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conforme a Constituição e as Leis 8.142/90 e 8.080/90 (com as alterações das Leis 9.836/99, 10.424/02 e 11.108/05)
APRESENTAÇÃO
O autor do presente trabalho foi Luís Fernando Stürmer da Rosa, bacharel
em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul –
PUCRS e Advogado inscrito na seccional do Distrito Federal
Este trabalho é o resultado de um brevíssimo estudo realizado sobre a
legislação supracitada, para fins de preparação ao concurso para o cargo
de Analista Técnico-Administrativo PGPE1, do Ministério da Saúde de 2009.
Não foi consultada doutrina ou jurisprudência, portanto pode haver
interpretação jurídica divergente à representada neste trabalho, motivo pelo
qual sugere-se complementação dos estudos. Não é cobrado nenhum
valor por esse trabalho e também não se dá nenhuma garantia sobre
qualquer ideia aqui representada. Em caso de o leitor encontrar qualquer
incorreção, por favor, envie um e-mail para luisfsr@gmail.com para que se
faça a devida atualização no texto. Bons estudos.
Considerações iniciais
Saúde é direito fundamental e compreende a garantia de bem estar físico, mental
e social, tendo como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a
alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a
educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços considerados essenciais
(art. 3º da Lei 8.080/90).
O direito à saúde está previsto no Título II (Dos Direitos e Garantias
Fundamentais), Capítulo II (Dos Direitos Sociais), art. 6º, caput, da CF/88. Também, suas
diretrizes fundamentais vêm encravadas no Título VIII (Da Ordem Social), Capítulo II (Da
Seguridade Social), Seção II (Da Saúde) da CF, estendendo-se do art. 196 ao art. 200.
Como se percebe a saúde está inserida dentro do conjunto de ações de
seguridade social, uma vez que essa compreende ações do Poder Público e da
sociedade, com o fim de assegurar direitos relativos à saúde, à previdência e à
assistência social (art. 194 da CF). Em função disso o Sistema Único de Saúde (SUS) é
financiado com recursos da seguridade social (art. 195, §10 e art. 196 da CF), além de
outras fontes.
É dever do estado a promoção da saúde, mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doenças e agravos, bem como, ao
acesso igualitário às ações e serviços de saúde (CF, art. 196).
Embora a saúde seja dever do Estado, não ficam excluídos os deveres das
pessoas, da família, das empresas e da sociedade em geral (art. 2º, §2º da Lei
8.080/90). Em adição, a iniciativa privada tem liberdade assegurada no art. 199 da CF
para explorar os serviços de assistência à saúde, podendo, inclusive, participar de forma
complementar ao SUS, mediante contrato público ou convênio, sempre se dando
prioridade às entidades filantrópicas e às sem fins lucrativos.
Objetivos:
O SUS tem como objetivos a identificação de fatores condicionantes e
determinantes de saúde e a formulação da Política de Saúde, destinada a promover, nos
campos econômico e social, a garantia à saúde, com vistas à redução dos riscos de
doenças e outros agravos, bem como, acesso universal de recursos de promoção,
proteção e recuperação da saúde (arts. 5º e 2º, §2º, da Lei 8.080/90).
Para tanto, ao SUS incumbe ações de vigilância sanitária e epidemiológica, de
assistência terapêutica e farmacêutica e à saúde do trabalhador, de execução da política
de saneamento básico, de ordenação da formação de recursos humanos, de vigilância e
orientação nutricional, de colaboração na proteção ao meio ambiente, de controle e
fiscalização de produtos e substâncias de interesse para a saúde, de fiscalização e
inspeção de alimentos e bebidas de consumo humano, de participação no controle e
fiscalização no transporte de substâncias psicoativas, tóxicas e radioativas, de incremento
no desenvolvimento científico e tecnológico relativo à saúde e de formulação e
execução da política de sangue (art. 200 da CF e art. 6º da Lei 8.080/90).
Quanto ao trabalhador, incumbe ao SUS sua reabilitação em caso de acidente
de trabalho ou doença ocupacional, participação na normatização, fiscalização e controle
de atividades envolvendo substâncias, produtos e máquinas que apresentam riscos à
saúde do trabalhador, informações ao trabalhador e ao sindicato quanto a riscos no
ambiente de trabalho, etc. (incisos do art. 6º da Lei 8.080/90 e art. 7º, ns. IV e XXII, da
CF).
Princípios e diretrizes:
Compõem-se das previsões do art. 198 da CF e do art. 7º da Lei 8.080/90.
a) Descentralização: prevê direção única em cada esfera do governo. Se dá
ênfase na concentração das atividades nos municípios, com regionalização e
hierarquização da rede.
b) Atendimento integral: compreende atividades assistenciais, com ênfase nas
atividades preventivas.
c) Participação da comunidade.
d) Universalidade de acesso.
e) Preservação da autonomia das pessoas quanto à sua integridade física e
moral.
f) Igualdade de assistência, sem privilégios ou discriminações.
g) Direito à informação, às pessoas, sobre sua saúde.
h) Divulgação dos serviços disponíveis de saúde.
i) Utilização da epidemiologia para identificação de prioridades e otimização no
uso de recursos.
j) Integração executiva da ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico.
k) Conjugação de recursos financeiros, materiais, humanos e tecnológicos entre a
União, Estados, DF e Municípios.
l) Capacidade de resolução de problemas em todos os níveis de assistência.
m) Organização dos serviços com o fim de evitar duplicidade de meios para fins
idênticos.
