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Perdido no Deserto

Dr. Mike Wells

Abba Press

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SEMEADORES DA PALAVRA e-books evangélicos

Conteúdo

Prefácio à Edição em Português.................................................................4


1. A Experiência Cristã............................................................................5
2. Perdido, Achado, e Perdido Novamente....................................................8
3. O Que Não Funciona..........................................................................10
4. Cristãos Descristãos...........................................................................17
5. Fé................................................................................................28
6. A Convicção do Eu............................................................................32
7. Perda da Vida Própria........................................................................42
8. Vivendo Momento a Momento...............................................................55
9. Liberdade Para Falhar........................................................................70
10. O Trabalho Mais Profundo do Inimigo....................................................72
Prefácio à Edição em Português
Como pastor de uma Igreja onde tenho visto Deus agindo e trazendo para dentro dela pessoas
com as mais difíceis histórias de vida, posso imaginar os benefícios de um livro como este do Dr.
Wells. Isso me enche de entusiasmo e esperança.
O entusiasmo vem do conceito bíblico de vitória que o Dr. Wells aborda e traz para a vida do
cristão - a vitória está não no que eu faço, mas no que Cristo já fez por nós. Tanto como cristão,
quanto como pastor, de vez em quando sou tentado a perguntar: "Qual a fórmula para a vitória
sobre tal pecado ?' ou 'Qual a melhor estratégia para vencer tal dificuldade em minha vida cristã ?".
E, buscando respostas para essas perguntas, sou tentado a fazer alguma coisa para ser aceito por
Deus, para que, então, ele também se digne de fazer alguma coisa por mim. Não, não existe nada
novo, fórmulas novas ou mais contextualizadas com a cultura high tech na qual vivemos. O que
existe é o que o Senhor Jesus já fez por nós na cruz e os resultados que vêm da fé que depositamos
nele, não somente para a salvação, mas também para os desafios, pressões e tentações do nosso
dia-a-dia. Esse é o caminho que o autor deste livro nos desafia a trilhar, quando a gente se sente
"perdido no deserto".
O Dr. Wells elabora muito bem o que se desenvolve em nossos corações: por falta de
confiança no que Cristo já fez por nós, nos envolvemos na construção do que ele chama de ídolos
do coração, - fatos ou recursos para os quais corremos, quando estamos sob pressão. E a partir
desse conceito minha esperança foi também fortalecida. Como avançar em nossa corrida para os
recursos de Cristo e não para os falsos recursos dos ídolos que, às vezes, construímos em nossos
corações?
Estou muito certo de que ao ler este livro, seja você um pastor muito envolvido no
aconselhamento pastoral, seja você um cristão, ansiando por crescer no Senhor, tanto um quanto
outro serão tremendamente enriquecidos em sua própria vida, e, enriquecido, para enriquecer a
outros. Afinal de contas, todos nós, independente do que somos ou fazemos, já passamos ou vamos
passar outras vezes por situações nas quais vamos nos sentir, cada um de nós, "perdido no deserto".
E este livro nos ajudará a encontrar o permanente oásis que é a pessoa de Cristo.
Deus o abençoe !
LISÂNIAS MOURA

Apresentação
Por que a experiência cristã é geralmente caracterizada como predominância do pecado, da
solidão, da derrota, dos relacionamentos problemáticos e da depressão? Por que tantos cristãos
estão desiludidos e sem coragem? Animem-se! O mais fraco dos fracos pode abraçar as soluções
mais simples que Deus tem para oferecer, com a certeza de que sucesso não depende de talento,
habilidade ou inteligência, mas sim de Deus.
Este livro foi escrito para o chamado "cristão comum", mas que na verdade é a alma do Reino
de Deus. Não foi escrito pensando em ofender, mas em abençoar. Não é pensando em desenraizar,
mas em semear. Este livro foi escrito com a intenção de que seja lido por inteiro; porque se não,
meu medo é de que muitas perguntas surgirão, e, deixadas sem resposta, darão uma abertura
enorme para o inimigo. Acredito que os derrotados terão vitória e esperança, e também mostrarão
o caminho da fé para outros, através deste livro, que só foi escrito com permissão do nosso
Salvador. Por essa razão, coloco-o nas mãos de Deus, para que seja usado de acordo com a Sua
vontade.
1. A Experiência Cristã

Ainda me lembro do dia em que aceitei a Jesus Cristo como meu Salvador - que dia
maravilhoso aquele! Foi realmente o que eu chamo de sair do escuro e entrar na luz. Quem pode
descrever o mistério de Deus e o prazer que a comunhão com Ele nos traz? Lembro-me de ir dormir
sorrindo tanto, que no dia seguinte, quando acordei, ainda estava sorrindo! Era tanta a alegria que
meu rosto começava a doer de felicidade. Decorar versículos era aprazível, sem nenhum esforço;
oração sem cessar, e uma adoração constante à maravilha da criação de Deus faziam parte do meu
dia-a-dia. Ansiedade, pessimismo e medo eram coisas do passado, vagamente lembradas.
Resumindo, Deus me amava e eu sabia disso, também me deleitava e aceitava a situação. Ah, a
glória de ser um filho de Deus!
De repente aconteceu. Um dia, quando andava pelo pátio da Faculdade onde eu estudava,
alguém me fez uma pergunta bem simples: "Para que você acha que Deus está te chamando, Mike?"
Até aquele momento, eu não havia pensado em tal pergunta, mas para minha surpresa tinha
uma resposta: "Deus quer que eu sirva ao cristão derrotado." Naquele momento soube que esse era
o plano de Deus para a minha vida. Não passei muito tempo questionando o plano, mas sim o fato
de que havia cristãos derrotados. Sempre considero que se naquele momento eu soubesse o que
esse chamado de Deus significava, teria argumentado com Ele e pedido outro tipo de serviço.
Também não tinha nem idéia de que para servir ao cristão derrotado, eu teria que ser um
derrotado também.
Minha queda para uma vida de cristão derrotado, que vivi durante nove anos, demorou
relativamente um tempo mínimo. Logo, logo, a oração se tornou uma labuta, as Escrituras
perderam o encanto, pecados invencíveis apareciam de todos os lados e, no meu emocional, Deus
havia desaparecido.
Lidei com minhas derrotas e faltas, de várias maneiras. Li livros que prometiam socorro
imediato, que eloqüentemente descreviam minha situação, mas sempre me levavam de volta ao
começo, sem forças para escapar. Quanto mais lia, mais frustrado, irado e depressivo me tornava.
Esses livros falavam do grande exemplo de Jesus. Como Ele orava, jejuava, ajudava ao próximo,
era devotado, deu comida ao faminto, e amou - aí, me diziam como eu teria que imitar a Jesus.
Será que não percebiam que eu queria ser como Jesus e queria muito agradar a Deus, mas
simplesmente não podia? Será que não percebiam que se eu pudesse ser igual a Jesus, Ele não teria
que ter vindo?
Ainda sob a ilusão de que o conhecimento seria a resposta, e com a dissimulada promessa de
que quando alguém vai embora, deixa todos os problemas para trás e começa tudo de novo, decidi
entrar para o Seminário e depois, fazer pós-graduação. Lá tudo seria bem simples: meu sucesso
dependeria de minha inteligência, habilidade, talentos, e da minha aparência. Se tudo isso
pudesse, de algum modo, ser aperfeiçoado, eu teria sucesso e seria aceito por Deus e seu povo.
Como eu invejava o aluno ou professor que conseguia fazer uma pregação a partir do texto grego.
Se eu tivesse habilidade natural para pregar, se fosse esperto e perspicaz, se pudesse cantar ou
tocar um instrumento, aí sim, eu teria uma vida abundante! Talvez pudesse decorar a Bíblia inteira
como alguns haviam feito: pedir à congregação para escolher um versículo, então recitar o
versículo anterior e o posterior - sim, eu teria chegado lá.
Havia sempre grande ênfase numa variedade de programas. Vários pregadores de nome
vinham e davam sua receita de sucesso. Nós todos tomávamos nota, sabendo que cada pregador
deveria ter a melhor fórmula. Eu sabia que nada poderia ser aplicado à minha própria vida, mas
pelo menos eu poderia condenar os que não estavam seguindo o programa e lembrá-los de suas
faltas. Afinal de contas, se eles eram cristãos de verdade, poderiam fazer o melhor. O que eu não
sabia era que estava à procura de algo que pudesse ser visto, algo desse mundo, algo que não
requeria fé, urna poção mágica que tirasse não só a mim, mas a outros desse estado de derrota.
Por que o cristianismo era tão difícil para mim? Por que muitos de nós nos empenhamos
durante muitos anos, em alcançar espiritualidade através de metodologias, programas, técnicas, e,
quando as normas de sucesso falham, desistimos e passamos a viver uma vida medíocre, frustrada
e lastimosa? Será que é essa a vida em abundância de que o Senhor falou? Ele se referiu a uma vida
de derrota, tumulto, esforço, súplica e escravidão às emoções, aos pensamentos e atos de pecado
para todos os que clamassem por Seu nome? Será que a vida que Ele veio dar é caracterizada por
conflito nas famílias, horas com psiquiatras, depressão tão profunda, que muitos preferem morrer
com a esperança de ter algum alívio? Terno que seja esse o tipo de vida cristã para muitos que
ouviram a mensagem mais ou menos assim: "Aceite a Jesus hoje, para que você não tenha que ir
para o inferno no futuro." Depois de ter aceitado, eles ouvem: "Jesus morreu pelos seus pecados,
agora, se esforce ao máximo para agradar-lhe."
O choro de muitos é: "Não consigo agradar a Deus, não consigo mudar. O que fazer para sair
desse inferno que é o meu dia-a-dia?" Para a maioria dos cristãos, experiência é o que não
funciona. Uma palavra chave para descrever a comunidade cristã de hoje é mudança. Queremos
mudar o que somos, o que fazemos e a circunstância em que vivemos para que sejamos aceitos por
Deus. E ainda, depois de seguir o vai-e-vem que muitos livros ensinam, nada muda; então nos
culpamos de sermos inaceitáveis e derrotados.
Não é bom saber que viver uma vida vitoriosa é tão simples quanto viver uma vida de
derrotas? Qual será a resposta? Ela só pode ser encontrada na simplicidade do Evangelho - uma
simplicidade que se perdeu nos livros, nos métodos, nas listas de como consertar as situações, nos
sintomas da descrença. A resposta não é o que devemos fazer, mas em que devemos acreditar! O
grande segredo guardado da maioria dos cristãos por muito tempo é: crescimento cristão é
simplesmente aceitar o que era desde o começo quando entregamos nossas vidas para Jesus! Uma
vida simples, uma vida vitoriosa só será alcançada, se permanecermos em Cristo. Não devemos nos
esforçar para ter uma vida em abundância, porque é algo que nos foi dado. Minha aceitação não é
baseada no que faço, mas sim em quem eu sou. Vida em abundância não requer que eu trabalhe
para Deus para que venha a acreditar, mas é que eu trabalho para Ele porque acredito. Esteja
certo disto: se a vida cristã em abundância requer grande determinação, força de vontade,
inteligência, talento e habilidade, então somos muito fracos, cegos e estúpidos para tentar.
Como posso, então, vir a gozar dessa vida abundante? Onde posso descobrir o que é vida sem
pecado? E se ela existe, como posso obter essa vida, sem qualquer esforço? A resposta de Deus vem
do fraco, do derrotado, do inaceitável, do ignorante, do frustrado, do desesperançado. A resposta
é a permanência em Cristo.
A resposta de Deus para uma vida abundante será sempre extremamente simples: O cristão
deve aprender a viver e receber tal simplicidade. A resposta de Deus requer fé - muitas vezes nem
sabemos que a temos - não requer talentos, nem habilidades, nem inteligência. Não é Deus quem
nos dá uma grande incumbência para que possamos vir depois a ter o prazer de saber o que é paz,
descanso e alegria. Pelo contrário! Nós é que nos damos as incumbências e marcamos um certo
padrão de aceitação que é super diferente do padrão de Deus. Conseqüentemente, os que
poderiam ter uma vida de fé e descanso no Senhor, primeiro têm que passar por sofrimentos e
derrotas que vêm do esforço em querer mudar. Nós só desistimos e passamos a ver as respostas
simples de Deus, depois de termos nos esgotado. A resposta de Deus é simples, mas para que
possamos chegar ao ponto de aceitá-la, Ele nos faz passar por uma série de trajetos que nos
cansam, deixando-nos num estado em que não mais podemos depender de nós mesmos mas
somente dEle, preparados para ouvir o que Ele nos tem para dizer. Só a partir do momento em que
o homem deixa de confiar em si mesmo, é que passa a confiar em Deus. Coragem, porque uma vida
de paz e alegria faz parte do plano de Deus! “se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos
8.31). Em minhas viagens pelo mundo, sempre encontro vários cristãos que vivem uma vida
invejável. A primeira pergunta que faço, quando encontro alguém assim, é: “como é que você
chegou a esse ponto de tão grande espiritualidade?” A resposta é sempre a mesma: “Não sei. Foi
Deus quem me trouxe até aqui.” Nem uma só vez, o motivo foi que pertencessem a uma
denominação ou que acreditassem em uma certa doutrina. Foi Deus o autor de tudo, meu irmão!
Deus não faz acepção de pessoas e Ele o levará aonde você deve ir.
Os capítulos seguintes não contêm nenhuma lista de como consertar as coisas, nem
vão mostrar métodos de como alcançar vitória. Na verdade, não o fará fazer nada, porque foram
escritos para mostrar o que Deus tem feito e mostrar a jornada que este filho de Deus teve que
percorrer antes de aceitar as simples respostas dEle e aprender a andar pela fé. Através desta
jornada, Deus me ajudou a não confiar em mim mesmo e a passar a confiar nEle, e agora
reconquistei minha perdida simplicidade na fé e tomei possa da alegria que é minha, em Cristo
Jesus.
Jogue-se nos braços de Jesus; deixe que ele o carregue pelos caminhos que tem para você.
Todo esse sofrimento tem um propósito e mesmo que agora você não veja a mão de Deus em tudo
isso, você a verá! E quando perceber para onde Ele o tem levado e ainda o levará, você só terá de
adorá-Lo. “Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos
dentro do ventre da mulher grávida, assim também não sabes as obras de Deus que faz todas as
coisas” (Eclesiastes 11.5). “Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com sua astúcia,
assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devida a
Cristo” (II Coríntios 11.3).
Pai, nós confiamos em que o Senhor nos levará de volta à simplicidade da fé, à simplicidade
que faz com que Abraão te deixasse tão feliz, à simplicidade que encheu a vida do teu Filho de
alegria, paz e abundância.
2. Perdido, Achado, e Perdido Novamente
Jesus faz o convite para segui-Lo, simplesmente achando que as pessoas estão realmente
procurando paz. Ele sabia que a multidão ao redor dEle era de "cansados e sobrecarregados"
(Mateus 11.28).
Se olharmos à nossa volta, veremos várias pessoas que parecem estar sobrecarregadas.
Todas as manhãs, elas se levantam e pegam umas mochilas invisíveis, carregadas de pesos com
diferentes nomes - marido, esposa, filhos, emprego, finanças - e assim vão; e essas são as cargas
que têm que carregar. Cansaço não é necessariamente ruim, porque, enquanto estivermos cheios
de vigor, nunca procuraremos a Deus para nos dar descanso. Então, estar cansado é bom sinal. Se o
pai do filho pródigo o tivesse encontrado uma semana antes do seu dinheiro acabar e tivesse dado
a ele mais dinheiro, quanto tempo demoraria para que ele voltasse para casa?
Qual será a causa da fadiga humana? Nós não estamos cansados só porque carregamos uma
carga diária de problemas, sonhos perdidos, desapontamentos, problemas familiares; mas também
porque estamos à procura de um salvador para nos ajudar com essa carga. Procuramos ajuda com
nossos pais, amigos, esposos, esposas e filhos, mas como eles também estão procurando nossa
ajuda, não funciona muito bem. O que precisamos é de um Salvador sobrenatural.
Só haverá entendimento da necessidade de um Salvador sobrenatural que pode suprir todas
as nossas carências, quando o Espírito Santo dá a convicção do pecado. O momento em que
chegamos a essa convicção, geralmente antecede à tentativa de salvarmos a nós mesmos, através
de uma variedade de métodos, resoluções e esforços. Quando alcançamos esse ponto, chegamos à
conclusão de que nós não podemos nos salvar e estamos condenados. Nós desistimos de tentar ser
o melhor! Para encurtar, nos encontramos num mundo sem esperança.
A nação de Israel chegou a essa conclusão, antes de Cristo começar seu ministério. Durante
a época de sacrifícios em Jerusalém, centenas de animais foram sacrificados; foi dito que um rio
de sangue correria saindo do templo. Cada ano, os devotos iam a Jerusalém e, cada ano, não
importava o quanto tivessem tentado, havia mais sacrifícios a serem feitos. Aquele povo tinha
consciência do julgamento que os esperava por causa do pecado. Será que foi por isso que, quando
João Batista saiu pregando batismo e arrependimento pelo perdão dos pecados, "saíam a ter com
ele toda a província da Judéia e todos os habitantes de Jerusalém; e, confessando seus pecados,
eram batizados por ele no rio Jordão"? (Marcos 1.5) E ainda, o batismo de João era um batismo de
desespero. Imaginem sermos controlados por um terrível pecado, mas sendo batizados por João
sermos perdoados! Claro que correríamos para o batismo no Jordão! A alegria, porém, não duraria
muito, porque mesmo que fôssemos perdoados do pecado, não nos teria sido dado poder sobre ele,
então, nos tornaríamos escravos novamente, precisando de perdão e sem nenhuma esperança.
Quando o Espírito Santo nos ajuda a chegar à convicção de que estamos condenados e
desistimos da idéia de salvar-nos a nós mesmos, aí sim, estamos prontos e dispostos a permitir que
Cristo se torne nosso Salvador. Nós nos tornamos, de uma certa forma, dependentes. Passamos a
entender que não podemos viver sem Ele. Agora somos dEle através de uma simples confissão de
fé. O Espírito Santo, maravilhosamente, nos convenceu de que precisamos de um Salvador. Que
descoberta gloriosa! Que alívio saber que temos perdão dos nossos pecados!
Sentimos que, se Jesus pode nos perdoar, então Ele pode qualquer coisa. Ele vai cuidar de
nós e das nossas famílias, e vai aliviar nossos desconfortos e todos os problemas da vida.
Um novo convertido tem tanta fé - acreditando que Deus pode todas as coisas - que, na
verdade, Deus faz muitas coisas para ele. Sua vida nova pode ser comparada a uma lua-de-mel; a
única coisa que importa é agradar ao Salvador. Os termos esforço e labuta não fazem parte do seu
vocabulário, porque tudo acontece naturalmente, com amor, sem esforço. Deus é tudo para a
pessoa que acaba de se converter, e, porque Jesus está para voltar, ela deve compartilhar essa
nova alegria com todos; ela deve encontrar as outras ovelhas perdidas! Claro que outros vão querer
conhecer o que ela conhece. Não demora muito para essa pessoa se deparar com a rejeição do
mundo e descobrir que os outros não estão interessados na mensagem, mas e daí? O mundo é
grande e há várias pessoas que precisam ouvir. Há uma grande alegria em testemunhar, orar,
servir. E o mais bonito é que tudo é feito sem ser mandado.
Devagarinho, quase que desapercebidamente, a lua-de-mel acaba. O novo cristão tira os
olhos do Salvador e vê somente o "fazer". Suas orações são cada vez mais centralizadas em si
mesmo. De fato, antes mesmo que ele perceba, o seu "eu" torna-se a coisa mais importante.
Por mais impossível que pareça, e não importa quanto cansaço lhe traga, ele se empenha
em alcançar uma perfeição que deve ser atingida de qualquer forma. Gradativamente, focaliza
cada vez menos Jesus, e mais e mais o cristão de sucesso. Ouve falar de "cristãos de sucesso" que
seguiram os ensinos certos ou experimentaram uma correta seqüência de fatos e estão vivendo
uma vida de alegria, vitória, orações respondidas e maravilhosas experiências emocionais. Mas
tentar obter uma alegria através de ensinamentos sadios, experiências adequadas, ou, mesmo,
simplesmente estar certo não funciona. Mesmo que ele continue se empenhando, há sempre um
enorme sentimento de que perdeu algo e nunca mais vai encontrar.
Como disse Andrew Murray: "Se você se esforçar para ser algo, você prova a si mesmo que
não é nada daquilo". Nessa condição, o novo cristão passa a acreditar que está perdido novamente.
Ele sabe que Cristo é a resposta, e quer agrada-lhe, mas sente como se não pudesse fazê-lo. De
uma certa forma está pior do que estava antes de ser salvo.
Lembro-me do bêbado, quando lhe perguntaram se ele queria aceitar a Jesus. Ele abriu uma
garrafa de vinho e respondeu: "Não, obrigado! Já tenho problemas demais."
Para não desistir, em desespero o cristão passa a freqüentar mais conferências e seminários,
lê mais a Bíblia, ora, jejua e claro, promete fazer melhor, tudo na esperança de que essas voltas
lhe tragam o alívio prometido! De alguma forma, no fundo, no fundo, ele percebe ser igual a um
carro, quando o pneu está furado; toda manhã coloca ar no pneu, mas... Quando a tarde chega,
está vazio novamente e ele clama: "Alguém tampe o furo, por favor?"
A jornada de perdido para achado e de volta a perdido, pode demorar um tempo relati-
vamente curto. Você se lembra de Israel saindo do Egito? O povo ia cheio de esperança e fé em
Deus. Na pequena distância até a Terra Prometida pararam de ter esperança e fé em Deus e, ao
contrário, passaram a confiar em si mesmos. Voltaram-se para o que achavam que pudessem
efetuar. O resultado final foi exílio no deserto, onde tiveram que aprender certas lições que os
fariam mais uma vez passar a ter esperança e fé em Deus.
Poucos cristãos fazem essa jornada sem vagar; e, graças a Deus por eles. Este livro não foi
escrito para tais cristãos, mas para os que estão perdidos no deserto. A melhor lição para aprender
lá, é "o que não funciona". Lembre-se, nós progredimos quando conseguimos achar o que não
funciona e o excluímos.
3. O Que Não Funciona
Minha primeira viagem pelo mundo, visitando uma variedade de países e culturas singulares
foi extremamente cansativa. Houve ocasiões em que, cheguei a pregar três vezes num só dia. O
tempo que passei e o amor que recebi dos meus irmãos e irmãs em Cristo nesses lugares distantes
supriu muito mais do que tirou minhas energias. Foi fenomenal ser tratado como parte da família,
ter o melhor lugar, ser convidado para compartilhar o melhor jantar, e dormir no melhor quarto,
só por causa de Cristo. Nós realmente somos parte da família de Deus! Numa certa viagem, tive
oportunidade de pregar para um grupo de denominações diferentes, muitas das quais, eu nunca
tinha ouvido falar antes, e cada uma com sua peculiaridade. Enquanto compartilhava com essas
denominações, percebi derrota e desespero também. Cheguei à conclusão de que uma certa
doutrina - tão amada em sua denominação - não estava dando vida abundante como era esperado;
não funcionou! É relativamente fácil ser excluído de uma certa denominação; só é preciso
discordar dos ensinos destacados pelo grupo. Eu acredito em ensino correto e verdadeiro, mas por
que os que descansam em seus ensinos corretos, parecem estar no mesmo nível de derrota dos que
não têm tais ensinamentos?
Algumas práticas de disciplina dão uma lista do que fazer para toda e qualquer situação.
Elas funcionam sob a tese de que as pessoas erram porque não sabem o que fazer. Mas nem em
grupos bem disciplinados, os que estão no topo conseguem seguir todas as regras e listas, e caem
em derrota. A questão principal não é confrontada: a lista do que fazer para atingir espiritualidade
e mudança não funcionou!
Ao mesmo tempo que perde a percepção de Deus, o homem aumenta o número de regras e
listas em sua vida. O volume de leis só quer dizer uma coisa: nós não conhecemos a Deus. A lei do
Velho Testamento foi dada por esse motivo - o povo não conhecia a Deus. Os fariseus são um ótimo
exemplo desse princípio! Quanto mais perdiam a percepção de Deus, mais suas leis se
multiplicavam.
Recentemente, li sobre as leis da dieta judaica. Num dos artigos, o autor deixou bem claro
que nós cristãos não devemos comer certas carnes, como as de coelho e camelo. A primeira coisa
que me veio à mente foi: "Se eu não comer mais carne de coelho e camelo, será que me darei
melhor com minha esposa, meus filhos andarão sempre com Deus, e poderei vencer minha
depressão e derrota?" A resposta é absolutamente, não! Devemos discutir, refletindo sobre
qualquer idéia a nós proposta: se ela nos pode levar a atitudes proveitosas para a nossa qualidade
de vida. Quando nos deparamos com alguma maravilhosa teoria, bons ensinamentos, imposição de
leis, ou referências renovadas, eu acredito que raramente nos perguntamos se isso realmente
funciona. Nossa situação presente é tão miserável que estamos dispostos a ouvir qualquer coisa
que prometa remédio imediato. Várias vezes já ouvi que cristãos não devem ter televisão, rádios,
sandálias, roupas coloridas, ou mesmo um bateria na igreja. Mas na ala dos legalistas também
foram encontradas as piores imoralidades. Não deve funcionar!
Já houve vários debates sobre estar cheio do Espírito e falar em línguas. Eu conheci pes-
soalmente professores dos dois lados e que estavam vivendo as mesmas formas de pecado e
escravidão. A verdade é que encontramos, entre os derrotados, pessoas que falam em línguas e as
que não falam; nenhuma das duas situações deve ser a solução para derrota.
O derrotado pode ser encontrado entre os que foram batizados de maneira "correta" e no
tempo "correto", entre os que se sujeitam a autoridades espirituais, os que lideram grupos, os que
já leram e decoraram livros inteiros da Bíblia, os que têm sempre um tempo devocional, os
evangelistas incansáveis, os que fazem confissões positivas, os que só lêem a tradução da Bíblia
feita por King James, os que não comprarão um bateria de jeito nenhum, os que já leram todos os
livros sobre criação de filhos. Nós acreditamos nas palavras de Jesus, "... e conhecereis a verdade,
e a verdade vos libertará" (João 8.32). Obviamente, as coisas que mencionei não são a verdade,
porque os que as praticam não estão livres.
O cristão que está procurando um método para trazer alívio a esse estado desprezível, rara-
mente se pergunta: "Onde está Jesus no meio de tudo isso?" Na verdade, se parasse para escutar,
ele perceberia que está escutando menos e menos o precioso nome de Jesus e mais e mais o que o
homem exalta.
Quando deparado com um esquema que promete sucesso, o cristão deveria sempre pergun-
tar: "Será que o budista, o hinduísta, o muçulmano conseguiriam fazer isso? Se a resposta for sim,
então nada há de sobrenatural nesse método; é meramente ensino humano.
Algumas pessoas ouvem falar que a origem do seu problema é demoníaca. Passam horas com
alguém expulsando o(os) demônio(os), e mesmo assim, dentro de algumas semanas, continuam
escravas do pecado e de suas ações como antes. São instruídas a submeter-se a exorcismo mais
uma vez, e outra vez, mas com o passar do tempo, percebem que não mudaram.
Muito conhecimento se aplica à vida da pessoa que está ouvindo. Quando peguei minha
Bíblia de estudos, notei que há uma página inteira dedicada ao livro de Isaías. Foram dois autores
ou um só? Há outra página dedicada ao livro de Hebreus. Foi Paulo ou Barnabé? Há um guia
teológico e uma sessão especializada em escatologia e diferentes visões sobre o fim do mundo.
Com certeza, muito tempo foi gasto nessa pesquisa e sem dúvida usaram os mais brilhantes sábios.
Mas por quê? Será que tem alguma significância para o cristão oprimido que está na China, o irmão
que foi preso no Nepal por batizar um homem, a irmã indiana que não tem o que comer hoje, ou
até mesmo você?
A igreja está cheia de sábios destruídos que pensaram que a Bíblia foi escrita para ser
entendida e não perceberam que foi escrita para dar vida. Alguns pastores sugerem que as pessoas
tomem nota durante os sermões, mas nós não precisamos de mais pedaços de papel; precisamos é
de poder. As Escrituras são pesquisadas a fim de que se encontre conhecimento, mas o resultado
são casamentos destruídos, filhos rebeldes, e até falta de abundância.
Deus não é para ser sistematizado e entendido - isso é o que fazem os que não O conhecem
ao invés disso, Ele é para ser obedecido e adorado.
Penso que a coisa mais sábia que um teólogo deveria fazer é vender sua biblioteca teológica, usar
o dinheiro para comprar um telescópio, olhar para as estrelas e ficar em silêncio. Uma tarde assim
fará com que qualquer um, em sua verdadeira posição de ignorante diante do Pai, tenha a mesma
experiência de Jó: "Então Jó respondeu ao Senhor e disse: Sou indigno; que te responderia eu?
Ponho a mão na minha boca" (Jó 40.3,4). Claro que há tempo para aprender, mas quando o
aprendizado é um substituto de vida, vira calamidade. O ignorante, o talentoso e o não dotado, o
rico e o pobre estão na mesma situação, quando falamos de vida vitoriosa.
Não estou afirmando que conhecimento não é importante. Muito pelo contrário;
conhecimento que leva a vida é extremamente importante, mas repito, se tomar o lugar de Cristo
e tornar-se a solução para o dia-a-dia, é maldição. Todo conhecimento deve descer uns doze
centímetros abaixo do cérebro - para dentro do coração!
Acredito que muitas vezes a busca do conhecimento nos mantém longe da oração. De fato, é
muito mais fácil buscar o conhecimento do que o nosso Deus através da oração. Sabemos que Deus
domina o mundo através da oração dos santos e, mesmo assim, em minhas viagens, nunca vi um
Seminário ou Escola Bíblica que ofereça curso de oração. De onde mesmo vem a libertação?
Conselheiros cristãos estão multiplicando-se porque há vários cristãos machucados na igreja.
Muitos cristãos acreditam piamente que autoconhecimento obtido através de conselhos é a ajuda
concreta de que precisam para ter uma vida vitoriosa. Todavia, uma coisa que perturba sobre
aconselhamento cristão é que geralmente nosso Senhor Jesus e Seus poderes são deixados de lado;
e o conselho dado ao cristão funcionaria perfeitamente para o não-cristão também. Verdadeiros
conselheiros cristãos , fazem com que a pessoa olhe para Jesus, e não para si mesma. Sempre acho
confusa a hostilidade que pode ser criada entre os cristãos, quando eles ouvem que Jesus é a única
coisa de que precisam. Nós somos ordenados a entregar todas as nossas ansiedades ao Senhor, e
não à psicologia:
"Então apregoei ali um jejum... para nos humilharmos perante o nosso Deus, para lhe
pedirmos j ornada feliz para nós, para nossos filhos e para tudo o que era nosso. Porque
tive vergonha de pedir ao rei, exército e cavaleiros para nos defenderem do inimigo no
caminho, porquanto já lhe havíamos dito: A boa mão do nosso Deus é sobre todos os que O
buscam, para o bem deles; mas a sua força e a sua ira, contra todos os que O abandonam.
Nós, pois, jejuamos e pedimos isto ao nosso Deus, e Ele nos atendeu."
Esdras 8.21-23
Em algum ponto será que não estamos envergonhados por correr para o mundo, em busca
das respostas aos problemas da alma?
Continuando nosso exame do que os cristãos tentam e não funciona, quase nem precisamos
mencionar todos os métodos e programas que estão sendo empurrados sobre nós na igreja:
desenvolve-se uma campanha atrás da outra, para aumentar o número e tamanho da congregação.
De vários modos, a maneira como muitas igrejas funcionam hoje, não é nem um pouco diferente do
sistema pirâmide que várias organizações seculares adotam. A ênfase é exatamente em empilhar
mais e mais pessoas na base, mas nunca se preocupar com os que já estavam lá. Geralmente, essa
prática é meramente calculada para construir impérios: os fundadores, seguindo fórmulas básicas
alcançarão sucesso.
Várias igrejas podem ser comparadas a alguns hospitais onde faltam médicos, mas estão
cheios de doentes, e a solução encontrada é construir hospitais maiores que acomodarão mais e
mais doentes. O necessário seria um médico para tratar os doentes que já estão lá.
Como é que nossa vida cristã se tornou tão difícil? Antes andávamos no amor de Cristo, mas
agora nós nos encontramos mantendo uma variedade de "lua nova" (Colossenses 2.16). O que está
acontecendo com a simplicidade que Jesus falou quando Ele nos comparou às criancinhas?
A raiz de todos esses métodos pode ser facilmente determinada. Veja, é nos ordenado viver
como foi escrito nos capítulos 5 a 7 de Mateus. Quando tentamos, descobrimos que simplesmente
não conseguimos. Então, desenvolvemos um cristianismo em que nos exaltamos e julgamos os
outros que não conseguem chegar ao nosso nível. Se achamos que a busca de intelecto é fácil,
fazemos com que doutrinas próprias, leis e princípios da igreja, e disciplina se tornem muito
importantes. Por outro lado, se não achamos que a busca do intelecto é atrativa, então nosso
cristianismo gira em torno de emoções, e aqueles ã nossa volta, cujas experiências não se
comparam às nossas, são julgados menos espirituais.
Resumindo, o cristão derrotado está procurando uma coisa certa - vitória, uma vida
profunda, algo que irá agradar a Deus - mas está procurando nos lugares errados.
Um amigo indiano conta a história de um homem que perdeu a chave de sua casa, e,
trancado do lado de fora, começou a procurar perto do poste de luz. Os vizinhos notaram o homem
e perguntaram o que ele estava fazendo e, um a um, começou a ajudá-lo. Finalmente, um dos
vizinhos perguntou ao homem:
- "Qual foi exatamente o lugar onde você perdeu sua chave?"
- "Foi ali perto da casa", respondeu o homem.
- "Se você perdeu sua chave perto da casa, por que é que você está procurando aqui perto
desse poste de luz?"
- "Não consigo enxergar nada onde a perdi; só vejo bem aqui perto desta luz", respondeu o
homem.
O cristão que perdeu sua alegria e vitória em Deus, muitas vezes procura onde as coisas
parecem mais claras, e não na fonte de seu problema. Olhar e procurar em lugares errados nunca
traz a chave do sucesso e, só porque há um pouquinho de luz, não há nenhum motivo para con-
tinuar.

