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ACE/TCU

PROFESSOR MÁRCIO ALBUQUERQUE

Com a proximidade do concurso para o cargo de Analista de Controle Externo


do Tribunal de Contas da União, tenho recebido várias mensagens me solicitando dicas
e sugestões de tema para a prova subjetiva.
Oriento meus alunos que a primeira coisa que devemos fazer, quando nos
preparamos para um concurso, é uma análise bem aprofundada do edital. Para o nosso
concurso, a prova subjetiva será constituída de duas questões que podem conter
assuntos ligados ao Direito Constitucional, ao Direito Administrativo e ao Controle
Externo. Dessa forma, temos três disciplinas para duas questões. Considerando que a
prova é para o cargo de Analista de Controle Externo, acredito que, pelo menos uma das
questões, esteja diretamente ligada ao Controle Externo. Acho pouco provável, contudo,
que a banca elabore uma questão que englobe, apenas, a disciplina Controle Externo.
Como opinião pessoal é provável que a questão deva ser mesclada com conhecimentos
de Direito Administrativo ou de Direito Constitucional.
Dessa forma, poderíamos ter uma questão desse tipo, abordando tanto o Direito
Administrativo como o Controle Externo:
A partir da reforma do Aparelho do Estado, movimento que se iniciou no Brasil
na primeira metade da década passada, verificamos que o Estado brasileiro realizou uma
série de privatizações de suas empresas públicas e de concessões dos serviços públicos.
Considerando o tema, discorra em 30 linhas acerca do papel do Tribunal de Contas da
União na fiscalização da desestatização do Estado.
Envolvendo Controle Externo com Direito Constitucional, poderíamos ter uma
questão nos seguintes moldes:
O controle de constitucionalidade,no Brasil, é uma atividade ligada intimamente
ao Poder Judiciário. É sabido, contudo, que o Judiciário não é o único Poder a exercer
essa atividade. Assim, considerando essa premissa, discorra, em 30 linhas, quem mais,
além do Poder Judiciário, realiza controle de constitucionalidade no Brasil.
Esses são apenas dois exemplos de questões que podem ser abordadas na prova.
Para fazer uma boa prova subjetiva, é necessário que o aluno possua um bom
conhecimento acerca do tema em questão e consiga encadear bem as suas idéias. Para
tanto, sugiro que seja feito um pequeno esboço daquilo que o aluno vai falar. O esboço
tem, entre outras, a finalidade de facilitar a escrita e evitar a fuga do tema.
Assim, no primeiro exemplo, poderíamos fazer o seguinte esboço:

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ACE/TCU
PROFESSOR MÁRCIO ALBUQUERQUE
Introdução – 1 parágrafo para dizer o que é a reforma do Aparelho do Estado. (+
ou – 5 linhas)
Desenvolvimento – 3 parágrafos, onde deve ser abordado que a CF concedeu ao
Tribunal de Contas da União a competência de realizar a fiscalização patrimonial (art.
70 caput combinado como o art. 71, inciso IV). Informar que a CF determina que as
concessões seja precedidas de licitação e que o art. 113 da Lei 8.666\93, prevê que
qualquer licitante, pessoa física ou jurídica podem representar ao Tribunal de Contas da
União qualquer irregularidade decorrente da licitação. Além disso, devem ser tecidos
comentários acerca dos normativos legais que regem a desestatização. (+ ou – 20 linhas)
Conclusão – 1 parágrafo abordando a situação que hoje temos no Brasil, fazendo
um pequeno resumo do que foi abordado.
Com relação à forma, não acredito que a banca solicite a feitura de um parecer.
Caso isso venha a ocorrer, a questão vai ser direcionada para que o aluno se posicione
acerca de um determinado assunto. Sendo assim, o que você tem a fazer é, apenas,
defender o seu ponto de vista.
Por fim, lembre-se de utilizar frases curtas, pois, quando usamos frases muito
longas, facilmente podemos nos perder, o que faz com que seja mais comum a
ocorrência de erros de regência ou de concordância.
Desejo a todos uma boa prova!
Márcio Albuquerque

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CURSOS ON-LINE – CONTROLE EXTERNO PARA O TCU
PROFESSOR MÁRCIO ALBUQUERQUE
Caros alunos,
A matéria Controle Externo é de fundamental importância para todos aqueles que
pretendem ingressar no Tribunal de Contas da União. Por ser a atividade fim do analista de
controle externo, essa disciplina representa a espinha dorsal das provas para o ingresso na
carreira. Especificamente para o próximo concurso, a banca examinadora concedeu à
matéria o maior peso entre todas as disciplinas, uma vez que serão 14 questões objetivas,
além de até duas subjetivas.
O objetivo desse curso é familiarizar os alunos com a disciplina. Percebo que, a
cada ano, o nível das questões vem aumentando, fazendo com que a simples leitura dos
normativos relacionados ao tema não sejam mais suficientes para responder todas as
questões.
Ademais, a matéria interage demasiadamente com outras disciplinas, a exemplo do
Direito Administrativo, Direito Constitucional, Direito Processual Civil e outras. Assim,
faz-se necessário que, de vez em quando, tenhamos que recorrer a outras áreas para uma
melhor compreensão do assunto.
Acredito que, após as 10 aulas de nosso curso, o aluno consiga adquirir
conhecimentos suficientes que o possibilitem a enfrentar as questões da prova. Tenho a
consciência de que o tempo é demasiadamente exíguo e de que a matéria é por demais
longa. Por isso, tentarei trazer para as nossas aulas o que de mais importante considero para
o concurso. Farei uma abordagem de todos os pontos de nosso edital, chamando a atenção
para as questões que mais freqüentemente vêm sendo cobradas nas provas, apresentando,
na medida em que a matéria for apresentada, questões relativas ao tema.
A seguir, apresento como demonstração parte de nossa primeira aula. Considerando,
por conseguinte, que esta é apenas uma aula de demonstração, para que os alunos possam
saber qual a matéria será tratada nesta aula 1, apresentarei no decorrer desta apresentação
quais os tópicos serão abordados na aula 1.
Boa sorte a todos e espero que, brevemente, possamos estar nos esbarrando nos
corredores do Tribunal de Contas da União.

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CURSOS ON-LINE – CONTROLE EXTERNO P/ O TCU
PROFESSOR MÁRCIO ALBUQUERQUE
AULA 1: CONTROLE

1 – O QUE É O CONTROLE?

