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Mobilidade e expansão do

Rio de Janeiro para áreas


perimetropolitanas
Rainer Randolph
Pedro Henrique Oliveira Gomes

Resumo Abstract
O presente ensaio visa discutir uma determi- The present paper intends to investigate
nada forma de expansão das grandes cidades a certain form of expansion of great
contemporâneas relacionada a novas formas contemporary cities which is related to new
de mobilidade, tanto de trabalhadores e forms of mobility as much of workers and
consumidores, como de mercadorias e pres- consumers, as of goods and supplied services.
tação de serviços. A nossa hipótese é que o Our hypothesis is that the increase in mobility,
aumento da mobilidade, o conseqüente es- the consequent sprawl of the urban fabric
praiamento longínquo do tecido urbano e o over long distances and the appearance of the
surgimento de chamadas áreas perimetropo- so-called perimetropolitan areas cannot be
litanas não podem ser entendidos como mera understood as a mere extrapolation of those
extrapolação daquelas dinâmicas e formas de dynamics and forms of urban expansion that led
expansão urbana que levaram à conformação to the formation of the modern metropolises.
de metrópoles. Procura-se, aqui, indicar ca- It is intended, here, to indicate approaches
minhos de investigação capazes de verificar of investigations which might be capable of
se há nessas áreas perimetropolitanas uma verifying if there are, in these perimetropolitan
possível ruptura com a lógica metropolitana. areas, possible ruptures with the traditional
Colocado num contexto mundial, o debate metropolitan logic. Placed in a world context,
apresentado está voltado particularmente pa- the debate presented in our paper focuses on
ra a metrópole latino-americana, em geral, e a the Latin-American metropolis, in general, and
brasileira em particular. on the Brazilian one in particular.
Palavras-chave: metrópole; expansão; área Keywords: metropolis; expansion;
perimetropolitana; dinâmica metropolitana; Rio perimetropolitan area; metropolitan dynamics;
de Janeiro; Brasil. Rio de Janeiro; Brazil.

cadernos metrópole 17 pp. 59-80 10 sem. 2007


rainer randolph e pedro henrique oliveira gomes

Apresentação Tomando essa evolução da mobilidade


como referência das transformações socioes-
paciais ocorridas nas últimas décadas, o pre-
Ao longo da maior parte da história da sente trabalho insere-se mais especificamen-
humanidade, “mobilidade” significou o te numa série de investigações e discussões
deslocamento de pessoas e mercadorias
que dizem respeito à expansão das grandes
à velocidade de uma pessoa caminhan-
cidades contemporâneas e, em particular, à
do, de um cavalo galopando, de um boi
das metrópoles no mundo inteiro para além
puxando uma carreta ou de um barco
das suas fronteiras locais e mesmo daquelas
deslizando na água propulsado por velas
ou remos. Foi somente no século XIX que das regiões (metropolitanas) que comandam
os seres humanos aprenderam a dominar mais diretamente. O ensaio procura deter-
a energia do vapor, e passaram a utilizá-la minar, num primeiro momento, os contornos
para transportar as suas mercadorias e a si dessa expansão para áreas que serão aqui
próprios a uma velocidade significativa- chamadas de perimetropolitanas; num passo
mente mais alta. A invenção do automó- seguinte, pretende-se identificar elementos
vel movido a petróleo, no final do século que poderiam, talvez, melhor caracterizar
XIX, e do avião, no início do século XX, qualitativamente esse processo de “transbor-
abriu oportunidades que velocidades e damento” das metrópoles. Diferentemente
flexibilidades nos deslocamentos antes de muitas abordagens a respeito dessa temá-
60 nunca imaginadas pudessem ser alcan- tica, trabalha-se, aqui, com a hipótese de que
çadas. Enquanto as estradas iam além das
esse processo de espraiamento em múltiplas
ferrovias, os aviões­ precisavam apenas de
dimensões não pode ser mais entendido co-
pistas para decolar e aterrissar. (WBCSD,
mo mera extrapolação daquelas formas de
2001, p. 1)
expansão urbana que levaram à conformação
O século XX pode ser considerado, das regiões metropolitanas.
nesse sentido, como época áurea da mobili- Não será possível, neste momento, de
dade. Se a maioria da população nos países comprovar essa hipótese. No entanto, ela ser-
industrializados teve acesso aos benefícios ve ao trabalho como orientação da sua leitura
desse aumento da mobilidade, nos demais crítica daquelas investigações que defendem
países no mundo esse usufruto varia enor- a hipótese da mera extrapolação da dinâmica
memente em relação à idade, origem étnica metropolitana para além de suas fronteiras.
e renda da população. Apenas os mais ricos Essa crítica permitirá, futuramente, determinar
puderam usufruir estes benefícios: elementos e formas de investigação capazes
de verificar se há (ou não) nessas áreas peri-
Independentemente da renda per capita metropolitanas uma possível ruptura com a
de um país, seus cidadãos ricos eram, de lógica metropolitana.
um modo geral, muito mais móveis do O debate aqui apresentado está vol-
que os cidadãos pobres. (Ibid., p. 1). tado, primeiramente, para a realidade das