A árvore em constante crescimento


Qual a fonte de todas essas soluções para os nossos problemas? A resposta é encontrada no
Éden: "Do solo fez o Senhor Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para
alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do
mal" (Gênesis 2.9). É a última árvore de onde Adão e Eva comeram, aquela árvore proibida da qual
o homem continua comendo. Vamos dar uma olhada em como aquela árvore afeta toda a
humanidade.
Primeiramente, devemos entender os critérios que Deus usa para nos aceitar, baseados num
sistema de passa/reprova. Nós passamos e somos aceitos por Ele, se estamos em Cristo; se, por
outro lado, não estamos em Cristo, então somos reprovados. Isso é tudo muito simples e fácil, até
que decidimos comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal; e, quando isso
acontece, a simples verdade de Deus é mais uma vez distorcida e difícil.
Vamos dividir a árvore em dois lados sendo um lado bom e outro mal. Se o homem come do
lado mal e comete o mal, o que Deus faz com ele? A resposta é óbvia: Ele rejeita esses atos
injustos e que se encontram abaixo do padrão de Deus, de estar em Cristo. Mas se um homem
come do lado bom da árvore e faz muitas coisas boas, o que Deus fará? Ele o aceitará com os seus
bons atos? Pelo contrário, Deus o rejeitará também, porque os seus atos estão sendo somados ao
padrão de Deus de estar em Cristo e ele está cometendo atos de auto justiça. Deus ordena que
sejamos justos e, mesmo assim, ouvimos que todo ato de justiça é igual a um trapo sujo. O bem e
o mal vêm da mesma árvore e são tratados de igual modo por Deus - rejeitados: "... até as próprias
trevas não te serão escuras; as trevas e a luz são a mesma coisa" (Salmo 139.12). Cometer o mal é
sinal de não se crer que Deus existe ou que um dia irá nos julgar, mas cometer o bem é sinal de
que não acreditamos no padrão de aceitação de Deus. Nós provamos que não acreditamos em Deus
nem um pouco, quando adicionamos alguma coisa ao Seu padrão de aceitação. Estamos tocando
numa das maiores decepções do cristianismo. Deus quer que façamos o bem, mas o que faz o bem
ser tão correto não é o seu conteúdo, mas sua origem; se a fonte do trabalho for fé, assim como
Cristo se expressou através de nós, então é aceitável. I Tessalonicenses 1.3 menciona trabalho
produzido através de fé, o que é aceitável. Mas qualquer outra forma de trabalho é inaceitável,
porque estará baseado em incredulidade e auto justiça.
Jesus sabia que os coletores de impostos e pecadores, os quais haviam comido do lado mal
da árvore, se arrependeriam freqüentemente, porque podiam perceber que haviam feito algo
errado (eles sabiam, assim como todos à sua volta). No entanto, Jesus não deu a mesma esperança
aos fariseus e ensinadores da Lei. Os coletores de impostos e outros pecadores entrariam no céu
antes dos que, embora tivessem comido do lado do bem da árvore, não podiam enxergar que
precisavam se arrepender tanto quanto os outros. Ninguém à volta iria testificar o quanto repulsivo
e inaceitável era o seu trabalho e auto justiça. Há uma profunda cegueira que vem de comer do
lado do bem dessa tão proibida árvore.
Em Mateus 23, Jesus explica o resultado de se fazerem acréscimo ao padrão de aceitação de
Deus. "... porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois vós não entrais, nem deixais
entrar aos que estão entrando" (v. 13); "... porque devorais as casas das viúvas e, para o
justificar, fazeis longas orações..." (v. 14). "...rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e,
uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós" (v. 15). Exemplo: o homem
estava fazendo mal/ mal, mas agora, está sendo persuadido a fazer o bem/mal! Isso gera
"insensatos e cegos" (v. 17), que criam métodos e listas para as pessoas seguirem, levando-as a
rejeitar "a justiça, a misericórdia e a fé" (v. 23); guardando todas as regras, enquanto assuntos
cruciais são ocultados. "Guias cegos, que coais o mosquito e engolis o camelo" (v. 24); "... limpais
o exterior do copo e do prato, mas estes, por dentro, estão cheios de rapina e intemperança" (v.
25). "Os homens parecem justos por causa do julgamento que Jazem de outros, mas na verdade
são "...semelhantes aos sepulcros caiados que por fora se mostram belos, mas interiormente estão
cheios de ossos de mortos e de toda imundícia" (v. 27). Como podemos ver, a decepção ao comer
do lado do bem da árvore é muitas vezes pior do que fazer o mal.
João 3.16 fala: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito,
para que todo o que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna". Nossas mentes entendem e
aceitam as palavras. Mas ouça como o versículo é entendido pelas pessoas que andam tirando
pedacinhos daquela árvore maldita. "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unigênito, para que todo aquele que não peca, não cobiça, ou tem pensamentos
pecaminosos, aquele que lê a Bíblia, sempre vai à igreja, nunca grita com os filhos, ora, decora
versículos, não tem rádio em casa, prega o Evangelho aos vizinhos, faz doações, fala em línguas, já
teve uma experiência de conversão e é continuamente puro não pereça, mas tenha a vida eterna.
Você vê a diferença em comer dessa árvore? Ela nos obriga a acrescentar uma lista sem fim para a
nossa aceitação por Deus, e coloca um grande peso nas costas dos outros, um peso que nós mesmos
não conseguimos carregar.
Comer da árvore nos faz defender um ensinamento bem simples: Você cometeu o mal, agora
faça o bem. Encontramos os elementos dessa árvore no Confucionismo, Budismo, Hinduísmo,
Mormonismo, Testemunhas de Jeová e várias outras religiões por aí. Bruxas estudam o lado do mal
da árvore para adquirir mais conhecimento sobre o mal; outros, chamados teólogos, estudam o
lado do bem para adquirir mais conhecimento sobre o bem, mas não há diferença entre os dois.
Novamente, a pergunta deve ser feita: os ensinamentos de hoje estão sendo acrescentados ao
padrão de Deus ou promovendo proezas que podem ser aplicadas igualmente ao Hinduísmo? Eles
vêm da árvore do conhecimento do bem e do mal, ou da Árvore da Vida?
Vamos supor que, orientado por Deus, eu decida passar o sábado ajudando minha esposa a
limpar a casa. É claro que foi Deus que colocou no meu coração ajudá-la. Isso não parece ser um
trabalho tão significativo, mas colherei uma recompensa no céu por fazê-lo. Por quê? Certamente,
não por causa do tamanho do trabalho, mas por causa de sua origem - a vida dEle em mim. Se
vivemos a vida de Cristo, não precisamos nos preocupar: a ação, não importa quão insignificante
aos nossos olhos, sempre será boa! Por outro lado, eu posso pregar para 10.000 pessoas para meu
próprio benefício, glória e exaltação. Esse trabalho será ferragem, madeira e restolho queimados
nos últimos dias!! A magnitude do trabalho foi tremenda, mas não teve origem na vida de Cristo
em mim, e sim no meu eu.
Torno a dizer, comer da árvore nos cega; muitas pessoas fazem o que o "mundo" considera
um ótimo trabalho, mas, para surpresa sua obra será queimada no final. Eu me lembro de ser
confrontado por um pastor legalista, inflexível quanto à sua posição de ser justo através de seus
próprios feitos. Sua esposa parecia bem inquieta, quando ele denunciava falsos pregadores e
cristãos preguiçosos; e, mais tarde, ela revelou que eles saíram da última igreja onde estiveram,
por causa de um relacionamento extraconjugal de seu marido.
O inimigo adora nos ver comendo dessa árvore. Assim como há níveis de maldade para o
homem cometer, também há níveis de bondade. Suponha que a maldade que um homem possa
cometer, comece no um e vá até o dez no lado positivo do gráfico; assim também os níveis do bem
do lado positivo do gráfico. Vamos imaginar que, quando um homem entregou sua vida para Jesus,
ele estava vivendo no menos cinco do lado do mal. Agora que ele é cristão, que nível do bem você
acha que ele vai querer alcançar, para ser considerado cheio do Espírito? Presumo que ele vai
querer chegar ao cinco positivo, do lado bom do gráfico. O problema é que, o nível do bem a que
alguém chega, naquele mesmo nível do lado mal, ele tende a cair; então, antes que perceba,
estará de volta ao menos cinco. Vemos esse princípio entre os fariseus, que alcançaram o dez
positivo do lado do bem, porque seguiram suas regras, mas quando foi que caíram do lado nega-
tivo? Chegaram ao menos dez, porque escolheram crucificar o filho de Deus. Esse princípio é
encontrado também entre ensinadores legalistas: quanto mais se colocam acima do nível do padrão
de Deus, mais alta será sua queda.
Alguns cristãos dizem que, se vivessem num país onde não houvesse perseguição física,
poderiam, então, viver uma vida cheia de Deus e mais produtiva para Ele. Outros acreditam que,
se vivessem onde não houvesse tanta liberdade e tivessem que ser perseguidos como cristãos,
seriam muito mais dinâmicos; de fato, eles acham que perseguição é como um atalho para atingir
maturidade cristã. Deus não deixa escolha: a pessoa que sofre perseguição tem problemas com
vida própria, assim como a que não sofre perseguição. Não existem atalhos para atingir
espiritualidade, mas também não há nenhum obstáculo físico que nos impeça de atingi-la.
Espiritualidade, vivendo do Espírito de Cristo, e não, de circunstâncias.
O tutor de Constantino assistiu quando a igreja começou a ser aceita, e comentou que o ódio
seria trocado pelo amor, tendo-o como inimigo do mundo. Aqui temos uma das profundas decep-
ções do inimigo: se pudesse, ele nos teria perguntado o que queremos em outro tempo e lugar,
enquanto nos esconde o hoje; e neste momento, não há nenhum obstáculo para o crescimento
espiritual e maturidade. Por que a gente escuta?? Será aquela árvore??
Já que poucas pessoas têm conhecimento do padrão de aceitação de Deus, do que significa
isso e como devem viver suas vidas, é muito fácil para o inimigo jogar-nos do positivo para o
negativo da escala. O ideal para Deus, em termos das escalas de que falamos antes, é zero. Sim,
nós somos cristãos de sucesso quando estamos no zero!!
Mas aqui também há um pouco de dificuldade, quando permitimos que outros definam zero
para nós. Acreditamos naturalmente, que se acordamos de manhã e nossas emoções se encontram
no menos seis, devemos advogar com Deus, até que elas alcancem o seis positivo. Temos permitido
que o inimigo e os outros nos falem que nossas emoções deveriam estar no seis positivo, aí pedimos
a Deus que apareça para nós em nossos quartos; confessamos, nos arrependemos, nos afundamos
na culpa, e, damos um monte de giros na esperança de fazer com que nossas emoções cheguem ao
seis positivo; não demora muito elas estão no menos seis novamente. O mundo descreveria isso,
como um tipo de depressão bipolar - uma expressão grave para o ato de comer da árvore do
conhecimento do bem e do mal.
A mesma coisa acontece com a mente. A gente decide não pensar certas coisas; aconteça o
que acontecer, disciplinaremos nossas mentes. Então, subimos na escala até que, de repente, nos
encontramos lidando com cobiça, dúvida, ou medo, com a mesma intensidade com que prome-
temos não pensar nisso.
Na área de desejos do corpo, prometemos que não vamos comer, não vamos mais ser
glutões, até que então comemos tudo o que vemos pela frente.
O que quer dizer viver no zero em nossa mente e emoções? O que significa ter nossas
emoções e pensamentos seguindo o plano de Deus? Teremos mais o que falar sobre isso, mas por
agora, podemos entender onde estão nossas emoções, discernindo o que é sobrenatural. A vida
sobrenatural é manifestada em pequenas, geralmente não visíveis, áreas de nossas vidas como paz,
piedade, e não-condenação quando estamos errados. Os primeiros poucos milagres que Moisés fez,
foram copiados pelos mágicos do Faraó. Do mesmo jeito, satanás pode copiar os grandes e
espetaculares sinais e visões, que vários julgam ser sinal de espiritualidade. Devemos nos lembrar
de que temos um relacionamento com Deus. Porém, muitos fazem com que esse relacionamento
seja uma continuidade de experiências de um topo de montanha para outro, e a vontade de
continuar duplicando tais experiências os expõe a todo tipo de decepção, sem contar com a
insatisfação em suas vidas.
Tenho, sob vários aspectos, um ótimo relacionamento com minha esposa. Gosto do
envolvimento romântico tanto quanto das coisas mais simples que fazemos juntos: dar uma volta
pelas ruas à noite, ler na cama, ou dar uma volta de carro. Há também a certeza de que ela está
em algum lugar da casa quando estou no meu escritório; e, também, a alegria de ouvir sua voz
pelo telefone, quando estou fora em viagem. Um dos maiores prazeres é saber que, mesmo quando
não posso vê-la, ela está à minha espera. A maior parte do meu relacionamento com ela não é
física ou emocionalmente extática, e mesmo assim desfruto de tudo com igualdade.
Não estou querendo dizer que Deus nunca mexe nas nossas emoções, mas que a maioria de
nós nunca aprendeu a descansar no relacionamento com o Senhor, quando tudo está quieto e
calmo. Queremos mais e mais. Se Deus não tem planos de mexer com a nossa emoção, a gente
acha meios artificiais para estimulá-la. Isso é muito mais complexo nos grupos que só trazem
entusiasmo, notícias espetaculares sobre o que Deus está fazendo e sobre as grandes coisas de que
ouviram falar. Acreditam que o nosso relacionamento com Deus deve ser uma arena em constante
clímax, e não conseguem descansar e gozar dos aspectos simples do seu relacionamento com o
Criador.
Isso se torna particularmente confuso, quando temos que saber qual é a vontade de Deus, o
que muitos passam anos tentando descobrir. O problema é que estão esperando pela confirmação
em suas emoções, alguma visão, um sonho, ou até mesmo uma alta e distante voz. Aqui está o
grande segredo: quando estamos na perfeita vontade de Deus, não escutamos ou sentimos nada.
Quando meu filho está fazendo a minha vontade, ele não ouve a minha voz. Vamos supor
que eu tenha falado a ele para não andar de bicicleta na rua; se o vejo na rua, eu o chamo e, se
ele não me escutar, corro para buscá-lo. Porém, se olho pela janela e o vejo andando de bicicleta
na calçada, onde ele deveria estar, ele nem ouvirá a minha voz.
O mesmo é verdade com Deus. Quando estamos fazendo a sua vontade, não escutamos nada.
Como é que uma pessoa pode estar na vontade de Deus? O processo é bem simples. Quando
surgirem alternativas, devemos falar: "Senhor, quero a Tua vontade, e não a minha. Eu decidi
mudar para tal lugar; se isso não for a Tua vontade, por favor, fecha a porta. Se permanecer
aberta, mudarei com segurança." Um amigo meu sabiamente aconselha que depois de tomada uma
decisão, a pessoa deveria esperar em constante oração, uns sete dias antes de concretizá-la, para
dar um tempo a Deus de fechar a porta. Você vê, Ele é o Criador e nós, as criaturas; tornamos o
nosso Deus muito pequeno, se não podemos confiar nEle para direcionar nossos caminhos.
Várias pessoas têm dificuldade com a oração, sem saber como orar ou como ouvir a Deus.
Deitam-se no chão esperando que Deus fale, ou desistem frustrados, tendo, assim, uma
comunicação unilateral com Ele. Oração é muito mais simples quando estamos no zero, e é muito
mais ouvir do que falar. A conversa acontece quando fazemos a Deus nossos pedidos; o ouvir,
quando descansamos nEle quietamente, lendo a Bíblia devagar, deixando que o Espírito Santo fale.
A voz de Deus não será uma voz humana, audível, alta, opressiva, ou um movimento sobrenatural
de emoções; será simplesmente a voz de Deus, facilmente reconhecida por Suas ovelhas.
Assim como viver no zero não é uma constância de emoções altas, também não será uma
constância no baixo. Muitos acreditam estar perto de Deus somente quando Ele os condena; todas
as vezes que falam de Deus, têm que compartilhar o quanto Deus lhes mostrou suas deficiências.
Olhando para eles, uma pessoa de fora, nunca há de querer ser um filho de Deus.

...e um grande e forte vento fendia os montes e despedaçava as penhas diante do Senhor,
porém o Senhor não estava no vento; depois do vento, um terremoto, mas o Senhor não estava no
terremoto; depois do terremoto, um Jogo, mas o Senhor não estava no fogo; e depois do fogo, um
cicio tranqüilo e suave... eis que lhe veio uma voz... I Reis 19.11-13

No capítulo 2, aprendemos que o mal que praticamos nos trouxe miséria, desconforto e
derrota; mas neste capítulo, aprendemos que as manobras feitas na tentativa de fazer o bem, nos
trouxeram uma igualdade de miséria, desconforto e derrota. O mais importante é que nenhum dos
caminhos requer fé. Se consegue enxergar essas coisas, você está pronto para o próximo capítulo.
4. Cristãos Descristãos
Existe alguma derrota, falha, depressão, ansiedade, frustração ou pecado que não tenha
suas raízes em descrença? Tenho feito essa pergunta a ouvintes de todo o mundo e ainda estou por
descobrir um.
Eu estava numa pequena cidade da índia, quando uma mulher me perguntou se poderia ter
um tempo sozinha comigo, para que pudéssemos discutir seus problemas e buscar em Deus a
solução. Ela tinha escrito num pedacinho de papel vários itens, que a preocupavam, incluindo
perguntas sobre seu marido que não era cristão, seus filhos, seus parentes, e, é claro, seus
próprios conflitos com Deus. O inglês dela era muito pobre e meu hindu nem existia, então pedi a
um pastor que nos ajudasse. Para cada pergunta, abrimos as Escrituras e encontramos a resposta
que Deus nos deu, cada qual baseada em Cristo como o centro e apontando um relacionamento
momento a momento com Deus, os quais, eu tinha certeza, resolveriam o problema. Porém, para
cada resposta, ela fazia outra pergunta, imediatamente. Depois de mais de uma hora nessa rotina,
percebi que, mesmo que essa mulher estivesse lendo sua Bíblia e orando mais de quatro horas a
cada dia, ela era uma cristã descristão.
Deixe-me explicar que o cristão descristão é alguém que é cristão, é nascido de novo, e vai
para o céu; o problema é que essa pessoa nunca acre ditou no Senhor Jesus com todo o ser. Isto é,
com sua mente ela aceita e acredita o que foi dito sobre graça, cuidado, afeto e amor no Senhor
Jesus - ela é cristã. E mesmo assim, ao mesmo tempo, ela sente que está no comando de todos os
aspectos de sua vida cristã - ela deve mudar a vida das pessoas à sua volta, transformar sua própria
vida, e trabalhar duro para agradar a Deus. Quer dizer, em suas emoções ela é descristão.
As igrejas hoje estão cheias de cristãos descristãos: com suas mentes correm para Deus, mas
com suas emoções correm de Deus. Muito tempo e esforço são gastos persuadindo pessoas a
concordar com o que as Escrituras dizem, mas muito pouca atenção é dada às emoções, plano em
que deveriam ser convencidas igualmente; o conceito emocional de Deus é tão importante quanto
a visão intelectual. Uma percepção emocional negativa de Deus criará obstáculos à vontade de
olhar para Deus como o Caminho, a Verdade e a Vida. Muitos entendem (acreditam) que Deus cui-
dará de todas as suas necessidades, mas sentem (não crêem) que Ele não vai ajudar e que devem
fazer tudo sozinhos; então continuam numa grande tribulação.
Deve ser muito difícil um pastor pregar toda semana numa congregação cheia de cristão
descristãos, porque, não importa quanto o sermão tenha sido preparado, o quanto de poder trans-
pire, não mudará na vida dos que o escutam. Igualmente desanimada é a congregação que tem um
pastor cristão descristão, porque todo sermão tentará instigar as pessoas a agirem sob culpa, por
manipulação ou argumentos intelectuais. A lição apontará sempre para o que os membros devem
fazer para melhorar as suas condições, sem enfatizar o que Ele já fez para curar a enfermidade.
Já foi dito que a descrença ê a mãe de todo pecado! Quando sentimos o peso das
preocupações sobre nossos ombros, e uma vez mais cortejamos o pecado que pensávamos estar
longe, quando nos distanciamos dos que nos amam, e nos encontramos voltando para o mundo, não
é a descrença, a causa? Não é essa a raiz de todo o mal? "... contudo, quando vier o filho do
homem, achará, porventura, fé na terra?"
O termo fé é usado mais de 230 vezes no Novo Testamento e é o tema central para os que
viveriam a vida simples da vitória. Antes de olhar para a origem da fé, devemos entender o resulta-
do de sermos cristãos descristãos. Só então entenderemos o "eu" que deve ser negado diariamente
e a vida de fé que vem para anular o poder da trindade que não é santa: pecado, satanás e o
mundo.

A derrota da descrença
Deixe-me fazer uma pergunta bem pessoal: "Você é salvo?" Quando voltamos para a Bíblia
descobrimos três coisas que Cristo fez por nós. Primeiro, através da fé nEle, podemos nascer de
novo. Segundo, através de Seu sangue somos perdoados, e terceiro, através de Sua vida podemos
ser salvos. Há uma diferença entre as três; uma pessoa pode ter as duas primeiras, inteiramente,
sem participar da terceira! De fato, acredito que o céu estará cheio de pessoas que foram per-
doadas e nasceram de novo, mas nunca tiveram salvação no dia-a-dia. Elas são as que não viram a
Jesus como um Salvador diário dos pecados que as controlam, da culpa que vem depois, e da inevi-
tável e inescapável escravidão.
Para entender o que o termo salvo significa, devemos ir ao Velho Testamento. Na maioria
dos casos, refere-se a ser salvo dos conflitos presentes, circunstâncias e inimigos. O povo olha para
o Deus da sua salvação. Quando eles clamam, precisam de ajuda agora, e, não mais tarde, quando
chegarem ao céu.. Ser nascido de novo nos levará para o céu (João 3), mas precisamos de salvação
das coisas que nos oprimem agora..
Preste atenção nas palavras de Paulo em l Coríntios 1.18: "Certamente, a palavra da cruz ê
loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus". Ele deixa bem
claro que os que rejeitam a mensagem da cruz perecem hoje; fala do presente. O mesmo, porém,
é verdade para o cristão que aceita a mensagem da cruz: quer dizer, ele verá o poder da salvação
da cruz hoje ("que somos salvos"). Ser salvo ocorre no presente! Como pode ser? Nós já estamos
certos de que vamos para o céu, estamos perdoados e nascidos de novo. Muito simples: a cruz nos
liberta hoje, de todos os inimigos contra nós e de agonias presentes.
Paulo novamente, deixa isso claro na carta aos Filipenses 1.28 e 2.12: "...e que em nada
mais estais intimidados pelos adversários. Pois o que é para eles prova evidente de perdição, é,
para vos outros, de salvação, e isto da parte de Deus"; "...desenvolvei a vossa salvação com temor
e tremor". Vemos que salvação é algo para o aqui e agora.
Imagine um homem liberto da prisão, porque a pena de morte que ele merecia foi promul-
gada através do ato de uma outra pessoa, como um líder do país. O homem que é solto e perdoado
tem o coração cheio de alegria e gratidão; ele está, pelo menos, aliviado. Mas e as circunstâncias,
eventos, escravidão e pecado - a natureza do homem - que o colocaram nesse lugar de morte
merecida? Se isso não mudar, mesmo o homem estando perdoado, sua alegria não durará muito, e
sua constante falta fará com que seu próprio coração o condene. Esse homem não só precisa de
perdão, mas de ser livre de todas as coisas que o trouxeram a esse lugar.
O que seria a perda da minha vida, se eu acreditasse que salvação é só para um tempo ,
futuro? Seria enorme, porque eu continuaria sofrendo derrota hoje, na esperança de liberdade no
futuro quando poderia ter tido vitória o tempo todo, se tivesse visto o Salvador como Alguém que
liberta hoje e todos os dias, até a libertação final de meu corpo.
Quando entendemos o que significa salvação, as palavras do anjo em Mateus 1.21 fazem
muito mais sentido para nós: "Ela dará à luz um Filho e lhe poros o nome de Jesus, porque Ele
salvará o seu povo dos pecados deles". Salvação é para ser uma experiência diária, sobrenatural.
Devemos acreditar na exortação do Salvador em João 15.5, "...porque sem mim nada podeis
fazer". Mas se estamos cheios de incredulidade, essas palavras soarão como bênção em nossas
mentes, mas como maldição em nossas emoções. Também procuraremos um salvador além de
Cristo para nos libertar de nossa prisão. Nessas condições, procuramos em todos os lugares errados!

A idolatria da descrença.
Qual é a única coisa que você quer receber depois de ler este livro? De que é que você
precisa? Imagino que sua resposta teria um pouco do seguinte: "Preciso de amor e de que essa
profunda solidão que sinto seja coberta pela alegria de ser amado e aceito; e também gostaria de
um pouco de segurança e garantia." Todas as nossas profundas necessidades são espirituais as quais
Deus, e somente Deus, pode suprir. Se, no entanto, você é um cristão descristão, você não tem
conseguido olhar para Deus para que Ele supra suas profundas necessidades.
Onde você tem procurado suprir essas necessidades? Como você lida com o mundo à sua
volta? O que você faz no meio de severa derrota? Para quem ou o que você se volta, quando sob
extrema pressão? Onde você encontra conforto? Como você existe num mundo onde Deus só se
revela no futuro (para tirá-lo do inferno)? Como você vive no meio de uma humanidade que parece
ir contra tudo o que você faz?
Vamos examinar agora, o desenvolvimento de alguns mecanismos que usamos para
dissimular.

A criação de ídolos
Mecanismo é simplesmente a palavra que o mundo usa para descrever um ídolo, ídolo é
qualquer coisa, além de Cristo, a que se busca, quando sob pressão. Quando machucados, devemos
encontrar um jeito de lidar com essa dor. A coisa para que corremos, quando estamos em dor, é
nosso ídolo.
Uma vez, comecei a disciplinar um cristão dedicado, que trabalhava numa igreja como
evangelista. Sua esposa, resolveu fazer-lhe uma surpresa numa noite em que ele trabalhava: ela
embrulhou um monte de coisinhas gostosas e foi ao seu encontro em seu escritório particular. Che-
gando lá, ela o encontrou ao telefone, fazendo uma ligação obscena; pornografia estava espalhada
por todo canto.
O marido foi trazido a mim, por causa de seu problema sério. A primeira coisa que fiz foi
estudar a história desse homem, antes de sua conversão. Descobri que quando ele tinha doze anos,
seu pai se tornara alcoólatra, e sábado era o pior dia da semana para esse garoto. Naquele dia, seu
pai ficava em casa e começava a beber de manhã cedo; pelo meio dia já estava bêbado e
começava a brigar com a mãe do menino. Uma vez o garoto assistiu a seu pai pegar sua mãe pelos
cabelos e jogá-la contra a parede.
Imagine você nessa situação, vendo seu pai e sua mãe brigarem e não poder correr para o
Senhor Jesus com sua dor? O que você faria para lidar com tal situação? O menino correu e se
escondeu debaixo da cama de seu pai; adivinhem o que ele encontrou? As revistas pornográficas de
seu pai! Ao invés de passar as tardes com pais briguentos, ele poderia passar seu tempo com
mulheres nuas nas páginas das revistas - mulheres que nunca o rejeitaram. Descobriu que,
enquanto olhasse para as fotos, não ouviria a discussão. Logo, pornografia tornou-se o ídolo desse
garoto; afinal, era uma coisa à qual ele podia ir correndo, quando sob pressão, para tirar os
problemas de família da cabeça, e, ao mesmo tempo, oferecia prazer, aceitação, e um sedativo
para a dor que sentia.
Aos dezesseis anos o menino se converteu e colocou de lado a pornografia, e por muitos anos
não tinha nada a ver com aquilo; até freqüentou a Faculdade Bíblica e foi para o seminário.
Porém, vários anos depois, ele se encontrava sob extrema pressão: seus filhos estavam se
rebelando, as coisas não iam bem no trabalho, e estava tendo problemas em seu casamento. Se
você fosse o inimigo (satanás) e seu trabalho fosse matar, roubar e destruir, quando percebesse
que esse homem estava sob enorme pressão, como iria tentá-lo? Claro, pornografia! O inimigo não
é ignorante de nossa história pessoal, e ele a usa para desenvolver uma tentação que, nos calhe
perfeitamente, usando como isca algo que, ele sabe, vai nos atrair. Esse homem estava seduzido
com pornografia porque no passado funcionara como alívio para sua dor: desse modo, ele estava
suscetível a voltar para aquilo.
No entanto, há um grande problema quando renovamos nosso caso com os ídolos do passado.
Deus não permite que nenhum ídolo supra as necessidades do cristão! Então, geralmente,
recusamos desistir de um certo ídolo, simplesmente porque funcionava tão bem no passado; isso
permite que o inimigo fique atrás de nós, falando-nos que a razão de o ídolo não suprir nossas
necessidades como fazia antes é não estarmos fazendo ou usando o suficiente. Talvez falemos: "A
razão de pornografia não estar funcionando é porque não estou olhando o suficiente". Aí, compra-
mos mais coisas pornográficas, e, mesmo assim, Deus não permite que nos satisfaçam. Nesse
ponto, por causa da crescente pressão e da falta de habilidade de encontrar um sedativo, a pessoa
se torna furiosa. Cristãos que usam ídolos para lidar com as coisas, são facilmente reconhecidos,
porque manifestam sintomas como apreensão, incerteza, medo, aflição e depressão. Nenhum deles
acompanha uma pessoa de fé.
Em Gênesis 29, lemos a história de Jacó e seu pedido ao imoral Labão, para obter Raquel
como esposa. Jacó trabalhou para Labão durante sete anos para casar com Raquel, e ao final dos
sete anos, foi passado para trás, e, ao invés de Raquel, lhe foi dada Lia, sua irmã. Ele então,
concordou em trabalhar mais sete anos para que pudesse ter a sua amada Raquel. Ao final desse
período, Jacó foi persuadido a trabalhar durante mais seis anos para seu sogro; durante esse
tempo, Deus fez com que Jacó prosperasse e lhe deu riquezas que pertenciam ao seu sogro Labão.
Depois de vinte anos, Jacó decidiu tomar suas esposas, seus filhos, seu rebanho e partir. Raquel e
Lia estavam com Jacó durante vinte anos; viram que Deus as abençoara, dando-as a Jacó; perce-
beram que Deus transformara toda a maldade que foi feita ao seu esposo em bondade.
Presenciaram as bênçãos de Jeová em suas famílias, e era costume que servissem ao Deus de seu
esposo. Por que então, quando foram completamente libertas de seu pai, levaram consigo os ídolos
de casa (Gênesis 31.19)? Por que esconderam os ídolos e os levaram com elas na jornada que Deus
tinha para eles? Foi por causa da descrença! "No caso de Deus não nos ajudar nessajornada,
teremos esses ídolos do passado conosco, os quais nos ajudarão com certeza", deve ter sido sua
desculpa.
O mesmo é verdadeiro com cristãos hoje! Deus nos chama para a jornada da Terra Prome-
tida, mas nós temos escondido conosco os ídolos do passado: no caso de Deus não nos ajudar (na
hora em que queremos e do jeito como queremos), teremos os ídolos conosco em que poderemos
confiar. A maioria dos cristãos começa a jornada para uma vida de paz, descanso e vitória, com a
mala cheia de ídolos do passado - as coisas em que confiavam antes de conhecer a Jesus. "Os que
se entregam à idolatria vã abandonam aquele que lhes é misericordioso". (Jonas 2.8).
Já foi dito que há quatro tipos de pessoas no mundo. A primeira diz: "Eu, não Cristo!" Nesse
grupo se incluem budistas, hinduístas e ateus. O segundo diz: "Eu e Cristo!" Esses deixam que Cristo
seja o seguro contra fogo, para mantê-los fora do inferno, mas tomam conta de tudo sozinhos. O
terceiro tipo diz: "Cristo e eu!" Esses são os cristãos mais infelizes, porque querem que Cristo seja
o Senhor e, mesmo assim, se Ele não age de acordo com os planos deles, na hora deles, aí vêm os
ídolos. O quarto tipo diz: "Cristo, não eu!" Tendo aprendido o segredo de dependência e confiança
em Cristo, e somente Cristo, eles entram na paz de Deus e entregam todas as suas ansiedades para
Ele.

A variedade de ídolos
Vamos dar uma olhada nos ídolos mais comuns, lembrando que um ídolo pode ser qualquer
coisa, pois é simplesmente aquilo para que corremos, para além de Cristo, quando sob pressão ou
dor. Durante nosso crescimento, foi inevitável passar por coisas desagradáveis e, como foi dito
antes, para cada situação de dor, achar-se um ídolo para ajudar a lidar com a dor.
Considere a adolescente que está crescendo num lar onde aconteceu um divórcio; ela já
mudou de uma escola para outra e o homem com quem sua mãe mora vê a menina como um aces-
sório desnecessário. Há, geralmente, dois elementos como conseqüência de uma ferida: o primeiro
é a dor, o segundo a rejeição. Podemos dizer com certeza que essa menina irá procurar algo que
alivie os dois. Trabalhar duro na igreja vai acabar com a rejeição e, fazendo isso, várias pessoas
elogiarão seus esforços, mas não vai curar a dor que ela está sentindo. Conseguir boas notas e ter
seu nome na lista dos melhores alunos da escola trará várias coisas positivas e acabará com a
rejeição, mas não vai curar a dor. Beber ou usar drogas a livrará temporariamente da dor, mas vai
causar mais rejeição, aumentando a ferida.
De fato, existe uma coisa pronta para acabar com a dor e a rejeição, é bem popular, geralmente
não tem custo financeiro, e nos dizem que isso cura as duas coisas, livrando-nos da ferida. Essa
coisa é o sexo. Quando envolvidos num ato sexual, sentimos prazer e nos livramos da dor e, ao
mesmo tempo, alguém está nos segurando - mesmo que por alguns minutos - livrando-nos da
rejeição. Mas no outro dia, sentimos a dor e a rejeição aumentadas pelo envolvimento, mas os
comerciais, filmes, televisão e amigos, nos asseguram que sexo, logo, logo, satisfará nossas
necessidades.
Existem ídolos facilmente reconhecíveis, feios e repulsivos, os quais vêm do lado mal da
árvore da sabedoria do bem e do mal. Há, entretanto, ídolos que, a princípio, não parecem ser tão
ruins assim. São, de várias maneiras, mais astutos, porque são facilmente desculpados ou aceitos,
ou não causam nenhum dano, ou até mesmo nos beneficiam, quando não são usados como
substitutos de Deus. Nessa lista estão: comida, compras, televisão, rádio, roupas, controle,
mentiras, manipulação, fuga, contentamento, leitura, fantasias, ganância, brutalidade e difama-
ção. Uma coisa pode ser um ídolo para uma pessoa, mas não para outra, dependendo se é, ou não,
usado para satisfazer as necessidades interiores.
Há, também, os ídolos "Classe A", alguns até buscados por muitas pessoas respeitáveis da
igreja; esses são os mais perigosos de todos. Existe também, o ídolo do Ministério. Isto é, a esposa
fala para o marido que ele está fracassando como esposo e pai, em casa, então ele vai para a
igreja, onde todas as pessoas lhe dirão que está fazendo um bom trabalho. Há o ídolo da Teologia,
que se baseia em descrença, tirando Deus de todos os milagres, do trabalho pessoal na vida do
cristão, Sua presença, e qualquer outra coisa que seja um pouco sobrenatural. Vários invocam o
ídolo de posições, vocações e viagens. Não estando contentes em ser simplesmente cristãos,
devem fazer algo diferente que os separe do resto do povo. Existe, também, o ídolo da religião,
pelo qual deixamos que os que se aproximam de nós saibam, imediatamente, que temos uma linha
direta com Deus e que não somos pessoas comuns como eles.
Como você pode notar, vimos uma variedade de ídolos; alguns são feios, outros aceitáveis, e
alguns parecem ser maravilhosos. Mencionamos somente alguns; muitos outros são facilmente
identificados, quando observamos para onde o cristão descristão corre, quando sob pressão.

Quando os ídolos falham


Deus não permitirá que seus filhos adorem ídolos, e, conseqüentemente, tira a paz dos que
o fazem.
Israel saiu da escravidão do Egito porque fixou sua atenção no único Deus verdadeiro. Por
que Israel teria demorado tanto tempo para completar a viagem? Ezequiel nos dá uma dica: "Mas
rebelaram-se contra mim e não me quiseram ouvir; ninguém lançava de si as abominações de que
se agradavam os seus olhos, nem abandonavam os ídolos do Egito" (20.8). Recusaram-se a ficar
sem os ídolos nos quais tinham confiado durante a prisão. Nós também tínhamos ídolos durante
nossa prisão; no entanto, quando Deus, através da graça do Senhor Jesus, nos tirou do escuro para
sua Luz, Ele queria que deixássemos nossos ídolos para trás.
Ezequiel teve uma visão: ele deveria cavar na parede do templo e descrever o que viu:
"Entrei e vi; eis toda forma de répteis e de animais abomináveis e de todos os ídolos da casa de
Israel, pintados na parede em todo o redor" (8.10). Israel tinha escondido seus ídolos no templo do
Senhor!
Freqüentemente, converso com cristãos que têm problema com homossexualismo. Em uma
certa ocasião, um homem veio até a mim e disse: "Você é a minha última esperança!" Aprendi que,
quando alguém fala assim, raramente tem intenção de melhorar, porque coloca toda a pressão em
minha atuação, e não na dele. Começamos a conversar e logo lhe mostrei que homossexualismo
não é nada mais que um ídolo, e o que leva a isso é raramente sexo, mas aceitação. Até mesmo
numa relação heterossexual, ao contrário do que é mencionado, sexo para o homem é muito mais
emocional que físico. Quando ele é rejeitado, sua identidade é afetada, e não sua vontade de
fazer sexo. Ele sente que não é aceito e não tem valor, então, nervoso, deprimido, se afasta. Esse
homem, por exemplo, tinha sido abandonado por um pai que nunca conhecera. Buscava aceitação
masculina: aos dezesseis anos achou-a, e com muito pouco esforço tornou-se homossexual.
Então, aceitação e sexo estavam interligados e confusos, e o resultado final era um homem lutando
contra seu homossexualismo.
Perguntei-lhe: "Se você pudesse tomar um remédio que não somente o livrasse disso, mas
também acabasse com todo o homossexualismo do mundo tornando-o assim impossível para você,
você o tomaria?" Ele disse que tomaria sem nem pensar. Então, perguntei: "O que você faz, quando
as coisas não vão bem no trabalho?" Ele disse que ia ao bar dos gays. "O que você faz, quando não
tem nada para fazer?" "Vou ao parque para gays!" "O que você faz, quando briga com sua esposa?"
"Eu me deito na cama e fantasio."
Então perguntei: "Se você tomar esse remédio que acaba com homossexualismo, o que vai
fazer, quando as coisas não forem bem no trabalho, quando não tiver nada para fazer e quando
brigar com sua esposa?
Sua resposta foi: "Eu não quero tomar esse remédio!"
Você vê: muitos de nós vivemos miseravelmente com nossos ídolos, mas não o suficiente
para tirá-los de nossas vidas. Encontramos um certo conforto neles e não temos nenhuma intenção
de acabar com eles. De fato, isto é o que falamos: "Por favor, tire isto de mim, mas vai ter que
passar por cima do meu cadáver!"
Como será que conseguimos não olhar para o Deus vivo, que nos comprou com seu único
Filho, mas nos viramos para as coisas do passado as quais nos aprisionaram sem misericórdia? "Que
injustiça acharam vossos pais em mim, para de mim se afastarem, indo após a nulidade dos ídolos
e se tornando nulos eles mesmos?" (Jeremias 2.5) Por que nos agarramos às coisas que não podem
nos dar vida? "Porque dois males cometeram o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de
águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas" (Jeremias 2.13). Muitos
encontraram alguma coisa a qual acreditam, irá ajudá-los e recusam-se a largá-la, mesmo que se-
jam cisternas rotas, que não seguram água e que no final os decepcionará. Somos tão apegados aos
ídolos que criamos e em que confiamos durante tanto tempo, que, se fôssemos deixados sozinhos,
nunca desistiríamos deles. Continuaríamos a colocar fé neles durante os tempos de crise, não
olhando para o nosso precioso Pai do céu, mas continuando a agir como prostitutas. Então, Deus
tem de fazer conosco o que fez com Israel, permitindo que vaguemos pelo deserto e dependamos
desses ídolos, os quais nos decepcionam sempre, até que os joguemos de lado e, uma vez mais,
façamos Deus o foco de nossas vidas.
A experiência no deserto não é uma aventura feliz para nenhum dos filhos de Deus; esse
ciclo é descrito no Livro de Juizes. Quando o povo de Israel estava confortável, esqueceram-se de
seu Criador; depois, começou a adorar os ídolos que os rodeavam, tornando-se miseráveis e
prisioneiros. Finalmente, lembraram-se de quem era seu verdadeiro Deus e pediram libertação, e
assim, o ciclo recomeçou. Assim como antes, Ele coloca Seu povo numa situação ruim, uma após
outra, até que somos forçados a chegar à conclusão de que somente Deus deve receber nossa total
confiança.
Uma vez me perguntaram: "Se eu cometer adultério, Deus ainda me amará?"
Minha resposta: "Claro que sim! Ele o ama tanto, que provavelmente, vai discipliná-lo duro
por isso."
O homem me olhou com uma estranha expressão em seu rosto, então perguntei: "Você já
percebeu o que a mãe faz com o filho depois que ela o tira da rua, porque vinha um carro?" Por
temer por seu filho, e na esperança de que o pequeno nunca mais irá para a rua sem olhar, a mãe
o repreende.
Quando Deus percebe que um de seus filhos está utilizando um dos ídolos do passado, o Pai
querido o disciplinará na esperança de que seu filho seja liberto e deixe tal coisa. Deus não cria
calamidade, mas é perfeitamente capaz de usar a calamidade que criamos para nos mostrar o
quanto nossos ídolos são inadequados, direcionando-os para Ele, e, conseqüentemente, au-
mentando nossa fé.
Suponha que alguém tenha aprendido a lidar com sua falta de habilidades naturais, ma-
nipulando outros para lhe darem o que quer. Deus provavelmente vai colocá-lo numa situação onde
melhorar é preciso, mas não vai permitir que o ídolo da manipulação funcione para ele. Então,
será forçado a ir para Deus, a fim de que Deus satisfaça suas necessidades.
Ou imagine uma mulher que aprendeu desde bem pequena, que quanto mais atraente for,
mais controle terá sobre as pessoas. Deus pode colocá-la numa situação onde ela deve competir,
baseando-se em outras coisas que não a aparência física.
Ou, então, vamos supor um certo homem que sempre acha que a inteligência é a única
razão de as pessoas agirem como agem. Deus poderia colocá-lo numa situação onde a inteligência
não tenha valor algum.
É bem fácil reconhecer os que estão no processo, pois suas vidas são caracterizadas por uma
constante frustração como resultado da traição de seus ídolos fiéis. Não conseguem entender como
seus ídolos funcionaram durante tantos anos e, de repente, passaram a desapontá-los.
Imagine que no passado, quando queria as coisas do meu jeito, eu conseguia intimidar as
pessoas a fazer tudo como queria. Numa certa ocasião, existe algo que quero fazer, mas acontece
ao contrário. Imediatamente, tiro o meu ídolo chamado "Intimidação", só que desta vez, ninguém
presta atenção; e eu não consigo o que quero. O que vou fazer? Provavelmente, vou tentar
"Intimidação" mais uma vez - afinal, funcionava tão bem no passado! Se falhar novamente, então
vou jogá-lo e tentar outro ídolo, quem sabe talvez "Mau humor". É frustrante, quando um ídolo tão
fiel do passado começa a. falhar e frustração pode geralmente ser seguida de pânico. Esse
processo pode piorar ainda mais, se um conselheiro tentar substituir meus ídolos por outros, os
quais ele acha que vão funcionar melhor para mim. A única coisa que faço é trocar de ídolos e
prolongar minha miséria.
Para quais ídolos você corre, quando sob pressão e estresse? Quais são esses preciosos
ajudantes que você tem guardado em lugares seguros para que possa usá-los no dia em que tudo
falhar? Várias pessoas têm mantido esse segredo por anos, até pregando contra e condenando os
que praticam a mesma coisa. O que são essas "coisas nojentas, cruéis e detestáveis?" Nós todos
temos e, como cristãos, estamos no processo de deixá-los de lado.
Um marido confessou à mulher, que estava planejando deixá-la. Ela tentou de tudo para que
ele ficasse: perdão, trabalhar mais, tornar-se mais atraente, ler livros, aconselhamento,
confronto, ira, hostilidade, ameaças, e até a desculpa das crianças. Houve uma coisa, no entanto,
que ela não tentou - Jesus! E só depois que decidiu deixar de lado os ídolos em que havia confiado
durante tantos anos para que seu marido ficasse, foi que o Senhor, sozinho, o trouxe de volta para
ela. Mais tarde, ela me disse que estava agradecida pela situação, porque tinha revelado a ela
todas as coisas em que confiava, além de Deus. Você está preparado para deixar tudo de lado,
menos Jesus Cristo? Se está, então você está preparado para entrar na Terra Prometida, o lugar de
descanso verdadeiro, o domínio onde Deus é tudo. Lá você pode encontrar o fim de toda
frustração, ansiedade, desconfiança, desânimo, e depressão, que freqüentemente são seguidos de
descrença! Se você está pronto para jogar fora seus ídolos do passado, o jeito de fazê-lo é
incrivelmente simples.

