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INTRODUO
Ensaio escrito como requisito parcial para a aprovao na disciplina Literatura e Identidade,
do curso de Especializao em Lngua Portuguesa e Literatura da Universidade Estadual Vale
do Acara UVA, Sobral, Cear
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Aluno do curso de Especializao em Lngua Portuguesa e Literatura.
colonizao feita sob os narizes dos herdeiros das capitnias. Tal realidade
evidente nos vocbulos, nas tradies, na pele, na cadncia da miscigenao
iminente em tempos coloniais e hoje, ao passar de tantos anos de
independncia, to frutferas. A poesia de Jorge s um eco dessa nova viso
descabida at a alvorada modernista na qual o alagoano se mostrou que,
num descuido do verso, foi alm das linhas tnues da cultura africana
sedimentada no nordeste.
Cantou-se o nordeste e cantou-se o negro. A poesia de Jorge de Lima,
dessa maneira, se torna invlucro de uma totalidade. Uma sindoque do que
seria o brasileiro de razes africanas perdido entre os canaviais, engenhos e
rios uma identidade do nordeste.
O pas dos bangs se foi e junto com ele toda a identidade cultural do
nordeste, fadado ao esquecimento dos seus prprios cantos. O bang ou
engenho em sentido arcaico seria a imagtica desse ponto de vista da cultura
nordestina que vai se perdendo em nome de uma nova viso, a modernidade
desenfreada que corta as razes do passado. Nesse verso, Jorge de Lima
exalta a solido do passado, caindo na desgraa do moderno: os pequenos
engenhos contra a grande usina Ah! Usina, voc engoliu os bangzinhos
do pas das Alagoas (LIMA, 2008: 296). Esta usina, com nome de grande
felino, engole as pequenas pores de identidade que, fatalmente atingidas,
fenecem no tempo. Mas ao lado da elegia da identidade nordestina, o poeta de
Inveno de Orfeu reconstri, em pequenos passos e fumos de cachimbo, a
essncia da cultura popular dentro do vis da oralidade, por exemplo, refletida
na metfora fluvial, numa paragem to buclica e passadista que os versos
ganham a tonalidade de recontar o mito e trazer tona a histria:
FRICA
DO
NORDESTE:
MORTE
RESSURREIO
DE
UMA
IDENTIDADE NEGRA
Benedito Calunga
calunga-
no pertence ao Senhor
que o lanhou de surra
e o marcou com ferro de gado
e o prendeu com lubambo nos ps
Benedito Calunga
pertence ao banzo
que o libertou
pertence ao banzo
que o amuxilou
que o alforriou
para sempre
em Xang
Hum-Hum. (LIMA, 2008: 302-303)
CONSIDERAES FINAIS
REFERNCIA BIBLIOGRFICA
LIMA, Jorge de. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.