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13, revolugdo de 1848 poe em crise tanto os movi- mentds de esquerda — que tentaram assumir 0 poder mas foram derrotados — quanto os regimes liberais da primeira metade do século, que se demonstraram inde fesos fontra esta ameaca, s esquerdas perdem a confianca nas reformas setorihis — entre as quais aquelas que dizem respeito a0 ambiente construido — e os socialistas cientificos (Marx e Engels, que publicam 0 Manifesto do Partido Comunista em 1848) criticam os socialistas da primei- ra m¢tade do século — entre os quais Owen e Fourier —corjsiderando-os utopistas. Os operdirios devem con- quistdr o poder e realizar, antes de mais nada, a mu: danga das relacdes de producdo, que posteriormente tornaké possiveis todas as mudangas nos varios seto- res (é a tese posta em pratica por Lenin em 1917). ‘0 contrério, as direitas que sairam vitoriosas das Intas de 1843 — 0 regime de Napoledo III na Franga, o regime de Bismarck na Alemanha, os novos consérvadores ingleses dirigidos por Disraeli — abando- nam p tese liberal da ndointervengao do Estado nos ‘mecahismos setoriais, ¢ usam os métodos elaborados na primeira metade do século (pelos reformadores € pelos socialistas utopistas) como instrumentos para contiplar as transformacdes em curso, ‘A burguesia vitoriosa estabelece, assim, um no- vo mpdelo de cidade, no qual os interesses dos varios grupbs dominantes — empresarios e proprietarios — esti parcialmente coordenados entre si, eas contradi- A CIDADE POS-LIBERAI ‘odes produzidas pela presenca das classes subalternas so parcialmente corretas. A liberdade completa, con- cedida s iniciativas privadas, é limitada pela inter- vengao da administracdo — que estabelece os regula mentos e executa as obras pablicas — maségarantida claramente dentro destes limites mais restritos. Da cida- de liberal se passa assim para a cidade pés-liberal. Este modelo tem um sucesso imediato e duradou- ro: permite reorganizar as grandes cidades européias (antes de todas as outras, Paris), fundar as cidades coloniais em todas as partes do mundo, e ainda in- fluencia de maneira determinante a organizacao das cidades em que vivemos hoje. ‘Vamos relacionar, rapidamente, os caracteres deste modelo, que j& podem ser comparados com 0 ambiente da cidade contempordnea. 1) A administracao piblica e a propriedade imo- Dilidria encontram um acordo: é reconhecido o espaco de pertinéncia de uma e da outra, ¢¢ fixado com exati- dao o limite entre estes dois espacos. ‘A administracdo gere um espaco que é0 minimo necessdrio para fazer funcionar o conjunto da cidade: necessrio para a rede de percursos (ruas, pracas, estradas de ferro etc.) e para a rede das instalagdes (aqueduto, esgotos, depois gas, eletricidade, telefone etc.), A propriedade administra o restante, isto é, os terrenos servidos por esta rede de percursos e de insta laces (tormados construiveis, isto é, urbanizados). A mesma administracao, se tiver de utilizar edificios ou 5738 ans puicnemmamrmmae aN aN en espa alter tais,j em col entre de dol tamey das di piblic Os pr do pel ria ur} perar pabli fundo} espag para tral, o sigdo goed Daixo rios das ni meérci a proy bs livres de interesse piblico, mas colocados em ativa com 0s usos particulares (escolas, hospi rdins), deve comportar-se como um proprietirio hcorréncia com os outros. Dai deriva a distin¢ao srvigos primarios e secundrios ) A utilizacdo dos terrenos urbanizados depen proprietarios individuais (privados ou publi jobre estes a administrac3o influi apenas indire te, com os regulamentos que limitam as medi ps edificios em relagdo as medidas dos espacos S, € fixam as relacdes entre edificios contiguos. prietdrios retém todo aumento de valor produzi o desenvolvimento da cidade (a renda imobilié- bana), portanto a administracdo nao pode recu: ‘0 dinheiro gasto para