Jogando os ídolos fora


Infelizmente, muitos hoje têm mais fé na habilidade de satanás em mentir, do que na habili-
dade que Deus tem de ouvir e agir; mais convicção de que satanás pode tirar um cristão de perto
de Deus, do que da habilidade de Cristo em mantê-lo perto. Mas esse não é o caso; nosso Pai no
céu, é infinitamente mais poderoso do que nosso inimigo. Tudo de que precisamos para receber
esse poder é uma simples fé, a qual começa com as palavras em nossas bocas.
O problema que temos com a fé é que, se nossa experiência não segue, imediatamente,
nosso pedido, acreditamos que Deus não nos ouviu e, então, oramos mais uma vez. Deixe-me
enfatizar que o poder da oração não está em como é falada, ou quem a fala; o poder da oração
descansa completamente naquEle que a ouve. E foi o Pai do céu que nos ordenou a pedir-lhe por
uma razão, para que Ele ouça e responda.
Chegamos ao ponto em que tornamos muito difícil fazer petições a Deus. Tem gente que se
joga ao chão, tenta se imaginar no céu, faz apelos para ver o Salvador, para que possa ter certeza
de que Ele ouve, e assim vai, deixando um observador a pensar que essas pessoas não acreditam
que Deus está ouvindo ou vai responder. Oração é simples: é falar para Deus o que queremos e nos
apresentar diante dEle, nem melhores nem piores do que realmente somos. O poder da oração é
que Deus ouve! Se você sente que Ele não ouve, não importa.
Se estivéssemos em meu escritório, seria simples dar-lhe minha caneta; eu simplesmente a
entregaria em sua mão e a caneta passaria a ser sua naquele momento. Mais tarde, posso até
procurar a caneta em meu bolso, pensando que ainda a tenho, mas a verdade é que você a aceitou
e a tem agora. Entregar seus ídolos para Deus também é assim: você simplesmente os entrega nas
mãos dEle. Muitos, eu temo, acreditam que entregar algo para Deus ê como se eu jogasse a caneta
para o ar, e esperasse um momento para que a gravidade a trouxesse de volta às minhas mãos.
Quando a caneta está no ar penso que ela é de Deus, então, minha responsabilidade é mantê-la no
ar: porém ela continua voltando para minhas mãos. Isso é o que eu chamo de oração bumerangue,
porque continua voltando para mim. Não demora muito me canso e desisto de tudo!
Vamos imaginar que você assine um contrato, que estabeleça, que agora eu sou o dono de
todas as suas coisas aqui na Terra. Se eu não buscar minhas coisas hoje, não quer dizer que não vá
buscá-las nunca. Simplesmente, não estou com pressa de pegá-las. As coisas podem estar em sua
casa, mas agora são propriedade minha. O mesmo é verdadeiro quando entregamos nossos ídolos
para Deus. Eles podem permanecer em nós, mas lembre-se de que Deus os aceitou e os tirará
quando Ele quiser.
Lembro-me de quando entreguei o ídolo da difamação para Deus. Na manhã seguinte, eu es-
tava difamando. Entreguei-o a Ele novamente, e mais uma vez continuei fazendo o mesmo. Ele
então falou: "Eu o recebi da primeira vez." Daquele dia em diante, todas as vezes em que tropecei,
agradeci a Deus porque Ele havia me ouvido e recebido meu ídolo da primeira vez.
Hannah Whitall Smith sugeriu, certa vez, que peguemos nossa carga e cuidados, que os ano-
temos num pedaço de papel e os entreguemos ao Senhor de uma vez por todas. Sugiro sempre o
mesmo: segure o papel para cima com as duas mãos.
Não demora muito e esse pedacinho de papel passa a pesar muito mais do que antes. De fato,
enquanto alguém segura esse pedaço de papel para cima, permitindo que Deus veja o que está
escrito, seus braços vão sentir como se estivessem carregando o peso do mundo inteiro. Se essa
pessoa pensar no ídolo que sempre usou para suprir suas necessidades, será que o ídolo a ajudaria
agora? Será que bebida, drogas, comida, controle, fuga, status, ou coisas materiais farão com que
esse papel fique mais leve? Logo, percebe que não foi criada com a habilidade de carregar suas
preocupações, e que nada daquilo em que confiou até agora funcionou.
Você se lembra de quando os judeus quiseram que Jesus saísse de suas propriedades, depois
que os demônios que Ele havia expulsado correram para os porcos, e esses caíram despenhadeiro
abaixo? Por que estavam tão bravos com Jesus? Eles nem podiam ter porcos! Será que algum de nós
tem o direito de possuir pelo menos um dos ídolos que foram mencionados? Será que esses que
lutam com tanta garra para ter o privilégio de ser homossexuais, fazer abortos, produzir
pornografia, ganhar causas, divorciar... podem dizer com toda a honestidade que esses direitos
lhes trouxeram alegria e serenidade?
Um irmão em Cristo, que uma vez veio ao meu escritório, tinha um problema físico sério e
isso o deixava constrangido. Durante nossa conversa, perguntei-lhe se já havia entregado a Deus
seu desejo de ser curado. Ele não me entendeu imediatamente, e expliquei-lhe que deveria aceitar
estar naquela condição pelo resto de sua vida. O seu louvor e amor por Deus não podiam ter preço,
mas a evidência que tinha estava em sua indignação por não ser curado. Ele ficou irado e saiu
falando que Deus teria que curá-lo. Alguns dias depois, ele voltou entusiasmado, contando que
naquela noite colocara-se diante de Deus, e Lhe entregou seu direito de ser curado, e
imediatamente ficou bom.

Impedido pelo seu próprio conceito de Deus


Uma das grandes fraquezas no Cristianismo hoje é que perguntamos a uma pessoa se ela
quer aceitar a Jesus Cristo em sua vida, ou falamos ao cristão frustrado para fazê-Lo Senhor, sem
antes perguntar ao não cristão quem ele acha que vai entrar em seu coração; ou ao cristão, quem
ele achaque vai ser Senhor. Agradecemos a Deus pelas campanhas evangelísticas e o fruto que
nasce através delas; no entanto, devemos nos perguntar por que, das centenas de pessoas que vão
à frente e aceitam a Jesus, somente uma pequena porcentagem continua no Senhor. É porque
durante uma hora de reunião, a mente (opinião intelectual) se sobrepõe à emoção (opinião
emocional), permitindo que à pessoa vá a frente e faça uma profissão de fé pública. No entanto,
em poucas semanas, as emoções vencem a mente, e o convertido se torna complacente e começa
a se distanciar de Deus.
Eu gostaria que você fizesse um pequeno teste, que, com a ajuda do Espírito Santo, poderá
ajudá-lo em seu conceito emocional de Deus. O teste não é para ser respondido, com base no que
você sabe, mas em como se sente, quando está pior. É triste, mas o que você é em seus piores
momentos é sua verdadeira condição. Uma esposa não sabe quem ela é quando o marido lhe traz
flores, mas sim, quando ele derrama o leite na mesa. Um marido não sabe quem é, quando a
esposa faz todas as suas vontades, mas sim, quando ela atrasa meia hora para pegá-lo no serviço.
Uma vez, perguntei a um irmão que tinha sido missionário durante vinte anos: "Quando você
pensa em estar com Deus, o que sente?"
Ele respondeu: "Amor".
Eu disse que isso era a mesma coisa que eu havia aprendido no Seminário, mas que eu não
estava perguntando o que ele sabia, mas o que sentia em seus piores momentos, quando se deitava
na cama e sentia que o mundo ia desabar. Aí ele xingou. Você vê, havia uma grande diferença
entre o que ele sabia e o que sentia emocionalmente. O teste abaixo é destinado a discernir como
você se sente sobre Deus, em seu pior momento; então, por favor, quando estiver respondendo às
perguntas, não as faça mais difíceis dos que já são; simplesmente escreva o que vier à sua mente
primeiro.

1. Quando penso em estar com Deus, sinto...


2. Quando tenho que confiar em Deus, sinto...
3. Quando penso em Deus, desejo...
4. Às vezes, fico zangado com Deus quando...
5. É frustrante quando Deus quer que eu...
6. Eu realmente adoro a Deus, quando...
7. O que mudaria em mim para agradar a Deus seria...
8. Quando penso nos mandamentos de Deus, me sinto...
9. Às vezes, queria que Deus...
10. Posso depender de Deus...
11. Em meu relacionamento com Deus, estou sempre certo de que Ele irá...
12. Que mais me amedronta sobre Deus é
13. Deus me surpreende quando...
14. Que tenho medo que Deus possa fazer é...

Já apliquei esse teste em diversos países com uma variedade de culturas, e as respostas dos
cristãos que se sentem derrotados e sofridos são consistentes.
As respostas mais comuns são:

1. Quando penso em estar com Deus, sinto medo, solidão, e que Ele não está aqui.
2. Quando lenho que confiar em Deus, sinto que Ele não vai me ajudar.
3. Quando penso em Deus, desejo que possa vê-Lo ou que Ele me mude.
4. Às vezes, fico zangado com Deus, quando Ele não me ouve, quando me deixa sozinho, quando
não me ajuda.
5. É frustrante quando Deus quer que eu faça o impossível (o que Ele sempre quer). Quando me dá
ordens não consigo cumprir.
6. Eu realmente adoro a Deus, quando Ele perdoa. (Se as pessoas realmente adoram a Deus
quando Ele perdoa, e não estão tendo muita alegria, podemos, seguramente, concluir que, na
verdade, não acreditam que Ele perdoa!).
7. O que mudaria em mim para agradar a Deus seria tudo. (Essa resposta revela o sentimento de
não se sentir aceito por Deus, precisando sempre fazer mais para Ele.)
8. Quando penso nos mandamentos de Deus, sinto-me inadequado, porque, na maioria das vezes,
não consigo obedecer a eles; ou também me sinto julgado por errar.
9. Às vezes, queria que Deus me levasse para casa. (Essa pessoa está simplesmente dizendo que
sua vida com o Senhor tem sido péssima.)
1O. Não posso depender de Deus para nada.
11. Em meu relacionamento com Deus, estou sempre certo de que Ele irá me julgar, revelar para
todos as minhas falhas.
12. O que mais me amedronta sobre Deus é seu julgamento.
13. Deus me surpreende quando responde ou está perto.
14. O que tenho medo de que Deus possa Jazer é matar alguém que amo para chamar minha
atenção.

Deus, e somente Deus, supre suas mais profundas necessidades; todos nós sabemos disso em
nossas mentes, mas e em nossas emoções? Haverá alguma coisa em nossas emoções impedindo-nos
de correr para Deus, para que essas necessidades sejam supridas; nos colocando numa jornada sem
fim, tentando encontrar uma pessoa, algo especial, um lugar incrível ou aquele ídolo adorado para
supri-las? Olhe como Deus é descrito pelo cristão derrotado no teste acima. Mesmo sabendo que
Deus não tem nada a ver com o que foi descrito, o cristão derrotado sente que é esse o Deus a
quem ora, adora e a quem confia suas necessidades.
Imagine você participando de um culto evangélico e, depois de ouvir uma mensagem sobre a
vida salvadora de Cristo, ser chamado para vir à frente e aceitá-Lo como seu Salvador. Imagine o
pregador, depois do convite, descrever o conceito emocional de Cristo que tiramos do teste acima!
Ele explicaria, então, que, aceitando a Jesus em sua vida, desse momento em diante você sentiria
medo e não teria nenhuma ajuda, Deus não estaria perto de você, Ele não o ouviria, seria
impossível obedecer a seus mandamentos, Deus iria julgá-lo, você não seria aceito, e Ele até
poderia matar alguém de sua família para chamar sua atenção! Você ou os outros aceitariam tal
convite? Nós não levamos a sério que muitos rejeitam o Senhor, não baseados no que é ouvido, mas
no que estão sentindo.
Uma vez, conheci um agnóstico muito intelectual que tinha pavor de cristão; depois que lhe
falei que eu era um deles, ele imediatamente me disse que os cristãos eram ignorantes, sem
conhecimento, supersticiosos, e super fingidos em sua busca de santidade. Já que estávamos
viajando juntos e tínhamos um tempo, perguntei se ele me daria a honra de responder ao meu
teste. Ele respondeu, e suas respostas foram similares às vistas no teste acima: sua convicção
emocional era de que Deus não está perto, não ajuda, traz desgraça e nunca o escuta. Depois de
lhe mostrar seu conceito emocional de Deus, eu disse: "Se isso realmente descrevesse Deus, eu
também não ia querer nada com Ele. De fato, eu inventaria desculpas para ficar longe dEle!"
Ele então respondeu: "Bem, todos os cristãos são hipócritas." Eu disse que isso era uma
desculpa. "Eles são todos famintos por dinheiro também." Duas razões. "Tudo com que eles se
importam é com construções." Três. "Eles nunca ajudam a ninguém." Essa era a quarta desculpa
para ficar longe de Deus. Ele me deu várias explicações, e eu entendi seus motivos para fazê-lo.
Com uma certa frustração, ele finalmente perguntou por que eu não estava discutindo suas
acusações ao cristianismo. Expliquei novamente que, se Deus é como ele descreve, então, todos
nós devemos procurar boas desculpas para ficar longe dEle. Se, de fato, Deus é um ser tão
amedrontador e de coração tão frio, temos toda razão do mundo em não abrir a porta e deixar que
Ele entre para controlar nossas vidas. Aqui, novamente, o grande conflito: muitos não querem ir
para o inferno algum dia no futuro, então, um Salvador do futuro os atrai. No entanto, devido a
uma descrença emocional e ao medo do que pode acontecer se permitirem que Ele mande em suas
vidas, essa mesma pessoa deve encontrar um jeito de lidar com a vida sem Deus. As objeções ao
Cristianismo, desse homem em particular, nada tinham a ver com o intelecto; eram motivadas
simplesmente pelas emoções.
Nós sabemos que as respostas dadas ao teste não descrevem Deus; então, a quem
descrevem? Quem será que não nos ouve, não está por perto e nunca está satisfeito? Muitos vão
responder: "satanás"; outros dirão: "nosso eu". Descobri que na maioria das vezes, a pessoa descrita
é o pai terrestre. À pessoa que faz o teste pode ser perguntado: "Seu pai o escutou? Ele o ajudou?
Ele estava por perto? Ele tinha tempo para você? Ele o julgou? Você conseguia agradar-lhe, ou, não
importa o que você fizesse, ele queria sempre mais? Ele o criticou e esperava de você o que
parecia impossível? Até hoje, você se sente desaprovado por ele? Ele alguma vez tomou algo
importante seu?" Concluí que entre os derrotados com quem converso, mais de 90 por cento têm
um conceito de Deus que, na verdade, descreve seus pais (suas mães ou uma pessoa de influência
em suas vidas). Tudo o que sabemos de autoridade é o que aprendemos com os que estão ã nossa
volta. Não faz sentido, então, que, quando somos ensinados a chamar a Deus de nosso Pai do céu,
isso traga às nossas emoções o conceito do nosso pai da Terra?
Uma garota tinha muita dificuldade em confiar ou pedir algo para o Pai do céu; no entanto,
ela tinha facilidade em orar para Jesus, e o chamava de Irmão. Depois de uma breve olhada na
história de sua vida, foi descoberto que seu pai, quando ainda pequena, a tinha assediado. De uma
forma natural, ela transferiu toda a sua raiva e decepção, do seu pai da Terra para o Pai do céu!
Quando mencionei para o homem que se auto afirmava intelectual e agnóstico que suas res-
postas ao teste, talvez não descrevessem Deus, mas seu próprio pai, e lemos o teste novamente,
ele começou a chorar. Ele então me contou que seu pai fora embora e prometera voltar, mas
nunca voltara; e falou de sua dor e raiva, causadas pelos atos de seu pai.
Se existe uma palavra que pode descrever a condição das pessoas a quem foi dirigido o livro
de Hebreus, essa palavra é descrença. Eles não são capazes de confiar, e o autor luta contra o
falso conceito que têm de Deus, resultado de situações com seus pais da Terra. "Pois eles nos
corrigiram por pouco tempo, segundo...; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim
de sermos participantes de sua santidade" (12.10).

Quem então é Deus??


Gosto de ler I Coríntios 13 com os que têm um conceito irreal de Deus, porque se Ele é
amor, então esse capítulo deve descrevê-Lo. Quantos sermões você já ouviu sobre essa passagem e
que o fizeram pensar: Eu tenho que amar mais? No entanto, que alegria ler, substituindo a palavra
amor pelo nome Deus, e perceber que esse é o Deus que nos ama e vive Sua vida através de nós.
Deus é paciente; e que virtude mais maravilhosa. Paciência não é encontrada em nosso planeta; só
vem do céu. As pessoas têm tão pouca paciência. Faça uma pergunta ao seu parceiro duas vezes
(ou três, se estiver com muita coragem) e veja o quanto existe nele, de pouca paciência. Muitos
têm um coração bondoso, inclinado a ajudar pessoas com deficiência física, mas passam a ficar
desencorajados, devido à falta desse atributo. E quanta paciência falta nas igrejas, para com os
que estão crescendo, mesmo que Deus seja paciente. Deus é bom, não é ciumento, não se gaba,
não é arrogante e nem orgulhoso de ser visto conosco Ele não agirá de forma indecorosa (Ele nunca
vai abusar de nós), Ele não quer tudo só para si, mas sim o que é melhor para nós. Isto é, se algum
de nós estiver sob disciplina, estresse, doença ou deficiência física, pode estar certo de que Ele o
está permitindo para nosso próprio bem. Ele não é provocável. Você sabia que nunca vai conseguir
fazê-lo tão bravo ao ponto de jogá-lo no chão e pisar em cima? Deus não guarda rancor (Ele nunca
fará uma lista de ofensas, como as pessoas fazem). Ele odeia injustiça (qualquer coisa ruim que
aconteça a qualquer um de nós), sempre vai nos suportar, acredita em nós, resiste a todas as
coisas, e nunca vai faltar conosco. Ele sempre está por perto!
Muitos passam uma vida inteira tentando suprir suas necessidades espirituais. Jesus Cristo é
o único que pode suprir essas necessidades, porém muitas vezes corremos dEle porque achamos
que Ele é outra coisa além do Deus de I Coríntios 13.
Quando tive o privilégio de mostrar ao agnóstico quem Deus realmente é, e que ele não
estava correndo de Deus, mas de um deus feito da auto-imagem de seu pai, ele entregou sua vida
para o Senhor Jesus. Você vê, muitas pessoas não dão uma oportunidade para que Deus possa
provar quem é, porque elas rejeitam quem elas acham que Ele é, antes que Ele possa fazer algo
por elas.
A saída da descrença emocional é bem simples. Só precisamos confessar como pecado os
sentimentos errados que temos de Deus e professar quem Ele realmente é. Irá, de fato, demorar
um pouco para que as emoções mentirosas, às quais estamos tão acostumados, dêem lugar aos
fatos. A próxima falha, será um teste do nível de fé que alcançamos. Descrença é a mãe do
pecado; todavia, a profundidade de nossa descrença é verdadeiramente revelada pelo modo como
agimos com Deus quando falhamos. Se nos pervertemos, nos desligamos dEle, praticamos
autopunição, revelamos a escura profundidade da descrença, pois, em nossa autopunição,
provamos que nossa aceitação nunca descansou no Filho de Deus, mas sim em quão bem nos
comportamos.
Então, da próxima vez que você errar, não ouça sua emoção mentirosa que fala: "Deus vai
pegá-lo; Ele nunca vai ajudá-lo de novo; Ele fará com que outros sofram por causa do seu pecado."
Pelo contrário, seja uma pessoa de fé e acredite no Deus de I Coríntios 13, caminhando no amor e
na redenção daquEle que é tão grande.
Se você tem deixado suas emoções mentirosas controlarem sua vida há anos, você tem uma
luta pela frente: elas não entregam, facilmente, as rédeas de controle para o Espírito.
Lembre-se, eu não estou dizendo que devemos lutar para mudar o que somos, mas lutamos
para acreditar em quem já somos. E não vai ser fácil, porque muitos de nós já nos acostumamos a
viver uma vida miserável. Somos iguais ao menino que foi criado por lobos: quando capturado, ele
continuamente lutava contra os que queriam ajudá-lo. Tentava sempre escapar e voltar para
aquela vida fria, úmida e difícil! Por quê? Aquela pobre criatura havia se acostumado com aquele
estado infeliz, e muitos de nós, estamos nas mesmas condições! Vivemos durante tanto tempo ten-
tando nos separar de Deus, andando em descrença e utilizando nossos ídolos, que estamos mais
propensos a ser infelizes - indo daqui para ali procurando felicidade - do que a dizer não às nossas
emoções e confiar em Deus pelo que realmente Ele é. A escolha é nossa. Se continuarmos mise-
ráveis com um Deus tão maravilhoso, só podemos culpar a nós mesmos!
É um grande passo de fé, ir contra todas as emoções mentirosas que você tem a respeito de
Deus, e abrir a porta para Ele uma vez, pois uma só vez é o de que você precisa, para descobrir a
vida abundante que tem procurado durante tanto tempo. Há um versículo que é sempre falado
para não cristãos, mas que, na verdade, foi escrito para cristãos descristãos: "Eis que estou aporta
e bato; se alguém ouvir minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele
comigo." (Apocalipse 3.20)
5. Fé
Várias vezes procuramos e não achamos, porque não sabemos o que é o achar. Por exemplo:
há pessoas que nunca acreditam que Deus esteja realmente perto durante o dia, a não ser que algo
predeterminado aconteça com suas emoções.
Com a fé, o mesmo é verdade; muitos se ocupam tentando encontrar mais fé, quando
tiveram tudo de que precisavam o tempo todo. Gostaria que você olhasse para sua fé de modo um
pouco original: como um órgão igual ao ouvido ou aos olhos. Quando você se deita à noite, seus
ouvidos descansam, mas nunca dormem. Se alguém tenta entrar em sua casa, seu ouvido o acorda
para que você possa agir! O ouvido não cria o som, só recebe.
A fé é algo maravilhoso e todo cristão a possui. Tira toda a pressão sobre nós para que faça-
mos ou sequer iniciemos o trabalho de Deus, e coloca ênfase em Deus, o Criador das ações. Quando
Deus lhe disse que sua mulher teria um bebê, Abraão, imediatamente, se olhou e disse: "Não acho
que eu possa ter um filho." Ele olhou para Sara e disse: "Eu sei que ela não pode ter um filho."
Então, ele olhou para Deus e disse: "Quando é que nós teremos um filho?"
Temos várias promessas de Deus, as quais devemos aprender a saudar, com as mesmas res-
postas de Abraão. Primeiro, olhamos para nós mesmos e sabemos que elas são impossíveis. "Vós,
porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa... (I Pedro 2.9) como pode ser, Senhor? Sabe-
mos que é impossível alcançar tal posição. Depois, devemos olhar à nossa volta e entender que ne-
nhuma outra pessoa pode nos ajudar a alcançá-la. Mas, então, como homens de fé, olhamos para
Deus e Lhe agradecemos por ser tudo verdade: nós somos raça eleita, sacerdócio real, nação santa.
Se ter fé é simplesmente receber o que Deus deseja fazer, você percebe o quanto o seu
conceito de Deus é importante para o dia-a-dia? Imagine um ramo cortado, colocado em um vaso,
morrendo aos poucos todos os dias. Não importa o quanto você se esforce, as folhas e pétalas
continuam a cair; você apenas não tem vida dentro de si. Logo antes de morrer, você é enxertado
em uma videira que possui toda a vida de que precisa. Mas e se você acredita que a vida que parte
dessa videira é venenosa e vai levar sua existência vulnerável a um fim? O que você faz? Você vai
tentar tudo o que puder para manter essa vida fora de você, mesmo que continue a morrer.
O mesmo é verdade com nossa vida espiritual: muitos têm um conceito de Deus que é enve-
nenado. Não sabem quem Ele é e, mesmo morrendo, se recusam a deixá-Lo entrar.
A Parte Difícil
Algumas vezes, assim como o Espírito levou Jesus ao deserto para ser tentado, Ele nos leva a
um ermo para testar nossa fé.
Imagine-se entrando num quarto, e, logo atrás de você, o Senhor entra, apaga as luzes,
fecha e tranca a porta, e, então, retira completamente o seu conhecimento de que Ele o está
ouvindo! Você deve lutar para ter esse entendimento de volta, no entanto, é meio complicado.
Quanto mais você lutar para sentir Sua presença, mais tempo ficará no quarto escuro, porque o
propósito de tudo isso é ensiná-lo a andar pela fé, e não por vistas e sentimentos.
Ah, tem mais uma coisa. Quando você já tiver tentado várias coisas para que seu emocional
sinta novamente a presença de Deus, o inimigo arranja um jeitinho de entrar e diz coisas como: "Se
você não tivesse feito isso ou aquilo, Deus estaria perto de você." "Se você tivesse mudado para tal
e tal lugar, Ele estaria com você." "Se você tivesse casado com outra pessoa, as coisas estariam
bem melhores." "Se você não tivesse falhado com Deus, Ele estaria feliz em estar ao seu lado
agora." "Se você tivesse orado mais ou lido mais, ou guardado mais versículos, você estaria
sentindo a presença de Deus."
No meio de tudo isso, você até duvida se é realmente nascido de novo; vai pedir novamente
que Jesus entre em seu coração; vai procurar por sinais ou qualquer coisa que lhe dê a certeza de
que tanto precisa. Você se arrepende de todos os pecados imagináveis e se pune com as mais
severas formas de culpa. Você quer fazer algo para que possa ganhar a aceitação de Deus.
Muitos dos que se vangloriam de sua fé, contando histórias magníficas do que têm alcan-
çado, são esmagados e desmantelados nesse quarto. E por que não? Quanto tempo um homem que
confia em si mesmo consegue andar no escuro e não tropeça dominado, quebrado e humilhado?
Sim, aqui você anda num escuro absoluto; um que pode até ser sentido (Êxodo 10.21,22). Esse tipo
de escuro, Jó conheceu muito: "O meu rosto está afogueado de chorar, e sobre as minhas
pálpebras está a sombra da morte" (16.16). "O meu caminho Ele fechou, e não posso passar; e nas
minhas veredas pôs trevas... esperava a luz, veio-me a escuridão" (30.26).
Esse estado prolongado no escuro, irá nos testar e revelar qualquer descrença que esteja em
nós. Quanto maior o período no escuro e falta de emoção, mais será essa descrença revelada.
Novamente, tentaremos uma série de processos, tentando ganhar de volta nossa posição emocio-
nal: todos vão mostrar no que realmente confiamos em nosso dia-a-dia para trazer felicidade, e
Deus, é claro, não permitirá que tenham sucesso. Pode ser revelado que confiemos em ídolos,
coisas em que encontramos um certo conforto (Isaías 42.17). Talvez confiemos em alguns irmãos
ou irmãs, os quais, estamos certos, vão nos tirar de nossa calamidade presente (Jeremias 9.4;
Miquéias 7.5) e, então, descobrimos que eles não são a resposta. Às vezes olhamos novamente os
ensinamentos que nos prometeram felicidade eterna, ou aquela doutrina que nos trouxe uma
experiência prometida, e nos voltamos para eles com mais fervor, mas ainda andamos no escuro e
podemos até acreditar que fomos enganados (Jeremias 28.15). Apelamos para nossas realizações e
várias coisas que fizemos no passado, na esperança de que Deus reconheça nosso valor e retorne
(Jeremias 48.7). Pode até ser revelado que temos confiado em fama para continuar vivendo uma
vida abundante (Ezequiel 16.15).
Quando tudo falha, começamos a reclamar, cometendo o erro que vários cometem: no meio
da desgraça não ficamos quietos e esperamos; ao invés, culpamos Deus pela situação. Nós, assim
como Jó, amaldiçoamos o dia em que fomos feitos e acusamos a Deus do grave erro de nos criar.
Chegamos até ao ponto de ficar com raiva de Deus, culpando-O de não se importar ou não fazer
nada. "Vos dizeis: Inútil é servir a Deus; que nos aproveitou termos cuidado em guardar os seus
preceitos e em andar em luto diante do Senhor dos Exércitos?" (Malaquias 3.14).
Nós nos tornamos enjoados com toda essa situação. Cego, irracional, sem esperança, torna-
se impossível ver a mão de Deus nesse processo. Precisamos estar de olhos abertos.
Quando Paulo escreve a carta a Filemon, deixa claro que está na prisão, provavelmente em
Roma. Como de costume lá, sem dúvida ele estava algemado a um guarda, e quando escrevia a
carta ouvia o som das correntes e via os guardas o que o lembrava do lugar onde estava. Ainda
assim, Paulo mencionou três vezes ser um prisioneiro de Jesus Cristo e do Evangelho. Dada a situa-
ção de Paulo, qual o significado dessa declaração? Ele não viu um guarda romano ao final de suas
correntes, mas viu a Jesus Cristo! O homem de fé nunca vê escravidão em nada, senão a Deus.
Você vê, nada acontece em nossas vidas, antes que primeiro passe pelas mãos amadas do nosso Pai
do céu.
O que você vê no final das correntes que o atam? Você vê seu parceiro, seu trabalho, seus
pecados, suas derrotas, suas circunstâncias? Ao invés disso, você estaria disposto a ver Jesus Cristo
como o Autor de tudo, permitindo-lhe descansar, sabendo que o resultado de tudo será para seu
benefício?
Depois de alguns meses de convertido, fui a uma conferência numa grande cidade. Eu pas-
sava minhas tardes no centro da cidade, pregando para qualquer um que ficasse conhecendo.
Quando virei uma esquina, uns dois quarteirões à minha frente estava um homem andando: ele
virou para trás e começou a andar em minha direção. Quando ele estava mais próximo, senti o
Senhor me falando: "Dê todo o seu dinheiro para aquele homem." Eu tinha U$150, o que naquela
época era uma boa quantia. Quando o homem passou por mim, parei e comecei a testemunhar
para ele. Para minha surpresa, na mesma hora ele começou a falar do amor e fidelidade de Deus;
eu mesmo não falei quase nada. Finalmente, ele me disse que tinha de ir e pediu-me que orasse
por ele. Perguntei: "Irmão, em que sentido posso orar por você?" Ele respondeu: "Estou sem
trabalhar há dois meses e não consigo arrumar um emprego. Tenho esposa e dois filhos, e já
estamos sem comida, mas sei que Deus é fiel e vai prover." Fiquei abismado com sua fé. Enfiei a
mão no bolso, dei-lhe os U$150 e lhe disse que Deus queria que eu lhe desse o dinheiro assim que o
vi. O homem então me abraçou e começou a chorar e a louvar ao Senhor. Quando saí andando,
parecia que meu "coração estava mais leve do que meu bolso", como disse Hudson Taylor, depois
de ter dado tudo o que tinha para o Senhor. Fiquei tão impressionado porque Deus sabia
exatamente quando estaríamos naquela rua e orquestrou nosso encontro no momento certo para
recompensar a fé daquele homem.
Numa outra ocasião, um irmão que havia perdido seu emprego veio até a mim. Eu lhe disse
que me importava com sua perda, e perguntei-lhe como estava. Ele disse que não estava preocu-
pado porque tinha economias guardadas para uns seis meses. Quando estávamos saindo, comentei
com minha esposa: "Ele estaria bem melhor, se tivesse economias para um mês só, porque agora
terá de esperar seis meses antes que o Senhor lhe dê um novo emprego." Você vê, ele teria que
perder suas economias (a coisa em que confiava), antes que entrasse numa fé verdadeira e
confiasse em Deus como Provedor!
Quem é como o nosso Deus, com Suas lições maravilhosas, encaixadas perfeitamente às
nossas condições para o Seu propósito? Todos devemos passar por esse trajeto de fé, pois sem ela
não podemos agradar a Deus. O tipo de trajeto é diferente para cada cristão, pois será traçado sob
medida pelo Pai querido, mas o resultado será sempre o mesmo. "Porque a nossa leve e mo-
mentânea tributação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação." (II
Coríntios 4.17)
Mais uma coisa: a grandeza da fé não é para ser julgada pela quantidade de promessas de
Deus que você teve a oportunidade de ver, ou por quantas coisas materiais você possui, ou até
mesmo por quão boa possa estar sua saúde. A grandeza da fé é mostrada em proporção ao tempo
que você consegue esperar para que uma promessa seja cumprida. Novamente, a grandeza da fé
não é provada no que é recebido, mas em quanto tempo a pessoa consegue esperar sem vacilar,
até que seja recebido.
O que você pensaria de um fazendeiro que planta seu trigo e no outro dia é visto correndo a
lavoura com sua colheitadeira? Você o acharia um pouco louco, é claro, porque ele não aprendeu a
esperar que Deus fizesse uma transformação vital embaixo do solo, longe das vistas do fazendeiro.
Assim são as promessas de Deus. Devemos esperar, e a grandeza da fé é provada pela habili-
dade do cristão em descansar até a colheita, sabendo em todo o tempo que todo o trabalho que
deve ser feito é sobrenatural, e Deus consegue fazê-lo sozinho!
Devemos também entender que raramente é em grandes eventos que a fé verdadeira é
mostrada e provada. Conheci várias pessoas que venceram grandes perseguições e até prisão por
causa de seu compromisso com Cristo, mas não conseguiram negar a si mesmas nas pequenas coisas
da vidas. É mais fácil abrir mão de nossa vida física do que abrir mão do nosso eu, mas uma grande
fé é mostrada nas pequenas e insignificantes coisas da vida.
Uma vez completada a nossa lição de fé, estaremos muito mais aptos a aceitar, sem questio-
namento, tudo o que Deus nos diz. Estaremos melhor equipados para não confiar em nossos ídolos,
no que sentimos, ou até mesmo no que vemos; entenderemos que devemos confiar somente nEle.
As Suas respostas a respeito da libertação do eu, do pecado, e do mundo não serão desperdiçadas,
pois beberemos cada resposta, certos e cheios de uma fé que espera somente em Deus. Saberemos
que a realização de nossa fé não é maior que a promessa.
6. A Convicção do Eu
“Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.
Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a
salvará” (Lucas 9.23, 24). Jesus diz que o caminho para a vida é através da morte, e se quisermos
segui-Lo, devemos negar a nós mesmos. O que ê esse eu que devemos negar, e qual é a vida que
deve ser perdida para que possamos viver?

O Desenvolvimento do Eu
De acordo com I João 4.8, Deus é amor. Já que amor deve ter um objeto, Deus criou o ho-
mem para ser essa entidade. Para ter certeza de que Sua inclinação para o amor fosse cumprida,
Deus colocou no homem a necessidade de ser amado e aceito por Ele. A partir do momento em que
nascemos, somos levados a encontrar nosso Criador para suprir essas necessidades em nós.
Há, porém, um grande obstáculo para que Deus supra nossas necessidades espirituais de
amor e aceitação. Nascemos sem Deus em nossos espíritos, tornando-se impossível que esse desejo
seja consumado. Em Gênesis 2.17, Deus disse: "mas da árvore do conhecimento do bem e do mal
não comerás; porque, no dia em que come-res, certamente morrerás." É absoluto e imperativo que
se comerem daquela árvore, eles morrerão! Eles comeram, e Deus disse que estavam mortos,
mesmo que suas almas estivessem ativas (pensavam, sentiam e escolhiam) e seus corpos
estivessem funcionando. Estavam mortos, mas vivendo; onde, então, ocorreu a morte? Resta um
lugar - o espírito. Estavam mortos para Deus no espírito, e o resultado disso é que seria impossível
ter suas profundas necessidades - amor e aceitação espiritual que só vêm de Deus - supridas. Essa
condição traz três problemas em particular para o homem.

