Locke a mais recente adio ao rolo de filmes que usa poucas personagens e
um nico cenrio. A consequncia de uma escolha destas deixar outras partes
do filme carregarem o fardo de no estragar a obra. Basta arranjar um bom ator, uma histria que se desenrola sem se atrapalhar muito, e talvez se adicione um elemento mais visual. Locke talvez fascinante porque no deixou a fita destas desmoronar-se ao comprido. Tom Hardy faz um excelente trabalho, conseguiu que nada soasse estranho nem entediante e conseguiu transmitir ao pblico aquilo que a histria no conseguia por si s. A histria talvez o segundo elemento que no deixa o filme ser um desastre. Preocupa-se com as circunstncias das personagens, com os seus sentimentos, o seu passado, o seu estado atual, e ainda a forma como se chegam ao microfone do telefone. No deixa que a histria seja vazia nos seus problemas e barreiras. Muitos crticos escreveram que a histria era cativante, eletrizante e brilhante. Talvez seja brilhante na sua forma de ser. No mundo real, se um homem no auge da sua carreira e feliz no seio da sua famlia recebesse um telefonema de uma mulher que estava desesperada quando chegou ao seu encontro, acabando por inevitavelmente e toscamente levar ao sexo, e lhe dissesse que estava grvida e o filho era seu, esse homem honesto e atormentado por um passado de misria e desiluses pegaria no carro e viajava ao encontro do descendente nem que fosse para ouvir e ver o choro do seu beb, a criatura que advm da sua matria e partilha o seu sangue. Mas eletrizante e cativante em nada estava nas suas caractersticas como filme. A banda sonora repete-se, e o filme segue um curso de telefonemas at que o foroso acontece: a causa sem culpa nasce linearmente. Tal como o filme, a crtica pequena. Locke uma espcie de um reality show de um homem honesto que procura emendar os seus erros, mesmo aqueles que aparecem no percurso para a emenda.