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Antonio Jaques de Matos

Filosofia Infantil II

2009
Prefácio

Queremos com este trabalho apresentar àqueles que se interessem pelo ensino de filosofia a professores
que lecionem filosofia com e para crianças. Já apresentamos um primeiro trabalho com o mesmo título –
filosofia infantil -, porém, minhas aulas nunca são as mesmas, pois, novas ideias surgem e é oportuno que as
compartilhemos com outros pensadores e interessados nesta matéria.
Relembro que quando fui aluno da universidade federal do rio grande do sul, em licenciatura em filosofia,
e tive um semestre de “filosofia da educação”, o professor, doutor em filosofia, disse que não existia isso de
filosofia da educação: ou há filosofia, ou há educação. Depois, ele trabalhou com um livro que nem lembro o
título, a partir do qual estudamos as ideias de alguns pensadores, como Sócrates, Maquiavel. Quando perguntei
a ele por que não estudamos Paulo Freire, ele respondeu que aquele tinha assimilado as teses de pensadores
anteriores a ele, como Sócrates e Karl Marx, opinião que eu aceito. Mas, a questão central por que lembrei
daquele professor é que não se tira filosofia da educação, mas educação da filosofia. Uma mera troca de
palavras? A ordem delas não altera o produto final? Mas, se dizemos educação filosófica, entendemos coisas
distintas:
1- educação filosófica propõe que toda educação e todo educador seja um filósofo na medida em que ele
deve refletir sobre as causas e efeitos das questões que ele estuda, contextualizando os fatos, não apenas
apresentando um conteúdo solto a um aluno, mas, ainda, por que ele está apresentando este assunto e por que os
fenômenos descritos são assim.
2- filosofia não é uma disciplina a mais, mas o alicerce das outras, a primeira deseja perceber o todo, a
outras, fragmentos do todo. Ouvi de uma aluna do semestre passado, em relação a uma colega que não tinha
nota para passar: “é só filosofia!”. Triste que a nossa sociedade tenha esta visão da filosofia, mas isto se deve
aos próprios “doutores da filosofia” que eu chamo de “doutores da tristeza”, que contra a origem a filosofia se
tornaram especialistas (fragmentam o todo) e não generalistas (estudiosos do todo), em comparação com os
doutores da alegria, médicos que levam alegria aos doentes de hospitais!

1a e 2a aulas:
É curioso como nenhuma turma é igual a outra, o que é óbvio, se olhamos à distância, mas não sob o
ponto de vista de um professor sobrecarregado de aulas, que espera que não precise alterar o conteúdo e
funcione em “piloto automático”. Neste segundo semestre de 2009 depois de Cristo (ou por que não 2405
depois de Sócrates?) me surpreendeu o quanto a turma era insípida, isto é, calados, sem humor, sem graça. No
semestre passado, as turmas eram alegres, especialmente uma delas, o que motivava o professor a ser, na
medida do possível, alegre.
Bem, nesta primeira aula, me apresentei: meu nome é ANTONIO JAQUES DE MATOS, formado em
licenciatura em Filosofia pela Universidade federal do Rio Grande do Sul, tenho livros publicados na internet,
no site www.SCRIBD.com, livros com teorias filosóficas inéditas e revolucionárias (mas não publicadas em
papel, o que é bom para as florestas!), OS MITOS DO TEMPO, DO EGO E DAS LEIS (cuja principal tese é a
que defendo que aquilo que chamamos de duração nunca foi algo externo, mas que surge dentro de nossa
memória, uma dor sutil, por isso que, às vezes o tédio parece nos enlouquecer, quando sentimos o tempo se
arrastar!), livros sobre Filosofia com adolescentes, relato das aulas de filosofia para crianças (“Filosofia
infantil”), CURSO DE FILOSOFIA TEMÁTICA, entre outras reflexões.
A seguir, apresentei um plano para o ano que consiste no estudo de importantes definições de filosofia,
depois, progressivamente, introduzir noções de filosofia aplicada ao ensino com crianças e, finalmente,
organizar coletivamente aulas práticas de filosofia infantil, um desafio que não realizamos no primeiro
semestre, mas que propomos realizar neste, em grande parte porque os dois períodos semanais se mostraram
insuficientes.

Tales: filosofia é o estudo da natureza, de que as coisas são feitas, para ele, de água, presente
nas sementes e indispensável na agricultura e na vida das pessoas.

Pitágoras: foi quem inventou a palavra filosofia, de filo = amigo e Sofia = sabedoria, daí o
filósofo é o amigo ou aquele que ama conhecer, embora não tenha todo o conhecimento, ele busca possui-lo.

Sócrates: a filosofia nos ensina a examinar a vida, a controlar nossos desejos e, assim,
conhecer a nós mesmos, nossa alma ou razão.

Platão: ela é a atividade suprema humana que nos distancia do mundo material e nos
aproximado mundo eterno, divino. De onde tiramos a idéia de círculos ou linhas retas perfeitas? Deste mundo
material? Qualquer lente ou microscópio rejeitaria esta opinião. E, ainda, hoje, ninguém respondeu a indagação
platônica!
Aristóteles: ela é a ciência da verdade que trata da lógica, da ética, da natureza e da matemática.
Embora, discordasse da tese dos dois mundos de Platão, manteve um dualismo em cada ser humano: temos uma
forma, eterna, que transmitimos aos filhos que dá um formato ou limite a um corpo, material e perecível.

Marco Aurélio (imperador e filósofo romano) : só a filosofia guia nosso deus interior (tese
socrática) ou a razão que mora em nós, que nos livra dos danos mais fortes que os prazeres e as mágoas nos
provocam, nada fazendo de enganos (segundo ele)

Kant: ela consiste em filosofar sobre os limites dos nossos pensamentos e do mundo e que
verdades a razão pode conhecer.

Hegel: ela deve buscar a unidade que jaz sob a diversidade. Faltou dizer que ela é um estágio
no desenvolvimento da consciência, há séculos se supõe que um nível mais elevado é o da pura intuição, no
sentido medieval (os anjos sabem instantaneamente, sem reflexão, raciocínios), não kantiano (nível sensorial).

David Hume: ela nos ensina a ver os diversos aspectos que podem ser, por nós, observados e
que, com freqüência, nos escapam. Quando pergunto aos meus alunos (adolescentes) como resolver o problema
da violência no Brasil, eles respondem mandar a polícia subir os morros e matar os bandidos. Mas, e se um
deles fosse nosso parente? E se as drogas fossem liberadas para adultos? As pessoas não consomem cerveja,
vinho, etc, livremente, embora muitos provoquem acidentes fatais?

João de Salsbury: ela nos ensina a atacar e defender ideias, eleva nossa inteligência, amplia e
aprofunda a visão, especialmente quando nos elevamos nos ombros dos pensadores antigos.

Will Durant: ela é o estudo da experiência como um todo, enquanto as ciências, estudam as
partes do todo.
Marilena Chauí: ela reflete sobre as religiões, as ciências, a arte, a história e a política,
buscando suas origens, significados, forma e conteúdo (ou seja, a filosofia é serva das outras atividades
humanas!)
Comentei cada definição, perguntei ao final se nos perguntassem o que é a filosofia, o que diríamos?
Esperava que me dissessem que não havia uma, mas muitas, embora o ideal é que fôssemos capazes de formular
uma definição a partir daquele enxame de definições dados – é isso que fazem filósofos e mesmo cientistas: a
partir de muitas observações chegam a uma teoria geral. O que ocorreu foi que uma aluna, respondeu
precipitadamente que filosofia “era usar o pensamento”. Não respondi na hora, a aula já tinha terminado e não
queria desapontar seu esforço. Mas, o que acontece é que a ciência e mesmo a teologia, também, usam o
pensamento. Então, entendi que era importante para a aula seguinte voltarmos às definições, pensá-las com mais
cuidado!

3a e 4a aulas:
1 Tarefa 
a

Nesta aula, pedi aos alunos, valendo 5 pontos, que definissem a filosofia a partir das diversas opiniões
apresentadas e, depois, formulassem perguntas referentes ao todo e às partes de determinados objetos, seres ou
sentimentos.
Em geral, os alunos (deste curso do pós-médio) se limitaram a reunir em uma frase partes das definições
dadas, o que demonstra uma dificuldade de aprendizagem que vem da escola (do ensino médio). Disse-lhes que
tinham me dado um “patchwork” de respostas, como aqueles cobertores feitos de vários tecidos costurados uns
aos outros, mas o que eu tinha pedido era outra coisa: uma única definição. Uma aluna me apresentou uma
definição que se destacou sobre as demais, mais ou menos assim: que “filosofia é a capacidade do ser humano
de conhecer o mundo e a si mesmo através de sua percepção”. Agradeci, na hora, as céus, por aquela dádiva,
chamei a definição dada pela aluna de genial, mas depois veio a explicação: ela, como um bom símio, copiou a
definição que a professora de Psicologia lhe deu e, provavelmente, nem sabia o que significava! Outras colegas,
também, copiaram a mesma definição e eu as rejeitei pensando que estas tivessem copiado a definição daquela
“genial” aluna!
Sobre a segunda parte da tarefa, lhes pedi que formulassem perguntas sobre o todo e as partes dos
seguintes itens:
a) colégio
b) banco (instituição financeira)
c) Terra (planeta)
d) Amor
e) Ódio
f) Internet
g) Sala de aula
h) Vida
i) Automóvel
j) Corpo humano
k) Aluno
l) Supermercado
m) Olho
n) Professor
o) Almoço

Peguemos, por exemplo, o colégio. Uma pergunta sobre o todo: “por que vamos à escola aprender?” e
uma pergunta sobre as partes: “quantas salas estão em boas condições?”.
Com este exercício, propus distinguir a filosofia das ciências, mas, sei que não é tarefa fácil. Uma
sugestão que eu lhes dei foi observar se uma pergunta sobre um destes itens trata de todos os elementos de um
conjunto ou se apenas de um elemento do conjunto.