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metrópoles e suas formas de expansão em ge- dade consistiria no fato de que as separações
ral; não obstante, o foco da nossa discussão e tradicionais entre trabalho, moradia, estudo,
investigação será a metrópole latino-america- consumo e lazer – que se consolidaram a par-
na, em geral, e a brasileira em particular. Na pri- tir do advento da sociedade industrial – irão
meira caracterização de áreas perimetropolita- ser superadas por novas articulações e, tam-
nas serão observados os entornos das quatro bém, novos espaços do exercício das respec-
maiores metrópoles do Brasil: São Paulo, Rio tivas atividades.
de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. Como Devido à sua localização privilegiada
caso específico para aprofundar a discussão, – por razões que não cabe aprofundar aqui
foram selecionadas a região metropolitana e a –, espera-se que essas transformações acon-
área perimetropolitana do Rio de Janeiro (vide teçam primeiramente nas metrópoles e em seu
para isto também Randolph e Gomes 2007). entorno; há toda uma discussão, nos últimos
O atual ensaio termina com algumas re- anos, sobre o papel da reestruturação econô-
flexões acerca das espacialidades e temporali- mica para a transformação das metrópoles e
dades que estão envolvidas nas transformações da sua expansão para além das suas fronteiras.
aqui em pauta, provocadas por mudanças ain- De fato, em relação ao Brasil, nota-se hoje um
da incipientes da mobilidade de trabalhadores padrão espacial distinto de crescimento da
população urbana do que aquele ocorrido
e consumidores nessas áreas e dos tradicionais
num período inicial da urbanização (Santos
padrões profissionais surgidos durante o perío­ 61
1993) quando apresentou uma forma concen-
do da industrialização no Brasil.
trada principalmente nas grandes cidades e
metrópoles do país. Pois, já desde a década
de 1980, observa-se um maior espraiamento
Mobilidade, expansão
da distribuição populacional (Martine 1994);
das metrópoles essa dispersão ocorreu desde a ocupação de
e advento de áreas áreas suburbanas ou mesmo de municípios
perimetropolitanas vizinhos aos grandes centros até através do
deslocamento de parcelas da população ur-
Partimos do pressuposto de que o avanço, bana para áreas rurais dentro de um município,
mesmo quando ainda lento, hoje, de um con- processo denominado por Limonad (1999)
junto de tecnologias não aumentará apenas suburbanização no seu sentido literal. Mas,
quantitativamente a mobilidade de trabalha- existia também o movimento contrário, que
dores e consumidores – em relação a raios e partiu das áreas rurais para áreas urbanas onde
velocidades de seus deslocamentos, tendên- os fluxos não se dirigiam mais, como costuma-
cia secular desde o início da industrialização; va acontecer no período anterior, aos grandes
mas criará também as bases para formas de centros urbanos, o que Armijo (2000) cha-
vida qualitativamente novas (Randolph 2004, mou de “suburbanização campesina” – para o
Lefebvre 1991). O caráter novo dessa mobili- caso chileno.

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O que mais nos interessa no presen- tiva, o tipo de cidade que agora se está
te trabalho são aqueles deslocamentos da desenvolvendo seria o resultado de um
população para lugares mais distantes fora conjunto de mutações perfeitamente
das regiões metropolitanas. Há na literatura compatíveis com a modalidade especí-
diferentes autores que procuram caracterizar fica daquela urbanização cujas origens
esse processo por meio de diferentes termos seguramente deve se situar no momento
em que se inicia a revolução industrial.
como involução urbana ou metropolitana
(Mattos 2001)
(Santos 1996), urbanização extensiva (Monte-
Mor 1994), contra-urbanização (Berry 1976)
Entretanto, existe uma forma diferente
e, mesmo, implosão/explosão metropolitana
de interpretar os mesmos processos. Aguilar
(Lefebvre 1999) como marco da propagação
(2002) chega a conclusões que contradizem
de uma “sociedade urbana”.
essa visão de Mattos a partir do estudo do
Podem-se identificar duas perspectivas
desenvolvimento econômico e da estrutura
distintas a respeito da interpretação desses
territorial metropolitana da Cidade de Mé-
processos de expansão. Por um lado, há
xico. Para Aguilar, os estudos sobre o papel
aqueles que admitem o processo de um es-
das grandes cidades dentro da economia glo-
praiamento para além das fronteiras metro-
bal negligenciam o desenvolvimento das pe-
politanas e, inclusive, identificam o advento
riferias metropolitanas e, por causa disso, não
de uma nova geografia de cobertura global
62 conseguem identificar que a expansão metro-
basea­da na valorização das cidades à medida
politana está adquirindo uma forma diferente
que assumem um crescente número de fun-
daquela do passado recente.
ções globais e no conseqüente surgimento
de novas centralidades no sistema das cidades
Em anos mais recentes, podemos apreciar
mundial (vide p. ex. Mattos, 2001). Porém, que na medida em que diminuiu o cres-
esse processo não passa, conforme o mesmo cimento da grande metrópole, continuou
autor, de uma “metropolização expandida, um­ importante crescimento das cidades
na qual, progressivamente, vão ser ocupadas intermediárias próximas à primeira, com
as aldeias e áreas rurais que se encontram em o qual tem aumentado uma marcada
seu caminho, transbordando uma e outra vez concentração de atividades produtivas
seus limites anteriores.” Mattos, como mui- e de população urbana em uma “região
tos outros autores – vide, para o caso do Rio central” que contém a maior cidade do
de Janeiro, particularmente Castello Branco país, mas cobre um território muito mais
(2006) –, não considera essas tendências co- amplo. (2002)
mo novas, mas
Acrescenta ainda que
[...] como uma culminação lógica e pre-
visível de uma forma de urbanização ca- [...] as expandidas e cada vez mais difusas
pitalista, que já se havia anunciado antes. periferias metropolitanas ao redor dessas
E que, portanto, a partir dessa perspec- grandes cidades tornaram-se sumamente