construir os servigos 8, mas deve considerd-los como pagamentos a perdido, se acha sempre em déficit. ) As linhas de limite entre o espaco pitblico e 0 ) privado — as frentes para as ruas — bastam formar o desenho da cidade. Ds edificios podem ser construidos: + sobre frentes de rua. De fato, no nticleo cen \de predominam as fungdes comerciais, a dispo- is conveniente éarua-corredor, canal detrafe- le desempenho das lojas situadas nos andares Todas as outras funcbes (residéncias, escrité- , situadas nos andares altos) estdo restringi- ste esquema realizado de propésito para o co- © para o trfego, e sofrem seus inconvenientes iscuidade, a falta de ar e de luz, os ruid Fig. 118344. Dois desenhos de Le Corbusier:a rua-corredor,etrés tipos de cidade orgartizadas sequndo o principio de rua-corredor: Paris, New York e Buenos Aires, Fig. 1185. Oprimeiro género de fabricagdo na cidade do século XIX: ‘93 casas na linha da.rua. Fig. 1186. O segundo gdnero de fabricagto na cidade do séeulo XIX: ‘@ pequena villa isolada. Dois desenhos didéticos de Godin, 1870: Figs. 1187-89, Um “cottage para os trabathadores”, projetado por ‘John Wood Junior e publicado em 1781, Fig. 1190. A periferia, formada por intimeras pequenas villas; dese- nko de Le Corbusier. B75 —afpstados das frentes de rua, Esta disposiglo Fig, 119188 Nove tipo de pequeas vias, de wn manual ingles permite fugir aos inconvenientes citados, mas faz di- minuir a intensidade e se torna conveniente somente na faixa periférica, onde predominam a residéncia. Para os fins residenciais, de fato, os terrenos podem ser explorados de duas maneiras economicamente quase que|equivalentes: com baixa densidade para as casas dispendiosas (as pequenas villas destinadas as classes abastadas) e com alta densidade para ascasas mais econbmicas (os edificios de muitos andares na linha da rha, destinados as classes mais modestas). Figs. 1200-202, Os bairros perifricos ingleses, construldoe confor: mes régulamentos de 1875; a vontade de desfrutar ao mdzximo o8 limites Fequlamentare produz @ wiformidade obsnsva devtes co {ma veal ' Ba a Figs. 1203.09, Plantas de casas em fileira de New York, modifica: das pelds sucessivos regulamentos da segunda metade do século XIX. (BR, quarto de dormir, K-D, cozinha-copa; P, sala de visitas) Plantasde cosas em fiir inglesas,conforme os reguamentos de 1875, 578 Bo ae ee ee see Figs. 1210-12, As instalagdes da cidade na metade do século XIX:a seco de uma rua de Paris (1853),a banheira alugada a domictio, fem Paris (gravura de Gavarni, reproduzida em La Grande Ville de ‘Balzac, em 1844), as obras de constructo do esgoto em Fleet Street em Londres (1845) 579 Livallgdelacaqua el Taigh Foghatara livello Fig. 1213. A estrada de ferro subterranea de Londres (reproduaida de 0 Universo Tustrado de 1867) Fig, 1214, Sccgto das margens do Témisa construldas em Londres de 1848 a 1865. Figs, 1215-17. A evoluedo do watercloset moderno. on; 2 ck ami om ie & 4) A periferia a ser organizada faz aumentar 0 custo dds moradias, e obriga a conservar um certo ntimero fle habitacdes precarias para as classes mais pobres; thnde a tornarse compacta, e nao deixa lugar aos manjufaturados por demais embaracadores ou que crescem| depressa demais (estabelecimentos indus: trias, arqnazéns etc.), Todos estes elementos sarios ap funcionamento da cidade, mas incompat veis comlo desenho até agora descrito — sao rechagados para uma terceira faixa concéntrica, o subiirbio, que é um mist de cidade ede campo e que éimpelida sempre para mais Jonge, a medida que a cidade cresce. 5) Alguns defeitos mais evidentes da cidade pos. liberal + a densidade excessiva no centro, a falta de moradia§ baratas — sao atenuados por alguns correti vos: os parques piblicos (que oferecem uma amostra artificial do campo, agora inalcangavel) e as “casas populards” construidas com o dinheiro pablico (com postas dé blocos na linha da rua ou de pequenas villas afastadds; Figs. 1219-23). Mas estes remédios per- manecerh insuficientes; 0 congestionamento e a crise das morgdias continuam ou pioram. 