Eu ia lhes apresentar, mas não tivemos mais tempo, o poema de Gregório de Matos, poeta mineiro do
século XVII, época das descobertas de ouro e diamantes e do desenvolvimento econômico do interior do Brasil,
que tratou do todo e das partes, a partir da destruição por invasores holandeses de uma escultura religiosa:

“O todo sem a parte, não é o todo”


“A parte, sem o todo, não é parte”
“Mas, se a parte faz o todo, sendo parte”
“não se diga que é parte, sendo o todo”

 Ainda sobre a questão do todo e das partes, não se trata de mera convenção, mas tem grande
relevância, embora reconheçamos que há dificuldade em precisar os limites de um e de outro. O que é o amor?
Não é querer o bem do outro em sua totalidade? O que é o Estado? A população como um todo? E o Estado,
como um todo, é maior que a soma das partes, o que lhe autorizaria a esmagar partes dissidentes, vozes que se
oponham? Isto tudo não é relevante? (esta parte, também, não foi apresentada aos alunos, pela mesma razão do
Por fim, é curiosa a pressa de duas alunas de querer que o professor lecione filosofia para crianças e não
filosofia. Elas perguntaram como explicaríamos às crianças a definição de Sócrates e os dois mundos de Platão?
Daí, senti a necessidade de lhes dizer e escrever um lembrete no quadro:

LEMBRETE:
Antes de filosofia com crianças, precisamos nos tornar filósofos, do
contrário, apenas decoraremos fórmulas.

E, para isso, mudei a metodologia e, para a aula seguinte, pedi que abrissem mão de algo excessivo.

5a e 6a aulas:
2a Tarefa 
De imediato, pedi-lhes para a semana seguinte uma tarefa prática: ABRAM MÃO DE ALGO
EXCESSIVO OU RUIM e relatem cada dia, cada sentimento que apareceu. Apresentei-lhes o fundamento
filosófico: é que Sócrates, entendia que se os deuses nada precisavam e se nós humanos desejávamos nos
aproximar dos deuses, então, deveríamos necessitar de pouco para viver.
Lembrei, também, dos índios da Amazônia, que, ao dançarem, suam, perdem peso e se sentem mais leves
e, assim, seus espíritos, podem ascender mais facilmente à regiões mais próximas dos seus deuses.
Lembrei, também, de Sidarta Gautama, o Buda, que realizou uma experiência de abrir mão de prazeres
(aos quais ele tinha experimentado, pois era de uma casta nobre de governantes, se não me engano) e das dores
que os acompanham os prazeres mais cedo ou mais tarde. Disse-lhes que Buda, segundo a lenda, chegou a
comer apenas um grão de arroz por dia, mas abandonou a experiência, pois ao pôr a mão no abdômen, sentia a
sua coluna! E, além do mais, ele observou que esta experiência radical não havia libertado sua mente, mas a
confundido. Depois disso, ele idealizou, como sabemos hoje, a técnica da meditação (concentração) dirigida a
um único ponto ou através da repetição de uma frase cantada. Será que produz hipnose? Será que ele conseguiu
se livrar de todas as cinco sensações (externas) e encontrar o mundo real dentro de sua consciência?

Os objetivos desta tarefa consistem em :


(a) refletir sobre o que fazemos, examinar nossa vida, parando para pensar sobre isto;
(b) estimular o prazer (se quiser usar este termo) de refletir, torná-lo um (bom) hábito;
(c) questionar se o afastamento dos desejos materiais facilitariam a reflexão ou o uso da razão?
(d) Estimular a ampliação da percepção, além da nossa curiosidade cotidiana, indo além dos nossos
costumes e condicionamentos.

No final desta aula, citei algumas teorias filosóficas para que os alunos se aproximassem das questões que
interessaram e ainda interessam aos filósofos. Dois grandes exemplos:
Heráclito: tudo está em constante mudança, não entramos duas vezes no mesmo rio, pois, já
não é mais o mesmo rio e nós mesmos já não somos os mesmos. Exemplifiquei-lhes assim: se eu sou as
moléculas e células que fazem parte de mim, quando eu respiro e ponho para fora o que estava, antes, dentro, eu
sou o mesmo que fui antes? E, acrescentei, apesar do corpo mudar, haveria algo que permaneceria o mesmo?
Neste momento, alguns alunos citam a alma (mas ela ocupa o mesmo lugar do corpo, lembrei a tese aristotélica,
como ela está unida a ele, se são de natureza tão diferentes, uma eterna e o outro, perecível?)

como uma aluna tinha dito que a filosofia não deveria invadir o terreno da religião e para evitar
uma guerra religiosa (alunos crentes versus professor panteísta) no espaço de uma sala de aula, lembrei-lhes de
São Tomás de Aquino um frade domenicano que, em plena Idade Média, não teve receio de unir razão e fé,
através de suas 5 provas da existência de Deus (não as citei em detalhe, mas as cito a seguir):

(a) Movimento: nenhum ser deu a si mesmo a capacidade de mover. Um feto recebe a animação de sua
progenitora e esta, também, recebeu os movimentos de sua mãe e, assim, em uma série que vai ao
infinito (isto é, sem fim ou começo), mas não oferece uma resposta: como tudo começou. Pensar que
há um ser eterno que dá movimento a tudo o que existe, é a resposta de Aquino;
(b) Causa eficiente: semelhante à tese anterior, nada é sua própria causa e, assim, precisamos que exista
algo anterior que seja a causa de nossa existência, o que nos leva a uma série infinita, mas que não
resolve a questão que, para Aquino, é resolvida supondo a existência de um Deus;
(c) Necessidade: há seres, entre eles nós mesmos, que não existiram sempre e, assim, houve um momento
em que tudo o que existe hoje não existia. Como, então, veio a existir? É preciso, segundo Aquino, que
um ser eterno exista, Deus.
(d) Governo do mundo: mesmo os objetos inanimados têm um movimento causado por uma força que não
está neles, ou seja, um Deus. (aqui cito duas principais teorias da gravidade para mostrar que ainda não
se tem uma resposta definitiva: a teoria de Newton - dois objetos atraem um ao outro, ainda que exista
um espaço vazio entre eles! - e a de Albert Einstein – corpos com muita massa deformam o espaço a
sua volta, como a Terra que deforma o espaço, vazio!?, e através desta deformação a lua realiza seu
movimento)
(e) Graduação: observamos pessoas que são boas ou inteligentes em algum grau. É de se supor que se
tudo está organizado em hierarquias, deve haver um ser que seja bom ou inteligente em um grau
máximo, Deus, para Aquino.

Perguntaram-me se eu tinha religião e eu respondi que sou panteísta, estou convencido, a partir da teoria
de Aquino, de que há algo eterno que produz o universo, mas este (ou Este) algo eterno não pode ser separado
do universo.
Citei Orígenes, mas acho que não entenderam-no: se Deus existisse e o universo não, Deus seria menos
poderoso do que quando o universo existisse. É claro que poderão dizer que existir é ser no tempo e não havia
tempo antes da criação do universo, mas, ainda assim, Deus permaneceu o mesmo antes e depois da criação?
Dirão que Ele não se mistura à criação. Mas, ser poderoso é ter algo sobre o que exercer poder!
Para fortalecer minha tese de que Deus e o universo são a mesma coisa, citei a tese aristotélica e, mais
tarde, de Santo Agostinho, de que só o presente existe: o passado existiu, mas não existe mais e o futuro
existirá, mas não existe ainda. Ora, se a eternidade é um eterno presente e neste nosso mundo físico, só há o
presente, logo, estamos na eternidade!
Depois, lembrei uma imagem para mostrar esta minha visão da eternidade: somos ondas de um oceano, as
ondas têm início e fim, mas o oceano é eterno. Como nos eternizamos? Relembrando novamente Aristóteles:
quando passamos nossa forma aos nossos descendentes! Por que querer mais? Por que querer eternizar a
imperfeição?

7a e 8a aulas:

Neste dia, realizamos as apresentações das experiências que cada aluno viveu, falando sobre o que abriu
mão por uma semana. Muitos abriram mão do café, um hábito forte, outros de refrigerantes. Houve um
depoimento muito interessante: alguém que parou de beber coca-cola, por recomendação médica, pois a bebida
comprometeu ou acentuou o seu problema de hipertensão arterial.
Houve alunos que deram a si mesmos regras como desativar os programas de computador para que eles
mesmos tivessem preguiça em reinstalá-los. Neste momento, lembrei-os de que há quem especule que não
sejamos um “eu”, mas muitos (um Marco desligou o computador para que o outro Marco, fanático por jogos,
tivesse preguiça de ter que montar a máquina para, então, poder jogar!);
Uma aluna não usa relógio já faz anos até que possa comprar um de uma muito boa qualidade, aquele que
é seu ideal de relógio. Platônica, não?
Outra aluna tentou parar de roer unha e eu lhe lembrei de Freud para quem os nossos problemas
emocionais vêm da infância; ela acabou por lembrar que o seu pai tirou à força o bico que ela usava e, aí, ela
começou a roer unhas. Lembrei da minha voz que, ao telefone, parece feminina e acredito que isto se deve ao
fato de que eu na adolescência fui chamado atenção porque começava a falar com voz grossa, depois daquilo
que eu entendi ser uma crítica, minha voz mudou!
Uma outra aluna, não parava de comer em excesso, apesar de não engordar. Disse que me parece que
queremos pôr coisas para dentro de nós, como comida, para terminar com uma sensação de vazio.
Observei, também, que é da natureza humana não se contentar com uma pequena quantidade de chocolate
ou um pequeno número de cigarros de tabaco, por exemplo, há um momento em que queremos mais, porque a
quantidade anterior não nos é mais suficiente.
Para terminar esta primeira aula, fiz questão de deixar claro que devemos questionar se é útil abrir mão de
coisas que fazemos em excesso, lembrei que as grandes mudanças realizadas na vida são causadas por desejos
em excesso e citei, ainda, a paixão de Cristo, que tem a ver com sofrimento de Cristo, mas paixão é isso mesmo:
uma emoção aguda, excessiva, duradoura. Não será este um outro caminho para encontrarmos o autocontrole, a
razão ou, para outros, o deus interior, libertado do mundo material?