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importantes para entender a natureza em Pereira, 2000; Furtado, 2005): uma realidade
mudança das megacidades; .... Em termos que talvez não seja mais rural, mas que também
territoriais, a megacidade apresenta na não pode ser considerada plenamente urbana.
atua­lidade uma expansão mais policêntri- O termo “perimetropolitano”, denominaria,
ca através de centros e subcentros urbanos
nesse sentido, uma área de interface entre o
que seguem um padrão de rede que tende
metropolitano e um território urbano-regional
a ampliar-se ao longo das principais rodo
que está próximo à região metropolitana, mas
e ferrovias que saem em forma radial do
que tem e mantém alguma característica pró-
centro da grande cidade. (Ibid.)
pria. Pois, nos municípios nessa área de inter-
Adotamos, no presente ensaio, uma face entre metrópole e região, a problemática
perspectiva que corresponde àquela de Agui- periurbana parece estar bastante presente e
lar. Procuramos, indo além disso, investigar e importante à medida que se observam trans-
entender melhor aquela realidade que esse formações das relações entre áreas urbanas
autor chama de “difusas periferias metropoli- e rurais nesses lugares (Randolph, 2005). Ao
tanas”. Na medida em que não descartamos a nosso ver, o perimetropolitano distingue-se
presença de uma nova dinâmica urbana nessas assim do “proto” metropolitano, que pode
periferias fora das regiões metropolitanas, pa- fazer referência ao processo de uma transição
rece-nos justificado designá-las com um nome de uma área não metropolitana em metropo-
próprio que tanto expresse sua distinção em litana (vide essa denominações usadas pela
63
relação à metrópole e sua área de influência, Empresa Paulista de Planejamento Metropo-
como faça alusão ao fato de que essa realida- litano – Emplasa, 2007)
de não possa ser entendida sem a presença da Em síntese, para tornar mais nítido e rigo-
metrópole. Parecia, então, a qualificação de roso o termo perimetropolitano, é preciso,
“perimetropolitana” bastante adequada para a antes de tudo, esclarecer a definição e a de-
designação de um conjunto de municípios li- limitação das próprias regiões metropolitanas.
mítrofes às regiões metropolitanas dessas áreas­ Diferentes perspectivas e procedimentos de
(vide Randolph, 2004, 2005). Na literatura, sua formação, implicarão, logicamente, dife-
esse termo surgiu ao menos desde o início da rentes significados de sua possível área peri-
década de 1990 (Hart, 1991) em investigações metropolitana relacionada. O caso da Região
fundamentalmente na Austrália, que diziam Metropolitana do Rio de Janeiro é uma instru-
respeito às metrópoles daquele país (vide, por tiva referência: criada e modificada, em termos
exemplo, Murphy e Burnley, 1993; Burnley e legais, por Leis Complementares estaduais,
Murphy, 2002). essa região tem sido redefinida em vários mo-
Inicialmente, a denominação perimetro- mentos após a promulgação da Constituição
politana pode ser entendida enquanto analo- Federal de 1988 e da Constituição Estadual
gia com o termo “periurbano”, que se refere a do Rio de Janeiro.
alguma franja urbana e pretende designar a in- O uso do termo perimetropolitano exige,
terface entre o urbano e o rural (España, 1991; portanto, que seja explicitada, brevemente, a

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natureza da noção da região metropolitana ção de dados oficiais com vistas a publi-
na qual se apóia. Sem entrar numa discussão cação do censo norte americano, tendo,
mais profunda da vasta bibliografia existente a portanto um objetivo bem preciso e defi-
respeito da metrópole e de sua região, serão nido. (2001, p. 106)
apresentadas, no item seguinte, abordagens
com uma preocupação mais operacional No Brasil, as regiões metropolitanas fo-
de delimitação – e seus critérios – dessas ram pensadas e instituídas a partir da década
regiões. de 1960 sob influência francesa. Lá, na França,
a questão metropolitana despertou uma cer-
ta preocupação a partir da década de 1960,
A criação e a delimitação quando o governo francês pôs em ação o
de regiões metropolitanas programa denominado Metrópoles de Equi-
líbrio, no qual foram eleitas oito metrópoles
Nos diferentes países do mundo, as áreas me- regionais, que seriam
tropolitanas foram definidas e delimitadas a
partir de diversos e diferentes critérios e mé- [...] capazes de delimitar regiões pela
todos. Uma breve síntese a respeito daqueles influên­cia de seu terciário de alto nível,
países que fazem parte da Organização para [assegurando] uma autonomia ..., passan-
o Desenvolvimento e Co-Operação Eco- do a capital nacional a ter apenas um pa-
64 pel superior de coesão dessas unidades
nômica (ODCE ou OECD) encontra-se em
funcionais. (Rochefort, 1998, p. 154)
recente estudo dessa organização (OECD,
2006, pp. 245-249). Nos Estados Unidos, por
Durante o governo militar no Brasil, a
exemplo, as áreas metropolitanas começaram
razão do reconhecimento formal das metró-
a ser delimitadas na década de 1950, sendo
poles era dupla: sob o ângulo econômico,
denominadas Standard Metropolitan Areas
tornar mais racional a prestação dos chama-
(SMA). No decorrer dos anos, as áreas sofre-
dos serviços de interesse comum, ou seja, ser-
ram diversas alterações na sua denominação;
viços que interessam a mais de um município
ao mesmo tempo em que foram aprimorados
e que podem ser mais inteligentemente ofe-
os critérios de sua definição. Na década de
recidos por meio de uma gestão integrada; e
1990, as unidades regionais foram, finalmen-
sob o ângulo da geopolítica interna, na qual
te, denominadas Metropolitan Areas,­ segun-
buscava-se intervir mais facilmente nesses es-
do o Geographic Áreas Reference Manual da
administração federal daquele país (GARM, paços-chave da vida econômica e político-
1994). De acordo com Moura e Firkowski social brasileira (Souza, 2003, p. 35).
(2001), essas áreas As regiões metropolitanas foram inicial-
mente criadas, sob parâmetros político-insti-
[...] são designadas e definidas pelo Fe- tucionais, pelo Congresso Nacional no início
deral Office of Management and Budget da década de 1970, época que se instalaram
(OMB), e utilizadas para coleta e produ- nove regiões metropolitanas no território

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brasileiro: Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, zação. No Brasil, o fenômeno metropolita-


Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, no chega ao seu ápice a partir da década de
Curitiba e Porto Alegre, de acordo com a lei 1960, quando o processo de urbanização
n° 14 e 20/1973. Porém, na Constituição Fe- alcança novo patamar, baseado no aumento
deral de 1988, a competência de criação e al- considerável do número de cidades milioná-
teração de regiões metropolitanas passou da rias e de grandes cidades médias – em torno
União para os Estados da federação que esta- de meio milhão de pessoas, como indica San-
beleceram, nas suas respectivas Constituições tos (1996), tendo as metrópoles do Rio de Ja-
Estaduais, os parâmetros legais para tais atos. neiro e São Paulo como as principais áreas de
Em geral, tanto regiões metropolitanas, como maior complexidade do território, devido ao
microrregiões e conurbações podem ser cria- elevado movimento migratório e à densifica-
das através de Lei Complementar (Gouvêa, ção populacional desses espaços.
2005, pp. 127-163). Dentro dessa perspectiva existem dife-
No âmbito da presente discussão, os pro- rentes propostas operacionais para identifi-
cessos e critérios políticos responsáveis para a car os limites de uma região metropolitana.
instalação legal da figura da região metropoli- No caso norte-americano (EUA), as variáveis
tana, apesar de ser da maior importância, não para a definição do caráter metropolitano
serão considerados determinantes ou prepon- de uma aglomeração urbana são as seguin-
derantes; acredita-se que mesmo decisões tes: a) densidade da população residente;
políticas não sejam totalmente autônomas, b) percentagem de população classificada 65