6) A cidade pésliberal se sobrepde a cidade mais antiga, eltende a destruila: interpreta as ruas antigas como rups-corredor, elimina os casos intermediarios entre utilizacao publica e privada do solo, e sobretudo consider os edificios como manufaturados intercam- biaveis, isto 6, permite demolisos e reconstrut-los (con- servandd as frentes fabricaveis ou entdo retificando- as e deslocando-as, para alargar as ruas). Mas esta destruicdo ésempre incompleta: respeitam-se os monu- mentos Hrincipais, as ruas ¢ as pragas mais caracteris- ticas, poxque destas coisas depende em grande parte a qualidade formal da nova cidade. Os edificios antigos —igrejat, palacios ete. — sao os modelos dos quais so tirados of estilos a usar para as novas construgdes, € sao manfidos na cidade moderna como num museu ao ar livre, flo mesmo modo que os quadros e as estatuas que se cnservam nos verdadeiros museus. A Hiresenca dos monumentos antigos e a estiliza. do dos nanufaturados modernos no bastam para compenspr completamente os desequilibrios da cida- de. A feiiira do ambiente normal aparece irremedivel; por isso,|a experiéncia da beleza se toma uma expe. rigncia ekcepcional, e as obras de arte sao considera- das uma espécie separada de manufaturados: so fa- bricadas|e julgadas por pessoas especiais (os artistas, 08 criticos de arte), sdo distribuidas num circuito sepa rado (pelos marchands de arte aos colecionadon so apretentadas em locais adequados (as exposicdes, 0s muselis), De fato, nos quadros e nas estétuas se conceritram as qualidades que faltam no ambiente comum, » pode-se experimentar, intermitentemente, a harmonih que se perdeu dentro do cenario da vida Fig. 1218. “Uma aldeia operéria, assim como a desejariao higienis- cotidian ta", de um manual Hoepli de 1906. Aiea eel 581 SAB INE Bo, = on ig, 1219, A aldeia operéri and Genetal Dwellings =f =! nl Fae een Figs. 1222.23, As casas operdrias apresentadas na Exposiodo Uni versal de Paris de 1878; as casas operérias-modelo realizadas em Pancras Road, Londres, em 1648. 2. conte comeril¢ administrative fontrie aa edna) 22 heir de haiarbeseletvar Geetagta central Maquina ¢. 1224, Esqiema ideal de cidade, extratdo de um tratado de Fig. 1225. A rede de ruas de Mildo, segundo o plano regulador de bantstice francesa de 1928. O tecido da cidade édiferenciado em 1984. E a érvore dos espagos piblicos que desempenhave tenta unif- ‘2 zonas, car @ periferia heterogénea que cresceu ao redor da cidade, ~ 7) Os especialistas necessarios para fazer funcio- nar a cidade devem aceitar um papel secundario, subor dinado & combinacao entre burocracia e proprieda- de, Nao devem discutir asdecisdes jé tomadas, mas ter ‘a competéncia para executé-las e a habilidade para tornélas aceitaveis. Por isso, conservase e acentuase a distingao entre técnicos e artistas, iniciada no século XVIL Os téenicos devem estudar, com 0 método cientifico, al: guns problemas particulares e bem circunscritos, mas nao os problemas de conjunto (por exemplo, o calculo das estruturas e das instalagdes, mas nao a distribui- cdo das fungées na cidade e no territério). Os artistas devem adaptar o aspecto exterior da cidade sem discutirhe a estrutura, porque o campo de seu traba. lho é considerado “independente” e nao ligado as ne Fig. 1226. Andromeda, Escultura em ferro-gusa executada pela companhia. Coalbrookdale, e apresentada na Exposicdo Universal de Londres, de 1851. Fig, 1227. 