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HELIO FERVENZA on Consideracées da arte que ndo se parece com arte RESUMO (artigo trata de textos e produces de artistas como Kazimir Malevitch, Allan Kaprow, Cildo Meireles, Robert Filliou e Lygia Clark, onde so discutidas algumas concepcées, valores e abordagens na relacio entre arte e ndo-arte, entre arte e cotidiano, entre arte e fecio. PALAVRAS-CHAVE ‘Arte endo-arte; arte e cotidano; arte efccio. EE eseorronmterowro atscrs3.ne23 nove a ete eet inna 2 pale profi pel aur d- tance o Cléui Internacional de Esti Estancia cn temparna, realizado em Po Me tre de O20 de seabed 2004 pela Universidade Esaual do Ha Grade eo Sul (UENGS pel Pr pana de Ps Gradeagio en filo ada UGS. CONSIDERAGOES DA ARTE QUE NAO SE PARECE COM ARTE “Tratarei nesta apresentagao de um pequeno conjunto de produg6es — incluindo af textos —de alguns artistas oriundos do campo das artes plésticas e visuals, onde, de uma forma muito especifica, so discutidas e propostas certas praticas, concepgées, valores evivéncias da arte’. Meu propésito, aqui, nao é 0 de desenvolver um relato exaustivo dessas priticas e pensamentos. Nem o de fazer a anidlise de uma certa situagao social no campo das artes plésticas como um todo. Mas o de indicar alguns momentos, detectar a emergéncia em algumas criagées realizadas em diferentes contextos histéricos € cculturais de um pensar e de um pensar como ago para além da arte. Estas produgées podem ser muito Giteis para ajudar-nos a entender como aarte atualmente se relaciona coma sociedade contemporiinea e os meios que ela utiliza nessa relagio. Pois, de fato, como a arte se relaciona com essa sociedade? No que pensamos ‘quando nos referimos & nogao de sociedade nos dias que corre? Seré que esta sociedade assim, singular e homogénea? E arte, entio, serd que é singular e homogénea? Quando pensamos em artes plasticas, no que pensamos exatamente? Serd que essa relacio entre arte e sociedade se dé somente através da realizacéo de imagens, pinturas ou esculturas? © campo de atuacio da arte deveria ficar restrito? Restrito a permanecer como algo separado das outras atividades sociais? A arte teria de ficar isolada, enquanto ficcao dessas outras realidades sociais? E essas realidades sociais seriam realmente reais? Seria possivel falar em ficcées sociais? Por outro lado, considerarmos a arte como um campo isolado e em conformidade ao socialmente aceito, no seria uma ficgao social? Qual a situacdo social da arte contemporanea? Para quem ela produz? E o que e como ela produz no seriam decisdes que afetam sua concepcio e, portanto, sua relacao com este social? Serd que as diferentes concepgées da arte afetariam nao somente essa relaco, mas a concepc4o mesma de sociedade, a percepgio de suas formas de vidae da economia de sua formacio? Serd que a mesma nogio de piblico ¢ igual e continuaem todos os lugares e situag6es? Mas, afinal, no que consiste uma parte importante da producio artistica nos dias de hoje? Posso listar de meméria, e de uma forma breve, algumas produgées artisticas realizadas a partir dos ilkimos trinta ou quarenta anos. Assim, por exemplo, um artista prope que participantes experimentem, vistam, movimentem-se ou dancem com alguns tipos de capas e objetos em tecido, criando sensagées e abrindo sentidos nessa NOFA contest sepa ‘experimentacao. Um outro conecta fios de cobre e zinco a alguns quilos de batata ‘transformando-as em baterias ou pilhas e fazendo funcionar um relégio digital. Um outro, ainda, interessa-se em inscrever mensagens em circuitos de circulaco de objetos, signos ou mercadorias. Outros artistas interessam-se pelo ato de caminhar, respirar ou cozinhar. Talvez abrir um restaurante. Alguns realizam viagens. Alguns escrevern, outros fazem livros, discos ou filmes. Alguns dedicam-se & a¢io politica ou’& educagio. Outros ainda so atraldos pelo campo, pela terra e pelas arvores. Um artista elaborou um projeto para colorir nuvens no céu, nuvens reais e nao representagées pintadas de nuvens. Outros colocaram sua atencao nas cidades, para af intervir nas arquiteturas e ros fluxos urbanos ou descobrir e catalogar plantas consideradas “daninhas” encontradas em calgadas. Alguns artistas irdo utilizar a economia ou a sociologia, a cartografiae a aerondutica, a fisica ou a matemética, a genética ou a informatica, maquinas, produtos quimicos, lixo. Alguns trabalham utilizando processos de comunicacéo em rede. Outros intervém em grupos ligados por questées étnicas, econémicas ou sociais. Outros farao do didlogo seu motor, realizando propostas constru(das coletivamente numa comunidade, Nessas aces, atividades e producées que cito, no hé necessariamente uma especializacao. Elas podem também ser feitas alternadamente, sem que uma ‘tenha uma importéncia maior estabelecida a priori sobre as outras. Por vezes, nao ha de fato um autor, mas um grupo ou grupos. Por vezes, nao se trata de produzir