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amazon (0 25de Abril eas mexangas nos Segures | Oje E O 25 de Abril e as mudangas nos Seguros ‘Ana Santos Gomes / OJE 2014/04/16 23h21 No 40.° aniversario da Revolugao de 25 de abril de 1974, Ruy de Carvaiho, o primeiro presidente da Associagao Portuguesa de Seguradores, e Luis Redondo Lopes, o primeiro presidente do Instituto Nacional de Seguros, recordam os principais momentos vividos pelo setor no tempo da revoluao e 0 seu impacto na evolugao das companhias e do préprio mercado segurador ‘A Império, a Tranquilidade © a Mundial figuravam, no inicio de 1974, no Top 3 do mercado segurador nacional, Um mercado vasto, com mais de 80 companhias, com algum grau de dispersdo comercial, mas onde se destacavam os principais grupos econémicos portugueses de entdo. O Grupo CUF detinha a Império — uma das poucas companhias nascidas no perfodo salazarista — que mantinha a par com a Sagres e a Universal. © Grupo Champalimaud contava igualmente com trés ‘companhias na sua carteira - a Mundial, a Confanga © a Continental de resseguros. O Grupo Pinto Magalhes, por seu tuno, detinha a Mutualidade, a Soberana ¢ a Alianga Madeirense. As miltiplas presengas de companhias no seio dos principals ‘grupos econémicos portugueses revelavam alguma resisténcia fusdo de marcas. Mas hava explicagdo. ‘Naquela altura era muito difcll obter autorizagao para abrir uma companhia de seguros, por isso o alvard era algo valioso’, recorda Ruy de Carvalho. “A medida que cada grupo comprava mais uma companhia, mantinha-a em carteira, presenvando esse alvaré", explica aquele que vria a ser o primeiro presidente da Associagao Portuguesa de Seguradores. Todas os bancos estavam, de uma forma geral, presentes no setor segurador. “Nao em bancasseguros, como hoje, mas detendo companhias, de forma tradicional’, lembra Redondo Lopes, enumerando alguns exemplos. “O Grupo Espirito Santo tinha a Trangullidade, o Grupo Borges e mao tinha a Atlas, o Banco Nacional Ultramarino tinha a Fidelidade,..." Portugal ccontava, entdo, com mais de duas dezenas de companhias de capital exclusivamente portugués, mais perto de uma dezena de ‘companhias de capital portugués e estrangeiro, com sede em Portugal, a que se juntavam mais de 40 agéncias de companhias, estrangeiras. ‘A banca nao vendia seguros... oficialmente. Os segutos eram yendidos através de mediadores ¢ corretores. "E depois hava pnw oe ppl 25-e- abe as-mudancas-nos-seguros 1 amazon (0 25de Abril eas mexangas nos Segures | Oje uma outra figura de agentes, muito pouco profssionais, que angariavam clientes © multas vezes nem sequer sabiam preencher uma proposta’, relata Redondo Lopes. Apesar de regulamentados, os pregos néo eram tabelados, por isso cada companhia fazia os seus tarifarios. Mas conta Redondo Lopes que “hava umas zonas cinzentas nas tarifas © alguns técnicos conseguiam ‘explorar isso multe bem". E Ruy de Canalhe lembra mesmo a prética comum na época de “inscrever 0 proprio segurado como agente para que ele benefciasse no seu contrato do desconto concedido a mediadores © seguro automével obrigatério Ruy de Canalho estava hé 19 anos na companhia Garantia, no Porto, quando se deu a Revolugdo de Abril. Era diretor da ‘companhia, que tinha sede na Invicta. J4 Redondo Lopes tinha entrado em setembro de 1973 para a Mundial, onde era responsavel pelos sinistros graves do ramo automével. No Porto e em Lisboa, ambos assistem ao inicio daquele que wria a ser um periodo de grande agitacao @ Instabilidade no setor. "Ninguém sabia o que ia acontecer’, diz Ruy de Canalho. "Depois do 25 de abril 0 primeiro governo prowsério surge em maio, 0 segundo em julno € 0 terceiro em setembro. Toda esta instabilidade tinha impacto em todos os setores © numa ativdade de médio e longo prazo, como os seguros, 6 0 pior que pode acontecer’, sublinha, Com 0 terceiro govemo provisério em exercicio, no final de 1974, é criado um grupo de trabalho para estudar a introdugao do Seguro obrigatério de responsabilidade civl automével, que era ainda, por essa altura, um seguro facultative, embora de procura ‘considerdvel. “Era tudo tao confuso que nem sei