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O Meu Soneto
Em atitudes e em ritmos fleumticos, Erguendo as mos em gestos recolhidos, Todos brocados flgidos, hierticos, Em ti andam bailando os meus sentidos... E os meus olhos serenos, enigmticos Meninos que na estrada andam perdidos, Dolorosos, tristssimos, extticos, So letras de poemas nunca lidos... As magnlias abertas dos meus dedos So mistrios, so filtros, so enredos Que pecados damor trazem de rastros... E a minha boca, a rtila manh, Na Via Lctea, lrica, pag, A rir desfolha as ptalas dos astros!.. Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"
Ao girassol? Quem fez o mar? E a minha Alma a sangrar? Quem me criou a mim? Quem fez os homens e deu vida aos lobos? Santa Teresa em msticos arroubos? Os monstros? E os profetas? E o luar? Quem nos deu asas para andar de rastros? Quem nos deu olhos para ver os astros - Sem nos dar braos para os alcanar?!... Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"
Ser Poeta
Ser Poeta ser mais alto, ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aqum e de Alm Dor! ter de mil desejos o esplendor E no saber sequer que se deseja! ter c dentro um astro que flameja, ter garras e asas de condor! ter fome, ter sede de Infinito! Por elmo, as manhs de oiro e de cetim... condensar o mundo num s grito! E amar-te, assim, perdidamente... seres alma e sangue e vida em mim E diz-lo cantando a toda gente! Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"