9a e 10a aulas:
Houve uma aula extra em um sábado (em pleno século XXI, a quantidade é mais importante que a
qualidade) e aproveitei para levar música, falar que para Platão e Aristóteles (filósofos pós-socráticos) a música
forma o caráter, desde que a sua melodia, o seu ritmo, harmonizem as partes da alma (intelectiva, a razão; a
irascível, da coragem à raiva; e, concupiscível, dos desejos do corpo, sede, sexo, fome, segurança, etc).
Ouvimos uma música e lhes pedi (a partir da dica de que filosofar é fazer perguntas difíceis) que
formulassem perguntas. Tímidos, apenas uma aluna, formulou ou a partir da letra da música acrescentou no
final, sonoramente, um ponto de interrogação. A letra era: “se eu não te amasse tanto assim viria flores por onde
eu vim?”. Entre as questões que surgirão, destacamos:
- as flores são reais ou são símbolos de um sentimento?
- O amor muda a nossa capacidade de perceber (algo externo a nós)? De sentir (algo interno)? Por quê?
Uns disseram que o amor faz bem, que nos conforta, ..., mas não chegaram a uma resposta por que
tudo isso ocorre quando amamos?
- As mulheres amam e os homens fazem sexo? Questão que se encontra em capas de muitos livros.
Apresentei uma explicação da ciência: os homens têm o instinto natural de “espalhar suas sementes”
(espermatozóides) e, por isso, traem suas esposas. Uma aluna lembrou oportunamente que conheceu
uma mulher que traía seu marido, mas ele não, e aquela mulher fazia porque precisava variar de
parceiros de sexo. Lembrei, depois, dos clubes de trocas de casais, onde marido e mulher de comum
acordo (segundo dizem) vêem seu parceiro fazer sexo com outras pessoas.
- Uma aluna perguntou se era importante saber as respostas destas perguntas, não bastaria apenas sentir
amor? Eu respondi que os filósofos se preocupam com aqueles casos onde há excessos, por exemplo,
de traições (mas, eu não disse, pois aquela turma desconfia muito da filosofia ou de mim mesmo: acho
que se deve filosofar sempre, mesmo quando não há excessos)
Como haverão outros sábados com aulas extras, penso em repetir esta metodologia como um meio a mais
para a reflexão, de um modo tranqüilo, creio eu, divertido,..., visando desenvolver o filósofo que está em cada
um de nós.

11a a 14a aulas:


Nos primeiros 3 períodos, assistimos as duas horas do filme “Sócrates”, dirigido por Roberto Rossellini,
de 1971, em italiano, com legendas em português. Não era novidade que meus alunos têm dificuldade de ler
legendas e nesta turma encontramos alguns nesta condição. De qualquer modo, o filme é um apoio à tarefa que
virá depois:
1a) quem foi Sócrates e como filosofava. Foi um pensador ou, mais precisamente, um estimulador de
pensadores. Cada vez que ele ouvia alguém emitir uma opinião ele examinava esta opinião, buscando verificar
se a opinião era forte para ser entendida como uma verdade ou, então, se ela desmoronava sob a primeira crítica.
2a) Qual foi a acusação contra ele? Acusaram-no de corromper a juventude com a filosofia (ele respondeu
que se fazia isto era involuntariamente, pois ninguém torna outros maus sem correr o risco de sofrer maldades
por parte destas pessoas) e criar outros deuses ou não crer nos deuses de Atenas (ele respondeu dizendo que
possuía um deus interno, a razão ou, quem sabe, o próprio Eros, deus do amor, que se manifestava de acordo
com o que era certo e justo)
3a) como aplicar Sócrates à educação infantil? Estimular as perguntas, reflexões e investigação por parte
de cada aluno, não dando respostas prontas.

Mostrei um pequeno texto, a partir da experiência com diálogos inspirado em Sócrates, praticado por
Lipman junto a crianças.

O DIÁLOGO NA EDUCAÇÃO INFANTIL


Nondeilde Ferraz de Almeida
Diretora pedagógica do CMEP - Centro Mineiro de Educação para o Pensar
Coordenadora da Escola Palomar de Lagoa Santa (Programa Filosofia para Crianças)

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Tudo começou com a história "O pingüim preocupado" (Companhia das Letrinhas) onde o pingüim tem uma crise de identidade e sai perguntando aos animais
que encontra se ele é um pingüim.
O mais curioso é, numa predição do que virá a seguir, as crianças descobrirem qual o próximo animal o pingüim irá encontrar.
- Como sabem? Pergunto.
- Onde pingüim vive só alguns poucos animais vivem, então é fácil saber. Respondem-me.
Ainda mais curioso é quando descobrem antecipadamente que o pingüim vai se encontrar com a mãe e de novo a pergunta: como você sabe?
- Tem que ser a mãe. Só a mãe para lhe dizer com certeza se ele é um pingüim.
- Então, a mãe sabe melhor do que eu quem eu sou?
Risos. Dúvida.
Vejo uma criança distraída, já deitada no círculo com um "jeito de quem não está aí". Pergunto-lhe: o que você está pensando agora?
- Eu acho que a mãe do pingüim sabe quem ele é. Estou pensando se um alienígena chegar agora na janela, como ele vai saber que eu sou gente? (Marlon - 4 anos)
Diz-nos Gaston Bachelard que "a imaginação não é, como sugere a etimologia, a faculdade de formar imagens da realidade; ela é a faculdade de formar imagens que
ultrapassam a realidade. É uma faculdade de sobre-humanidade".
Aí está: crianças de 4 anos envolvidas num diálogo refinado.
E o que essa história revela? Enveredar com crianças menores por um diálogo investigativo é possível, sim.
Saber e entender que crianças de 2 a 6 anos têm na imaginação seu referencial, na pouca concentração o seu jeito de lidar com o mundo, não nos garante que elas
não possam dialogar.

Penso no diálogo como o colocado por Lipman: "Para uma criança, o diálogo é um jogo como pular corda, ou pular amarelinha ou jogar ‘pega-pega’. Se você
entra no jogo, você se encontra em situações que desafiam e compelem a desenvolver habilidades que o tornam capaz de ser competente naquele jogo".
Um jogo onde há lugar para o silêncio, para a ruminação, permitam-me o termo. Ver uma criança absorta durante uma discussão, e inferir que ela não está
acompanhando ou entendendo o que está sendo dito é, no mínimo, precipitado. Perguntar é prudente: O que você está pensando agora?
As respostas nos surpreenderão, com certeza.
Estabelecer pontes entre o pensar da criança e o pensamento do outro é, não só possível, como urgente.
Muitas vezes nos detemos numa discussão interminável sobre o que dá conta ou não uma criança de 2 a 6 anos.
Na dúvida não vacilemos: transformemos nossa sala de aula numa comunidade de investigação, como nos ensina Lipman.

15a e 16a aulas:


Pedi que em grupos elaborassem diálogos, com personagens fictícios buscando refletir sobre temas
específicos, tais como, bem e mal, amor, política, tempo, Deus, alma, filhos, sentido da vida. Pedi que o diálogo
tivesse no máximo duas páginas para que fosse possível ser lido por todos os grupos para outros colegas.
Observei a dificuldade de buscar definições com justificação, preferindo permanecerem com aquelas do senso
comum: deus fez o mundo perfeito, para vivermos felizes mesmo após a morte ou, então, o amor é um
sentimento inexplicável, etc.

17a e 18a aulas:


Cada grupo lerá aos demais colegas os diálogos que elaboraram, procurando observar se as definições e
explicações parecem ter sentido. Desta forma, estarão prontos para filosofarem com crianças, segundo o método
socrático: estimularão as respostas delas, mas farão observações sobre as definições que elas apresentarem, pois
filosofia “não é cada um ter opinião” ou algo como gosto não se discute, mas, sim, examinar as opiniões para
saber se elas são verdadeiras ou falsas!
Surpreendeu-me a qualidade dos diálogos no que diz respeito à busca por encontrar respostas, ainda que
muitos alunos acreditem que basta responder: “amor é um sentimento inexplicável”, só que esta resposta não é
satisfatória para a filosofia! Espero que este exercício tenha ficado impresso fortemente em suas mentes para
que possam praticar esta metodologia com seus futuros alunos ou mesmo em suas vidas!