onde funcionou esse grupo", diz Ruy de Canalho. Lembra-se, no entanto, que ouco antes da revolugdo © Grémio de Seguradores — a entdo associagdo patronal do setor — haia conclude um estudo sobre (© seguro automével obrigatério, que nao chegou a ser implementado. "Presumo que por essa razo tenha sido chamado um ‘elemento do Grémio a participar nese grupo de trabalho, mas também ndo chegou a avangar-se com 0 seguro obrigatério de responsabilidade civil automével’ Os gowemos sucediam-se, 0s grupos de trabalho também @ os projetes que se queriam estruturais revlavam-se quase sempre temporérios e, nao raras vezes, inacabados. A mudanga surge de imediato, ainda no final de 1974, com Melo Antunes a liderar um Programa de Politica Econémica e Social. “E criado um grupo de trabalho, onde participam Melo Antunes, Maria de Lurdes Pintassilgo, Rui Vilar, Vitor Constancio e Silva Lopes, Mas este programa estava envenenado desde o inicio porque © primeiro- ministro, Vasco Gongalves, que tinha criado © grupo, fez sérias resenas o facto de ter sido escolnido Melo Antunes para coordenar’, aponta Ruy de Carvalho. ‘Abrangendo todos os setores de atividade, 0 programa tracou para o setor segurador trs objetivos concretos: avaliar a ‘capacidade de financiamento do setor, saber como era feita a fiscalizacao dos seguros conhecer as bases técnicas da atividade. Para cada um destes objetivos foi criado um grupo de trabalho, tendo Ruy de Canalho participado no grupo de avaliou a capacidade de financiamento do setor. “Nao sei onde param 08 estudos, néo tenho cépias de nada, mas lembro-me ‘que chegamos & conclusdo que 0 setor era wave", confirma. E de seguida, nova constatagdo: “Perdeu-se algum tempo a fazer tudo Isto e fel bastante indtil porque depois weram as nacionalizagées" ‘Ainda assim, ficam para a histéria as medidas preconizadas na versao final do plano tragado para o setor segurador: reforgar a fiscalizagdo dos seguros; rever as bases técnicas e ragras de caucionamento (que respondiam elas responsabilidades ‘assumidas pelas companhias); estabelecer um novo plano de contas para a ativdade seguradora; inclusdo dos acidentes de trabalno na Seguranga Social; e regulamentagao da mediago de seguros. Sublinha agora Ruy de Canalho que “em nenhum sitio daquele plano se fez qualquer aluso, sugestao ou proposta de nacionalizagéo". Mas fol o que aconteceu As nacionalizagées ‘Com ou sem 25 de abril, o mercado teria que se racionalizar’, avanga Redondo Lopes, para explicar que as mudangas no ‘setor iriam sempre acontacer, ainda que a revelugdo nao tivesse ocorrido, "Hava companhias que nao poderiam sobrevver muito mais tempo sozinhas © os grandes grupos econémicos estavam jé a preparar as fusdes das suas companhlas quando se deu a revolugao’. A lei previa um capital social minimo de 20 mil contos e nem todas conseguiam cumprir esse requisito, porspetivando-se jé a sua aquisi¢go por parte de operadores de maior dimensao. “Por essa altura tinhamos companhias com administragdes muito profissionais, outras nem tanto. E algumas gestées eram mais modernas, outras mais conservadoras, Hava de tudo. Jé os investimentos eram muito pouco diversificados. Geralmente nao iam além de prédios, titulos do Tesouro (porque eram obrigatérios) & ouro nos coffes dos bancos. O mercado de ages era muito limitado @ com grande oscilago" relata Redondo Lopes. © golpe de 11 de marco de 1975 via a ditar, entdo, grandes mudangas na economia nacional. A 13 de marco é nacionalizada a banca © a 15 de marge o selor segurador. AS companhias estrangeiras permanece intocdvels. “Naclonalizou-se 0 capital detido por portugueses, ou seja, nacionalizaram-se as agdes das companhias que eram detidas dos portugueses, que em algumas companhias correspondiam @ totalidade da empresa’, constata Ruy de Canalho. As administrag6es cessaram, logo, pnw oe ppl 25-e- abe as-mudancas-nos-seguros 24 amazon (0 25de Abril eas mexangas nos Segures | Oje ‘cessaram fungdes todos aqueles que desempenhavam fungdes de administradores executivos. “Na época, os conselhos de _administrago no funcionavam como alualmente. Os primeiros responsévels executives, que trabalhavam