Vazio Inevitável
Primeiro, sendo criados com um propósito de receber amor e aceitação de Deus, e, como
resultado da morte espiritual, tendo que lidar com a impossibilidade de ter essa necessidade
suprida, o homem fica louco, e passa a procurar em outros lugares e coisas, além de Deus, a fim de
suprir essa deficiência. A ambição de ter essa necessidade suprida é tão grande, que consome as
energias do homem, tornando tudo o mais inútil, sem valor em relação à busca. Em resumo, tudo o
que importa é que essa necessidade seja suprida. O homem torna-se inteira e intensamente
egocêntrico em sua busca de amor e aceitação.
Uma mulher cristã, com quem eu conversava, confessou-me várias traições num período de
um mês. Perguntei-lhe porque fazia tal coisa; era porque gostasse tanto de sexo? Nem um pouco;
de fato, ela não gostava de sexo. Ela disse que simplesmente precisava de alguém dizendo que a
amava e a queria, mesmo que ele estivesse bêbado e mentindo. Para ela, sexo era uma religião, no
sentido de que estava sendo usado para suprir suas profundas necessidades.
A vida egocêntrica é uma vida miserável. Tenta atrair tudo o que há no mundo para si mes-
ma, porém, depois de experimentar cada coisa, ela é jogada fora, e a busca de algo para suprir
essa necessidade continua. Não importa se o que foi escolhido é animado ou inanimado; tudo é
jogado fora. Não importa se são seus pais, seu parceiro, filhos ou amigos; todos serão descartados
ou considerados irrelevantes, se não forem capazes de satisfazer essa sede interna. Carreira,
posses, álcool, status - a pessoa egocêntrica deve experimentar tudo o que pode, até que a
perfeita religião, a receita que trará satisfação à vontade inerente, é encontrada.
Considere a estupidez da vida egocêntrica. Parece que o zênite da criação de Deus - o ho-
mem - não tem poder de observação para julgar o resultado dessa existência. O homem não mostra
evidência de razão? Será que os que trocam de parceiros como se estivessem trocando de sapato
estão felizes? Será que a mulher está mais feliz agora que tem o controle total da casa? Será que o
homossexual está realmente feliz agora, que é assumido? Será que uma mulher está satisfeita em
saber que preservou seus direitos humanos, fazendo um aborto? Se pudéssemos ver com a razão,
concluiríamos que a vida egocêntrica resume-se em vazio, cansaço, e miséria, onde um cego guia
outro. Infelizmente, vida própria é muito maior que a razão, capaz de escravizar a humanidade.
Se um marido ou uma esposa se recusam a sair perdendo numa discussão, ou abrir mão de
um simples direito, preferindo o conflito à harmonia, deveria alguém ficar surpreso de que vizinhos
não se combinem? E se vizinhos querem proteger seus direitos, sem se importar com outros, é de
se assustar que nações não se combinem? Vida egoísta é feia, malvada e nos leva à miséria,
controlando as pessoas e dando-lhes uma existência horrível. É isso que quer dizer ser carnal: viver
como um animal.
Um animal tem alma (mente, vontade e emoções) e um corpo, mas não tem um espírito.
Todos os anos nossa cachorra tem cachorrinhos; quando estão prontos para desmamar, a mãe vai
até minha esposa e late, dando o sinal de que está na hora da minha esposa ajudar com a
alimentação. Tudo parece muito nobre e estou certo de que a cachorra está preocupada com o
estado de sua cria. No entanto, quando minha esposa leva comida para os cachorrinhos, a mãe não
resiste a seu instinto animal (vida egoísta) e empurra os cachorrinhos, dos quais ela queria cuidar,
comendo ela mesma a ração. Naquele momento, todo bom juízo vai embora, e ela se mostra não
uma mãe consciente, mas somente um animal.
Esse tipo de sentimento é visto hoje em muitos pais; quando se deitam na cama à noite ou
estão dirigindo sozinhos, suas mentes estão cheias de amor por seus filhos. Ah, o quanto querem
fazer o que é bom para seus filhos; o quanto se sentem abençoados por terem seus pequeninos!
Eles resolvem fazer mais por seus filhos, a partir de amanhã. Mas aí, quando o amanhã chega, a
vida egoísta ainda está no controle, e as necessidades de cada criança devem abrir mão às ativi-
dades dos pais, que preferem beber, assistir à televisão, ficar até mais tarde no trabalho, ou
conversar com adultos.
Em meu trabalho, estou abismado com a profundidade e extensão da horrível natureza da
vida egoísta; sempre vejo famílias destruídas, por causa de um marido egocêntrico, que acredita
que uma mulher dez anos mais nova que a sua vai, certamente, suprir suas necessidades. A
destruição e o sacrifício da vida de cada um seus filhos não vale nada; eles não são nem conside-
rados, quando comparados com a possibilidade de preencher seus próprios desejos.
Certa vez perguntei a uma mulher que estava sendo traída pelo marido, porque ela queria
que ele voltasse. Seria por causa do medo da punição a um cristão traidor? Seria por causa do
impacto que o divórcio causa nas crianças? Ou seria porque se sentisse miserável e quisesse ser
feliz novamente? O que você acha que ela respondeu? É claro, para que pudesse ser feliz
novamente! Não tinha nada a ver com o bem-estar do marido ou o dos seus filhos!
Há certas características que o egocêntrico possui. Por exemplo, querem sempre ser vistos,
ser o centro das atenções, querem atrair aplausos para suas realizações. Não conseguem suportar
críticas ou parecer inferiores. Manipulam, distorcem os atos dos outros, e mentem com freqüência.
São exageradamente sensíveis, sempre se comparam com os outros, acham as opiniões dos outros
insignificantes. Cuidado, porque sempre procuram revidar, ficam facilmente irritados, recusam a
culpa, e cobiçam as coisas que são proibidas. Revelam-se coléricos, assustadores e orgulhosos. São
jactanciosos, compulsivos, vãos, críticos, dominantes, incriminadores, inseguros, concentrados em
si mesmos, difíceis de perdoar e não aceitam ser ensinados. E quando lêem uma lista como essa,
sempre pensam em alguém que deveria lê-la e se sentir-se persuadido.
Como o homem chegou a tal ponto? Começou quando Adão pecou e caiu da vida celeste de
comunhão com Deus, para a vida do mundo. Tentou suprir sua necessidade celestial aqui na Terra,
através de uma vida de auto-suficiência. O homem egocêntrico é tão cego quanto à sua condição,
quanto ã destruição que causa, não só em sua vida, mas na dos outros. Ele passará a apresentar
desordens em sua personalidade, emoções agitadas e doença, seguidos de discórdia e divisão em
suas relações com outros.

Em Busca de Sanidade
Eu gostaria que você imaginasse sua mente, vontade e emoção como um automóvel, e o
espírito, o motorista. Os automóveis foram criados para motoristas; se não existissem motoristas,
certamente não precisaríamos de automóveis. Agora, imagine-se ao pé de uma ladeira: você
percebe que urn carro vem vindo em sua direção, sem o motorista dentro! O que vai fazer? Eu acho
que você faria o que pudesse, para sair do caminho desse carro. Porque não tem motorista e,
conseqüentemente, está fora de controle. E se o carro estivesse em linha reta, você também sairia
do caminho? E se começasse a descer, em ziguezague pela rua, você também não sairia do
caminho? Suponha que o carro comece a capotar em sua direção, você não correria do mesmo
jeito? A resposta a essas três perguntas é sim, claro. O que estou querendo dizer é que há varias
maneiras de se estar fora de controle; de fato, às vezes o carro parece estar brecando, mas
sabemos que não está e, por causa disso, não confiamos.
Minha definição de sanidade é quando a mente, a vontade e as emoções de alguém estão
sob o controle do Espírito Santo. Tecnicamente, sanidade é estar em contato com a realidade, e o
que pode ser mais real do que estar em contato com Deus? Então, se nossos espíritos estão mortos
para Deus, quando nascemos, qual a condição de um homem ao nascer? Insanidade! Insanidade é
absolutamente estar fora de contato com a realidade, e Deus ê a única realidade absoluta. Muitas
pessoas acham esse pensamento repulsivo porque, como carro que vem vindo em linha reta, elas
não gostam de ser classificadas como carros que vêm vindo como loucos e sem controle, que batem
e pegam fogo primeiro. Mas os dois estão na mesma condição, só que em graus diferentes. Até o
cristão nascido de novo, que tem o Espírito de Cristo em si, pode criar uma parede de descrença
que não permite que Cristo governe sua alma; nesse momento, o cristão também é insano.
Muitos, escrevendo sobre a luta espiritual e as estratégias de satanás, têm notado que ele
faz com que sua voz seja igual à de uma pessoa. O propósito dele é fazer com que os humanos
achem que os pensamentos se originaram deles e que esses são desejos verdadeiramente seus.
Deixe-me ilustrar. Em lugar de sugerir: "Troque sua esposa por uma mais nova", tendo acesso aos
pensamentos do homem diz: "Acho que devo largar minha mulher." Isso ê tudo planejado para
confundir a questão, já que o inimigo gostaria que acreditássemos que qualquer tentação é, de
fato, nosso próprio desejo. Uma vez que ele conclui esse engano, toda vez que dizemos não a uma
tentação, acreditamos que estamos dizendo não ao que realmente queremos. Então perma-
neceremos nisso, até que aquilo se torne nosso, e não consigamos resistir, logo nos entregando ao
pecado. "Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.
Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá a luz ao pecado; e o pecado, uma vez consumado,
gera a morte."
Tentação é igual ao desejo? Se isso for verdade, então o pior homem que já andou na terra
foi Jesus Cristo, pois foi tentado em todas as coisas! "Porque não temos sumo sacerdote que não
possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as cousas, à nossa
semelhança, mas sem pecado." (Hebreus 4.15) Mesmo assim, sempre vemos cristãos que confessam
suas tentações como pecado.
Expliquei esse princípio a minha esposa, que concordou. Então, perguntei se ela alguma vez
havia sido tentada a cometer adultério; ela se ofendeu e respondeu: "Que tipo de mulher você
acha que sou?" Expliquei-lhe que sua resposta provava que ela ainda acreditava que tentação é o
mesmo que desejo. Mesmo que o inimigo possa colocar, absolutamente qualquer pensamento em
nossas mentes, a qualquer hora, isso não representa nossa vontade, mas o caráter verdadeiro dele.
Um amigo uma vez me disse que só existem dois tipos de pessoas que lidam com ovelhas:
matadores e pastores! Explicou que a voz do matador, mesmo parecida com a da própria pessoa,
sempre machuca, é dura, condena, critica, traz depressão, confunde, induz. Se não lidar com ela,
a pessoa que a ouve, passa a acreditar que está ouvindo sua própria predisposição. Por outro lado,
a voz do Pastor é gentil, amável e ensina; guia, levanta meu espírito (mesmo quando culpado),
traz vida e libertação. Eu acho esse simples teste das vozes que ouço, muito útil.
Certa vez, conversando com uma mulher, o Espírito Santo deu-lhe convicção de aceitar a
Jesus em sua vida. Depois que orou, pedindo para o Senhor entrar em seu coração, sugeri que abai-
xasse sua cabeça, esquecesse de tudo, olhasse bem dentro de si, onde agora Cristo morava, ouvisse
Sua voz, e me dissesse o que ele falou. Poucos minutos depois ela estava sorrindo. Ele disse que a
aceitava e que a amava. As palavras mal saíram de sua boca, seu semblante mudou e ela se pôs a
chorar. Disse a ela que parasse ali mesmo. Então falei "Isso é o que você acabou de ouvir: eu devo
trabalhar duro para agradar a Deus, mas sei que vou falhar, e Ele vai ficar triste comigo." Ela me
olhou assustada e confirmou o que eu dissera. Argumentei que não era verdade! A verdade é que
ela já agradava a Deus, e que não trabalharia para Ele para ganhar sua aprovação, porque já tinha
essa aprovação. Expliquei-lhe sobre a voz do Pastor que havia ouvido e a voz do matador; ela pôde,
facilmente, diferenciar as duas. Eu estava feliz porque ela era cristã fazia poucos minutos e
distinguira as duas vozes, algo que muitos cristãos há anos ainda têm que aprender.
Se ainda não sabemos julgar a origem de nossos pensamentos, nem preciso dizer que não
estamos julgando nossas emoções, são muito mais enganadoras e úteis ao inimigo. O problema é
que as emoções são as mesmas, independente da origem ser verdadeira ou falsa.
Por exemplo, sentimos culpa se é vinda de eventos verdadeiros ou não. Cheio de raiva, um
homem jogou um tijolo na cabeça de outro; pensando que o tivesse matado, o homem fugiu e foi
morar em outro país, onde morreu alcoólatra e cheio de culpa. Na época de sua morte, o homem
que pensara estar morto, resolveu ir atrás dele para mostrar-lhe que não tinha mágoas. O primeiro
homem sofreu uma vida sob a impressão de ser um assassino e, mesmo não sendo, esses
sentimentos permaneceram com ele.
As emoções enganam. Se alguém se sente sem valor, várias pessoas tentam convencê-lo de
que não o é, porém, mesmo assim, ele vai passar a vida sentindo-se desvalorizado. As emoções
sem supervisão do homem, são como um playground para satanás; lá, ele pode aumentar a
destruição com o mínimo de esforço.
Eu sei, por experiência própria, que a depressão, depois de ser vivida por um período, torna-
se uma coisa normal, do dia-a-dia. Quando comecei a entender as emoções mentirosas, percebi
que podia estar sentado trabalhando, quando, de repente, entrava em depressão. Não havia
nenhuma causa para a depressão. Ela simplesmente aparecia. Já que naquela época eu não sabia
que os sentimentos vagavam, não os chamava de volta, ficando abatido por vários dias. Quando o
Senhor me revelou o que estava acontecendo, Ele também me mostrou que, assim como era um
absurdo passar dias onde meus pensamentos me levavam, era igualmente ridículo ir aonde minhas
emoções mentirosas estavam me levando. Assim como podemos julgar nossos pensamentos e
rejeitá-los, também podemos identificar que emoções estão sendo lideradas pelo inimigo.
Não fomos criados para viver independentes dEle; isso traz insanidade. É só numa humilde
dependência do Criador que mente e emoção são dignas da confiança de serem ouvidas. O nascer
mortos para Deus, no espírito, faz com que sejamos egocêntricos, quando tentamos suprir nossas
profundas necessidades; e também tem nos feito existir numa condição de insanidade, em que
ouvimos e agimos através de falsos pensamentos e emoções mentirosas.
O resultado final de nascermos mortos no espírito é a perda de identidade; fomos criados
para Deus, mas não somos trazidos ao mundo possuídos dEle ou Ele por nós. Sendo assim, a razão
de nossa existência não é clara. Nascemos não sabendo quem somos, mas induzidos a descobri-lo.
O que acontece depois é incrível. Em nossa condição de egocêntricos e insanos, perguntamos a
outras pessoas egocêntricas e insanas: "Você poderia me dizer quem sou?" Você pode se imaginar
indo a um Instituto Psiquiátrico e perguntando aos loucos quem você é? O que seria mais incrível é
se alguém lhe dissesse que você é Napoleão você acreditasse nele, agradecesse, e saísse, adotando
sua nova identidade. Isso é exatamente o que o homem tem feito. Sendo nascidos sem Deus,
egocêntricos e insanos, recebemos mensagens de identidade vindas de outras pessoas na mesma
condição; acreditamos e vivemos nelas.

Nossa Identidade Controladora


Muitos livros já foram escritos sobre identidade e seu efeito. Uma ilustração para ajudá-lo a
entender como a identidade afeta cada pessoa.
Pense sobre a impressão que você gostaria de deixar, quando sai de uma sala cheia de
pessoas. O que você gostaria que fosse falado a seu respeito? A maioria de nós inclui algumas das
seguintes qualidades: cuidadoso, bondoso, útil, bom marido (esposa) e pai, inteligente, de sucesso,
atraente e espiritual. Se fosse para eu leiloar uma pessoa como essas palavras descrevem, quanto
dinheiro ganharia? Provavelmente muito, porque a palavra que resume essa pessoa é VALOR Essa
pessoa tem grande mérito.
Agora, no meio de tudo isso, coloque uma descrição sua, o que você é em seus piores mo-
mentos. Lembre-se, o que você é nos piores momentos é sua verdadeira condição! Quando nada vai
bem (seu filho doente, problemas nos relacionamentos interpessoais, acontecimentos vergonhosos,
ataques ao seu caráter, falhas suas para com Deus, falta de dinheiro) como você se descreve?
Nervoso, vingativo, caluniador, um derrotado, fingido, carnal, estúpido, feio, em depressão, um
péssimo parceiro ou pai? Ou em seus piores momentos você se torna orgulhoso, arrogante, auto-
suficiente e foge da ajuda de outros? Se levasse essa pessoa ao leilão, quanto dinheiro ganharia?
Essa provavelmente voltaria para casa sem ser vendida, pois ninguém quer uma pessoa tão sem
valor. Gostaria de estar casado com a pessoa descrita acima? Queria essa pessoa como um de seus
pais? Gostaria que ela trabalhasse para você?
Porque somos tudo o que descrevemos em nossos piores momentos, torna-se claro que nin-
guém vai nos aceitar ou nos amar. Essa descoberta traz grande desconforto, já que aceitação e
amor são nossas mais profundas necessidades. Então, para arrancar amor e aceitação das pessoas,
corremos para nossa máquina de costura imaginária e fazemos um "terno de sucesso" muito
parecido com a impressão que esperamos deixar nas pessoas; colocamos o terno e o abotoamos até
o pescoço para que ninguém veja o que realmente está embaixo. Nosso relacionamento com as
pessoas é um pouco estressante; por um lado, pedimos que cheguem perto e nos dêem amor e
aceitação, baseados nos méritos de nosso terno de sucesso, mas por outro, nós os empurramos com
medo de que cheguem muito perto, podendo ver e rejeitar a pessoa verdadeira que está enco-
berta.
Vamos supor que eu possa fazê-lo acreditar ser um coelho! Durante quanto tempo você
consegue saltar? Cinco, dez, talvez quinze minutos? Depois de saltar durante tanto tempo, o que
estaria pronto a fazer? Andar, é claro! Seu corpo todo doeria de tanto saltar e tentar ser o que
você não é. Quando você mora em seu terno de sucesso, está praticamente saltando. Você sente
que deve fazê-lo, é claro, pois quem iria aceitar seu eu verdadeiro? Então você se levanta às
7:00hs, coloca seu terno de sucesso e começa a pular! Ali pelas 8:00hs o que você está querendo
fazer? Parar, arrancar esse terno que o incomoda, e ser o que realmente é! Então, o mundo tem o
privilégio de conhecer você em seu terno de sucesso, mas sua família colhe as conseqüências de
conhecer sua pessoa verdadeira.
Um certo homem de negócios, cristão, estava viciado em pornografia. Sentado em seu es-
critório pensava: "Acho que vou à loja de pornografia hoje." Assim, a luta começava: "Não! eu não
vou; eu sou cristão!" Eu não vou!" À tarde, quando entrava em seu carro, repetia: "Eu não vou", e
dirigia até a loja de pornografias. Ele parava no estacionamento: "Mas eu não vou entrar." Parado
na porta da loja, o argumento continuava: "Eu não vou entrar." Entrando, pensava: "Eu não vou
ficar." Uma vez com a revista na mão, a luta acabava. Você vê: ele achava que sua identidade - o
que ele acreditava realmente ser - era a de um hipócrita, e todas as suas recusas eram apenas
pulos.
Uma prova de que o que somos em nossos piores momentos é nossa condição verdadeira é
que temos tentado esconder tudo com o terno de sucesso. Outra prova é que pessoas conseguem
nos controlar através dessa identidade. Por exemplo, um homem se sente atraído por uma certa
mulher, porque ela afirma que seu terno de sucesso é o que ele realmente é. Ele é manipulado e
contorcido através de suas afirmações que lhe permitem, mesmo que por pouco tempo, acreditar
na mentira de que ele é algo diferente do que sente ser. Então eles se casam e, depois de alguns
meses, ela percebe que pode também controlá-lo, insinuando que a identidade verdadeira dele é o
que ele teme ser em seu pior momento. Ele agora está sendo controlado por frases negativas.
Todavia, a secretária dele no trabalho está lhe dizendo o quanto ele é maravilhoso em seu terno
de sucesso. Com quem ele vai preferir ficar? Talvez deixe sua esposa e se case com sua secretária
e, depois de alguns meses, ela passe a controlá-lo, confirmando o que ele tem medo de ser; mas
nunca falha: uma nova secretária louvando seu terno de sucesso, e o ciclo continua.
Se ele não acreditasse ser o que é em seu pior momento, sua verdadeira condição, ele não
ficaria nervoso e chateado quando alguém sugerisse ser esse o caso. Como a pessoa responde a
avaliações negativas, esse é um teste verdadeiro de quem ela acredita ser. Se chamada de derro-
tada, a pessoa reage com raiva, é porque ela acredita ser derrotada. Pessoas que escondem suas
verdadeiras identidades, esperam cada palavra e acontecimento, e mostram grande hostilidade
quando qualquer coisa confirma seu medo do que realmente são.

Moldando Vida Própria


Acontecimentos passados afetam a maioria das áreas da vida. A atitude com que uma pessoa
enfrenta seu patrão, depende da maneira como foi tratada antes. Certos comportamentos são
esperados de um parceiro, quando ele volta para casa à noite. Nos apegamos ao passado, con-
tinuamente; e vai nos ajudar a entender o nosso eu que deve ser negado, o fato de percebemos
que as mensagens de identidade do passado têm grande significado hoje.
Todos já recebemos uma variedade de mensagens de identidade. Algumas são bem óbvias,
enquanto outras falam tão alto sem que palavras sejam utilizadas. Por exemplo, eu poderia falar-
lhe que não gosto de você; o que seria facilmente compreendido. Por outro lado, enquanto
estivéssemos conversando, eu poderia simplesmente sair de perto, sem dizer nada. Em ambas as
situações fui capaz de lhe comunicar como me sinto. Quando recebe essas mensagens, você não
só tem falsas emoções e pensamentos com que lidar, mas também o inimigo, que vai pegar cada
mensagem e distorcê-la para que você a receba como se eu estivesse tendo a pior das intenções.
Muitos pais são acusados de mandar mensagens negativas a seus filhos sem a intenção de
fazê-lo. O inimigo simplesmente aproveitou a oportunidade, e a voz que parecia com a dos pais,
disse-lhes coisas que não eram verdadeiras. Por exemplo, uma garota pode se lembrar de seu pai
empurrando-a de seu colo, e, dez anos mais tarde, dizer que aquele foi o momento em que
percebeu que seu pai não a amava mais. Mas o motivo pelo qual seu pai fez aquilo, pode ter sido o
de precisar naquela hora, sair para trabalhar. O inimigo usou a situação para mentir para a
menina, e ela acreditou.
Há também uma rede peculiar de emoções da pessoa, que eu imagino como uma tela, que
separa aquela pessoa do resto do mundo. Quando algo é falado, bate na tela de emoções e retor-
na, levando a pessoa a ouvir o que talvez nem tenha sido falado.
Uma mulher uma vez me contou que quando tinha treze anos, sua mãe morreu e passou a
ser sua responsabilidade, cozinhar e cuidar de seu pai e de seus dois irmãos mais novos. Todas as
noites ela fazia o melhor que podia para fazer um jantar perfeito para seu pai, mas todas as vezes
ele achava algo de errado com a comida e dizia: "Você nunca vai ser uma boa esposa, se não
aprender a cozinhar." A menina cresceu ouvindo essas coisas. Aos vinte anos ela se casou; uns três
meses depois do casamento, quis fazer uma surpresa para seu marido com umas bolachinhas. Ele
deu uma mordida e, sem pensar, fez uma crítica construtiva: estava faltando um pouco de açúcar.
Naquele momento, ela muito nervosa, saiu da casa dizendo que ele podia ir embora e que
arrumasse uma esposa que soubesse cozinhar! O marido ficou ali parado, olhando para a bolacha e
pensando: Eu deveria ter comido do jeito que estava! A única coisa que ele disse foi que a bolacha
precisava de um pouco mais de açúcar, mas o que ela ouviu? "Você nunca vai ser uma boa esposa,
se não aprender a cozinhar."
Com freqüência, isso é o que acontece quando respondemos pela rede de emoções. Numa
escala de zero a dez, um dez de importância para uma pessoa pode ser o um para outra. Muitos
têm uma rede que foi moldada pelas mensagens recebidas as quais continuam a confirmar o que
eles sentem. Uma vez que uma identidade é desenvolvida, passamos a procurar sinais que a
comprovem. Por exemplo, se nosso patrão diz para mim e um amigo que somos estúpidos, e eu
tenho uma identidade positiva, isso me diz que o patrão é que é mentalmente deficiente. Por
outro lado, se meu amigo sente, por causa de mensagens do passado, que ele não é muito
inteligente, o que nosso patrão disse vai comprovar seu maior medo - ele é estúpido.
Uma criança recebe a idéia de que não tem valor algum: pode testar essa hipótese, re-
belando-se e ficando fora de casa a noite toda. Sob essas circunstâncias, se os pais não falam nada,
ou pior, dizem que seria melhor se a criança nunca tivesse nascido, ela passa a acreditar que o de
que já suspeitava é mesmo verdade. Isso pode trazer um maior desafio e até abrir as portas para
que o inimigo a tente na área de suicídio, pois essa criança já está convencida de que não tem
valor algum.

Mensagens de Identidade
Muitas crianças recebem de seus pais a de mensagem de que não são valorizadas ou que-
ridas, quando, por exemplo, os pais decidem se divorciar. Uma criança não consegue entender a
complexidade do divórcio; ela só pode pensar o óbvio: "Estar comigo não é importante para o meu
pai." Uma mensagem de valor é dada a uma criança quando ela percebe com o que seus pais
gastam seu tempo. Se o telefone toca, o pai deixa tudo de lado e atende, então a pessoa ao
telefone tem muito valor. No entanto, se o pai nunca tem tempo para conversar com a criança, o
pequenino só pode concluir que seu pai não tem tempo para ele. Se a mãe trabalha para sustentar
a casa, é uma coisa, mas se está trabalhando para que possa comprar mais coisas materiais e para
sair de perto das crianças um pouco, aí já é outro caso. Crianças que têm seu tempo com os pais
sacrificado, porque estes estão sempre em busca de coisas materiais, freqüentemente desprezam
as coisas tangíveis. Por quê? Porque as coisas materiais passam a ser vistas como competidores da
atenção de seus pais.
Da mesma forma, uma esposa pode gostar de uma vizinha até que descubra que seu marido
está tendo um caso com ela; a partir daí, ela passa a encontrar uma variedade de defeitos nessa
mulher. O mesmo também é verdade quanto aos hábitos de um marido de assistir televisão, ler o
jornal, trabalhar, com os quais a esposa não tem problema algum até que passam a roubar a
atenção que ela deveria estar recebendo. Ela reage à mensagem de que, coisas são mais impor-
tantes do que ela.
Duas coisas afetam intensamente a identidade de uma mulher: uma, se seu pai de repente
pára de abraçá-la e lhe dar atenção, e outra, se foi molestada. Nos dois casos, a mensagem dada
foi que ela não era amada. Existem várias mulheres com dez, vinte, ou até trinta anos de idade
que precisam ser amadas por seus pais. Afeições negadas mandam uma forte mensagem.
Existe, infelizmente, uma grande discriminação quanto às aparências em todo o mundo.
Uma vez, quando estava numa pequena vila indiana, uma mulher com o rosto marcado, dentes
tortos, baixinha e um pé virado para dentro me procurou. Ela nem queria olhar em meus olhos,
porém me entregou um pedaço de papel com uma lista do que fazia para lidar com a vida. Tinham
dito a ela que ela era a maldição da família, nunca iria encontrar um marido para ela , e também
que ela era o fardo que a família tinha que carregar. Naquele pedacinho de papel, contou que só
saía de casa pela porta dos fundos e só limpava a casa à noite para que ninguém da família a visse
durante o dia. Também disse que gostaria de se suicidar mas não tinha coragem e esperava ansiosa
a morte natural. Qual a identidade dessa pobre mulher? Só por causa de sua aparência ela foi
rejeitada e, em vários países, muitos sofrem por causa disso. Quando a olhei, o Espírito Santo me
falou: " Foi por ela, e somente ela, que o trouxe até a índia". Poderia ser que, oito semanas na
estrada, noites sem dormir, cansaço, saudades de casa, e, falando dia após dia, tenha sido tudo
por causa dessa única pessoa? Eu disse: "Se você é tão sem valor, por que o Senhor acabou de me
mostrar que Ele me trouxe dos Estados Unidos até aqui só para conhecer você?" Eu adoro o jeito
como Deus trabalha - não de acordo com os pensamentos ou planos de homens!! Essa garota hindu
entregou sua vida a Jesus naquele momento. Deve ser verdade, então, que todos os fios de cabelos
de nossas cabeças são contados, e que até mesmo o mais fraco e mais débil de todos entre nós é
olhado por Deus, que ouve nosso choro de tristeza.
Uma criança pode receber mensagens de identidade de pais que fazem muito, como dos que
fazem pouco. Se um pai ou mãe nunca ajudam a criança com seus projetos escolares, estão
querendo dizer que a criança não é digna de seu tempo. Mas se todas as vezes que a criança tem
que fazer alguma coisa, o pai já pega as ferramentas de suas mãos para "fazer certo", a criança
está sendo chamada de incompetente. Se uma filha deve arrumar sua cama, mas sempre encontra
sua mãe em seu quarto refazendo a cama, logo a filha passa a acreditar que não consegue fazer as
coisas certas.
Quando estava ensinando numa Universidade, sempre podia perceber os alunos cujos pais
faziam tudo para eles: quando chegavam lá, não tinham condição alguma de tomar decisões. O
resultado final era que, quando deparados com alternativas, faziam péssimas escolhas, pois dei-
xavam tudo para a última hora, até que eram forçados a resolver o problema impulsivamente. A
maioria das decisões apressadas trazia resultados negativos, os quais faziam com que os alunos
esperassem ainda mais para tomar uma decisão, criando assim, uma espiral sempre apertada de
decisões mal tomadas.
Sempre sugiro aos pais que, quando seu filho faz um pedido (como: "Posso passar a noite na
casa de meu amigo?"), eles devem dizer não, se não querem que a criança vá, mas se não se
importam, deveriam deixar que a criança tomasse essa decisão e dar razões para a escolha. Sem-
pre ficava surpreso se meus filhos não iam a algum lugar, quando tinham que tomar essa decisão;
eles teriam ido imediatamente, se tivesse dito que sim. Quando achamos que devemos controlar
tudo o que nossos filhos fazem, nós os deixamos com uma mensagem silenciosa de que são muito
estúpidos para tomar qualquer decisão.
Uma discussão que sempre traz uma mensagem alta e clara é quando os pais falam de um
filho ou filha que está indo tão bem em termos de posição, realização, dinheiro, e assim por dian-
te. A marca de triunfo para as outras crianças se torna conquistas semelhantes. Qualquer coisa a
menos é fracasso, o que é lembrado todas as vezes que a outra criança é elogiada.
Essas são só poucas das mensagens que recebemos, quando estamos em nossa condição
insana. Como se pode supor, existem infinitas mais, tão variadas quanto o número das pessoas que
vão absorvê-las. Uma vez que recebemos a mensagem e acreditamos nela, a nossa identidade,
quando estamos muito mal, começa a ser moldada. Pode incluir sentimentos de inferioridade,
desvalorização, depressão, rejeição, estupidez, fracasso, feiúra, culpa, ódio de si mesmo. Então,
todo erro começa a nos provar que não só sentimos dessa maneira, mas é o que realmente somos.
As tentativas (ternos de sucesso) para encobrir essa identidade tomam várias formas, in-
cluindo coisas como posições, profissões, trabalhos da igreja, roupas, posses, ser os pais ou
parceiro ideal, intelectualismo, auto-compaixão (sim, uma pessoa pode se gloriar disso), talentos,
ou fazer parte de grupos políticos ou sociais. Tudo são esforços para manter escondido o que
tememos ser verdadeiro. Em resumo, nós nos odiamos! Frustração virá de qualquer acontecimento
que provar, que somos o que temos tentado tanto não ser. O uso de ídolos é meramente uma parte
daquela escura, odiada coisa chamada vida própria. Todas as tentativas para negá-la têm falhado.
Como ser livre é a questão.

O Problema Não é o Problema


Baseado nos dois tipos de identidades previamente discutidos, o terno de sucesso e o que
acontece em nossos piores momentos, gostaria que você imaginasse três círculos, um em frente ao
outro, em fileira. No primeiro círculo, do lado esquerdo, gostaria que colocasse aquele problema
ou pecado que continua consumindo-o. Chamaremos esse primeiro círculo de Círculo do Problema.
Eu colocarei nesse primeiro círculo, só para ilustrar, o problema do álcool. Podemos criar uma
variedade de soluções para vencer o álcool: torná-lo ilegal, dar drogas para os que bebem se
adoecerem, até mesmo trancar as pessoas que têm esse tipo de problema num lugar onde seria
impossível tomar alguma coisa. Podemos ser gratos a qualquer organização que ajude as pessoas a
pararem de beber, pois a destruição de famílias por causa desse vício é tremenda. No entanto, o
problema é que várias vezes em que encontramos alguém com uma identidade bagunçada, ele é
um alcoólatra. É de fato um bêbado bagunçado. Existem duas maneiras de ser controlado pelo
álcool: uma é o ter que bebê-lo, outra é o precisar estar longe dele. Em ambos os casos o álcool
torna-se o foco principal na vida da pessoa. Quando o único problema visto é o álcool, o homem
pára de beber e, então, se torna um sóbrio bagunçado. O problema não é o problema.
Vamos para o círculo do meio, o qual chamaremos de Círculo de Acontecimentos. O que
aconteceu para que essa pessoa começasse a beber? Pode ter sido insignificante; mas algo acon-
teceu para que se tornasse zangada e rebelde. Para termos um problema devemos nos rebelar
contra Deus, e a única coisa que justifica uma rebeldia é a raiva.
Deixe-me ilustrar. Um garoto pergunta ã mãe se pode ir" a uma festa depois da qual todos
vão dormir na casa do anfitrião, e a mãe recusa. O garoto, então, começa a procurar uma briga
com a mãe até que ela diga algo que o deixe nervoso. Então ele sai, vai à festa, sentindo que sua
rebeldia foi justificada. No outro dia a mãe pergunta: "Por que você foi contra a minha vontade? "
O garoto responde: "Porque você me deixou com raiva." Percebe-se que agora a rebeldia foi culpa
dela. Não é nada agradável ser o recipiente desse tipo de comportamento.
Suponha que um homem decida cometer adultério com alguém em seu trabalho. Ele sabe
que tal ato não é bom para seu casamento, seus filhos ou sua vida profissional. Ele não pode justi-
ficar seus atos. No entanto, vai para casa e procura uma briga com sua esposa até que ela fale algo
que o ofenda: em sua raiva ele se sente perfeitamente justificado e vai até à casa da outra mu-
lher. Quanto maior a rebeldia em nossas vidas, maior deve ser a hostilidade que criamos para que
nos sintamos bem.
O cristão que está se rebelando contra Deus faz o mesmo. Ele chega a um ponto de ira
muito grande antes de justificar sua rebeldia, e quanto mais se rebelar , mais ira terá que sentir.
Com isso em mente, vamos perguntar novamente o que causou o problema da bebida. Essa
pessoa e outras duas foram levadas até seu patrão e levaram uma bronca, pois não estavam traba-
lhando bem. Enquanto o homem pensava sobre o que aconteceu, ficou com raiva e naquela noite
se encontrou bêbado. Então dizemos que o problema verdadeiro foi o acontecimento, e para
resolver o problema com a bebida, o homem deveria deixar seu emprego e procurar outro,
mudando assim as circunstâncias. Mas, devemos perguntar, por que o Jim e o Ed também foram
chamados pelo patrão, levaram a mesma bronca, mas não ficaram bêbados naquela noite? Qual a
diferença entre esses homens e seu companheiro de trabalho?
Agora vamos para o terceiro círculo, chamado Identidade. Há algo na identidade desse
homem, não encontrado na identidade do Jim ou do Ed, que permite que tais acontecimentos o
controlem. Se colocássemos nesse círculo o que ele acredita ser em seus piores momentos, per-
ceberíamos que todas as vezes que uma situação comprova isso, o homem vai se tornar irado,
rebelde, e lidar com a situação, virando-se para seus ídolos do passado. Isto é, todas as vezes que
uma situação o desveste, removendo seu terno de sucesso, ele se torna irado e bebe.
Vamos supor que você venha ao meu escritório e, antes que saia, eu lhe diga que você tem
que deixar todas as suas roupas comigo. Você não tem escolha, deve voltar para casa comple-
tamente nu. Presumo que isso o deixaria um pouco estressado. Como você vai lidar com a situação
de ir completamente nu para sua casa? Você poderia ficar bêbado para tirar um pouco sua inibição,
ou optar por drogas e curtir o caminho sem roupas. Você pode se tornar depressivo e dizer: "Nunca
mereci roupa mesmo." Talvez você se escondesse atrás de todas as árvores que achasse pelo
caminho para que ninguém o visse, ou talvez gritasse como um louco , fazendo com que as pessoas
corressem de você, sem nem perceber que estava nu. O que estou querendo dizer é que todas as
vezes que alguma coisa acontece, provando que você é o que tem lutado tanto para não ser, você
vai se tornar irado, rebelde, e procurar uma maneira para lidar com a nudez em que foi deixado,
quando seu terno de sucesso for retirado. Podemos concluir que o problema não é o problema, o
acontecimento não é o problema, mas sua identidade em seus piores momentos é o problema.
Esse princípio sempre acontece em casamentos. Muitos geralmente não estão apaixonados,
que é o querer fazer o bem para a outra pessoa. Pelo contrário, cobiçam o exterior da outra
pessoa. Depois de um curto período, devido ao terno de sucesso estar muito usado, o marido ou a
esposa começa a rasgar a vida interior do parceiro, achando-a repugnante, e ao mesmo tempo
espera que o companheiro, depois de tanta surra emocional, se entregue para o sexo de braços
abertos. Nosso companheiro de casamento quer ser amado por inteiro, mas, dependendo dos
estragos do passado no interior, isso se torna impossível. Algumas pessoas têm um interior difícil
de ser amado; elas sabem disso e, se afirmamos isso, pagamos um preço - elas se afastam ou
explodem para nos punir por causa de nossa observação. Lembre-se de que Deus tem a resposta
para tal dilema.
Gostaria que imaginasse dois copos que representem dois indivíduos, garotos A e B. Os copos
são do mesmo tamanho, e suportam a mesma quantidade de água, mas ao invés de enchê-los com
água, vamos enchê-los com estresse. Quando estão cheios e continuamos a colocar mais, eles
simplesmente vão derramar. O garoto A começa sua vida numa agência de adoção, sentindo-se,
por isso, malquisto, o que torna seu copo 50% cheio de estresse. O garoto B, no entanto, não tinha
muita coisa em sua vida que o afligisse. A professora do primeiro ano não pôde notar diferença na
ansiedade dos dois, pois nenhum deles tinha ainda atingido 100%. No segundo grau, as namoradas
dos garotos A e B, respectivamente, terminam com eles. Isso leva o nível de pressão do garoto B
subir para 5%; mas porque o garoto A já se sente mal amado a. 50%, um acontecimento de 5% para
o garoto B é um acontecimento de 20% para o garoto A, e sua tensão sobe para 70%. Os dois
decidem se casar depois que terminam a escola. Casamento traz um aumento de 25% no estresse
de qualquer pessoa, não importa quem; então, o garoto B sobe para 30% de estresse mas o garoto
A vai para 95%. Sobra muito pouco para agüentar tamanha dificuldade.
A vida é cheia de acontecimentos 6%, que não são constantes, mas vêm e vão. Incluem coi-
sas como acabar a gasolina, derramar uma bebida na mesa, as crianças quebrando o televisor, o
vizinho reclamando do seu cachorro, ou um companheiro de trabalho sendo mandado embora.
Suponha que esteja sentado na varanda de casa tomando um café e perceba as portas das garagens
dos garotos A e B sendo abertas ao mesmo tempo. Vejo que os dois carros estão com um pneu
furado - um acontecimento 6% para cada - mas suas atitudes serão completamente diferentes! O
garoto A começa a gritar, xingar, culpa a esposa por não olhar o pneu, bate com a chave de rodas
no carro. O garoto B começa a assobiar, achando até bom sujar suas mãos; ele está grato porque
sua esposa não estava dirigindo, quando o pneu furou. O problema não é o pneu furado, mas a
quantidade de estresse carregada do passado e a disposição desenvolvida a partir disso.
O engano que muitas pessoas cometem é achar que os acontecimentos 6% são o problema
verdadeiro. Se meu esposo me tratasse melhor, se eu tivesse um emprego melhor, se meus filhos
se comportassem, se meus pais pedissem desculpas, se eu tivesse um carro mais novo - tudo seria
melhor! Mas esses são, como mencionamos antes, apenas galhos que mostram a raiz, que é a vida
interior, cuja identidade sempre odeia, controla, e deve estar camuflada para as outras pessoas.
O que você diria de um homem viciado em pornografia que passa suas noites envolvido com
qualquer tipo de perversão sexual? Penso que o acharia um desvairado doente. Se entendesse
melhor, você diria que ele é levado por seu passado, que é um homem nojento, corrupto e depra-
vado. Não estou justificando sua atitude; Deus vai julgar isso. Mas perdôo o com argumento de que
se tivesse o passado dele, talvez não estivesse tão bem quanto ele está hoje. Se soubesse que seu
pai o molestou repetidamente quando ainda bem pequeno, concordaria que seu passado é uma
tragédia e, se ele tivesse outro passado, talvez estivesse na igreja ao invés de uma casa de
pornografia.
Nosso problema com a raiz é que a identidade da vida interior nos controla. Se pudéssemos
destruir a identidade do que somos em nossos piores momentos e trocá-la por uma nova, os
acontecimentos diários não teriam poder sobre nós; não precisaríamos nos tornar irados e rebel-
des, lidando com uma variedade de ídolos.
7. Perda da Vida Própria
Em sua carta ao Coríntios, Paulo conta do sofrimento que está passando e diz, "por isso não
desanimamos: pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo o nosso
homem interior se renova de dia em dia. "(II Coríntios 4.16). Ele mostra que, de fato, possuímos
uma vida exterior e uma interior. Precisamos de ambas para formar a pessoa sem igual que somos.
Quantos tipos de vida exterior podemos encontrar no mundo de hoje? Somos todos humanos;
no entanto, cada um de nós tem uma configuração diferente. Há, no entanto, aproximadamente 5
bilhões de diferentes formas de vida exterior.
Quantas formas de vida interior existem? Se pudéssemos, de alguma maneira, fazer com que
ávida interior de umas dez pessoas saísse de dentro delas, todas elas de raça e cultura diferentes,
quantas formas de vida interior encontraríamos? Perceberíamos que só existem dois tipos de vida
interior, Vida de Adão e Vida de Cristo, uma de cada seria encontrada em cada uma das dez
pessoas (Romanos 5.14-18).
Sendo nascidos como Adão, nossa vida exterior nos causa vários problemas, pois a Vida de
Adão não gosta dos mandamentos de Deus. Em nossas mentes recebemos os mandamentos e acre-
ditamos que são bons. Todos nós já tivemos esse conflito. .Sabemos o que fazer mas não
conseguimos fazê-lo. Ainda estou para conhecer um alcoólatra ou viciado em drogas que não tenha
concordado com minhas observações sobre os efeitos negativos que essas drogas exercem sobre seu
corpo físico, família, e estado emocional. O problema não estava em entender ou estar informado,
mas na área de poder.
Conhecimento não é o problema; há um poder dentro de nós que é maior do que
conhecimento e força de vontade - a Vida de Adão.
As pessoas vão a conferências e seminários que explicam os passos que devem tomar, para
que se tenha um bom casamento e uma vida familiar feliz. Tudo parece tão bom, quando estão
escutando e tomando notas. O problema é a prática! No primeiro dia vão bem, no segundo, um
pouquinho pior, lá pelo terceiro dia já esqueceram de tudo que foi aprendido.
E o problema não termina com essa Vida de Adão dentro de nós que odeia os comandos de
Deus. Imagine fora de uma pessoa uma trindade não santa, pois, assim como existe a Santa Trin-
dade, também existe uma não santa composta de pecado, satanás e o mundo. Essa trindade que
não é santa, tem uma cópia autenticada da história da pessoa. Espera a oportunidade ideal e joga
uma tentação perfeita para o lado dessa pessoa. A vida interior, que odeia os mandamentos de
Deus, coopera para cumprir com os vários aspectos da tentação, tornando a pessoa uma escrava,
sem esperança de ter poder para dizer não e manifestar a condição da carne. Depois, a trindade
impura começa a trabalhar na área da culpa; é aí onde o verdadeiro estrago é feito. Ela vai dizer a
essa pessoa que seus atos confirmam sua identidade -aquilo que ela mais temia fosse verdadeiro
sobre si mesma - que recebeu no passado. Com esse processo de tentação e escravidão, a vida
interior passa a ser ainda mais depreciada.
Esse ciclo e condição se resumem numa só palavra: carne. Carne é a condição em que o
homem é controlado por algo além de Deus, num mundo sem esperança, perto de ser destruído, e
atado por correntes que nenhum outro homem consegue quebrar. Pode ser alguma coisa óbvia à
qual esteja acorrentado, como pornografia ou drogas; mas também pode ser algo como televisão,
comida, exercício, ou alguma coisa oculta nas áreas do coração, como calúnia, fofoca, mágoa e
contenda. Não tem jeito: todos nascemos com a Vida de Adão e, conseqüentemente, estamos
acorrentados a alguma coisa.
Em algum ponto da vida de todos, essa condição de escravidão é reconhecida, não importa a
forma que tenha tomado. As pessoas também começam a perceber que sua identidade não é o que
gostariam que fosse. Uma palavra entra em suas mentes: mudança! A humanidade quer mudar. Isso
é evidente numa livraria: nela encontramos prateleiras e mais prateleiras cheias de livros sobre
mudança, qualquer coisa desde o cristal e cânticos, até exercícios e horóscopo. Todos eles são
provas da inabilidade que o homem tem para mudar.
Como notamos, a trindade não santa trabalha através da Vida de Adão fazendo com que a
pessoa se torne escrava do pecado. Então, o problema não é o pecado, mas sim a Vida de Adão que
trabalha com a trindade não santa. Também mostramos que é a identidade da Vida de Adão,
desenvolvida na pessoa, que tão freqüentemente a controla. Portanto, quando falamos no que tem
que ser mudado, todas as evidências apontam para a Vida de Adão.
Como podemos chegar até essa vida para mudá-la? É a vida interior! Se levássemos um
homem para um hospital e pedíssemos aos médicos que operassem sua vida interior, onde
começariam a cortar? Que métodos são usados para mudar essa vida interior que tanto irrita?
Aconselhamento? Leitura da Bíblia? Promessa de não cometer tal pecado novamente? Seminários
que dão listas do que fazer? Muitos estão prontos a dizer que nada tem funcionado, quando tentam
essa mudança. Na verdade, as coisas parecem ter ficado um pouco piores. Por quê? Porque o
homem não consegue mudar a manifestação da carne, trabalhando ainda mais no poder da carne.
Carne não melhora carne!
Já que carne é condição controlada por algo além de Deus, um cristão, vivendo de seus
próprios recursos e andando em descrença e egocentrismo, tem as mesmas características de uma
pessoa não cristão. Isso também pode ser chamado de andar na carne. A carne não melhora, mas
só faz si mesma mais forte; a Bíblia é bem clara nisso. "O que é nascido da carne , é carne..."(João
3.6); "...a carne para nada aproveita... "(João 6.63); "visto que ninguém será justificado diante
dele por obras da lei..."(Romanos 3.20); "...o pendor da carne é inimizade contra Deus... os que
estão na carne não podem agradar a Deus..." (Romanos 8.7,8). Quanto mais a pessoa luta para ser
transformada no poder da carne, mais as coisas vão piorar. Por exemplo, um homem que bebe
porque está no comando de sua própria vida (vivendo independente de Deus, cristão ou não) está
na carne. Se esse mesmo homem decide e pára de beber, ainda está na carne. Por essa razão, o
alcoolismo pode ser progressivo para o homem que vive na carne, mesmo estando sóbrio.
Imagine, por favor, que meu braço tenha um tique nervoso que me incomode bastante. Às
vezes, quando estou pregando, meu braço sem nem avisar dá um tique e bate em meu olho!! Eu
crio um plano para vencer esse tique; vou levantar pesos até que meu braço fique bem forte,
então, quando começar a querer bater em meu rosto, posso segurá-lo no lugar com minha força.
Logo que meu braço começa a ficar com um bom músculo, minha esposa me encontra no chão,
desmaiado e com olho roxo. Quando acordo, ela indaga o que aconteceu, e respondo: "Um tique."
Você vê que o que antes só me perturbava, agora é tão forte ao ponto de poder me matar.
Assim é a carne; não podemos melhorar nossas condições em seu poder. Se não podemos
mudar nossa vida interior, e já aprendemos isso bem, o que devemos fazer então? A resposta é
muito simples: Nós simplesmente a trocamos! Nossa Vida de Adão não é para ser remendada, como
muitas religiões e a psicologia ensinam, mas para ser morta e trocada por uma nova vida!