Segundo o Dicionário Aurélio Eletrônico, controle é a fiscalização exercida sobre a


atividade de pessoas, órgãos, departamento ou sobre produtos etc, para que tais atividades,
ou produtos, não se desviem das normas preestabelecidas.
Em uma abordagem bem simples, percebemos que o controle pode ser entendido
como uma fiscalização. Mas de que forma podemos realizar essa fiscalização, quais os
parâmetros utilizados para o controle?
Devemos partir do princípio que, para haver controle, precisamos possuir um padrão
de comportamento para que possamos comparar o que foi feito com o que deveria ter sido
feito. Assim sendo, antes de controlar devemos verificar qual a regra aplicável àquele caso,
para depois podermos aferir se o que foi realizado está ou não de acordo com o regramento.
Não podemos querer realizar o controle sobre algo que não sabemos se está certo ou não.
Somente após estabelecer o padrão a ser seguido, poderemos avaliar o desempenho daquilo
que foi realizado.
A partir da comparação entre o que a regra determina e o que foi realizado,
poderemos averiguar possíveis desvios e corrigi-los. A todo momento nos deparamos com
algum tipo de controle. Os pais, ao reprimirem os filhos por terem tirado nota baixa em
uma prova, estão exercendo um tipo de controle sobre seus pupilos.
É claro que não é esse tipo de controle que nos interessa nesse momento. Estamos
preocupados com o controle na Administração Pública. Devemos ter em mente que o
objetivo maior do Estado é fornecer o bem comum para os seus cidadãos. Para isso, faz-se
necessário que o Estado providencie os meios para a consecução deste objetivo. Assim
sendo, equipa-se de forma a arrecadar tributos e aplicá-los nas atividades que entender
conveniente. Teoricamente, então, todos os indivíduos devem contribuir para isso. Dessa
forma, temos que todos são responsáveis pelos recursos arrecadados, o que lhes dá um
caráter público.
Não há como o Estado fornecer aos cidadãos os serviços de que eles necessitam sem
que haja alguém responsável para administrar esses recursos que a todos pertencem, surge

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CURSOS ON-LINE – CONTROLE EXTERNO P/ O TCU
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assim a figura do administrador público. Não pode, portanto, o administrador público
utilizar os recursos que lhes são confiados da forma que ele bem entender. Para evitar
situações dessa natureza, o Estado controla seus agentes para que estes possam seguir o
mais próximo possível das regras adotadas pela Administração.
Várias são as formas de controle utilizadas pela Administração Pública. É difícil
imaginar qualquer ente público funcionando sem que haja um controle hierárquico,
supervisional ou disciplinar. A despeito de considerarmos que todas as formas de controle
são importantes, no momento, devemos voltar nossas atenções para o controle da atividade
financeira do Estado, ou seja, na forma em que os recursos públicos são aplicados em prol
da comunidade.
O controle só pode ser visto como uma atividade-fim nos órgãos criados
precipuamente para exercer tal atividade. Para os demais, deve funcionar sempre em
paralelo com a administração. A função controle deve ser complementar, a fim de permitir
que sejam auferidos os aspectos de legalidade e de mérito.
Para uma excelência do controle temos que observar três elementos: a) verificação
se a conduta realizada pelo agente está em conformidade com as normas atinentes; b) desta
verificação, deve-se atribuir um juízo, ou seja, pode ter havido conformidade (positivo) ou
desconformidade com a norma (negativo); c) o controlador deve adotar ou propor uma
medida de correção.
Para tanto, cada órgão ou entidade pública deve se estruturar de forma a criar
mecanismos capazes de verificar se os responsáveis pelo gastos estão procedendo de acordo
com o que é exigido do administrador público. Acontece que, por vezes, dentro de uma
mesma estrutura, onde as pessoas trabalham juntas e formam laços de amizade, o controle
fica viciado, pois não é realizado com total independência. Em certos órgãos de pequena
estrutura, muitas vezes, a mesma pessoa que executa uma tarefa é responsável por controlá-
la.
A independência e imparcialidade necessárias para uma otimização da função
controle só é alcançada quando uma instituição independente e autônoma o executa. Com
esse objetivo, os Estados criaram os órgãos de CONTROLE EXTERNO.
A seguir, apresentamos a definição de alguns autores que distinguem os controles
interno e externo.

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O professor José Afonso da Silva trata a matéria da seguinte forma:
“A constituição estabelece que os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário,
manterão, de forma integrada, o controle interno. Trata-se de controle de natureza
administrativa, exercido sobre funcionários encarregados de executar os programas
orçamentários e da aplicação do dinheiro público, por seus superiores hierárquicos:
ministros, diretores, chefes de divisão etc. (...) O controle externo é, pois, função do Poder
Legislativo, sendo de competência do Congresso Nacional no âmbito federal, das
Assembléia Legislativas nos Estados, da Câmara Legislativa no Distrito Federal e das
Câmaras Municipais nos Municípios como o auxílio dos respectivos Tribunais de Contas.
Consiste, assim, na atuação da função fiscalizadora do povo, através de seus representantes,
sobre a administração financeira e orçamentária. É, portanto, um controle de natureza
política, no Brasil, mas sujeito à previa apreciação técnico-administrativa da Tribunal de
Contas competente, que, assim, se apresenta como órgão técnico, e suas decisões
administrativas, não jurisdicionais, como, às vezes, se sustenta, à vista da expressão “julgar
as contas”referida à sua atividade (art. 71, I)”. (José Afonso da Silva, Curso de Direito
Constitucional Positivo, 15ª Ed., pp 716 a 718, Malheiros Editores, 1998).
Já o mestre Hely Lopes Meirelles assevera que:
“O controle Interno objetiva a criação de condições indispensáveis à eficácia do
controle externo e visa a assegurar a regularidade da realização da receita e da despesa,
possibilitando o acompanhamento da execução do orçamento, dos programas de trabalho e
a avaliação dos respectivos resultados. É, na sua plenitude, um controle de legalidade,
conveniência, oportunidade e eficiência.
O controle externo visa a comprovar a probidade da Administração e a regularidade
da guarda e do emprego dos bens, valores e dinheiros público, assim como a fiel execução
do orçamento, é, por excelência, um controle político de legalidade contábil e financeira ,
o primeiro aspecto a cargo do Legislativo; o segundo, do Tribunal de Contas. (Hely Lopes
Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, 25ª Ed., p 646 Malheiros Editores, 2000).
Não podemos perder de vista que, apesar de cada Poder praticar funções específicas,
cada um deles também pratica algumas funções inerentes aos outros. A despeito de a
principal função exercida pelo Poder Executivo ser a de administrar, a do Poder Legislativo
ser de legislar e a do Poder Judiciário ser a de dizer o direito no caso concreto, esses dois