0 Atelier de Batignlles. De pé: Scholderer, Renoir, Zole, Maitre, Bazile, Monet; sentados: Manet e Astruc, Pintura de Théo ore Fantin-Latour. Figs, 1228.5). Trés “objetos de arte” apresentados na Exposicdo Universal df Londres de 1851: uma poltrona, uma consolle e uma cessidades cotidianas. As escolhas dos técnicos se tor- vinculadas e previsiveis, as escolhas dos artistas livres num campo marginal e nao-determi- nante; os|estilos extraidos dos monumentos e das obras antigas sao apresentados como outras tantas alternativas, a tomar e abandonar por motivos mais, ou menos convincentes, que nunca sao definitivos € , sao continuamente rediscutidos. Esta separagdo entre os aspectos “ténicos” “artisticos” do trabalho faz decair a integridade e, pois, também a qualidade formal da grande maioria dos objetos de uso: as “obras de arte” destacam-se como excecdes numa massa de objetos insignificantes evulgares, que as indastrias produzem em quantidade cada vez maior. De fato, a exeqllibilidade técnica, a conveniéncia econémica e a forma exterior foram con- troladas separadamente, eninguém controlouo produ- to como um todo tinico, Fig. 1281. 0 Palécio de Cristal”, onstruido por Joseph Paxton em Hyde Park phra a Exposigda Universal de Londres de 1851; gravu ra da época, Fig. 1232, Olinterior do “Palécio de Cristal” de Londres. Nest imobiliar esses do giados. A renda imol combinagao, os interesses da propriedade —parasitarios e contrastantes com osinte- pital produtivo — so claramente privile forma da cidade é a que toma maxima a iliaria urbana, isto 6, a maisrica dediferen- tro mais denso e uma periferia mais rala, dividida en setores de carter diverso), mesmo que resulte ser jneficiente e dispendiosa. O mecanismo ur- bano est4|sempre congestionado, porque os apare- Ihamentos piblicos — ruas, instalagées, servigos — so sempre inguficientes, ao passo que a exploragao dos terrenos particulares alcanga ou supera os maximos, fixados pelbs regulamentos. Mas estes inconvenientes, téenicos e écondmicos s40 compensados por uma van- tagem politica decisiva: de fato, as dificuldades da vida urbarla oneram de modo mais pesado as classes mais fracds, ¢ a cidade se torna um grande aparato discriminante, que confirma o dominio das classes mais fortts. A burguesia toda tem interesse em privilegiar seu setor afastado, para tornar automa tico este seu aparato: cuidando de seus interesses, a propriedade imobilidria defende os interesses gerais da classe dominante. Exarhinemos agora o exemplo mais importante: ‘cas (um ce} Fig. 1294, Planta de Paris eth 1853, antes dos trabalhos de Hause. a transformacdo de Paris durante o Segundo Império, de 1851 a 1870. Uma série de circunsténcias favoraveis — os poderes muito extensos do Imperador Napoledo III, a capacidade do Prefeito Haussmann, o alto nivel dos técnicos, a existéncia deduas leis muito avancadas: lei sobre a expropriacdo de 1840 e a lei sanitaria de 1850 — permitem realizar um programa urbanistico coeren: te num tempo bastante curto: assim, a nova Paris demonstra o sucesso da gestiio pés-liberal, e se torna 0 modelo reconhecido por todas as cidades do mundo, da metade do século XIX em diante. A transformagao de Paris compreende: a) as novas ruas tracadas no conjunto habitacio- nal existente e na faixa periférica. A velha Paris —no cinturdo alfandegario de 1785 — compreendia 384 qui- Témetros de ruas; Haussmann abre 95 quilmetros de novas ruas, que cortam em todosos sentidos o organis- mo medieval e fazem desaparecer 50 quilémetros de ruas antigas. Esta rede vidria — que compreende as avenidas barrocas e as insere num conjunto coerente — prolonga-se na periferia, onde Haussmann abre outros 70 quilémetros de ruas; 589 Fig. 1240. As demoligdes para a abertura da Rue de Rennes (3 direita pode-se ver a Igreia de Saint Germaindes-Prés). Gravura publicaca em Lllustration, em 1868. Fig, 1241. Vita a v60 de péssaro do boulevard Richard Lenoir (1863) Fig, 1242, Espuema dos grandes trabalhos de Haussmann em Po- ris: em preto bairras, ers cos: 0 Bois esquerda). fas navas ruas, em tracejado quadriculado os