19a e 20a aulas:


A seguir, nos despedimos de Sócrates mostrando que sua contribuição é dupla:

Para a formação de filósofos Para a Educação de crianças


- Ensinar a controlar as paixões (desejos, emoções) - estimular que elas busquem as respostas, façam
- Interromper hábitos ruins investigações
- Desenvolver a capacidade de pensar criticamente - ao professor cabe a tarefa de ajudar na
e racionalmente investigação fazendo perguntas a partir das
- Afastar-se dos desejos materiais e se aproximar descobertas das crianças, procurando clarear suas
do pensamento reflexivo ideias.
Depois, apresentei-lhes Platão: discípulo de Sócrates, tinha 18 anos quando o mestre foi condenado à
morte, escreveu obras sob a forma de diálogos, acreditava na existência de dois mundos, um material e outro
espiritual, sendo que alcançamos este último quando pensamos racionalmente ou depois da morte.
Quis fazê-los praticar a filosofia platônica através do seguinte exercício:
Elaborem 10 objetivos para a sua vida.
Depois, pedi que contassem quantos destes objetivos são para você (egoísta) e quantos são para os outros
(altruísta). Tivemos duvidas sobre a linha que separa os desejos egoístas dos altruístas. Por exemplo: quando
alguém casa é porque quer alguém para si, mas, também, quer amar o outro. Como ficamos, então? Lembrei de
ter visto um documentário de Darcy Ribeiro que pesquisou a cultura indígena e observou que na língua deles
não há o pronome possessivo de primeira e segunda pessoas “meu” ou “seu”, só o “nosso”. Assim, tínhamos,
então, um critério, ainda que pudesse ser questionado: quando alguém disse que queria encontrar alguém para
casar e usasse o pronome “meu” ou, ainda que não usasse, ele pudesse ser incluído na frase, concluiríamos que
ali estava uma pessoa egoísta.
A maioria dos alunos escolheu objetivos majoritariamente egoístas, o que não é algo ruim, exceto se
representam quase 100% dos objetivos. Um número menor, se reconheceu altruísta. Espero que esta descoberta
faça-os pensar sobre isso.

Uma aluna refletiu sobre as escolhas que fazemos, em especial ao seu comportamento possessivo, de não
abrir mão do que é seu para os outros, mas que, depois, se sentia infeliz por ter agido assim. Lembrei da tese
freudiana de que dentro de nossa mente haveria muitas consciências e dei como exemplo o meu próprio: por
várias vezes gastei boa parte do salário sem guardar nada e, depois de ter ficado indignado comigo mesmo (eu
brigando comigo mesmo? Ou, segundo, aquele “primeiro Freud”, duas consciências brigando?)

O que Platão acharia disto? Como era também matemático talvez visse com bons olhos a tentativa de
quantificar em números a bondade e a maldade? Não sei. O que queríamos era não só debater a questão do
egoísmo/altruísmo, mas apresentar a divisão da alma segundo aquele filósofo:

Podemos, na próxima aula, perguntar aos alunos qual parte predomina neles? E, aí, reside uma questão
interessante: alguém pode ser irascível e egoísta (ambicioso, individualista, um político, por exemplo, que
queira o poder para satisfazer suas necessidades) ou, então, irascível e altruísta (um estadista, que se doa pelo
bem comum). Pode haver um egoísta concupiscível (vê os outros com objeto de suas satisfação) ou um altruísta
concupiscível (defensor do amor livre sem que ninguém seja dono de ninguém, p.ex. Festival de Woodstock na
década de 60). E um egoísta em que predomina a parte da alma racional? Acredito que não é possível, apenas
um altruísta, racional, que ultrapasse suas necessidades visando fazer o bem de outras pessoas. Isto porque um
egoísta/racional vai pensar nos meios para satisfazer suas necessidades irascíveis ou concupiscíveis.
a a
21 e 22 aulas :
Resolvermos ir para fora da sala, pois estava muito quente lá dentro. Decidimos falar sobre a dialética de
Platão. Iniciamos definindo-a: ela é um movimento do pensamento que parte de elementos que se opõem e
busca chegar a uma conciliação daqueles elementos. Isto porque, para Platão, a vida do mundo material, dos
homens e, especialmente, dos homens egoístas, é um mundo em constante conflito que só um filósofo através
do pensamento racional, distanciado da vida cotidiana, material, poderia superar.
Sugeri alguns exemplos: o que conciliaria homem e mulher, seres cujo sexo os situam como elementos
conflitantes. Alguns sugeriram o casamento, aí os lembrei que não raro casais continuam em conflito mesmo
após as núpcias. Os filhos, os conciliariam? Uma aluna lembrou que adultos geram filhos que não foram
desejados e os abandonam, mas, mesmo assim, no momento de prazer houve uma união entre os sexos
comumente chamados de opostos, um momento (do orgasmo) em que o tempo parece parar, um momento em
que se experiência a eternidade, não muito distante da crença platônica, em que o pensamento (dialético) supera
o mundo material e alcança o mundo eterno, divino.
Apresentamos outros exemplos: os times rivais no futebol no Rio Grande do Sul, Grêmio e Inter, como se
conciliam? Quando um deve ganhar de um outro time para ajudar na colocação do outro no campeonato, por
exemplo. E água e óleo, se conciliam ou misturam? Não? E quando usamos água e óleo no preparo do
macarrão? Eles se unem para formar outra coisa. Cores? Preto e Branco dá cinza.

Questionei um livro para crianças cujo título é “Charlie e Lola” e os “Opostos”: educa ou deseduca? Se
olharmos para a vida em sociedade veremos uma série de conflitos e uma incapacidade de superação ou
conciliação. Ajuda ensinar as crianças que há muitas oposições no mundo? Não se deveria ensinar a elas a
conciliação, ou seja, a superação de conflitos? Alguns alunos sugeriram que se devesse 1o ensinar as oposições e
em 2o apresentar exemplos de como superá-las. Lembrei Freud que recebeu uma carta de um amigo dizendo
que sentia que fazia parte do infinito. A ele, respondeu Freud, dizendo que aquela sensação nada mais era do
que lembrança vaga dos primeiros dias de vida em que o bebê não focaliza os objetos e seres, vendo tudo a sua
volta se foco! Ora, não vemos oposições, apenas um contínuo sem fim diante de nós, não vemos nem o “nós”
ou o “eu”, muito menos o “outro”.
Questionei, também, se há opostos, se por oposto queremos dizer “inverso”, algo que é em tudo contrário
a outra coisa? Por exemplo: uma figura no espelho é oposta a sua imagem. Não seria um erro dizer que um
homem é oposto a uma mulher? Uma vagina é um pênis que cresceu para dentro? Um absurdo, evidentemente.
Um último degrau de uma escada é oposto ao primeiro degrau? Dirão que na escada há extremos, sim, mas
ainda assim para uma pessoa, o topo pode ser o começo do caminho que ela deve percorrer, enquanto para outra
pessoa, pode ser o fim do caminho. Em que contribui para educar uma criança ensiná-la que em uma escada há
opostos? Nosso fundamento filosófico para rejeitar a existência de oposições encontra-se em Nietzsche, para
quem não há oposições, mas perspectivas diferentes.
A vantagem de ensinar que não há oposições a uma criança é educá-la para a vida adulta onde se
observam conflitos constantes: o motorista ao lado é uma ameaça, que se opõe no meu caminho, embora a rua
pertença a todos. A democracia é um governo da maioria, embora o governo do povo, supõe que seja de todo o
povo e não de uma parte. Partidos políticos se opõem, mas não estão do mesmo lado, ou seja, procurando
construir uma grande nação? O racismo põe em lados opostos por causa de cor da pele, mas não somos todos
humanos?
Por fim, reconheci que fiquei devendo aos alunos exercícios de dialética para crianças.

23a e 24a aulas:


Para amenizar estes dias quentes de fim de primavera, iremos à sala de informática para pesquisar mais
sobre Platão e a dialética, incluindo uma história em quadrinhos (A sombra da vida) inspirada no mito platônico
da caverna, como vemos abaixo.
Antes, pedi um trabalho (valor: 15 de um total de 100 pontos, no semestre): o trabalho consiste em pensar
em opostos e concilia-los, mas relacionados à educação infantil, isto é, um exemplo de dialética que possa ser
aplicado às crianças. Como exemplo, citei dois exemplos:
(a) dois homens, um de 1,80 e outro de 1,60, um é dito alto e o outro, baixo. Na vida diária, temos
preconceito contra as pessoas de estatura baixa (entre as quais eu me incluo, isto é, no grupo das que tem
preconceito e no grupo das pessoas de baixa estatura, tenho 1,62 aprox.). Saiu recentemente uma pesquisa que
mostra que homens mais altos ganham maiores salários!

Homens mais altos recebem maiores salários, diz estudo.


(BBC Brasil)
Um estudo feito por cientistas australianos indicou que homens mais altos levam
vantagens quando o assunto é salário. Uma pesquisa feita com 7.000 pessoas concluiu
que 5 centímetros a mais de altura equivalem a um adicional no salário de cerca de 950
dólares australianos --quase R$ 1,5 mil-- por ano.

Parece, no entanto, que estas características são definitivas, mas se compararmos um homem de 1,80 e a
torre Eiffel, perto da torre aquele homem será tido como baixo.
(b) uma formiga carregando uma folha parece algo insignificante, desprezível aos olhos de um ser
humano, mesmo de uma criança, mas o professor pode reconstruir esta experiência em sala de aula, onde o
aluno tentará carregar uma folha proporcional àquela que o inseto carrega. Pode ser uma folha de bananeira,
para os pequenos (pré-escola) ou uma folha feita de isopor, papelão.
Uma informação adicional ao professor: “uma formiga levanta 50
vezes o seu peso, dependendo da espécie” (curiofisica.com.Br) ou
seja, se eu tenho 60kg e se pudesse carregar o que uma formiga
carrega, eu poderia levantar 3 toneladas ou três kombis

A história em quadrinhos é uma adaptação do mito da caverna, de Platão. Já no início, o desenhista e


escritor Maurício de Souza agradece ao “colega” Platão.
Sugeri que se utilizasse o mito na educação infantil, desde a reprodução ou construção de uma caverna
em sala de aula, até a elaboração de sombras de animais para mostrar que se pode criar imagens parecidas com
as reais, mas que não correspondem ao real.