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últimos também praticam atos administrativos. Assim, quando o Poder Legislativo concede
férias a seus funcionários ou o Poder Judiciário executa uma obra, estamos à frente de
típicos atos de administração. Para controlar estes atos administrativos, cada Poder possui
em sua estrutura órgãos de controle interno, os quais têm a função exclusiva de exercer o
controle dos atos inerentes ao Poder aos quais estão vinculados.
O controle externo é o órgão legitimado para controlar os atos administrativos de
todos os Poderes. Assim, quaisquer dos Poderes estão sob a sua jurisdição. Não se preocupa
o controle externo com as funções que não sejam a administrativa. Dessa forma, quando o
Poder Legislativo está efetuando a sua função precípua – legislar – está fora do alcance do
órgão de controle externo. Cumpre destacar que não é por isso que a função legislativa fica
desprovida de qualquer tipo de controle. O sistema republicano caracteriza-se pela
tripartição de Poderes, há muito defendida por Montesquieu, em que impera o festejado
sistema de freios e contrapesos.
Aprofundando o tema, podemos dizer que o controle dos gastos da Administração
Pública pode ser exercido de três formas distintas: controle social, controle interno e
controle externo.
O controle social é exercido pelo cidadão diretamente ou pela sociedade civil
organizada e se enquadra como modalidade de controle externo. Possui forte apelo no
controle das contas municipais (Art. 31, § 3º, da CF). Quando estudarmos o modelo de
controle externo no Brasil, aprofundaremos mais o assunto.
O ordenamento jurídico pátrio possibilita que o cidadão possa realizar diretamente o
controle dos atos e da gestão dos administradores públicos. Como exemplo desta
possibilidade, podemos citar as seguintes formas.
9 Ação Popular – meio constitucional posto à disposição de qualquer cidadão
para obter a invalidação de atos ou contratos administrativos, que sejam
ilegais e lesivos ao patrimônio público. CF, art. 5, inciso LXXII, e Lei n.º
4.717/1965.
9 Mandado de Segurança - meio constitucional posto à disposição de toda
pessoa física ou jurídica, órgão com capacidade processual, para a proteção
de direito líquido e certo, não amparado por hábeas corpus ou hábeas data.
CF, art. 5º, incisos LXIX e LXX, e Lei n.º 1.553/1951.

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9 Sufrágio universal, referendo e plebiscito – previstos em nossa Carta
Política, permitem que o cidadão seja chamado para participar diretamente
do processo político pátrio. O sufrágio universal é a forma mais popular de
controle, pois por meio dele o cidadão pode colocar e retirar aqueles que
dirigem a Administração pública.
No âmbito do Tribunal de Contas da União, temos as seguintes possibilidades de
controle social:
9 Denúncia – possibilidade prevista no art. 74, § 2º, da CF, bem como no art.
53 da Lei nº 8.443/1992, bem como no Regimento Interno do Tribunal de
Contas da União, art. 234.
9 Representação - possibilidade prevista no Regimento Interno do Tribunal de
Contas da União, art. 237.
9 Queixa à Ouvidoria do Tribunal – instrumento recentemente criado no
âmbito do Tribunal de Contas da União que permite que o cidadão por meio
de ligação para telefone 0800 possa levar ao conhecimento da Corte
impropriedades ocorridas no âmbito da Administração Pública.
OBS. Quando estudarmos os processos do Tribunal de Contas da Uni trataremos
detalhadamente sobre denúncias e representações, apresentando as diferença e
semelhanças entre elas.
Quanto ao controle interno, apesar de já o termos definido anteriormente, acredito
pertinente diferenciá-lo da autotutela administrativa, que é ação da autoridade
administrativa sobre seus próprios atos e dos seus subordinados. A possibilidade que a
administração tem de anular seus próprios atos quando eivados de ilegalidade ou de revogá-
los em prol do interesse público consiste na autotutela da administração.
Exemplificando: quando o ordenador de despesa de um batalhão de infantaria do
Exército Brasileiro anula uma licitação por tê-la considerada ilegal, ele está se utilizando da
autotutela da administração. Nesse caso, pode nem ter havido a participação do controle
interno para a referida anulação.
Já o controle interno consiste, conforme já apresentado, na ação realizada por órgão
com essa atribuição, integrante da estrutura administrativa.

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No exemplo acima apresentado não competiria ao Controle Interno do Ministério da
Defesa realizar a anulação do ato.
Quanto ao controle externo, pertinente acrescentar alguns aspectos.
O controle externo é aquele que é praticado por outro agente ou órgão que não
integra a estrutura organizacional controlada. Nas palavras do Professor Jorge Ulisses
Jacoby Fernandes, o sistema de controle externo pode ser conceituado como conjunto de
ações de controle desenvolvidas por uma estrutura organizacional, com procedimentos
atividades e recursos próprios, não integrados na estrutura controlada, visando fiscalização,
verificação e correção de atos.
Assim sendo, no Brasil não é somente o Tribunal de Contas da União que realiza
este tipo de controle. Como será visto em aula futura, na realidade, a função de controle
externo é exercido pelo Congresso Nacional, com auxílio do Tribunal de Contas da União.
Com efeito, temos que qualquer órgão que não tenha praticado o ato e que venha a
controlá-lo estará realizando um controle externo.
No ordenamento pátrio, especial atenção devemos dar ao Poder Judiciário, pois a
esse Poder é facultado anular atos administrativos eivados de ilegalidade. Ora se não foi o
Poder Judiciário que praticou o ato e é ele que o está anulando, resta claro que está fazendo
um controle externo do ato adminsitrativo.

JÁ FOI PERGUNTADO:
Na prova de 2004 para o cargo de ACE, o Cespe abordou o assunto da seguinte
forma:
“Considerando controle externo como aquele realizado por órgão não-pertencente à
estrutura do produtor do ato a ser controlado, é correto afirmar que, no Brasil, o TCU não é
o único componente do poder público encarregado daquela modalidade de controle.”

Pelos fatos acima narrados, o item está correto.

2 – PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DO CONTROLE


Agora que já temos alguma noção do que seja o controle, vamos verificar quais os
princípios que o regem:

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2.1 - PRINCÍPIO DA SEGREGAÇÃO DAS FUNÇÕES


Segundo este princípio, na estruturação dos órgãos, deve a função de controle
separar-se das demais, como contabilidade, licitação, jurídica etc. Assim, aquele que exerce
o controle não deve fazer nenhuma outra função administrativa, sob pena de não realizar o
controle com eficiência.
Com efeito, o controle deve estar definido na estrutura orgânica com identidade
própria.
Exemplificando, o responsável por montar um edital de licitação não pode ser o
mesmo que vai verificar se a dita licitação atendeu ou não os requisitos legais para a
espécie.
Desse princípio vem o brocardo: quem executa não controla e que controla não
executa.

