atualmente, o valor da tonelada de carbono no mercado internacional varia
de US$5,00 a 165,00 (dólares americanos). Assim, podemos considerar que o valor da
parcela de uso indireto do dano, está diretamente relacionado com os 5.521 litros de
álcool, equivalentes ao potencial energético da queima da palha seca não efetivada,
mais o valor do sequestro de carbono. Assim, temos

160
VUI = (5.521 litros de álcool x preço do litro do álcool + valor do seq. de C)/ha

VUI = 5.521 x R$1,20 + (não calculado) =R$ 6.360,00/ha

1.3) VALOR DE OPÇÃO (VO) E EXISTÊNCIA (VE)

O valor de opção e valor de existência, normalmente, são determiandos por análise de


contingência, ou seja, pela disposição do indivíduo para pagar pela conservação ou
não uso do recursos natural em análise. Neste trabalho, estas parcelas não foram
determinadas.

Finalmente, a substituição das parcelas determinadas acima, na relação principal do


cálculo do valor total do dano ambiental conduz a ,

VET = VUD + VUI = R$ 8.201,80/ha + R$ 6.360,00/ha = R$ 14.561,80 / ha

VET = R$ 14.561,80 / ha

1.4) CONCLUSÃO

Assim, o valor total monetário do dano ambiental decorrente da queimada de resíduos


de produção de cana-de-açucar, que pode ser utilizado para indenizações em ações
civis públicas, calculado neste trabalho, é igual a R$14.561,80 por hectare de área de
cana-de-açucar plantada.

Observa-se, que apesar das limitações da metodologia, este valor se for bem aplicado,
representa um recurso financeiro razoável para a recuperação do dano ambiental. O
estudo mostrou que a opção mais adequada seria destinar os resíduos da produção
agroindustrial à geração de energia e, a utilização do bagaço de cana como matéria-
prima para produção de produtos com maior valor agreagado.

161
MÉTODO DE VALORAÇÃO DE DANOS AMBIENTAIS DA CETESB

Referência: May., H., P., et. al. “Valoração Econômica da Biodiversidade”, Ministério
do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas, Brasília, BR, 2000.

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por finalidade apresentar uma proposta de critério para valoração de
danos causados por derrames de petróleo ou de seus derivados no ambiente marinho.
Ele foi elaborado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
(CETESB) atendendo à solicitação do Ministério Público Federal do Estado de São
Paulo.

Neste trabalho, a questão ambiental analisada é a poluição ocasionada pelos derrames


de petróleo e seus derivados no ambiente marinho, prejudicando fundamentalmente a
biota marinha através de efeitos letais e sub-letais, tais como aqueles que afetam o
comportamento, crescimento, reprodução, colonização e distribuição das espécies. Os
principais grupos de organismos considerados são os bentos, o zooplâncton, o
fitoplâncton, os peixes, as aves e os vegetais superiores, afetando de maneira direta
um dos ecossistemas de maior produtividade primária e importância na cadeia
alimentar marinha, chamados manguezais, considerados extremamente sensíveis e
vulneráveis ao derramamento de petróleo.

A poluição causada pelos derrames de petróleo traz todos os prejuízos decorrentes dos
distúrbios causados às espécies apontadas acima, como a perda de biodiversidade,
além de prejuízos indiretos decorrentes da paralisação de atividades pesqueiras e da
queda da movimentação turística.

Apesar da atividade petrolífera ser uma atividade econômica fundamental ao


desenvolvimento de qualquer país, na atual matriz energética adotada no mundo, o
vazamento de petróleo ou derivados pode causar prejuízos muito grandes à população
em geral, pelos problemas causados à biodiversidade marinha, e particularmente às

162
populações que dependem deste ambiente para sua sobrevivência, como as colônias
de pescadores, ou aqueles ligados ao turismo costeiro.

II. METODOLOGIA

Este modelo do tipo função exponencial, relaciona o valor monetário total dos danos
ambientais com o cinco aspectos relevantes, cada um deles, com seu respectivo grau
de importância. Os aspectos considerados relevantes no derrame de óleo no meio
ambiente foram o volume de óleo derramado, o grau de vulnerabilidade da área
atingida, a toxicidade do produto, a persistência do produto no meio ambiente e, a
mortalidade de organismos. O grau de importância atribuído na forma de um peso,
para cada aspecto ambiental considerado no modelo varia na faixa de 0 a 0,5.

Hipóteses do Modelo

Por conta da complexidade que envolve a tentativa de quantificar os danos causados


pelos derramamentos de petróleo no ambiente marinho, aliado aos inúmeros casos que
vêm ocorrendo no litoral de São Paulo, a CETESB desenvolveu uma metodologia
própria para quantificar estes danos. Esta metodologia aborda de forma simples os
principais aspectos de um acidente ambiental, enfocando basicamente os aspectos
visíveis passíveis de provocar danos, não contemplando aqueles que requeiram
maiores estudos ou acompanhamentos, para a constatação do impacto biológico. Esta
proposta foi idealizada para atingir os objetivos de praticidade e aplicabilidade em
curto espaço de tempo.

Segundo os autores do estudo, dentre os modelos testados, a equação do tipo


exponencial foi a que melhor representou a realidade dos derramamentos de petróleo
e seus derivados.
De acordo com a opção pelos aspectos visíveis, foram escolhidos cinco aspectos
relevantes, em termos de danos, cada um deles com uma determinada importância.
Para cada item, sempre que possível, foi atribuído um peso correspondente com a
severidade do risco ou do dano gerado, variando de 0 a 0,5, conforme mostrado
abaixo.

163
- Volume Derramado

Este aspecto está diretamente relacionado com a capacidade de assimilação dos


poluentes pelo corpo hídrico. Esta capacidade de assimilação varia de acordo com o
local, estações do ano e condições meteorológicas. Os pesos atribuídos para este item
estão baseados na quantidade lançada no corpo hídrico.

- Grau de Vulnerabilidade da Área Atingida

Em geral, o prejuízo ecológico é mais severo se o acidente ocorrer na costa ou no


estuário, especialmente na zona entre marés, áreas mais vulneráveis e de maior
importância econômica. O grau de vulnerabilidade baseia-se na interação da costa
terrestre com os processos físicos que controlam a deposição e persistência do
petróleo. Os pesos neste item estão em função do tipo de ambiente costeiro, mais ou
menos vulneráveis.

- Toxicidade do Produto

Para avaliar os efeitos dos agentes químicos sobre a biota aquática têm sido realizados
testes de toxicidade com organismos aquáticos. Através dos testes, é possível
conhecer as concentrações de poluentes que causam efeitos adversos na sobrevivência,
crescimento e ou reprodução de organismos aquáticos. A atribuição de pesos para este
item segue dois critérios. O primeiro está baseado na classificação da toxicidade
aguda da fração hidrossolúvel do petróleo derramado. O segundo critério está na
detecção de toxicidade em organismos teste.

- Persistência do Produto no Meio Ambiente

A persistência do produto é uma agravante dos danos causados. Como regra geral,
quanto menor for a gravidade específica de uma substância, menor será a sua
persistência. Neste item, os produtos serão classificados de acordo com suas
propriedades físicas. Na ausência destas informações, serão considerados persistentes

164
todos os tipos de petróleo e seus derivados escuros e não persistentes, todos os
derivados claros.

- Mortalidade de organismos

A vida marinha pode ser afetada tanto pela natureza física (recobrimento / asfixia),
quanto pelos componentes químicos do produto (efeitos tóxicos). Como são
necessários estudos de acompanhamento para a avaliação de efeitos sobre os
organismos plantônicos e bentônicos, para este critério são avaliados os efeitos sobre
a mortalidade de peixes, aves e mamíferos, mais facilmente observáveis.

MODELO

A equação proposta pela CETESB para o valor monetário a ser pago pelos agentes
que causarem os danos decorrentes do derramamento de petróleo e que incorpora os
critérios supracitados tem a forma,

Valor (US$) = 10 (4,5 + x)

onde, x é a somatória dos diversos pesos atribuídos de acordo com a gravidade do


evento.

O modelo considera também a freqüência de acidentes causados pelo mesmo infrator,


o que indica a negligência sistemática para com os aspectos ambientais e de segurança,
além de uma clara ausência de um fator inibidor eficiente.

Neste sentido, visando uma maior penalização dos reincidentes, o modelo incorporará
um fator k , que aumentará infinitamente a partir de 2 (dois) em progressão
geométrica, toda vez que essa fonte ocasionar novo acidente. Assim, o modelo
proposto pela CETESB assume a forma,
Valor (US$) = k [10 (4,5 + x)]

165
onde k representa a penalização adicional imposta às fontes reincidentes e, varia no
intervalo de 2 a infinito, em progressão geométrica.

Avaliação

Na verdade, este método é uma tentativa de criação de taxas ambientais mais


ancoradas nos danos e prejuízos reais causados pelo derramamento de petróleo. Neste
sentido, a proposta tem seu mérito porque provavelmente aumentará o poder
coercitivo da penalização, além da possibilidade de geração de recursos para o
desenvolvimento científico e tecnológico das instituições públicas que trabalham com
este tema.

Para os fins propostos, os critérios adotados e relacionados com os aspectos visíveis e


mais facilmente observáveis, tem um mérito muito grande, na medida em que
agilizam todas as operações de penalização e cobrança, além de serem provavelmente
muito mais baratos de serem praticados. Esta escolha certamente reflete o grande
conhecimento dos técnicos da CETESB sobre o assunto, o que chama a atenção da
importância do conhecimento técnico específico, quando da tentativa de valoração de
qualquer recurso ambiental com todas as suas especificidades.

III. EXEMPLO

Como exemplo de aplicação do modelo proposto, os autores fazem uma simulação do


dano ambiental causado por um navio que vaza 30m3 de petróleo atingindo costões
rochosos abrigados. O ensaio de toxicidade realizado com o produto revelou uma
CL50 de 5% da fração hidrossolúvel. O produto apresenta API 30 e não foi constatada
mortalidade de organismos.

Aplicação dos critérios e Cálculo do Valor de x

I – Volume derramado = 30m3 = 0,3


II – Vulnerabilidade da área = costões rochosos abrigados = 0,4
III – Toxicidade do produto = CL50 (24h) de 5% da Fração hidrossolúvel = 0,4

166
IV – Persistência = API = 30 = 0,5
V – Mortalidade de organismos = 0,0

Valor Total dos pesos dos aspectos ambientais do modelo = 1,6

Valor (US$) = 10 (4,5 + x) = 10 (4,5 + 1,6) = 10 6,1 = US$ 1.258.925,40

IV. CONCLUSÕES

Não há nenhum comentário dos autores do modelo em relação ao resultado final deste
exercício. Seria interessante chamar a atenção para o que este valor significa em
relação aos valores cobrados atualmente, e também em relação aos volumes
financeiros movimentados pelos agentes infratores (fretes, valores dos navios, etc),
para um esclarecimento inclusive em relação à capacidade de pagamento.

Como já citado anteriormente, este trabalho procura estimar as taxas ambientais que
cobririam os danos decorrentes dos derramamentos de petróleo, ao mesmo tempo em
que serviriam para inibir estas ações. A valoração total dos danos não foi possível,
porque foram escolhidos critérios de maior visibilidade e de mais fácil aferição. Os
pesos adotados para cada critério parecem estar por demais arbitrariamente colocados
e é exatamente neles que se estabelece a valoração. Para esta proposta ser
implementada necessitaria de uma maior validação experimental, sob o risco de sofrer
inclusive reações pertinentes na esfera judiciária.

167
MÉTODOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS DE AVALIAÇÃO DE DANOS

- MUDANÇA DE PRODUTIVIDADE

Essa técnica procura determinar as mudanças na produtividade ocasionadas pelas


alterações na utilização do bem ou serviço. Para estimar os custos dessas mudanças,
utilizam-se os preços praticados no mercado, com e sem o contexto da utilização
desses bens e serviços.

A técnica baseada na mudança de produtividade é uma extensão da análise tradicional


de custo-benefício. A mudança de produtividade causada pelo projeto (ou
contaminação) deve ser considerada dentro e fora do site em análise. As mudanças de
produtividade também deve ser avaliadas não apenas na situação atual mas também
ao longo do tempo.

Um estudo sobre a exploração florestal em uma área costeira nas Filipinas é mostrado
na Tabela 2.4.3 Neste estudo foi utilizado o enfoque de mudança de produtividade
para estimar a geração de receita por três atividades comerciais estabelecidas no
ecossistema costeiro: atividade de exploração florestal, atividade de pesca artesanal e
um centro de turismo recreativo. Considerando que a atividade de exploração florestal
afeta as outras (contaminação) foram comparadas às opções de continuidade ou não
da atividade, período 10 anos, com taxa de desconto de 10%.

Como pode ser visto na Tabela 2.4.3, a proibição da exploração florestal significou
maior receita bruta, US$ 42,7 milhões versus US$ 25,2 milhões com a continuação da
exploração florestal. A perda de receita devido a proibição da exploração florestal foi
menor que a receita advinda do aumento das outras atividades. Apesar dos resultados
obtidos, a indústria de exploração florestal tinha o direito legal de exploração e um
incentivo financeiro para fazê-lo.

A análise indica que o montante dos custos econômicos de se continuar a exploração


dos bosques, permite o estabelecer políticas alternativas de exploração florestal na
Região ou medidas compensatórias.

168
Tabela 2.4.3 – Valor futuro e valor presente de receitas das atividades (US$ 1000)
OPÇÃO A OPÇÃO B OPÇÃO (A – B)
(sem exploração (com continuidade da
floresta) exploração)
Receita Bruta

Turismo 47.415 8.178 39.237


Pesca 28.070 12.844 15226
Exploração Florestal 0 12885 -12885
Total 75.485 33.907 41.578

Valor Atual

Turismo 25.481 6.280 19.201


Pesca 17.248 9.108 8.140
Exploração Florestal 0 9.769 -9.769
Total 42.729 25.157 17.572

- PERDA DE RECEITA

Esta técnica é utilizada nos casos em que os impactos ambientais causam danos à
saúde. Para valorar os impactos dois caminhos podem ser seguidos: doença e morte.
No caso de doença, procura-se estimar as despesas médicas ocasionadas e as receitas
perdidas ou que deixam de ser obtidas. No caso de morte, avaliam-se os ganhos
futuros, ou seja, estima-se qual o valor perdido em razão do fato.

Quanto ao valor usado para a vida humana, este varia, segundo as companhias de
seguro em todo o mundo, entre US$ 100 mil e US$ 10 milhões. O uso desta técnica é
restrito, pois envolve questões éticas, como por exemplo, a vida humana ter um
determinado preço. Os resultados sobre o custo da poluição atmosférica em São Paulo
são mostrados na Tabela 2.

169
Tabela 2 - CUSTOS DA DOENÇA ASSOCIADOS À POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
Grande São Paulo

MORBIDADE RESPIRATÓRIA
Faixa Etária Gastos dias perdidos Renda média CD
hospitalares de trabalho (*) mensal total
0-14 8.100.408,22 0 0,00 16.200.816,43
15-59 5.989.939,15 141.708 772,10 19.274.036,56
60- 3.736.039,68 79.739 864,23 12.066.302,64

MORBIDADE CARDIOVASCULAR
Gastos dias perdidos Renda média CD
hospitalares de trabalho (*) mensal
0-14 nd 0 0,00 nd
15-59 10.275.887,10 54.069 772,10 23.334.858,49
60- 12.298.218,09 58.592 864,23 27.972.250,45
Valores em US$ para 1997
CD = (Gastos hosp. + (nr.dias perdidos * (renda / 30))) * 2
(*) número de internações vezes permanência média
Fonte: IBGE / DATASUS

DESPESAS PREVENTIVAS

Esta técnica leva em consideração as despesas que os agentes econômicos realizam de


forma voluntária com a finalidade de evitar ou minimizar os danos ambientais. A
realização dessas despesas preventivas indica que os agentes econômicos julgam que
os benefícios gerados são maiores às despesas ocorridas. A utilização desta técnica
dá-se nos casos em que a avaliação dos impactos ambientais não pode ser realizada
por meio de outras técnicas, mas existem informações sobre as despesas com
prevenção.

- VALOR DA PROPRIEDADE

Esta técnica pode ser utilizada quando se deseja avaliar monetariamente a qualidade
ambiental de determinada área, ou seja, quando se deseja mensurar os preços
implícitos relativos às características ambientais da propriedade. Para tanto, assume-se
que o valor de uma propriedade (geralmente imóveis) é função do tamanho, do
material de construção, acessibilidade, localização entre outros atributos, bem como a
qualidade ambiental da região onde ela está inserida.

170
Para se obter uma estimativa do valor da qualidade ambiental da área, compara-se os
preços de propriedade em locais similares, sendo um com boa qualidade ambiental e o
outro não. O valor da diferença dos imóveis é considerado com sendo o “valor da
qualidade ambiental”. As limitações desta abordagem são: a) assume-se um mercado
imobiliário competitivo; b) demanda um número bastante elevado de informações e; c)
requer duas áreas com diferenças ambientais significantes.

- MÉTODO CUSTO DE REPOSIÇÃO (MCR)

Este método apresenta uma das idéias intuitivas mais básicas quando se pensa em
prejuízo; a reparação por um dano provocado. Assim, o MCR se baseia no custo de
reposição ou restauração de um bem danificado. Essa abordagem é utilizada nas
situações em que é possível argumentar que a reparação do dano deve acontecer por
causa de alguma outra restrição, como por exemplo, de ordem institucional. É o caso
do padrão de qualidade da água: os custos para alcançá-lo são uma proxy dos
benefícios que esse padrão proporciona à sociedade.

Os riscos desse procedimento e que ao se impor uma reparação, a sociedade está


sinalizando que os benefícios excedem os custos, quaisquer que sejam estes, e que,
portanto, “os custos são uma medida mínima dos benefícios”. Outra situação de
aplicação válida da abordagem do custo de reposição é quando se configura uma
restrição total a não permitir um declínio na qualidade ambiental. É o que se chama de
“restrição à sustentabilidade”. A operacionalização desse método é feita pela
agregação dos gastos efetuados na reparação dos efeitos negativos provocados por
algum distúrbio na qualidade ambiental de um recurso utilizado numa função de
produção.