todos os dias na ‘companhia, eram os seus administradores. Com as nacionalizagdes, num fimdessemana salram do setor mais de 100 responsaveis de primeira linha. Calcule-se as consequéncias", evoca o entdo diretor da Garantia. Estas administragées cessantes foram rapidamente substituldas por comissées administrativas provisérias (CAP), a quem foi ‘entregue a gestdo das companhlas nacionalizadas. Conta Redondo Lopes que “O Governo pediu aos sindicates que nomeassem, para cada companhia, 1r8s, quatro ou cinco pessoas que formassem a CAP. Geralmente eram escolhidas pessoas {que estavam nessa companhia para formar a respetiva CAP, mas houve casos em que veram pessoas de outras companbias. Howe casos paciicos e outros nao. E houve casos de saneamentos de quadros. Alguns weram a ser resolvidos mais tarde, no Instituto Nacional de Seguros, com reintegragées" Liberdade? ‘AT de Abril de 1975, 0 Governo nomela uma Comissio de Coordenacao © Reestruturagdo da Indistria Seguradora (CORIS), ‘que apresentou varios projetos de reestruturagao do setor. Alguns revelavam-se bastante radicals, prevendo, por exemplo, ‘acabar com grande parte das companhias existentes, com o intuito de formar companhias especializadas. Assim nasceu um projeto para a criagao da Segal, especializada em seguros de acidentes de trabalho, outro para a criagaio da Segauto, especializada no ramo automével, entre outras. "Era um modelo que igorava nos paises da cortina de ferro © aqui deu lugar a mais momentos de grande perturbagdo no setor’, recorda Ruy de Canalho. Uma das primeiras decisdes da CCRIS fol proibir as transferéncias de apélices de uma companhia para outta, o que obrigava cada cliente a permanecer fiel 8 companhia que havia contratado. “E era a época da liberdade'’, ironiza Ruy de Carvalho. ‘Queria evitar-se que 0s seguros salssem das companhias nacionalizadas para as estrangeiras’, explica entao Clientes novos, por seu tumno, também no apareciam. “A atividade econémica estava praticamente parada’, lembra Redondo Lopes. "Nao havia um tostao de investimento. S6 viamos empresas a fechar’, conta. “E discutia-se tudo. Estaam sempre a acontecer plenérios para discutir alguma coisa", acrescenta. “Em Lisboa faziam-se muitos plendrios no auditério do antigo Banco Borges, nos Restauradores, com todos os membros das CAP © com os delegados sindicais. Por cada cabega, um veto. E ali discutia-se tudo’, relata Redondo Lopes. Ainda assim, 0 antigo responsavel da Mundial garante que a atividade seguradora continuou a funcionar sem grandes perturbagées. “Os sinistros continuavam a ser regularizades, as indamnizagdes continuavam a ser pagas. E este acabou por nem ser um setor muito afeteds por paralisagées", ressalva Redondo Lopes, “Mas toda a socledade portuguesa va numa interrogagao. Nés deitavamo-nos sem saber como ia estar o pals quando acordassemos” ‘A 21 de Junho de 1975 & decretada a extingdo do Grémio dos Seguradores © coube a recém-criada CRIS gerir a liquidagao do Grémio, que interinamente assumiu a designagdo de Secretariado dos Seguros. Mas a propria CCRIS no sobreviveria muito mais tempo, sendo 0 seu tltimo relatério datado de Dezembro desse mesmo ano. Diz Redondo Lopes que “a CCRIS fica ferida de morte com 0 25 de Novembro, que veio clarifcar a situacao politica em Portugal’ © Instituto Nacional de Seguros A183 de Janeiro de 1976 6 entao nomeada a comissao instaladora do Instituto Nacional de Seguros (INS), consagrada no decreto-lei n.° 11-B/76, Assumir a coordenagao técnica de toda a ativdade seguradora, bem como a defini¢do de planos de ‘evolugéo estrutural do setor eram os objativos tragados para essa comissao instaladora. Portugal conhecia nessa época o VI Governo Provisério, liderado por Pinheiro de Azevedo. A pasta das Finangas era conduzida por Salgado Zenha, que entregara a Secretaria de Estado do Tesouro a Artur Santos Silva © @ Sub-Secretaria de Estado dos Seguros a Firmino Racha. ‘Foi, alds, ‘Unica ocasie em que tivemos um sub-secretétio de Estado dos Seguros", sublinha Redondo Lopes. © Instituto Nacional de Seguros nascia também para assegurar senvigos inter-seguradoras que jé existiam antes do 25 de