25a e 26a aulas:


Para estas aulas pedi que pensassem em um exemplo de dialética para aplicar com as crianças. Algumas
alunas, sem que o professor pedisse, pensaram em histórias infantis, como “O patinho feio”, por exemplo.
Minha intenção era reforçar a noção de superação de opostos. Muitas histórias fazem isso, mas muitas outras
mantém o conflito ou tentam resolvê-lo matando o vilão da história ou o exilando em algum lugar distante. A
bruxa que atormentava a chapeuzinho vermelho acaba presa no espelho, se eu não estiver enganado. Poderão
pensar: isso é bobagem, a vida é assim mesmo. Porém, a filosofia não quer apenas imitar a vida, repetindo os
erros dos outros, quer, sim, superá-los.
Contudo, nestas aulas, o melhor debate não se travou sobre as histórias fictícias, mas nas histórias
conjugais de algumas alunas: uma delas reclamava que o marido recebia tudo pronto da mãe dele e ela não
gostava disso, ele parecia sempre passivo, esperando que fizessem tudo por ele e, ela, a esposa, queria mudar
isso quando se mudassem para uma casa nova. Outra aluna objetou dizendo que havia ali duas maneiras de
educar (dois opostos, em conflito!); eu perguntei, então, qual deles era o certo? Ninguém, nem eu, tínhamos a
resposta. Talvez, se devesse tomar algo de bom de cada um...
No segundo momento, apresentei as contribuições de Platão à filosofia e à educação infantil:

Contribuição de Platão à filosofia: Contribuição de Platão à educação infantil:


-Há dois mundos, um físico e outro espiritual, A dialética: instrumento que possibilita, dados
alcançado pelo pensamento ou após a morte; elementos opostos, supera-los, através da
-A alma, antes de vir para o corpo, contempla as conciliação destes.
verdades eternas junto a Deus; Observar os dons (naturais?) que a alma das
-O mito da caverna é uma história criada por Platão crianças trazem, apoiando a curiosidade delas, para
para mostrar como nós somos neste mundo que investiguem e aprendam mais sobre assuntos
material e como desconhecemos o outro mundo, que elas gostam mais.
verdadeiro.
- O mundo (eterno) das ideias é de onde Platão tira
inspiração e modelo para pensar a cidade ideal, a
educação ideal e, também, o amor ideal.

Observei, ainda sobre o amor ideal, algo que eu aprendi em uma peça de teatro sobre o “Banquete” de
Platão: é que o psicanalista Jacques Lacan, relembrou o amor ideal de Platão (que se relacionava à ideia de belo
e à ideia de bem (Deus) quando amamos o corpo físico de alguém), mas relacionando ao conflito observado por
ele entre o amor que as pessoas idealizam (a imagem de uma pessoa idealizada ou de um casamento
idealizado?) e o amor vivido (e, não raro, envolvido por experiências frustradas, por pessoas que nos
desapontam ou, quando nós mesmos desapontamos).

27a e 28a aulas:


Nestas aulas quero apresentar-lhes Aristóteles:

A lógica: Crê-se desde Aristóteles que o pensamento tem uma ordem e, por isso, ele pensava que ensinar
lógica ajudaria a ensinar a pensar segundo uma ordem. Fácil para quem pensava, também, que o universo tinha
uma ordem a ser encontrada. Mathew Lipman, no século XXI, mantém esta crença, acredita ele que este seja o
problema que limita a inteligência de nossos adolescentes. Será mesmo? Em nossa opinião o problema principal
na capacidade de pensar de um adolescente ou de um adulto é simples: não ver outras perspectivas de um
problema. A palavra “perspectiva” sugere três dimensões, não uma única direção, como pensam os lógicos
ainda hoje.
De qualquer modo, a lógica é o que chamo de “fitness” para o cérebro, um instrumento a mais para
movimentar a massa cinzenta e acelerar o pensamento, o que não é algo ruim.
Apresentamos dois grupos de testes:

(A) testes para professores:

(teste 1): Continue a seqüência:


1) 1322543210, 1344543210, 1366543210, ... = 1388543210
2) 1234678125, 1236784125, 1237846125, ...= 1238467125 ()
3) 2938204185, 3938204184, 4938204183,... = 5938204182 (o 1o par de números é acrescido de 10
unidades e do último par é subtraída 1 unidade)
4) 4356787874, 4361787879, 4366787884, ... = 4371787889 (o 2o e o último par de números são
acrescidos de cinco unidades)
5) 4564310041, 4575533341, 4586756641, ... = 4597979941 (os pares das extremidades não mudam,
os números do interior alteram-se assim: aos dois primeiros é acrescido 1 unidade, aos 1 números
seguintes são uma seqüência de números ímpares e os dois últimos ou penúltimos, se quiser, são
acrescidas 3 unidades)

(teste 2): Continue a seqüência:


(1) Um avião com 100 pessoas a bordo caiu junto à fronteira de Espanha. A cabina da Primeira Classe
caiu em Espanha, a cabina principal caiu no lado português.
Qual país têm a obrigação de enterrar os 18 sobreviventes portugueses que viajavam em Primeira Classe?
( ) Portugal
( ) Espanha
( ) Nenhum
( ) O país onde está registrado o avião

(2) qual figura de qual letra preenche o quadrado vazio?


(3) Qual figura de qual letra completa o espaço onde está o ponto de interrogação?

(4) o número de quadrinhos claros na figura que ocupa a 10a posição é:

(5) Que palavra não pertence ao grupo?


( ) prata ( ) platina ( ) ouro ( ) marfim

(6) Qual figura não pertence ao grupo?

(B) Testes para crianças:

Há uma série de pequenos exercícios que realizamos dois anos seguidos e são interessantes para fazer os
alunos refletirem demoradamente sobre relações: há quatro crianças para as quais devemos relacionar quatro
diferentes animais de estimação e nos são dadas pistas: o animal de Bobi não pode voar, o animal de Cal tem
pêlos e o de Debi, também e o animal de Debi não late. Assim, vai-se completando um quadro como o seguinte:
Pássaro Gato Cachorro Peixe
Amy
Bobi
Cal
Debi

Há outros: quatro crianças nasceram em diferentes países. Encontre quem nasceu em qual país, segundo as
seguintes pistas: Ana não nasceu na Europa, a língua de Debi não é o inglês, Ben não é das Américas e Cal não
é do hemisfério norte (é interessante lembrar os alunos que o hemisfério citado é o que está ao norte do
Equador!).

França Reino Unido EUA Argentina


Ana
Ben
Cal
Debi

Há um grupo de falácias, raciocínios ou conclusões errôneas, que podem estimular os cérebros de um


modo engraçado:

(D) Imagine um pedaço de queijo suíço, daqueles bem cheios de buracos


Quanto mais queijo, mais buracos
Cada buraco ocupa o lugar onde haveria queijo
Assim, quanto mais buracos, menos queijo
Quanto mais queijos, mais buracos e quanto mais buracos, menos queijo
Logo, quanto mais queijo, menos queijo

(G) Existem biscoitos feitos de água e sal.


O mar é feito de água e sal
Logo, o mar é um biscoitão

(E) todos os cães são mamíferos,


todos os gatos são mamíferos,
portanto, todos os gatos são cães

29a e 30a aulas:


Nestas aulas quero propor não uma aula sobre a teoria aristotélica da causalidade, que muitos professores
se sentiriam estimulados a tratar, mas algo prático, que caracteriza este semestre (LEMBRE O LEITOR QUE
QUEREMOS FORMAR FILÓSOFOS QUE, POR SI MESMOS, SABERÃO FILOSOFAR COM
CRIANÇAS!)
Para isso, distribuiremos revistas e pediremos aos alunos que busquem as causas mais longínquas que
puderem encontrar a partir de uma notícia que lhes chamar mais atenção.
Por exemplo: se a notícia trata de um acidente aéreo, pergunte por suas causas
1- despreparo do piloto,
2- peças e avião antigos,
3- clima atmosférico desfavorável,
4- pista ruim,
5- controladores de voo estressados?

Mas, não parem aí, procurem na notícia ou em sua imaginação o porquê das causas anteriores:

1.1 o porquê do despreparo do piloto;


1.2 o porquê das peças antigas
1.3 o porquê do clima desfavorável
1.4 o porquê da pista ruim
1.5 o porquê dos controladores estressados

Se a imaginação for fértil poderemos obter muitas respostas, tais como:


1.1.1 piloto mal remunerado
1.1.2 piloto com poucas horas de experiência

1.2.1 peças contrabandeadas


1.2.2 empresa não repõe as peças segundo o tempo de uso
1.2.3 empresa visa o lucro e não a segurança

1.3.1 mudança repentina da atmosfera


1.3.2 clima foi subestimado
1.3.3 não queriam atrasar o voo, etc.

Não vamos continuar com o exemplo, alongando-o, pois, acreditamos que o leitor já entendeu a proposta.
Se o nosso aluno tornar esta atividade (de perguntar pelos o porquês cada vez mais longínquos daquelas causas
mais imediatas) um hábito, temos certeza de que os tornamos filósofos, porque a filosofia busca as causas que
Aristóteles chamava de “primeiras”, na ordem dos acontecimentos, vamos dizer assim. Em geral, os alunos
acham divertido este exercício, embora alguns se cansem!, será o cérebro trabalhando, finalmente?