2.2 - PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA TÉCNICO-FUNCIONAL


No desempenho de suas funções, os agentes de controle devem ter independência
funcional para proceder às verificações, analisar documentos, colher provas, bem como
emitir o resultado de suas análises.
Este princípio pode ser notado tanto na Lei Orgânica do Tribunal de Contas da
União, como no seu Regimento Interno, nos seguintes artigos:
“Art. 3º No exercício de sua competência, o Tribunal terá irrestrito acesso a todas
as fontes de informações disponíveis em órgãos e entidades da administração pública
federal, mesmo a sistemas eletrônicos de processamento de dados.” (Regimento Interno)
Atenção!!! Fiz questão de sublinhar as palavras acima, porque temos, no momento
da prova, medo de marcar as alternativas que contenham as palavras mesmo, nunca,
sempre, todas, entre outras. Contudo, por vezes, como no caso ora abordado, estas palavras
constam no próprio normativo que disciplina a matéria. Portanto, atenção com este artigo.

“Art. 87. Ao servidor a que se refere o artigo anterior, quando credenciado pelo
Presidente do Tribunal ou, por delegação deste, pelos dirigentes das unidades técnicas da
secretaria do Tribunal, para desempenhar funções de auditoria, de inspeções e diligências

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expressamente determinadas pelo Tribunal ou por sua Presidência, são asseguradas as
seguintes prerrogativas:

I - livre ingresso em órgãos e entidades sujeitos à jurisdição do Tribunal de Contas da


União;

II - acesso a todos os documentos e informações necessários à realização de seu


trabalho;

III - competência para requerer, nos termos do regimento interno, aos responsáveis
pelos órgãos e entidades objeto de inspeções, auditorias e diligências, as informações e
documentos necessários para instrução de processos e relatórios de cujo exame esteja
expressamente encarregado por sua chefia imediata.” (Lei Orgânica)

2.3 – PRINCÍPIO DA RELAÇÃO CUSTO/BENEFÍCIO


O custo do controle não pode exceder os benefícios que dele decorram, ou causaria
o descontrole.
Por esse princípio não faria sentido o Tribunal de Contas da União planejar uma
fiscalização que custaria aos cofres da União R$ 20.00,00, para uma obra que foi orçada em
R$ 15.000,00.
Tanto a Lei Orgânica como Regimento Interno também trazem este princípio
positivado nos seguintes artigos:

“Art. 93. A título de racionalização administrativa e economia processual, e com o


objetivo de evitar que o custo da cobrança seja superior ao valor do ressarcimento, o
Tribunal poderá determinar, desde logo, o arquivamento do processo, sem cancelamento do
débito, a cujo pagamento continuará obrigado o devedor, para que lhe possa ser dada
quitação.” (Lei Orgânica)

“Art. 199. A tomada de contas especial prevista no caput e no § 1º do art. 197 será,
desde logo, encaminhada ao Tribunal para julgamento, se o dano ao erário for de valor
igual ou superior à quantia fixada em cada ano civil, até a última sessão ordinária do
Plenário, para vigorar no exercício subseqüente.” (Regimento Interno)

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Este artigo apresenta o famoso valor de alçada praticado no âmbito do Tribunal.
Assim, caso haja qualquer dano cujo valor seja menor do que R$ 21.000,00 (este valor
corresponde ao valor de alçada praticado no ano de 2005), não precisa o órgão responsável
pela tomada de contas especial enviá-las imediatamente ao Tribunal, podendo fazê-lo
quando do envio das contas anuais. Em aula futura, este tópico será abordado com maior
profundidade.

Este tópico pode ser abordado na prova da seguinte forma:

Um dos princípios do controle é a busca da relação custo/benefício. Por este


princípio entende-se que os benefícios advindos do controle devem ser menor do que o seu
custo. Dessa forma, não seria razoável supor que o órgão de controle mobilize uma equipe
de auditoria para fiscalizar um contrato de compra de pão com um custo para o Estado de
quinhentos reais. A despeito de esse princípio ser seguido no âmbito do Tribunal de Contas
da União, não há dispositivo positivado a esse respeito.

No exemplo acima, a questão estaria incorreta, pois, como vimos, há previsão tanto
no Regimento Interno como na LOTCU para o assunto.

2.4 – PRINCÍPIO DA QUALIFICAÇÃO ADEQUADA


Os agentes de controle devem ter conhecimentos necessários e suficientes para o
desempenho da função, pois não se pode conceber que aqueles que tenham por função
controlar tenham menor qualificação que o controlado.
Por esse motivo, o Tribunal de Contas da União constantemente promove cursos de
especialização e qualificação para os seus analistas de controle externo.

2.5 – PRINCÍPIO DA ADERÊNCIA A DIRETRIZES E NORMAS


A ação dos agentes de controle deve ser feita por meio do fiel cumprimento das
diretrizes de política pública e do acatamento de leis e normas em geral.
Exemplificando:
O ACE não pode exigir aquilo que não está na norma. Assim, caso esteja ocorrendo
uma fiscalização em uma unidade gestora localizada na cidade de São Paulo, não pode o

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analista exigir que o gestor, ao fazer uma licitação na modalidade convite, chame 5
licitantes para participar do certame, sob a alegação de que a cidade de São Paulo é muito
grande e que, com certeza, há no mercado mais de 3 interessados em oferecer o bem para a
administração. Caso agisse dessa maneira, estaria ferindo a Lei de Licitações e Contratos.

3 – TIPOS DE CONTROLE
O caput do art. 70 da Constituição Federal nos apresenta 3 tipos de controle:
legalidade, legitimidade e economicidade.
O controle de legalidade baseia-se apenas no que está positivado, ou seja, leis,
regimentos, portarias etc. Entenda-se, portanto, como legalidade lato sensu. Quando
adotamos este controle, estamos apenas verificando se o ato produzido guarda ou não
consonância com algum dispositivo legal. Consiste em uma forma pouco eficiente de
controle.
Já no controle de legitimidade, pretende-se verificar se o ato administrativo atendeu
aos princípios e fins da norma jurídica. Nesse tipo de controle, o que interessa é averiguar
se a despesa pública foi direcionada ao bem comum. Comparativamente ao controle de
legalidade, este controle mostra-se mais eficiente.
Assim, quando se busca a legitimidade não se verifica apenas se a lei foi cumprida,
pretende-se verificar se o bem comum foi atingido. Dessa forma, mesmo que todos os
normativos legais para o gasto público sejam observados, não será legítima uma compra de
geladeira para um esquimó. Assim, nesse tolo exemplo, poderíamos ter um ato legal, mas
ilegítimo.
A economicidade consiste na relação entre o custo e o benefício. Nem tudo que é de
custo reduzido atende bem à coletividade. No âmbito da administração pública, por vezes,
por ter que comprar o produto mais barato, a fim de respeitar os ditames da Lei 8.666/1993,
o gestor compra certos produtos de pouca ou de nenhuma utilidade. Lembro-me que há
pouco tempo tive notícia de que certo órgão adquiriu canetas que não escreviam mais do
que meia dúzia de palavras. Considero que esta compra não tenha atingido ao princípio da
economicidade.
Cumpre ressaltar que a legitimidade e a economicidade estão ligadas ao MÉRITO
do ato.