mas refletem algum grau de “racionalidade como urbana; c) crescimento percentual da


econômico-social” (interesses, grupos, etc.) população entre os dois períodos intercen-
da área em questão. Senão, a distinção entre sitários anteriores; d) existência de uma cida-
as áreas dentro e fora da região metropolitana de central com 50 mil habitantes ou mais, ou
seria exclusivamente baseada em razões polí- presença de uma população total na área ur-
tico-administrativas. Para nossa discussão, é banizada (em conjunto com os condados ad-
imprescindível tentar compreender tanto a jacentes) de, pelo menos, 100 mil habitantes
região metropolitana como, conseqüente- (GARM, 1994). Além desses, existe ainda uma
mente, a perimetropolitana a partir de uma série de critérios que se associam para a inclu-
concepção complexa do espaço socioespa- são de municípios mais afastados na Área Me-
cial (vide Lefebvre, 1991). Em última instância, tropolitana (Moura e Firkowski, 2001, p. 106).
essa concepção abrange também a dimensão Atualmente, existem 250 Áreas­ Metropolita-
política na sua articulação com as demais. nas no território norte-americano, sendo a sua
Entende-se, aqui, as regiões metropolita- experiência um marco na referência quanto a
nas como formações socioespaciais resultan- parâmetros utilizados para definição de unida-
tes de um estágio de maior complexidade do des similares, nacional e internacionalmente.
processo de urbanização atuante no mundo Com já mencionado antes, a OECD
contemporâneo, denominado metropoli- acabou de lançar um relatório de avaliação

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das características e transformações em 78 populacional, que tem pouca importância no


regiões metropolitanas dos seus países mem- nosso caso da investigação das áreas em tor-
bros (OECD, 2006). Para fins da identifica- na das quarto maiores cidades do Brasil; mas
ção das metrópoles nesses países – o Brasil pode tornar-se relevante quando se pensam
não é membro da OECD, ao contrário do nas regiões metropolitanas criadas mais re-
México –, o relatório apresenta uma discus- centemente no interior do Paraná e em Santa
são sobre variáveis e critérios adotados (ibid., Catarina; (b) a densidade populacional – uti-
p. 36 e pp. 250-271). Se não cabe aplicar os lizada também por Castello Branco (2006) –
critérios no nosso caso, as variáveis utilizadas que indica a predominância de áreas urbanas
parecem-nos mais adequados do que aque- em relação a áreas rurais, mais esparsamente
las do censo norte-americano: ocupadas; e (c) o fluxo pendulário de traba-
lhadores (e estudantes) entre os municípios
The Metropolitan database is based on – outra variável presente na análise de Cas-
four criteria. The first criterion is based tello Branco (ibid.) – que seria a expressão de
on population size and a threshold of 1.5 um mercado de trabalho articulado dentro
million people is set to consider the re- de uma região metropolitana.
gion as metropolitan. Second, the density
Com essas variáveis será realizado um pri-
of population should exceed a critical va-
meiro e provisório confronto entre as regiões
lue set at 150 people per km2. These types
metropolitanas das quatro metrópoles e suas
of regions are considered as predominan-
66 áreas perimetropolitanas no item seguinte.
tly urban; ... Third, it is also fundamental
that these regions with large and dense
populations constituting urban areas re-
present a contained labour market. In or- Identificação das áreas
der to define labour markets, commuting perimetropolitanas
flows are used to calculate net migration de quatro regiões
rates. ...Hence, metro-regions among
predominantly urban areas (large and
metropolitanas brasileiras
densely populated) are those for which
Na nossa análise, adotamos duas determina-
the net commuting rate does not exce-
ções para a seleção dos municípios, tanto
ed 10% of the resident population. The
metropolitanos como perimetropolitanos
fourth­ criterion has been set to include a
small number of important cities in their
enquanto hipóteses de trabalho: primei-
national context. (Ibid., p. 36) ro, aceitamos, por ora, as delimitações das
quatro regiões metropolitanas como foram
Resumindo, para nossa discussão, pare- estabelecidas pelas respectivas assembléias
ce oportuno considerar três das menciona- legislativas dos seus estados. Os dados tra-
das variáveis – sem os valores que lhes foram balhados por nós podem servir, assim, como
atribuídos pela OECD – para identificar uma referência até que ponto essa delimitação
região metropolitana; a saber: (a) o tamanho política é adequada às variáveis que acaba-

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Tabela 1 – Municípios das Regiões Metropolitanas (RM) e Áreas Perimetropolitanas


(APeM) de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador

Região metropolitana Arujá, Barueri, Biritiba-Mirim, Caieiras, Cajamar,


Carapicuiba, Cotia, Diadema, Embu, Embu-Guaçu,
Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato, Franco
da Rocha, Guararema, Guarulhos, Itapecerica da
Serra, Itapevi, Itaquaquecetuba, Jandira, Juquitiba,
Mairiporã, Mauá, Moji das Cruzes, Osasco, Pira-
pora do Bom Jesus, Poá, Ribeirão Pires, Rio Gran-
de da Serra, Salesópolis,Santa Isabel, Santana de
Parnaíba, Santo André, São Bernardo do Campo,
São Paulo São Caetano do Sul, São Lourenço da Serra, São
Paulo, Suzano, Taboão da Serra e Vargem Grande
Paulista (39 municípios).
Área perimetropolitana Araçariguama, Atibaia, Bom Jesus dos Perdões,
Cabreúva, Campo Limpo Paulista, Caraguatatuba,
Ibiúna, Igaratá, Itariri, Jacareí, Jarinu, Jundiaí, Mira-
catu, Nazaré Paulista, Paraibuna, Pedro de Toledo,
Santa Branca, São Roque, São Sebastião e Várzea
Paulista (21 municípios).

Região metropolitana Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Ita-


boraí, Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis, Niterói,
Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, Rio de Janei-
ro, São Gonçalo, São João de Meriti, Seropédica e
Rio de Janeiro Tanguá (17 municípios).
Área perimetropolitana Cachoeiras de Macacu, Engenheiro Paulo de Fron- 67
tin, Itaguaí, Maricá, Mendes, Miguel Pereira, Pe-
trópolis, Rio Bonito, Saquarema e Teresópolis (10
municípios).