Abii mas que com a extingao do Grémio haviam transitado provsoriamente para a CCRIS @ agora encontravam-se érfios. "Era preciso tratar do certiicado intemacional de seguro automével, de questées ligadas & cdmara de arbitragem de sinistros automével, do acordo agricola inter-companhias, do "pool” atémico, entre outros’, exempliica Redondo Lopes. Por essa altura, preparava-se a transigao das CAP nas companhias para 0s futuros conselhos de gestdo, que iriam ser nomeades para conduzir os destinos das respetivas companhias em mandatos de 3 anos. Legistar om pro! dos sogurados pnw oe ppl 25-e- abe as-mudancas-nos-seguros a amazon (0 25de Abril eas mexangas nos Segures | Oje ‘A comissao instaladora do INS conclui os estatutos em apenas 6 meses © 0 Conselho Diretivo do INS toma posse em Jtlho de 1976. Luis Redondo Lopes foi escolhido para presidente. Ruy de Carvalho assumiu a vce-presidéncia Todas as semanas eram realizadas reuni6es com os conselhos de gestéo das companhias nacionalizadas, que representavarn, ‘final, 80% do mercado portugués de seguros. “Tinhamos o poder de emitir normas que as companhias eram obrigadas a ‘cumprie’, explica 0 histérico presidente do institute, "mas nao tinhames poder de inspecao" Uma das primeiras medidas tomadas pela equipa do INS foi a de voltar a autorizar a transferéncla de seguros. “Levou tempo! cconstata Ruy de Carvalho. “A liberdade total sé fol consegulda alguns anos depois", aponta. Multos projetos de legislagio do setor deixaram de ser apresentados pela Inspe¢ao Geral de Seguros e acabaram por nascer no selo do INS. "Nos tinhamos 2 nosso favor o facto de sermos todos antigos diretores de companhias. Conheciamos bem o setor e tentévamos repor alguma ‘ordem, acalmar os animos e entrar numa gestdo mais alheia da politica’, esclarece Ruy de Canalho. Muitos conselhos de {gestao acabarm por pedir, espontaneamente, © apoio do INS para a resolugdo de dificuldades intemas. “Podiamos ter tido a veleidade de tomar decis6es de cardcter politico © nunca o fizemos', refere Ruy de Carvalho, "E sempre que mudava 0 Govemo colocdvamos de imediato os nossos lugares & disposigao", acrescenta Redondo Lopes. Thera ainda os membros do institute de se bater contra ideias a que se recusaram a dar seguimento, Conta Redondo Lopes {que no Ill Govemo Constitucional, liderado por Nobre da Costa, Manuela Morgado uis tirar © negécio do Ramo vida a todas as ‘companhias € criar uma Gnica companhia do ramo vida. “Com toda a lealdade informémos esse Governo, que estava de saida, {que logo que tomasse posse now secretario de Estado pediriamos a revogagao desse despacho. E assim foi’, confirma Redondo Lopes. O despacho seria, entdo, revegado por Anténio de Almeida, jé no N Governo Constitucional Terminado 0 primeiro mandato de 3 anos, Redondo Lopes deixa o INS em 1979. Ruy de Canalho acabaria por ficar até 1982, tendo participado nos projeto de integrago da Inspecdo numa nova instituigo, & qual eram retiradas todas as ‘competéncias que normaimente eram desempenhadas por uma associagao patronal. "O Governo nao podia obrigar as empresas a ctiar uma associagao patronal, mas podia dizer que o instituto deixava de exercer aquelas fungbes. E as companhias nacionalizadas entenderam que efetivamente fazia falta uma associago’, recorda Ruy de Carvalho, que estava prestes & regressar a Garantia quando @ convidado para assumir a presidéncia da futura associarao Portuguesa de Seguros. “Tinha a vantagem de nao vir diretamente de companhia nenhuma. Tinha estado seis anos no instituto, logo mantinha-me neutro", destaca, Othando para trés, Redondo Lopes ndo hesita em considerar que “houve uma evolugdo notivel neste setor por grande mérito das pessoas que trabalham nos seguros”. O histérico presidente do INS acredita que se “fez muito a favor dos segurados ¢ dos terceiros”, A evoluglo é inegavel”, alega. “Houve uma grande evolugio nos produtas. E olhe-se bem para o ritmo de regularizagdo de sinistros que temos hoje. I notivel!” Comentarios © Oje + © Jornal Economice 2014 Todes os direitos Resi pnw oe ppl 25-e- abe as-mudancas-nos-seguros a6

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