Vida Trocada
É isso mesmo, aquela vida interior irritante - a Vida de Adão, sua aliança com a trindade não
santa, e sua identidade controladora - não podem ser mudadas. Ela foi permutada. Isso não é nem
um pouco por causa dos esforços e conhecimentos do homem, mas pela promessa e sabedoria de
Deus.
Como já dissemos antes, a vida interior e a vida exterior juntas formam o "você". Se retirar-
mos sua vida interior e colocarmos outra no lugar, você não é mais "você". Você pode até parecer o
mesmo para todos, mas não é, porque a vida exterior junto com a interior compõem um "você" que
é tão peculiar. Trocando sua vida interior, você se torna algo bem diferente do que era antes.
Isso é exatamente o que acontece quando a pessoa nasce de novo; ela recebe uma nova vida
e se torna uma nova pessoa. De fato, ela não é mais o mesmo ser humano, com Vida de Adão, mas
um filho de Deus, possuindo a Vida de Cristo. A Vida de Adão que odeia os mandamentos de Deus e
é inadequada, insegura, sem valor e não aceita é trocada pela Vida de Cristo, que é aceita, justa,
santa e triunfa sobre a trindade não santa. "Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem
vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus,
que me amou e a si mesmo se entregou por mim" (Gálatas 2.20).
O seu velho eu, com o mesmo corpo exterior mas com a Vida de Adão dentro, foi morto,
dando lugar para o seu novo eu com a vida de Cristo em você. "E assim, se alguém está em Cristo,
é nova criatura: as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas."(II Coríntios 5.17) Você é
nova criatura, algo diferente! Agora não estamos preocupados com experiência, mas com
verdade!! Naquilo que Deus diz, nós acreditamos. Estamos livres de nossa condenação da carne
porque fomos crucificados com Cristo .
Leia Romanos 6 e descubra a realidade espiritual de seu batismo em Cristo; somos libertos
do poder do pecado, entrando assim em verdadeira salvação. Como já foi mostrado anteriormente,
a palavra salvação nas Escrituras se refere a ser liberto no presente. O significado espiritual do ba-
tismo é que podemos participar da morte de Cristo e sermos livres da vida que é escrava do
pecado. Alguns vão dizer que isso ensina uma regeneração batismal (o que eu categoricamente
nego) e, a não ser que a pessoa seja batizada, não poderá ir para o céu. De jeito nenhum !! O que
permite a uma pessoa ir para o céu, é o fato de que ela é nascida de novo pela fé, e essa mesma fé
é pelo sangue de Jesus que retirou a penalidade do pecado. Contudo, o batismo é uma realidade
espiritual que nos liberta da escravidão, e não da penalidade do pecado. O batismo não é como um
trabalho que fazemos para que possamos ser salvos, mas sim, uma participação no trabalho que Ele
fez, o qual nos liberta, e é uma realidade espiritual. Existem centenas de cristãos batizados
andando em derrota; é óbvio que o batismo não teve um impacto espiritual em suas vidas, mas
como poderia? O batismo deve ser acompanhado de fé, e a fé não pode ser exercitada antes que,
primeiro, sejamos ensinados sobre as realidades espirituais. O batismo é uma realidade espiritual,
na qual podemos experimentar liberdade do poder do pecado e da velha natureza.

Nova Criatura
A realidade espiritual na participação da Vida de Cristo é maravilhosa, pois, através dela,
nós nos tornamos alguém novo, com a Vida de Adão fora de nós. Não só Cristo morreu naquele dia,
mas nós morremos com Ele.
Talvez você não saiba disso, não sinta, ou não tenha experimentado isso, mas no dia em que
aceitou a Jesus, sua velha natureza foi removida e, no lugar dela, colocada a Vida de Cristo. Qual o
significado disso?
Em Gaiatas 2.20 Paulo diz: "Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive. "De
qual "estou" Paulo está falando, do velho ou do novo "Eu"? Claro que do velho. Ele então diz, "e
esse viver que agora tenho"; ele está se referindo ao seu "novo eu". Você vê, Paulo deixa bem claro
que alguma coisa morreu; no entanto, ele está mais vivo que nunca. A vantagem de nossa vida com
Cristo é enorme, porque a Vida de Adão que era
tão egocêntrica, insana e controladora morreu. Quando o Espírito Santo nos revela essa verdade, a
libertação é tremenda.
Por exemplo, o homem que foi controlado durante toda a vida por um acontecimento em
seu passado, o ter sido molestado, percebeu que seu velho eu agora está morto. Ele não poderia
mais ser controlado por seu passado, mas viu que Deus tinha lhe dado um novo eu que nunca foi
molestado. Compreendeu a verdade de que o que aconteceu com seu velho homem não tinha
acontecido com seu novo homem.

Livre de Culpa
É também verdadeiro que, o que o "velho eu" fazia, meu "novo eu" agora não faz. Muitos
cristãos são controlados pela culpa de derrotas, pecados e até acontecimentos passados. Não é só
o inimigo que não lhes permite esquecer seus pecados, mas suas próprias famílias e outros cristãos
que continuam a lembrá-los do que aconteceu. Acho que o cristão cuja família continua se
lembrando de seus pecados passados deveria comprar uma cova e colocar nela uma placa com a
data em que nasceu de novo. Então, todas as vezes que acusado, ele deveria levar os acusadores
até o cemitério e dizer que reclamassem com a pessoa enterrada lá, mas não com a nova pessoa!
A prova de que sua vida foi trocada e de que seu "velho eu" está morto é que todas as vezes
que você se lembra ou é lembrado das atividades dele, seu estômago embrulha! Porque seu "novo
eu" não aceita tais coisas.

Não vos enganeis: nem impuros, nem idolatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem
sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores
herdarão o reino de Deus. Tais fostes alguns de vocês; mas vós vos lavastes, mas fostes
santificados, mas fostes justificados, em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso
Deus. I Corintios 6.10.

É verdade que a identidade de seu "velho eu" não tem nada a ver com seu "novo eu".
Watchman Nee mostra em seu livro A vida cristã normal que, quando recebemos Cristo, tudo o que
é verdadeiro em Sua vida também passa a ser verdadeiro sobre a minha vida. Assim como tudo que
era verdadeiro sobre Adão (sua desobediência) também era verdade sobre nós. Agora que temos
ávida de Cristo, tudo de verdade sobre Ele também é verdade sobre nós. O que é verdadeiro sobre
a vida de Cristo? Ela é justa; ela tem vitória sobre a trindade não santa; ela não é desse mundo;
ela vence todos os obstáculos. Portanto, toda verdade sobre Ele também é verdade sobre nosso
"novo eu".

Você é aceito
Imagine que chegue em casa e encontre meus filhos brincando com os filhos do vizinho, no
quintal. Os filhos do vizinho, estão agindo como anjos. Não jogaram pedras, não brigaram, não
falaram nome feio. Suponha que meus filhos tenham feito tudo isso. Na hora do jantar, quem vou
chamar para dentro? Os filhos do vizinho ou meus filhos? Os meus, é claro!! Mas se os filhos do
vizinho se portaram melhor, por que não os chamo ao invés de meus filhos? Porque eles não têm
meu sobrenome e não são meus filhos.
Um dia, haverá uma grande festa no céu, e os que vão participar dela não entrarão baseados
em seus trabalhos, mas em seu nascimento. Eles devem ter o sobrenome certo, "Filhos do Altíssimo
Deus". Nossa crucificação com Cristo, sepultamento e nova vida (a vida de Cristo) nos dão esse
privilégio.
Devemos repetir: "Tudo o que é verdadeiro sobre a vida de Cristo também é verdadeiro
sobre meu novo eu". Percebe o quanto isso é importante? Cada vida interior (Vida de Adão) tomou
sua própria forma peculiar devido aos acontecimentos, tentações e pecados do passado. Uma
pessoa se tornou caluniadora, outra homossexual, outra alcoólatra, outra assassina, outra
rancorosa, e assim por diante. Mas cada um tem a oportunidade de trocar aquilo em que se tornou
pelo que Cristo sempre foi.
Certo dia, estava em um restaurante falando de Jesus com um amigo. Um homem, noutra
mesa, ouviu nossa conversa e, quando estava saindo, ele se identificou como cristão e um
recuperando do alcoolismo. Imediatamente peguei em sua mão e respondi: "Prazer em conhecê-lo.
Eu sou o Mike, um filho de Deus"! Então perguntei: "Você prefere ser um recuperado do alcoolismo
ou um filho de Deus?" Ele foi até meu escritório conversar: "Você não é desse mundo "(veja João
17.16); "você é nova criatura" (veja II Coríntios 5.17); "você é feitura dEle" (veja Efésios 2.10);
"você é justo"(veja II Coríntios 6.14,15); "você é raça eleita, sacerdócio real, nação santa. . ." (I
Pedro 2.9)
"Jogue fora as roupas do pecado, derrota, falhas, e vista as de Jesus. Quero falar mais uma
vez do menino lobo. Ele tinha vivido durante tanto tempo como um lobo que, quando o capturaram
e tentaram mostrar-lhe que realmente era um menino, nem mesmo um espelho conseguia levá-lo a
acreditar. A bagagem e os resíduos de ser lobo ainda estavam tão marcados em sua mente, força e
emoções, que ele não conseguia acreditar na verdade. Demorou anos para que suas mentirosas
emoções concordassem com a realidade. Nesse momento suas emoções podem concordar com a
mentira de satanás de que você é apenas um pecador, tentando agradar a Deus - e falha muito
nisso; mas, por favor, lembre-se do que o espelho (a Bíblia) está lhe falando: Você é nova criatura,
e o que é verdade sobre Cristo também é verdade sobre você, amigo." E conversamos sobre as
verdades da vida trocada. Novamente, existem duas maneiras de ser controlado pelo alcoolismo:
uma é precisar do álcool, e a outra é ter que estar longe dele. Nas duas maneiras, a identidade da
pessoa continua a mesma um alcoólatra.
Jesus não veio só para que pudéssemos permanecer os mesmos e simplesmente ser pecado-
res que não pecam. Ele retirou de dentro de nós uma vida que desejava o pecado e a trocou por
uma vida celestial - Sua própria vida. Temos uma nova identidade: agora somos santos, e não
pecadores. Satanás e Deus dão a palavra hipócrita definições totalmente diversas. Quando
tentamos agir de maneira santa, satanás nos chama de hipócrita, porque somos malvados e
pecadores. Por outro lado, Deus nos chama de hipócrita, quando pecamos, porque na verdade
somos santos sagrados! Mesmo com os problemas e pecados que tinham, quando Paulo escreve aos
Coríntios, ele os chama de santos. Lembre-se de que não somos santos por causa de nossas obras,
mas sim, por nosso nascimento.

Trabalhar para mostrar - Trabalhar para tornar


Uma coisa que realmente aprendemos até agora, é que nossa conduta não muda o que so-
mos. Somos o que somos por causa de nosso nascimento, e para mudar isso devemos nascer de
novo. O crescimento cristão é simplesmente aceitar o que você sempre foi desde o dia em que
aceitou a Jesus. A palavra crescimento ensina isso, e significa expandir o que já existe. "O menino
crescia..." (Lucas 1.80); "Observai os lírios do campo... "(Lucas 12.27); "Entretanto a palavra do
Senhor crescia..." (Atos 12.24); "... cresçamos em tudo naquele que é o cabeça, Cristo..." (Efésios
4.15); "... crescimento para Salvação..." (I Pedro 2.2); e, "... cresci na graça e no conhecimento..."
(II Pedro 3.18). Em grego, a mesma palavra é usada para a palavra "crescimento" em cada verso
acima. Não somos chamados para nos tornar alguma coisa, mas para expandir o que já somos.
Somos o que somos quando nascemos; ou crescemos escravos da vida de Adão, ou libertos pela vida
de Cristo.
Em um certo Ano Novo, passei a noite discipulando pessoas que encontrava nas ruas. Quando fui
convidado a entrar num bar de homens que se vestem de mulheres, por um dos freqüentadores
desse bar. Concordei e entrei, e comecei a pregar o evangelho. Logo percebi um homem enorme
sentado num canto vestido de mulher. Fui até lá para compartilhar Jesus com ele. Quando comecei
a falar, ele se pôs a chorar e me contou do quanto vivia uma vida miserável e como saía escondido
para que sua esposa não descobrisse seus hábitos. No final, ele se ajoelhou e pediu que Jesus
entrasse em seu coração. Quando estava saindo, eu lhe dei uma ordem: "Vá para casa e coloque
roupas de homem". Eu lhe dei um comando que o mudasse ou revelasse o que já era antes? Que
revelasse o que era! O homem tinha dúvidas do que era, mas eu não. Para mim, ele só parecia um
homem dentro de um vestido. Enquanto estivesse confuso a respeito do que era, tinha dificuldades
sendo homem e dificuldades sendo uma mulher.
Se você é nascido de novo, sua vida de Adão morreu e foi trocada pela vida de Cristo. O
Novo Testamento lhe dá mandamentos que mudam ou que revelam o que você é? Claro que para
revelar! É-lhe ordenado que seja santo porque você é santo. Por quê? A vida de Cristo em você é
santa. Em todas as cartas de Paulo, na primeira metade ele mostra aos cristãos quem são, antes
que comece a dizer-lhes o que fazer. Se sabemos quem somos, o fazer é natural.
Você trabalha para ser aceito por Deus, ou trabalha porque é aceito por Ele? Você lê a Bíblia
e ora para fazer com que Deus chegue perto de você ou porque ele já está perto de você? Está
trabalhando para ser santo, ou trabalhando por que é? Essa é a diferença entre vida e morte na
experiência cristã.
Satanás luta muito para cegar o cristão do trabalho completo de Cristo. Muitos o vêem uni-
camente como o sacrifício de seus pecados; não percebem que, recebendo Sua própria vida e
crucificando seu velho eu, podem ser tão livres do pecado quanto Cristo é. Essa é a salvação
verdadeira - estar livre da velha identidade e da trindade não santa. Muitos cristãos são tão
ridículos quanto o homem de vestido; primeiro, experimentam roupa de homem, depois de mulher,
sem saber o que realmente devem usar. Assim também o cristão carnal anda atrás da carne, depois
atrás do Espírito, nunca sabendo qual é o melhor. Alguém deveria parar o cristão descristão e
esclarecer tudo para ele, dizendo: "você é nascido de Deus" (veja João 3.3-7);"você é filho de Deus"
(veja I João 3.1-2). Assim como os pais do menino não desistiram dele até que percebesse que era
humano, você também pode confiar em que seu Pai do céu não vai desistir de você até que você
admita ser filho dEle em todos os sentidos.
Agora devemos responder à pergunta tão repetida. Se meu velho eu (velha natureza, vida de
Adão) já morreu, e já recebi uma nova vida, a vida de Cristo, com todas as coisas verdadeiras dEle,
sendo verdade sobre mim, por que ainda me sinto do mesmo jeito?

Conflito Contínuo
Um dos problemas relacionados com a descrença é a tendência a proteger Deus. Quero dizer
que, se Deus falou a respeito de alguma coisa, mas ainda não tivemos a oportunidade de ter tal
experiência, não podemos admitir que a falta está em nós, mas também não podemos aceitar que
Deus seja culpado por isso. Devemos então encobrir o que Deus falou, dando um sentido diferente,
protegendo Deus e também nos livrando da acusação de estarmos falhando. Isso é verdadeiro
principalmente quando se trata de um aspecto sobrenatural do nosso relacionamento com Deus.
Acreditamos como Paulo: "Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas
Cristo vive em mim" (Gaiatas 2.20); e, "sabendo disso, que foi crucificado com Ele nosso velho
homem"; e novamente , "já morremos com Cristo..." (Romanos 6.6,8). Mesmo assim temos que
admitir que, às vezes, nos encontramos cometendo os mesmos pecados, com os mesmos
comportamentos e sentimentos que tínhamos antes de sermos crucificados com Cristo e nascidos
de novo. Por quê?
Alguns sugerem que o motivo é que a Vida de Adão e a velha natureza, na verdade, nunca
morreram. Elas simplesmente saíram um pouco de lado, dando um espacinho para que a Vida de
Cristo entrasse, e agora o cristão tem duas naturezas brigando uma com a outra.
A ilustração do homem que tinha dois cachorros, um branco e outro preto, é sempre usada.
Quando perguntaram a ele qual cachorro era mais forte, ele respondeu: "Aquele a que dou comida,
é claro". Quero dizer que agora que Cristo está em nós, temos a opção de alimentar sua vida e
andar no espírito, ou alimentar a velha natureza, ou Vida de Adão, e andar na carne. A explicação
tenta responder à pergunta: "Se meu velho eu está morto, porque ainda o sinto?" No entanto, o
conceito de termos em nós duas forças ou naturezas opostas, além de contradizer as Escrituras,
parece até novela. Encontramos essa idéia na maioria das religiões do mundo, muitas das quais se
rotulam cristãs, e muitas notáveis como o Taoísmo, que tem um ensino parecido e conhecido como
o Yin e Yang. Esse símbolo de forças boas e más lutando uma contra a outra, é um círculo metade
branco, metade preto. Se desenhássemos um tronco nesse círculo, o que teríamos? A árvore do
conhecimento do bem e do mal! Adão comeu dessa árvore, e o homem continua a comer dela; no
entanto, não é surpresa alguma encontrar elementos - que fazem sentido à mente - desse tipo de
religião.
Muitos retratam que o Cristianismo também vem daquela árvore, vendo Deus como o bem e
satanás como o mal, com a religião girando em torno dessas duas forças opostas. O ensinamento
deles é bem simples: "Isso é bom, isso é mal; faça o bem, não o mal!" Mas o Cristianismo não se
origina da árvore de que todas as outras religiões vêm; nasce da outra árvore que estava no
Jardim, a árvore da Vida, enraizada na pessoa do Senhor Jesus e baseada em algo muito mais
profundo do que uma mera luta entre o bem e o mal.
Em João 15, Jesus usa a ilustração da videira e seus ramos; é deixado bem claro, pela
natureza, que a vida velha de um ramo enxertado é completamente renovada com vida nova da
videira. Não existe guerra entre a vida velha e a nova. Mesmo que o ramo se lembre de como se
sentiu, sendo cortado e morto, agora recebe uma vida nova e diferente de outra fonte.

A Mente Pião Renovada


Nós rejeitamos o argumento de que o cristão tem duas naturezas e procuramos nas Escri-
turas uma explicação diferente. Vamos voltar à nossa explicação sobre a vida exterior e a interior,
sendo o "velho eu" sua vida externa presente e a Vida de Adão em você. A trindade não santa
(pecado, satanás, mundo) cria uma tentação feita para a Vida de Adão, a qual irá concordar com
ela e fazê-lo escravo do pecado. Todo pecado cometido, ídolo cultuado, e mensagem de
identidade recebida foi registrado em sua mente, querer e emoções (sua alma) e,
conseqüentemente, a história completa de sua velha natureza é guardada lá. Quando a velha
natureza morre e é trocada pela vida de Cristo e Espírito, você se torna um com Ele e Ele com você
(João 17.21). "Dar-vos-ei coração novo, e porei dentro em vós espírito novo; tirarei de vós o
coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro em vós o meu Espírito, e farei que
andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis." (Ezequiel 36.26-27).
Recebemos um novo espírito, mas a nossa velha alma, contendo toda a velha informação, continua
a mesma.
Alguma vez você já tocou algo muito quente e se queimou. Aquele acontecimento foi
registrado em sua mente e, mesmo que a dor já tenha passado, a lembrança continua. Tenho
certeza de que se você vivesse até os 150 anos nunca se esqueceria de que coisas quentes
queimam. Da mesma forma, os acontecimentos, emoções, escolhas, pecados e ídolos da velha
natureza ficam conosco.
Muitos de nós já perdemos alguém querido. Muito tempo depois da morte dessa pessoa, se
acontecer de vermos um objeto que nos lembre dela, isso vai mexer com nossas emoções. Mesmo
que ela não esteja conosco mais, muita bagagem de sua vida com a gente fica por anos. Eu ouvi
falar de uma mulher que havia perdido seu filho há uns quinze anos e o quarto dele ainda estava
intacto. Ela gostava de entrar naquele quarto e mexer nas velhas emoções. O filho já havia
morrido mas a bagagem continuava ali.
A bagagem que acumulamos durante anos, vivendo com a velha natureza, ainda está guarda-
da na mente, querer, e emoções. Não é incrível que em Romanos 12.2 somos ordenados a renovar
nossas mentes? Entendendo que resíduos e bagagens são deixados pela Vida de Adão, vamos
entender como o cristão pode andar com o Senhor, em Espírito, durante dias, semanas, e até anos
e, em instantes, encontrar-se atraído por velhos pecados, ídolos e sentimentos do passado.
Gostaria que imaginasse a vida de Cristo em você, onde seu coração está, e logo acima uma
porta que abre e fecha; nós a chamaremos de "porta ligadora." O que abre esta porta é a
humildade, o que a fecha é o orgulho. Se precisássemos descrever Deus com uma palavra, ela seria
amor, mas a palavra que melhor descreve Jesus é humildade.
Humildade não é dizer: "Eu não sou nada" mas, o humilde diz: "Eu não tenho nada". Jesus se esva-
ziou, tomando a forma de homem; Ele não tinha nada, mas era o Filho de Deus. Em obediência di-
vina, Ele recebeu momento a momento aquilo de que precisava do Pai. Jesus não andou nas águas
porque podia, mas porque Deus mandou que o fizesse. Jesus poderia ter dito coisas maravilhosas
para a mulher pega cometendo adultério, mas escolheu esperar o que Deus queria que Ele
dissesse. De fato, o Novo Testamento não tem nenhuma fala original de Jesus, pois Ele mesmo
disse que só falou o que o Pai lhe disse para falar. Ele foi Humildade Divina.
Esse mesmo espírito de humildade nos permite reconhecer que não temos nada, e que nossa
existência deve ser sustentada pelo Pai momento a momento. Quando vivemos assim, a porta
imaginária fica bem aberta, permitindo que a vida de Cristo flua. Assim que ela é aberta, Ele faz
uma faxina, removendo a bagagem da velha natureza e expressando, através de nós, nova vida. Se,
por orgulho, decidimos que temos os recursos para lidar com o dia-a-dia melhor que Ele, nesse
momento a porta se fecha, e a trindade não santa aproveita a oportunidade para nos seduzir com
uma tentação do passado. Como fechamos a porta para Cristo, abrimos a bagagem da velha
natureza que continua em nossa mente, querer e emoção, procurando algo que nos ajude a lidar
com a situação.
Nos primeiros anos de casamento de um certo casal, a mulher era dominadora e controlava
o marido, tornando-o miserável. Um dia, ela se converteu e durante um ano permitiu que seu
marido fosse o cabeça da casa. O marido achou sua transformação maravilhosa. Mas, sem nem
avisar, a mulher tornou-se dominante e controladora do marido novamente, e ele ficou
completamente confuso, acreditando viver com uma esquizofrênica. Mas eu garanto que ele não
estava tão confuso quanto ela.
A dinâmica do que aconteceu envolve a mulher ter crescido, vendo sua mãe controlando e
dominando os homens. Quando ela se casou, o inimigo naturalmente a tentou para que fizesse o
mesmo com seu marido. Quando se converteu, a velha natureza que fazia com que agisse daquela
maneira foi retirada, e durante um ano ela confiou no Senhor momento a momento para todas as
coisas, abrindo assim a porta. Seu marido pensou estar morando com um anjo! Mas quando as
coisas apertaram e ela ficou com medo de seu marido não fazer as coisas como ela as faria,
começou a pensar: "O que devo fazer?" Pensamentos de independência fecharam a porta. O inimigo
entrou e a tentou para dominar e controlar; dois ídolos deixados na bagagem, os quais funcionaram
no passado. Como já vimos, Deus não permite que ídolos funcionem para a nova criatura, o que a
deixou ansiosa e em depressão.
O problema, tenho certeza, é que ela e seu marido pensam que ela se tornou mais uma vez
dominadora. Entretanto, antes de nascer de novo, seu problema não era que controlasse e
dominasse, mas sim a Vida de Adão que a fazia escrava de tal comportamento. Poderíamos ter
tentado resolver seu domínio e controle durante anos, mas nada resolveria, pois tinha que
encontrar sua morte na crucificação com Cristo. Quando se viu agindo da mesma maneira que
antes, a decepção a fez querer mudar tal comportamento, quando o problema era que ela havia
fechado a porta por causa de orgulho e descrença.
Isso explica porque podemos notar o mesmo comportamento tanto num descristão, quanto
num cristão descristão. Um homem pode ficar bêbado antes de não ser cristão, como depois de
nascer de novo; no entanto, devemos ter cuidado para não julgá-lo, dizendo não ser realmente
cristão, pois ele pode apenas ter fechado a porta para a vida de Cristo. A porta se fecha e se abre
tão rápido quanto o pensamento. Muitos acreditam que ela se fecha tão rápido quanto um
pensamento malvado, mas poucos sabem que ela também se abre tão rápido quanto uma oração
de arrependimento. Você pode dizer: 'Ter que manter essa porta aberta continuamente não me
parece nada com vida abundante!" ou "E daí, se a velha natureza morreu? A bagagem faz com que
eu aja da mesma maneira e viva tão miserável quanto antes!" Falaremos sobre isso mais
detalhadamente no próximo capítulo.

Satanás Com Medo da Porta Aberta


Se você escolher acreditar e andar na crucificação com Cristo, sua vida vai piorar antes que
melhore, pois os perigos vão aumentar. Isso porque você se torna uma ameaça para o inimigo!
Antes, quando era movido por talento natural, habilidade, e intelecto, e sua identidade tentava
tanto mudar você e as outras pessoas, você não o ameaçava; pelo contrário, você era um dos bens
de satanás. Mas quando Cristo vive Sua vida através de você, você se torna perigoso! Você anda
como Cristo andou, esmagando o diabo, o qual vai planejar um ataque para persuadi-lo, fazendo
com que acredite que sua experiência, e não a fé que tem em Cristo, deve ser sua medida de
verdade. Eu gosto de prevenir as pessoas que discípulo, que a partir do momento em que forem
embora, satanás vai tentá-las a acreditar que eu fiz uma lavagem cerebral nelas e que a realidade
consiste em que suas experiências vão falhar, que não têm valor, e a se sentirem rejeitadas por
Deus, porque seu comportamento não é bom. O inimigo ainda está para me desapontar nessa
questão. O é oposto que é verdadeiro: o inimigo é quem quer fazer uma lavagem cerebral nelas,
porque uma lavagem cerebral consiste em fazer uma pessoa acreditar que certa mentira é
verdadeira.
O plano de satanás é bem simples: ele deve tirá-lo da luz! Por quê? "Pois em ti está o
manancial da vida; na tua luz vemos a luz" (Salmos 36.9). Eu, pessoalmente, aprendi que Jesus faz
com que a vida tenha sentido, e uma vez fora de Sua luz, a vida não tem significado. Então, o
inimigo quer nos tirar da luz de Cristo para sua escuridão. Aí, súbita e desconhecidamente, a porta
se fecha. Estando no escuro, nossos olhos se ajustam e a escuridão torne-se normal para nós. Com
o passar do tempo, nos esquecemos do quanto era maravilhoso estar na luz, então passamos a
procurar uma pequena vela (uma pessoa, um ídolo, um trabalho, algo que traga felicidade) que
possamos acender para que a presente escuridão se torne tolerável. Estamos, então, derrotados!
O inimigo tem uma variedade de truques que nos levam à escuridão. Geralmente ele começa
a nos tentar com as mesmas situações e acontecimentos que nos deram identidades negativas no
passado. Ele, a bem dizer, aperta nossos botões, para nos levar de volta à nossa existência carnal.
Imagine que tenha trabalhado em um mesmo prédio nos últimos vinte anos, e todos os dias
tenha ido até a máquina de refrigerantes, posto sua ficha, apertado um botão, e pegado sua
bebida. Um dia, você coloca a ficha, aperta o botão, mas sua bebida não vem! Você simplesmente
sai de perto, ou continua a apertar o botão, se perguntando o que aconteceu com a bebida.
Durante anos o inimigo tem apertado botões que o tornem inútil; mas agora que Cristo está
em você, ele não vai simplesmente embora! Pelo contrário, vai puxar ainda mais os botões, para
que você responda como no passado. Quando isso acontecer, tenha coragem, porque você
realmente encontrou a resposta; se não, o inimigo não estaria atacando você.
Era o inimigo que mais agitava as emoções, e agora, quanto mais andamos com Deus, mais
nossas emoções se acalmam. Quando satanás vê isso, mais ele luta para agitá-las. Quando um
coração bate, vemos altos e baixos em uma telinha, mas quando a pessoa morre, vemos uma linha
reta. Os médicos até fazem massagem no coração, tentando trazer os altos e baixos de volta. Para
um observador desinformado o tratamento parece um pouco estranho.
Ao invés de um monitor de coração, pense num monitor emocional, no qual o inimigo adora
ver os altos e baixos. Quando começamos a andar na vontade de Deus, há uma linha mais constan-
te, porque as emoções passam a responder ao que está acontecendo no espírito, ao invés de reagir
ao corpo e aos acontecimentos. O inimigo vai usar tudo ao seu alcance para derrotar o cristão
emocional-mente, na esperança de ver os altos e baixos novamente. Cuidado: pode acontecer
quando estamos de férias e fora da comunhão diária que temos com o Salvador. Pode ocorrer em
épocas de estresse, quando nosso relacionamento com outros está tenso, ou quando estamos sob
pressão financeira, e procuramos a chamada segurança, que o mundo oferece. Pode ser uma
pessoa que esteja numa situação que tire nossos olhos do Senhor, como um filho com problemas,
os pais doentes, ou a rebeldia de um parceiro. Numa viagem para a casa de seus pais, vendo as
mesmas pessoas que provavelmente lhe passaram todas as velhas mensagens de identidade, e com
quem você, quando ainda não havia sido transformado, talvez tenha tido um relacionamento mais
ou menos duradouro, esses velhos sentimentos podem vir à tona. Até nosso trabalho para o Senhor
pode se tornar tão importante que passamos a rejeitá-lo. Pode principalmente acontecer quando
se sentir sozinho, sentindo que falhou. A lista é longa, mas o resultado é sempre o mesmo:
fechamos a porta para a vida dEle e, conseqüentemente, passamos a viver do jeito como éramos
antes de nascer de novo.
O inimigo não só vai usar circunstâncias e pessoas, mas vai atacar num nível diferente de
tentação que o mundo degenerado conhece. Essas tentações dele são tipo A, bem planejadas,
exatamente no tempo certo, com todo detalhe bem considerado. Pode demorar anos para serem
desenvolvidas ou ser enganos menores, que talvez tenham 99% de verdade e que vão tomando seu
lugar com o tempo.
Uma vez, quando estava na índia, conheci um homem que tirava pedras do tamanho de um
carro, das rochas. Perguntei o que ele fazia com essas pedras tão grandes e me disseram que as
quebrava com um martelo e fazia pequenas pedras para jogar nas estradas. Ele sentava ali, dia
após dia, desmanchando a pedra, e quanto menores ficavam, maior ficava a pilha de pedrinhas.
Era difícil acreditar que um homem sozinho conseguisse fazer aquilo, mas é óbvio que tinha um
plano, e o elemento tempo o ajudaria.
Assim acontece com os profundos enganos do inimigo. Se soubéssemos de seus planos de
destruição e engano, acharíamos impossível. No entanto, se soubéssemos de seu tempo e esforços
usados dia-a-dia, ficaríamos com muito medo. Será que somos chamados para estar atentos,
preparados, levar em consideração, e não ser ignorantes a respeito do inimigo?
Esses enganos se comparam a sementes. Quando uma semente é plantada, quem diria que
um dia um poderoso carvalho cresceria ali? Quando a semente está embaixo do solo, não sabemos
de sua existência, mas ela cresce dia-a-dia. Isso é tão verdadeiro, que no momento em que se
mostra, é muito tarde para fazer alguma coisa. O homem espiritual deve estar atento às tentações
que não são programadas para derrotar imediatamente, mas anos depois.