Região metropolitana Baldim, Belo Horizonte, Betim, Brumadinho, Caeté,


Capim Branco, Confins, Contagem, Esmeraldas,
Florestal, Ibirité, Igarapé, Itaguara, Itatiaiuçu, Jabo-
ticatubas, Juatuba, Lagoa Santa, Mario Campos,
Mateis Leme, Matozinhos, Nova Lima, Nova União,
Pedro Leopoldo, Raposos, Ribeirão das Neves, Rio
Acima, Rio Manso, Sabará, Santa Luzia, São Joa-
Belo Horizonte quim de Bicas, São José da Lapa, Sarzedo, Taqua-
raçu de Minas e Vespasiano (34 municípios).
Área perimetropolitana Barão de Cocais, Belo Vale, Bonfim, Fortuna de Mi-
nas, Funilândia, Inhaúma, Itabirito, Itaúna, Moe­da,
Pará de Minas, Prudente de Morais, Santa Bárbara,
São José da Varginha e Sete Lagoas (14 municí-
pios).

Região metropolitana Camaçari, Candeias, Dias D’Ávila, Itaparica, Lauro


de Freitas, Madre de Deus, Salvador, São Francis-
co do Conde, Simões Filho e Vera Cruz (10 muni-
Salvador cípios).
Área perimetropolitana Jaguaripe, Mata de São João, Salinas da Marga-
rida, Santo Amaro, São Sebastião do Passe e Sau-
bara (6 municípios).

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mos de mencionar; e, segundo, serão consi- ca dos municípios-núcleo tem uma influência
derados municípios perimetropolitanos ape- importante na conformação, tanto da região
nas aqueles que são limítrofes com a fronteira metropolitana como da sua área perimetro-
da região metropolitana; certamente, essa politana. No caso de São Paulo, nota-se ain-
segunda restrição, em particular, precisa ser da a proximidade imediata de uma segunda
revista em estudos posteriores. região metropolitana que inibe a extensão
Os nomes dos municípios selecionados a de uma área perimetropolitana para o sul. As
partir desses critérios encontram-se na Tabela 1; localizações de Rio de Janeiro e Salvador na
para cada uma das áreas em torno das quatro costa do Atlântico são outro determinante
metrópoles há uma linha com os nomes dos que impede qualquer possibilidade de cres-
municípios que fazem parte da região metro- cimento em determinadas direções.
politana; e uma segunda linha com aqueles que Em relação aos dados da densidade de-
pertencem à área perimetropolitana (APeM). mográfica (habitantes por km²) e da taxa de
Já se observa a configuração bastante distinta urbanização encontrados, tanto nos municí-
entre as quatro áreas por nós consideradas. pios-núcleo, nas suas regiões metropolitanas
Uma melhor – se bem incipiente – im- (RM) como nas respectivas áreas perimetro-
pressão dessas diferenças ganha-se ainda a politanas (ApeM) a Tabela 2 apresenta uma
partir dos mapas que se seguem nas páginas diferenciação bastante nítida entre os quatro
subseqüentes. A própria localização geográfi- casos estudados.
68

a) Região Metropolitana de São Paulo e sua Área Perimetropolitana

Município-núcleo
Região Metropolitana de São Paulo (com exceção do município-núcleo)
Área Perimetropolitana
Elaborado por Labore, 2007
Região Metropolitana da Baixada Santista

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mobilidade e expansão do rio de janeiro para áreas perimetropolitanas

b) Região Metropolitana do Rio de Janeiro e sua Área Perimetropolitana

Município-núcleo
Região Metropolitana do Rio de Janeiro (com exceção do município-núcleo)
Área Perimetropolitana Elaborado por Labore, 2007

69

c) Região Metropolitana de Belo Horizonte e sua Área Perimetropolitana

Município-núcleo

Região Metropolitana de Belo Horizonte (com exceção do município-núcleo)

Área Perimetropolitana Elaborado por Labore, 2007

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d) Região Metropolitana de Salvador e sua Área Perimetropolitana

Município-núcleo

Região Metropolitana de Salvador (com exceção do município-núcleo)


Elaborado por Labore, 2007
Área Perimetropolitana

70

Tabela 2 – Densidade demográfica

Densidade demográfica Taxa de urbanização em 2000


hab/km2 em 2000 Média Maior taxa Menor taxa
São Paulo
Município-núcleo 6.808,1 94,0 - -
RM 2.853,0 94,6 100,0 60,9
APeM 289,9 73,7 100,0 31,1

Rio de Janeiro
Município-núcleo 4.627,9 100,0 - -
RM 2.845,2 94,5 100,0 67,4
APeM 175,0 85,7 99,0 65,3

Belo Horizonte
Município-núcleo 6.718,0 100,0 - -
RM 558,0 80,5 100,0 26,3
APeM 71,6 70,8 97,8 35,1

Salvador
Município-núcleo 3.440,3 100,0 - -
RM 794,0 93,0 100,0 81,8
APeM 63,2 67,4 98,9 34,5

Fonte: Censo demográfico de 2000, do IBGE.

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mobilidade e expansão do rio de janeiro para áreas perimetropolitanas

Os números a respeito da densidade relação à urbanização na APeM, o Rio de Ja-


mostram um padrão semelhante entre os qua- neiro conta com municípios com maior taxa
tro casos: como era de se esperar, nota-se um (em média 86 %).
declínio da densidade do município-núcleo Em resumo, julgando mais pelo índice da
para a Região Metropolitana (RM) e, mais densidade populacional do que pela taxa de
acentuado ainda, para as Áreas Perimetropo- urbanização, o perfil das Áreas Perimetropo-
litanas (APeM). A mesma tendência observa- litanas apresenta-se como menos “urbano” do
se em relação às taxas de urbanização. Só o que o da metrópole (núcleo) e sua periferia; o
município de São Paulo apresenta uma taxa que não significa nenhuma surpresa, em prin-
que não alcança os 100%; e mesmo nas RM e cípio. Vale notar, entretanto, que os dados a
APeM há municípios que apresentam essa taxa respeito dos quatro casos indicam realidades
ou chegam próxima dela. Quando se analisam bastante distintas para suas respectivas áreas.
as taxas médias de urbanização nas RM e se Na Tabela 3 encontram-se dados a res-
as comparam com as das APeM, identifica-se peito da população total nas quatro RM e
uma significativa diferença entre as duas áreas. APeM estudadas e sua distribuição, em cada
Apenas a RM de Belo Horizonte apresenta um caso, entre as três categorias territoriais por
índice de urbanização inferior a 90%; já em nós trabalhadas.

