Artigo de opinião que publiquei no Boletim informativo da Associação de Pais a que
pertençoi
A teia burocrática em que as escolas estão enredadas e a “fúria” legislativa a
que estão sujeitas (a final que autonomia se pretende?), retiram aos professores o espaço, o tempo e a energia para algo fundamental – conhecer, compreender e interagir com os seus alunos! E se se tomar o aluno como o centro da Educação, é absolutamente necessário conhecê-lo e compreendê-lo para agir/interagir assertivamente. A aparente falta de conhecimento das “realidades das Escolas” e, principalmente, a falta de sensibilidade de quem decide; a falta de “músculo” das escolas para contrariar (sim, porque a avaliação foi só a gota que fez transbordar um “copo”, que há muito se adivinhava esgotado…), em consciência, as directivas que lhes chegam (em catadupa…); e o “apagamento” dos pais da vida escolar dos seus filhos, trouxe-nos até ao ponto em que nos encontramos - numa Escola onde cada vez mais “estão todos” e é cada vez menos “para todos”.
O ME explica o “turbilhão” que criou nas escolas com a urgência de reduzir o
insucesso e o abandono escolar, nós os pais - na condição intrínseca de principais interessados na resolução do problema – temos o direito de exigir ao ME que equacione esta questão de forma a que os nossos filhos não sejam vistos como números de uma qualquer estatística, mas como “gente” com características próprias, indissociáveis da condição socioeconómica e cultural do seu agregado familiar.
É preciso apostar nos meios: físicos e humanos.
As crianças/jovens que têm insucesso escolar estão em escolas “cinzentas”
onde até os quadros deixaram de ser pretos há muito tempo. Não têm (ou estão em mau estado) ginásios e/ou espaços exteriores onde apeteça permanecer… e desesperam-se (e ao professor) nos planos de recuperação, aulas de apoio, sala de estudo, etc, etc. Não questiono a boa intenção do objectivo, mas “é mais do mesmo”!
Para quando o redimensionamento das turmas? Os apoios educativos
adequados — nomeadamente psico-pedagógico, psicológico e social — e em número suficiente? Os Professores precisam de tempo! Tempo, para estudar, se actualizar, planear as suas aulas, ajustar as suas estratégias, etc. “A Escola somos todos”… mas cada um tem o seu papel, que não pode deixar de cumprir
Eu estou do lado dos meus filhos e com aqueles que, todos os dias, estão do seu lado. Filipa Gonçalves