um. objeto, mas uma experiéncia. Como, entéo, pensar a arte quando ela parece constantemente extravasar, ‘transbordar seus limites soctalmente estabelecidos? Como ela se pensa em constante expansio e deslocamento? Por que ocorrem esses deslocamentos e ao que eles correspondem? Hoje em dia, uma simples banca de revista, ou a televiséo, ou atelevisio a cabo, ou ainda a internet, possuem uma quantidade inimaginavel de imagens e informagées, conectveis com outras tantas imagens e informacées, as quais podem ser alteradas, transformadas, copiadas, transmitidas ou armazenadas. Desde a invencao da fotografia, pintores ou escultores perderam progressivamente aquilo que poderfamos chamar de monopélio na producio de imagens. Na atualidade, qualquer pessoa com uma simples cimera fotogréfica pode produzir ou manipular imagens. A partir da fotografia, passando pelo cinema, pela televisio, pelo video, pelo computador, essa producio e sua circulagdo cresceu e continua crescendo em proporgées astronémicas, impulsionada pela indistria e pelas possibilidades de reprodugao. Entre outras coisas, isso colaborou para um constante re-posicionamento daarte diante dessas mesmas imagens e, sobretudo, para um re-posicionamento da arte quanto as suas priticas, quanto as suas concepgées e suas relagées sociais. Além do advento da fotografia, devemos também considerar as revolugdes industriais e tecnolégicas ocorridas a partir de meados do século XIX ea maneira como REVISTA PORTO ARTE: PORTO ALEGRE V13,18°23, NOVEMBRO/2005 Thiery De Dave. Asoances do ‘readymade Nims: J, Cambor, 1985, p08, ecjanin HD. Buch. Conse (isi de septs. itce uel sealptre moder Paris Cenice Georges Pompidou - Huse Naina Mode, 1986, 9.28 jain HD. Buch. Cnstie (Cini de) wept. Oat ce ‘uel selptre dere? ats Cente Georges Pompidou - Huse aia tr Hadere, 186, 9.257 Margit Roel. Quest qu la scope made. 8, elas alteraram e deslocaram profundamente, desde ent, a posicio social do artista e suas condigdes de produgao, Essas circunstdncias encontraram importantes desdobramentos nas obras de alguns artistas a partir do inicio do século XX. Assim, o historiador da arte Thierry De Duve, em seu livro Ressonéncias do readymade, observa que Marcel Duchamp, por volta de 1912, percebe que a pintura muito possivelmente havia perdido sua significagio histérica: “Vocé faria outra coisa que ceder ao habito de um artesanato no fundo perfeitamente obsoleto? Pois, numa sociedade industrializada, o saber-fazer espectfico, que nés chamamos pintura, poderia muito bem ter se tornado indtil. A mecanizacao e a divisio do trabalho substitulram o arteso na maior parte de suas funcées sociais e econdmicas, por que poupariam eles o pintor?”? ‘Além disso, 0 abandono da representacao nas obras dos primeiros artistas abstratos e as problematicas ai relacionadas vo ao encontro com a incluso progressiva dos contextos de produgio e apresentagio, Podemos verificar isto na concepgao e na constituicao das criagées de artistas como Alexandre Rodtchenko ou Marcel Duchamp. O espaco do objeto artistico era, de distintas maneiras, permedvel ¢ inseparavel de sua relacdo com 0 seu espaco contingente fisico e com os seus sentidos. Quer dizer, esses artistas, a producao e o pensamento a eles relacionados 1ndo so apenas alguns exemplos seminais de uma arte que nascia da interpenetragio entre espacos internos e externos ao objeto artistico, mas que se inseria cada vez mais ‘em espacos, objetos e situacées consideradas nao artisticas. A ago, num determinado contexto, gerava sentidos para além do objeto. Segundo © eritico Benjamin Buchloh, alguns aspectos religam certas obras do construtivista Rodtchenko a Marcel Duchamp, como o interesse pela transparéncia e pelo reflexo como um meio de revelar o “caréter contingente da escultura em relacéo 20 seu contexto. Contrariamente & nogio tradicional de espago auténomo da escultura, 1nésnnos confrontamos com construgées que se define numa relacao ternéria entre o objeto construido pelo artista, a interpretacao perceptiva desse objeto pelo espectador eas particularidades do espaco arquitetural””. Outro aspecto a ser considerado é 0 fato de que “Duchamp e os construtivistas mostraram-se também atentivos a especificidade material da escultura, preocupados em tornar visiveis seus métodos de producao, suas propriedades e suas funcées fisicas”’. No caso especifico do construtivismo, a historiadora Margit Rowell nos lembra também que este era “em teoria e na pritica, a expresso de um ideal politico profundamente utépico. Para os construtivistas, a sociedade do futuro chamaria uma nova linguagem artistica, desobstruida de simbolos ou ilus6es, a qual seria fundada sobre um principio de realidade: materiais ‘reais’ existindo num espaco ‘real’. Esses ‘materiais, assim como suas formas, seriam portadores de sentido em sua substancia mesma e na dindmica de suas relagoes concretas”®

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