71
Tabela 3 – Comparação da distribuição da população
nas quatro metrópoles

Rio de Belo
São Paulo Salvador
Janeiro Horizonte
Total (Núcleo + RM + APeM) 29.566.294 17.355.827 7.058.265 5.629.613
Município-núcleo 35,30 33,75 31,71 43,40
Região Metropolitana 60,47 61,71 61,75 53,67
Área Perimetropolitana 4,23 4,54 6,54 2,93
Total (%) 100,00 100,00 100,00 100,00
Fonte: Censo demográfico de 2000, IBGE.

O padrão dessa distribuição é bastante derando a baixa densidade populacional nas


parecido nas três metrópoles do Sudeste. APeM, a extensão territorial é muito maior do
Um pouco mais de 30% – entre 32 e 35% – que a participação da população residente
da população reside em 2000 no núcleo da indica.
metrópole. Na sua periferia habita aproxima- O caso de Salvador não se encaixa exa-
damente 60% da população total; ficando tamente nesse padrão, na medida em que
entre 4 a 6,5% da população no entorno das há uma concentração maior da população
respectivas Áreas Perimetropolitanas. Consi- no próprio município-núcleo e uma parcela

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menor morando nas periferias da metrópole tanto sobre o crescimento populacional en-
e, menor ainda – apenas 3% –, na sua APeM. tre 1980 e 2000, como também sobre os
Esses dados podem indicar que a dinâmica da movimentos pendulares entre os municípios
expansão de Salvador seja diferente daquelas no ano 2000, diferenciados pelas três cate-
das outras três metrópoles. goriais territoriais por nós utilizado: o cres-
A Tabela 4 contém dados dos Censos cimento no município-núcleo, na periferia
Demográficos de 1999 e 2000, do IBGE, (RM) e no seu entorno (APeM).

Tabela 4 – Crescimento populacional e movimento pendular (mobilidade)

População Crescimento Mobilidade (%)


residente populacional (%)
Média dos
2000 1980-1991 1991-2000 Média Pico 20% mais
São Paulo
Município-núcleo 10.435.546 13,58 8,18 - - -
RM 17.879.997 22,69 15,77 13,8 13,8 13,8
APeM 1.250.751 35,69 24,74 6,5 6,5 6,5
Total 29.566.294
APeM/Núcleo 12,0%
APeM/RM 7,0%
72
Rio de Janeiro
Município-núcleo 5.857.904 7,66 6,88 - - -
RM 10.710.515 11,67 10,54 16,5 16,5 16,5
APeM 787.408 17,09 20,26 6,4 6,4 6,4
Total 17.355.827
APeM/Núcleo 13,4%
APeM/RM 7,4%

Belo Horizonte
Município-núcleo 2.238.526 13,44 10,81 - - -
RM 4.358.171 31,36 23,71 11,2 11,2 11,2
APeM 461.568 32,89 19,21 4,6 4,6 4,6
Total 7.058.265
APeM/Núcleo 20,6%
APeM/RM 10,6%

Salvador
Município-núcleo 2.443.107 38,17 17,72 - - -
RM 3.021.572 41,31 21,03 6,0 6,0 6,0
APeM 164.934 7,57 8,32 5,7 5,7 5,7
Total 5.629.613

APeM/Núcleo 6,8%
APeM/RM 5,5%

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Os dados desses movimentos pendula- um patamar baixíssimo quando comparado


res foram calculados a partir das informações com os três outros casos: na década de 1980,
do Censo Demográfico de 2000 acerca da essa área apresentou uma taxa que não chegou
população residente num município que tra- nem a um quinto da taxa de crescimento po-
balha e estuda em outro município. Desconsi- pulacional o que indica uma alta concentra-
deramos os dados respectivos aos municípios ção da expansão populacional no interior da
núcleos que são, via de regra, inexpressivos. metrópole.
É interessante observar, que as taxas de Os dados relativos à participação da po-
crescimento nas Áreas Perimetropolitanas pulação residente em 2000 na APeM confir-
eram maiores do que as das outras duas áreas mam esse padrão, particularmente em relação
nos três casos do Sudeste entre 1980 e 1990; ao núcleo da metrópole: se no Sudeste essa
e mesmo, na década de 1990, essa tendên- parcela corresponde a 12 a 20% da população
cia mantém-se, em geral, em São Paulo e no do núcleo, em Salvador não chega nem a 7%.
Rio de Janeiro num patamar de valores bem Como uma das variáveis mais importan-
abaixo daquelas da década anterior. Em Belo tes para a delimitação de regiões metropoli-
Horizonte, o crescimento na APeM vai ser su- tanas, que tinha sido apontada anteriormente,
perado pela RM, que se mantêm, em compa- aquela dos fluxos pendulares ( commuting )
ração às outras duas metrópoles, ainda muito pode dar indícios sobre a articulação entre os
alta (quase 24% em 9 anos). Por outro lado, municípios em termos do mercado de traba-
vale notar que é no entorno do Rio de Janei- lho. Na Tabela 4 encontram-se dados sobre 73

ro que a taxa de crescimento experimenta um a população residente num município que


aumento de 17% na década de 1980 para 20% trabalha ou estuda em outro (também fora
na década de 1990, contrariando a tendência da própria unidade da federação, que vamos
das outras duas metrópoles do Sudeste. negligenciar por ora). Na coluna sobre as
Essa tendência de aumento da taxa de médias, fez-se o cálculo – tanto para os mu-
crescimento nas APeM verifica-se também em nicípios pertencentes às RM e as APeM – da
Salvador; se bem que o padrão apresentado média dessa população em relação à popula-
por essa metrópole é de novo bastante dis- ção total municipal. Na coluna sobre o valor
tinta das demais. As taxas de crescimento po- pico indicou-se o maior valor encontrado
pulacional na década de 1980 no núcleo e na entre os municípios de um grupo. Na terceira
periferia da metrópole foram bastante supe- coluna sobre a “média dos 20% mais” calcu-
riores àquelas das metrópoles do Sudeste. Seu lou-se uma média apenas daqueles 20 % dos
declínio fundamentalmente na periferia (RM) municípios de cada grupo (vide Tabela 1) com
na década de 1990 é muito elevado, ficando os maiores valores relativos referente à popu-
até abaixo da periferia de Belo Horizonte. Já lação que estuda e trabalha fora do município;
o aumento mencionado do crescimento po- é uma medida da concentração da articulação
pulacional no entorno da metrópole (APeM), entre os municípios de cada grupo. Se o valor
entre as décadas de 1980 e 1990, partiu de dessa média fica próximo à da média em geral