novos eejado horizontal 08 dots grandes parques perifei fe Boulogne (a esquerda) ¢ 0 Bois de Vincennes (d 4) 08 novos servicos primarios: 0 aqueduto, o es- goto, a instalacao da iluminacaoa gas, a rede de trans- portes pibllicos com os énibus puxados a cavalo; cos \s novos servicos secundarios: as escolas, os hospitais, ps colégios, os quartéis, as prisdes, esobretu- do os parques piblicos: 0 Bois de Boulogne a oeste da cidade, o jis de Vincennes a leste; d)a hova estrutura administrativa da cidade: 0 cinturao \ifandegario do século XVIII € abolido, e uma série fle comunas periféricas so anexadas & Co- muna de faris, A cidade se estende, assim, as fortifica- Ges externas (para um total de 8.750 hectares) e é dividida efn 20 distritos — arrondissements —parcial- mente auténomos. Este| programa vem a custar uma soma exorbi- tante: doig bilhdes e meio de francos, que séio tomados emprestados aos bancos. Mas neste periodo a popula- Go de Patris se duplica — de 1.200.000 para dois mi- Thoes — ¢ a renda da Comuna de Paris se torna dez vezes maipr; assim a Comuna pode ter um balango em_ passivo, dividas. adiar para o futuro 0 pagamento de suas Fig. 1243. A nove divisao de Paris em 20 arrondissements; em preto, o antigo cinturdo alfandegdrio do séewlo XVII Fig. 1244, Planta de Paris em 1873 (do Guia Hachette) 593 Fig. 1245-46, Fotografia aérea do centro de Paris como & hoje; planta da érea urbanizada ao redor de Paris (a linha tracejada indica o8 limites do departamento do Sena. Haussmann procura enobrecer o novo ambiente urbano com os instrumentos urbanisticos tradicio nais: a busca da regularidade, a escolha de um edificio monumental antigo ou moderno como pano de fundo de cada npva rua, a obrigagio de manter uniforme a arquitetura das fachadas nas pracas e nas ruas mais importantes (por exemplo, a Place de PEtoile). Mas a enorme extensdo dos novos espacos ¢ o tréinsito que os estorva impede de percebé-los como ambientes em perspectiva: os varios espacos perdem sua individuali- dade e fluem uns nos outros; as fachadas das casas se toram um fundo genérico, ao passo que os aprestos das ruas ue sao vistos em primeiro plano — os faré 08 banco$ de jardim, as ediculas, as arvores — se tornam mjais importantes; o fluxo dos pedestres ¢ dos veiculos, que muda continuamente, transforma a cida- de num espetaculo sempre mutavel. Eo ambiente des- crito pelok escritores realistas — Flaubert, Zola — e reproduzido pelos pintores impressionistas, Monet Pissarro (Figs. 1259, 1273, 1274); 0 vulto da metropole moderna, onde entre milhdes de outros homens Baude- laire se sete sozinho; de fato, é um mecanismo indife- rente, qu¢ desempenha centenas de milhares de am- bientes particulares, onde podem desenrolar-se um, Fig. 1248, Vista aérea de Paris, gravada por ocasido da Exposigdo Universal de 1889; ao centro, de flanco, os Champs-Blyaées ¢ 0 Louvre, sem-nimero de experiéncias individuais. Os ambien: tes privados e os pablicos — até agora sempre ligadose misturados — na cidade burguesa se tornam con- trapostos entre si: de um lado, as casas, os laborat6- ios, os esttidios, os escrit6rios, 0 mais possivel isola. dos entre si, onde pode-se imaginar penetrar somente por meio de magia, com a ajuda de um deménio que descubra os telhados (como conta um escritor da épo- ca); também os espetculos e as ceriménias coletivas adquirem caréter e distingdio em pequenos ambientes fechados — os teatros, os “saldes" — que nao tém qualquer proporedo com o tamanho da cidade (0 novo Teatro da Opéra de Paris tem pouco mais de 2.000 lugares, ao passo que a cidade tem dois milhdes de habitantes; comparam com a antiga Atenas, onde quase toda a populacdo podia entrar no Teatro de Dio- niso). Do outro lado, ha a “calcada”, a “via piblica”, onde cada um se mistura necessariamente com todos, 8 outros endo é mais reconhecido. Todas as