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JÁ FOI PERGUNTADO!!!
Na prova de 2004 para o cargo de ACE, o Cespe abordou o assunto da seguinte
forma:
Nos termos da Constituição da República, pode o TCU, em certos casos, apreciar
elementos de discricionariedade envolvidos nos atos da administração pública e aspectos
ligados à gestão das respectivas entidades e ao desempenho das funções destas; não precisa
sempre ater-se unicamente à conformidade desses atos com as normas jurídicas aplicáveis,
sob o prisma da legalidade.
Pelos motivos acima expostos, percebemos que a questão está correta. Contudo,
quando formos estudar o Controle Externo na Constituição Federal, o tema será um pouco
mais aprofundado.

4 – MOMENTO DO EXERCÍCIO DO CONTROLE


Quanto ao momento, o controle pode ser dividido em prévio (ou preventivo),
concomitante (ou pari passu) e posterior (ou posteriori).
O controle prévio é aquele que é exercido antes de o ato adentrar ao mundo jurídico.
Assim, para que o ato se aperfeiçoe, faz-se necessário que o órgão controlador verifique a
sua legalidade. No nosso ordenamento jurídico, não mais encontramos o controle prévio na
acepção de conceder eficácia ao ato administrativo.
A Constituição Federal de 1946 previa, em seu art. 77, § 1º, que os contratos que,
por qualquer modo, interessassem à receita ou à despesa só se reputariam perfeitos depois
de registrados pelo Tribunal de Contas. A recusa do registro suspendia a execução do
contrato até que o Congresso Nacional se pronunciasse. Esse dispositivo não encontrou
guarida nem na Constituição de 1967 nem na atual Carta Política.
Nada obstante, ainda existe a possibilidade de o Tribunal de Contas da União, em
certos casos, realizar o controle de ato administrativo antes de o ato entrar no mundo
jurídico. Entretanto, deve ficar claro que, mesmo que isso venha a ocorrer, o controle do ato
não é condicionante para a sua eficácia.
Atualmente, a Instrução Normativa n.º 27/TCU, de 02/12/1998, ao tratar da forma
como o Tribunal vai atuar em processos de desestatização, prevê que a entidade
responsável pela licitação deve encaminhar o edital para verificação do Tribunal de Contas

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da União. Apesar de entender que estamos à frente de uma espécie de controle que está a
ocorrer antes de o ato entrar para o mundo jurídico, enxergo que não se trata de controle
prévio nos termos da Constituição de 1946. Chego a esta conclusão por entender que a falta
de apreciação do Tribunal ou uma apreciação a destempo não impedirá que o ato se
aperfeiçoe.
Questões quanto ao momento do controle já freqüentaram demasiadamente as
provas de concurso. Atualmente, verifico que os examinadores não estão mais dispostos a
cobrar este tema. Contudo, a título de exemplo, apresento a seguinte questão:

(TCE - RN /ESAF /2000) O controle externo da Administração Pública Federal,


especificamente no que concerne à fiscalização contábil, financeira e orçamentária, é
também exercido pelo Tribunal de Contas da União, ao qual, neste contexto, compete:
„ d) apreciar, para fim de registro prévio, os contratos administrativos; (falso)
Deixando de lado o controle prévio, passaremos a estudar o controle concomitante.
Essa forma de fiscalização caracteriza-se pelo controle ser efetuado ao mesmo momento em
que o ato está sendo praticado. Atualmente, o Regimento Interno do Tribunal apresenta em
seu art. 241 uma forma de controle concomitante, refiro-me ao instrumento de fiscalização
chamado acompanhamento. Para maior clareza do assunto, considero pertinente transcrever
o mencionado artigo.
“Art. 241. Acompanhamento é o instrumento de fiscalização utilizado pelo Tribunal
para:
I – examinar, ao longo de um período predeterminado, a legalidade e a
legitimidade dos atos de gestão dos responsáveis sujeitos a sua jurisdição, quanto ao
aspecto contábil, financeiro, orçamentário e patrimonial; e
II – avaliar, ao longo de um período predeterminado, o desempenho dos
órgãos e entidades jurisdicionadas, assim como dos sistemas, programas, projetos e
atividades governamentais, quanto aos aspectos de economicidade, eficiência e eficácia dos
atos praticados.”

Passemos, agora, para o controle posterior. Essa é a forma mais utilizada no


controle dos gastos públicos. Não há como o Tribunal fiscalizar todos os atos
administrativos na medida em que são praticados. Para que isso fosse possível, seria
necessário que o corpo técnico do Tribunal de Contas da União fosse dotado de milhares de
analistas. Assim sendo, o mais corriqueiro é a apreciação do ato após ele já ter sido
plenamente executado.

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5 – SISTEMAS DE CONTROLE EXTERNO

Na obra do professor Eduardo Lobo Botelho Gualazzi1, encontramos seis tipos, ou


modelos espécies de controle externo ou parlamentar. Para se determinar qual o tipo, o
eminente professor aponta alguns critérios preponderantes, a saber: a) grau de
independência do órgão de controle em relação ao Poder político (Parlamento ou Governo);
b) a composição estrutural do órgão; c) a amplitude das competências; d) a titularidade
eventual de funções jurisdicionais.
Os sistemas apresentados na citada obra são:
“1º) ANGLO-SAXÔNICO – difundido na Grã-Bretanha, nos Estados Unidos da
América, na República da Irlanda, em Israel e em outros Estados anglófonos da África e da
Ásia – é formado por um órgão monocrático (controlador geral, revisor), designado pelo
Parlamento e perante este responsável, coadjuvado em suas funções por um ofício revisonal
(hierarquicamente subordinado ao controlador geral);
2º) LATINO – adotado na Itália, França, Espanha, Bélgica, Romênia e por vários
Estados da África francófona – constitui-se de um órgão colegial, a que se atribuem
funções de controle (geralmente limitadas à legitimidade) e funções jurisdicionais, cabendo
a impulsão processual a um Procurador-Geral;
3º) GERMÂNICO – típico da Alemanha e da Áustria – com estrutura colegiada,
articula-se em ofícios, com pessoal revestido de garantias de independência judiciária;
porém exerce somente atribuições de controle, a que se acrescentam algumas de natureza
consultiva, em relação ao Parlamento e ao Governo;
4º) ESCANDINAVO – difundido nos países nórdicos da Europa – suas
competências são repartidas institucionalmente entre uma série de órgãos, entre os quais os
revisores parlamentares (nomeados em cada nova legislatura, em número aproximado de
cinco, com funções de controle sobre a execução do orçamento e sobre cada problema
levantado pelo Parlamento, em tal assunto) e o ofício de revisão (especificamente
competente para verificar a eficácia da atividade administrativa e para sugerir as
providências mais oportunas que se manifestem como imprescindíveis); na Suécia, a