Saindo de Uma Porta Fechada


Vamos supor que você esteja vivendo em derrota. O que acontece depois? "Maior é O que
está em vós do que o que está no mundo". Deus é bem maior que o inimigo; disso não devemos nos
esquecer! Através de suas ações, Deus lhe revela suas condições, pois só Ele pode romper a
escuridão em que satanás colocou o cristão carnal, Quando isso acontece, é como se você estivesse
sentado em sua sala no meio da noite, tudo escuro, mas se der um relâmpago, todos os objetos ali
se tornam visíveis por um instante. Com a luz do Espírito Santo, os enganos do inimigo podem ser
vistos claramente. Isso, nenhum homem consegue fazer; é trabalho do Espírito Santo. "Logo
também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para vida. "(Atos 11.18) e,
"disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o
arrependimento para conhecerem plenamente a verdade" (II Timóteo 2.25). Isso Deus fará, ao
contrário dos esforços do inimigo, em Seu próprio tempo. Quando nossos olhos são abertos, muitas
vezes desabamos. Não podemos acreditar!
Como permitimos que esse pecado se abatesse sobre nossas vidas? O que devemos fazer? O que
pode ser feito?
Quando algum de nós percebe seu erro, o inimigo aumenta o ataque com medo de que todos
os seus longos esforços e profundos enganos não valham de nada. Ele começa a cochichar numa voz
que às vezes é confundida com a consciência: "Já tem muito tempo; você caiu muito longe e não
tem forças para voltar". "Se tentar, vai ser um falso". "Você é um fingido". "Deus o cortou fora por
causa da profundidade e tamanho de seus pecados". "Você teve sua chance". "Você não é salvo".
"Você não vai conseguir fazer melhor que isso". Tudo falado na esperança de não retornarmos, nem
aprendermos sobre o verdadeiro caráter de Deus.
Este livro é para o derrotado, como mencionei no prefácio. Há uma coisa que, peço a Deus
que você receba deste livro, e guarde bem em seu coração: "A verdadeira profundidade da f é de
uma pessoa está na capacidade de aceitar o perdão no meio de sua mais profunda derrota." É fácil
acreditar que sua justiça é baseada em Cristo quando nada fez de errado; mas talvez pense que
não é baseada no trabalho de Cristo, mas no seu. Quando você nada fez de errado, talvez a morte
não o assuste porque você está carregando uma bonita bolsinha cheia de bons trabalhos, os quais
você pensa que vão agradar a Deus. Entretanto, a derrota mostra em quem realmente você
colocou fé; se no meio disso você retrocede, com medo, você prova que sua justiça foi baseada no
que você podia fazer, e não no que Eleja fez. Muitos que estão em derrota recusam o perdão,
continuando uma autopunição, até que acreditem que o preço já foi pago. Alguns estão tão
desacreditados que passam a procurar desculpas por que Deus não deveria perdoá-los.
Os escritores não estavam nada surpresos com o fato de que os santos pecam, e a solução é
bem simples: arrepender e continuar. Se fôssemos aplicar aos líderes o padrão de Jesus quanto ao
que é pecado ("como o homem pensa em seu coração") e remover toda pessoa que pecasse, me
pergunto se restaria alguém para liderar. Esquecemos que ministério é um dom que Deus nos dá
para exercitarmos, quando a porta de onde flui Sua vida está aberta. Ministério não vem da justiça
de homens. Se um líder pecar, deve seguir o que o Novo Testamento diz a respeito do pecado e
seguir em frente:

"Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus
e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores: e vós que sois de ânimo dobre, limpai
o coração. Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria em
tristeza. Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará" Tiago 4.7-10

Sim, quando você vir seu pecado e engano, ficará arrasado, e isso causará pranto, mas Deus
o exaltará. A Bíblia não diz que Deus vai restaurá-lo a uma posição mais baixa do que tinha antes;
diz que Ele o exaltará!
Se você alguma vez já teve liberdade de ver seus erros, pode tê-la novamente, pois cada
momento é momento. Se, como cristão, fechou a porta, arrependa-se, aceite o perdão de Deus,
independente de como se sinta e siga em frente. Encurtando o tempo que passa sofrendo por causa
de uma derrota, terá, ao invés, um tempo vitorioso.
Os Três Tipos de "Eu"
Quando começam a estudar sobre a crucificação com Cristo, muitos se tornam confusos a
respeito do que realmente foi crucificado com Cristo. Não só os melhores autores sobre o assunto
usam diferentes termos para descrever o que morreu e o que deve ser negado, como também a
variedade de traduções bíblicas que temos hoje. Vou tentar esclarecer um pouco isso, descrevendo
os três tipos de "EU" que aparecem nas Escrituras.
O "Eu" peculiar faz parte da pessoa que foi feita, no útero, por Deus (Salmo 139). Como Deus
não tem moldes, Ele nos fez indivíduos; e, mesmo que tenhamos o mesmo propósito na vida que é
o de comunhão com Ele, todos expressamos essa comunhão de maneira diferente. Vou, então,
definir eu peculiar, como a criação de Deus que é distinta em cada pessoa; isso inclui talentos,
habilidades, intelecto, personalidade e temperamento dados por Deus.
Você pode pensar no eu peculiar como uma ferramenta que não pode fazer nada sozinha,
mas seu valor depende de como é usada ou por quem é usada. Por exemplo, um martelo é um
martelo. O que distingue um martelo é quem o usa e o que é feito com ele. Ele pode ser usado por
um louco para matar outra pessoa, ou por um homem generoso para construir uma casa para uma
viúva. O mesmo é verdade com o eu peculiar. Ele não pode ser mudado, mas sua origem e
propósito podem ser trocados.
O primeiro tipo de Eu, então, é o eu peculiar controlado pela Vida de Adão; esse eu
pertence ao não cristão, ou ao homem degenerado, produzindo uma condição chamada carne. Um
homem poderia possuir habilidades dadas por Deus para começar negócios, persuadindo e
motivando outros a segui-lo. Entretanto, quando a velha natureza está no controle, os talentos e
habilidades que foram criados para expressar Deus, revelam uma condição da carne e o homem,
então, abre uma rede de livrarias só para adultos. Ele alterou os dons que Deus deu ao eu peculiar,
usando-os para o pecado, prazer e seus próprios propósitos.
As ordens de Deus em relação ao Eu número um é que seja crucificado (Gaiatas 2.20). O eu
peculiar em si não deve morrer, mas sim o que o conduz e sua origem. O Eu número um tem um
trajeto a percorrer em uma certa direção, e segue todos os sinais que o levam àquela direção. Seu
destino é o inferno.
O segundo dos três Eu é o eu peculiar controlado pela bagagem e resíduos deixados pela
morte e remoção da Vida de Adão e a trindade não santa. Essa pessoa é um cristão nascido de
novo, em condição carnal. Talvez use suas habilidades dadas por Deus para começar um ministério
ou negócio que seja para glória de si mesmo, sua segurança financeira e uso pessoal. Tal pessoa
tem assegurada sua ida para o céu, mas continuará vivendo num inferno aqui na Terra! A ordem
para esse Eu é que seja negado dia a dia (Lucas 9:23) pelo poder da Cruz.
O terceiro Eu é muito importante, sendo o eu peculiar controlado pela vida de Cristo em
nós. Um homem nesse estado está completo. Todos os dons, talentos, habilidades, intelecto,
personalidade e temperamento dados por Deus, funcionam como deveriam, pois manifestam uma
condição chamada andar no Espírito. Todo trabalho que esse homem faz, Cristo o faz através dele,
e ele é uma bênção para todos. Quando Cristo controla o eu peculiar, a ligação entre trabalho
espiritual e trabalho secular desaparece, pois todo trabalho passa a ser espiritual e de Cristo. O
terceiro Eu não se importa de fazer trabalhos considerados por algumas pessoas como baixos,
contanto que Cristo seja a origem. A perspectiva de Deus e do homem de um trabalho valioso são
diferentes. Quantos de nós achamos que uma coisa pequena que fazemos a outro é pouco elogiada?
"E quem der a beber, ainda que seja um copo de água fria, a um destes pequeninos, por ser este
meu discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão" (Mateus 10.42).
Certa vez me perguntaram: "Se pudesse fazer qualquer coisa, o que você faria para o
Senhor?" Minha resposta foi: "Se pudesse fazer alguma coisa para o Senhor, eu iria tocar a fazenda
com o meu avô". Arar a terra vendo as gaivotas vindo atrás comer as larvas que o querido Pai do
céu lhes deu, satisfazer meu desejo de estar com meu avô que me aceita sempre; se pudesse fazer
alguma coisa para o Senhor iria tocar a fazenda com meu avô! Uma vez que a linha entre o secular
e o espiritual desaparece, a pressão para fazer algo de muito especial para o Senhor some, pois até
mesmo a menor das tarefas cumpridas, quando Cristo está no controle, é maravilhosa vista pelos
olhos do Pai. A ordem dada a respeito do eu número três é que amemos, "...amarás o teu seu
próximo como a ti mesmo" (Mateus 19.19).
Estudando Melhor o Eu Peculiar
Quando discípulo pessoas que criticam os outros, sempre pergunto: "Do que é que você não
gosta em si mesmo? Na maioria das vezes acham que não são tão inteligentes, tão atraentes ou tão
talentosos quanto seus amigos. Então, já que não amam quem são, eles têm que destruir as outras
pessoas, procurando erros que diminuam sua própria inferioridade.
Devemos amar nosso próximo como amamos a nós mesmos. Se isso é verdade, então muitos
próximos a nós vão ficar desapontados. As pessoas que possuem grande talento ou habilidade em
certas áreas, têm a tendência de inferiorizar os que não conseguem ser tão bons quanto elas
naquelas áreas. Por exemplo, em sua maioria os evangelistas são, em seu eu. peculiares,
extrovertidos e esforçados; foram criados assim e, se não fossem evangelistas, poderiam ser
vendedores de carro. Eles vão para a igreja e propagam sua coragem para falar do Senhor,
condenando, não abertamente, os que não são como eles, e têm vergonha da Palavra. Não
entendem que Deus fez cada membro do corpo para usos diferentes (a teoria de "uns plantam e
outros colhem"); entretanto, continuam a se exultar em suas habilidades, proclamando alto e claro
que vivem uma vida cristã de sucesso (sendo sucesso o que eles fazem) naturalmente.
Infelizmente, quando alguém com esse tipo de eu peculiar pastoreia uma igreja, desenvolve
programas que se centralizam em suas habilidades naturais e não nas habilidades de toda a
congregação. Tem, então, que forçar as pessoas a participar, e os programas duram pouco. Se
pudesse entender a variedade de Eus que Deus criou, esse homem seria muito mais útil como líder.
Pois existem pessoas cujo eu simplesmente não consegue bater de porta em porta, argumentando
e lisonjeando. Mas é muito competente em ajudar qualquer um que esteja buscando relaciona-
mento com Cristo.
Há uma grande variedade de eus no corpo de Cristo; dos que gostam de seguir planos aos
que nunca seguem a agenda, dos que gostam de trabalhar com pessoas aos que preferem coisas.
Todos os que estão expressando a natureza do seu eu. sob o controle da vida de Cristo são grandes
bênçãos.
Será importante diferenciar os três "eu" peculiares: o que é crucificado, o que devemos
negar, e o que deve ser amado. O motivo pelo qual gastei um tempo maior explicando a bagagem,
resíduos e velha identidade é para que o segundo Eu possa ser rapidamente reconhecido e negado.
Se não, alguém poderia tentar negar seu eu peculiar, que Deus criou, e tal ato seria
desconfortante e improdutivo.
Você se ama? Deveria! Pode demorar um tempo até que se sinta feliz com o que Deus o criou
para ser, mas uma vez feito, você vai parar de se comparar com outras pessoas e passar a apreciar
o restante do corpo de Cristo.
Certa vez, estava discipulando um homem e lhe perguntei como se tornou um milionário. Ele
disse que foi bem simples: usou suas fraquezas. Isto é, ele não estava rodeado de pessoas iguais a
ele, mas daquelas que eram diferentes em seus pensamentos e atitudes. Trouxe desavenças, mas
continuou a ir ao banco com mais e mais dinheiro. Muitos evitam conflito e se cercam de pessoas
que pensem igualzinho a eles mas nunca são muito produtivas. O corpo de Cristo é produtivo por
sua diversidade, não moldando todo mundo em um só tipo de eu peculiar.
Eu sou como um irmão um dia me disse, muito fácil de se tirar vantagem. É verdade. Gosto
tanto das pessoas que, geralmente, lhes permito que me usem. Deus tem utilizado esse traço da
minha pessoa várias vezes; sendo assim, eu nunca desisto de ninguém e sempre vejo o Senhor tirar
alguém da derrota e lhe dar vitória. Por outro lado, reconhecendo essa característica, tenho
procurado meus irmãos que não a têm para me ajudar a tomar decisões. Estou grato que não sejam
como eu.
Em I Samuel 30, Davi e seus homens participaram de uma vitória sobrenatural. Os que
estavam muito cansados para lutar foram instruídos a ficar cuidando da bagagem. Ao retornar,
alguns "homens malvados" não queriam dividir o despojo com os que ficaram. A resposta de Davi foi
um não, pois os que protegeram as bagagens eram tão dignos dos despejos quanto os que lutaram.
Davi não se esqueceu de que a vitória na verdade pertencia a Deus e, além do mais, qual o
propósito de se ir lutar para ganhar mais, se existe a possibilidade de se perder o que já se tem?
Alguns de nós, Deus coloca na linha de frente para participar de Seu trabalho sobrenatural,
o qual nunca deve ser visto como nosso trabalho; e outros de nós, Deus coloca para vigiar a baga-
gem (o que já foi possuído), e vamos receber o mesmo galardão. Deus não tem parcialidade, e o
primeiro será o último, e o último será o primeiro. Deus cria pessoas com talentos, habilidades, e
intelecto - ninguém se cria sozinho - entretanto, nosso orgulho não deve estar em nossa pessoa,
mas em Deus.
Talento, habilidade, intelecto são todos relativos. Cada eu peculiar tem seu próprio propósi-
to de utilidade. Temos dons, trabalhos, manifestações, corpos e nacionalidades diferentes, mas
com o mesmo Espírito. Cada um de nós é um indivíduo diferente, mas somos todos um; juntos
formamos um todo. Paulo encoraja os que não estão felizes com seu eu peculiar (e sendo assim
julgam a Deus, seu Criador) que amem a si mesmos, e ao mesmo tempo advertiu os que são tão
orgulhosos de que Deus os fez.
Você pode perguntar o que é meu eu peculiar, como posso discerni-lo? Conhecer seu eu
peculiar é simples e não precisa de uma visão interior prolongada. Seu eu peculiar é determinado
pelas coisas que faz naturalmente e as quais você se sente bem fazendo (isso é diferente de
comportamentos como fuga, evitar pessoas, medos errôneos que foram desenvolvidos através de
falsas mensagens de identidade). Você sempre chega tarde em casa porque conversa com o
frentista do posto de gasolina ou com o vizinho? Seu eu peculiar é uma pessoa do povo, um
membro sensível. Se tem todos os parafusos, ferramentas, pregos em lugares próprios, onde devem
ser guardados, seu eu peculiar foi criado para trabalhos detalhados e para fazer as coisas certas.
Você quer um plano detalhado e o que você deve fazer em tal trabalho? Esse eu peculiar trabalha
em equipe e quer ver o projeto terminado; você é um membro interno (N.E.: aquela pessoa
introspectiva). Mas, se você fica facilmente entediado, ansioso para começar o próximo projeto.
Você é membro muscular (N.E.: aquela pessoa um pouco mais agitada).
Lembre-se, do jeito como Deus te fez: curta-se, ame-se e recuse-se a escutar os que lhe
intimidam e se gabam de suas habilidades naturais. Do que quer que seja que Ele lhe deu, goste.
Se Deus não o criou tão intelectual quanto outro, isso foi decisão dEle e, se reclamar, você estará
tomando o lugar do Criador. "Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode
o objeto perguntar a quem o fez: "Por que me fizeste assim?" (Romanos 9.20). Lembre-se também
de que os dons do Espírito raramente seguem nossos traços; eles não são como habilidades
naturais, as quais até os não cristãos possuem, mas são sobrenaturais.

Membros do Corpo de Cristo


Relacional/ Sentimental - Cristãos que colocam as pessoas em contato com o mundo exterior. Eles
são membros do Corpo de Cristo que sentem profundamente as coisas e se preocupam com o bem
estar das pessoas e seus sentimentos. Sensível, relacionai e subjetivo.

Pensador - Perfeccionistas, pensadores, eles nos ajudam a pensar fundo e em detalhes em todas
as questões da igreja e do relacionamento entre membros. Voltados para fazer o que tem que ser
feito e fazer bem. Analítico, reflexivo e detalhista.

Agente / Realizador - Eles são os agentes/responsáveis pelo movimento de todo o Corpo de Cristo.
Eles são objetivos e orientados para resultado. Fazem as coisas acontecerem, dão ordens, lideram
projetos e equipes de trabalho, têm prazer em dirigir pessoas, gostam de estar no comando.

João era um tipo "sentimental" (gosta de gente)


Lucas era um tipo "pensador" (gosta de detalhes)
Paulo era um tipo "realizador" (gosta de mandar)
8. Vivendo Momento a Momento
No capítulo anterior, aprendemos que, mesmo que seu velho "eu" tenha sido crucificado com
Cristo, e esteja morto e enterrado, você ainda tem sua mente cheia de suas bagagens; e todas as
vezes que a porta logo acima de seu coração se fecha para a vida de Cristo, o inimigo o tenta a se
interessar novamente pelo resíduo que está em sua mente, levando-o a viver a réplica da vida que
vivia antes de se tornar um cristão. Nós pensamos, será que isso é vida abundante? Qual poderia
ser o propósito de Deus em tudo isso? O propósito dEle é bem engenhoso. É fazer com que sua vida
momento a momento seja cheia de alegria, euforia!! E autenticidade! Como?
Se Deus deseja amar você, por quantos dias do ano Ele o quer amar? Sua resposta, estou
bem certo, é 365 dias do ano. Por quantas horas do dia Ele gostaria de o amar? Vinte e quatro
horas do dia. Por quantos minutos de cada hora e segundos de cada minuto Ele o quer amar? Deus o
quer amar sessenta minutos de cada hora e sessenta segundos de cada minuto - você está certo!
Agora, em que momentos de cada segundo Ele deseja amar você? A resposta é momento a
momento.
Entendido isso, vamos supor que você tenha dado sua vida para Cristo em 12 de Outubro de
1970, às 21:30 hs. O que aquele dia e hora tem a ver com este presente momento? Absolutamente
nada! Se Deus o quer momento a momento, então, em 12 de Outubro de 1970 às 21:30 hs, Ele
estava satisfeito, mas não tem nada a ver com seu desejo deste exato momento.
Suponha que peça a minha esposa para sentar perto de mim, segurar minha mão, conversar
comigo, e ela fale: "Mas fizemos isso há quinze anos!"
Qual seria minha reação? Provavelmente: "E daí? Eu não me importo com quinze anos atrás.
Estou falando de agora!"
Relacionamentos sempre fluem; o que os faz maravilhosos não é o que aconteceu no passado, mas
o que está acontecendo neste presente momento. Não importa se você e seu marido viveram bem
no primeiro ano de casados; o que importa é se estão vivendo bem agora. Muitas vezes uma pessoa
que sempre atuou no ministério, e no presente está vivendo em derrota, conta suas glórias do
passado: as coisas maravilhosas que já fez e como foi usado por Deus. Fala de seus longos períodos
de oração, das vezes em que o Senhor falou com ele, e coisas esplêndidas feitas por Deus. É óbvio
que tal pessoa acredita que as coisas que aconteceram no passado vão perpetuamente carregá-lo
ao futuro com Deus. Não é verdade.
Deus aspira estar em comunhão conosco momento a momento; também tem um plano de
realizar seus desejos. Primeiro, Ele deve destruir o velho "eu" e colocar um novo com a vida de Seu
Filho. Se isso não acontecer, então comunhão nenhuma será possível. A próxima coisa que faz, é
deixar os resíduos do velho homem em nossas mentes. Quando por descrença a pessoa fecha a
porta para- Sua vida e, conseqüentemente, corta a comunhão, toda bagagem, lixo, resíduo,
emoções mentirosas, sentimentos negativos, velhos ídolos, identidades falsas, e até manifestação
da carne voltam. De fato, essa pessoa está agora pior do que quando estava no mundo. Deus vai
batalhar para que o cristão tenha consciência do desejo de estar livre dessas coisas, 365 dias do
ano, 24 horas do dia, 60 minutos da hora, 60 segundos do minuto, e, sim, momento a momento. É
então que Deus trabalha. Deus estrutura nossa vida de tal maneira para nos manter sempre perto
Dele.
Quando o povo de Israel estava no deserto, devia colher o maná que desse só para um dia.
Havia aqueles que talvez por preguiça ou porque preferissem descansar mais, colhiam o maná
suficiente para uns dois dias. Mas o que acontecia com o maná no segundo dia? Cheirava mal.
(Êxodo 16). Em João 6, Jesus deixa bem claro que Ele é o pão verdadeiro que vem do céu. "Eu sou
o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome" (verso 35). Jesus, como o pão que alimentou
Israel no deserto, é para ser consumido diariamente, e se alguém quiser guardar o que saboreou do
Senhor para um outro dia, isso será mostrado inútil. Jesus é para ser o sustento de cada dia!
As pessoas geralmente dizem que não conseguem entender sua condição atual. Explicam que
poucos anos atrás chegaram a um ponto em suas vidas em que entregaram todas as suas resoluções
e seus próprios métodos para salvarem a si mesmas, e de fato encontraram vitória. Isso, eu não
questiono; realmente chegaram ao fim de si mesmas anos atrás. O problema é que não chegaram
ao fim de si mesmas no momento em que estão conversando comigo. Deve ser firmemente
implantado em nossas mentes que vitória é para um momento de cada vez, e que, em qualquer
tempo, ou participamos da vitória eterna ou derrota eterna.
Agora, são exatamente 23:15 hs: eu não possuo as 23:10 hs e nem as 23:20 hs; só tenho as
23:15 hs. Entretanto devo concluir que sou uma criatura do momento e tudo que importa é este
instante. Se às 23:15 hs a minha porta para a vida de Cristo está aberta, então tenho, fluindo
através de mim, uma vida perpétua que já venceu todas as tentações pelas quais vou passar.
Então, neste momento, eu também sou eternamente vitorioso, e não me preocupo com as 23:20
hs, o amanhã, semana que vem, ano que vem, os filhos, o emprego, o destino, pois sou
eternamente vitorioso. Entretanto, se às 23:15 hs fecho a porta, então me preocupo com as 23:20
hs, e com o que vai acontecer. Novamente estou no comando, mesmo que seja um fracassado, uma
pessoa sem valor, cheio de ansiedade e depressão; naturalmente, estou apreensivo sobre o
amanhã, semana que vem, mês que vem, os filhos, meu casamento, e até mesmo sobre o estar
perante Deus. Estou me debilitando em derrota eterna. Então, a única coisa que satanás pode
fazer para nos derrotar é roubar o momento, o que consegue fazer com a perícia, lembrando-nos
do passado e aumentando nossos medos sobre o futuro!
Certa vez, depois que concluí uma conferência, uma mulher veio até mim, dizendo que não
conseguira esquecer um erro que cometera: tinha deixado uma vasilha de água fervendo no fogão
e sua filha a puxara, derrubando a água sobre si. A garota sofrerá várias queimaduras. A mãe disse
que passava horas sentada em casa, relembrando o acontecido, condenando-se e chorando: ela se
tornara totalmente apática, sem ação. Expliquei-lhe o plano do inimigo em roubar seu momento:
mesmo que, sem dúvida, o acontecimento de doze meses atrás tivesse sido uma tragédia, a maior
calamidade não era que o acidente tivesse arruinado o clima familiar, mas que estivesse
prejudicado cada momento desde então. O ocorrido fora ruim, mas pior era a situação atual em
que a filha estava sendo punida por não ter uma mãe sadia.
Muitos cristãos têm permitido que um incidente do passado continue a roubar vida abun-
dante do momento, momento esse que se prolonga por dias e até anos. Quem permite que isso
aconteça está dançando com o diabo, cujos planos são não só roubar o momento, mas a vida
inteira. Muitos abandonaram o momento presente por causa da falta de perdão; mesmo que
tenham acontecido há vários anos, certos acontecimentos têm acesso a suas mentes a qualquer
instante, roubando paz e alegria. Na falta de perdão, o inimigo tem à sua disposição uma
ferramenta poderosa para tirar vidas. Somos lembrados de que o amor nunca guarda listas de
coisas erradas, e que os que andam na falta de perdão estão se rebelando contra o reino de Deus,
onde o amor não é opção.
Vida abundante e espiritual são experimentadas momento a momento. A mente carnal vê a
passagem da vida de derrotas para a vida de vitórias, como que uma escada. Cada vez que faz o
bem, a pessoa sobe um degrau, e cada vez que faz o mal, volta um degrau.
O livro de Gálatas nos ensina que nossas opções são andar atrás da carne ou andar em
espírito, e não existe escada. A qualquer momento a pessoa ou está na carne ou está no espírito,
caminhando em derrota eterna ou vitória eterna.
Lembre-se de que, muitos acreditam que a porta se fecha para a vida de Cristo tão rápido,
tão rápido quanto o pensamento, mas não acreditam que ela também se abre com a mesma
rapidez. O que abre a porta é a humildade, é a pessoa dizer que não tem nada, ou "eu não posso"!
O que fecha a porta é o orgulho, o qual diz "eu posso".
Deus estruturou as coisas de maneira que só temos vitória, momento a momento, quando
estamos nEle.
Há dois princípios que podem ser aprendidos pelo entendimento de que Deus deixa coisas
que nos irritam, para que fiquemos perto dele. Primeiro, se Deus deixa a bagagem e resíduo do
velho eu em sua mente para deixá-lo miserável, quando não está ligado a Ele, fazendo assim com
que se volte para Ele, e tenha vitória e alegria, deixe-me fazer uma pergunta. A bagagem e o
resíduo são fortalezas de satanás para destruí-lo, ou fortalezas de Deus para abençoá-lo e dar-lhe
vida abundante? É fortaleza de Deus! O que você tem pedido tanto que Deus retire de você, por
acreditar que, então, teria uma comunhão completa e sem obstáculos com o Rei, é a maior
garantia de Deus de que você vai continuar a servi-lo e ter comunhão com Ele. Glória a Deus, as
Suas maneiras não são as maneiras do homem!
Agora você entende porque eu disse ao cristão que sofria com a homossexualidade, que ele
continuaria sendo abençoado por Deus, já que todas as vezes que estava livre de vontades era
quando estava em Cristo, com a porta completamente aberta? Por algum motivo que não precisa-
mos entender, a maioria dos cristãos está satisfeita em andar longe de Deus; o Senhor permite,
mas não está contente até que os chame de volta a Ele. Qualquer um que quer sair do quarto
chamado "carnal" para o chamado "espiritual" deve sair por uma porta somente, chamada
"Sofrimento, Derrota e Dificuldade". Assim é com os que são chamados a retornar a Deus: eles
devem passar por essa porta!
Segundo, o Senhor gasta um tempo considerável nos ensinando a reconhecer a bagagem e
resíduos quando vêm à tona. Essas coisas velhas (depressão, descrença, vontade de drogas) são
luzes vermelhas piscando e nos informando que a porta está fechada. Aqui um segredo: "quanto
mais bagagem a pessoa tiver, mais luzes vermelhas vão aparecer, e mais terá consciência de sua
necessidade de estar em Cristo. Quanto mais a pessoa tem consciência dessa necessidade, mais ela
vai abrir a porta para que Cristo viva Sua vida através dela. A pessoa com a carne bem ajustada,
com grandes talentos naturais, habilidades, intelecto, na maioria das vezes não vê sua grande
necessidade de Deus; sendo assim, é mais vagaroso em abrir a porta e manifestar o poder de Deus,
meramente mostrando suas próprias capacidades carnais.

"Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais
forte do que os homens. Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação, visto que não foram chamados
muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo
contrário, Deus escolheu as cousas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as
cousas fracas do mundo para envergonhar os fortes; e Deus escolheu as cousas humildes do
mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; afim de que nin-
guém se vanglorie na presença de Deus." Coríntios 1.25-29

Preste atenção no que Paulo disse,"...foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de


satanás, para me esbofetear, afim de que não me exalte. Por causa disto, três vezes pedi ao
Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se
aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre
mim repouse o poder de Cristo" (II Coríntios 12.7-9). Paulo recebeu algo que o fez dizer: "Eu não
posso", e isso abriu a porta para a vida de Cristo nele para que Seu poder fosse liberado. Quanto
mais fraqueza, mais poder foi dado; então, ficava assim orgulhoso de suas limitações.
Você percebe então, filho de Deus, que tudo que satanás planejou para sua destruição, Deus
planejou para seu bem? Satanás pode preparar uma tentação feita só para você, mas Deus virá e
com um estalo de seus dedos, muda os trajes de morte para trajes de celebração. Deus não é
nunca, e eu repito, nunca vencido por satanás. Não lamente suas derrotas, dores, e identidades do
passado; todas foram crucificadas, e suas lembranças são só baluartes de Deus.
Quando Paulo descreve os frutos do Espírito em Gálatas, ele não os faz para que os Gálatas
simplesmente o imitem, porque, sendo assim, seria fruto artificial, sem substância ou valor. Ao
invés, Paulo descreve o que o cristão manifesta, quando a porta para a vida de Cristo está aberta.
Se você está manifestando naturalmente amor, alegria, paz, paciência, bondade, e assim por
diante, você está gozando de vida no Espírito. No entanto, se essas coisas não estão presentes em
sua vida, pode saber que a porta está fechada.
Quando uma pessoa aprende a pilotar um avião, todas as vezes que estiver voando, sempre
olha para os indicadores, dos quais, sua vida depende. Eles o advertem dos perigos e o mantêm
seguro. Pense nas bagagens e resíduos que ficam na mente como indicadores, e quando te mostra-
rem que a porta está fechada, abra-a imediatamente para que não perca um só momento da
preciosa vida de Jesus. Se quer ter vida abundante, ela deve ser abraçada momento a momento!

A Cruz Momento a Momento


No capítulo anterior explicamos que no dia em que aceitamos a Jesus e acreditamos nEle,
fomos crucificados com Cristo, recebemos a vida de Cristo, nascemos de novo, tornando-nos assim,
novas criaturas. Gostaria de dar uma olhada mais detalhada na maravilha de nossa crucificação
com Cristo.
Devo muito a Andrew Murray, o grande sul africano, escritor devocional do final do século
dezenove e começo do século vinte, que escreveu muitas coisas a respeito do cristão tendo vida
abundante. Muitos o seguiram, crescendo e ensinando esses princípios, dentre os mais notáveis
Jessie Penn-Lewes, Watchman Nee, e mais recentemente, F.J. Huegel. Devo muito a esses santos
ensinadores, os quais o Espírito Santo usou para tornar reais em minha vida os ensinamentos de
Romanos 6.
Certa vez, discipulei uma mulher, que era escrava do alcoolismo por muitos anos. Uma vez
que o Espírito Santo abriu seus olhos e viu o poder da cruz, sua crucificação com Cristo, e que sua
vida interior alcoólatra já havia morrido há quase dois mil anos, ela ficou radiantemente transfor-
mada. Não era mais alcoólatra, mas uma filha de Deus, tão livre do álcool quanto a vida de Cristo
que fluía dentro dela. Umas semanas depois, ela retornou ao meu escritório para me dar uma
notícia que achava ótima: já que Deus a tinha libertado do álcool, todas as pessoas que
trabalhavam no centro de recuperação que ela freqüentara antes, deveriam ser treinadas como eu
tinha sido. Eu disse a ela que ficaria muito feliz em compartilhar com aquelas pessoas.
"Mas não se esqueça de que também devo dizer a eles que essa vitória só é conseguida com a
morte juntamente com Cristo, há uns dois mil anos".
Ela então respondeu: "Isso parece um pouco louco. Acho melhor cancelarmos a reunião!" Talvez
tudo pareça um pouco absurdo quando alguém pára para pensar, mas é essa falta de sentido de
Deus que será nosso poder na salvação. Devemos ter cuidado para não tirar a falta de sentido dessa
mensagem, retirando seu poder. Peça ao Espírito Santo que abra os olhos de seu coração, para que
Ele faça dessa coisa sem sentido, que é a cruz, não um ensinamento entendido, mas uma
revelação, pois a fé e o poder do que é ensinado só vêm com revelação.
O que faz do pecador um pecador? Será um pecador porque peca, ou porque nasce pecador,
é, então levado a pecar? Watchman Nee usa uma analogia apropriada para a pergunta: "Eu sou um
Nee por que nasci um Nee, ou sou um Nee por causa de meu comportamento?" (Veja A Vida Cristã
Normal, capítulo 2). A resposta é óbvia: ele é um Nee por causa de seu nascimento, não por causa
de seu comportamento. Romanos 5:19 diz: "Porque, como, pela desobediência de um só homem,
muitos se tornaram pecadores... então Nee conclui, "Sou pecador porque nasci de Adão. Não tem
nada a ver com meu comportamento, mas com minha hereditariedade, meu. parentesco".
Ele então, ilustra isso de um modo mais coerente. Nossa hereditariedade, nossa linha de
descendentes são a origem de nossos problemas. Revisando seu parentesco, onde você estaria
hoje, se seu tetravô tivesse morrido aos três anos de idade? Você não estaria aqui! Se uma mala foi
colocada num avião, e ele caiu e foi todo destruído, a mala seguiu o caminho do avião por estar
onde estava. Assim ê conosco: nós estávamos em Adão, quando caímos.
As Escrituras também mostram que estamos espiritualmente ligados a Adão, e que seu pe-
cado, morte espiritual, expulsão do Jardim, punição, e toda a sua natureza também passaram a ser
nossos, pois estávamos com ele desde o começo. Nascemos com essa natureza de Adão; somos o
que somos por causa de nosso nascimento. Para nosso prejuízo, em Adão recebemos tudo que é
verdade sobre ele.
Dissemos que já tentamos uma variedade de métodos para mudar nossa vida interior,
fazendo algo com nossa vida exterior, e o resultado é nada mais que frustração e maior decadência
de uma identidade feia que já precisava de conserto. Não há saída a não ser que possamos trocar
nosso parentesco ou linha de existência!
A solução de Deus para a pessoa que tem fé é uma remoção total daquela vida com Adão que
está desligada de Deus, e controlada pelo pecado. Ele a repõe com a Vida de Cristo! Como Jessie
Penn-Lewis (grande professora sobre as verdades da cruz) coloca em seus livros que só há uma
saída da vida de Adão, e já que a adquirimos através do nascimento, devemos perdê-la através da
morte. Escravidão ao pecado vem do nascimento; libertação do pecado vem da morte. E agora,
assim como em Adão recebemos tudo o que era verdadeiro sobre ele, quando estamos em Cristo,
recebemos tudo o que é verdadeiro sobre Cristo. Uma vez colocados em Sua linhagem, por Sua vida
ser eterna, então estávamos sempre com Ele; quando foi crucificado, também fomos; quando foi
enterrado também fomos; quando foi ressuscitado e sentado em lugares celestiais, também fomos
com Ele (agora, leia Romanos 6 com os olhos da fé).
Que maravilha saber que o velho "eu", o qual tenho lutado tanto para mudar, morreu na cruz
com Cristo. Como isso tudo aconteceu? "afim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus.
Mas vós sois dEle, em Cristo Jesus... " (I Coríntios 1.29,30). Ele simplesmente fez isso. Aconteceu
no dia em que aceitei a Jesus!
Quando comecei a estudar sobre os ensinamentos da cruz, fui movido a esperar que essa
vida de Cristo pudesse ser minha um dia (nenhuma outra resposta é possível quando se lêem coisas
como Segredos Espirituais de Hudson Taylor) e entender o que Hudson Taylor, fundador da Missão
no Interior da China, chamou de vida trocada. Eu queria ter a vida de Cristo como minha, mas
quanto mais lutava para isso, mais ela escapava de mim, porque há uma coisa da qual Deus nunca
abre mão, e é a fé. Ele se torna homem para chamar minha atenção, Ele não se lembra de meus
pecados, Ele me mostra grande compaixão e misericórdia, mas não vai retirar sua exigência de fé.
Eu não havia percebido, mas o que estava dizendo para Deus era: "Se tiver a vida de Cristo, se
sentir a crucificação do meu velho "eu", se todos os meus sentimentos de inferioridade forem
embora, então vou acreditar no que diz." Eu era um cristão descristão. Finalmente eu disse:
"Senhor, se viver em derrota toda a minha vida e nunca me libertar do sentimento de inferioridade
e fracasso, mesmo assim vou acreditar que meu velho "eu" foi crucificado. Eu recebi a vida de
Cristo, e tudo que é verdade sobre Ele também é verdadeiro sobre mim!" Não muito tempo depois,
as experiências seguiram a fé.
Somos filhos do Altíssimo, e uma vez entendido quem somos, não precisamos mais lutar para
ser aquilo.
Se eu nasci um Wells, e um dia tiver amnésia e me esquecer de quem sou, isso muda quem
sou? Claro que não, mas me tornaria uma pessoa miserável, se tentasse ser algo que não sou. Uma
vez curado da amnésia, acharia natural ser um Wells, sabendo que eu era quem realmente era.
Você tem amnésia? Você sabe quem realmente é? Você ainda está para recuperar os sentidos
e ver que por causa da crucificação com Cristo, você é um filho de Deus e pode deixar de lado
todos os problemas que tem por tentar mudar? Será alguma surpresa que satanás queira cegá-lo
ante essa gloriosa verdade, deixá-lo perdido e armar uma conspiração para vencer seu velho "eu"?
Estamos completamente em Cristo (Romanos 6.6; Efésios 2.5,6; Colossenses 2.10). Repito, a
história de Cristo torna-se experiência nossa e nossa hereditariedade espiritual. Como Nee
sucintamente coloca, "Deus me colocou em Cristo, logo, tudo o que é verdadeiro sobre Ele também
é verdadeiro sobre mim. Vou então ficar nEle." Lembre-se de que crescimento cristão é meramente
aceitar o que sempre teve desde o dia que entregou sua vida para Jesus. Sua morte em Cristo já
aconteceu, quanto tempo vai permitir que esse velho eu apodrecido more em sua casa? Ele está,
como sabe, começando a cheirar mal e, não importa como o vista, você não pode mais escondê-lo
e enganar as pessoas - ele está morto!
O batismo é o testemunho do fato; uma confissão de fé no que Deus fez (Romanos 10.10).
Ele lhe permite andar em seu novo nascimento, uma nova vida, vida que não possuía antes - a vida
de Cristo, que se tornou sua. Vou repetir: antes de participarmos completamente da vida de
Cristo, devemos participar completamente da morte de Cristo. A natureza nos mostra que antes de
vida, deve ocorrer morte. Por exemplo, o que deve acontecer com a raiz de uma árvore que foi
plantada? Ela deve primeiro morrer, pois a vida não se mostra acima do solo antes que a semente
esteja enraizada na morte. Se a raiz se torna uma grande árvore, isso só acontece porque a
semente foi firmemente enraizada na morte. O mesmo acontece com os cristãos; devemos nos
enraizar na morte de Cristo antes que possamos usufruir de Sua vida.
Para os que descobriram que essa vida interior, em sua semelhança com Adão, é a raiz do
problema, surge uma outra pergunta. Por que, então, depois de, pela fé, participarmos da
crucificação com Cristo, ainda, às vezes, experimentamos derrota novamente?
Se vivemos novamente em derrota, também vamos ser tentados a pensar: "Esse ensinamento
não funciona!" Mas isso é impossível por não ser algo que fizemos, mas que Deus fez. Deve funcio-
nar; vai funcionar. Foi o Espírito Santo quem disse: "Considerai-vos mortos para o pecado." Deus
disse isso, e não um homem. Fomos sepultados com Cristo independente de sentirmos ou não, mas
porque Deus disse que fomos! "Pode ser, mas ainda me pego vivendo derrotado" Novamente isso
acontece, porque você vê a cruz como um acontecimento, um método, um "cura-tudo", e não
como uma participação momento a momento, pelo qual Deus tem a intenção de nos manter perto
dEle.
Deus não está preso a algo que Ele mesmo criou, como o tempo e, por isso, Ele pode estar
em qualquer lugar, quando bem entender. Deus pode estar em qualquer lugar, em qualquer
tempo. Neste exato momento, Deus está na criação do mundo, na crucificação de Cristo, e em
meio à destruição do mundo. Pela Sua perspectiva, uma vez que entramos em Cristo , é como seja
estivéssemos com Ele sempre. "Assim como nos escolheu, Nele, antes da fundação do mundo"
(Efésios 1.4). Acho que ajudaria, se você visse a vida de Cristo como uma linha que se encontra
para formar um círculo, chamado de Alfa e Ômega (Apocalipse 1.8), o Primeiro e o Último,
(Apocalipse 1.17), o Começo e o Fim.
Você tem vida eterna porque a vida de Cristo está em você. Não precisa se preocupar se
Deus vai se cansar de você um dia, porque você é parte da vida eterna de Seu Filho, do qual Ele
nunca se cansa.
Quando vemos a vida de Cristo como um círculo eterno, nas linhas desse círculo estão os
acontecimentos da existência de Cristo. Deus no centro do círculo, girando e assistindo aos aconte-
cimentos que ocorrem na linha. No dia em que aceitou Jesus, você foi colocado na linha desse
círculo e está nEle; onde quer que Sua vida esteja, ali você estará também. Quando Deus olha para
a linha e vê a crucificação de Seu Filho, quem é que Ele vê também? Ele também vê você, pois
você está em Cristo, sendo crucificado.
Olhando para a linha desse círculo, chamado vida eterna, vemos um acontecimento. Ocorreu
no dia em que você deu sua vida para Cristo. Suponha que você se veja sendo colocado na linha
desse círculo, chamado vida eterna, em 1970 e então foi crucificado com Ele. Agora, anos mais
tarde, onde você está? Ainda está na linha da vida eterna e ainda está em Cristo, então, ainda está
participando dos sofrimentos da crucificação, do enterro e da ressurreição de Jesus. Crucificação
com Cristo é um acontecimento único que ocorre no momento em que você entra na linha do
círculo, mas também é momento a momento, quando permanece nEle.
Deixe-me usar a analogia do casamento. Eu me casei; quer dizer, entrei no casamento em
um determinado dia. Ao mesmo tempo, percebo que estou casado diariamente. Se não tenho
experimentado desse casamento, aonde devo ir? Para minha esposa, é claro; e por que ela deverá
me receber? Será porque nós é que nos casamos? Não seria porque permitimos que alguém o
fizesse, isto é, nos casasse?
Se não estou experimentando da liberdade que a cruz há de trazer das bagagens e resíduos
da mente deixadas pelo velho homem, para onde devo ir? De volta à cruz! Por que posso voltar lá?
Será porque eu mesmo me crucifiquei? Não, mas porque Deus me colocou em Cristo e fui
crucificado. O cristão nunca deve tentar a auto-crucificação porque não vai funcionar. Devemos
agir de acordo com o que já aconteceu.
Sendo assim, minha crucificação com Cristo é um fato consumado, mas se eu fecho a porta
para Sua vida, a aplicação da cruz momento a momento, em minha velha bagagem e resíduos - o
que torna a vitória uma realidade - vai cessar. Repito, Deus estruturou minha vida, para que seja
vivida numa comunhão, momento a momento, com Ele.