Considere um monumento que, devido à poluição do ar, teve que ser submetido a uma
limpeza com produtos químicos para recuperar as suas características anteriores. Na
função de produção desse monumento, existe o parâmetro qualidade do ar para que
ele se mantenha como um ponto turístico “atraente”. Esses gastos com todo o
processo de limpeza servem como uma medida aproximada do benefício que a
sociedade aufere por ter esse monumento “visitável” e como fonte de recursos.

171
- MÉTODO DO CUSTO DE VIAGEM

O método indireto mais utilizado para a valoração de amenidades ambientais é o


Método do Custo de Viagem (MCV). A idéia do MCV é que os gastos efetuados pelas
famílias para se deslocarem a um lugar, geralmente para recreação, podem ser
utilizados como uma aproximação dos benefícios proporcionados por essa recreação.
Em outras palavras, utiliza-se o comportamento do consumidor em mercados
relacionados para valorar bens ambientais que não têm mercado explícito. Esses
gastos de consumo incluem as despesas com a viagem e preparativos (equipamentos,
alimentação, etc.), bilhetes de entrada e despesas no próprio local.

Os problemas básicos com o MCV são: a) escolha da variável dependente para


“rodar” a regressão; b) viagens com múltiplos propósitos; c) identificação se o
indivíduo é residente ou turista eventual; d) cálculo dos custos da distância; e)
valoração do tempo e f) problemas estatísticos. Além desses fatores, a presença de
locais concorrentes.

As aplicações do método geralmente são restritas à valoração de características


peculiares aos locais (geralmente lugares de recreação) e à valoração do tempo. O
MCV é bastante aplicado pelas agências governamentais americanas e tem sido
crescentemente utilizado no Grã-Bretanha para modelar recreação ao ar livre; tendo
como aplicações mais comuns pescarias, caçadas, passeios de barco e visitas a
florestas.

Em resumo, o método baseia-se na aplicação de questionários aos usuários da área de


recreação, com a finalidade de coletar informações sobre os custos de viagem, taxa de
visitação, características sócio-econômicas, etc. Com base nesses dados, estima-se a
curva de demanda e o excedente do consumo. Este último representa uma estimativa
do valor econômico do local em questão.

Estudo de Caso de MCV

Considere um parque natural que recebe anualmente visitantes de cinco diferentes


regiões. Para cada região foi determinada a população do local, o número de visitantes

172
(NV) e o custo da viagem para a visitação do parque (CV), utilizando formulários de
perguntas. A Tabela 2.4.4 mostra os dados coletados.

Tabela 2.4.4 – Dados coletados dos visitantes e da administração do Parque

Número Visitas/1000 Custo Valor Valor Uso


Região População de habitantes Viagem de Uso Ponderado
visitantes (NV) (CV) (u.m) (u.m)
1 2.000.000 15.000 7,5 10 93,75 703,125
2 8.000.000 48.000 6,0 15 60,5 363,00
3 2.500.000 11.250 4,5 20 33,75 151,88
4 15.000.000 45.000 3,0 25 15,00 45,00
5 22.600.000 34.000 1,5 30 3,75 5,63
TOTAL 153.250 22,5 206,75 1.268,63

Os passos para estimativa do valor de uso do parque através do método do Custo de


Viagem são os seguintes:

a) Ajuste da Curva de Demanda a partir dos Dados de NV e CV;


b) Determinação do valor máximo de CV;
c) Cálculo do Valor de Uso e Valor de Uso Ponderado;
d) Valoração do parque
e) a) Ajuste da Curva de Demanda (modelo linear)

40

36

32

28

24
(CV)

20

16

12

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(NV)

a) Ajuste da Curva Inversa de Demanda

173
b) CV Máximo = 35 (pelo gráfico)

c) Cálculo do Valor de Uso e Valor de Uso Ponderado

CV max
5 CV max 5
⎡ 0 ,3 ⋅ CV 2

VU = ∑ ∫ (10 ,5 − 0 ,3 ⋅ CV )dCV = ∑ ⎢10 ,5 ⋅ CV − 2 ⎥
i =1 CVi i =1 ⎣ ⎦ CVi

Valor Uso Ponderado = Valor de Uso x NV

RESULTADOS: Os resultados mostram que o valor de uso individual do parque é de


56,38 unidades monetárias (1.268,63/22,5) no período de visitação considerado.
Considerando o número de visitantes no mesmo período, o valor do parque será de
8.640.235 unidades monetárias (153.250 visitantes x 56,38 u.m). Na verdade este
valor somente corresponde ao valor de uso que deverá ser somado aos valores de
opção, quase-opção e existência.

- MÉTODOS DE VALORAÇÃO CONTIGENCIAL

Em alguns casos, os mercados de bens ou serviços ambientais não existem, não estão
bem desenvolvidos e não existem mercados alternativos, no que resulta na
impossibilidade de valorar os efeitos ambientais de um projeto ou impactos. Uma
alternativa viável nestes casos é o uso de métodos de valoração contingentes (MVC).

A idéia básica do MVC é que as pessoas têm diferentes graus de preferência ou gostos
por diferentes bens ou serviços e isso se manifesta quando elas vão ao mercado e
pagam quantias específicas por eles. Isto é, ao adquiri-los, elas expressam sua
disposição a pagar (DAP) por esses bens ou serviços. O cálculo do valor econômico a
partir de funções de utilidade também pode ser feito através dos conceitos de
disposição a receber compensação (DAC).

- MÉTODO DE DISPOSIÇÃO A PAGAR (DAP)

Este modelo, primeiro confronta a pessoa com uma situação de ameaça de perda do
bem, forçando-a a decidir por uma determinada alternativa (uma opção de
contingência); segundo a opção é tratada como uma possibilidade de ocorrência;

174
terceiro depende da pessoa consultada e do número de pessoas. Basicamente, o
modelo busca descobrir o quanto às pessoas estariam dispostas a pagar para não
deixar de usufruir daquele recurso. O somatório do valor indicado por todos os
indivíduos consultados, no local de interesse, fornece um valor monetário para o
recurso que está sendo analisado, ou seja, é possível construir assim uma função de
demanda do recurso em questão.

- MÉTODO DE DISPOSIÇÃO A RECEBER (DAR)

Semelhante ao anterior, porém, inverte de certa forma a proposta do modelo acima,


buscando descobrir quanto as pessoas exigiriam receber em troca da perda de um
determinado recurso natural. Em outras palavras, por quanto uma população
“venderia” aquele recurso natural.

A operacionalização do MVC acontece através da aplicação de questionários


cuidadosamente elaborados de maneira a obter das pessoas os seus valores de DAP ou
a receber compensação (DAR). Existem várias formas de fazer isso, que levam a suas
diversas variantes: a) técnica de perguntas abertas (“open-ended”); b) técnica de
“bidding game”; c) modelo de referendo; d) modelo de referendo com repetição
(“follow-up”); e) contingente classificatório (“ranking”); f) atividade contingente,
entre outros. Após a aplicação desses questionários, os resultados são tabulados e
submetidos a uma análise econométrica de maneira a derivar valores médios dos
lances de DAP ou DAR.

O MVC é mais aplicado para mensuração de: a) recursos de propriedade comum ou


bens cuja excludibilidade do consumo não possa ser feita, tais como qualidade do ar
ou da água; b) recursos de amenidades como características paisagísticas cultural,
ecológica, histórica ou singularidade ou c) outras situações em que dados sobre preços
de mercado estejam ausentes.

ESTUDO DE CASO - ESTIMATIVA DO VALOR DE OPÇÃO DA PRAIA DO


CASSINO NO RIO GRANDE, RS

Segundo o pesquisador Seroa Motta, a estimativa do valor de opção (DAPT) de uma


área recreacional, realizada através na forma aberta de pesquisa de opinião, pode ser

175
obtida multiplicando-se a disposição a pagar média (DAPMi) pela população
encontrada na área recreacional no período da pesquisa. Essa proporção é calculada
baseada na percentagem de entrevistados que se mostram dispostos a pagar uma
quantia dentro do intervalo i correspondente a DAPMi. Com base nisso, a forma
funcional descrita por Eutrirack foi assumida no presente estudo, a fim de obter o
valor de opção da Praia do Cassino no RGS, a saber,

y
DAPT = ∑ DAPMi ⋅ (ni / N ) ⋅ ( X )
i =1
onde,

DAPM = disposição a pagar média; ni = número de entrevistados dispostos a pagar


DAPM; N = número total de pessoas entrevistadas; y = número de intervalos relativos
às respostas quanto a DAP; i = um dos intervalos relativos às respostas quanto ao
DAP; X = número de habitantes estimados na área recreacional durante o período da
pesquisa.

Dos 234 questionários amostrados, 173 apresentaram resposta positiva quanto à


disposição a pagar pela preservação / conservação dos bens e serviços gerados na
Praia do Cassino, e 61 apresentaram resposta negativa, isto é, não se dispuseram a
pagar pela preservação da amenidade ambiental, conforme mostra a Tabela 2.4.5.

Tabela 2.4.5. Intervalo das séries de disposição a pagar, médias das DAP, número de
pessoas entrevistadas e população da Praia do Cassino na alta temporada (2001)

Intervalo Média Pessoas (ni) % População Total


*
(R$/mês) (DAP/ni) (ni/N)
(1) 0,00 0,00 61 26
(2) 0,01 – 5,00 4,2 73 31,2
(3) 5,01 – 25,00 8,8 81 34,6
(4) 25,01 – 50,00 30,3 16 6,9
(5) 50,01 – 100,00 53,4 3 1,3
TOTAL 234 100 100.000

* - população total que reside na Praia do Cassino durante a alta temporada, dados da
Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento – SMHAD (2001)

Com os dados da Tabela acima e, mantendo-se os usuários que não se dispuseram a


pagar pela preservação da Praia do Cassino (26%) da população total no cálculo da

176
DAPT, o valor de opção da Praia do Cassino foi de R$ 711.282,05, por mês, no
agregado. Porém, o valor de opção encontrado para a amenidade ambiental pode estar
de certa forma relacionado com o valor de uso, já que o questionário foi aplicado em
indivíduos que efetivamente usufruíram o recurso natural.

- MÉTODO DE PREÇOS HEDÔNICOS (MPH)

É um método indireto estatístico que busca valorar um recurso através do


relacionamento de alguns de seus atributos (bela paisagem, boa qualidade do ar, alto
risco) com o preço da terra ou do trabalho. A partir da diferença nos preços entre bens
semelhantes, pode-se inferir estatisticamente o preço do atributo presente num deles e
ausente no outro. Por exemplo, a diferença de uma casa semelhante, com um terreno
degrada ao lado, pode conduzir a um valor para o bosque.

Neste método procura-se detectar qual o fluxo de custos acarretados por uma série de
fatores. Entre eles a qualidade ambiental. Por exemplo, num local de maior poluição
do ar as propriedades devem ter um valor menor que em áreas menos poluídas. Esta
diferença pode ser atribuída ao custo que a poluição acarreta

O MPH também utiliza o instrumental econométrico para chegar aos resultados. O


modelo mais utilizado é o do valor de propriedade hedônico cross-section. O método
tem aplicação apenas nos casos em que os atributos ambientais possam ser
capitalizados nos preços de residências ou imóveis. Na literatura pesquisada,
realmente só foram encontrados estudos associados a imóveis e suas características ou
à valoração dos riscos de morbidade e mortalidade associados a atividades
profissionais. Este é o (sub)método Salários pelo Risco ou Diferencial de Salário.

- MÉTODO DE DIFERENCIAL DE SALÁRIO

Essa técnica de valoração Hedônica da qualidade ambiental baseia-se na relação de


demanda e oferta por mão-de-obra sujeita às condições de trabalho e de moradia.
Dessa forma, supõe-se que, para atrair trabalhadores para áreas de qualidade
ambiental deteriorada, bem como, para trabalhar em ocupações de risco, é necessário
pagar salários mais altos. Para essa técnica, as duas principais limitações do seu uso

177
são: assume um mercado de trabalho competitivo e reflete somente a avaliação
privada dos riscos à saúde, ignorando a parte social.

- MÉTODO DOS TÍTULOS DE POLUIÇÃO AMBIENTAL

O Órgão regulador do ambiente estabelece um limite para determinados poluentes


numa região. Emite títulos que correspondem, no seu conjunto, a toda a poluição que
seria admissível na região, derivada de estudos de avaliação da capacidade de suporte
para aqueles poluentes. As “ações” de poluição são negociadas em bolsa. À medida
que uma empresa, a qual adquiriu algum desses títulos para poder poluir, muda a sua
tecnologia para uma menos poluente, ela pode revender esses títulos para uma outra
indústria que esteja se estabelecendo na região.

Esse procedimento tem duas grandes vantagens. A primeira trabalha com a


capacidade suporte da região, o que guarda uma forte relação com a realidade local, e
ainda permite ajuste futuros. A segunda abre espaço para que as entidades de defesa
ambiental adquiram parte dos títulos, efetivamente retirando poluição do mercado. Na
prática, os títulos vão se valorizando com o tempo, porque a tendência é que mais
empresas entrem na área aumentando a disputa pelos títulos, e o conseqüente aumento
do preço dos títulos tende a inibir a geração de mais poluentes. Essa metodologia já
está em uso com sucesso em algumas áreas dos Estados Unidos.

- MÉTODO DOSE-RESPOSTA (MDR)

A idéia subjacente ao MDR é bem ilustrada através do exemplo de uma cultura


agrícola. Suponha uma área destinada ao cultivo que apresente erosão do solo. Para
diferentes níveis de erosão, existirão diferentes níveis de produção final. Isto é, para
cada “dose” de erosão do solo, existirá uma “resposta” em termos de redução na
quantidade produzida da cultura. Alternativamente, pode-se utilizar os custos de
reposição dos nutrientes que se perdem com a erosão de solo. Essa perda pode ser
aproximada pela aplicação de fertilizantes químicos que possuem valores de mercado
explícitos. Os gastos na sua aquisição podem fornecer uma medida monetária dos
prejuízos decorrentes da “dose” de erosão do solo. Por isso o MDR se caracteriza por
utilizar preços de mercado. O método é teoricamente correto, mas a “incerteza” está
principalmente nos possíveis erros dos relacionamentos da dose-resposta. No caso

178
citado, a relação erosão-perda de produção agrícola.

O MDR procura estabelecer um relacionamento entre variáveis que retratam a


qualidade ambiental e o nível do produto de mercado (commodity), quer em termos de
quantidade ou qualidade. Isso evidencia a forte dependência desse método às
informações oriundas das ciências naturais para aplicação de modelos econômicos.
Daí a divisão do método em duas partes: a) derivação da dose de poluente e a função
de resposta do receptor e b) escolha do modelo econômico e sua aplicação.

Note que o MDR é um método que trata a qualidade ambiental como um fator de
produção. Assim, mudanças na qualidade ambiental levam a mudanças na
produtividade e custos de produção, os quais levam por sua vez a mudanças nos
preços e níveis de produção, que podem ser observados e mensurados A técnica
utilizada neste método é a regressão múltipla. As aplicações mais comuns são
relacionadas aos impactos da qualidade do ar sobre a produção agrícola e aos
impactos da poluição sobre a pesca. Além desses, acrescentam os estudos relativos a
florestas e à qualidade da água de irrigação.

No caso da poluição atmosférica procura-se ter uma descrição dos danos (por
exemplo, taxas de morbidade e / ou mortalidade) causados pela poluição do ar.
Depois se procura identificar se esta relação existe através de métodos econométricos.
Identificada esta relação, podem-se associar os níveis de poluição com níveis de dano
na saúde. Posteriormente associa-se um custo a cada unidade de dano. Normalmente,
os trabalhos que associam níveis de poluição com taxas de morbidade e os custos
associados são as internações, os dias perdidos de trabalho, exames médicos,
medicamentos. Quando se relacionam com taxas de mortalidade, pode-se atribuir o
valor da vida humana.

- MÉTODO DO CUSTO AMBIENTAL TOTAL ESPERADO (CATE)

Este modelo foi desenvolvido pelo Doutor Luiz César Ribas, em 1996, para o caso
florestal. Trata-se de um método simples e direto de valoração de danos ambientais
irreversíveis. A metodologia dos Custos Ambientais Totais Esperados (CATE) pode
ser, inicialmente, entendida como sendo a renda perpétua que a sociedade estaria
disposta a receber, em decorrência da indenização (pecuniária ou não) de determinado

179
tipo de degradação ambiental. A referida metodologia considera, ainda, a
possibilidade da existência de duas situações.

a Custos Ambientais Totais Esperados / Dano Ambiental Intermitente (CATE I) e;


b Custos Ambientais Totais Esperados / Dano Ambiental Contínuo (CATE II).

Observa-se que o raciocínio matemático utilizado no modelo é o mesmo empregado


no sistema financeiro, como por exemplo, quando da consideração da questão da
dívida, do montante principal e dos juros, principalmente quando se considera o caso
do período de inadimplência (a cada período de atraso do pagamento das prestações
acrescem-se os juros correspondentes ao mesmo período).

Naturalmente que os aspectos de multa diária e outros serão desconsiderados no caso


dos danos ambientais irreversíveis. A grande vantagem da fórmula dos danos
ambientais irreversíveis é que, quanto maior a demora para a implantação das medidas
ambientais, maior o valor pecuniário dos danos ambientais irreversíveis. Este fato
ensejaria a implantação mais rápida possível das medidas ambientais, o que
evidentemente é extremamente interessante em termos da reparação do dano
ambiental.

Basicamente, o método calcula o valor presente do custo ambiental esperado em


função de um determinado tipo de dano ambiental tipo intermitente e / ou contínuo,
para então calcular o dano ambiental irreversível. A formulação matemática do
método é mostrada na seqüência.