Atribuições:
São atribuições da União, Estados, DF e Municípios, solidariamente, a definição
de mecanismos de controle, avaliação e fiscalização relacionados a recursos financeiros
e orçamentários, à formulação e execução de políticas de saúde, ao desenvolvimento de
recursos humanos, à implementação do Sistema Nacional de Sangue, à elaboração de
protocolos, convênios e acordos internacionais referentes à saúde, meio ambiente e
saneamento, à articulação com entidades de fiscalização do exercício profissional na
área da saúde e com os planos de saúde, à realização de pesquisas e estudos, e ao
fomento de programas estratégicos de atendimento emergencial. Também compete a
elaboração de normas e padrões de qualidade no sistema de saúde e para a promoção
da saúde do trabalhador.
Para o atendimento de perigo iminente, calamidades públicas e epidemias a
administração pode requisitar o uso de bens de quaisquer pessoas, garantida justa
indenização.
Competências:
Meio ambiente (agravos Participação com órgãos Participação com órgãos Colaboração na
que atinjam a saúde afins na definição de afins no controle dessas fiscalização e no controle
humana) normas e controle ações
Recursos humanos:
O SUS é campo de prática, ensino e pesquisa, no desenvolvimento dos recursos
humanos, de responsabilidade de todas as esferas do governo, em todos os níveis de
ensino.
Cursos de especialização são regulados por Comissão Nacional.
Os servidores da saúde podem acumular dois cargos ou empregos na área da
saúde, na mesma ou em diferentes instituições. No entanto, cargos e funções de chefia,
direção e assessoramento só podem ser exercidos em tempo integral, vedada a
acumulação.
Orçamento:
Com prioridades descritas na Lei de Diretrizes Orçamentárias, o SUS recebe seus
recursos da seguridade social, e também de serviços prestados, de ajudas,
contribuições, donativos, alienações, rendimentos, taxas, multas, emolumentos, preços
públicos e rendas eventuais, inclusive industriais e comerciais (arts. 31 e 32 da Lei
8.080/90).
Ações supletivas de saneamento são financiadas pela União, Estados e
Municípios e pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH).
Pesquisas e desenvolvimento científico e tecnológico são cofinanciados pelo
SUS, pelo orçamento fiscal e instituições de fomento e financiamento.
O planejamento do orçamento é feito através de um critério ascendente,
começando pelo âmbito regional e terminando no âmbito nacional, compatibilizando-se
as necessidades da Política de Saúde conforme a disponibilidade de recursos em todas
as esferas. As diretrizes são estabelecidas pelo Conselho Nacional de Saúde, que
estabelecerá Planos de Saúde conforme critérios epidemiológicos e organizacionais de
cada circunscrição administrativa.
A execução da política de saúde se dá através dos Planos de Saúde, sendo
vedada a transferência de recursos para ações não previstas nos Planos de Saúde
(elaborados no planejamento orçamentário), exceto em casos emergenciais e de
calamidade pública.
Também é vedada a transferência de recursos para instituições com finalidades
lucrativas.
Gestão:
Cada esfera de direção do SUS tem conta própria e são fiscalizados pelos
respectivos conselhos, sendo que no âmbito da União os recursos provindos da
seguridade social e outros fundos, provindos da União, são administrados pelo Ministério
da Saúde, através do Fundo Nacional de Saúde (FNS).
O FNS terá seus recursos alocados como: a) despesas de custeio e de capital
do MS, seus órgãos e entidades; b) investimentos previstos na lei orçamentária, de
iniciativa do Legislativo, com aprovação do Congresso Nacional; c) investimentos do
plano quinquenal do MS; d) cobertura de ações e serviços a serem implementados nos
Estados, DF e Municípios.
Desses recursos 70% são destinados aos Municípios, sendo que estes podem
redistribui-los entre si em caso de consórcios intermunicipais. O restante afeta-se aos
Estados (arts. 3º e 4º da Lei 8.142/90).
Para terem direito a esses recursos, os Estados, DF e Municípios devem ter: a)
Fundo de Saúde; b) Conselho de Saúde; c) Plano de Saúde; d) relatórios de gestão; e)
contrapartida de recursos destinados à saúde no respectivo orçamento; e f) Comissão
de elaboração de Plano de Carreira, Cargos e Salários. Se não contarem com estes
requisitos, seus recursos serão administrados pelo Estado respectivo ou pela União (art.
4º de Lei 8.142/90).
O MS também faz auditoria sobre as verbas destinadas aos Estados e Municípios.
Para o repasse orçamentário aos Municípios, Estados e DF são observados
critérios de demografia (critério utilizado para divisão de 50% dos recursos),
epidemiologia, quantidade e qualidade da rede, desempenho técnico, econômico e
financeiro do período anterior, níveis de participação nos orçamentos estaduais e
municipais, previsão do plano quinquenal de investimentos na rede, ressarcimento pelo
serviço prestado em outras esferas do governo.
Organização:
A Lei 8.142/90 estabelece que em todas as esferas administrativas o SUS
contará com órgãos colegiados denominados Conselhos de Saúde e Conferências de
Saúde.
Os Conselhos de Saúde são órgãos permanentes, constituídos por
representantes paritários do governo, de profissionais de saúde e de usuários; no âmbito
federal com representação do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e
do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS). Têm missão
precípua de formular estratégias e controlar a execução da Política de Saúde, inclusive
no aspecto financeiro e econômico, cujas decisões necessitam de homologação do
chefe do executivo em questão.
As Conferências de Saúde são órgãos não permanentes, que reúnem-se a cada
quatro anos, com representantes de vários segmentos sociais (a representação dos
usuários é paritária com os demais segmentos), cuja missão é avaliar a situação de saúde
a propor diretrizes na formulação da Política de Saúde. São convocadas pelo Executivo,
ou extraordinariamente por esta ou pelo Conselho de Saúde.