1
Gualazzi, Eduardo Lobo Botelho, Ed. Revista dos Tribunais, São Paulo, !992

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atividade de controle sobre as finanças é parcialmente confiada ao Ombudsman; na
Dinamarca, opera um órgão colegial de coordenação e coligação entre os revisores
parlamentares e o ofício de revisão, para lograr-se rapidez e eficácia máximas no controle;
5º) LATINO-AMERICANO – difundido em toda a América Latina – as funções de
controle são exercidas por dois órgãos, distintos, Controladoria Geral e Tribunais de
Contas; em alguns Estados, como no Chile, Colômbia e Venezuela, falta o Tribunal de
Contas, ao passo que, no Brasil, inexiste a Controladoria Geral, motivo por que os
Tribunais de Contas do Brasil justificadamente assumem extrema relevância, no controle
legislativo ou parlamentar;
6º) SOCIALISTA - próprio dos ordenamentos jurídicos unipartidários e
centralizadores – nos Estados em que é adotado, observa-se a presença de um ofício de
controle, inserido na Administração Pública, cuja atividade limita-se a funcionar como
simples apoio às competências financeiras do órgão legislativo”.
A despeito da apresentação trazida pelo ilustre professor, em suma, podemos
perceber que, basicamente, nos Estados modernos, existem dois sistemas de controle da
Administração Pública: Tribunais e Controladorias.
Os TRIBUNAIS DE CONTAS são órgãos colegiados, ou seja, são compostos por
diversos membros. Assim sendo, as suas decisões, normalmente, são tomadas em conjunto,
precisa-se de uma maioria de vontades. Os membros que compõem a Corte no mais das
vezes são indicados pelo Parlamento e com mandato limitado (mais adiante veremos as
características do sistema brasileiro). Na maioria dos países que adotam este sistema, a
Corte de Contas é órgão autônomo, de natureza administrativa e auxilia o Poder Legislativo
na função de Controle Externo. Não obstante, encontramos em alguns países (normalmente
os africanos) ligados ao Poder Executivo e em outros (Portugal, Grécia e Angola) ligados
ao Poder Judiciário.
As CONTROLADORIAS são órgãos monocráticos e sofrem grande influência
anglo-saxônica. O controlador Geral exerce suas atividades em grande parceria com o
Parlamento, possuindo, normalmente, mandato limitado, mas de longa duração. Em geral as
Controladorias não possuem poder sancionador, funcionando mais como órgão consultivo
do Parlamento. Ao apurar irregularidades em suas fiscalizações e auditorias, recomendam
ao Poder Legislativo as ações que devem ser adotadas.

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Para uma otimização das ações de controle, as Entidades Fiscalizadoras Superiores
(Tribunais de Contas e Controladorias) vêm formando blocos com objetivo de trocar
experiências e conhecimentos nas áreas correlatas com suas atividades, tais como
fiscalizações e auditorias.
No início da década de 50, foi criada a International Organization of Supreme Audit
Institutions – INTOSAI, organização internacional reconhecida pelas nações unidas, a que
aderem instituições superiores de controle externo de mais de cento e quarenta países.
A finalidade precípua da INTOSAI é favorecer o intercâmbio de atividades ligadas à
área do controle das finanças públicas, mediante congressos internacionais, seminários,
grupos regionais de estudo entre outras atividades. A organização tem sede junto à Corte de
Contas da Áustria e os idiomas oficiais são inglês, francês, espanhol e alemão.
Blocos regionais de Entidades Fiscalizadoras Superiores também foram criados com
o mesmo objetivo, dos quais destacamos:
AFROSAI – the African Organization of Supreme Audit Instituitions
ARABOSAI – the Arab Organization of Supreme Audit Instituitions
ASOSAI – the Asian Organization of Supreme Audit Instituitions
CAROSAI – the Caribbean Organization of Supreme Audit Instituitions
EUROSAI – the European Organization of Supreme Audit Instituitions
SPASAI – the South Pacific Organization of Supreme Audit Instituitions
OLACEFS – the Latin American and Caribbean Organization of Supreme Audit
Instituitions
Por ser o Tribunal de Contas da União integrante da OLACEFS, consideramos
pertinente tecer breves comentários acerca desta organização.
A OLACEFS, organismo autônomo, independente e apolítico, reúne entidades
fiscalizadoras da América Latina e do Caribe e busca, por intermédio do intercâmbio de
experiências, tecnologias e idéias, o aperfeiçoamento dos conceitos e procedimentos de
controle governamental. Atualmente a organização conta com 20 países membros.

JÁ FOI PERGUNTADO

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Na prova para o cargo de analista de controle externo realizada no ano de 2004
apareceu a seguinte questão:
Os sistemas internacionais de controle externo têm em comum a circunstância de
que o órgão de controle é invariavelmente colegiado e ligado ao Poder Legislativo.
Como visto, a resposta é falso. No sistema de Controladorias temos órgãos
monocráticos. Além disso, verificamos que existem vários países que incluem seus órgãos
de controle externo em outros Poderes.

Ainda sobre Entidades Fiscalizadoras alienígenas, acreditamos ser interessante


trazer alguns comentários sobre o Tribunal de Contas Europeu.
O Tribunal de Contas Europeu controla a totalidade das receitas e despesas da
União e verifica se o orçamento da UE foi bem gerido. O Tribunal foi criado em 1977.
O Tribunal é composto por 15 membros, um de cada país da UE, nomeados pelo
Conselho por um período renovável de seis anos. Após o alargamento da UE, continuará a
existir um membro por país, mas, a fim de assegurar o bom funcionamento da instituição, o
Tribunal pode criar “secções” (compostas por um número restrito de membros) para a
adoção de certos tipos de relatórios ou pareceres.
Os membros do Tribunal devem ser pessoas que, nos seus países de origem, tenham
exercido funções em instituições de fiscalização externa ou possuam qualificações
específicas para essa função. A sua escolha é feita em função da sua competência e
independência. Trabalham exclusivamente para o Tribunal de Contas.
Os membros designam entre si o Presidente do Tribunal de Contas por um período
de três anos.
A principal missão do Tribunal é verificar a boa execução do orçamento da UE - ou
seja, examinar a legalidade e a regularidade das despesas e receitas e garantir a boa gestão
financeira. O Tribunal de Contas tenta garantir, deste modo, que o orçamento da UE seja
gerido de forma eficaz e transparente.
O trabalho de fiscalização do Tribunal é feito com base em documentos
provenientes de qualquer organismo que efetue a gestão de receitas ou despesas em nome
da UE. Se necessário, os auditores procedem a controles nas instalações desses organismos.