- DANO AMBIENTAL INTERMITENTE (CATE I)

Neste caso, a utilização do modelo se aplica a partir da consideração da existência de


danos ambientais intermitentes (aqueles danos ambientais não contínuos, sem riscos
ambientais contínuos). Os danos ambientais intermitentes seriam determinados a
partir de danos ambientais originários de uma ação degradadora não repetitiva, única,
não periódica. Analiticamente,

(Vd + Cd ⋅ Fi / d ) × (1 + j ) n
CATE I =
(1 + j ) n − 1

180
- DANO AMBIENTAL CONTÍNUO (CATE II)

O enfoque dado neste caso parte da consideração da existência de danos ambientais


contínuos. Tal intento se aplica a partir da consideração da fórmula dos custos
ambientais totais esperados / dano ambiental intermitente, dentro da sistemática do
valor futuro dado o valor uniforme.

Por outro lado, danos ambientais contínuos seriam aqueles tipos de degradação
ambiental periódico / repetitivo, com riscos ambientais vinculados de maneira
contínua (a exemplo do lançamento sistemático - diário / mensal / anual - de poluentes
atmosféricos ou, ainda, de águas residuais). Analiticamente,

(VC + Cd ⋅ Fi / d )[(1 + j ) n − 1]
CATE II =
j ⋅ (1 + j ) n

onde

CATE I/II = Valor presente dos custos ambientais esperados em função de


determinado tipo de dano ambiental intermitente / contínuo, a partir dos fluxos
de caixa produzidos por uma série infinita de vidas úteis de n anos ou, de outra
forma, valor presente dos custos ambientais totais esperados de um
determinado processo ambiental degradativo, em unidade monetária por
unidade de área;

Cd = Custos ambientais (valor presente) para fins de reparação dos danos ambientais
diretos, para efeito da consideração dos valores ambientais diretos, em unidade
monetária por unidade de área;

Vc = Valor comercial da área, em termos de uma série periódica anual, benefício


direto a ser auferido por motivo econômico, etc. (em unidade monetária por
unidade de área);

F i/d = Fator de conversão de custos ambientais diretos em indiretos, para efeito da


consideração dos valores ambientais indiretos, conforme depreendido de
RIBAS (1996), numa escala de 1 à 9;

j = Taxa de juros (% ao ano), e;

181
n = Período de rotação, horizonte de ocorrência dos efeitos ambientais no tempo
(normalmente, uma geração - 25 anos).

Note-se, ainda, que o fator Cd F i/d pode ser entendido como a totalidade dos custos
ambientais diretos e indiretos pertinentes a determinado processo de degradação
ambiental (consideração dos valores ambientais diretos e indiretos).

Tabela 2.4.6 – Fator e relação danos ambientais diretos (d) e indiretos (i)
FATOR (F i/d) Significado
1 relação de predominância inexistente de i sobre d
3 pequena predominância de i sobre d
5 significativa predominância de i sobre d
7 predominância forte de i sobre d
9 predominância absoluta de i sobre d
2,4,6,8 valores intermediários

Até este ponto, centrou-se em apresentar uma metodologia de avaliação de danos


ambientais diretamente circunscrita à implantação de medidas ambientais de
mitigação, prevenção, correção, controle, compensação e / ou indenização ambiental
(ainda que o contexto indenizatório, no atual estágio do processo de avaliação
ambiental seja secundário).

Este quadro de medidas ambientais teria o objetivo central de eliminar o cenário de


danos ambientais tal qual identificado dentro dos casos analisados. Entende-se que a
situação de danos ambientais irreversíveis dar-se-ia quando as medidas ambientais
acima preconizadas não se estabelecessem a contento.

Traçando-se um paralelo, seria o caso do paciente que estivesse perdendo sangue. O


doente perderia sangue, de maneira irreversível (ou seja, o mesmo sangue não poderia
ser reposto pelo paciente), até o instante que, de uma forma ou de outra, de acordo
com o melhor tratamento médico, o processo de sangria fosse estancado.

182
Desta feita, o caráter de “irreversibilidade” da perda de sangue pelo paciente estaria
diretamente correlacionado com o tempo que o mesmo levasse para estancar a
referida sangria.

Retornando-se ao contexto ambiental, entende-se que o caráter de irreversibilidade


dos danos ambientais dar-se-ia, igualmente, durante o período decorrido entre o
estabelecimento do cenário de danos ambientais em determinada área (conforme o
procedimento de avaliação ambiental acima apresentado) e a implementação das
medidas ambientais de mitigação, correção, prevenção, controle, compensação e/ou
eventual indenização ambiental (o tratamento médico prescrito, dentro do exemplo
acima).

Os danos ambientais irreversíveis dar-se-iam até o momento em que as medidas


ambientais fossem satisfatoriamente estabelecidas. Logo;

i Danos ambientais irreversíveis = f (tempo decorrido entre o estabelecimento dos


danos ambientais e a efetiva implementação das medidas ambientais preconizadas
para o caso ambiental),
ii Conforme apresentado até o presente instante no trabalho, as medidas ambientais
preconizadas estariam diretamente vinculadas com o processo de avaliação
ambiental estabelecido - CATE I ou CATE II (genericamente, CATE).

DANO AMBIENTAL IRREVERSÍVEL (DAI)

DAI = CATE ⋅ [(1 + j )t − 1]

onde,

DAI = danos ambientais irreversíveis (R$ / ano);


t = tempo, em anos, decorrido entre o estabelecimento dos danos ambientais e a
implementação das medidas ambientais;
j = taxa de juros ao ano (%) e;

CATE = CATE I ou CATE II (R$).

183
Observa-se que o raciocínio matemático acima apresentado é idêntico ao empregado
no sistema financeiro, por exemplo, quando da consideração da questão da dívida, do
montante principal e dos juros, principalmente quando se considera o caso do período
de inadimplência (a cada período de atraso do pagamento das prestações acrescem-se
os juros correspondentes ao mesmo período).

Naturalmente que os aspectos de multa diária e outros serão desconsiderados no caso


dos danos ambientais irreversíveis. A grande vantagem da fórmula dos danos
ambientais irreversíveis seria a que quanto maior a demora para a implantação das
medidas ambientais, maior será o valor pecuniário dos danos ambientais irreversíveis.

Este fato ensejaria a implantação mais rápida possível das medidas ambientais, o que
evidentemente seria extremamente interessante em termos de proteção ambiental.

- ESTUDO DE CASO – ÁREA CONTAMINADA

ƒ alteração antrópica de uma área da ordem de 10.000 m2 ;


ƒ deposição atual de aproximadamente 60.000 m3 de entulho (60%) e terras /
diversos (30%), em face da altura do aterro da ordem de 1,20 metros (processo em
contínua evolução histórica);
ƒ alteração antrópica, em face da deposição irregular e ilegal de entulhos na área, de
várzea do rio Tietê e afluente localizado à margem esquerda;
ƒ constatação da existência de fonte de poluição das águas (infiltração sem controle
de fossas sépticas);
ƒ lixão a céu aberto (ao invés de empresa de transbordo de entulho com triagem e
separação de metais, plásticos, madeiras, borrachas, etc.);
ƒ queima de resíduos a céu aberto (período noturno);
ƒ impactos ambientais diversos (infiltração de chorume e outros líquidos poluentes;
contaminação do solo e do lençol freático; emissão de gases e materiais
particulados (poluição atmosférica); e inconvenientes ao bem estar público);
ƒ alteração do terreno (riscos de erosão e escorregamento de massa);
ƒ contaminação do solo e das águas superficiais / subterrâneas;

184
CÁLCULO DO DANO AMBIENTAL

1 - Cálculo dos Custos Totais Ambientais Esperados (CATE)

Área = 50.000 m2;


Altura do material depositado = 1,2 metros;
Volume do material depositado = 60.000 metros cúbicos.
Estimativa de custo de remoção dos resíduos da área do terreno:

a) Custo da coleta de entulho (locação de caçambas estacionárias) = R$ 15,71 / m3


(Revista Construção n. 2775, 04.2001).

b) Estimativa de custo de custo da remoção do material da área do terreno para uma


área de destino final aprovada pela CETESB (preço da mão-de-obra, exclusive taxa de
aterro sanitário) = R$ 35,00 / m3.

Vc = [60.000 x (R$ 35,00 + R$ 15,71)] = 60.000 m3 x R$ 50,71 / m3 = 3.042.600,00

Vc = R$ 3.042.600,00

Cd = A x R$ = 5 hectares (50.000 m2) x R$ 10.695,30 / hectare = R$ 53.476,50


(Custos Ambientais para fim de reparação dos danos). Cabe observar que o valor de
R$ 10.695,30; incluí mão de obra, equipamentos e produtos que serão utilizados para
recuperar o dano.

Cd = 53.476,50

F i/d = 9 (fator este imputado em face dos atributos ambientais existentes na área, bem
como em face da situação da não restauração de um quadro mínimo de “estabilidade”
ambiental da área, optou-se pela determinação da gravidade máxima)

Para j = 6 % a.a. e n =25 anos temos,

(Vc + Cd ⋅ Fi / d ) ⋅ (1 + j ) n (3.042.600,00 + 53.476,50 ⋅ 9) ⋅ (1,06) 25


CATE = =
(1 + j ) n − 1 (1,06) 25 − 1

185
Custos Totais Ambientais Esperados (CATE) = R$ 4.594.370,55

2- Cálculo dos Danos Ambientais Irreversíveis (DAÍ)

Considerando o período de 11 meses (0,92 partes do ano) como período de referência


do início do quadro de degradação ambiental tem-se que:

t
DAI = CATE [(1 + j) - 1]
0,92
DAI = R$ 4.594.370,55 x [ (1,06) - 1 ]

DAI = R$ 253.013,34 (duzentos e cinqüenta e três mil, trezentos e setenta reais e


cinqüenta e cinco centavos)

Portanto, o quadro de degradação ambiental estabelecido na área em questão, segundo


a caracterização dos impactos ambientais e das desconformidades administrativa e
legal estabelecida em face das atividades empresariais modificadoras do meio
ambiente local, reportar-se ao montante de R$ 253.013,34 como danos ambientais
irreversíveis acarretados até o presente momento.

4.5 CONCLUSÕES

Cada um desses métodos de valoração econômica de bens, serviços e impactos


ambientais apresenta vantagens e deficiências. Um primeiro aspecto geral a ser
enfatizado é que nem todos eles são construídos com base nas preferências dos
consumidores e, portanto, nem todos podem ser submetidos a um tratamento teórico
mais rigoroso.

Os métodos como Custo de Reposição (MCR) e Dose-Resposta (MDR) utilizam


preços de mercado não do bem ou do serviço ambiental propriamente dito, mas do
bem e/ou serviço que está sendo afetado pelo impacto ambiental.

Um outro grupo de métodos utiliza preços de mercados substitutos ou


complementares como meio de se chegar a uma estimativa monetária do valor do bem
ou serviço ambiental. São eles, o de Preços Hedônicos (MPH) e o de Custos de
Viagem (MCV). Finalmente, um terceiro grupo de métodos parte do pressuposto de

186
que é possível captar as preferências dos indivíduos através de mercados hipotéticos,
simulados através de questionários. Esse grupo é representado pelo Método de
Valoração Contingente (MVC).

A valoração monetária de bens e serviços ambientais torna-se importante para induzir


os agentes causadores dos impactos a cumprir a legislação vigente. Visto que não
adianta falar somente em ética e moral, há necessidade de se cobrar desses agentes
valores monetários pelos danos causados, daí a necessidade de quantificá-los. Não
adianta, no entanto, dispor dos valores monetários dos impactos ambientais se não
houver leis bem escritas, que sejam possíveis de se aplicar. Além disso, as autoridades
devem estar preparadas para se fazer cumprir as leis ambientais.

Finalmente, é importante salientar que para que os impactos ambientais sejam


reduzidos na sua freqüência e minimizados ao longo do tempo, é necessário que os
custos incorridos sejam superiores aos benefícios obtidos pelos agentes acusadores,
caso contrário, esses agentes não terão nenhum incentivo para minimizá-los.

187
5. MERCADO EXTRA JUDICIAL

Esta seção tem como objetivo apresentar o mercado extra judicial do perito ambiental.
Considerando a interdisciplinaridade da área de meio ambiente, existem diversos
campos de atuação para profissionais com diferentes formações profissionais, entre os
quais, Engenheiros, Geólogos e Geógrafos, Químicos, Biólogos, Advogados e
Sociólogos, entre outros.

O profissional auditor, dependendo da sua experiência e formação profissional pode


atuar de forma individual ou em equipe multidisciplinar para melhorar a qualidade do
trabalho prestado. A seguir vamos apresentar uma rápida visão das possíveis áreas de
atuação do profissional da área de meio ambiente.

5.1 PASSIVOS AMBIENTAIS

O termo “passivo ambiental” tornou-se conhecido especialmente nas três últimas


décadas. Tornaram-se famosos os passivos ambientais provocados pelo petroleiro
Exxon-Valdez, no Alasca, pelos materiais e resíduos nucleares em Chernobil, na
Rússia, pelo vazamento de gás na Vila Socó, em Cubatão, São Paulo, pelo vazamento
de 1.200 mil litros de óleo na Baia de Guanabara no RJ, entre outros.

Em verdade, os danos ambientais associaram-se ao termo “passivo ambiental”, sendo


utilizados em muitos casos como sinônimos. Contudo, assim como as obrigações de
outras naturezas, os passivos ambientais nem sempre têm penalidades por agressão ao
meio ambiente como origem. Há muitos casos em que a responsabilidade social da
empresa gera a execução de medidas preventivas para evitar impactos ao meio
ambiente, sendo que os conseqüentes efeitos econômicos - financeiros dessas medidas
é que geram o passivo ambiental.

Os passivos ambientais são obrigações que exigirão a entrega de ativos ou prestação


de serviços em um momento futuro, em decorrência das transações passadas ou
presentes e que envolveram a empresa e o meio ambiente.

Assim, percebe-se que os passivos ambientais implicam, assim como as demais


obrigações, no sacrifício futuro de resultados econômicos em função das obrigações

188
contraídas perante terceiros, ressalte-se que nem sempre tais obrigações são contraídas
de forma voluntária, sendo que algum tempo atrás, podia-se afirmar que muitas eram
originadas de forma inconsciente, uma vez que os efeitos nocivos da exposição dos
resíduos das atividades econômicas não eram conhecidos, reconhecidos ou mesmo
divulgados.

Segundo a ONU, existem pelo menos três tipos de obrigações, a saber:

− LEGAIS: são provenientes de instrumentos de força legal (legislação,


penalidades, multas, perdas de incentivo, etc);
− CONSTRUTIVAS: são aquelas que a empresa se propõe, espontaneamente, a
cumprir e que extrapolam as exigências legais. Isto ocorre nos casos em que a
empresa, imbuída de uma consciência de responsabilidade social, esteja
disposta a usar todos os meios necessários e disponíveis para proporcionar o
bem-estar da comunidade circunvizinha;
− JUSTAS: esta reflete as obrigações que a empresa se vê obrigada a cumprir
por fatores éticos e morais, independentemente de lei. Aqui, tem-se definida a
questão da consciência de responsabilidade social, ou preocupação com a
reputação da empresa. Por exemplo, se não houver instrumento legal que
obrigue uma determinada empresa a restaurar uma área contaminada por suas
atividades, mas se tratando de fato relevante e se for de conhecimento público
ou afetar interesses e direitos de terceiros, a empresa será obrigada a reparar o
erro cometido.

Observa-se que o termo “obrigações” não se restringe apenas às obrigações legais,


abrangendo também, as de natureza social, as quais podem ser determinadas por
contratos ou por responsabilidade moral e ética. Segundo a ONU, o passivo ambiental
passa a existir quando:

i) existir uma obrigação da entidade de prevenir ou retificar um dano


ambiental;
ii) O valor da exigibilidade pode ser razoavelmente estimado.

189
5.2 ORIGENS DOS PASSIVOS AMBIENTAIS

Os passivos ambientais podem ter como origem qualquer evento ou transação que
reflitam a interação da empresa com o meio ecológico, cujo, o sacrifício de recursos
econômicos se dará no futuro. Assim temos:

i) Aquisição de ativos para a contenção dos impactos ambientais (Chaminés,


Precipitadores, ETE);
ii) Aquisição de insumos que serão inseridos no processo operacional para
que estes não produzam resíduos tóxicos;
iii) Despesas de manutenção e operação do “departamento” de gerenciamento
ambiental, inclusive mão de obra;
iv) Gastos para a recuperação e tratamento de áreas contaminadas (máquinas,
equipamentos, mão de obra, insumos em geral);
v) Pagamento de multas por infrações ambientais;
vi) Gastos para compensar danos irreversíveis, inclusive aqueles relacionados
à tentativa de reduzir o desgaste da imagem da empresa perante a opinião
pública.

A essência do passivo ambiental está no controle e reversão dos impactos das


atividades econômicas sobre o meio natural, envolvendo, portanto, todos os custos das
atividades que sejam desenvolvidas nesse sentido.

Um ponto importante que deve ser mencionado é o momento do reconhecimento do


passivo ambiental. Neste sentido, o passivo ambiental deve ser reconhecido a partir
do momento de ocorrência do fato, independente de qualquer cobrança externa.

Conforme premissas básicas de responsabilidade social, moral e ética, a empresa deve


arcar com todos os custos necessários para a obtenção de suas receitas ou, mais
especificamente, para a manutenção do seu processo operacional. Dessa forma, deve
se responsabilizar pelo tratamento de qualquer forma de resíduo de seus produtos ou
processo de fabricação. Logo, se houver agressão ao meio ambiente, a obrigação pelas
conseqüências das agressões deve ser reconhecida no momento em que as mesmas
ocorrem ou quando se toma conhecimento da ocorrência.

190
Portanto, todos os gastos para a manutenção do gerenciamento ambiental devem ser
reconhecidos no período em que ocorrem e, da mesma forma, quando se toma
conhecimento de que o meio natural sofreu impacto nocivo em decorrência do
processo operacional é necessário procurar imediatamente informações técnicas que
subsidiem a determinação do valor da obrigação já existente.