31a e 32a aulas:


Uma das principais obras de Aristóteles, a “Metafísica”, teve seu nome dado posteriormente por
Andrônico de Rhodes, talvez porque se referisse àqueles escritos que foram organizados em sua estante “depois
dos livros de Física” ou porque se trata de teorias que ultrapassam o mundo físico, embora para Aristóteles, não
há outro mundo além deste em que estamos, embora a mente, defendeu ele, tem algo de eterno, ela é divina, e
muitos dos pensamentos, também. Além disso, a alma é o que dá uma forma ao corpo material e é eterna, mas
há uma forma que os homens compartilham e sua eternidade reside em ser transmitida às gerações seguintes.
Ou seja, quando morremos, morremos. Na mesma “Metafísica”, Aristóteles escreveu que temos naturalmente o
desejo de conhecer e a prova disto é o prazer que experimentamos vindo dos nossos sentidos apenas pelo uso
que fazemos deles.
Assim, por que não experimentar os sentidos isoladamente?
Visão/tato - Privar da visão com um pedaço de pano sobre os olhos e refletir sobre isto? Ou
pôr objetos em sacolas escuras e pedir que digam o nome dele. Mostramos, ainda, ilusões óticas para mostrar
que os olhos se enganam ou, mas precisamente, nosso cérebro se engana.
Paladar - provar comidas ou sabores sem saber o que é e tentar descobri-los? Pensamos em
oferecer-lhes um hamburger de soja e pedir que adivinhem o sabor?
Audição - Testar a audição: no semestre anterior apresentamos toques musicais de nosso aparelho
celular e perguntamos que sentimento cada música despertava?

Moral da história:
Se podemos desconfiar dos sentidos, devemos evitar decidir antes de refletir bem, não?

33a e 34a aulas:


Nestas últimas aulas, destacaremos a contribuição de Mathew Lipman, que teve o mérito de incentivar a
filosofia para crianças, quando muitos a reprovavam até mesmo para adolescentes! Nosso desacordo com ele
reside no fato de que ele não acrescentou nada a sua forma de ensinar filosofia para crianças que já não
estivesse contido nos três grandes pensadores – Sócrates, Platão e Aristóteles. De Sócrates/ Platão Lipman
tomou o diálogo e a busca de definir as coisas e de Aristóteles, a experimentação. Contudo, é possível
experimentar a partir de leituras de livros? Jean-Jacques Rousseau, no século XIX, já defendia que os alunos
aprendessem lendo o livro do mundo, interagindo com a natureza, portanto!
A seguir apresento alguns trechos das histórias que Lipman sugere ler para crianças e sugestões que ele
propõe de perguntas e temas (muitas em um nível de abstração que enlouqueceria adultos, como, perguntar “o
mundo existe quando não o estamos vendo?”), em um formato acabado, hermético, o que provocou algumas
críticas a Lipman, pois esta não é uma postura democrática, embora bastante lucrativa!

A Descoberta de Ari dos Telles - Investigação Filosófica - carga horária: 40 horas


Novela escrita por Matthew Lipman, indicada para 11 a 13 anos, narra a aventura de um garoto que,
surpreso com uma questão formulada pelo professor em um momento de distração em sala de aula, busca
com seus amigos os caminhos para compreender as regras de um bom raciocínio. Um dos principais
objetivos do programa Ari é que os alunos aprendam a pensar e a pensar sobre o pensar. Sua ênfase está
na lógica formal, na lógica das boas razões e na lógica do agir. Esta novela nos apresenta uma introdução
à investigação filosófica, problematizando temas de Ontologia, Antropologia, Teoria do Conhecimento,
Ética, Estética, Fenomenologia, Política, Linguagem e Educação. Em várias passagens, Ari e seus amigos
discutem sobre a origem e realidade dos pensamentos. Há também a discussão ética sobre padrões
culturais, relações de poder na escola e o conflito entre diferentes padrões éticos. A narrativa salienta o
valor da investigação, encoraja o desenvolvimento de modelos alternativos de pensar e imaginar, e
mostra como as crianças e jovens são capazes de aprender uns com os outros. O texto possui 17
capítulos, para ser trabalhado durante 2 anos.

Vejamos um pequeno trecho da novela: - Mas é um pensamento real, retrucou Fabiana.


(...) "- Quando você fala em pensamento, o que - Você quer dizer que, se seu pensamento é
você quer dizer? Os pensamentos que temos na parecido com alguma coisa que existe, então ele é
nossa cabeça, como idéias, lembranças, sonhos e apenas uma cópia ou imitação e não é real? Assim,
coisas assim, ou o modo como pensamos? se existe um cachorro chamado Pingo, então meu
- O que você quer dizer com o modo como pensamento do cachorro não é real porque é só
pensamos? perguntou Júlia. uma cópia do cachorro? Mas eu tenho uma porção
- Era sobre isso que o Ari e eu estávamos de pensamentos que não são cópias de nada!
conversando. É o que chamamos de pensar nas argumentou Luísa.
coisas até entendê-las. Quando você já conhece - O que, por exemplo? perguntou Júlia.
uma coisa e quer saber mais sobre o que você já - Os números! Você já viu um número passeando
conhece, você tem que pensar. Você tem que pela rua ou parado por aí? O único lugar em que os
decifrar as coisas, disse rapidamente Luísa. números são reais é na minha cabeça. E aposto
- Mas ter pensamentos é diferente de realmente como tem muitas outras coisas que também só são
pensar. Minha cabeça está sempre cheia de reais na sua cabeça, respondeu Luísa, triunfante.
pensamentos. Eu não sei de onde eles vêm. Acho - Tá bom! E os sentimentos? Quando me sinto triste
que são como as bolinhas do meu refrigerante. Elas ou feliz, será que esses sentimentos não estão só na
simplesmente vêm do nada, disse Fabiana. minha cabeça? Eu também nunca vi um sentimento
- Eu não penso assim. Para mim, os pensamentos passeando pela rua! interrompeu Fabiana."
são como morcegos, dormindo pendurados de (LIPMAN, M. A Descoberta de Ari dos Telles, cap. 3,
ponta-cabeça numa caverna escura. Eles acordam pp.12 e 13)
de noite e ficam se debatendo dentro da caverna, Diante deste pequeno trecho de um capítulo da
fazendo um barulhão danado e eu não consigo novela, os alunos se apropriam da problemática
dormir por causa dos pensamentos que passam levantada pelas personagens e partem para uma
pela minha cabeça. Mas, às vezes, um deles sai da investigação filosófica acerca dos pensamentos.
caverna e se transforma num pássaro, que voa livre Vejamos uma atividade, retirada do livro do
e solto e, sem ter nada que o prenda, vai embora, e professor, que poderia ser desenvolvida com os
pode seguir seu caminho até onde quiser, disse Julia alunos para iniciarmos a investigação sobre a
tranqüilamente. origem dos pensamentos e como pensamos.
- Minha cabeça é como um mundo particular. É Plano de discussão: Como Pensamos?
como o meu quarto. No meu quarto tenho meus 1. De onde vêm nossos pensamentos?
brinquedos e, às vezes, pego um ou outro para 2. Eles se originam em nossas próprias cabeças?
brincar. Faço a mesma coisa com os meus 3. Você consegue pensar em algum pensamento
pensamentos. Tenho os meus pensamentos que você mesmo tenha criado?
prediletos e tenho outros que nem gosto de 4. Os nossos pensamentos são estimulados pelas
lembrar, disse Luísa. coisas que vemos, coisas que nós experienciamos
- Mas os pensamentos não são reais, quer dizer, não no mundo?
são reais como as coisas do seu quarto. O meu 5. Como as pessoas aprendem a pensar? As pessoas
pensamento do Pingo não é o Pingo. O Pingo real é precisam aprender a pensar ou é uma coisa que os
cheio de pêlos, e o meu pensamento do Pingo não é seres humanos fazem naturalmente?
peludo, comentou Júlia.
6. Alguns pensadores antigos achavam que a mente
humana era como papel em branco onde eram
"escritas" as experiências. O que você acha disso?
7. Para outros pensadores a mente humana não era
algo a ser estimulado pela experiência. Acreditavam
que os pensamentos são anteriores a qualquer
experiência. Diziam: "Uma pessoa precisa ter
pensamentos a fim de dar sentido as suas
experiências". O que você acha disso? A mente
pode ter pensamentos sem ter tido experiência
alguma antes?
8. Você acha que precisamos ter experiências antes
de ter pensamentos? (LIPMAN, M. Investigação
Filosófica. p.41)
Exercício: A realidade dos pensamentos
Alguns de nossos pensamentos parecem ser cópias
de coisas que realmente existem no mundo,
enquanto que outros parecem surgir de dentro de
nossas próprias mentes. Neste capítulo Luísa e
Fabiana dizem que o pensamento do cachorro é
uma cópia de alguma coisa que existe no mundo,
mas o pensamento dos números não é. Dos
pensamentos abaixo, diga se são sobre algo que
existe no mundo ou não. Justifique.
A) Pensamentos sobre um jantar delicioso.
B) Pensamentos sobre o que se sente quando se
leva um tiro.
C)Pensamentos sobre o que se sente quando se
está apaixonado.
D) O pensamento de um patriota sobre o que é
liberdade.
E) O pensamento sobre o filho que talvez tenha um
dia.
Issao e Guga- Maravilhando-se com o Mundo - 1ª a 4ª séries –
Para alunos de 1ª e 2ª séries do Ensino Fundamental, as personagens nos contam sobre umas
férias inesquecíveis. Issao visita a fazenda de seus avós e torna-se amigo de Guga, que mora com
sua família ali perto. O avô de Issao, que já foi marinheiro, conta sobre um encontro que teve com
uma baleia e diz que gostaria de visitar um lugar onde pudesse, novamente, observar as baleias.
Issao o convence a fazer esta viagem e levar a família de Guga. A maneira como Issao e Guga
demonstram interesse por animais, pela noção de espaço e tempo e por muitos outros aspectos
da natureza, faz deste texto uma introdução ideal à investigação sobre as relações entre a
linguagem, o mundo e as diferentes formas de percepção.As questões sobre o conhecimento
humano, as preocupações com a ecologia, a reflexão sobre o belo, o real e a verdade são
temáticas que permitem às crianças o contato com o espanto que dá origem ao filosofar, com o
"maravilhar-se com o mundo". Como percebemos o mundo? Será que o mundo é tal qual vemos?
Qual a relação entre os objetos e o que percebemos através dos sentidos? Ou é uma construção
do sujeito e, neste caso, como poderíamos ter acesso às coisas-em-si? O texto possui introdução
dez capítulos. É previsto para ser desenvolvido durante dois anos.
Vejamos um trecho de um episódio da novela em que Issao dialoga com outros
personagens:
(...) " Perto da mesa onde estávamos sentados tinha um porta-guarda-chuvas. Ele tinha uma placa
que dizia: "Olhe seu guarda-chuva". O porta-guarda-chuvas estava vazio, porque o dia estava
bonito.
Como a placa estava me incomodando, falei: Vô, por que está escrito "Olhe o seu guarda-chuva"?
Porque ele pode desaparecer.
Por isso eu acho que tem coisas no mundo que desaparecem se a gente não ficar olhando. Isso
não é esquisito?
Satie me chama da cozinha e interrompe os meus pensamentos. Me levanto da cadeira perto da
janela, onde eu estava sentado de pernas cruzadas, e começo a correr pela sala. Mas tropeço no
tapete e esbarro numa das plantas da vovó. Satie entra, vê a sujeira e fala: Vou pegar a vassoura.
Satie vai até o armário, mas a vassoura não está lá.
Não entendo. Ela sempre está aqui. Onde será que ela está? Não pode ter simplesmente
desaparecido. Ou será que pode? E aqueles guarda-chuvas? E se vassouras são do mesmo jeito
e só ficam no lugar enquanto tem alguém olhando? Conto pra Satie o que estou pensando. Ah,
não faz diferença se tem alguém olhando ou não. A vassoura não pode sair andando. Ela fica onde
foi colocada.
Mas, Satie, como a gente pode ter certeza disso? Pelo que eu penso, talvez o mundo todo
desapareça quando ninguém estiver olhando. Satie dá um suspiro e diz: Issao, se não tinha
ninguém olhando quando o mundo desapareceu, ninguém ia saber a diferença, né? Então ela dá
uma risada e acrescenta: Olha só, a vassoura está aqui, entre a parede e a geladeira.
Acho melhor a gente ficar de olho nela. Da próxima vez que ela sumir, pode ser que não volte,
qualquer que seja o lugar onde a gente procure. Guga entra. Conto pra ela a história do porta-
guarda-chuvas e da vassoura. Ela bate palmas e diz: Ah, eu sei o que você quer dizer. Isso
acontece comigo o tempo todo. Quando não posso pôr a mão nas coisas, não posso ter certeza de
que ainda estão lá. É por isso que eu sempre adoro sentir o chão embaixo dos meus pés, e pôr a
mão nas mesas e cadeiras e em todos os outros tipos de móveis que há no mundo. Fico sempre
tão apavorada quando não tenho nada para pôr a mão, porque tenho medo de que o mundo tenha
simplesmente saído andando.
Satie parece um pouco preocupada e diz:
Mesmo assim, Guga, você sabe que ele está aí, não sabe? Você não acredita, realmente, que
ele desaparece? Acredita? Guga ri e fala: Ele não desaparece porque para mim, ele nunca
apareceu. Ele só aparece pras pessoas que podem ver. Belé entra e senta no colo de Guga. Ei,
Belé, você está aqui. Sei que você estava lá fora caçando passarinhos outra vez.
Você não vê o Belé caçando passarinhos. Mas você sabe que ele caça, Guga.
Bom, é isso que você e Satie me dizem que ele faz e, se vocês dizem, eu acredito. Mas isso não
impede que eu fique pensando para onde a noite vai quando é dia, ou para onde vai o frio quando
um sorvete derrete, ou de onde vem o sabor quando sua avó faz o pão. Vocês me dizem que a
grama é verde, mas ela é verde durante toda a noite ou deixa de ser verde à noitinha e volta a ser
verde de manhã? Satie senta no chão ao lado da cadeira em que Guga está sentada:
É assim que você entende as coisas, Guga? Que as cores que não vemos, os sons que não
ouvimos e os sabores que não sentimos estão todos fora, em algum lugar, esperando sua vez?
(LIPMAN, M – "Issao e Guga", cap. 5, pp 30-2)