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Gráficos 1 e 2 (médias e picos)

(coluna 1), isso significa uma distribuição bas- não apenas em relação ao número de mora-
tante eqüitativa das taxas entre os municípios; dores e número de municípios, mas também
e vice-versa: se ficar próximo ao pico e longe a sua própria configuração territorial. Os ma-
da média mostra que poucos municípios têm pas seguintes pretendem dar uma primeira im-
74 uma elevada articulação com a metrópole. pressão dessas diferenças que, em parte, são
Nos Gráficos 1 e 2, elaborados a partir resultado da própria localização geográfica
da Tabela 4, identifica-se que, para as RM de cada região – tanto em relação ao ambien-
das quatro metrópoles (Gráfico 1) o caso te natural como ao construído. A seguir, ob-
do Rio de Janeiro apresenta um pico mui- serva-se o município-núcleo, os municípios
to alto (coluna 2) e relação à média geral circundantes que fazem parte da respectiva
(coluna 1); um padrão que se repete em região metropolitana (conforme definida le-
grau menor nos outros três casos e indica galmente) e a área perimetropolitana com
uma concentração da articulação em rela- relação aos quatro casos acima analisados:
tivamente poucos municípios. Já nos muni- São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e
cípio das APeM (vide Gráfico 2), além de Salvador/Bahia
seus valores mais baixos, Rio de Janeiro, Em síntese, a comparação entre as re­
Belo Horizonte e Salvador apresentam uma giões­ metropolitanas e as áreas perimetro-
distribuição relativamente homogênea de politanas no caso das quatro principais me-
articulação. A exceção fica por conta de trópoles do país confirma basicamente as ex-
São Paulo, onde há um pico muito alto em pectativas a respeito das características inves-
um município. tigadas dessas últimas áreas: de uma maneira
A comparação entre as quatro regiões genérica, podem ser descritas como áreas de
metropolitanas precisa ser realizada com bas- relativamente baixa densidade populacional,
tante cuidado, tendo em vista suas diferenças, tendo municípios com taxa de urbanização

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ainda não muito elevada, com uma articula- Os fenômenos encontrados na nossa
ção reduzida com outros municípios e, cer- própria investigação e em pesquisas acerca
tamente, também com a metrópole; mas com dessa temática são apenas fracos indícios de
taxas de crescimento populacional elevadas. uma realidade profundamente alterada pela
Entretanto, mesmo com o cumprimento das acima apontada nova qualidade da mobilida-
expectativas, os dados indicam também que de. Apesar do inquestionável mérito das pes-
cada uma dessas áreas deve ser tratada em sua quisas empíricas e estatísticas a respeito das
singularidade, mesmo naqueles casos em que transformações das metrópoles contemporâ-
as regiões metropolitanas de referência apre- neas – como aquela que acabamos de realizar
sentam determinados traços comuns – como aqui –, seu valor parece limitado quando se
vimos em relação às metrópoles do Sudes- encara o processo de mudança em toda sua
te. Essa singularidade representa exatamente profundidade.
sua “essência” e sua potencialidade: que não Dentro desse quadro geral das transfor-
apresentam o mesmo padrão de ocupação mações que observamos aqui nos últimos 20
e desenvolvimento como a metrópole e sua a 25 anos, para avançar no entendimento dos
periferia imediata que, até certo ponto, repro- processos, é necessário empreender pesqui-
duzem determinados esquemas de segregação sas estatísticas mais sofisticadas como aquelas
socioespacial. como, no caso do Rio de Janeiro, as de Cas-
tello Branco (2006). Na análise dos fluxos de
movimentos pendulares, essa pesquisadora 75

Conclusão e perspectivas: identificou uma rica rede de articulações em


o caso do Rio de Janeiro torno da metrópole do Rio de Janeiro como
pode ser vislumbrado na Figura 1.
Lembramos que nosso ponto de partida foi Para outras metrópoles brasileiras, de-
o questionamento relativo a novas formas de vem existir abordagens semelhantes; só cita-
mobilidades e suas possíveis conseqüências mos dois estudos recentes que investigaram os
para o futuro das metrópoles no Brasil e no casos de São Paulo e Belo Horizonte, consi-
mundo, tendo em conta que já hoje se obser- derados na nossa comparação acima: a inves-
va sua expansão para áreas que ultrapassam as tigação e a análise realizadas por Sathler e Mi-
tradicionais fronteiras das regiões metropo- randa (2006) sobre São Paulo e o estudo de
litanas. Não foi a nossa intenção – especial- Souza e Brito (2006) sobre Belo Horizonte.
mente quando nos empenhamos numa com- Essas pesquisas estatísticas precisam ser
paração entre as quatro principais metrópo- complementadas e balizadas, por outro lado,
les do país através de dados estatísticos – de por investigações de determinados aspectos
encontrar e desvendar esses processos em sua das mudanças que são considerados relevan-
concretude; mas desenhar um quadro mais tes e pertinentes para caracterizar qualitativa-
geral no qual esse processo está se escreven- mente as transformações que apenas estão se
do já desde que começou. anunciando nas áreas perimetropolitanas. Um

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Figura 1 – Espaço urbano do Rio de Janeiro


Fluxos de Movimento Pendular excluindo a Metrópole do Rio de Janeiro

Subnúcleos no Entorno
do Rio de Janeiro
Submetropolitano
Centro Urbano 1
Centro Urbano 2
Centro Urbano 3
Centro Urbano 4
Centro Urbano 5
Fluxos segundo a hierarquia
Nível 1
Nível 2
Nível 3