5.3 MENSURAÇÃO DE PASSIVOS

A mensuração dos passivos ambiental em alguns casos envolve variáveis um tanto


quanto complexas. Como exemplo, podemos citar questões do tipo:

− Qual o valor da perda de qualquer extensão de solo fértil por mês, em função
da deposição de produtos químicos resultantes da atividade econômica?
− Qual a elevação da referida perda se tais produtos se infiltrarem no lençol
freático da região?
− Qual o custo dos produtos químicos e da tecnologia capazes de recuperar tal
perda?
− Quais mecanismos podem deter o alastramento? Quais os seus custos?
− Qual o limite da responsabilidade da empresa sobre os danos permanentes
provocados na saúde da população local em decorrência da deposição
inadequada de resíduos tóxicos?
− Qual o custo da exaustão dos recursos naturais, em função da extração de
minérios, desmatamento de florestas entre outros?
− Qual o nível de descontaminação é requerido? (o quanto limpo é limpo?)

Desta forma, percebe-se que muitos dos reais passivos ambientais não serão
reconhecidos, seja porque não existem técnicas adequadas para identificá-los; seja
porque uma vez identificados não se consegue definir com segurança quem os gerou
efetivamente (Rio Tiete, quem é responsável? Desde quando? Quanto cabe a cada
poluidor?); seja porque não há tecnologia adequada para se recuperar o meio ambiente
de todos os danos provocados pelo homem; seja porque não se pode definir o
montante dos insumos que seriam utilizados para combater a degradação do meio
ambiente.

191
Assim sendo, o que estamos tratando como passivo ambiental restringe-se aos valores
que podem ser identificados e mensurados pelos conhecimentos técnicos já existentes
que, reconhecidamente, está longe de representar a degradação do meio ambiente
provocada pelo homem.

O reconhecimento de um passivo ambiental exige a identificação do montante do


sacrifício de recursos que será realizado. Assim, a empresa pode adquirir, a prazo de
terceiros, equipamentos antipoluentes necessários ao processo, recebendo deste uma
nota fiscal fatura que fundamentará o registro contábil da exigibilidade ambiental. O
custo de horas de funcionários relacionados ao controle ambiental (operação e
manutenção dos equipamentos antipoluentes) também é um registro contábil de uma
exigibilidade ambiental.

Ao iniciar um processo de restauração ou recuperação de uma área contaminada a


empresa poderá ter em mãos o resultado dos estudos técnicos de engenharia que lhe
aponte todos os recursos que serão necessários à realização dos trabalhos.
Naturalmente, todo o valor estimado está sujeito a uma margem de erro, mas o
importante é ter um valor, ainda que aproximado, dos gastos que a empresa terá de
efetuar.

Todos os eventos e transações de natureza econômica - financeira, inclusive as


exigibilidades ambientais, devem ser contabilizadas no momento em que ocorrem
seus fatos geradores. Na hipótese de haver dúvidas quanto ã real responsabilidade da
empresa no cumprimento da exigibilidade, ou quanto ao seu montante, apesar do fato
gerador ter ocorrido realmente, algumas questões precisam ser definidas, tais como:

− A empresa está disposta a reparar o dano provocado?


− É obrigada legalmente a tal?
− É a única responsável?
− Em qualquer das hipóteses acima, qual o valor?

Na verdade, se o fato gerador ocorreu, se o meio ambiente foi degradado, socialmente


a empresa tem a obrigação de recuperá-lo, contudo, percebe-se que ao longo do
desenvolvimento das atividades econômicas essa questão foi ignorada. Por falta de

192
conhecimento, tecnologias e interesse, as empresas se mantiveram, e grande maioria
ainda se mantém, omissas em relação a tais obrigações.

No caso de contaminação do solo e da água em área comum a mais de uma empresa


da mesma região, com processos de fabricação similares e com mesmo grau de
adequação à qualidade ambiental, a exigibilidade pelo ressarcimento dos prejuízos
deve ser distribuída entre partes. No cálculo de estimativa de gastos devem ser
incluídos apenas os valores relativos aos trabalhos de recuperação que sejam de
responsabilidade da empresa, caso haja mais de um responsável.

5.4 CASOS REAIS

Diversos casos reais ocorridos no Brasil ilustram o passivo ambiental imputado a


algumas empresas, seja por má conduta em relação a legislação ambiental ou à
preserva’’cão e proteção do meio ecológico, seja por falta no processo de análise
prévia para a compra de empresa ou ainda no caso de fusão de companhias.

Em 1976, a Rhodia Química adquiriu a Clorogil na região de Cubatão em São Paulo.


A empresa adquirida mantinha depósitos de lixo tóxico nos fundos da propriedade, os
resíduos por não estarem devidamente acondicionados contaminaram o lençol freático
e comprometeram toda a região. A nova proprietária foi responsabilizada pela
contaminação e até hoje arca com seqüelas dessa transação.

A Parmalat do setor alimentício adquiriu em 1998, a ETTI e, juntamente, um passivo


ambiental avaliado em aproximadamente US$ 2milhões. O passivo ambiental é
provocado pela emissão irregular de resíduos nos esgotos, na cidade de Araçatuba, no
interior de são Paulo. O custo de tratamento de cada metro cúbico de efluente é de
US$ 2,0 mil por mês, no período de maior produção do produto massa de tomate.

O caso da Protecter & Gamble que comprou a fábrica de sabão em pó Orniex,


assumindo um problema de emissão de material particulado durante a produção do
sabão em pó. O custo estimado para o tratamento das conseqüências de tal emissão é
de U$ 500 mil.

193
Cabe salientar que no caso de empresas desativadas, resta à sociedade arcar com o
passivo ambiental deixado e suas conseqüências.

5.5 PASSIVOS AMBIENTAIS EVIDENTES E DIFUSOS

Segundo Schianetz (1999) os passivos ambientais podem ser definidos conforme


mostrado a seguir.

“Passivos ambientais são deposições antigas e sítios contaminados que


produzem riscos para o bem-estar da coletividade, segundo a avaliação
tecnicamente respaldada das autoridades competentes”.

“Deposições antigas são aterros ou deposições abandonadas nas quais foram


colocados resíduos”

Sítios contaminados são áreas industriais fechadas e abandonadas nas quais no


passado foram usadas substâncias nocivas. Tal uso existe especialmente quando as
mencionadas substâncias foram ensacadas, engarrafadas, produzidas, tratadas ou
utilizadas. Exemplos típicos de sítios contaminados são os postos de combustíveis,
galvanizadoras, diversas indústrias de processo e beneficiamento de metais e a
indústria química entre outras.

Segundo Bolmman e Kaskantzis, a definição mais atual de passivos ambientais é


aquela que considera os impactos ambientais evidentes e difusos que provocam o
aparecimento de passivos ambientais.

Os impactos ambientais evidentes são aqueles facilmente identificados pela sua


magnitude, detectabilidade, permanência, previsibilidade, ou aqueles documentados
pela empresa ou órgão competentes fiscalizador ou regulador da atividade em análise.

Os impactos difusos são aqueles de difícil constatação devido a sua natureza difusa,
pela limitada escala espacial em que ocorrem, pela brevidade temporal e pela sua
baixa intensidade e magnitude.

Posto acima, a cada tipo de impacto ambiental pode lhe corresponder um passivo
ambiental definido conforme mostrado a seguir.

194
PASSIVO AMBIENTAL EVIDENTE é a divida que a organização tem pelo
impacto ambiental facilmente identificável pela sua intensidade, magnitude,
detectabilidade, permanência, previsibilidade ou aqueles documentados pela
organização ou órgão competente.

PASSIVO AMBIENTAL DIFUSO é a dívida que a organização tem pelo impacto


ambiental de difícil constatação devido a sua natureza difusa, pela limitada escala
espacial em que ocorreu, pela brevidade temporal e pela sua baixa intensidade e
magnitude.

5.6 MATRIZ DE PASSIVOS AMBIENTAIS

A base conceitual utilizada para de determinar os passivos ambientais desenvolvida


por Bolmman e Kaskantzis permite a investigação não apenas dos PASSIVOS
EVIDENTES (prioritários para ações de mitigação), mas também os PASSIVOS
DIFUSOS (atualmente conformes com a legislação vigente, mas potencialmente
causadores de futuras contestações devido à sua concentração no meio natural).

Esta técnica permite um aprofundamento maior na questão, investigando meios


móveis (água e atmosfera) e não apenas o solo, como de costume para a maioria dos
auditores. A intenção é a de investigar possíveis futuras contestações como
argumentam as definições mais modernas de passivos. Através desta técnica é
possível também investigar os passivos ambientais evidentes e difusos relacionados
com questões administrativas e sócio-culturais.

Basicamente, a técnica da análise matricial de passivos ambientais consiste em


determinar os passivos ambientais evidentes e difusos no meio físico ar, água e solo, e
considerar a descrição detalhada de cada elemento da matriz através de uma ficha de
avaliação.

5.7 AVALIAÇÃO DE RISCOS E ACIDENTES AMBIENTAIS

Uma outra questão relevante sobre a estimativa de impactos potenciais de


empreendimentos refere-se à avaliação das conseqüências de eventos inesperados,
não planejados ou indesejados, ou seja, os acidentes. Os acidentes são eventos não

195
programados que ocorrem durante um processo normal de produção e podem
ocasionar danos inesperados, prejuízos financeiros diretos (perda de produção e de
equipamentos), assim como, danos ambientais e perca de vidas humanas.

Os danos acidentais, provocados pelo comissionamento de uma atividade industrial


produtiva podem ser avaliados por diversas técnicas, e uma das mais utilizadas é a
ANÁLISE DE RISCOS. Nesta seção vamos apresentar um breve resumo sobre as
principais técnicas de análise de riscos qualitativa e quantitativa, análise de
conseqüências e vulnerabilidade e risco social.

- ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCOS

Os estudos de Análise de Risco são, geralmente, realizados para determinarmos:

• O que pode ocorrer de errado?


• Quais as causas básicas dos eventos?
• Quais as freqüências de ocorrência dos acidentes?
• Quais são as conseqüências?
• Os riscos são toleráveis?

O Acidente Ambiental é um evento não planejado e indesejado, ou uma seqüência de


eventos, com potencial de causar conseqüências (danos, impactos) indesejáveis ao
meio ambiente e população. As principais conseqüências dos acidentes são:

9 Perda de vidas humanas;


9 Impactos ambientais;
9 Danos à saúde da comunidade;
9 Prejuízos econômicos;
9 Danos psicológicos à população;
9 Desgaste da imagem da indústria e do governo.

196
Tabela 14 – Acidentes internacionais importantes

Data Local Atividade Produto Causa Consequências


Texas City, Nitrato de 552 mortes
16/4/47 Navio Explosão
USA Amônio 3000 feridos
18 mortes, 81
feridos
4/1/66 Feyzin, França Estocagem Propano BLEVE
Perdas de US$
68 milhões
Potchefstroom, 18 mortes
13/7/73 Estocagem Amônia Vazamento
África do Sul 65 intoxicados
28 mortes, 104
Flixborough, Planta de Explosão feridos
1/6/74 Ciclohexano
UK Caprolactama Incêndio Perdas de US$
412 milhões
Contaminação
Planta de de grande área,
10/7/76 Seveso, Itália TCDD Explosão
processo emissão de
dioxina
650 mortes,
BLEVE 6400 feridos
19/11/84 Mexico City Estocagem GLP
Incêndio Perdas de US$
22,5 milhões
4000 mortes
Isocianato Emissão
3/12/84 Bhopal, Índia Estocagem 200000
de metila tóxica
intoxicados
135.000
Chernobyl,
28/4/86 Usina nuclear Urânio Explosão pessoas
Rússia
evacuadas
645 mortes
3/6/89 Ufa, Rússia Duto GLN VCE
500 feridos
40.000 ton.
24/3/89 Alasca, USA Navio Petróleo Encalhe
100.000 aves
Perdas de
Planta de Vazamento
11/3/91 Catzacoala Cloro US$ 150
processo Explosão
milhões
Guadalajara,
22/4/91 Duto Gasolina Explosão 300 mortes
México
70.000 ton.
Falha
15/2/96 Mill Bay, UK Navio Petróleo 2300 pássaros
operacional
mortos

197
O estudo e Análise de Riscos é uma atividade voltada para a determinação da
estimativa, qualitativa ou quantitativa, do risco, baseada em técnicas estruturadas para
promover a combinação das probabilidades de ocorrência e das conseqüências de um
acidente ambiental. Uma análise de risco pode prever uma série de possibilidades de
acidentes e propor medidas mitigadoras para evitar ou minimizar a suas
conseqüências. A Tabela 2.4.8 mostra os acidentes importantes ocorridos nas últimas
décadas e as suas conseqüências.

- PERIGO E RISCO

Perigo é uma circunstância potencialmente capaz de acarretar algum tipo de perda,


dano ou prejuízo ambiental, material ou humano. Diversas condições físicas,
químicas e biológicas têm potencial de causar danos à comunidade e ao ambiente.

O Risco é uma medida do dano à vida humana ou ao meio ambiente, resultante da


combinação da probabilidade de ocorrer um acidente e da magnitude do mesmo. O
risco expressa a probabilidade esperada de ocorrência dos efeitos (danos, perdas e/ou
mortes) advindos da consumação do evento.

RISCO = FREQÜÊNCIA X CONSEQÜÊNCIA

A freqüência pode ser expressa em eventos / ano, acidentes por mês. A conseqüência
pode ser expressa em fatalidades / evento, morte / acidente, R$ / evento. Portanto, o
risco é expresso em fatalidades / ano, dias parados / mês, R$ / ano.

Note que se um acidente gera uma morte a cada 1.000 anos o risco é igual a 1 x 10-3
mortes / ano; um outro acidente gera 1.000 mortes a cada 1.000.000 anos, neste caso
o risco é igual a 1 x 10-3 mortes / ano. Apesar dos dois cenários resultarem num risco
igual, o segundo caso deverá ser tratado com maior atenção considerando o dano
maior causado na comunidade.

A relação acima mostra que o risco pode ser minimizado, atuando-se na freqüência do
evento indesejado, nas conseqüências ou em ambas. A experiência mostra que os
grandes danos são normalmente ocasionados por eventos com baixa freqüência de

198
ocorrência acarretando em conseqüências relevantes. A Tabela 15 mostra o risco na
Inglaterra para diversas atividades.

Tabela 15 – Risco individual das atividades na Inglaterra

Atividade Risco Individual/ano

Fumo (20 cigarros/dia) 5,0 x 10-3

Corrida de carros 1,2 x 10-3

Veículos a motor 25 x 10-5

Leucemia 8,0 x 10-5

Incêndio 4,0 x 10-5

Afogamento 3,3 x 10-5

Transporte de petróleo 2,0 x 10-8

- ETAPAS DO ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCOS

As principais etapas da Análise de Risco de uma atividade são:

• Caracterização do empreendimento e região;


• Identificação dos perigos e consolidação dos cenários acidentais;
• Estimativa dos efeitos físicos e análise de vulnerabilidade;
• Estimativa de freqüências;
• Estimativa de avaliação de riscos e;
• Gerenciamento de riscos.

- TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCO

As técnicas de Análise de Risco podem ser classificadas em qualitativas e


quantitativas. Geralmente, inicia-se o estudo com a identificação dos perigos da
atividade (químicos, físicos e biológicos) e aplicação de uma análise qualitativa de
risco, como por exemplo, análise preliminar de perigos. Na seqüência, os resultados

199
desta primeira etapa indicam quais cenários devem ser investigados com maiores
detalhes através das técnicas quantitativas. As principais técnicas qualitativas e
quantitativas são as seguintes:

• Análises Qualitativas: Análise Histórica, Inspeção de Segurança, Checklist,


What-IF?, APP, HazOp;

• Análises Quantitativas: Análise de Árvore de Eventos, Análise de Árvore de


Falhas, Análise de Conseqüências e Vulnerabilidade.

- ANÁLISE DA ÁRVORE DE EVENTOS

Um método muito usado na Análise de Riscos é a avaliação por Árvore de Eventos.


Ela começa com a definição e seleção dos eventos iniciadores potencialmente danosos.
Após a seleção dos eventos iniciadores, cada um deles é analisado separadamente.

Considere a situação hipotética mostrada na Figura 14. Inicialmente ocorre o


vazamento de gás amônia pelo rompimento de uma tubulação, a freqüência de
ocorrência deste evento é de 1,64E-4 vezes por ano (determinada de estudos de
análise de confiabilidade ou banco de dados disponíveis), em seguida forma-se uma
nuvem tóxica com probabilidade de 1% de entrar em ignição.

Assim de maneira similar seguimos por todos os ramos da árvore e determinados qual
será a freqüência de ocorrer todos os cenários hipotéticos testados. Por exemplo, a
freqüência do vazamento do gás amônia formar uma nuvem inflamável e ocorrer uma
explosão não confinada é calculada como mostrado abaixo,

F = 1,62E-4 x 0,999 x 0,2 x 0,95 = 3,1E-5, ou seja, 31 vezes a cada 1.000.000 anos.

Se a conseqüência deste ramo fosse a morte de 1000 pessoas, então teríamos, (3


/1.000.000) x (morte de 1000 pessoas) = 3 mortes a cada 1000 anos, que corresponde
a 0,003 morte / ano, ou ainda, 3,0 x 10 – 3 mortes / ano. Se compararmos este valor aos
valores mostrados na Tabela 15, veremos que o risco é alto.

200
ÁRVORE DE EVENTOS PARA VAZAMENTO DE AMÔNIA EM TUBULAÇÃO

Vazamento Ignição Deteção Ignição Detonação Hipótese Frequência


de gás Imediata Retardada Acidental Final

JATO DE FOGO 1,62E-8


0,001

1,62E-4/ano NUVEM TÓXICA 1,29E-5


0,8

INCÊNDIO 3,23E-6
0,999 EM NUVEM
0,05

0,2

EXPLOSÃO
3,1 E-5
EM NUVEM
0,95
FIGURA 14 – ÁRVORE DE EVENTOS PARA VAZAMENTO DE GÁS TÓXICO

201
Associando cada conseqüência, a um valor monetário, digamos US$ 10 milhões,
facilmente, chegaríamos ao custo anual dos acidentes gerados por este evento, que é
da ordem de (0,003 mortes / ano) x (custo da morte, $ 10.000.000) = US$ 30.000 /
ano.