Aplicações Práticas da Cruz


Jesus declara algo interessante aos discípulos. Em Lucas 9.23, Ele diz: "Dizia a todos: Se
alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia, tome a sua cruz e siga-me". Não havia
dúvida alguma na mente dos discípulos sobre o que Jesus queria dizer. Eles haviam visto várias
vezes alguém carregar sua própria cruz para ser crucificado. Eles sabiam, que carregar uma cruz
não era só um testemunho da sua sentença de morte, para os que estariam assistindo, mas um
reconhecimento de que a morte era merecida!
O mundo, o pecado e satanás falam para o cristão: "Salve-se. Não tome a cruz!" À medida
que salvamos nossos próprios "eus", espalhamos morte para os que estão à nossa volta. Mas, na
mesma intensidade em que tomamos a cruz, nos negamos e permitimos que a cruz seja aplicada,
nessa mesma intensidade, espalharemos vida para os que estão à nossa volta.
Suponha que chegue em casa à noite e minha esposa fale: "Não gostei de você sujar o tapete
de barro!". Minha resposta poderia ser: Não fale comigo desse jeito! Com quem você pensa que
está falando? Ou então poderia dizer: "Por que um pouquinho de barro a incomoda? A casa inteira
parece um chiqueiro!" Dessa maneira estou jogando as acusações de volta para ela, e se ela não
quer sair perdendo, a briga começa. Mais tarde, quando sentamos para jantar, ela joga as panelas
na mesa com raiva; depois de um jantar silencioso e apressado, jogo o meu prato na pia e saio
para ler um jornal ou assistir à televisão. Sim, eu me salvei; não aceitei comentários rebaixadores
sobre meu descuido. Eu mostrei a ela; simplesmente não poderia aceitar isso. Sim, eu me salvei,
mas trouxe morte para três crianças e uma esposa maravilhosa, porque em meu egoísmo recusei a
cruz.
Se, no entanto, estivesse andando na cruz, minha resposta inicial teria sido bem diferente.
Talvez tivesse dito: "Deixe que vou limpar", sabendo que não tinha nada para salvar daquele velho
Mike, cheio de inferioridade, e que teria de evitar qualquer comentário que a provasse. Eu havia
sido crucificado com Cristo. Tendo Cristo como minha nova identidade, poderia continuar a amar
mesmo quando acusado. Teria perguntado a ela como foi seu dia, teríamos sentado para jantar
sem nenhuma tensão no ar, as crianças estariam livres para compartilhar conosco o que acontecerá
durante o dia, e sairíamos da mesa todos contentes. O que teria acontecido poderia não ter sido
visto por mais ninguém, mas somente a mim. Eu teria perdido minha vida, não teria me salvado,
teria experimentado algo mais profundo da cruz, além de único, e o resultado teria sido que me
acharia sentado em lugares celestiais, cheio de amor e alegria. E vida teria se espalhado para meus
filhos e esposa.
Quando o Senhor começou a colocar em meu coração essa verdade, eu estava na Faculdade
Bíblica. Cheguei em casa, encontrei minha esposa na cozinha. Ela disse alguma coisa um pouco mal
educada. Passei por ela e fui ao meu quartinho de estudos preparar-me para uma prova. Naquele
momento decidi que a melhor forma de puni-la seria não conversar com ela. A passagem que eu
tinha que estudar para minha prova era Efésios 5; e logo cheguei ao verso 25: "Maridos, amai
vossas esposas." Imediatamente, disse: "Não, Senhor. Não antes que ela peça desculpas".
E o Senhor falou comigo: "Mike, vá até lá, abrace sua esposa e diga a ela que você a ama".
Novamente respondi: "Não, Senhor. Primeiro ela tem que pedir desculpas". O Senhor não permitiu
que eu continuasse a estudar; fiquei parado no versículo 25. "Senhor, ela não merece minhas
desculpas: se eu fizer isso, ela vai se acostumar e só estarei encorajando esse tipo de
comportamento no futuro".
Mas o Senhor falou outra vez: "Vá, abrace sua esposa e diga a ela que a ama. Como você
quer que Eu o trate quando você me ofender, Mike?"
"Ah, Senhor," eu disse: "Eu quero que me abrace e diga que me ama, mas isso é diferente!"
Finalmente, depois de muita luta, me submeti ao Senhor, e fui até a cozinha onde minha esposa
estava. Morávamos em uma casa bem pequena, mas naquela hora, minha ida até a cozinha pareceu
que morávamos numa mansão. Então, cheguei lá. Ainda me lembro de ver minha esposa lavando
louças na pia, de costas para mim. Cheguei até ela, andei para lá e para cá, dei-lhe um abraço e
falei, "Betty, eu te amo."
Sua resposta foi incrível: "Bem, estou feliz em saber que chegou a um bom senso."
O que deveria fazer então? Meu maior medo acabara de se concretizar! Acabara por en-
corajar um comportamento que detestava. O Senhor falou novamente comigo: "Abrace sua esposa
e diga a ela que a ama". Depois do segundo abraço, ela simplesmente saiu de perto e voltou ao seu
trabalho, sem dizer uma só palavra. Nada de espetacular aconteceu com ela, mas eu não era o
mesmo. A única coisa que posso explicar é que foi como que se um ramo fosse quebrado bem
dentro de mim. Estava perdendo vida própria! Uma morte aconteceu, e nunca me senti tão vivo
em toda a minha vida. A lição não era para ela, mas para mim! Eu havia morrido para que ela
pudesse viver. Tenho certeza de que só vou saber quanta vida minha família recebeu naquele dia,
quando chegar ao céu, mas posso dizer que, desde aquele dia, amar minha esposa é muito mais
fácil. Porque, agora, eu não a amo pelo que ela faz por mim ou para mim, eu a amo por quem ela
é. Ela está livre de ter que se esforçar para receber meu amor, porque Jesus o ganhou para ela.
Quantos casamentos cristãos sofrem de uma auto-proteção superficial? Quantos sofrem por
se recusar a morrer, e guardam listas de todas as perdas causadas pelo outro, atentos a cada
palavra que pode ofender ou a invasões ao precioso "eu"? Mesmo porque, meu "eu" é tudo que
tenho e devo fazer o possível para protegê-lo. Não discorde de mim, não me negligencie, cuidado
para não me ofender, lembre-se de sempre me tratar com muito respeito. O único problema que
tenho é que também não me suporto. Será que sou mais feliz com todo esse esforço? Existe algum
contentamento em fazer com que cada membro da família estruture sua vida ao redor da minha?
Certa mulher me procurou sob a aparência de querer salvar seu casamento. Na realidade,
estava simplesmente procurando alguém que concordasse com ela, e a fizesse sentir-se bem sobre
a decisão, que já tinha tomado de deixar seu marido e dois filhos. Todas as vezes que eu men-
cionava que o Senhor poderia trabalhar nessa situação para restaurar a família, ela imediatamente
dizia outra coisa que havia de errado com seu esposo, e me assegurava que o Senhor nada podia
fazer. Depois de vários minutos assim, eu a confrontei: "Quem é o outro homem?". Ela, então,
continuou a conversa me contando desse homem maravilhoso que havia conhecido e por quem
estava apaixonada.
Eu lhe falei da analogia que geralmente uso para explicar o engano. Nos velhos filmes de
horror, há sempre uma cena de um monstro escondido no guarda-roupas; e é óbvio para mim e as
outras pessoas do cinema: ele está ali dentro. Por que então, a garota do filme estava chegando
mais perto do guarda-roupa para abrir sua porta? É claro que deve ser tão óbvio para ela quanto é
para o resto de nós que ali dentro tem um monstro. De dentro de mim, ouço uma voz
silenciosamente gritar: "Não abra a porta! Tem um monstro aí dentro!" E a garota do filme, que
podia ver o que eu via, abria a porta, mas quando percebia seu erro, já era muito tarde.
Assim são os enganos do inimigo: outros conseguem ver que o caminho que certa pessoa está
tomando só vai levar à morte e destruição, miséria e perda, solidão e dor. Mas adianta pouco, se é
que adianta, avisar à pessoa que está sob tamanho engano, que atrás daquela porta ela só vai
encontrar a resposta para seus desejos egoístas. Infelizmente, existem os que vivem para agradar a
homens, e às vezes se tornam os chamados Conselheiros Cristãos, os quais alimentam falsas espe-
ranças por um preço. Muitos são destruídos por causa deles, pois só aconselham para a pessoa o
que ela quer ouvir. "Enfadais o Senhor com fossos palavras; e ainda dizeis: Em que o enfadamos?
Nisto que pensais: Qualquer que faz o mal passa por bom aos olhos do Senhor, e desses é que ele
se agrada..." (Malaquias 2.17). No final, se a porta é aberta, a pessoa reconhece o engano tarde
demais.
Foi isso que aconteceu com aquela mulher; ela não podia ser advertida. Deixou o marido,
passou a viver uma vida de adultério, seus filhos não conversam mais com ela, e ela está cheia de
miséria e solidão. "Ora, pois, assim diz o Senhor dos Exércitos: "Considerai o vosso passado. Tendes
semeado muito e recolhido pouco; comeis mas não chega para fartar-vos; bebeis, mas não dá para
saciar-vos; vesti-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o para pô-lo num
saquitel furado. Assim diz o Senhor dos Exércitos: Considerai o vosso passado! "(Ageu 1.5-7) É um
engano acreditar que vida própria pode ser saciada. Funcionou para você no passado? Você não
está sempre querendo mais?
Se você decidir guardar 25% de sua velha bagagem - ídolos, resíduos, emoções mentirosas,
então serão 25% a menos que vai conhecer do Senhor. Se decidir guardar 5% de seu velho "eu",
estará perdendo 5% que poderia ter tido do Senhor. A cruz de Cristo faz grande subtração, e todos
os que estão em contato com ela perderão muitas coisas. Mas toda perda será preenchida com uma
abundante medida de Sua presença.
Quanto que permitimos que a cruz aplique à morte, com a mesma intensidade o Espírito Santo
aplica à vida. A respeito do que foi dito antes, leia o que Paulo disse: "levando sempre no corpo o
morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. Porque nós, que
vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus
se manifeste em nossa carne mortal. De modo que, em nós, opera a morte, mas, em vós, a vida."
(II Coríntios 4.10-12). Aqui está o segredo de Paulo, ele apela para o ciclo de morte/vida. Pois nós
que vivemos, estamos experimentando a promessa de Jesus: "Eu vim para que tenham vida, e a
tenham em abundância, " e "sempre entregues à morte."
Um pastor da Inglaterra, certa vez me disse, que devemos ser o adubo do mundo, e que se
recebêssemos todo o lixo que os outros jogam em nossa direção, sem recusar, dentro de vinte e
quatro horas o Senhor faria com que algo lindo nascesse disso. Eu tenho concordado com esse
princípio, porque todas as vezes que o Senhor me usou, Ele primeiro me mandou uma série de
coisas ruins, as quais fizeram com que eu deixasse minha porta bem aberta, permitindo assim que
o Senhor se movesse em Seu poder e alcançasse sua intenção sobrenatural. Apesar de ter
aprendido essa lição mais de uma vez, não posso dizer que todas as vezes que as coisas andam mal
e pessoas ao meu redor estão jogando seus lixos em minha direção, sabendo que um milagre de
Deus - o qual Ele quer que eu faça parte - está para acontecer. Algumas vezes achamos que essas
coisas vão nos esmagar, mas devemos deixá-las que nos esmaguem, pois esmagados é que os vasos
de barro liberam a preciosa vida de Jesus que estava guardada. "Graças, porém, a Deus, que, em
Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do
seu conhecimento. Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são
salvos..."(I Coríntios 2.14,15).
Quando Jesus apareceu aos discípulos, qual foi a prova de Sua ressurreição? Como eles
sabiam que de fato Ele havia vencido a morte e o túmulo? Como sabiam que era mesmo Ele? "Põe
aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega também a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas
incrédulo, mas cristão." (João 20.27). A prova da vida ressuscitada estará sempre nas marcas da
morte. Aquele que irradia a vida de Jesus e é fragrância do seu conhecimento, sempre terá essas
marcas. Por outro lado, o que carrega as marcas da vida própria, o que se vangloria de suas habili-
dades, programas, conhecimento, riqueza, família, ou qualquer coisa dessa lista sem fim, ainda
está para conhecer vida real.
Em minhas viagens por esse mundo, já convivi com vários cristãos, e em certas ocasiões
encontrei cristãos gozando da alegria e do poder que o Senhor tem para Seus filhos. Quando em
comunhão com esses irmãos e irmãs, descobri que todos têm duas coisas em comum: todos
entendem a necessidade de andar em Cristo momento a momento, e todos têm fé. Se for uma
percepção exata, então a maior fonte de poder é a oração e o andar em Cristo.
Certa vez, quando viajava de avião, percebi que uma senhora indiana estava sentada
sozinha, e perguntei se poderia me sentar com ela. Ela tinha sido amiga pessoal de Gandhi e
começou a compartilhar comigo que as pessoas precisavam ser mais humanas e que havia mais de
um caminho para Deus. O que ela queria dizer é que todas as pessoas que imitassem a Jesus seriam
aceitas por Deus.
Ninguém pode imitar o Filho; ele deve viver através de nós. Paulo instrui os Coríntios para
"serem meus imitadores, assim como sou imitador de Cristo" (I Coríntios 11.1), sim, devemos
imitar Cristo, mas em que devemos ser iguais a Ele? Não em Seu trabalho, pois não podemos
morrer pelos pecados do mundo. Devemos então copiar as atitudes as quais Ele viveu.

Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois Ele, subsistindo em
forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou,
assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura
humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.
Filipenses 2.5-8.

Imitar, ter Cristo só como um exemplo, é ensinamento falso. Como Jesus confronta esse
falso ensinamento? Com uma simples ilustração de uma videira, um agricultor e um ramo!
Geralmente, o Mestre usa ilustrações e analogias da natureza, mas aqui, Ele afirma : "Eu sou a
videira verdadeira"; Ele não diz ser parecido com uma videira, mas Ele é a videira verdadeira! Isso
é para dizer que, se Jesus não existisse, não haveria videiras; todas as videiras foram criadas para
ensinar e pregar sobre o Filho de Deus. Se quisermos saber mais dEle, podemos simplesmente
observar uma vinha.
Uma coisa que podemos aprender é: "todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o
corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda." Muitas vezes ouvi ser
pregado que, o que Deus limpa são as coisas impuras em nossas vidas, as quais desagradam a Deus.
Ao contrário disso, o que o agricultor limpa são os brotos que no ano passado deram mais fruto. É
verdade, o agricultor corta as coisas que eram boas do ano passado. Por que faria tal coisa? Bem
simples: se aos bons brotos do ano passado fosse permitido viver neste ano, eles precisariam de
mais seiva (vida) e produziriam menos fruto.
Essa analogia aponta para o fato de que, existem trabalhos que, começam sob a direção do
Senhor e produzem muitos frutos para o corpo de Cristo, mas às vezes, os que iniciaram tal
trabalho, tornam-se enamorados do resultado, e passam a recusar que o Senhor faça a limpeza.
Confiaram no trabalho, e não no Senhor. Muitos ministérios que começaram vinte anos atrás com
bênçãos do Senhor, agora se negam a operação limpeza do Agricultor e, como resultado precisam
de vinte vezes mais energia, para produzir vinte vezes menos fruto.
O elemento chave, esquecido nesse processo todo, foi que o fruto foi resultado do andar;
quando esses cristãos andaram em Cristo, o Senhor pôde realizar Seu trabalho. Mas o inimigo tirou
seus olhos desse andar em Cristo, para que acreditassem que as grandes bênçãos fossem resultado
do processo que Deus usou. Cortar fora o que foi bênção no ano passado permite que o cristão O
tenha como foco e lhe permita trazer aquilo de que precisa neste ano. A necessidade hoje é a
mesma necessidade do passado - Jesus - mas os métodos que Deus usa para alcançar a humani-
dade, continuam mudando. Tudo de que precisamos para ter sucesso, virá de permanecermos
Nele, momento a momento, e não de outra fonte.
O inimigo se esforça para que nossos olhos descansem nas coisas erradas. Não devemos nos
concentrar nos resultados do permanecer, porque fazendo isso, deixamos de permanecer nEle; mas
devemos sempre estar olhando para Ele, o que produzirá mais fruto. É assim que você entende
João 15.2? 'Todo ramo que estando em mim não orar todos os dias, não for à igreja, não ler a
Bíblia, não tiver um ótimo casamento, não tiver pensamentos puros, não parar de xingar, não se
tornar um pregador, não tiver ótimas experiências emocionais, e um ministério integral, Ele corta
fora". Não! Nosso único propósito na vida é dar frutos, e não fazer algo para o Senhor.
Quando estava na Austrália, uma mulher me procurou depois de uma conferência. Disse que
havia gostado muito da pregação e também tinha vindo nos anos anteriores. Acabou dizendo que,
mesmo que gostasse de estar ali, ela queria que eu soubesse que não estava funcionando. Estou
sempre interessado nesse tipo de comentários, porque estar em Cristo tem que funcionar; não há
nada que possamos fazer porque é Deus que faz o trabalho. Ela me contou que estava fazendo
terapia para parar de comer muito. Um problema que carregava há anos, e já havia tentado várias
coisas - livros, terapia em grupo, hipnotismo, hospitalização, e, é claro, meu seminário. Ela então
perguntou: "O que devo fazer?"
A resposta é bem simples: "Vá para casa e coma!"
Ela ficou me olhando e disse: "Você não está falando sério!"
Respondi: "Estou sim; vá para casa e coma." Então expliquei que se ela mesma pudesse se
livrar do problema de comer muito, ela já teria feito isso; se eu pudesse, eu também o faria. No
entanto, cada manhã eu queria que ela acordasse e dissesse: "Senhor, sem Ti nada posso fazer.
Te entrego minha gula e Te agradeço pois o Senhor já a recebeu", e então, fosse comer. Uns dias
depois ela me contou que não estava comendo muito mais! Por quê? Seus olhos não estavam mais
em comida, mas no Senhor que dá a vida, que vence a escravidão.
Numa outra ocasião, um viciado em cocaína, que não era cristão, veio se consultar comigo.
Depois de ter se convertido, ele perguntou: "O que devo fazer com o meu vício?"
Primeiro, eu perguntei se estava certo de que quisesse deixar aquele vício, Ele respondeu
que sim. Então eu disse: "vamos orar e entregar seu vício para Deus, permitindo que Ele o tenha."
Ele concordou e oramos. Logo depois, ele perguntou o que deveria fazer naquela noite, quando
sentisse vontade de usar cocaína. Respondi para usar, mas que cada manhã antes mesmo de se
levantar, ele orasse: "Senhor, sem Ti nada posso fazer; hoje Te entrego meu vício de cocaína, e Te
agradeço, porque o Senhor já o recebeu." Qualquer um pode estar determinado a não usar cocaína.
Esse homem não era idiota; ele não queria usar a droga e, se pudesse, já teria parado! O que era
preciso era uma ação sobrenatural de Deus que só acontece, quando tiramos nossos olhos do pro-
blema e os colocamos nEle, permanecendo em Cristo.
O homem me ligou três dias depois, para me contar o que havia acontecido. Na primeira
manhã orou, mas usou cocaína. Na segunda manhã, ele fez o mesmo; mas pela terceira manhã,
depois de orar, ele simplesmente não conseguia pegar na seringa! Ele estava rejubilando-se. E por
que não? Tinha sido sobrenaturalmente liberto pela mão do Deus vivo. Glórias a Deus!
O Senhor tem me libertado de todos os tipos de manifestação da carne. Mas em nenhuma
das vezes, Ele me libertou, quando meus olhos estavam nelas. Às vezes fiquei tão impaciente com
determinado problema, que resolvia ler, estudar e superar. Mas a única coisa que acontecia, era
mais derrota! Somente quando estava num relacionamento de andar em Cristo foi que o Senhor me
libertou dessas exasperações e, geralmente, não o percebi até um tempo depois, quando elas
sumiram naturalmente. Se seu foco são seus problemas, você não vai ser liberto. A Videira tem que
estar sempre em primeiro lugar. "Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, e eu
nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer."
Assim como os ramos não têm vida dentro de si, os cristãos não são chamados para gerar
vida, mas para recebê-la. Não somos chamados para imitar a vida de Cristo, mas para participar
dela. Quando aprendermos sobre a vida plena, passaremos a fazer naturalmente as coisas que
muitos lutam e sofrem para fazer, porque temos a mesma fibra, a mesma vida e o mesmo Espírito
que a Videira, sendo um com Ele!
Minha mãe sempre teve lindas imitações de frutas em sua mesa da cozinha. Mais de uma vez
tentei dar uma mordida, mas logo fui lembrado de que não era verdadeira. Se visitássemos a
fábrica dessas imitações de frutas, encontraríamos lá máquinas barulhentas e quentes, emitindo
um cheiro ruim. Ao contrário disso, se visitássemos uma vinha, iríamos querer um travesseiro para
deitar entre as fileiras de parreiras. Poderíamos nos deitar embaixo da fresca sombra, sentir o
cheiro agradável, e ouvir barulhos que só trazem paz, enquanto víssemos as uvas crescerem. Há
uma grande diferença entre a máquina que trabalha para produzir uma imitação de vida, e a
videira que produz vida.
Encontramos a mesma dessemelhança entre o cristão que imita e o que permanece. Os que
trabalham são barulhentos e febris; seus esforços não produzem o doce aroma do Senhor. Seus
frutos, que enganam os outros na primeira olhada, são uma falsificação. Mas o cristão que
aprendeu o segredo de permanecer é calmo, refrescante e cheio de vida verdadeira - a vida de
Cristo! Ele tem um fruto de aroma agradável e revitalizador, produzido não para si mesmo, mas
para que outros possam usufruir dele, para que sejam renovados e possam viver. Sua vida é
espontânea; ele nunca enfatiza o fazer, mas o permanecer, e não tira seus olhos de sua preciosa
Videira. Ele não tem preocupações, pois o Agricultor e a Videira tomam conta de tudo. Está sempre
pronto para ser aparado, pois cada vez isso o leva mais perto de Deus e com mais vida abundante.
O ramo reconhece com alegria: "Sem Ti nada posso fazer."
Querido Pai, nós te adoramos e agradecemos pela vida da Videira. Hoje, neste momento,
escolhemos permanecer, e sendo assim, permitimos que o Senhor nos encha com a preciosa vida de
Seu Filho, a Videira Verdadeira.

Trabalho de Seu Sangue Momento a Momento


No Velho Testamento, o homem reclamava que Deus não entendia o que era ser homem,
enquanto Deus falava que o homem não entendia o que significava ser Sagrado como Ele. A solução
de Deus foi mandar o Deus/homem, Jesus Cristo: o Verbo se fez carne (nascido de uma mulher).
Esse maravilhoso, seria o mensageiro de Deus para o homem e do homem para Deus, pois poderia
entender e se simpatizar com as duas situações, sendo o Intercessor e Sacerdote, Rei e Senhor,
Irmão e Mediador. Porque Ele era Deus em corpo humano, com alma de homem. Satanás tentou o
homem Jesus, mas o Espírito divino que estava dentro dele recusou essa tentação, e, então, o
Espírito de Deus num corpo humano destruiu os trabalhos de satanás. Sabemos que Jesus foi
tentado em todas as coisas possíveis! Não sei ao certo quanto tempo se gastaria para que uma
pessoa fosse tentada em todas as coisas, mas tenho achado que gastaria um pouco mais do que
trinta e três anos e meio.
Até a morte de Jesus, o Espírito havia vencido todos os nossos inimigos em um corpo e alma
como a nossa! Se, de alguma forma, pudesse ter esse precioso Espírito e colocá-lo em meu corpo e
alma, eu seria completamente vitorioso! De fato, se pudesse liberar aquele Espírito que já venceu
todos os inimigos de um humano, o resultado seria o que Jesus falou em João: "Em verdade, em
verdade vos digo que aquele que crê em mim, fará também as obras que eu faço, e outras maiores
fará, porque eu vou para junto do Pai"(João 14.12).
O segredo está no sangue de Cristo. Ou não é por isso que o Novo Testamento menciona o
sangue mais de noventa vezes? O sangue de Jesus é a coisa mais preciosa; infelizmente, muitos só
vêem sua excelência ligada ao perdão e a estarem livres do inferno no futuro. Vêem o sangue como
algo valioso no passado e no futuro, mas não consideram sua validade no presente. Qualquer igno-
rância quanto ao trabalho diário do sangue, em derrotar os inimigos que o homem tem, é
realização orgulhosa de satanás, porque o sangue liberado em nossas vidas, momento a momento,
significa vitória sobre tentação, emoções mentirosas, medo, frustração, e qualquer outro inimigo.
Vida eterna - a vida de Cristo - não tem começo nem fim, e Deus, não estando preso ao tempo,
pode Se mover em qualquer lugar do tempo, agora mesmo. Então, o que a vida eterna realiza urna
vez, também pode ser realizado momento a momento. Uma vez que Deus faz alguma coisa na
eternidade, ela está sempre sendo feita. Esse sangue possui essa qualidade indestrutível, a vitali-
dade que rasgou o véu de cima a baixo, a vida que é obediente ao Pai, cheia de todos os frutos,
não é egoísta e possui a natureza de Jesus!
A cruz e o sangue não podem ser separados; os dois têm um efeito único e uma conseqüência
momento a momento, em nossas vidas. Fui crucificado com Cristo uma vez no dia em que O
aceitei, mas colocado em Sua vida Eterna, agora estou crucificado sempre. Fui perdoado e
restaurado pelo sangue de Jesus no dia em que O recebi como Salvador, mas uma vez em Sua vida
eterna, sou liberto, momento a momento, pelo seu precioso sangue. O sangue de Cristo não foi
dado sem sacrifício do "eu", e não vai ser recebido sem o meu próprio sacrifício na cruz de Cristo.
Deixe-me explicar dessa maneira: suponha que tenha comprado um caminhão bem velho, com
a intenção de reformá-lo. Quando o adquiri, estava certo que pouco esforço e dinheiro seriam
gastos para a reforma, mas quanto mais progredia, encontrava mais e mais coisas erradas e gastava
mais e mais dinheiro. Quanto mais eu consertava o veículo, mais ele parecia quebrar. Certo dia,
quando trabalhava, me cansei e decidi aceitar minha perda; eu não queria ter nada a ver com isso
mais. Na esperança de não ter o caminhão, nem mesmo em minha memória, chamei um guincho
para retirá-lo dali. Quando a garagem estava vazia, eu ainda tinha uma lembrança - minhas mãos
estavam sujas! Se não quisesse me lembrar do caminhão de jeito nenhum, ou que um dia ele fora
meu, teria que lavar minhas mãos!
Pense no caminhão como sua velha Vida de Adão, que você tanto tentou mudar, até que
resolveu tê-la removida através da crucificação com Cristo. Entretanto, a poluição daquela velha
vida ainda permaneceu em sua mente, seus hábitos e seus desejos. Você, agora, precisa do sangue
de Jesus para lavar todas essas coisas, e quando abre a porta do permanecer, você permite a esse
sangue fluir, e até a lembrança dessas coisas vai sumir. O sangue remove o sentimento de sujeira
que o pecado traz. "Se porém , andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns
com os outros, e o sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado." (I João 1.7) . Esse
sangue purificador tira todo estorvo que temos, e cria em nós, um coração puro.
No templo, o Santo dos Santos, onde Deus estava, era protegido por um véu bem grosso, e
atrás dele o sacerdote só podia ir uma vez por ano, depois do derramamento de sangue. O véu
representava o domínio da velha Vida de Adão; enquanto estivesse ali, a presença de Deus era
proibida para você. No dia em que Ele foi crucificado e você estava nEle, o véu se partiu ao meio.
A presença de Deus é agora acessível a você, mas somente com o sangue de Jesus, que você tem;
por causa de seu imenso valor e poder eterno, você tem entrada não só uma vez por ano mas a
todo momento. Tudo de que precisa é se ajoelhar perante Deus e entrar "com intrepidez" pelo
poder de Seu sangue.
Novamente repito, e nunca é demais ouvir isto: já que o sangue possui vida eterna (isto é, a
vida que nunca perde o poder), então, o que o sangue conseguiu uma vez, ele continua a realizar.
O que então o sangue fez e faz para os filhos de Deus? Redenção e perdão - Efésios 1.7;
santificação - Hebreus 13.12; comunhão - Efésios 2.13; compromisso total - Apocalipse 5:9; certeza
e presença de Deus - Hebreus 10.19-21; o céu aberto para nós - Hebreus 9.12; vitória sobre a
morte e sepultura - Hebreus 13.20; justificação - Romanos 3.24,25; paz - Colossenses 1.20; e
vitória sobre satanás - Apocalipse 12.11. Você vê a beleza do sangue?
Pare por um segundo e esteja no precioso sangue de Jesus, por cujo mérito nesse exato
momento você tem acesso ao Pai. Você faz pedidos não por causa de seus talentos, mas pelo
sucesso de Seu sangue. O sangue de Jesus é tão precioso para o Pai que Ele não vai lhe recusar; na
verdade, Ele espera que você aproveite ao máximo esse fluir tão caro, nunca deixando que nem
uma gotinha seja desperdiçada; Ele quer o sangue maximizado. Isso não é para dizer "peque para
que a graça seja abundante", mas que o sangue custou tanto, que o Pai e o Filho querem que o
cristão experimente cada benefício possível, vindo dEle.
Minha esposa e eu temos uma pequena cabana nas montanhas pela qual fazemos
pagamentos mensais. Algumas vezes, fazer os pagamentos é um sacrifício, e quase sempre não
podemos passar um tempinho lá. Quando não podemos estar lá, mas, alguns de nossos irmãos e
irmãs em Cristo vão lá para relaxar, aproveitar a criação de Deus, e passar tempo com o Senhor e
suas famílias, temos um outro tipo de satisfação - sofrida - mas real. A cabana, que não está
diretamente nos beneficiando, traz prazer para outros, e isso torna os pagamentos mensais
agradáveis.
O mesmo é verdade com o sangue de Cristo, um pagamento enorme. Deus tem prazer quan-
do aproveitamos o que O custou tão caro. Você tem medo de fazer pedidos ao Pai? Se tem, temo
que seu pedido seja baseado em seus méritos, e não no valor do sangue. Você tem tanta coragem
diante do Pai, quando você falhou, quanto tem quando você foi um sucesso? Se não, então seu
sustentáculo não é o sangue de Cristo mas seus próprios esforços. Quando você falhar, entre com
tudo na presença do Pai: você vai então descobrir o quanto esse sangue é precioso para Ele. Uma
vez que você entender o valor incomparável do sangue, você vai se encontrar diante do Pai em
confidencia.
Numa certa manhã, recebi um telefonema de minha mãe, contando que meu avô estava no
hospital. Devido ao fato de ser muito unido ao meu avô, o inimigo tinha uma ótima oportunidade
para cochichar em meu ouvido: "Se você estivesse mais perto de Deus, se você tivesse orado mais,
se você tivesse passado mais tempo lendo a bíblia, então, quando precisasse, você poderia entrar
na presença de Deus e ele o ouviria." Por um momento eu acreditei nesses pensamentos, mas
percebi que eles negavam o sangue de Jesus; se o acesso ao Pai fosse baseado em meu tamanho,
então Jesus não teria vindo. Com muita alegria cheguei ao Pai no céu "pelo qual temos ousadia e
acesso com confiança, mediante a f é nEle (Efésios 3.12). "Tendo, pois, irmãos, intrepidez para
entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus" (Hebreus 10.19). O cristão não opera sob o
sistema mundano de aceitação, baseado em execuções, mas sob a aceitação baseada em Cristo.