Fonte: Castello Branco, 2006: 8. Nível 4


Nível 5
Nível 6

desses aspectos – parcial, mas que pode ilus- É essa potencialidade de uma certa “fle-
76 trar a questão da continuidade ou ruptura – é xibilidade da função” – sob constância da
a investigação das próprias formas que as ocu- forma – que nos leva a chamar atenção, no
pações urbanas estão assumindo nessas áreas final do nosso pequeno ensaio, para o fato
perimetropolitanas. A temática dos condomí- de que cada investigação pressupõe um cer-
nios fechados, por exemplo, parece-nos ofe- to posicionamento – muitas vezes implícito
recer uma oportunidade para realizar estudos – com relação ao seu “objeto” ou aquilo que
comparativos entre a proliferação dessa mo- compreende como sua “rea­lidade”. A proble-
dalidade de habitação (produto imobiliário) mática apresentada nesse pequeno ensaio só
dentro do núcleo e mesmo periferia do Rio vai poder ser investigada adequadamente, ao
de Janeiro e sua difusão nas áreas semi-rurais nosso ver, se a “realidade” estudada for com-
ou periurbanas nos municípios do entorno preendida a partir do conceito de Lefebvre,
da metrópole (vide, por exemplo, Randolph que atribui ao real uma virtualidade própria e
e Lopes, 2006). Uma outra questão que está propõe identificar, nela mesma, seu potencial
presente em uma boa parte dos municípios futuro – possibilidades que podem (ou não)
perimetropolitanos do Rio de Janeiro é a da se tornar real (Lefebvre, 1999, p. 16).
segunda residência e do turismo de fim de Nesse sentido, entende-se que a acima
semanas. Trata-se aqui de formas intermitentes mencionada “nova mobilidade” precisa ser
de ocupação de residências fora da metró- compreendida ainda hoje como uma (po-
pole que podem facilmente ser transformada derosa) potencialidade cuja “realização” não
em permanentes. depende apenas do avanço de mudanças

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tecnológicas, organizacionais, profissionais poderá continuar, por muito tempo, a


(atuais e futuras). Pois sua concretização em reproduzir o todo anterior, a situação
forma de projetos provavelmente conflitan- que se deseja eliminar. (2004, pp. 75-76,
tes dependerá de complexos condicionantes destaque nosso)
econômicos, sociais, políticos e culturais. O
que não nos inibe de trabalhar com a hipótese Não obstante, sabe-se que não existe, no
de que esses fenômenos estão apontando pa- espaço, uma determinação absoluta entre for-
ra uma transição de uma forma de sociedade ma e função. A investigação das novas tecno-
(mais ou menos sob hegemonia da indústria e logias de comunicação em pesquisas anterio-
do capital) para uma outra, que ainda está em res (Randolph 1998, 1999, 2000a, 2000b)
vias de nascer; transição, então, que ultrapassa permitiu identificar, se bem pontual­m ente,
o mero âmbito das grandes cidades e metró- exemplos espalhados pelo mundo afora da
manutenção de certas formas espaciais que
poles e envolve toda a sociedade (e território)
sofreram uma radical mudança na sua função,
na medida em que aponta para o declínio da
não exclusivamente, mas em boa parte devido
sociedade industrial e o advento de uma “so-
às possibilidades que as tecnologias oferecem
ciedade urbana” (ibid., 1999).
para uma nova gestão dos fluxos de informa-
Pois, inicialmente – e provavelmente por
ção e comunicação. Nesses casos, nas palavras
muito tempo, se pensarmos nas escalas tem-
de Milton Santos, os antigos objetos geo-
porais das grandes mudanças na humanidade
gráficos – ligeiramente modificados em geral 77
–, deve ser difícil reconhecer essas transfor-
– assumem novas funções. Esse autor vê nessa
mações no espaço, como nos alerta Milton
possibilidade uma maneira de contribuir para
Santos, quando fala a respeito do poder de
a reestruturação da sociedade:
perpetuação do espaço sobre uma sociedade
por ela mesma construído:
Para superar a aparente inevitabilidade da
Muitos dos que se inclinam para o papel “contrafinalidade” própria à matéria inerte,
do espaço nas transformações sociais ima- será preciso criar novos mecanismos que
ginam que um automatismo é possível. revertam as tendências herdadas do modo
O fato, porém, é que cada estrutura do de produção precedente e inventar outros
todo reproduz o todo. Assim, em uma objetos geográficos, dotados de finalida-
fase de transição, as estruturas vindas do de em consonância com o novo modo e
passado, ainda que parcialmente renova- destinados sobretudo a ajudar a liberação
das, tenderão a continuar reproduzindo do homem e não a sua dominação.
o todo tal com era na fase precedente. Em uma primeira fase, de transição, as for-
Todavia, se cada estrutura conhece o seu mas poderão continuar quase as mesmas,
próprio ritmo de mudança, a estrutura do enquanto o conteúdo e os fluxos muda-
espaço é a instância social de mais lenta rão de natureza. Mas em algum momento
metamorfose e adaptação . Por isto, ela posterior, a alteração do conteúdo será

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acompanhada ou precedida pelas mu- dades que orientou a atenção da nossa pes-
danças das formas. quisa: imaginamos que ali haveria uma chance
Certas formas espaciais do passado po- maior – em relação a outras áreas – para o
derão ser reabilitadas pela simples atri- surgimento de uma nova mobilidade e para a
buição de novas finalidades. (2004, p. 81,
realização mais imediata de mudanças na sua
destaques nossos)
estrutura espacial, inclusive a da metrópole
E, num primeiro momento, foi esse po- inteira. A resposta à pergunta sobre “conti-
tencial que julgamos presente em determina- nuidade” ou “ruptura” não cabe, em última
das partes da franja metropolitana do Rio de instância, à pesquisa, mas à atuação de todos
Janeiro, de uma reabilitação de formas espa- nas realidades das quais somos partícipes e
ciais pela simples atribuição de novas finali- protagonistas.

Rainer Randolph
Doutor em Ciências Econômicas e Sociais, professor titular no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urba-
no e Regional-IPPUR, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, Brasil)
rainer.randolph@gmail.com

Pedro Henrique Oliveira Gomes


Estudante de Geografia, bolsista no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional-IPPUR, da
78
Universidade Federal do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, Brasil)
peagaoligom@yahoo.com.br

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Recebido em fev/2007
Aprovado em mar/2007

cadernos metrópole 17 pp. 59-80 1º sem. 2007

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