- ACEITABILIDADE DOS RISCOS

Critérios de Risco do Reino Unido (1989)

Empreendimento Zona I Zona II Zona III


Habitação Inaceitável Talvez Normalmente
aceitável
Comércio e indústria Aceitável Aceitável Aceitável
Comércio e lazer Talvez Talvez Aceitável
Empreendimentos Inaceitável Inaceitável Talvez
muito vulneráveis

Zona I - riscos acima de 10-5 ano-1; Zona II - riscos entre 10-6 e 10-5 ano-1; Zona III -
riscos entre 10-7 e 10-6 ano-1.

RISCO SOCIAL – Critério CETESB


Frequência de N ou mais fatalidades

1E-02
1E-03
1E-04
1E-05
1E-06
1E-07
1E-08
1E-09
1 10 100 1000 10000
o
N de Fatalidades

202
5.8 AUDITORIA AMBIENTAL

A Auditoria Ambiental (AA) dentro do Gerenciamento Ambiental é hoje uma das


mais importantes metodologias para avaliação do desempenho de uma empresa
quanto às questões ambientais. Tem a grande vantagem de avaliar as condições
ambientais de uma atividade produtiva da indústria, auxiliando assim o controle
operacional e trabalhando os mecanismos de ações preventiva, corretiva e de
avaliação.

A Auditoria Ambiental é um procedimento ordenado que tem por objetivo básico o


exame e a avaliação periódica ou ocasional dos aspectos legais, técnicos e
administrativos relacionados às atividades ambientais de uma empresa, como um
instrumento de análise e aprimoramento de seu desempenho ambiental e das ações
relativas à questão. Basicamente, o desempenho do Sistema de Gestão Ambiental
(SGA) pode ser conhecido através da avaliação dos riscos ambientais, da avaliação
da conformidade com a legislação, da avaliação do ciclo de vida e da avaliação de
desempenho após o Estudos de Impactos Ambientais.

A série ISO 14000, no seu processo inicial, identificou três tipos de auditoria.
Posteriormente, em reunião do grupo de trabalho da ISO, duas novas sugestões mais
específicas de AA foram incluídas, conforme mostrado a seguir.

ƒ Auditoria do SGA: controla o sistema de gestão;


ƒ Auditoria de Certificação: verifica a adequação do SGA da empresa com
os requisitos da mesma;
ƒ Auditoria de Conformidade: verifica a conformidade dos padrões
ambientais da empresa com a legislação, normas e regulamentos;
ƒ Auditoria de Responsabilidade: avalia o passivo ambiental da empresa;
ƒ Auditoria de Deccomissind (paralisação): avalia o estado de operações
para parada final, realizada antes da paralisação das atividades da empresa.

Os conhecimentos específicos para uma Auditoria Ambiental requerem fontes de


dados e informações específicas para verificação e exame em um processo de
auditoria, como, por exemplo, resultados de balanço de massa, de energia; legislação
e regulamentos; visão das partes interessadas (reclamações, pesquisa de mercado, etc.);

203
análise de risco; fatores econômicos (medidas fiscais, redução de custos e energia, e
novos investimentos); fatores tecnológicos e cultura da organização.

As atividades normalmente auditadas, na área de meio ambiente, são: política,


responsabilidade e organização das tarefas; planejamento, acompanhamento e
relatório das ações; treinamento e conscientização do pessoal; relações externas com
os órgãos públicos e comunidade; adequação aos padrões legais; planejamento de
emergência e funcionalidade; fontes de poluição e acompanhamento das descargas;
economia de recursos; manutenção adequada e uso do solo.

As etapas realizadas na Auditoria Ambiental, geralmente, são divididas em três partes


básicas, a saber:

- Atividade de Pré-Auditoria: consiste em formar a equipe, discutir o plano de


auditoria, cronograma, profundidade da avaliação, recursos e tópicos prioritários de
acordo com a política estabelecida pela empresa;

- Atividade de Campo (Auditoria propriamente dita): consiste de cinco fases:


compreensão dos controles internos e critérios, avaliação dos controles internos,
coleta de dados, avaliação dos resultados da auditoria e relatório dos resultados;

- Atividade Pós - Auditoria: consiste na reavaliação do relatório apresentado,


elaboração e distribuição do relatório final, desenvolvimento e acompanhamento do
plano de ação.

A Auditoria Ambiental tem a grande vantagem de avaliar as condições ambientais de


uma atividade produtiva de uma empresa, auxiliando no controle operacional e
trabalhando principalmente os mecanismos de ação corretiva. Isto contribui para a
melhoria contínua na identificação sistemática e planejada das oportunidades para
aumentar o desempenho da empresa. Assim, a AA é uma metodologia que auxilia o
Gerenciamento Ambiental quanto à prevenção e correção de impactos ambientais
nocivos, através de verificações e exames periódicos dos procedimentos e processos
produtivos, compondo desta forma um retrato momentâneo do desempenho ambiental
da empresa, mostrado no relatório final.

204
5.9 DIAGNÓSTICO BÁSICO AMBIENTAL

O Diagnóstico Básico Ambiental, ou Avaliação Ambiental Inicial do processo,


atividade ou empresa pode ser realizado como um processo independente da
existência ou não de um sistema de gestão ambiental. Através da utilização de um
formulário se verificam os seguintes aspectos ambientais:

1. Consumo de água;
2. Consumo de energia;
3. Consumo de matérias-primas;
4. Utilização de substâncias perigosas;
5. Produção de resíduos não perigosos;
6. Produção de resíduos perigosos;
7. Descarga de águas residuais;
8. Emissões para a atmosfera externa;
9. Emissões para a atmosfera interna;
10. Emissão de calor para o ambiente interno;
11. Emissão de ruído para o ambiente externo;
12. Emissão de ruído para o ambiente interno;
13. Contaminação do solo e águas subterrâneas;
14. Desempenho de sub-contratados e fornecedores e;
15. Concepção do Produto

Com os dados coletados podemos realizar, por exemplo, o chamado eco-balanço da


empresa. Note que com a realização do eco-balanço na empresa, foram criados
indicadores ambientais que podem ser registrados ao longo do tempo para indicar a
melhoria da qualidade ambiental da empresa avaliada.

Os indicadores ambientais, depois de estabelecidos, são utilizados, por exemplo, para


o controle e desempenho ambiental da empresa visando aumentar eficiência e
diminuir os custos da empresa.

205
5.10 EIA - RIMA E LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O desenvolvimento de Estudos e Relatórios de Impactos Ambientais é uma das áreas


que o especialista em meio ambiente pode atuar de forma mais freqüente.

Basicamente, conforme já exposto, o objetivo é realizar um diagnóstico dos meios


físico, biológico e antrôpico, para se determinar os aspectos e o impactos de uma
atividade ou processo em estudo. Cabe observar que esse tipo de estudo também pode
ser realizado durante a operação da empresa para determinar os impactos ambientais
relevantes associados ao processo produtivo.

Para a realização desta tarefa utiliza-se, por exemplo, a matriz de significância dos
aspectos e impactos ambientais que podem ser ordenados segundo uma seqüência de
prioridade através de uma técnica ponderal, como por exemplo, a Técnica de Análise
Hierárquica de Processos. Um exemplo desta técnica, aplicada a posto de serviço
encontra-se em anexo desta apostila.

5.11 PLANO BÁSICO AMBIENTAL

O Plano Básico Ambiental é elaborado durante o processo de licenciamento da


atividade, obra ou empreendimento para se corroborar e completar os itens
apresentados do EIA – RIMA. O plano básico ambiental detalha os programas básicos
sócio-ambientais apresentados de forma mais simplificada no início do processo de
licenciamento, como medidas compensatórias e mitigadoras dos impactos ambientais
negativos do projeto, obra ou atividade que está sendo licenciada.

Um exemplo de medida compensatória é aquela associada a Resolução do Conselho


Nacional do Meio Ambiente que diz que 0,5% do valor do projeto precisa ser aplicado,
por exemplo, em um parque. Esta é uma medida compensatória definida no PBA e
executada no projeto. As medidas mitigadoras, por exemplo, quando se sabe que
haverá um problema e se busca formas de resolvê-lo são detalhadas neste Plano. É o
caso dos reatores das Estações de Tratamento de Efluentes para mitigar o problema do
odor. Também é o caso do ruído, que produzem ruídos, neste caso a ação é isolar
acusticamente as estações de bombeamento.

206
Então o Plano Básico Ambiental é o conjunto destes elementos, além de todos os
programas desenvolvidos para controlar a obra depois da execução, para monitorá-la.
Nesta fase, em paralelo, são concluídos os projetos técnicos de engenharia. Os
programas sócio-ambientais tem se caracterizado pela construção da discussão de
diversas alternativas tecnológicas visando tranqüilizar os moradores e atender a todas
as precauções possíveis, garantindo o funcionamento perfeito da operação. Os
principais programas sócio-ambientais que são, geralmente, detalhados pelo Plano
Básico Ambiental são os seguintes:

- Relatório do Projeto Básico Ambiental;


- Programa de Controle de Processos Erosivos;
- Programa de Recuperação de Áreas Degradadas;
- Programa de Paisagismo;
- Programa de Recuperação de Passivos Ambientais;
- Programa de Melhoria das Travessias Urbanas;
- Programa de Redução do Desconforto e Acidentes na Fase de Obras;
- Programa de Controle de Material Particulado, Gases e Ruídos;
- Programa de Segurança e Saúde da Mão-de-Obra;
- Programa de Desapropriação;
- Programa de Reassentamento da População de Baixa Renda;
- Programa de Apoio às Comunidades Indígenas;
- Programa de Proteção ao Patrimônio Artístico, Cultural e Arqueológico;
- Programa de Proteção à Fauna e à Flora (Subprograma de Proteção à Fauna;
- Programa de Transporte de Produtos Perigosos;
- Programa de Ordenamento Territorial;
- Programa de Compensação para Unidades de Conservação;
- Programa de Comunicação Social;
- Programa de Educação Ambiental;
- Programa de Monitoramento Ambiental;
- Programa de Gestão Ambiental e;
- Estudos de Circulação da Água e de Dispersão de Poluentes.

5.12 RELATÓRIO, LAUDO E TAC AMBIENTAL

- TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA

Os procedimentos administrativos instaurados no Ministério Público iniciam-se com


a notícia dos fatos encaminhados por órgãos públicos, entidades diversas e

207
particulares, ou ainda por notícia de jornais. A partir daí, passa-se à fase de apuração
com a requisição de laudos e informações dos órgãos públicos tais como: Instituto do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, Órgão Ambiental
Estadual, etc., sendo tomadas todas as providências cabíveis de modo a chegar à
apuração.

Confirmada a existência de danos ambientais é remetido ofício ao envolvido para


que apresente todas as suas informações e documentos que julgar pertinente, bem
como, é indagado ao mesmo do seu interesse em celebrar Termo de Ajustamento de
Conduta - TAC no Ministério Público de modo a evitar os encargos decorrentes de
um necessário ajuizamento de ação civil pública, concedendo-lhe prazo para resposta
que poderá ser prorrogado havendo justificativa.

Caso haja interesse na celebração do TAC e não havendo descaracterização da


infração com as informações e documentos apresentados, é expedida notificação ao
envolvido para efeito de comparecimento em uma data previamente agendada para o
fim mencionado. Comparecendo na data previamente agendada, o envolvido pode vir
ou não acompanhado de advogados, outros profissionais ou outras pessoas como lhe
convier, o que é muito bem-vindo para efeito de transparência na celebração do TAC
e, na maioria dos casos, os envolvidos comparecem acompanhados de advogados que
permanecem presentes durante todo o tempo, participam das discussões e assinam o
Termo referido ao final juntamente com o cliente. Não há exigência legal para a
presença de advogados ou qualquer outro profissional na celebração do Termo de
Ajustamento de Conduta. E é facultativo trazer um profissional autônomo da área de
meio ambiente dando-se o prazo para a contratação de um profissional de confiança.

De início, todos tomam ciência de que o principal objetivo do Termo de Ajustamento


de Conduta é a reparação do dano ambiental, restituindo o meio ambiente a seu
estado anterior sempre que possível. Quando se trata de desmatamento, a reparação se
dá com a apresentação de projeto de reflorestamento elaborado por profissionais
especializados, inscritos nos respectivos conselhos de classe, que deverá ser apreciado
pelos Órgãos Públicos competentes de modo a assegurar uma correta e adequada
reparação do dano, exigindo-se do Ministério Público do mencionado Órgão que, caso

208
o projeto não seja aprovado, deve apresentar sugestões para a solução do problema,
evitando-se, assim, delongas desnecessárias em prejuízo ao meio ambiente.

Uma vez que o envolvido concorda com todas as condições que lhe são previamente
apresentadas de acordo com a legislação, o Termo de Ajustamento de Conduta prevê
uma multa diária para o caso de descumprimento das obrigações que
espontaneamente foram assumidas pelo envolvido, caracterizando-se o TAC como
um título executivo extrajudicial e que poderá se transformar numa ação judicial de
execução para compelir o envolvido a cumprir as obrigações que espontaneamente
assumiu além da cobrança da multa referida que será revertida ao Fundo de Defesa
dos Direitos Difusos (FDDD).

- RELATÓRIO E LAUDO AMBIENTAL

Por definição Laudo Pericial é o resultado da perícia, expresso em conclusões


escritas e fundamentadas, onde estão apontadas os fatos circunstâncias, princípios e
parecer sob a matéria submetida a exame do especialista, adotando-se respostas
objetivas aos quesitos. O Laudo dever ser objetivo, completo e conciso, restringindo-
se ao assunto da perícia, sem divagações. Ele deve ser instruído com plantas,
desenhos, fotografias e outras quaisquer peças.

Os Relatórios e Laudo Técnicos ambientais são documentos elaborados para


avaliação de riscos, acidentes e danos ambientais. De maneira geral as normas
regulamentadoras exigem que as empresas elaborem alguns laudos e relatórios, a fim
de assegurar a integridade física de seus funcionários. Dentre os diversos laudos e
relatórios técnicos exigidos, estão:

- Laudo Ergonômico: Deve abranger as condições de ergonomia do trabalho. A


ergonomia é uma ciência que visa adequar as condições de trabalho às características
dos trabalhadores. Dever ser feito um levantamento das atividades realizadas pelos
funcionários durante os processos de produção, levantamento das condições dos
postos de trabalho (espaço, mobiliário, ferramentas postura etc...), deve-se também
avaliar as condições de conforto acústico e térmico nos ambientes de trabalho.

209
- Laudo das Instalações Elétricas: É obrigatório pela NR10, deve ser elaborado por
um Engenheiro Elétrico que deve vistoriar minuciosamente as instalações elétricas da
Empresa e criar um relatório com as recomendações necessárias para solução de
possíveis problemas.

- Laudo de Caldeiras e Compressores: A NR13 determina que caldeiras e vasos


sob pressão devem conter uma documentação que garanta uma vistoria e manutenção
periódica. Esses dados devem estar contidos em um laudo de inspeção, realizado e
assinado por um profissional competente.

Laudo de Vistoria: É documento interno, elaborado pelo técnico de campo e que


objetiva retratar, de maneira mais fidedigna possível, a situação da área objeto da
solicitação de licenciamento, a fim de subsidiar a tomada de decisão. É descritivo
quanto aos aspectos de vegetação, áreas de preservação permanente, hidrografia,
fauna, entorno, uso da terra e atividade pretendida e outras informações julgadas
relevantes (como por exemplo, degradações eventualmente observadas). As restrições
legais são citadas. São obrigatoriamente acompanhados da planta planialtimétrica com
as alocações das constatações da vistoria.

É durante o trabalho de campo que é realizada a conferência entre a planta


apresentada e a situação real. Os laudos de vistoria destinados a atender recursos e/ou
subsidiar decisões de Autos de Infração Ambiental, geralmente, são de simples
constatação, sem a obrigatoriedade de ser acompanhado de planta. Devem avaliar as
possibilidades e formas de recuperação.

Após a vistoria, são analisados, por técnicos efetivos da Equipe Técnica, os aspectos
legais, observadas outras licenças apresentadas e/ou exigíveis, inserção e/ou
proximidade de Unidades de Conservação, consultado o mapeamento de vegetação
nativa (Olho Verde), análise da atividade / projeto x uso da terra e exarada a
manifestação conclusiva - favorável ou desfavorável - ao deferimento do solicitado.

No Laudo de Vistoria deverá conter:

• Número do processo;
• Nome do interessado / autuado;

210
• Nome / Localização da propriedade;
• Município;
• Data da vistoria e;
• Nome do Técnico, Número no Registro do Conselho Regional (CREA, CRB)
e Assinatura / Equipe Técnica.

Laudo de Dano Ambiental: É documento oficial de natureza pericial, destinado ao


Ministério Público. Sugere-se o seguinte roteiro para sua elaboração.

1. Qualificação:

• nº PT (processo do Ministério Público) ou nº do ofício;


• nome do interessado (quem propôs a ação);
• nome do réu;
• local do dano ambiental;
• município;
• ação degradadora;
• data da vistoria e;
• nome do técnico /Equipe Técnica.

2. Histórico:

• relacionar/posicionar processos administrativos porventura existentes;


• histórico da ocupação e/ou do dano e;
• informações complementares.

3. Caracterização da Região:

• aspectos físicos: relevo, hidrografia, solos;


• vegetação;
• fauna e;
• aspectos antrópicos: ocupação, economia.

4. Dano:

• localização: (anexar planta);


• gravidade e;
• possibilidade de recuperação.

5. Legislação:

• relacionar Leis, Decretos, Resoluções etc., relativos a questão.

6. Indenização:

211
• Para a estimativa do valor em dinheiro da indenização deve-se
considerar três aspectos:

a) Valor da exploração: é o valor advindo diretamente da exploração do


recurso como, por exemplo, o valor de lenha e tora retirada com o
desmatamento, ou o valor de minério extraído.

b) Valor da recuperação: é o valor de recuperação do dano ambiental


considerando-se a tecnologia disponível e compatível para a recuperação do
dano, como por exemplo, o valor das mudas e tratos culturais para reflorestar
uma área ou o valor da recuperação paisagística de uma mineração.