PLANO DE DISCUSSÃO:
1) As coisas desaparecem quando não tem ninguém olhando?
1 ) Existem coisas que desaparecem independente de ter, ou não, alguém olhando? Que tal uma
poça d’água num dia de sol? Você pode dar outros exemplos?
2) Existem coisas que não desaparecem, mesmo que não tenha ninguém olhando? Que tal a
gravidade? Ou seu próprio corpo? Você pode dar outros exemplos?
3) Existem coisas que só desaparecerão se tiver alguém olhando? Que tal um roubo?
4) Existem coisas que desaparecerão se não tiver ninguém olhando? Que tal jóias?
5)Existem coisas que só existem se tiver alguém olhando? Que tal programas de televisão?
6)istem coisas que só existem se não tiver ninguém olhando? Que tal sua privacidade? (IPMAN, M.
Maravilhando-se com o Mundo, p.199)
EXERCÍCIO: As coisas existem quando não são observadas?
O Sol A chuva Sua Seus pensamentos
bicicleta
Seu Programa favorito O arco-íris Seus medos Seu jantar
na TV
Sua classe Sua família

Módulo III - Investigação Ética (Luísa)


Novela escrita por Matthew Lipman, é indicada para adolescentes de 13 a 15 anos. Como saber o que é
certo ou errado? O que é liberdade? O que é justo? Estas e outras questões instigam os personagens da
novela e levam os alunos a percorrer os caminhos da investigação ética. Luísa retoma algumas das
questões lógicas que já apareceram em Ari e introduz as questões éticas que são o tema dominante de toda
novela. Nela, são tratados os mais diversos temas éticos que foram discutidos por muitos filósofos, e, ainda
hoje, estão presentes no nosso cotidiano. Há uma referência à discussão entre Parmênides e Heráclito sobre
o ser e o não-ser, aos paradoxos de Zenão de Eléia sobre a impossibilidade do movimento, à discussão
sobre determinismo e liberdade tal como abordada em Espinosa, intenção, ação e conseqüências, a busca
dos critérios para a construção dos juízos morais e avaliação das ações morais do cotidiano. O texto
completo de Luísa possui 11 capítulos subdivididos em 29 episódios. O trabalho com a novela é previsto
para dois anos.
Vejamos um exemplo, a partir de um pequeno trecho da novela:
No episódio 9, Toninho fica sabendo que foi envolvido em uma intriga e que foi intimado a se encontrar
com Sérgio, no dia seguinte, para tirar a limpo a confusão. Marinho, Luísa e Ari ficam conversando com
Toninho sobre o possível desfecho da situação criada.
(...) "- Olha! – disse Toninho já impaciente – das duas, uma: ou vai haver briga ou não vai haver briga.
Essas são as duas únicas possibilidades. Se não houver briga, eu não tenho nada com que me preocupar. E,
se houver...eu sei me cuidar.
Então, o que você está dizendo é "o que será, será"? – acrescentou Ari.
É, acho que sim.
Então, – disse Ari continuando seu pensamento – o que quer que aconteça amanhã, já está decidido?
Eu não disse isso. Onde você quer chegar?
O que eu quero dizer é que mesmo que a gente não saiba o que vai acontecer amanhã, será que o que vai
acontecer já não está decidido? Tudo que podemos dizer é que amanhã tanto pode haver uma briga como
pode não haver. É só isso que podemos saber a partir da regra que a Fabiana e a Luísa descobriram. As
duas coisas são possíveis. Mas, na verdade, apenas uma delas vai realmente acontecer. Nós não sabemos
qual. Portanto, talvez o que vá acontecer já esteja decidido.
Não! Vocês estão enganados. O futuro não está absolutamente decidido. É verdade que amanhã tanto
pode haver uma briga, como pode não haver. Mas, em ambos os casos, qualquer coisa ainda é possível –
disse Toninho.
Eu não concordo.Eu acho que o que vai acontecer já está bem claro. Olha, vamos supor que eu fique
gripado amanhã. Isso significa que as condições para que eu fique gripado amanhã já estão presentes hoje,
certo?
Certo – disse Ari. Então, se um médico me examinar cuidadosamente hoje, ele pode dizer se eu vou ficar
gripado amanhã, do mesmo jeito que o homem do tempo pode prever as tempestades. Eu acho que o futuro
já está decidido, inclusive o que vai acontecer com você amanhã, Toninho.
E você Luísa, o que você acha? – Ari perguntou.
Eu concordo com o Toninho. Qualquer coisa pode acontecer. E você, o que acha?
Não sei não. Enquanto eu ouvia o Toninho falar, eu achei que ele estava certo e enquanto eu ouvia o
Marinho, eu achei que ele estava certo. Mas, se eu tivesse que decidir, acho que concordaria com o Marinho.
Dois contra dois! Empatou – disse Luísa. Mas será que amanhã vai haver empate? – disse Marinho."
(LIPMAN, Luísa,capítulo Quatro, ep. 9, p. 41)
Plano de Discussão: Livre-arbítrio (LIPMAN, M. Investigação Ética. P.114)
1. Você decidiu livremente vir à escola hoje?
2. Se você estiver com sede, você pode optar
por ir ou não beber um copo d'água?
3. Você resolveu ter sede ou teve sem pensar
nela?
4. Você já resolveu ter fome?
5. Você escolheu ser brasileiro?
6. Você escolheu a roupa que está vestindo?
7. Você pode escolher desobedecer as normas
de trânsito, como atravessar quando o farol
está vermelho?
8 Se você cair da janela, você pode escolher não
cair no chão?
8. Você pode ser feliz simplesmente porque
quer ser feliz?
9. Você pode ficar doente se resolver ficar
doente?
10.Quando você faz alguma coisa de livre e
espontânea vontade, isso significa que você não
tem nenhum motivo para faze-la?
11Quando você faz alguma coisa de livre e
espontânea vontade, isso significa que você não
tem nenhuma razão para faze-la?
10. Você está agindo livremente quando faz
alguma coisa simplesmente porque teve
vontade de fazer?
11. Você pode não fazer algo que tem vontade
de fazer?
12. Você está agindo livremente quando faz
alguma coisa deliberadamente?
13. Uma ação livre é sempre uma ação correta?
O que é mais importante, uma ação livre ou
uma ação correta?
Exercício: Fatalismo
Uma pessoa fatalista é aquela que acha que o
futuro já está decidido. Quem está sendo fatalista?
1.Amanhã será um dia exatamente igual a hoje.
2.O mundo vai terminar no ano 2005.
3.Tenho absoluta certeza de que o ano de 2003
será seguido pelo ano de 2004.
4.Aprendi a aceitar a História. É irreversível. O que
aconteceu, aconteceu, e nada poderá ser mudado.
5.O meu destino é ser presidente. Não poderei
evitar isso!
6.No futuro, sempre que me olhar no espelho, serei
obrigado a ver a mim mesmo.
Pimpa - Em busca de significado -
Para crianças de 9 a 11 anos, narra as aventuras de uma garota questionadora,
preocupada em descobrir os significados das coisas e suas possíveis relações. O
texto completo possui 11 capítulos e é desenvolvido em dois anos.
O programa Pimpa apresenta às crianças possibilidades de investigação sobre
diversos temas: a verdade, o que é justiça, direito, dever, necessidades, regras de
conduta, etc. Pimpa se questiona se "espaço", "tempo", "família", "mamífero" e até
mesmo o seu próprio nome são relações reais ou que só existem em nosso
pensamento.
Veja um exemplo:
Seu Marcos, o que é uma relação? - perguntei
Hum - disse ele inicialmente, e depois acrescentou. - Tenho a impressão que é o
que você chama de uma ligação. Mas talvez seja melhor nós perguntarmos aos
outros o que são relações.
Bel disse:
Existem relações familiares. É o que liga as pessoas a outras pessoas da mesma
família. Assim, se as pessoas são irmãs, essa é a relação que existe entre elas.
O Renato falou: Os números têm relações. Um número pode ser menor que
outro. Ou ser maior que outro. Ou eles podem ter o mesmo tamanho.
Não pode haver dois números do mesmo tamanho. Eles seriam o mesmo
número - disse Ciça.
As palavras estão ligadas a outras palavras - disse Janaína. - O que quero dizer,
é que nas frases, os sujeitos estão ligados a verbos, como, por exemplo,
"Cachorros latem".
E as coisas têm relações - disse Tomás. - Existe uma relação entre uma roda e um
carro, ou entre um dedo e uma mão, ou entre uma porta e uma casa. A essa
altura, o Beto estava pulando na cadeira ansiosamente.
Eu sei! Eu sei! Palavras e coisas têm relações. A palavra "montanha" tem
uma relação com todas as montanhas que existem. E a palavra "China" tem uma
relação com o país China. O professor Marcos esperou, mas ninguém disse mais
nada. Então, ele falou: Bom trabalho, pessoal. Pimpa, isso a ajudou?
Foram bons os exemplos, mas eu ainda quero saber o que são relações.
Seu Marcos passou a mão pela cabeça e perguntou:
Que foi que eu disse que achava que elas eram? Fitei-o com a expressão mais
triste que pude e falei:
Ninguém me diz nada. Tenho que entender tudo por mim mesma. (LIPMAN, M.
Pimpa, Cap.5, ep. III, pp. 30 e 31.)