diversida. des e as excentricidades dos individuos e dos grupos podem ser cultivadas no labirinto dos ambientesinter- hos, ao passo que se perdem ao sair para a rua, onde uma multiddo de pessoas se encontram e se ignoram entre si Fig. 1249, Outra vista aérea de Paris em 1889; ao centro, de flanco, ‘ainda a Avenue des Champs-Elysées, desde a Place de la Concorde ‘até 0 Arco do Triunfo, risiense, construido na época de de 1858) as duas plantas ‘x lojas, ¢ um dos andares Fig. 125051. Um pico Fig. 1252 condigdes ro no anda} rimeiro ‘apertada ‘andar(um 8 velhos Figs. 1253, todos 0 ac tas aprese das. Nest secedo de um palécio parisiense em 1853, mostrando as ls inquilinos, nos diversos andares: a familia do porte térre0; 0 casal de ricos burgueses que se aborrecem no 3; @ familia burguesa média que vive um pouco mais ‘segundo andar; os pequenos burgueses no terceiro eles recebe a visita do senhorio)os pobres, os artistas e bs sétdos; eo gato, no telhado. Nos “interiores” da cidade bur mntecimentos eos dramas particula tam como as tnicas realidades digr tr figuras, algumas ilustragdes de Fourier para Mada- ‘me Bovary de Gustave Flaubert: a Madame Bovary segura.a filha 0 colo, da esposa morte, co dormer. ‘casa da ama-de-leite; Charles Bovary encontra a carta lque anuncia 0 suicidio; Madame Bovary no leito de ‘0 marido que chega, 0 padre, e Monsier Canivet que BS Dois exemplos de decoracao de fins do século XIX: Fig, 1236. A decoragdo de uma sale de estar, desenhada por Bruce Talbert er 1869 ‘ig. 1258. Planta da Opéra de Paris, projetada por Charles Garnier fe constfuida em 1861 a 1875. A sociedade européia est fascinada e perturba da por este ambiente novo, contraditério. A técnica modetna produziu, finalmente, uma nova cidade, mas, ¢m vez de resolver os antigos problemas, abriu outros, inesperados ‘A nova cidade, por feia e incmoda que seja, € aceita como modelo universal porque nao tem alterna 598 Fig. 1257. A decorapto de uma sale de visitas, desenhada por Edward Godwin e publicada no eatélogo do movelheiro William Watt, de 1877 tivas: os intelectuais recordam saudosamentea cidade do passado longinquo e os politicos revoluciondrios nao tém interesse em deserever a cidade de um futuro distante. Neste cenério, os elementos da civilizacdo industrial finalmente tomam vulto e podem ser con- frontados entre si. Os novos problemas abertos se tor- nam as tarefas a enfrentar no futuro préximo, nema 2 é § q & 3 i oH 2 z 2 aérea da Etoile e do bairro circunstante. Fig. 1262. Vista Dois edificios piblicos de Paris, construidos na linha da rua: Fig. 1268. A prisdo de Santé (1864) ‘Fig. 1269, Um edificio publico de Paris construldo longe da linha da rua, como um conjunto de pauilhtes separados: 0 hospleio para ancidos de Sainte-Perine (1861). Os dois modelos principais de | fabricagdo da cidade pésliberal determinam também a tipologia dos edificios pablicos. 1.1270. Oambionte promiscuo da “via piblica” em Paris (largo 1.72. Dois parques pliblicos parisienses realizados pelo ‘0 Buttes Chaumont e o Pare Montsouris. Figs, 1271-72. ‘Segundo Império: 603 «1273. O Bohlevard des Capucins; pintura de Claude Monet Fig. 1274. A Estaco Saint-Lazare; pintura de Claude Monet (1877) 79) és ambienfes_piblicos cobertos, de Paris: Fig, 1275, O interior das Halles Centrales, projetadas por Victor Fig. 1278, A circulacdo da Rue Richelieu, numa fotografia de 1904 ‘Trés aspectos das ruas de Paris: Fig. 1279,|0 Boulevard du Temple, Fig. 1280. 0 Pare Monceau. 605 Js grandes arranjos de Paris em escala urbana Ye 181. As Hales Coan see 4 Fig. 1284, O centro de Viena na segunda metade do século XIX, aepoia do arranjo do Ring. Fig. 1285. 