7. Bibliografia

8. Nome do técnico, nº do registro no Conselho Regional (CREA, CRB),


Assinatura

9. Fotos com legenda

Parecer Técnico: É documento oficial. Não é documento licenciador. Destina-se a


órgãos internos à do governo ou ao público externo para, como por exemplo,
orientação prévia à elaboração de projetos ou compra de propriedades. É embasado
em laudo de vistoria e contém as restrições legais quanto ao aspecto do projeto e ao
uso e ocupação da área.

6. ESTUDOS DE CASO

212
6.1 – Laudo e Cálculo de Dano Ambiental Decorrente de um Depósito de Lixo

1 – APRESENTAÇÃO

Autor do Laudo: Eng.............................................................., CREA .................,

Partes Envolvidas: Requerentes:................., Requeridas: Prefeitura Municipal .........

2 – PRELIMINARES

Descrição sintética sobre aterros sanitários, apresentando estrutura física e partes que
compõem o aterro, diagrama básico de engenharia, sistemática de operação do aterro,
sistemas de tratamento do “chorume” e dos gases emitidos (metano), sistema de
monitoramento do lençol freático. Estimativa do tempo de vida útil do aterro e
sistemática de encerramento das atividades. Descrição dos impactos negativos e
positivos da instalação de um aterro de resíduos urbanos.

3 – PERÍCIA

A perícia se caracteriza como uma vistoria no âmbito do direito legal com nível de
precisão normal.

4 – CRONOLOGIA DOS EVENTOS

- Em 12/10/1995: Movida ação ordinária de indenização por perda e dano contra o


Município....... Área avaliada: 20 ha (hectare), Registro de Imóvel 197722 a 197729,
Comarca de ..............

Exposição de Motivos da Autora: O município de apossou de área de 15.000 m2,


mais 3.000 m2 por desapropriação indireta. O empreendimento frutícola (uva, pêssego,
ameixa, etc.) se tornou inviável, causando prejuízos irreparáveis.

Motivos:

ƒ Proliferação de moscas que se desenvolvem no lixão e atacam os pomares, e


abelhas não melíferas que estragam as uvas, quando prestes a amadurecer.

213
ƒ Proliferação de odores, moscas e ratos que alteram a qualidade de vida, a fauna e a
flora, no mínimo no entorno de 1.000 de distância do local em análise.
ƒ O Parecer do Engenheiro Agrônomo ........., concluiu que a implantação do pomar
será afetada, acarretando em custo maior devido à proximidade do depósito de lixo,
embora as condições de clima e solo sejam propícias para a atividade. O Parecer
desaconselhou a implantação do pomar devido à proximidade do lixão. Parecer
técnico e mapa em anexo.
ƒ As despesas para o cultivo da uva, pêssego, etc, dobrou após a instalação do lixão,
tornando anti-econômico o seu cultivo.
ƒ O lixão contamina a vertente de água que nasce a 50 metros do local e abastece a
propriedade dos Autores há 50 anos, cruzando as terras destes, tornando perigoso o
consumo, mesmo para animais e para uso agrícola.

- Em 01/03/1996: Contestação do Município de...............,

Resumo:

ƒ A Prefeitura Municipal alega que parte do lote 12 da área de 90.000 m2 pertencente


ao Senhor........, foi adquirida pelo Município, visando a implantação da usina de
reciclagem de lixo do município em 06/11/1991.
ƒ Em 1991, começou a instalação da usina de lixo, e segundo a PM de......, o Sr. .......,
sugeriu que este aumento fosse feito em um canto de suas terras para não
contaminar um riacho que passa perto de suas terras e evitaria que o lixão ficasse
na frente de sua residência.
ƒ A usina foi instalada em 29/12/1992, nas terras dos Requerentes.
ƒ Em 04/07/1994 foi desapropriada pelo Poder Executivo do Município outra área de
10.000 m2 de......, pela necessidade de aumento da usina de lixo.

Em suma, pede-se improcedência da ação quanto à pretendida indenização, tanto


quanto se refere à aludida desapropriação ou a título de perdas e danos, inclusive
danos emergentes, porque ocorreu na espécie a exclusão das condições da ação.
Rebate ainda a assertiva contida na inicial que o “lixão” contamina a água que nasce
no local, tendo em vista que os montes de lixo estão colocados de tal forma e

214
separados por valos que impedem a passagem de qualquer detrito ou líquido para os
outros imóveis, como pode ser visto no local.

- EM 13/05/1996: Manifestação dos Autores sobre a Contestação

Alega a Autora que a PM......., instalou a usina na propriedade dos autores,


sem as cautelas legais necessárias da desapropriação direta, resultando nas condições
descritas na peça inicial. Alega que na referida usina nunca foi feita reciclagem e a
correta compostagem, sendo o lixo depositado em valas positivas, ou seja, acima do
nível da terra, gerando um imenso depósito de lixo. Alegam também a desvalorização
das terras adjacentes, a que seria inevitável independente em qual propriedade fosse
instalada a usina de lixo.

Ratifica o pedido de nomeação de PERITO, indica o Assistente Técnico da


Autora e apresenta os Quesitos.

- EM 01/07/1996: É nomeado pela PM...... o assistente técnico e são formulados os


quesitos.

- EM 02/07/1996: São deferidos os quesitos apresentados.

- EM 10/07/1996: São juntados ao processo os quesitos suplementares dos Autores.

- EM 15/01/1998: É requisitado o RIMA, consoante manifestação dos demandantes.

- EM 04/05/1998: A ....... envia cópia sobre a necessidade ou não de elaboração de


RIMA dando o parecer dispensando a exigibilidade de EIA-RIMA.

5 – QUESITOS E RESPOSTAS

Da Ré

Quesito 01 – Quais as melhorias que proporcionará a instalação do aterro sanitário,


no local da usina?

Uma aterro sanitário bem projetado, conforme o projeto apresentado pela técnica em
saneamento ambiental Sra........na..... é uma das possibilidades de destino final para o

215
lixo urbano, embora como descrito acima nas preliminares, esta técnica está sendo
gradualmente abandonada devido ao fato do aterro ter uma vida útil curta, ser de
difícil operação e a resistência da população vizinha.

Quesito 02 – Após a instalação do aterro sanitário, sofrerão os Autores algum tipo


de poluição, em seus imóveis contíguos a usina de lixo?

Um aterro sanitário, por melhor operado que seja, sempre causa dano ao meio
ambiente. Logicamente que quando bem operado, o dano é tolerável. Mas o
levantamento de pó, certo odor e poluição sonora são impactos que não podem ser de
todo eliminados. Isto significa que em parte, a qualidade ambiental é diminuída pela
redução das amenidades ambientais, isto ocorre através da redução do bem estar, um
dos fatores de dano indireto na avaliação ambiental e de alguma contaminação
esporádica da água do lençol freático. Esta avaliação somente poderá ser feita após a
entrada definitiva em operação e deverá ficar entre 2 a 5% a queda da qualidade
ambiental dos parâmetros acima. Adiciona-se ao dano de pequena monta acima, os
danos ainda remanescentes do impacto intermitente que são os danos continuados,
mesmo após a eliminação do elemento fonte. Este dano ocorre após muito anos (veja
metodologia CATE).

Quesito 03 – Está sendo feito no local o aterro sanitário?

Até a data da primeira vistoria, em 17/08/2000, praticamente o aterro era um lixão a


céu aberto. Na segunda visita, em 19/12/2000, a situação continuava a mesma. Já na
última visita, em 08/02/2001, a situação era de construção de lagoas de tratamento do
“chorume”. As obras se encontravam concluídas. Existia no local, na data de
08/02/2001, placa indicativa de financiamento através do ........ com contrapartida da
Prefeitura.

Quesito 04 – Trará alguma vantagem a coleta seletiva de lixo com relação às


alegações do Autor?

Sim muitas, pois a coleta seletiva serve para reduzir o volume de lixo e diminuir os
espaços onde possam as colônias de bactérias se instalar, com isto a carga orgânica
responsável pela formação do “churume’ e do odor diminui um pouco, pois as

216
bactérias levarão mais tempo para se multiplicarem. Isto será vantagem no caso de
uma camada de argila ser aplicada sobre a de lixo depositado diariamente. Cabe
salientar que este processo diminuirá em muito o risco de contaminação e redução do
bem estar da população. Por outro lado, a matéria orgânica degradada ocupará o
mesmo volume, portanto, se a coleta e tratamento do churume não for feita de forma
adequada, como está sendo feita agora, então para a água não trará nenhum benefício.
Saliento que o projeto apresentado à....... contempla a coleta e posterior tratamento do
“churume” em lagoas. A eficiência deste sistema somente será avaliada quando em
operação.

Quesito 05 – Para melhor avaliação dos fatos e uma análise mais apurada não seria
necessária, a realização de uma perícia feita por expert, mais específico do assunto
de meio ambiente?

Este laudo está sendo elaborado dentro do estado da técnica atual de meio ambiente e
com conceitos internacionais, ser ferir os diplomas legais a cerca do assunto no Brasil,
ou seja, CF art. 255, MP 1570-1.

Quesito 06 – Existe próximo ao local qualquer tipo de cultivo agrícola dos Autores?
Em caso positivo quais? E a que distância da sede da Usina de Lixo?

Sim existia próximo ao local da data da vistoria uma plantação de milho de mais ou
menos 30.000 m2 e um parreiral de aproximadamente 40.000 m2. O início das
plantações estavam a menos de 200 metros da sede da usina de lixo.

Quesito 07 – Explique o senhor perito como se processa a Reciclagem e


compostagem de lixo, método usado pelo município?

A reciclagem é fase inicial do processo de compostagem do lixo e basicamente é a


separação da parte passível de reaproveitamento. Esta fase é importante devido ao fato
de que além de reduzir o volume do lixo a ser enterrado,a reciclagem do lixo reduz a
área superficial do lixo e, portanto, a formação de colônias de bactérias e reduzindo o
processo de digestão anaeróbia. Atrasando o processo, o tempo para o recobrimento
com argila pode ser estendido, evitando muitos inconvenientes. Normalmente, o
recobrimento é feito ao fim da jornada de trabalho, ou seja, num intervalo de 24 horas.

217
Quesito 08 – Como a usina operando dentro dos projetos de município, causará ao
meio ambiente, inclusive aos Autores algum dano?

Já respondido no quesito 02 acima.

Dos Autores

Quesito 01 – Qual a data que o Município instalou o depósito de lixo nas terras dos
Autores?

O depósito de lixo foi instalado em 29 de novembro de 1992, portanto, a oito anos,


três meses e dias.

Quesito 02 – Quando da instalação do referido depósito, o Município possuía o


devido licenciamento ambiental fornecido pela.........(órgão competente) conforme
Lei no 6938 de 31/08/81.

A Resolução CONAMA No 5 de 15 de junho de 1988 também regulamenta o


licenciamento de sistemas de limpeza urbana. Na data de instalação do depósito de
lixo da Prefeitura não havia nenhum tipo de licenciamento ambiental e nem
formalizado o pedido de Licenciamento Prévio. O primeiro licenciamento foi de
instalação, já que não cabia mais o licenciamento prévio, pois a degradação já ocorria.
A licença de instalação foi emitida em 24 de maio de 1996, com número LI No
0161/96-DL, na área de 6.400 m2 para aterro e 3.000 m2 para pátio de cura e
compostagem.

Quesito 03 – O Município possui Licença de Operação, fornecida pelo...... (órgão


competente)? Em caso positivo, desde que data?

Não, o que existiu foi a Licença de Instalação acima referida, emitida em 1996 e,
como não foram tomadas todas as medidas necessárias, inclusive o pedido de Licença
de Operação, a mesma caducou um ano depois. É de salientar que a Usina só pode
operar depois de ter o Licenciamento de Operação, o que não existe.

Em 23 de fevereiro de 2000, com a área já degradada, foi feito um Termo de


Compromisso Ambiental (TCA), processo No......., entre a Prefeitura de...... e, a ..........,

218
para a implementação de medidas para a recuperação da área degradada e uso para um
Aterro Sanitário. A Prefeitura não cumpriu o prazo acordado e, em 13 de fevereiro de
2001 foi acertado um aditivo, com prazo final em 30 de maio de 2001. Todos os
prazos deverão estar cumpridos conforme a aditivo nesta data.

Quesito 04 – Poderia, o perito, informar se a localização da área licenciada


conforme LI No 0161/96 – DL, corresponde à área dos Autores, mencionada no
mapa de fls. 23 ou a área matriculada sob o No 11453 (fls 43 dos autos e mapa da
fls.45)?

A área licenciada não é definida com clareza na Licença de Instalação da.......,


conforme informação da técnica............. Deveria ser definida com clareza no pedido
de Licenciamento, o que não aconteceu. Claro que o pedido de licenciamento inicial
foi para as terras da viúva......... e que as terras dos .......s, bem como as terras de.....e
esposa, compradas posteriormente pela Prefeitura, não fazem parte da Licença de
Instalação pedida, nem do TCA acordado. Portanto, a Prefeitura em hipótese nenhuma
poderia estar lançando lixo nestas áreas.

Quesito 05 – Elabore, o perito, mapa localizando as propriedades dos Autores e a


localização do depósito de lixo.

O mapa da figura 23 configura a situação atual, onde parte do depósito de lixo da


Prefeitura avança nas terras de........ e outros tomando uma área de 140 metros por 110
metros, na parte que faz fronteira com as terras de.......e Esposa, que foram adquiridas
pela Prefeitura posteriormente para expansão do depósito de lixo.

Quesito 06 – O Município obedeceu, corretamente, na seqüência prevista, todos os


requisitos exigidos em lei para a instalação e operação da usina de lixo?

Não. A Prefeitura não seguiu a seqüência que deveria ser.

Pedido de Licença Prévia – LP ( importante indicar a área que realmente será usada);

Pedido de Licença de Instalação – LI (apresentar o projeto que será implementado);

Pedido de Licença de Operação – LO (entrar em operação só com a unidade instalada).

219
A Prefeitura pediu licenciamento em 1996, como já jogava lixo no local, o
licenciamento foi de instalação. Como não cumpriu o prazo, a Licença de Isntalação
caducou. Continuou irregular até após muitos problemas, inclusive incêndios no local,
poluição, reclamações da comunidade, foi notificada pelo Ministério Público. Chegou
novamente a um acordo e assinou um TCA, que por sua vez também não cumpriu.
Novamente, em 13 de fevereiro de 2001, foi dado uma prorrogação com prazo final
em maio de 2001 para que todas às ações a serem tomadas sejam encerradas.

Quesito 07 – A falta de observância aos registros legais, mencionados na questão


anterior pode causar danos e prejuízos ao meio ambiente e aos proprietários de
imóveis contíguos e/ou próximos da área destinada ao depósito de lixo?

A não observância aos requisitos legais sempre traz danos à natureza, alguns
irreversíveis, principalmente, os serviços ambientais afetados. As áreas contíguas ao
lixão são as mais afetadas pois a pluma de contaminação é mais intensa nas áreas
próximas, diminuindo a medida que nos afastamos da fonte de contaminação. A água
é mais afetada em propriedades de nível inferior a fonte e a contaminação aérea pela
direção predominante dos ventos.

Quesito 08 – Quanto tempo seria necessário para a recuperação da área onde está o
depósito de lixo seguindo o procedimento exigido pela......... ?

Varia de contaminante para contaminante e de quanto tempo o ambiente vem sendo


degradado. No caso de lixo depositado sem controle, caso do depósito analisado, a
recuperação da água do solo leva mais de 30 anos a partir do momento que o lixo
deixa de se depositado. Se o lixo é depositado em um Aterro Sanitário bem controlado,
o impacto existente é insignificante e portanto tolerável.

Quesito 09 – O cultivo de frutíferas foi prejudicado com a proximidade do “aterro


sanitário” às terras dos Autores? Em caso afirmativo, poderia identificar e
quantificar o prejuízo?

Todo o tipo de atividade agrícola é prejudicado com o depósito de lixo em sua


vizinhança, principalmente, se o depósito está localizado acima do nível da terra na
qual a cultura está sendo avaliada.

220
Quesito 10 – Houve maiores gastos no custeio da produção das frutíferas, dada a
proximidade do depósito de lixo? Especifique (devido à incidência de moscas, ratos,
odor, etc..)

Houve maiores gastos de custeio devido as pragas originadas pelo depósito de lixo,
isto está calculado no item 6.

Quesito 11 – Quais as variedades frutíferas cultivadas pelos Autores nas terras


próximas ao aterro?

Viníferas 4 ha, milho 3 ha e culturas variadas para consumo próprio.

Quesito 12 – Poderia, o perito, estimar em quanto a menor foram às colheitas dos


Autores, por força da instalação do aterro, face à eventual presença de insetos ou
outras pragas e moléstias dele oriundas?

O cálculo foi feito no item 6 e foi baseado no custo direto ambiental para os 4 ha
plantados de viníferas e o custo de oportunidade para os demais hectares plantados,
baseado no princípio que existe a oportunidade de rendimento no restante das terras
com a cultura da qual a família e a comunidade dos arredores tem maiores
conhecimentos. Este custo é recomendável no caso de desapropriações de áreas
florestais e danos ambientais. O proprietário perde a oportunidade de produzir por
externalidades, às quais lhe impõem prejuízos sem lhe dar nenhum benefício. Os
beneficiários são os moradores da cidade, que não tem relação difusa com a
propriedade.

Quesito 13 – As áreas dos Autores estão num plano mais alto que as abrangidas
pelo depósito de lixo?

Sim, a água da propriedade dos Autores sofre de contaminação devido ao depósito de


lixo conforme laudo do laboratório.........em anexo.

Quesito 14 – Existiria a possibilidade de através da força da gravidade, os detritos


e/ou líquidos (chorume) escorrerem para a propriedade dos Autores? Em caso
positivo, qual a extensão da área atingida?

221
Conforme literatura, a pluma de um depósito de lixo pode atingir até 1.500 metros de
distância da fonte na direção predominante. Como foi comprovada por análise, a
contaminação atinge inclusive a água corrente da propriedade dos Autores.

Quesito 15 – A que distância está localizada a área dos Autores em relação à


edificação central do depósito de lixo?

