Sunteți pe pagina 1din 5

Abril de 2003

Sevilha é a cidade sensual de Cármen, a cigarreira, e D. Juan, o conquistador. A cidade


dramática do flamenco e da tourada, boémia dos estudantes e bons vivants, mas
também popular nos seus bairros mais castiços. Tão exótica quanto tradicionalista, é
cenário de um quotidiano que parece ensaiado. Nós somos os espectadores

Texto de Sara Raquel Silva e fotos de Pedro Sampayo Ribeiro

Em Sevilha a tradição anda muito perto do que sempre foi. Feita de


alegria, religiosidade, flamenco, touros, cavalos e convívio. E, claro, do
Guadalquivir, Bairro de Santa Cruz, Praça de Espanha, da Catedral e
Giralda, da Plaza de la Maestranza e dos Alcáceres Reais. É uma cidade
de movimentos lentos, mas intensos, teatrais. Um palco onde os
protagonistas, os habitantes, teimam em perpetuar uma alma
muito própria - a andaluza. Povo autêntico, cioso dos seus
hábitos e cultura, é caloroso sem procurar agradar. Cede
devagarinho ao ritmo uniformizador da globalização, pelo que
a música é cantada em castelhano; nas montras, um belo traje
de flamenco é mais cobiçado que qualquer Prada ou Dior; e
as tapas, saboreadas lentamente, mantêm-se como o
sustento de eleição.
Torre do Ouro
Em Sevilha, pressa é palavra desconhecida: todos vivem num
compasso morno. Diria que de espera, para explodir em dias
de fiesta. Não adianta procurar saber porquê. Afinal, os
tartéssicos, gregos, romanos, visigodos, árabes e cristãos
levaram 2700 anos a costurar uma cidade assim.

Descobri-la é conhecer o seu estilo de vida e personalidade


da sua gente. Respeitar o seu ritmo e deixarmo-nos enredar
no bulício do seu quotidiano. Começar Sevilha por Triana, um
bairro histórico, mas operário, onde nasceu o flamenco e o
número de turistas ainda não desfigura o ambiente castiço,
parece por esse motivo, uma boa opção.
Catedral e Giralda
Triana, bairro do flamenco
Fica do outro lado do Guadalquivir. Atravessada a Ponte San Telmo
percorremos a colorida Calle Bétis, experimentando as esplanadas à
beira-rio, enquanto ensaiamos a arte de "tapear" - vocábulo
indispensável na Andaluzia que se refere à habilidade de ir parando de
tasca em tasca a saborear pratinhos de petiscos, acompanhados por
uma cerveja ou o típico manzanilla, vinho fino e seco.

Os residentes afirmam que daqui se desfruta de uma das melhores vistas


da cidade, pelo que é a altura ideal para estudar o panorama: à nossa Espectáculo de flamenco
frente estão o Bairro do Arenal e a Plaza de la Maestranza, ao fundo a
Giralda, e à direi-ta a Torre do Ouro, reluzente sob sol quente do
Mediterrâneo.

Praça de Espanha

Paco Rey, tocador de flamenco, anima o bairro de Santa Cruz

Apelidada de Triana "vermelha", por noutros tempos


simpatizar com os republicanos, ou Triana "cigana", por
acomodar o quarteirão das três mil habitações ciganas, é um
dos bairros de Sevilha de personalidade mais marcante. Foi
neste arrabalde marinheiro que nasceram toureiros, cantoras
e bailarinas de flamenco, e que a dança surge, ainda hoje, de
forma espontânea.

Talvez por herança do Igreja de Marcarena


passado, é nesta zona que se
concentra grande parte da
animação nocturna de Sevilha
e alguns dos melhores bares
de tapas. Mesmo durante o
dia, basta percorrer por minutos as agitadas ruas que a energia
que aí se respira entranha-se. E ainda bem, para que o fôlego
nos permita admirar as fachadas coloridas de toda a Rua Pureza, as imagens religiosas, em
cerâmica, fixadas nas paredes e um sem-número de igrejas e
capelas (a que nos iremos habituar, pois habitam toda a sua
cidade como testemunho irredutível da sua religiosidade),
entre as quais as imprescindíveis Capilla de Los Marineros
(século XVII) e a Iglesia de

Santa Ana, um templo gótico fundado por Afonso, o Sábio, no


século XIII. Fôlego ainda para visitar as movimentadas Pages
Del Corro e San Jacinto, o melhor local para comprar
Casa Pilatos
cerâmica artesanal e artigos de pele, e observar os gestos
expansivos e riso ruidoso de quem acabou um dia de trabalho.

No final, resta-nos regressar a pé pela ponte Isabel II, já


iluminada, para, do outro lado do rio, contemplar o romântico
pôr do Sol.

Entre jardins, jasmins e laranjeiras

Passar as primeiras horas da manhã no tranquilo Parque


Maria Luísa, o pulmão da cidade, é uma alternativa deliciosa
ao alvoroço das artérias que passam, quase por milagre,
mesmo ali ao lado. Nestes jardins de origem romântica, com
mais de 400 mil metros de superfície, a luz entra filtrada pela
névoa matinal e pelo verde de centenas de espécies de flores,
plantas e árvores, algumas, centenárias. O Parque foi doado a
Sevilha pela infanta Maria Luísa, em 1893, tendo sido Túmulo de Cristóvão Colombo dentro da
recuperado pelo arquitecto Catedral
francês Forestier, por altura da
Exposição Universal, em
1929. Talvez seja o mais belo
de todos os jardins, mas não é
o único. Esta cidade
proporciona em vários recantos momentos floridos: os Jardins
Murillo que dão para o Alcázer, o Valle na zona histórica, o
Parque dos Príncipes em Triana, ou a margem direita do
Guadalquivir toda ajardinada por ocasião da Expo 92. Afinal, Sevilha é a cidade das laranjeiras,
onde os árabes que aí se estabeleceram, do século VIII ao XIII, deixaram entre vários legados
o culto pela natureza, evidente nos seus jardins, repletos de cascatas e canais, jasmins e
buganvílias.
Daqui até ao centro é um saltinho, a fazer de preferência a pé,
já que a maioria das ruas estão vedadas ao trânsito e
encontrar estacionamento não passa de uma miragem.

À saída do Jardim, a caminho


da Catedral encontramos a
Praça de Espanha, um dos
símbolos da Sevilha actual.
Majestosa, foi projectada para
a Exposição Ibero-Americana de 1929 por Anibal González, um
dos arquitectos mais célebres
da cidade no século passado.
Construída em tijolo e cerâmica, em forma semicircular,
rematada por uma torre em cada ponta, parece estar de braços
abertos, a acolher todos os que por lá passam. Para que de
perto observem os seus painéis de azulejaria, dedicados a
cada uma das províncias espanholas.

E continuamos, ou tropeçamos, por entre edifícios e


monumentos que, nos seus estilos arquitectónicos diversos - gótico, renascentista, clássico e
modernista -, testemunham a antiguidade de Sevilha e lhe conferem "aquele" carisma, comum
apenas às cidades com história.
In Rotas e Destinos

S-ar putea să vă placă și