0. tracejado as ranjo do Ring em Viena;em preto as novas ruas,em nas verdes. Fig. 1286, Vista area do centro de Viena, hoje. Cf.com as Figs. 1067-71. Vam| segunda ny} Nenl neira tao c mo antigo| da cidade onde o ten ria barroc (Fig. 1289) 1864; Bare} num proje} Ao c 1302) podi nova prax xados & nf a a aac, s considerar agora as outras cidades da jetade do século XIX. juma cidade européia se transforma de ma. pmpleta e coerente como Paris, eo organis: \determina em ampla medida a fisionomia Imoderna: vejamos Viena (Figs. 1283-86), no livre entre a cidade medieval e a perife- € urbanizado a partir de 1857; Florenca que se torna a nova capital da Italia em Jona (Fig. 1288), que ¢ ampliada com base Jo de 185: bntrério, as cidades coloniais (Figs. 1289- ym ser realizadas seguindo rigidamente a urbanistica (os centros indigenas sao dei- largem, ou destruidos, porque sao absoluta- mente heterogéneos); elas resultam portanto mais po- bres e monétonas, mas revelam mais claramente 0 cardter dos mecanismos importados da Europa. O modelo europeu pode ser imposto, por volta do fim do século, também para as cidades americanas (Figs. 1303-1310), onde o modelo tradicional em tabu- leiro (descrito no Cap. 10) funciona durante todo o sécu- lo XIX, mas as periferias de casas unifamiliares aumentam e os centros comerciais sao construidos novamente com velocidade crescente. Projeta-se cor- tar o tabuleiro por meio de uma rede de grandes ruas, inserir os parques piiblicos e arranjar os ambientes centrais como grandes composicdes arquiteténicas unitarias. Mas obtem-se somente modificacdes par- ciais: a rigida estrutura tradicional se revela muito dificil de mudar 607 ‘&:1287. Oartanjo de Florenga capital da Itdlia (de 1864 a 1871); Fig. 1288. 0 arranjo de Barcelona, projetado por Ndefonso Cerda, n preto as nolas ruas, em tracejado cruzado as zonas verdes. Cf. em 1859 ‘mas plantad de Florenca, reproduzidas no Cap. 7. Fig, 1289, Manta de Fez, no Marrocos; a cidade européia foi cons- ‘ruida ao lak claramente Fig. 1290. franceses rio Segundo Império, da cidade Grabe (v. as Figs. 498-499) e se distingue Hesta. Campo inta de Dakar, a capital do Senegal, planificada pelos -; Sie WN > se Xx de Dainy,construidana Manchdria por volta de Fig. 1295. ‘fui 0 con} distancia, intdo, 0 porto principal da China Meridional para onde ‘rio dos europeus (que ceupam hd séculos, a curta ‘base naval de Macau). Podem-se reconhecer a cidade chinesa, com as ruas em tabuleiro eo cinturdo de muros, eos dois bairros de apliacdo,ao sul ea oeste,construldos ds pressas segun- do tragadod irregulares Fig. 1296. Ph histérieo co Fig. 1298 segundo os ver dos aul iquim, a capital do império chinés; planta do niicleo ‘8 principais monumentas, wim; uma avenida da cidade contempordnea, tragada ios europeus (mas percorrida pelos pedestres, em. jvc, 611 ‘igs, 1290300] Xangai, vista aérea e planta com a indicapto das concessdes” duropéias, Na foto aérea, ao centro a concessdo ingle- jf aeé direita dma parte da cidade chinesa. 4g. 1301. Xangai, vista de um parte do bairro europeu, ao longo do “io Tang Tee \w. 1902. Fotagrafia de uma rua de Xangai no tempo da ecupacto uropéia; os aitoméveis se misturam ao trdnsito tradicional no spaco indiferente da rue-corrido. ‘ig, 1908-304] As transformagBes de uma cidade americana no sécir jf ilustrada na Fig. 1030): a reconstrugdo do centro Figs, 1308-306] A primeira tentativa de reordenar o organism de transformacéo:o plano regulador de Burnham ® Bennett em 1912, com a rede das novas ruas principais, sobrepos ta.a0 tabuleirp tradicional. fe Figs. 1307-308. Os arranha-cou lizados na extremidade meri. dional de Manhattan, do fim do século XIX em diante; 0 estilo da construgdo — tradicional ou moderno — ndo modifica seu caréter arquitetonico e urbantstico. 7 = ‘ir st : Fig. 1909, Uma porcao de periferia, onde cada familia mora numa casa individual (Houston, Texas) Fig. 1910, Uma nova auto-estrada em construedo, no nicleo de wma ia: Fh ‘cidade americana (Boston). 614

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