Num raio de 1000 metros. Sendo que a edificação central não é o centro de
contaminação do depósito de lixo e sim a área localizada atrás do depósito de lixo, ou
seja, as pilhas formadas.

Quesito 16 – Qual a profundidade até o nível de água existente no lençol freático do


subsolo? É passível de contaminação?

A água existente no lençol freático tem profundidade variável dependendo da época.


Á água do lençol freático é passível de contaminação já que é alimentada pela
absorção da água da chuva pelo solo. Como a área do depósito de lixo está acima das
terras dos Autores, toda a lixívia resultante da pilha do depósito é infiltrada pelo solo,
contaminando a água do lençol freático que é o mais sensível à contaminação.

6 – CÁLCULO DO DANO AMBIENTAL

O dano ambiental foi dividido em Dano as Viníferas e Dano à Água. Para efeito de
desvalorização do terreno supõem-se que o dano ambiental calculado inclui as Perdas
de Desvalorização já que a propriedade perde em amenidades e produção. Para efeito
de produção, foi considerada a perda de produção por oportunidade ou Custo de
Oportunidade, pelo fato de não poder fazer.

6.1 – METODOLOGIA

O método utilizado para o cálculo dos danos ambientais à produção agrícola foi feito
para o dano à produção vinífera existente e para o custo de oportunidade de produção
de viníferas. Salienta-se que o custo de oportunidade é passível de cálculo neste caso,
pois a região é de aptidão para o cultivo de viníferas.

222
O valor médio de produção é de 1.698,83 kg/ha, baseado nos dados do município. O
valor encontrado é a divisão de produção média de 43.300.000 kg/ano pela área do
município que é de 254,88 km2.

Para Danos Ambientais à água, o método usado é aproximações semi-quantitativas ou


também chamado de Lista de Verificação Ponderada. Neste método se avalia o Índice
de Qualidade Ambiental (IQA) a partir das amostras coletadas. Os parâmetros do
CONAMA serão usados para o índice de qualidade 100% e da bibliografia para 0%.

Estes limites foram usados como valores limites de interpolação. Com o valor do
Dano estimado, é calculado o valor dos Custos Ambientais Totais Esperados (CATE)
para os danos intermitentes e contínuos.

6.2 – CÁLCULO DO DANO AMBIENTAL NA PRODUÇÃO DE VINÍFERAS

6.2.1 Da plantação existente:

- Área plantada: 4 ha

- Produtividade média: 1698,83 kg / ano

- Valor de venda: 0,28 R$ / kg (Fonte: Jornal Gazeta Mercantil)

- Caso sem o depósito de lixo:

• Custo de produção: 50% do preço de venda = 0,28 x 0,50 = 0,14 R$ / kg


• Custo de formação: 50% do custo de produção = 0,14 x 0,50 = 0,07 R$/ kg
• Custo de colheita: 33% do custo de produção = 0,14 x 0,33= 0,047 R$ / kg
• Lucro bruto: 50% do preço de venda = 0,28 x 0,50 = 0,14 R$ / kg

- Caso com o depósito de lixo:

• Custo de produção: 50% do preço de venda + diferença pelo uso de mais


defensivo agrícola;

223
• Custo de formação: 0,07 R$ / kg x 1,4 (aumento de custo) = 0,098 R$ / kg
(foi considerado um aumento de 40% no custo de formação pelo uso de
mais defensivos agrícolas e mão de obra na aplicação);
• Diferença entre o custo normal de formação e manutenção e o custo de
formação e manutenção após a instalação do aterro de lixo = 0,098 – 0,070
= 0,028 R$ / kg.

- Dano previsto na produção de viníferas:

Dano unitário: 0,028 R$ / kg x 1698,83 kg / ha ano = 47,56 R$/ ha ano

6.2.2 Custo de Oportunidade (CO)

CO = 1698,33 kg / ha ano x 0,14 R$ / kg = 237,83 R$ / ha ano


Impostos = 23,78 R $ /ha ano
____________________

Custo de Oportunidade Líquido = 214,05 R$ / ha ano

Não foram consideradas as outras culturas, devido ao fato de ter sido calculado o
Custo de Oportunidade para a área onde não existem viníferas plantadas. Observa-se
que o CO e o dano as viníferas foram calculados baseados em índices de
produtividade média por hectare, que normalmente é abaixo do que uma propriedade
produz. Isto se deve ao fato de que, da área do município, deveria ser descontado a
área urbana, estradas, galpões, residências rurais, florestas, etc. Portanto, o valor é
bastante conservativo.

- Dano Direto Total na Produção de Viníferas:

Cd viníferas + CO viníferas = 47,56 R$ / ha ano x 4 ha + 214,67 R$ / ha ano x 16


ha (área plantada) = 3.624,96 R$ /ano

6.3 – CÁLCULO DO DANO AMBIENTAL À ÁGUA

Método de aproximação semiquantitativo, Lista de Verificação Ponderada. Este


método faz uma estimativa da perda da qualidade ambiental do meio afetado

224
utilizando como referencia as análises de laboratório dos parâmetros mais
significativos do meio físico analisado e de valores de literatura. Objetivo: Calcular o
dano a partir do Índice de Qualidade Ambiental (I Q A)

DETERMINAÇÃO DAS UNIDADES DE IMPORTÂNCIA (UPI)

Parâmetro Analisado Fim da Pilha (UPI) Córrego na Propriedade


(UPI)
pH 10 4
DBO5 2 4
Matéria Orgânica 2 4
Nitrogênio Amoniacal 2 4
Nitrito + Nitrato 2 4
Arsênio 20 10
Chumbo 15 10
Cromo Total 10 5
Cádmio 3 5
Mercúrio 20 20
Níquel 2 5
Vanádio 2 5
Coliformes Totais - -
Coliforme Fecais 10 20
TOTAL 100 100

- DETERMINAÇÃO DO (I Q A) 0 – 100% PARA ÁGUA POTÁVEL

Parâmetro Analisado I Q A = 0% Referência IQA Referência


=100%
pH 10<pH<4 VPM 7 Neutra
DBO5 10 VPM 3 mg/l Classe 1
Matéria Orgânica Ausente VPM Ausente
Nitrogênio Amoniacal 0,08 mg/l VPM 0,02 mg/l GWQ
Nitrito + Nitrato 10,5 mg/l VPM 10 mg/l Classe 1
Arsênio 0,10 mg/l VPM 0,05 mg/l Classe 1
Chumbo 0,10 mg/l VPM 0,03 mg/l Classe 1
Cromo Total 0,05 mg/l VPM 0,04 mg/l GWQ
Cádmio 0,10 mg/l VPM 0,01 mg/l Classe 1
Mercúrio 0,002 mg/l VPM 0,0002 mg/l Classe 1
Níquel 0,05 mg/l VPM 0,025 mg/l Classe 1
Vanádio 0,10 mg/l GWQ 0,1 mg/l Classe 1
Coliformes Totais 1000 CONAMA Ausente
Coliforme Fecais 200 CONAMA Ausente

VPM – Valores máximos permissíveis; GWQ – A Guide to Water Quality – Agência


EPA Canadá, 1979; Classe 1 – RESOLUÇÃO CONAMA

225
CÁLCULO DO ÍNDICE DE QUALIDADE PARA ÁGUA POTÁVEL E PARA
DESSEDENTAÇÃO ANIMAL

Para Água Potável

Parâmetro Analisado IQA = I Q A =100% Existente


0%
pH 10<pH<4 7 8,6
DBO5 10 mg/l 3 mg/l 4,0
Nitrogênio Amoniacal 0,08 mg/l 0,02 mg/l 1,1
Nitrito+Nitrato(N2 Total) 10,5 mg/l 10 mg/l 1,1
Arsênio 0,10 mg/l 0,05 mg/l ND*
Chumbo 0,10 mg/l 0,03 mg/l ND
Cromo Total 0,05 mg/l 0,04 mg/l ND
Cádmio 0,10 mg/l 0,01 mg/l ND
Mercúrio 0,002 mg/l 0,0002 mg/l ND
Níquel 0,05 mg/l 0,025 mg/l ND
Vanádio 0,10 mg/l 0,1 mg/l ND
Coliforme Fecais 200 ausente 930

ND* - Não detectado

Para Água de Dessedentação dos Animais

Parâmetro Analisado IQA = I Q A =100% Existente


0%
pH 10<pH<4 7 8,6
DBO5 10 mg/l 3 mg/l 4,0
Nitrogênio Amoniacal 0,08 mg/l 0,02 mg/l 1,1
Nitrito+Nitrato(N2 Total) 10,5 mg/l 10 mg/l 1,1
Arsênio 0,10 mg/l 0,05 mg/l ND
Chumbo 0,10 mg/l 0,03 mg/l ND
Cromo Total 0,05 mg/l 0,04 mg/l ND
Cádmio 0,10 mg/l 0,01 mg/l ND
Mercúrio 0,002 mg/l 0,0002 mg/l ND
Níquel 0,05 mg/l 0,025 mg/l ND
Vanádio 0,10 mg/l 0,1 mg/l ND
Coliforme Fecais 200 ausente 930

226
- CÁLCULO DA QUALIDADE DA ÁGUA POTÁVEL

A partir das equações “função de qualidade ambiental”, determinadas


experimentalmente, e mostradas na forma de gráfico no capítulo de avaliação de
impactos ambientais, temos para cada parâmetro, as seguintes relações:

- pH

Função: (IQA)pH = 0,111 pH2 + 1,56 pH – 4,44

Para o valor de pH = 8,6 temos (I Q A)pH = 0,7156, ou seja, 71,56%

- DBO5

Função: (IQA) DBO5 = - (1/22025,2) x e DBO5 + 1,00095

Para o valor de DBO5 = 4,0, temos (I Q A) DBO5 = 0,99847, ou seja, 99,84

- Nitrogênio Amonical (Namoniacal)

Função: (IQA)N amoniacal = - 16,67 Namoniacal + 1,333

Para o valor de Namoniacal = 1,1 é > que 0,02 e 0,08, (I Q A)N amoniacal = 0, ou seja, 0%

- Nitrogênio Total (NT)

Função: (IQA)NT = - 2 NT + 21

Para NT = 1,1 como é < que 20 e 12, (I Q A)NT = 1, ou seja, 100%

- Metais Pesados (Ar, PB, Cd, Cr, Hg, Ni, Va)

Não foram detectados, logo, (IQA)METAIS = 100%

- Coliformes Fecais (CF)

Função: (IQA)CF = - (1/8,984) x e – (CF) + 1,1113

Para CF = 930, como 930>200, logo (IQA)CF = 0, ou seja, 0%

227
- CALCULO DO IMPACTO AMBIENTAL (UIA)

Por definição,

UIA = (UPI) x (I Q A)

Parâmetro Analisado UPI IQA UIA


pH 4 0,71568 2,86272
DBO5 4 0,99840 3,99360
Matéria Orgânica 4 0,00000 0,00000
Nitrogênio Amoniacal 4 1,00000 0,00000
Nitrito + Nitrato (N2 Total) 4 1,00000 4,00000
Arsênio 10 1,00000 10,00000
Chumbo 10 1,00000 10,00000
Cromo Total 5 1,00000 5,00000
Cádmio 5 1,00000 5,00000
Mercúrio 20 1,00000 20,00000
Níquel 2 1,00000 2,000000
Vanádio 3 1,00000 3,000000
Coliforme Fecais 25 0,00000 0,000000
TOTAL 100 65,8563

Os resultados acima indicam que a qualidade da água para potabilidade é de 65,85%,


portanto, o dano para a água é igual a,

DANO à ÁGUA: 1 – 0,6585 = 0,34144, ou seja, 34,141%

- CALCULO DO DANO À ÁGUA POTÁVEL

* No de pessoas que habitam a propriedade: 7


* Consumo de água por pessoa: 200 litros por dia = 0,2 m3 / dia
* Consumo diário: 7 pessoas x 0,2 m3 / dia = 1,4 m3 / dia
* Consumo anual: 1,4 m3 / dia x 365 dias = 511 m3 / ano

Como os índices de Nitrogênio amoniacal e de Coliformes Fecais foram maiores que


os valores máximos permitidos, a água é considerada não potável, embora, o seu
índice de qualidade tenha sido de 65,85%. Portanto, o dano neste caso é total, pois a
propriedade não dispõe de sistema de tratamento da água contaminada.

228
Para a faixa de consumo de 42 m3 / mês, o custo é de R$ 1,77 / m3, conforme a
referência da Companhia de Água, portanto o dano direto a água será de,

Dano Direto a Água Potável = 511 m3/ano x R$ 1,77 / m3 = 902,77 R$ / ano

Cd água potável = 902,77 R$ / ano

- CALCULO DO DANO À ÁGUA DE DESSEDENTAÇÃO E IRRIGAÇÃO

* No de animais: 15 cabeças de gado, 2 cavalos e 50 galinhas

* Quantidade de água para beber:

por cabeça de gado = 10 a 15 litros;

por cavalo = 10 a 15 litros;

por galinha = 0,12 a 1,2 litros.

* Consumo de água: (15 cabeças x 15 l /dia + 2 cavalos x 15 l / dia + 50 galinhas x


0,2 l / dia) = 265 litros / dia

*Consumo anual: 265 l / dia x 365 dias = 96,725 m3 / ano

* Limpeza de curral/ potreiro / galinheiro = 100 l / dia, neste caso não será
considerado como dano, pois a qualidade da água se presta ao serviço de limpeza.

* Consumo de água sujeita ao dano: 96,725 m3 / ano

Dano Direto Água Dessedentação: 96,725 m3 / ano x R$ 1,77/ m3 = 171,20 R$/ ano

Cd água dessedentação = 171,20 R$ / ano

Cd Total da Água = (902,77 + 171,20) R$ / ano = 1.073,97 R$ / ano

229
6.4 – CUSTOS DE DANOS JÁ EXISTENTES

Período considerado: 8 anos

Custo dano direto anual = Cd vinífera + CO viníferas + Cd água potável + Cd água


dessedentação

Custo do dano direto anual = 47,56 R$ / ano x 4 + 214,67 R$ / ano x 16 + 902,77 R$ /


ano + 171, 20 R$ / ano = R$ 4.698,93

CUSTO DO DANO DIRETO ANUAL = R$ 4.698,93

Custo do Dano Indireto: Conforme valores apresentados na Tabela 2.4.6 do método


CATES, (Fi/d) = 2 é um índice razoável, considerando a redução do bem estar da
população em relação apenas a custo de dano da água.

CUSTO AMBIENTAL ANUAL

Custo Ambiental Total = Custo do Dano Total as Viníferas + Custo Total Dano Água

Custo Ambiental Total = 3.624,96 R$ / ano + 1.073,93 R$ / ano x 2 = 5.772,82 R$ /


ano

Número de anos com degradação na propriedade até o presente = 8 anos (aproximado)

DANO AMBIENTAL À PROPRIEDADE ATÉ O MOMENTO

8 anos x 5.700,90 R$ / ano = R$ 47.032,42

6.5 - CUSTOS AMBIENTAIS TOTAIS ESPERADOS (CATES)

Os custos totais esperados são divididos em intermitentes e contínuos.

Caso 1. Custos Intermitentes

Supondo que a partir de maio não haverá mais degradação significativa do sitio, ou
seja, a usina irá funcionar dentro dos padrões com impacto tolerável, com taxa de
juros 4% ao ano e n = 25 anos (uma geração) temos,

230
(Vd + C d ⋅ Fi / d ) × (1 + j ) n
CATE = = (5.772,90 R$ / ano x 2,6658) / 1,6658 = R$
(1 + j ) n − 1

9.238,44

Caso 2. Custo Contínuo

Supondo que a partir de maio não entre em operação a usina de lixo, teremos,

(VC + C d ⋅ Fi / d )[(1 + j ) n − 1]
CATE = = (5.772,90 R$ / ano) x 1,6658 / 0,1066 = R$
j ⋅ (1 + j ) n

90.211,03

7.0 – DANO AMBIENTAL TOTAL

A PM de .............. mantém em sua administração uma área degradada pela disposição


de lixo durante oito anos e quatro meses. O dano ambiental é muito maior que o
calculado conforme os quesitos acima. O balanço social não foi calculado e incluído
por não ter sido solicitado.

A propriedade avaliada sofreu uma externalidade ambiental, o que significa que


alguém tem um benefício e outro sofre um dano. No caso o benefício foi adquirido
pela comunidade e o dano foi imposto às pessoas que moram no entorno do aterro de
lixo. É importante salientar que este cálculo de dano ambiental foi realizado
exclusivamente para a propriedade dos Autores. O dano foi, portanto tratado
tecnicamente de interesse individual homogêneo, e por isso passível de direito
ambiental com a formulação matemática para dano ambiental. Por isto todas as
desvalorizações da propriedade já estão inclusas.

Devido a este fato, conclui-se que o dano ambiental total de origem ambiental
causado à propriedade dos Autores é o seguinte:

Caso 1. CATES (intermitente)

Dano Total = Dano Passado + CATES (intermitente)

Dano Total = R$ 47.032,42 + R$ 9.238, 44 = R$ 56.270,86

231
Caso 2. CATES (contínuo)

Dano Total = Dano Passado + CATES (contínuo)

Dano Total = R$ 47.032,42 + R$ 90.211,03 = R$ 137.243,45

8.0 – CONCLUSÃO

O depósito de lixo da Prefeitura..... está trazendo um dano ambiental à área localizada


em........ Os benefícios auferidos pela comunidade de............. não foram avaliados,
mas sim o dano no caso existente à propriedade dos autores. A metodologia usada é
bastante conservadora, pois foi calculado o dano ambiental sem considerar a
valoração de bens de serviço ambiental realizados pela flora e fauna local, que
indiretamente beneficiam o ecossistema. Portanto, pode-se com certa segurança
afirmar que estes danos seriam os de menor custo. É importante afirmar que o dano
calculado à propriedade dos Autores é parte do dano total e não pode ser usado como
base para outras propriedades vizinhas e de diferentes variáveis ambientais.

232
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carvão vegetal na siderurgia brasileira. In: May, Peter. H. (org.) Economia
ecológica: aplicações no Brasil. Rio de Janeiro; Campus, 1995, pp. 83-114.