Como Viver a Vida Plena


Estava pensando no peixinho que falou para o velho peixe: "Um dia quero conhecer o grande
oceano. "O peixe velho ficou espantado e respondeu: "Você está no grande oceano. "O peixinho
então falou: "O quê? Eu não vejo nenhum oceano. "Você percebe, o peixinho não conseguia
reconhecer o oceano, porque ele já tinha uma pré-noção do que seria. Continuaria a procurar
aquele lugar maravilhoso, sem saber que durante todo o tempo eleja estava nele!
Permanecer em Cristo é várias vezes visto por muitos do mesmo jeito: eles estão esperando
para ver e sentir o que é, antes de acreditar, enquanto o tempo todo já estavam naquele
relacionamento e na mais abençoada existência.
Um dos meus irmãos da índia conta a história de como aceitou a Cristo através de um guru
hindu. Desde pequeno, ele queria ser um médico, e para isso estudou bastante. No dia em que
precisava se inscrever para a escola de medicina, ficou muito doente e, conseqüentemente, estava
um dia atrasado. Quando chegou lá no outro dia, foi informado de que não havia mais vagas, e o
único curso que seria oferecido seria Botânica. Como podem imaginar, ele ficou bastante
desapontado. No entanto, estudou bastante e tornou-se um professor. Durante esse tempo ele
ainda não era cristão.
Certo dia, quando levava sua classe para uma aula na floresta, ele notou um velho homem
hindu sair de um pequeno santuário, mancar até um riacho cujas águas corriam forte, com
bastante dificuldade chegar até ao meio, tomar um banho e retornar. Isso o deixou muito curioso,
já que seus próprios alunos não conseguiam enfrentar o riacho. Foi até o velho para lhe perguntar
como conseguia fazer tal coisa, e, enquanto conversavam, percebeu que o homem era cego,
tornando assim ainda mais fascinante conversar com ele. O velho homem descreveu seu sucesso
com a água da seguinte maneira: 'Tenho um bastão que uso para me guiar. Coloco o bastão à
minha frente; se a terra for firme, sinto a terra em volta do bastão, então, coloco meu pé onde o
bastão estava, e sei que estou seguro. Então coloco o bastão mais para frente e continuo a fazer o
mesmo. Eu sigo meu bastão. Vou aonde ele me leva, pois sei que com que ele estou seguro. Eu
segui o bastão até a água e o segui de volta seguro." Meu amigo agradeceu ao homem e quando
saía de perto, o homem chamou-o de volta e disse: "Ainda não terminei. "O problema com a sua
geração é que vocês não têm um bastão." Aquilo intrigou meu amigo. Ele estava atravessando a
vida sem um bastão! Ela nada tinha que pudesse seguir, nada para lhe dizer onde colocar o pé,
nada para seguir até um lugar seguro.
Poucos dias depois, estava mexendo em sua estante e viu uma Bíblia; desesperado, abriu-a.
Onde você acha que a Bíblia se abriu, para o botânico incrédulo, que não tinha um bastão para
guiá-lo pela vida? João 15.1-5:

Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não
der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. Vós já
estais limpos pela palavra que vos tenho falado; permanecei em mim, e eu permanecerei em vós.
Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo se não permanecer na videira, assim, nem vós o
podeis dar, se não permanecer dês em mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em
mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
Você consegue imaginar o impacto que esse verso teve no especialista em plantas? Ele sabia
que a videira e os ramos se tornavam um, que a fibra da videira era a fibra do ramo; ele sabia que
a vida da videira se tornava a vida do ramo, e ele também sabia muito bem que o ramos sozinhos
não podiam fazer nada! Aleluia! Ele tinha encontrado um bastão; agora tinha alguém para lhe
mostrar onde colocar o pé; estava seguro. Só mesmo Deus poderia tê-lo tornado como um botânico
e não um doutor, e convencê-lo de sua perdição através de um perdido. Oh, quanto esse irmão
testifica da abundância de viver a vida plena, o jeito mais simples de vivê-la, não mantida por
sofrimento, mas entregue a Deus.
O "como" permanecer começa não com trabalho, mas como uma posição que deve ser
mantida. Vivemos numa posição de permanecer, no fundo sabemos que Ele é nossa vida. Primeiro
devemos sempre ter em mente qual seria nossa verdadeira condição, se estivéssemos fora da
Videira. Existem poucos hoje que podem dizer que se conhecem, mas devemos passar por esse
processo desagradável. O apóstolo Pedro é um ótimo exemplo de alguém que não se conhecia. Ele
fez certas declarações como: "Nunca vou traí-lo Mestre," e no entanto, foi exatamente o que fez.
Ele não se conhecia.
Observe uma adolescente que afirma com certeza, que ela pode ir a uma festa e não se
entregar à pressão dos amigos para usar drogas e beber; que ela pode ter um namorado e que não
vai se envolver sexualmente. Tais declarações mostram, imediatamente, que não se pode confiar
nessa pessoa, porque ela não se conhece.
Chegar ao ponto de se conhecer, e aceitar o fato que dentro de nós não existe nada bom,
não é fácil, e geralmente isso só acontece depois de sofrimento. Entretanto, quando aprendemos a
lição, o que Paulo disse é alegremente aceito: "Tende em vós o mesmo sentimento que ouve
também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o
ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo..." (Filipenses 2.5-7).
O primeiro passo, então, é conhecermos a nós mesmos, e uma vez que temos esse conhecimento,
vivermos o dia todo sabendo de nossa absoluta dependência.
Segundo, cada um de nós deve viver como quem crê. Acreditar não é trabalhar, mas des-
cansar: não é desenvolver muitas atividades, mas receber; não é colher imediatamente, mas ter
paciência antes de obter. Fé é esperar com confiança que Deus vai providenciar, e isso é algo que
toda criatura entende, a não ser o homem que precisa aprender. Fé é um esperar agradável e um
fácil descansar, o que a torna tão agradável e fácil você pergunta. Sabemos que Deus providenciou
o necessário para aqueles a quem Ele criou. Os ramos têm úlceras de tanto se preocupar se a
videira vai tomar conta deles? Nunca!
Eles descansam onde estão, confiando na responsabilidade da videira e nunca tentando fazer
o trabalho dela! O cristão que anda em fé vai descansar como a criatura que não tenta fazer o
trabalho do Criador. Nossa segunda posição tem a ver com a fé. Entendemos que se o permanecer
depende de nós, ele será possível, mas temos coragem, porque aprendemos que é Deus quem
cuida de nós.
Terceiro, temos consciência que a vida plena não é baseada em sentimentos, mas em
consciência. Um dos grandes segredos da vida cristã é que, quando alguém está cheio do Espírito,
não sente nada, já que esse é o jeito natural e normal da vida. Assim como o ramo não sente nada
de extraordinário quando está recebendo a seiva da vinha, o cristão que permanece em Cristo tem
consciência de onde está, sem labutar, mas dando preferência ao Seu trabalho e sabendo que está
seguro! Permanecer é saber que estamos sendo cuidados mesmo quando não conseguimos cuidar
de nós mesmos.
Quarto, aceitamos nossa posição de criaturas e desistimos da nossa tendência e desejo de
bancar o Criador. Entendemos que somos criatura dEle e, com total convicção, esperamos que ele
nos mantenha. Vemos que a vida plena só é possível porque é Ele quem nos chama, nos guia e nos
mantém nela. Geralmente chegamos a essa conclusão, depois de termos tentado e falhado em per-
manecer em Cristo através de nosso próprios esforços.
Uma vez que resolvemos aceitar nossa posição de criatura, resolvemos viver somente um
momento de cada vez. Essa é a mais difícil realização; estamos muito acostumados a pensar no
ontem e no amanhã, sem saber que o ontem já passou e que o amanhã pertence a Deus. Você
percebe que não há nada que possamos fazer a respeito do amanhã - esse momento é tudo o que
temos?
Também não é bom ficar esperando o amanhã. Imagine que alguém lhe entregue um livro
sobre como construir um computador. A pior coisa que você pode fazer è olhar a última página do
livro para ver o computador já terminado. Sem seguir cada passo para a montagem, você se
tornaria facilmente desencorajado, se olhasse a foto do computador já terminado, e
provavelmente não iria querer terminar antes mesmo de começar.
Imagine também um livro que contasse a história de sua vida. O que aconteceria, se você
abrisse o livro ao meio e lesse que perderia um filho? Uma vez que você lesse aquilo, seria impos-
sível concentrar-se em sua vida diária, e também não iria curtir aquele filho hoje. Esse aconteci-
mento do futuro roubaria todos os seus momentos até o dia em que aquele filho morresse.
Entretanto, se você se recusasse a olhar aquele capítulo, mas escolhesse viver sua vida uma página
de cada vez, dia-a-dia e momento a momento, vividos na presença do Senhor, você perceberia
que, quando aquele dia do futuro chegasse, você teria toda a graça de que precisasse para vencer
tal calamidade. Para nós criaturas, um dia já é muita coisa. "Portanto, não vos inquieteis com o
dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados, basta ao dia o seu próprio mal" (Mateus
6.34).
A vida é para ser vivida um momento de cada vez, sendo nós fiéis em cada um deles, para
experimentar a vida de Cristo. Deus, então, nos dará continuamente, momentos onde permanece-
remos nEle, e esses momentos se tornarão dias, e finalmente, uma vida inteira vivida da alegria da
presença do Mestre. O futuro pertence a Deus! Peça somente a graça de que você precisa hoje;
quando fala com seu filho rebelde, quando precisa trabalhar em algo de que você não goste, hoje,
quando você deseja fazer de seu casamento uma bênção, quando você fala de Jesus para alguém
que não O conhece, quando deseja viver uma relação plena com o Senhor.
Essas são as atitudes de que precisamos para experimentar a vida plena. Uma vez que a
temos, saberemos que permanecer não depende de nossas forças, crescimento, sentimentos,
derrotas ou sucessos, mas em Sua habilidade em nos colocar na videira e nos manter nela. Cada dia
pode começar com uma simples confissão:

"Nesse dia Senhor, eu te agradeço porque estou em Ti e o Senhor em mim. Obrigado porque não
importa como me sinto, eu permaneço em Ti. Obrigado porque não é uma posição pela qual eu
deva lutar, porque o Senhor me colocou nela. Esse momento é tudo como que vou me importar.
Eu aceito minha posição de permanecer com alegria.”
9. Liberdade Para Falhar
O único caminho para não falhar é a fé. Não podemos mergulhar em autocompaixão e culpa,
mas permitir que nossas derrotas nos tragam a um lugar de verdadeira dependência, no qual
teremos o máximo de produtividade quando Cristo viver Sua vida através de nós. Arrependimentos
são para os não cristãos, e não para os que andam na justiça de Cristo.
Quando falhamos, devemos entender o caráter do Deus que faz com que todas as coisas
cooperem para o bem. Quando compreendemos seu caráter, há um segredo que todos os que lhe
servem deveriam aprender: Sua natureza é compaixão. O homem arrependido, não importa o
tamanho de sua queda, pode contar com certeza de que Deus vai ouvi-lo e que ele vai vencer por
causa de Sua compaixão!
Israel foi avisada de que, se esquecesse o Senhor e adorasse a outros deuses, ela seria
destruída, mas quando estivessem sofrendo por causa de tais atos, Deus então a ouviria. "Então, o
Senhor, teu Deus, não te desamparará, porquanto é Deus misericordioso..." (Deuteronômio 4.31).
No livro de Oséias, Deus acusa Israel: Eles são infiéis, sem arrependimento, malvados, rebeldes,
idolatras, enganosos e desonrados. Então, devem ser julgados por Ele e ser quebrados, oprimidos,
cortados fora, sem filhos, escravos, devastados e rejeitados. Mas escute o que Deus disse: "Como
te deixaria, ó Efraim? Como te faria como a Adma? Como fazer-te um Zeboim? Meu coração está
deprimido dentro de mim, as minhas compaixões, à uma, se acendem. Não executarei o furor da
minha ira; não tornarei para destruir a Efraim, porque eu sou Deus e não homem, o Santo no meio
de ti; não voltarei em ira. (Oséias 11.8,9, itálicos adicionados). Estamos livres para falhar, porque
Deus é um Deus de compaixão; mais de sessenta vezes no Velho Testamento Ele é chamado assim.
"Foi a compaixão de Deus que perturbou Jonas; ele sabia que Deus não destruiria Nínive, se
eles se arrependessem. Jonas acreditava que Nínive deveria ser aniquilada, mesmo que eles se
arrependessem; seus erros não poderiam ser esquecidos! "Ah! Senhor! Não foi isso o que eu disse,
estando ainda na minha terra? Por isso, me adiantei, fugindo para Tarsis, pois sabia que és Deus
clemente, e misericordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e que te arrependes do
mal" (Jonas 4.2). Nosso Pai não consegue deixar de lado um coração arrependido, não importa
quão grave tenha sido o pecado.
Uma coisa que vemos repetidamente é o que chamamos de Ciclo de Compaixão de Deus. Isto
é, todas as vezes que somos disciplinados por Deus, nosso sofrimento mexe com sua compaixão,
então ele nos traz de volta para Si. "O Senhor não rejeitará para sempre; pois, ainda que
entristeça a alguém, usará de compaixão segundo a grandeza de suas misericórdias" (Lamentações
3.31,32).
Qual sua desculpa para viver assim? Com que propósito você continua a se punir por causa da
descrença depois de ter cometido um pecado? Deus é misericordioso, independente de você
acreditar ou não. O Seu caráter não depende daquilo em que você acredite ou do que sinta, mas
do que Ele diz. O rei Davi, quando dado a escolha, se queria ser punido por homens ou por Deus,
escolheu Deus, porque sabia que ali ele encontraria compaixão. Você já aprendeu a descansar na
compaixão de Deus, ou suas emoções mentirosas lhe falam que Deus não o ouve e não mostra
nenhuma compaixão?
Deus continuou a perdoar e restaurar Israel, mesmo sabendo que eles continuariam a falhar
e não cumpririam as promessas feitas a Ele. A compaixão de Deus é que nos tem trazido até aqui.
Inúmeras vezes falamos a Deus que faríamos melhor, e, mesmo, que até tentamos, mas simples-
mente não o conseguimos. Não podemos continuar a acreditar que Deus quer nos ouvir dizer que
vamos melhorar antes que Ele nos traga de volta para Sua presença; Ele na verdade quer que
cheguemos até Ele, fracos e com humildade, e não com uma força fingida a qual pensamos ter
conseguido.
Para os que já experimentaram da compaixão de Deus, Ele nos manda, "Revesti-vos, pois,
como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de
humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos, uns aos outros, perdoai-vos
mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos
perdoou, assim também perdoai vós" (Colossenses 3.12,13). Nós que conhecemos a compaixão de
Deus devemos mostrá-la para com os outros. Não importa quantas vezes alguém já falhou,
devemos mostrar misericórdia, entender as fraquezas dessa pessoa com quem estamos lidando, e
entender que se nossa vida tivesse tomado o mesmo rumo da sua vida, talvez não estivéssemos tão
bem quanto ela está. Compaixão prontamente perdoa.
Há grandes promessas para os que mostram amor e misericórdia quando ajudam alguém que
esteja derrotado. "... o amor cobre uma multidão de pecados" (I Pedro 4.8). "...a misericórdia
triunfa sobre o juízo" (Tiago 2.13), e "...aquele que converte o pecador do seu caminho errado
salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados" (Tiago 5.20). Quando andamos em
compaixão, temos liberdade para falhar, e nossa misericórdia nos livra do julgamento. Deus
realmente fez de tudo para que nossas vidas fossem abundantes.
10. O Trabalho Mais Profundo do Inimigo
Quando começamos a viver da vida de Cristo, experimentando o mais profundo andar que
vem do permanecer nEle, os trabalhos do inimigo também se intensificam. Ele não vai mais usar o
óbvio e o visível (lascívia, fofoca, difamação e todos os desejos mundanos) para nos tirar de perto
de Cristo, mas planejará novos ataques os quais consistem de mentiras (99% verdadeiras) para
impedir a produção de tantos frutos.
Sempre falo aos cristãos que estão em conflito, que saberemos se realmente descobrimos o
motivo de sua derrota, vendo quanto o inimigo trabalha duro nas semanas seguintes para tirá-lo de
sua vida plena. Já vi várias vezes, o inimigo usar tudo o que pode para levar um irmão ou irmã de
volta ao estado de salvar a si mesmo, de negar a cruz, e de descrença, só para que aquela pessoa
não permanecesse na verdade. Saberemos se estamos indo na direção certa, se as coisas piorarem
antes de melhorar. Uma pessoa andando na mentira, que não trará libertação, estará sendo
encorajada por satanás o tempo todo. Os que estão no caminho do "fazer" (buscando aceitação de
Deus baseada em suas realizações) encontrarão também facilidade, enquanto que os que estão no
caminho do acreditar encontrarão muitos obstáculos. Quando nossa luta é contra o inimigo, temos
a vontade de Deus e a vitória é nossa em Cristo. A tática de satanás é que a gente o descarte,
agindo como se ele não existisse (não fazendo a vontade de Deus), ou esteja se consumindo na luta
contra ele (indo além da vontade de Deus). Devemos ver que satanás está bem vivo e ativo, nosso
adversário (I Pedro 5.8) contra quem lutamos, cheio de ciladas (Efésios 6.11) e laços (II Timóteo
2.26), e devemos estar de pé para que não caiamos (I Coríntios 10.12).
Satanás, é claro, é um grande mentiroso - o pai das mentiras (João 8.44). Nós não vamos nos
voltar para algumas de suas mais significativas mentiras, que são mais perspicazes e, assim, as
mais perigosas.

O poder de satanás ainda não foi arrancado dele


Muitos acreditam na mentira de que Jesus ainda não arrancou o poder de satanás. "Eu via
satanás caindo do céu como um relâmpago" (Lucas 10.18). Uma vez que pela fé aceitamos a Cristo,
tomamos uma posição de defesa contra o inimigo, recusando a mentira de que ele tem mais poder
do que nós temos em Cristo, e deixamos fluir a vida que está em nós, que já derrotou satanás.
Junto com essa mentira, muitos ouvem que, quando algo de errado está acontecendo em suas
vidas e eles não conseguem vencer, deveriam buscar ao Senhor para ver se algum tipo de demônio
está neles. Mesmo que a Bíblia não mencione nada a respeito de demônios habitando em cristãos,
isso é ensinado por causa do que já foi falado ou ouvido. Geralmente, devido a um grande
compromisso com Cristo e um desejo de agradar-lhe, um professor se torna acostumado a negar o
fato de que algo que ele está ensinando não se encontra nas Escrituras.
Novamente, a questão é encontrar o que funciona um andar cristão vitorioso. Já discipulei
vários cristãos, que tiveram uma variedade de demônios expulsados de seus corpos. Esse tipo de
libertação falsa geralmente traz alívio emocional temporário, o qual é confusamente visto como a
resposta, e isso coloca a pessoa em mais escuridão do que antes. Mas no final, quando problemas
acontecem novamente, esses cristãos ouvem que não lutaram o suficiente para manter os
demônios fora de seu corpo, o que evita a questão de que o processo todo não funcionou. O de
mais assustador com esse ensinamento ê que ele tira a mente do cristão da luz de Deus e direciona
seus olhos para a escuridão de satanás. Uma vez que o cristão é levado a acreditar que pode estar
possesso por demônios (seja em seu corpo, alma ou espírito - as Escrituras nunca mencionam em
que parte do não cristão o demônio habita), ele se abre para grandes mentiras e manifestações de
satanás. O inimigo adora esse tipo de dúvida e tumulto.
Se satanás consegue tomar posse de cristãos tão fácil como falam, não seria, então, certo
dizer que ele poderia causar muito mais destruição do que vemos? Ele poderia tomar posse de
muitos pilotos de aviões, causando muitas mortes, ou os homens que trabalham cuidando das
bombas nucleares. Por que satanás não faz tal coisa? A resposta ê bem simples: ele não pode! Mas
ele pode mentir, enganar e fazer com que os cristãos percam tempo expulsando demônios uns dos
outros, ao invés de ficaram de pé contra ele, com o poder celestial para realizar os trabalhos do
Reino.
Até o Velho Testamento ensina que um espírito maligno não pode entrar no que tem o Espí-
rito de Deus; o Espírito do Senhor deve sair primeiro antes que um espírito maligno (com a
permissão de Deus) possa penetrar I Samuel 16.14. Sabemos, pelo livro de Jó, que satanás não toca
nos escolhidos, sem a permissão de Deus, e, na oração de Jesus (que foi ouvida e respondida), Ele
nos promete proteção, não por causa da vida que vivemos, mas por causa da vida que Ele viveu.
"...Pai Santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós...
não peço que os tires do mundo, e sim que os guarde do mal" (João 17.11,15). "Maior o que está
em nós do que o que está no mundo."
A história da igreja não confirma que expulsar demônios de cristãos foi a solução para
derrotas. Mostra, no entanto, que o inimigo continua a apresentar soluções de um dia, todas plane-
jadas para manter nossos olhos longe de Jesus. Se demônios são o problema, por que Paulo e todos
os outros escritores do Novo Testamento se recusaram a nos falar sobre eles? Ao invés, as
Escrituras são geralmente distorcidas e manipuladas para se encaixarem nas experiências dos
cristãos, alguns dos quais até falam que receberam ensinamentos sobre demônios, fontes de pouca
reputação e mentirosas (I Timóteo 4.1)!
Isso não quer dizer que o cristão não fique oprimido; sabemos muito bem que isso acontece.
Geralmente, o que o inimigo usa para importunar o cristão são manifestações da carne; essas,
como já mencionamos são removidas, se tomarmos a cruz diariamente, a qual derrubará o inimigo,
libertando-nos de sua influência. Seria maravilhoso se nossos problemas fossem simplesmente
demônios que pudessem ser expulsos, dando-nos um remédio imediato. Mas novamente, os
derrotados são encontrados até entre os ensinadores de tais coisas.
Se Cristo em você não consegue manter os demônios fora, que chance você tem de mantê-los
longe? Vitória não pertence aos que tentam gerar poder sobre o inimigo, mas aos que recebem o
poder de Cristo.

(Ler. Veja Hebreus 2.14; l João 5. 18; Romanos 12.1; 8.14; 6.6,13; 8.23; l Pedro 1.5; II Timóteo
4.18; Colossenses 1.13,29; l Coríntios 3.6; 6.11,19,20; 7.34; 10.20,21; Gaiatas 6.8; Atos 26.18)

Devo Lutar Para Ser o Que Deus Fala Que Sou


Um dos meus irmãos no Brasil me mostrou um dia que, quando Adão e Eva foram tentados a
ser iguais a Deus, eles já eram feitos à imagem e semelhança de Deus. Do mesmo modo Cristo foi
tentado no deserto a provar que era Deus, quando de fato Ele já era Deus. O mesmo acontece
conosco: o inimigo vai continuar a nos tentar a fim de lutarmos para ser o que já somos. Uma vez
que sucumbimos a tal tentação, jogamos de lado nossa fé, juntamente com ela nosso andar com
Deus, como Ele nos vê, e caímos em descrença.
Ligada a essa mentira, está outra que diz: "A vida carnal é a única que posso viver." Lembre-
se de que a voz de satanás sempre se parece com a do cristão. O inimigo raramente desiste de
tentar fazer uma lavagem cerebral no cristão. Ele nunca quer que percebamos quem realmente
somos em Cristo, pois se chegarmos a esse ponto, ficaremos em posição de ataque contra ele,
batalhando para arrancar dele as pessoas, que ele lutou tanto para manter presas. A verdade é que
os cristãos não têm que viver uma vida carnal ou colocar sua vontade sob o poder de satanás; nós
podemos escolher permanecer em Cristo.

Para Obter, Devo Ter Experiência


Muitos lutam para ser um com o Senhor ou um com seus parceiros, quando de fato ser um é
algo que é dado, e não se deve lutar para obtê-lo. Experiência deve vir da fé, que é "a convicção
de fatos que se não vêem." Porque não temos experiência de tudo, não quer dizer que não
possuamos tudo. Se a experiência nunca vem, ainda acreditaremos no que Ele falou. O outro lado
desse problema é que o inimigo gostaria de definir para nós como essas experiências devem ser, e
faz com que acreditemos que, se não tivermos tais sentimentos, então não possuímos o que Deus
nos deu.
Por exemplo, a questão de saber se uma pessoa vai para o céu. Muitos têm permitido que o
inimigo defina para eles como essa certeza é sentida: uma grande libertação emocional, visões,
nomeações e essa lista vai longe. Devemos lembrar que nossa certeza é baseada no que Deus nos
diz, nada mais. João 3.16 simplesmente diz: "todo aquele que crê", e pronto. Repito, o inimigo
sempre aumenta as simples afirmações de Deus, assim como fez, quando conversava com Eva no
Jardim.
Existem pessoas tão governadas por emoções que a pior coisa que Deus poderia fazer a elas,
logo que aceitassem a Jesus, seria dar-lhes uma experiência emocional, pois, fazendo assim, Deus
estaria encorajando-as a viver baseadas em emoções. Para esse tipo de pessoa, seria importante
não ter nenhum tipo de experiência emocional e aprender a andar pela fé, sem sentimentos. A
experiência que Deus dá para cada um, individualmente, é sempre a experiência de que aquela
pessoa precisa.
Devemos também ter cuidado deixando que as experiências ocorram de forma natural, sem
forçá-las, porque o inimigo (algumas vezes através de outros cristãos) pode definir certa experi-
ência como sinal de fé, da nossa convicção. Saiba disso, um sinal de falta de convicção é questio-
narmos o fato de sermos nascidos novamente.
Devemos ser cautelosos permitindo que somente Deus defina o que é nosso em Cristo, e não
deixando que o inimigo adicione certos requisitos. Também não devemos permitir que o inimigo
defina o que é um cristão de sucesso, porque isso também sempre terá a ver com o realizar algo de
maravilhoso para o Senhor; a lógica dele é bem característica: "Se posso fazer algo bom para o
Senhor, estarei agradando-lhe, e ganharei Seu favor e aceitação." Tais pensamentos têm suas raí-
zes no inferno, pois se opões a que o cristão chegue diante do Pai pela fé no trabalho de Cristo, e
não em si mesmo. Em lugar nenhum, somos mandados a fazer coisas grandes; preferivelmente, a
ênfase está em ter fé nas pequenas coisas: para a criança, na obediência; para a esposa, simples-
mente no respeito ao seu marido; e para o marido, no amar sua esposa. Um cristianismo de sucesso
envolve perdão, amar o não amado, dar ao invés de acumular riquezas na Terra, e permanecer
nEle. Devemos sempre permitir que Deus especifique o que é cristianismo, e perceberemos que
raramente é o que pensamos.

A Confusão Sobre Onde Realmente é a Batalha


O inimigo nunca vai querer que lutemos na linha de frente; ele sempre chama nossa atenção
para coisas que nada têm a ver com a verdadeira questão. Muitos continuam a responder às
declarações falsas de seus companheiros, acreditando que lógica e razão vão prevalecer.
Acreditam que seu problema presente tem a ver com um mal entendido ou pensamentos errados,
e, se puderem ser racionais e fazer com que seu argumento seja bom, então haverá concórdia e
harmonia. Fazendo isso, na maioria das vezes, o cristão estará brigando com a pessoa e não com o
inimigo que está inspirando os falsos pensamentos que estão vindo daquela pessoa.
Imagine-se numa guerra, escondido numa vala, sem poder ver o que está lá fora. Seu único
jeito de ação é jogar granadas, com a esperança de que elas acertem o inimigo. Não seria maravi-
lhoso, se por durante algum tempo todos na batalha fossem congelados, enquanto que um balão
descesse para pegá-lo, mostrar-lhe onde estava o inimigo e, então, colocá-lo de volta no buraco
antes que a batalha terminasse? Durante batalhas espirituais, passe tempo com Deus; permita-se
perceber "sentado com Ele nos céus"; deixe que Ele lhe mostre onde as linhas de batalha estão,
para que conhecendo a posição do inimigo, você não desperdice suas energias.
Há mais um problema, quando não lutamos a batalha na linha própria: podemos, sem saber,
ajudar o inimigo em seu trabalho de destruir outros cristãos. Quando alguém está agindo de
maneira que desagrada a Deus, e continuamos a mostrá-lo a essa pessoa, o que estamos fazendo?
Intensificamos o problema, pois estamos ajudando o inimigo a colocar os olhos dessa pessoa em
outra coisa que não a solução. Se queremos um bom marido, uma boa esposa, crianças obedientes,
empregados honestos, um patrão respeitador, um amigo fiel, um pastor espiritual, o que devemos
fazer? A única esperança que temos é a de levá-los a colocar seus olhos no Salvador, pois só Ele
pode libertá-los de suas atitudes. Ninguém encontra redenção, a não ser em Cristo.
Quando escolhemos brigar na linha de batalha, reconhecemos que os problemas que vemos à
nossa volta são apenas manifestações da falta (pelo menos no presente momento) de permanência.
Então passamos a lutar juntos para ver os que estão ã nossa volta permanecer, e assim os
problemas vão desaparecer.

Total Rendição Só Nos Traz Dor e Perda


Será que uma total rendição só nos vai trazer dor e perda? O oposto é que é verdadeiro, a
falta de uma total rendição é que vai nos trazer dor e perda! O inimigo investe muita energia
naquela mentira. Ela é falada continuamente ao cristão em crescimento, que já largou tudo,
menos uma coisa, para servir ao Senhor. Essa uma coisa que é desejada, sempre deu prazer, traz
independência, e também permite que o inimigo tenha uni ponto de apoio na vida desse cristão. O
que será essa coisa? Ela varia entre os cristãos, mas geralmente, tem a ver com algum direito que
acreditamos ter: o direito de estar no comando, de não perdoar, de ter aquele ídolo, ou de ter
algum tipo de possessão ou prazer mundano. Para a pessoa que quer mais do que nunca servir a
Deus e agradar-lhe, é importante que essa coisa nunca venha à tona e fique sempre escondida fora
da vista, raramente lembrada; no entanto, é a coisa que ele mais queria ter. Porque satisfações
passadas vieram dessa coisa, ela é protegida e justificada. Ela é, claro, um paradoxo, pois também
trouxe muita miséria; o inimigo pode continuar a tornar a vida miserável, lutando para transformar
esse pedacinho que ele possui, num grande pedaço e assim numa fortaleza. Entretanto, já que esse
cristão largou de todas as outras coisas, o inimigo, raramente, consegue estabelecer sua fortaleza,
mas usa essa uma coisa para tirar a pessoa do andar com o Senhor e para mantê-la longe da plena
alegria.
Isso me lembra quando estou na cabana nas montanhas, onde tudo é paz e absolutamente
lindo, até que meu descanso é perturbado por um pequeno pernilongo voando sobre minha cabeça,
pousando, picando e irritando. Toda a grandeza das lindas montanhas está destruída para mim, por
causa de um pernilongo.
O mesmo acontece com essa pequena coisa: ela nunca permite que aproveitemos tudo o que
Deus tem dado, por causa de Sua presença irritante. Vemos em casamentos onde o inimigo
cochicha: "Se você abrir mão, você vai se tornar um tapete. Se você a amar agora, só estará
incentivando maus comportamentos." Os casais envolvidos nessa mentira, cada um segurando seu
direito de estar no controle, deitando-se na cama e recusando-se a tocar o outro, diminuindo
comunicação, estão confiscando uma vida abundante. Eles têm dor e perda, porque não têm uma
total rendição.
Quando é hora de pegarmos a cruz e negarmos os resíduos da vida própria, as mentiras são
assim: "Você deve esperar que outros neguem vida própria e vivam a vida plena antes que você o
faça. Se você se negar, você não vai ser feliz.
Negar a si mesmo, gera abuso por outros. Só faça isso, se seu meu marido também o fizer." Essas
são profundas mentiras, pois, se o Senhor o está chamando para que você negue vida própria, Ele o
está chamando para uma vida abundante. Já que ouviu a mensagem da vida plena, você deve ser o
primeiro a se negar e, então, o primeiro a experimentar as bênçãos.
Essas mentiras são a base do que Paulo fala no Livro de Filemon. Paulo sabe que uma
petição para soltar Onésimo, baseada em sua história do passado, seria ridícula. Ele faz, então,
aquela petição baseada no modo como Paulo trata Filemon e no modo como Deus tem tratado
Filemon.
O tipo de perdão, amor, submissão e respeito que Deus requer que tenhamos para com os
outros, nunca será visto se nos basearmos nas ações deles. O Senhor ordena tais coisas baseado em
como Ele tem nos tratado, não em como os outros têm agido. Devemos amar por causa da
intensidade do amor com que Ele nos amou. O pensamento de que outros não merecem amor por
causa de seu comportamento é do inferno e demoníaco, e os que acreditam em tais coisas são
rebeldes no Reino de Deus. Devemos amar como Ele nos amou, perder nossa vida, porque ele
perdeu a Sua por nós, e nos render a tudo por Quem abriu mão de tudo por nós. Render tudo Lhe
trouxe grande alegria. "Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em
troca da alegria que Lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia e está
assentado à destra do trono de Deus." (Hebreus. 12.2).
Quando nos rendemos a tudo, nós também encontramos grande alegria, não dor e perda.
Não permita que o inimigo tenha esse ponto de apoio; agora mesmo, em voz alta, abra mão
daquela coisa que esteja permitindo que ele roube a alegria que, por direito é sua. E lembre-se,
total rendição não se refere a um certo tempo quando tudo foi rendido, um reconhecimento de um
acontecimento do passado mas que você está enxertado na Videira, que você está permanecendo,
que você abriu mão de tudo no dia que O aceitou, portanto, você está em total rendição agora!

Chegamos a Um Ponto de Maturidade Espiritual


Continuo a enfatizar, que devemos viver nossas vidas momento a momento. Então, ser
espiritual é algo que só se tem no presente momento em que se permanece. O engano sutil do
inimigo é que ele usa uma nova verdade, como que nos livrando, fazendo com que pensemos final-
mente chegamos a um ponto culminante da maturidade cristã. O perigo nesse pensar é que,
quando permanecemos, continuamos a expandir, enquanto que tal mentira não permite nenhuma
expansão, mas sutilmente fará com que nos tornemos entorpecidos. Ensinadores que pregam certa
verdade e acampam nela por muito tempo, irão com o passar do tempo, se achar vivendo uma
existência carnal. A explicação para tal acontecimento é bem simples: nossas experiências do
passado passam a ser suficientes para a vida hoje. O inimigo, continuamente, vai lembrar a tal
cristão o que aconteceu no passado (mesmo que o passado tenha sido ontem). E ele lembrará o que
nada a ver com uma verdadeira espiritualidade, que deve ser experimentada neste exato
momento.
Há outra dificuldade quando o inimigo nos convence de que já chegamos lá. Assim que che-
gamos à conclusão de que temos o ensinamento, geralmente não estamos abertos para outros
ensinamentos ou para manifestações dadas por Cristo em outras pessoas. Um homem que não pode
ser ensinado é um homem carnal.
Um pastor da Inglaterra me lembrou de Mateus 7.13.14: "Entrai pela porta estreita (larga ê
a outra porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por
ela), porque estreita é aporta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que
acertam com ela." Ele explicou que nesse caminho estreito que leva à vida existem duas paredes
para nos manter nele. Uma parede é chamada Arminismo (livre arbítrio) e a outra Calvinismo
(predestinação), e ajuda bater nessas duas paredes enquanto seguimos em frente. Que verdade!
Precisamos das duas paredes. Por um lado precisamos entender o livre arbítrio do homem e, por
outro, a soberania de Deus. Por um lado, precisamos estar firmes em nossa segurança da salvação
e, por outro, precisamos ser advertidos de nossa preguiça.
Como mencionei antes, os que entram em uma fé verdadeira não sentem mais a necessidade
obrigatória de sistematizar Deus. Geralmente, quando falo sobre a certeza da salvação que temos
em Cristo, alguém lê Hebreus 6.4-6, João 15.2, Gaiatas 5.4, e afirma que "Cristãos podem ser
cortados fora". Essa pessoa pede, que eu explique esses versículos.
Minha explicação é bem simples: "Eu acredito no que Hebreus 6.4-6, João 15.2 e Gaiatas 5.4
ensinam. Talvez eu não entenda, mas acredito."
Outras vezes, alguém menciona os versículos que mostram que não podemos ser cortados
fora (Hebreus 13.5,1 João 2.19, João 10.28) e pede que sejam explicados de acordo com os
versículos que falam que podemos cair. Minha resposta é a mesma: "eu acredito no que as
Escrituras ensinam." Não quero ter que fazer todas as ginásticas e piruetas que os teólogos fazem
para mudar o sentido de um versículo para que ele se encaixe em seu sistema de crença. Nem
quero tentar parecer inteligente; estou dizendo que não sei de tudo, e não conheço a mente de
Deus, e não sou o professor. Cristo somente é o Professor e no que Ele disser, eu acredito,
independente de poder sistematizar ou não.
O inimigo tem persuadido muitos de grande inteligência, talento, dons e espiritualidade a
escolher uma parede ao invés da outra (causando divisão) e, fazendo isso, eles sofrem, porque
ficam estagnados. Queremos ser daqueles que momento a momento olham para o Espírito Santo
para que lhes revele aquilo de que precisam para a vida naquele momento, e não aquilo de que
acham que precisam para suas mentes. Queremos vida, não conhecimento. Quando tivermos essa
atitude, Deus vai revelar o que precisamos saber, quando saber e, com o conhecimento, virão vida
e poder.
O Engano das Emoções Mentirosas
Quando começamos a experimentar a vida plena, nossas emoções tomarão seu lugar sob a
influência do Espírito. Elas passarão a expressar a vida de Cristo que está dentro de nós e não vão
sofrer influência de coisas de fora mudando nossa perspectiva de nós mesmos e do Senhor,
momento a momento. Essa situação não agrada ao inimigo, pois, lidando com o derrotado, ele
gosta de usar emoções para levá-los a condição de se sentir fora da comunhão com Deus, na
esperança que, com o tempo, esses falsos sentimentos levem o cristão a, realmente, estar fora da
comunhão com Deus.
O inimigo também sabe que é muito mais fácil infiltrar mentiras em nossas emoções do que em
nossas mentes.
Então, concluímos que, quando as emoções passam a estar sob o controle do Espírito, o
inimigo trabalhará quietamente, escondido, de maneiras quase que imperceptíveis para traze-las
de volta a seu controle. Para fazer isso, ele usa o que gosto de chamar de "pulando tempo", que
acontece quando nossas mentes se voltam para acontecimentos passados que causaram tumulto e
nossas emoções são refrescadas e aplicadas ao presente.
Por exemplo, alguém está dirigindo um carro e sua mente vagueia para um acontecimento
do passado que causou grande dor, vergonha ou perda. Quando o acontecimento é vividamente
lembrado, o tumulto emocional associado com o que aconteceu também volta, e logo ele se vê
sentindo-se hoje, do mesmo jeito que se sentiu quando aquilo aconteceu anos atrás. De repente,
entra em depressão e não consegue discernir por quê, pois sua mente já está pensando em outras
coisas, mas suas emoções agitadas pela experiência do passado permanecem.
Muitos que sofreram dores emocionais no passado, são susceptíveis a esse tipo de ataque do
inimigo: é importante lembrar que, se nossas emoções não estão baseadas em algo específico que
possamos identificar naquele momento, então elas devem ser rejeitadas.

Não Funciona
Geralmente acreditamos que permanecer e andar pela fé trará harmonia a todas as áreas de
nossas vidas. E trará, de fato, grande paz interior; entretanto, esteja seguro de que a carne se
opõe ao Espírito. Ter essa batalha resolvida interiormente, vivendo momento a momento, não
garante que a batalha esteja resolvida do lado de fora. Pois, se decidimos andar no Espírito, e as
pessoas com quem passamos a maior parte do nosso tempo (esposo, esposa, filhos, companheiros
de trabalho na igreja e pessoas do nosso trabalho) estão andando na carne, então haverá muitos
choques. (Freqüentemente, posso notar que casais se dão muito melhor quando os dois estão
andando na carne do que quando um decide andar no Espírito). O inimigo vai usar essa situação
para derrotar o cristão que está no Espírito e fazê-lo chegar ao ponto de considerar que não
compensam os esforços para andar no Espírito. Com essa experiência, também vem o pensamento
de que isso não funciona. Entretanto, a prova de que realmente funciona está no fato de que
existe uma batalha entre a carne e o Espírito. O conflito está sendo criado através de contraste.
Andando no Espírito, você coloca pressão sobre as pessoas à sua volta, como sal que arde
numa ferida. Não se renda ao inimigo; o Senhor está usando você de maneira poderosa. Permita
que sua vida continue a ser como levedo para os que estão ã sua volta, porque o que você tem vem
sendo provado, há séculos, que é contagioso!
Devemos estar de guarda para não julgar nossos conhecidos os quais podemos ver facilmente
que estão andando na carne. É muito fácil esquecer de onde viemos e quão miserável era a vida
que levávamos. O inimigo não quer que lutemos, lado a lado, com outras pessoas, dando a elas o
que o Senhor nos deu. Iremos, então, pela Sua graça, resistir a todas as tentações de deixar de
lado qualquer cristão, não estando satisfeitos até que possamos vê-los vitoriosos em Cristo. "De
graça recebestes, de graça dai" (Mateus 10.8).

Não Precisamos Lutar


Se lutamos muito no passado para ganhar vitória, o inimigo agora fará com que não façamos
nada. A vida de fé é uma vida de atividades, entretanto, existe uma grande diferença em trabalho
que expressa fé e trabalho que está tentando produzir fé. A vida de Cristo em nós é sempre ativa.
"Meu pai trabalha até agora, e eu trabalho também" (João 5.17). Quando permitimos que essa vida
flua, seremos muito ativos. Os que vivem passivamente, nunca permitindo que a vida de Cristo seja
expressa através deles, simplesmente não está permanecendo.
Durante muitos meses, uma árvore parece estar inativa a olho nu, mas mesmo assim, algo
está acontecendo em seu interior que, será revelado em vida e fruto. Se tal vida nunca for
publicamente manifestada, então concluímos que esta árvore está morta.
O mesmo é verdadeiro para o cristão que permanece em Cristo; haverá períodos nos quais
nenhuma atividade será publicamente vista, mas em seu mais profundo interior, ele está sendo
fortalecido para o dia em que a vida dentro dele se tornar aparente em frutos para os que estão ao
seu redor. Deixe-me lembrar a você também que Deus não pretende resolver todas as manifes-
tações da carne de uma vez. Vou colocar de outra maneira: Você preferia ser um cogumelo ou um
carvalho? É claro que um carvalho!! Mesmo que de manhã cedo os cogumelos pareçam bonitos, eles
não duram. Muitos vivem como cogumelos, mas nós vamos dar ao Senhor o tanto de tempo de que
Ele precisa para nos tornar poderosos carvalhos. Então, o cristão passivo que nunca manifesta vida
não está permanecendo, não importa se ele pareça ser muito espiritual. A fé verdadeira sempre
produz trabalho; é inevitável e não pode ser bloqueada, pois fé vem de Deus e possui Seu poder.
Assim como a árvore, com o poder de sua vida, pode quebrar em dois um seixo que está ao lado de
onde foi plantada, a fé que está em você vai vencer todos os obstáculos. Não vem de você, mas
vem dEle. Assim, se você tem fé, ela vai ser manifestada. Nós não vamos permitir que o inimigo
abafe nossa fé por causa de inatividade.

The END

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