A TARDE SADADOR TaRgaaRIRA. 74/2015 Empresas estatais: quando o supervisor é o supervisionado Paulo Modesto Professor de Direito Administrativo da Ufba, membro do Ministério Piblico da Bahia =, urgente debater com seriedade a pre- setae mints de Esato sere trios de Estado e secretérios munt- ipais nos conselhos consultives ou con- selhos de administracéo das empresas es- tatais. O presidente da Republica exerce, com © auxilio dos ministros de Estado, a di- reco superior da administracdo federal (Art, 84 da Constituigio Federal), Diresdo superior significa atribulgao de fixer po- Iticas, estabelecer orientacdes gerais, no- mear, exonerar e supervisionar dirigen- tes, controlar atos praticados pelos 6rgios ¢ entidades ou revisar contratos, segundo os limites da lei. (Os poderes de directo dos ministros sfo mals amplos e gerais perante a adminis- tracéo direta (6rgaos hierarquicamente vin- culados) e menos amplos e dependentes estritamente da lei, quando exercidos pe- ranie entidades estatais da administragio indireta (autarquias, fundagdes governa- ‘mentafs, empresas puiblicas, sociedades de economia mista). De qualquer forma, cabe 20s ministros de Estado (e seus equivalentes nos estados € municipios por simetria) orientar e con- trolar, So autoridades as quais os diri- gentes de érgios superiores da adminis- fracio e das empresas estatais prestam contas diretamente, inclusive para’infor- mar sobre o cumprimento das politicas pilblicas. paradoxal que os ministros de Estado figurem nos dois polos da relagio de su- pervisio ministerial: como érgios de con- frole e como érgéos controlades. No en- tanto, 6 0 que ocorre com frequéncia no Brasil: ministros sio nomeados para con- selhos administrativos para elevar a retri- bbuicio de seus cargos ou para ampliar a interferéncia direta sobre entidades e, na sequéncia, sio os responséveis por avalizar que as mesmas decisdes tomadas pelos conselhos das estatais sintonizem com as politicas publicas, a moralidade e o inte- esse geral No conselho, diluem a sua autoridade, sujeftando-se 2 deliberacio colegiada, ou TE desequilibram com o sew poder o debate interno de alternativas administrativas; no cargo de supervisio, omitem-se de exercer ‘controle *a posteriori’, porque vinculados ‘4 decisao de que participaram. Essa pratica disseminada também em estados e mu- nicipios, a0 contrério de toleravel, € in- constitucional, porque toma ineficaz o Art 84 da Constituicdo Federal: 0s ministros, ‘como conselheiros diretos das entidades estatais supervisionadas, desatendem & funcio essencial que thes foi confiada de auxiliar o presidente da Republica na di- rego supetior da administracio. ‘Ademais, como os interesses econdmicos das empresas estatais podem nao coincidir com o interesse puiblico, a participagao dos ministros e secretarios estaduais e munt- cipais nos conselhos das estetais pode en- sejar situacdo tipica de conflito de inte- esses (lei 12.813/2033, Art. 5%, VIL: "prestar servigos, ainda que eventuais, a empresa ccuja atividade seja controlada, fiscalizada ‘ou regulada pelo ente ao qual o agente ptiblico esté vinculado". ‘A omissao ou a leniéncia na fungao de supervisio ministerial € fato gravissimo. ee oe controle administrative interno. A fiscali- zaco das empresas estatais, sobretudo as de economia mista, alertou 0 ex-ministro Jorge Hage, excede as atribuigdes da Con- jadoria Geral da Unizo. Portanto, no am- bito da administracdo federal, o tinico con- trole administrativo interno a que as em- ppresas se submetem — fora de suas proprias estruturas ~ é a superviséo ministerial Mas se os ministtos séo capturados pare © conselho das proprias empresas, assu- mindo a responsabilidade pela decisio to- mada na origem, toda a responsabilidade do controle interno subsequente ver a re- pousar no colo do presidente da Reptiblica, © que no € minimamente razodvel, mas © que decorre juridicamente dessa situagio em que o auxiliar controlador é ao mesmo cones ogee comes Bes ote 6 ema deste governo ot de anteriores. £ Ein aranjoinsttoclonal que alo 9e pode mais tolerar. Paneer