-MOTTA, R.S. Manual para valoração econômica de recursos ambientais. MMA,


Brasília,1998.

-OLIVEIRA, R.R., ZAÚ, A.S., LIMA, D.F. RODRIGUES, H.C. e AMORIM, H.B.
Formulação de custos ambientais no Maciço da Tijuca (Rio de Janeiro, Brasil).
Oecologia Brasiliensis, vol. I: Estrutura, Funcionamento e Manejo dos
Ecossistemas Brasileiros, 1995,pp. 557-568.

-PÄDUA, M.T.J., VASCONCELOS,J.M.C. Política Brasileira de Parques Nacionais e


Reservas Equivalentes. Boletim Fundação Brasileira para a Conservação da
Natureza.. Rio de Janeiro, 12 (12): 9-14, 1997.

236
-RUITENBEEK, H. J. Evaluation Bituni Bay: some practical lessons in applied
resource valuation. In: Fifth Biannual EEPSEA Workshop. Economy and
Environmental Program for Southeast Asia (EEPSEA),1995.

-SANTOS, J.E.; NOGUEIRA, F.; PIRES, J.S.R.; OBARA, A. T. & PIRES, A .


M.Z.C.R. Funções Ambientais e Valores dos Ecossistemas Naturais – Estudo de
Caso: Estação Ecológica de Jataí , v.1., São Paulo, Rima Editora,2000, 34p.

-RUITENBEEK, H. J. Evaluation Bituni Bay: some practical lessons in applied


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Estudo de Caso: Estação Ecológica de Jataí, v.1., São Paulo, Rima Editora, 34p.

237
QUESITO PARA ANÁLISE DE QUESTÕES RELATIVAS A DANOS
AMBIENTAIS

1. Caracterize as áreas onde se encontram os depósitos da empresa,


descrevendo detalhadamente as características topográficas, morfológicas
e geológicas destas áreas. Apresente mapa planialtimétrico, foto aérea de
1980 e outra recente, locando estas áreas.

2. Qual a data de instalação da empresa no seu município local? E a data do


primeiro licenciamento da mesma?

3. O que são consideradas áreas de preservação permanente e reservas


ecológicas, na atual legislação?

4. Apresente mapa de drenagem locando as áreas de preservação


permanente, nascentes, cursos d’água e ecossistema ripário próximos às
áreas da empresa.

5. Os aterros e depósitos atingiram áreas consideradas de preservação


permanente? Quais, e em que extensão?

6. Qual a situação da área de várzea dos rios próximos a empresa? Estas


áreas estão alteradas?

7. Que áreas da empresa estão em região considerada de manancial?

8. Quais resíduos era armazenados nos depósitos e aterros da empresa? Qual


a composição dos produtos armazenados e os enterrados? Qual a
solubilidade em água dos mesmos? Como de degradam na água? Quais as
reações químicas do mesmo em contato com os ácidos fúlvicos e húmicos
da matéria orgânica? Quais as possíveis reações químicas dos mesmos em
contato com as águas dos rios adjacentes aos depósitos?

9. Os compostos encontrados nos produtos armazenados nos depósitos da


empresa são agentes carcinogênicos e/ou mutagênicos? Quais os riscos a
população? E em que prazo?

10. Quais as reações que podem ocorrer com os metais pesados em contato
com os ácidos húmicos e fúlvicos da matéria orgânica, bem como com os
minerais que compõe o solo? E na presença de ambiente como a área de
várzea, o que poderá acontecer?

11. Quais os danos causados a fauna? Relacionar todas as espécies da fauna


(residentes fixos, residentes não fixos, visitantes, etc.) associadas aos

238
ecossistemas diretamente e indiretamente afetados. Existiam espécies de
animais que são considerados ameaçados de extinção próximos as áreas
da empresa?

12. Realizar análises da ictiofauna, herpetofauna, avifauna e mastofauna na


área dos rios adjacentes às áreas da empresa.

13. Com relação à pesca, existem pessoas que utilizam a pesca artesanal nas
regiões afetadas pela poluição? Existe um pesque-pague vizinho a uma
das áreas?

14. O que acontece com o metabolismo dos peixes, quando entram em


contato com produtos químicos (borras de tinta, borras galvânicas,
solventes e orgânicos) como os armazenados nas áreas da empresa?
Existe metodologia de análise para peixes, para saber se os mesmos
podem estar contaminados por estes produtos? Como esta contaminação
atinge a população que consome este peixe?

15. Quais os danos causados a flora? Relacionar todas a espécies da flora


típicas dos ecossistemas direta e indiretamente impactados.

16. Qualificar os danos em relação à flora e fauna.

17. Qual a direção do fluxo de poluição na água subterrânea e quais os riscos


de contaminação de poços ou cacimbas de abastecimento, de nascentes e
das águas dos rios? Quais os danos causados as águas subterrâneas?
Justifique.

18. Quais os danos causados a população que vive no município local da


empresa?

19. Existiam nas áreas do deposito diques de contenção para possíveis


vazamentos? Para onde iam os produtos que vazavam? Seria necessária a
existência de algum tipo de proteção? Caso afirmativo, que tipo?

20. Os aterros possuíam projetos e foram elaborados segundo as normas da


ABNT?

21. Existem nas áreas da empresa poços de monitoramento instalados para a


verificação da qualidade das águas subterrâneas?

22. Existia na empresa sistema de controle de poluição hídrica, como estações


de tratamento de efluentes?

239
23. Valorar os danos causados ao meio ambiente, em valores matemáticos.

24. Quais os danos à saúde humanos, causados por intoxicação por produtos
como: borras, solventes, resinas, borras galvânicas, e outros que estavam
armazenados no local?

25. Houve casos de doença, intoxicações ou óbito de funcionários da empresa


ou vizinhos das áreas da empresa? Há registros de atendimento medico
nos postos de saúde localizados próximos a estas áreas?

26. Quais os resultados das análises físico-químicas, conforme art.21 da


resolução CONAMA 20 de 1986 e análises ecotoxicológicas das águas dos
rios próximos a empresa, a montante e a jusante da área da empresa?
Incluindo compostos orgânicos e metais pesados?

27. Os parâmetros analisados encontram-se dentro dos padrões da Resolução


20 do CONAMA de 1986?

28. Quais os efeitos do acúmulo de compostos no solo contidos em borra


galvânica, borra de tinta, solventes, compostos orgânicos ou outro que se
encontrava nas áreas?

29. O que acontece com a micro-fauna do solo?

30. O que pode acontecer com espécies vegetais na presença de um longo


período de exposição e contato com os produtos estocados nos locais?
Pode alterar o metabolismo das mesmas?

31. Existe metodologia de análise de vegetais para saber se os mesmo podem


estar contaminados pelos produtos químicos, se existe estas análises
foram efetuadas?

32. Qual a vazão que atinge os rios próximos à empresa na época de maior
cheia?

33. Existem comunidades a jusante das áreas da empresa que se abastecem


de água para suas atividades, comerciais, particulares, agrícolas?

34. Existe rede de água da SABEPAR, nas propriedades existentes a jusante


das áreas da empresa?

35. Onde estão localizados os pontos de coleta da água de abastecimento


publico próximos a estas áreas?

240
36. Proceder a coleta de amostra de sedimentos dos rios, seguindo-se análise
sob os seguintes parâmetros: metais pesados e outros componentes dos
produtos armazenados na empresa. Em anexo, deverá ser apresentada,
comparação com art.21 da Resolução do CONAMA no 20 de 1986.

37. Relacionar todos os possíveis riscos, conseqüências, lesões, males ou


impactos negativos, diretos e/ou indiretos aos meios; físico, biológico e
antrópico, notadamente a saúde e incolumidade pública, decorrente da
eventual presença de quaisquer resíduos provenientes da empresa na
água tratada, servida a população.

38. Qual o valor da terra nua nas áreas próximas a empresa?

39. É possível a reparação dos danos causados ao meio ambiente, ou seja, a


restauração da situação primitiva, total ou parcial? Porque, modo e em
que prazo? Qual o custo para tal?

40. Além dos danos causados ao meio ambiente, há outras conseqüências


danosas, como por exemplo: risco aos moradores locais com inundações
sazonais, vizinhos as áreas da empresa?

41. Qual a localização e extensão da área atingida pelo evento, objeto da


perícia? (elaborar croquis ou mapa).

42. Na eventual hipótese de restar tecnicamente impossível a recuperação


parcial ou total das áreas degradadas, ofertar estimativa de valoração
monetária dos danos causados – direta e ou indiretamente – ao meio físico,
biológico e/ou antrôpico.

43. Qual o tempo necessário para o restabelecimento/re-colonização completa


da fauna impactada?

44. Qual o tempo necessário para o restabelecimento/reconstituição integral


da vegetação típica impactada? Esclarecer sobre se a recuperação
depende ou não, e em quais condutas e atividades, da intervenção
humana.

45. Descriminar os danos considerados irreversíveis causados ao meio


ambiente (físico, biológico, antrôpico).

46. Descriminar todos e quaisquer gasto e despesa efetivada até o momento à


partir da ocorrência dos fatos inicialmente descritos, seja no sentido de
contenção/prevenção, seja para correção, seja também para recuperação
do meio ambiente degradado (meios físicos, biológicos, antrópicos) tanto
por parte de pessoas físicas ou jurídicas, de direito privado ou publico
(inclusive transporte, combustível, tempo de serviço e horas extras,

241
material, avaliações, perícias, fotografias, espécies, obras, serviços,
manutenção, honorários profissionais, etc.), totalizando-as ao final.

47. Que medidas preventivas deveriam ter sido implementadas para evitar os
vazamentos e derramamentos de produtos armazenados nos depósitos da
empresa e os danos ambientais?

48. Quanto tempo pode permanecer no solo a “contaminação” nos sedimentos,


e na água?

49. Juntar as análises de água da companhia de águas do começo do ano até


a data da perícia onde são realizadas ao longo do trecho atingido.

50. Qual a destinação final que foi dada ao material (resíduo) contaminado,
retirado das áreas?

51. A descontaminação das áreas da empresa é possível?

52. Quais os impactos ambientais decorrentes da lavagem por água das


barrancas do rio contaminadas pelos químicos oriundos do aterro?

53. O que acontece com o metabolismo da vegetação de pequeno porte com


os efeitos da dispersão destes poluentes?

54. Qual o lucro que a empresa obteve durante o seu funcionamento?

55. Quantos funcionários trabalharam na empresa? Houve afastamento por


doença ou acidente? Houve reclamações trabalhistas?

56. Houve lavratura de autos de infração pelos órgãos ambientais, estadual,


municipal e federal? Caso positivo anexar as respectivas cópias. Houve
recurso(s) administrativo(s) em relação aos autos de infração lavrados?
Quando? Qual a decisão final a respeito de cada recurso interposto? Caso
positivo, relacionar caso a caso assim como juntar cópia dos
recursos/razoes, contradita, laudo e decisão final do órgão julgador.

57. Além do dano ambiental, houve algum dano paisagístico?

58. Realizar estudos geofísicos, com profissional habilitado no local a fim de


evidenciar pluma de contaminação em toda a extensão das áreas de
aterro de resíduos.

59. Apresentar quaisquer outras considerações que porventura julguem


necessárias ou convenientes.

242
CURRICULO VITAE RESUMIDO

Dados Pessoais: Georges Kaskantzis Neto, Engenheiro Químico, casado, dois filhos, Professor
Adjunto da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Centro Politécnico, Jd. Américas,
DEQ/ST/UFPR, CP 190111, CEP 81531-970, Curitiba, PR, e-mail: kaska@ufpr.br. Idiomas:
Inglês, Grego, Espanhol. Afiliado ao CREA, IEP, ABEQ. Fone: 41 33613202 (com.), Cel: 41
99738095. Atualizado em 06/04/2005.

Formação Acadêmica: Doutor em Engenharia Química pela UNICAMP (1995), Mestre em


Engenharia Química pela UNICAMP (1991), Engenheiro Químico pela UFPR (1987), Perito
Ambiental (2004), Coordenador em Gestão Ambiental pela Deutsche Gesellshaft für Qualität
e.V. (2000), Segundo Grau Profissionalizante pela Fundação Getúlio Vargas (1982), Ensino
Fundamental pelo Colégio Marista Santa Maria, Curitiba, Paraná. Auditor Ambiental Líder do
Instituto Ambiental do Paraná (IAP).

Atividades Acadêmicas: Coordenador do Curso de Especialização em Gerenciamento Ambiental


na Indústria da UFPR-SENAI e do Curso de Gestão e Engenharia Ambiental da UFPR-IEP.
Coordenador do Curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da UFPR, Vice-
Coordenador do Programa de Pós-graduação em Tecnologia de Alimentos da UFPR, Vice-chefe
do Departamento de Engenharia Química da UFPR, Membro da Comissão do Vestibular da
UFPR, Presidente do Comitê Setorial de Pesquisa e Ética da UFPR. Professor dos Cursos de
Graduação e Pós-graduação de Engenharia Química de Bioprocessos e de Tecnologia de
Alimentos, todos da UFPR. Coordenador de Estágio Supervisionado do DEQ-UFPR. Atualmente,
ministra cursos nas áreas de Fenômenos de Transporte, Termodinâmica, Cinética Química,
Reatores Homogêneos e Heterogêneos, Matemática Avançada, Ciências Ambientais, Passivos
Ambientais, Análise de Riscos, Refino de Petróleo e Meio Ambiente, Poluição Atmosférica,
Tratamento de Águas Residuárias, Valoração de Danos Ambientais e Perícias Ambientais.

Atividades Profissionais: Engenheiro Consultor e Pesquisador nas áreas de Engenharia Química,


Ambiental e Educação já desenvolveu trabalhos para as empresas UNIÃO VOLPAK, PONTA DO
FELIX, COMPANHIA DE SANEAMENTO DO PARANÁ (SANEPAR), REFINARIA DE ARAUCÁRIA DA
PETROBRÁS, PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO DO SUL, USINA TERMOELÉTRICA DE
URUGUAIANA- AES, SADIA DE PARANAGUÁ, FMC INDÚSTRIA QUÍMICA DO BRASIL,
PETROBRÁS, AVENTIS CROPSCIENCE, GENERAL MOTORS, ZM PROJETOS, PREFEITURA
MUNICIPAL DE ARAUCÁRIA, PETROBRÁS-SIX, ALS ENGENHARIA AMBIENTAL E DE RISCO,
CATTALINI TERMINAIS MARÍTIMOS, IPIRANGA PETRÓLEO BRASILEIRO, INTELLIGEN INC. EUA,
RUI JULIANO PERÍCIAS DE AVALIAÇÕES, PETROBRÁS-CENPES, AMBIÊNCIA PROCESSAMENTO
DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS, CIMENTOS VOTORAN, TERMOQUIP ENERGIA ALTERNATIVA,
BRASTIMPER CELULOSE E PAPEL, MÜCHEM DO BRASIL, SENAI-CETESAM, INSTITUTO DE

243
ENGENHARIA DO PARANÁ (IEP), CEFET-PR, PROMOTORIA DE MEIO AMBIENTE DO ESTADO DO
PARANÁ, PROMOTORIA DE MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE MINAS GERAIS, SECRETARIA DE
EDUCAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ, TRINÁCRIA LTDA, MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO
PARANÁ, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INEP, PARTIDO.

Projetos Desenvolvidos: Análise de Riscos de Instalações de Cloro de ETA, Análise de


Conseqüências e Vulnerabilidade de Vazamentos de Amônia, Biofiltração de H2S com Resíduos
da Industria de Celulose e Papel, Matriz de Avaliação de Passivos Ambientais em Postos de
Serviços, Redução da Emissão de Odores da Indústria do Café, Análise de Riscos de Indústrias
Agroquímicas, Análise do Ciclo de Vida de Embalagens, Análise de Riscos no Transporte de
Produtos Químicos, Desidratação Osmótica de Maçã, Co-processamento de Resíduos
Industriais em Fornos de Cimento, Tratamento de Águas Ácidas de Depósitos de Rejeitos de
Carvão, Reciclagem de Resíduos da Construção Civil, Purificação Catalítica de Hidrogênio,
Redução Catalítica de Compostos Voláteis Orgânicos em Escala Piloto, Hidrogenação Catalítica
de Resíduos de Petróleo, Membranas Catalíticas para Redução de Poluentes Atmosféricos,
Craqueamento Catalítico de Terpenos, Processo de Vermicompostagem com Controle
Patogênico de Lodo de Esgoto, Modelagem do Transporte e Dispersão de Produtos Químicos na
Baía de Guaratuba, Análise Térmica de Incineradores Industriais, Processo de Branqueamento
de Pasta de Celulose para Exportação, Processo de Secagem de Matéria-Prima de Indústria
Farmacêutica, Alimentos Desidratados de Preparo Instantâneo, Estudo da Dispersão
Atmosférica de Material Particulado e de Gases Tóxicos, Modelagem de Explosão de Material
Particulado.

Trabalhos Publicados: Até o momento publicou cerca de 50 trabalhos técnicos e científicos nas
áreas de engenharia química e meio ambiente, em congressos, jornais e revistas científicas,
seminários nacionais e internacionais. Atualmente, orienta alunos de doutorado, mestrado e
especialização nas áreas de Engenharia Química, Engenharia Ambiental, Bioprocessos e
Tecnologia de Alimentos.

Consultoria: Consultor nas áreas de Engenharia, Processos Químicos e Meio Ambiente, presta
serviços de Perícia Ambiental, Auditoria Ambiental, Diagnóstico Ambiental, Avaliação de
Passivos Ambientais, Implantação de Sistemáticas de Boas Práticas Ambientais em Pequenas e
Médias Empresas, Avaliação e Otimização de Processos Industriais, Avaliação e Elaboração de
EIA/RIMA, Análise de Riscos e Conseqüências de Acidentes Ambientais, Modelagem e
Simulação do Transporte, Acúmulo e Dispersão de Poluentes no Meio Ambiente,
Desenvolvimento de Programas de Educação Ambiental, Avaliação e Valoração Econômica de
Impactos e Danos Ambientais, Diagnóstico e Implantação de Gestão Municipal na Área de Meio
Ambiente.

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