Veja dois Planos de Discussão que poderão ser desenvolvidos com os alunos.
Plano de Discussão: Relações
1. Qual é a relação entre uma casa e um prédio de apartamentos?
2. Qual é a relação entre somar e subtrair?
3. Qual a relação entre semanas e meses?
4. Qual a relação entre Paris e França?
5. Qual a relação entre gelo e vapor?
6. Em que as relações são diferentes das coisas? E em que são iguais?
7. Se não existissem coisas, poderiam existir relações? E se não
existissem relações, poderiam existir coisas?
8. É possível existir uma coisa sem nenhuma relação?
9. Uma coisa pode ter uma relação dentro de si mesma? Você poderia
dar um exemplo?
(LIPMAN, M. Em Busca de Significados, p.77)
Plano de Discussão: Relações
1. Quando você pensa, você consegue pensar em coisas sem relações? Por
exemplo, você consegue pensar na sua cama sem pensar na relação com o
seu quarto, ou com você?
2. Quando você pensa, você consegue pensar em relações sem coisas? Por
exemplo, você consegue pensar em igualdade sem pensar em coisas que
são iguais? E em injustiça sem pensar em pessoas que são injustas?
3. Você consegue não pensar ou em coisas ou em relações? Se conseguir, pode
dar um exemplo?
4. Você consegue pensar, ao mesmo tempo, em relações e em coisas? Por
exemplo, você consegue pensar num amigo e, ao mesmo tempo, na relação
dele com você, com o quarto dele, com a família dele?
5. Pensar é uma questão de descobrir relações?
(Lipman, M. Em Busca de Significados, p. 73)

Módulo IV - Iniciação ao Diálogo Investigativo (Rebeca)


Escrita por Ronald Reed, colaborador de Matthew Lipman, é a novela utilizada para a iniciação
filosófica com crianças da Educação Infantil. A história de uma menina intrigada com as questões que
cercam a realidade e a fantasia é o ponto de partida para o desenvolvimento de habilidades como:
detectar semelhanças e diferenças, raciocínio hipotético, critérios de classificação, relação de causa e
efeito, relação parte e todo, esclarecimento de conceitos. Ao longo da narrativa ilustrada, as crianças são
convidadas a pensar sobre o próprio pensar, se envolvendo com problemas presentes na filosofia, tais
como a percepção, a identidade, a imaginação, a verdade, as relações entre realidade e aparência,
conhecimento, probabilidade e possibilidade, perguntas e pensamento.

A novela se inicia com a apresentação que Rebeca faz de si mesma:


"Meu nome é Rebeca.
Eu tenho seis anos.
Meu cabelo é preto.
Meu cabelo é como o seu
(se é que você tem cabelo).
Moro numa árvore no quintal.
Meu quintal é perto do quintal do Beto.
O Beto é meu amigo."
(REED, R. Rebeca, p.1)
No livro do professor, escrito por Sylvia J. Hamburger Mandel, encontram-se diversas sugestões de
planos de discussão, exercícios e atividades para se iniciar, com os alunos, uma investigação dialógica
sobre temas presentes em cada episódio.
Já a partir da apresentação feita por Rebeca, podemos problematizar temas como: dados pessoais,
semelhanças e diferenças, moradia, relações entre perto e longe, amizade.
Exemplo:
Morar
Rebeca diz que mora numa árvore no quintal. Esta idéia, apesar de parecer improvável, não é
impossível. Explorar a possibilidade é mais importante e interessante do que simplesmente dizer que a
idéia é improvável. Para morar numa árvore é preciso ter uma casa na árvore? Ou será que a Rebeca
dorme sobre o tronco? Ou será que seu cantinho é escavado dentro do tronco da árvore?
Atividade: Como a Rebeca mora?
Cada criança faz um desenho mostrando como acha que a Rebeca mora. Depois os desenhos são
mostrados a todos os colegas na roda. Quem quiser pode comentar o desenho de um colega ou o seu
próprio.
Plano de Discussão: Morar
1. A casa de uma pessoa pode não ser sobre o chão? (Pode ser na água?)
2. Quantos aposentos uma casa precisa ter?
3. Uma casa precisa ter teto, porta e janela?
4. Uma casa precisa ter torneira?
5. A casa de uma pessoa pode ser a rua?
6. Se uma pessoa passa o dia trabalhando numa loja e só volta para casa para dormir, ela mora em
casa ou na loja?
7. Um marinheiro mora no navio em que trabalha? O navio é a casa dele?
8. O que é morar?
(MANDEL, S e REED, R. Manual de Instruções. p.12).
A novela tem 37 episódios e está prevista para o trabalho, durante um ano, com crianças de 5 a 7 anos.

CONCLUSÃO

Meu objetivo profissional mais imediato após a


graduação em Filosofia era fazer mestrado e doutorado e
lecionar em universidade, mas como lá não se apóia novas
teorias, exceto o que Nietzsche chamou de “polir velhos
conceitos a vê-los reluzir”, decidi seguir a licenciatura,
com um nó na garganta.
Mas, quando percebi que dar aulas para adolescentes
não seria o mesmo que estar preso na Sibéria, nos tempos
do comunismo de Stálin, e que eu poderia fazer algo por
eles como estimular seus cérebros, seu senso crítico e sua
imaginação, libertando-os de preconceitos, crenças e
costumes, pelo menos, aqueles inúteis e prejudiciais,
percebi que em escolas de ensino médio eu poderia fazer
mais do que dar aulas de filosofia para quem por si mesmo
pode ler livros de filosofia.
Que interessante é a vida, pois, estas aulas de filosofia
para crianças são dirigidas para adultos, o público para o
qual que eu gostaria de dar aula, pois pensava que por sua
maturidade entenderiam mais facilmente filosofia,
inclusive minhas teorias [FIM ou até logo].

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