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Os resultados das auditorias são apresentados por escrito sob a forma de relatórios que
chamam a atenção da Comissão e dos Estados membros para eventuais problemas.
Uma das funções mais importantes do Tribunal é assistir a autoridade orçamental (o
Parlamento Europeu e o Conselho) apresentando-lhes um relatório anual sobre o exercício
financeiro precedente. As observações constantes do relatório anual desempenham um
papel muito importante na decisão do Parlamento aprovar ou não a execução do orçamento
por parte da Comissão.
O Tribunal de Contas trabalha com independência e decide livremente sobre a
organização e o calendário das suas auditorias, sobre a forma e o momento em que deve
apresentar as suas observações, bem como sobre a publicidade a dar aos seus relatórios e
pareceres.
O Tribunal de Contas não dispõe de poder jurisdicional próprio. Quando os
auditores detectam fraudes ou irregularidades, enviam as informações recolhidas o mais
rapidamente possível aos órgãos da UE competentes para que lhes seja dado o seguimento
adequado.
Caros alunos, nesse nosso primeiro encontro, verificamos o que é o controle, dando
especial ênfase na forma como ele é tratado na Administração Pública. Agora, já temos
condição de diferenciar o controle externo do controle interno. Foi verificado que não é só
o Tribunal de Contas da União que realiza o controle externo da Administração Pública.
Ainda tivemos a oportunidade de estudar os princípios que regem o controle: da
segregação das funções, da independência técnico-funcional, da relação custo/benefício, da
qualificação adequada e da aderência a diretrizes e normas.
Em seguida, verificamos os tipos de controle, oportunidade em que foi demonstrado
que, adotando a classificação prevista no caput do art. 70 da CF, temos os controles de
legalidade, legitimidade e economicidade.
Passamos então para o momento do exercício do controle: prévio, concomitante e
posterior. Lembrando que não mais existe no ordenamento pátrio a necessidade de se
registrar contrato administrativo para lhe dar eficácia.
Por fim, tivemos a oportunidade de conhecermos os Sistemas de Controle Externo.
Nesse momento verificamos que, tradicionalmente, podemos dividir o Sistema em
Tribunais de Contas e Controladorias.

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Assim, terminamos a nossa primeira aula. Espero que os estudos continuem sendo
priorizados.
Até breve!

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AULA 2: O MODELO DE CONTROLE EXTERNO NO BRASIL

Prosseguindo o nosso curso, apresento a vocês a nossa segunda aula. Nesse


encontro teremos a oportunidade de verificar como nasceu o Tribunal de Contas da União,
como foi o seu desenvolvimento ao longo da história, bem como trataremos do sistema de
controle externo pátrio.

1 – O MODELO DE CONTROLE EXTERNO NO BRASIL

O controle externo no Brasil nos modelos que nós temos hoje se iniciou logo após a
proclamação da República. No período colonial, apesar de algumas tentativas para a criação
de um órgão de controle da despesa pública, o mais próximo que se conseguiu alcançar foi
a criação do ERÁRIO RÉGIO, o qual tinha como principal atribuição fiscalizar a
arrecadação da receita. Logo após a proclamação da independência, o ERÁRIO RÉGIO foi
transformado no Tesouro pela Constituição monárquica de 1824, oportunidade em que
foram previstos os primeiros orçamentos e balanços gerais.
Na época do Império, tentou-se criar um Tribunal de Contas nos moldes que
conhecemos hoje. Em 23 de junho de 1826, com a iniciativa de Felisberto Caldeira Brandt,
Visconde de Barbacena, e de José Inácio Borges, foi apresentado no Senado do Império
projeto de lei nesse sentido. Entretanto, a nobre iniciativa não conseguiu, durante todo o
período imperial, sair do papel.
Somente com a Proclamação da República, a idéia, graças ao pensamento reformista
que figurava na época, pode se concretizar. Assim, por meio do Decreto 966-A, de
iniciativa do então Ministro da Fazenda Rui Barbosa, foi criado o Tribunal de Contas da
União. Já naquela época, o Tribunal baseava-se nos princípios da autonomia, fiscalização,
julgamento e vigilância.
A primeira constituição republicana concedeu status constitucional ao Tribunal de
Contas da União, apesar de tê-lo colocado nas Disposições Gerais e Transitórias, art. 89
daquela Carta.

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A instalação do Tribunal, entretanto, só ocorreu em 17 de janeiro de 1893, graças ao
empenho do Ministro da Fazenda do governo de Floriano Peixoto, Serzedello Corrêa.
Originariamente o Tribunal teve competência para exame, revisão e julgamento de
todas as operações relacionadas com a receita e a despesa da União. A fiscalização se fazia
pelo sistema de registro prévio. A Constituição de 1891, institucionalizou o Tribunal e
conferiu-lhe competências para liquidar as contas da receita e da despesa e verificar a sua
legalidade antes de serem prestadas ao Congresso Nacional.
Na Constituição de 1934, ao Tribunal de Contas da União foi reservada uma Seção,
dentro do Capítulo Dos Órgãos de Cooperação nas Atividades Governamentais. Assim,
percebe-se que o Tribunal ganhou uma maior relevância, na medida em que a Carta Política
concedeu-lhe um capítulo próprio. Foi, também, a primeira vez que a Constituição
apresentou competências específicas para o Tribunal de Contas da União. No art. 101, foi
positivado o controle prévio dos contratos administrativos e, no 102, havia expressa
disposição para o Tribunal emitir parecer prévio sobre as contas do Presidente da
República.
A Constituição seguinte, a de 1937, pouco falou acerca dos Tribunais de Contas,
apenas um artigo, deixando a sua regulamentação para os normativos infraconstitucionais
(Art. 114, § ÚNICO).
Importante anotar que a maioria dos doutrinadores considera que a Carta de 1937
colocou o TCU na esfera do Poder Judiciário.
A Constituição democrática de 1946, em seu art. 22, trouxe, pela primeira vez, a
expressão “com auxílio do Tribunal de Contas”. Quis aquela Carta Política deixar claro que
o responsável pelo Controle Externo, no âmbito federal, era o Congresso Nacional, que
seria exercido com o auxílio do TCU. A Carta de 1946 apresentava como competência da
Corte de Contas o julgamento da legalidade das concessões iniciais de aposentadoria,
reforma e pensões, bem como o julgamento das contas dos responsáveis por dinheiros e
outros bens públicos.
A carta de 1967 apresentou-se em moldes muito semelhante ao da atual
Constituição Federal. Essa Constituição acabou com a necessidade do controle prévio dos
contratos administrativos.

