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UNIVERSIDADE PAULISTA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
CURSO DE DIREITO
TEORIA DO CONHECIMENTO
MANAUS
2009
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TEORIA DO CONHECIMENTO
MANAUS
2009
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................04
PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO .........................................................................05
1. SENSO COMUM ...................................................................................................05
2. CONHECIMENTO CIENTÍFICO ............................................................................06
3. CONHECIMENTO MÍTICO ...................................................................................10
3.1 COMO O MITO FUNCIONA ................................................................................12
3.2 COMO OPERA O MITO? ....................................................................................13
4. CONHECIMENTO FILOSÓFICO ..........................................................................15
CONCLUSÃO ...........................................................................................................17
REFERÊNCIAS..........................................................................................................18
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INTRODUÇÃO
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO
1. SENSO COMUM
2.
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
as particularidades que distinguem uma espécie de outra etc. Sendo assim podemos
afirmar que a ciência não é o único caminho de acesso à verdade estabelecida pela
natureza de nosso universo.
A descontinuidade radical existente entre a Ciência e o conhecimento
popular, em numerosos aspectos (principalmente no que se refere ao método de
obtenção de conhecimento), não nos deve fazer ignorar certa continuidade em
outros aspectos, principalmente quando limitamos o conceito de conhecimento
vulgar ao “bom-senso”. Se excluirmos o conhecimento mítico (raios e trovões como
manifestações de desagrado de Deus pelos comportamentos individuais ou sociais),
verificamos que tanto o bom-senso quanto a Ciência almejam ser racionais e
objetivos: “são críticos e aspiram à coerência (racionalidade) e procuram adaptar-se
aos fatos em vez de permitir-se especulações sem objetividade”. (COTRIM, 2002)
Entretanto, o ideal de racionalidade, compreendido como uma
sistematização coerente de enunciados fundamentados e passíveis de verificação, é
obtido muito mais por intermédio de teorias, que constituem o núcleo da Ciência, do
que pelo conhecimento comum, entendido como acumulação de partes ou ‘peças’
de informação frouxamente vinculadas.
Por sua vez, o ideal de objetividade, isto é, a construção de imagens da
realidade, verdadeiras e impessoais, não pode ser alcançada se não se
ultrapassarem os estreitos limites da vida cotidiana, assim como da experiência
particular é necessário abandonar o ponto de vista antropocêntrico, para formular
hipóteses sobre a existência de objetos e fenômenos além da própria percepção de
nossos sentidos, submetê-los à verificação planejada e interpretada com o auxilio
das teorias. Por esse motivo é que o senso comum, ou o “bom-senso”, não pode
conseguir mais do que uma objetividade limitada, assim como é limitada sua
racionalidade, pois está estreitamente vinculado à percepção e à ação. (GHEDIN,
2003)
Pode-se dizer que o conhecimento popular é o modo comum, corrente e
espontâneo de conhecer, que se adquire no trato direto com as coisas e os seres
humanos: “é o saber que prevalece em nossas vidas diárias aquele que é sem
comprovação ou estudo, sem a aplicação de um estudo (método) mais cuidadoso e
sem se haver refletido sobre algo que é afirmado como verdade”. (OP.CIT, 2003)
O conhecimento científico é real (factual) porque lida com fatos, isto é,
com toda “forma de existência que se manifesta de algum modo”. Constitui um
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3. CONHECIMENTO MÍTICO
evoluída do pensamento e da civilização. Essa tradição filosófica fez crer que o mito
pertenceria a culturas “inferiores”, “primitivas” ou “atrasadas”, enquanto o
pensamento lógico ou racional pertenceria a culturas “superiores”, “civilizadas” e
“adiantadas”. (ARANHA, 1992)
Essa separação temporal e evolutiva de duas modalidades de
pensamento fazia com que se julgasse a presença, em nossas sociedades, de
explicações míticas (isto é, as religiões, a literatura, as artes) como uma espécie de
“resíduo” ou “resto” de uma fase passada da evolução da humanidade, destinada a
desaparecer com a plena evolução da racionalidade científica e filosófica.
((ARANHA, 1993)
Hoje, porém, sabe-se que a concepção evolutiva está equivocada. O
pensamento mítico pertence ao campo do pensamento simbólico e da linguagem
simbólica, que coexistem com o campo do pensamento e da linguagem conceituais.
Duas linhas de estudos mostraram essa coexistência, embora essas duas
modalidades de pensamento e de linguagem sejam não só diferentes, mas também,
freqüentemente, contrárias e opostas.
A primeira linha vem da antropologia social, que estuda os mitos das
sociedades ditas selvagens e também as mitologias de nossas sociedades, ditas
civilizadas. Os antropólogos mostraram que, no caso de nossas sociedades, a
presença simultânea do conceitual e do mítico decorre do modo como a imaginação
social transforma em mito aquilo que o pensamento conceitual elabora nas ciências
e na Filosofia. Basta ver o caráter mágico-maravilhoso dado aos satélites e
computadores para vermos a passagem da ciência ao mito. (SOUZA, 1995)
A segunda linha vem da neurologia e da análise da anatomia e da
fisiologia do cérebro humano, mostrando que esse órgão possui duas partes ou dois
hemisférios, num deles localizando-se a linguagem e o pensamento simbólicos e
noutro, a linguagem e o pensamento conceitual. Certas pessoas, como os artistas,
desenvolvem mais o hemisfério simbólico, enquanto outras, como os cientistas,
desenvolvem mais o hemisfério conceitual e lógico.
Assim, a predominância de uma ou outra forma do pensamento depende,
por um lado, das tendências pessoais e da história da vida dos indivíduos e, de outro
lado, do modo como uma sociedade ou uma cultura recorre mais a uma do que à
outra forma para interpretar a realidade, intervir no mundo e explicar-se a si mesma.
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Numa passagem célebre de uma de suas obras, Marx dizia que o mito de
Zeus (portador de raios, trovões e tempestades) não mais poderia funcionar numa
sociedade que inventou o pára-raios, isto é, descobriu cientificamente a eletricidade.
Mas o próprio Marx mostrou como tal sociedade cria novos mitos, adaptados à era
da máquina e da tecnologia. (CONTRIM 2002)
Labdáco, avô de Édipo, quer dizer coxo; Laio, pai de Édipo, quer dizer pé torto;
Édipo quer dizer pé inchado. (ARANHA, 1992)
Essa referência aos pés e ao modo de andar é uma referência da relação
dos humanos com o solo e, portanto, com a terra, e simboliza ou metaforiza uma
questão muito grave: os humanos nasceram da terra ou da união de um homem e
de uma mulher? Se da terra, deveriam ser imortais. No entanto, morrem. Para
exprimir a angústia de serem mortais e que os humanos, portanto, nasceram de um
homem e de uma mulher e não da terra, o mito simboliza a mortalidade através da
dificuldade para se relacionar com a terra, isto é, para andar (coxo, torto, inchado).
Para exprimir a dificuldade de aceitar uma origem humana mortal, o mito simboliza a
fragilidade das leis humanas fazendo Laio mandar matar seu filho Édipo, Édipo
assassinar seu pai Laio e casar-se com sua mãe, Jocasta. (ARANHA, 1993)
Em terceiro lugar, o mito estabelece relações entre os seres naturais e
humanos, seja fazendo humanos nascerem, por exemplo, de animais, seja fazendo
os astros decidirem a sorte e o destino dos humanos (como na astrologia), seja
fazendo cores, metais e pedras definirem a natureza de um humano (como a magia,
por exemplo).
Coisas e humanos se relacionam por participação, simpatia, antipatia, por
formas secretas de ação à distância. O mundo é um tecido de laços e vínculos
secretos que precisam ser decifrados e sobre os quais os homens podem adquirir
algum poder por meio da imitação (vestir peles de animais, fabricar talismãs, ficar
em certas posições, plantar fazendo certos gestos, pronunciar determinadas
palavras). O mito decifra o secreto. O rito imita o poder. (OP.CIT.,1993)
Analogias e metáforas formam símbolos, isto é, imagens carregadas e
saturadas de sentidos múltiplos e simultâneos, servindo para explicar coisas
diferentes ou para substituir uma coisa por outra. Assim, por exemplo, o fogo pode
simbolizar um deus, uma paixão, como o amor e a cólera (porque são ardentes), o
conhecimento (porque este é uma iluminação), a purificação de alguma coisa (como
na alquimia), o poder sobre a Natureza (porque permite o desenvolvimento das
técnicas), a diferença entre os animais e os homens (porque estes cozem os
alimentos enquanto aqueles os comem crus), etc. (CONTRIM, 2002)
A peculiaridade do símbolo mítico está no fato de ele encarnar aquilo que
ele simboliza. Ou seja, o fogo não representa alguma coisa, mas é a própria coisa
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4. O CONHECIMENTO FILOSÓFICO
Pode-se observar até agora que o homem utiliza o senso comum para
guiá-lo no seu dia-a-dia e auxiliá-lo na resolução de problemas e dificuldades. Além
disso, o senso comum muitas vezes serve de ponto de partida para as observações
realizadas pelo cientista.
O conhecimento filosófico, por sua vez, substituiu os mitos e as crenças
religiosas na tentativa de conhecer e compreender o mundo e os seres que nele
habitam e, ao lado do senso comum e da ciência, se apresenta como uma das
formas possíveis de entendimento da realidade desconhecida e enigmática.
(ARANHA, 1992)
O ser humano, motivado pela necessidade de conhecer melhor o mundo
em que habita e movido pelo espanto, pela perplexidade e pela admiração que esse
mesmo mundo lhe causava, fez nascer o conhecimento filosófico. (ARANHA, 1993)
Movido pelo espanto e pela admiração, o homem abandona o senso
comum e faz despertar uma consciência crítica que se afasta da ignorância e busca
na filosofia uma nova forma de conhecimento, que tem no saber pelo saber seu
fundamento primordial. Dessa forma, a exemplo de Platão em sua obra Eutidemo, é
possível afirmar que a filosofia é o uso do saber em benefício do próprio homem.
(SOUZA, 1995)
O saber filosófico designava, desde a Grécia Antiga, a totalidade do
conhecimento racional desenvolvido pelo homem. Abrangia, portanto, os mais
diversos tipos de conhecimento, que hoje entendemos como pertencentes à
matemática, astronomia, física, biologia, lógica, ética etc. Enfim, todo o conjunto dos
conhecimentos racionais integrava o universo do saber filosófico. À filosofia
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CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Temas de Filosofia. São Paulo: Moderna, 1992.
LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina A. Metodologia Científica. São Paulo: Atlas.
1991.
SOUZA, Sonia Maria Ribeiro de. Um Outro Olhar: filosofia. São Paulo: FTD, 1995.