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Com relação à evolução histórica do Tribunal de Contas da União, não acredito que
a banca possa fazer perguntas sobre a competência do TCU em determinada época. Trago
essas informações acerca de sua evolução, para mostrar que não foi a Carta Política de 88
que criou o TCU. Abstraio desse tópico, como informação essencial, o fato de que a
competência do Tribunal para emitir parecer prévio nas contas do Presidente da República
remonta ao ano de 1934 e o fato de que o TCU já figurou na esfera do Poder Judiciário –
Carta de 1937. Importante também salientar que a Constituição de 1967 retirou a
competência da Corte de Contas de fazer o controle prévio dos contratos administrativos, a
fim de lhes conceder eficácia.

2 – O SISTEMA DE CONTROLE EXTERNO NO BRASIL

Como mencionado em nossa primeira aula, o Brasil adotou o Sistema de Tribunais


de Contas. Esse sistema é organizado da seguinte maneira:
9 1 Tribunal de Contas da União, com sede no Distrito Federal e representação em
todas as Unidades da Federação;
9 26 Tribunais de Contas Estaduais – 1 em cada Unidade da Federação;
9 4 Tribunais de Contas dos Municípios – localizados nos Estados da Bahia, Ceará,
Amazonas e Goiás; e
9 2 Tribunais de Contas Municipais – localizados nos Municípios de São Paulo e Rio
de Janeiro.
De início, é importante termos em mente que cada Tribunal de Contas possui suas
próprias competências, não existindo em nosso Sistema a possibilidade de uma Corte ser a
revisora de outra. Dessa forma, caso algum responsável seja condenado no âmbito de
algum Tribunal de Contas Estadual, ele não poderá recorrer desta condenação ao Tribunal
de Contas da União.
Então, como saberemos qual a Corte de Contas deve atuar em cada caso? É simples!
A regra geral é: o responsável pela fiscalização é o dono do recurso. Assim, caso esteja
sendo gasto um recurso da esfera federal, o Tribunal que irá atuar será o Tribunal de Contas
da União. Caso o recurso em questão seja do Governo do Estado do Rio Grande do Norte, o
TCE do RN será o responsável pela fiscalização.

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Agora que já sabemos como funciona a regra geral, vamos passar para as
especificidades.
De vez em quando, presenciamos na impressa notícias no sentido de que o Tribunal
de Contas da União condenou determinado prefeito municipal a restituir alguma verba mal
aplicada no âmbito do município. Será que isso é possível ou é alguma informação truncada
que nos é passada?
Realmente, isso é possível. Como anteriormente comentado, a regra geral diz que o
responsável pela fiscalização é o dono do dinheiro que foi gasto. Acontece que existe a
possibilidade de um ente da federação repassar a outro ente da federação recursos, de forma
voluntária, para que seja realizada alguma atividade de interesse recíproco, são as chamadas
transferências voluntárias, que estão previstas, dentre outros dispositivos, no art. 25 da Lei
Complementar 101/2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal. Cumpre acrescentar que as
transferências voluntárias são instrumentalizadas por meio de convênios, ajustes ou outros
instrumentos congêneres.
Assim, como foi a União que repassou voluntariamente recursos para o município,
nada mais justo que a União fiscalize a aplicação desses recursos. Como exemplo, podemos
citar a seguinte situação hipotética:
Com intuito de diminuir o problema do analfabetismo infantil, a União repassa,
VOLUNTARIAMENTE, a determinado município R$ 300.000, 00, para que o município
construa uma escola. Percebemos que tanto a União como o município têm como objetivo a
construção da escola e que o repasse da verba não está vinculado a nenhuma transferência
de recursos determinada pela CF ou por alguma Lei. (Em momento oportuno, vamos
verificar quem será o responsável pela fiscalização quando os recursos envolvidos se
referirem a transferências vinculadas a determinações legal ou constitucional).
Nesse sentido, podemos chegar a seguinte conclusão: o Tribunal de Contas da
União fiscaliza a aplicação dos recursos federais, sejam eles gastos diretamente ou por meio
de transferências voluntárias.
No âmbito estadual, o responsável pela fiscalização dos recursos é o Tribunal de
Contas Estadual. Contudo, incumbe, ainda, via de regra, aos TCE’s a fiscalização dos
recursos gastos pelos municípios. Como verificado no início deste tópico, somente em
quatro estados existe a figura dos Tribunais de Contas dos Municípios e, em apenas dois,

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existe o Tribunal de Contas Municipal. Assim, para preencher esta lacuna, compete ao
TCE’s fazer a fiscalização dos recursos gastos pelos municípios.
Dessa forma, com exceção dos estados que possuam Tribunais de Contas dos
Municípios, competirá ao TCE local a fiscalização tanto do dinheiro gasto no âmbito da
administração estadual como no âmbito municipal.
Exemplificando, compete ao Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina a
fiscalização dos recursos gastos com a despesa da Secretaria de Estado de Educação, com o
Tribunal de Justiça do Estado, entre outros. Compete, ainda, fiscalizar as despesas de todos
os municípios do Estado.
Já nos Estados que tenham Tribunais de Contas dos Municípios (TCDM), ao
Tribunal de Contas Estadual competirá fiscalizar apenas as despesas que tenham sido
efetuadas no âmbito estadual, ficando para o Tribunal de Contas do Município a
fiscalização dos recursos gastos no âmbito de todos os municípios. Assim, no estado de
Goiás, competirá ao TCDM a fiscalização dos municípios de Anápolis, Luziânia, Goiânia
etc.
Vale registrar que os Tribunais de Contas dos Municípios são órgãos ligados a
estrutura organizacional do Estado. Assim sendo, compete ao Governador do Estado
nomear os conselheiros que comporão o Tribunal.
No país, temos dois municípios que possuem Tribunais de Contas próprios. São
eles, Rio de Janeiro e São Paulo. Logo, a esses tribunais competirá apenas a fiscalização
desses dois municípios.
Necessário destacar que a Constituição Federal vedou, em seu art. 31, § 4°, a
criação de Tribunais ou Conselhos de Contas municipais. Assim, nenhum município pode
criar a sua própria Corte de Contas.
Ocorre que, por meio da ADIN 154, o STF já se posicionou no sentido de que
somente é vedado a criação de Tribunais de Contas na estrutura organizacional dos
municípios.
Como os Tribunais de Contas dos Municípios são órgãos que pertencem à estrutura
estadual, não há vedação para que sejam criados novos tribunais dessa espécie. O que o
constituinte originário quis vedar foi a criação de mais uma estrutura no âmbito municipal.
Não nos esqueçamos que no Brasil há uma cultura de grande politização dos municípios,

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aumentando este problema na medida em que diminuímos o tamanho dos municípios.
Assim, é bastante comum, no interior do Brasil, termos municípios bem pequenos, sendo
amplamente dominados por duas famílias. Assim, enquanto uma família governa, a outra
faz oposição. Com isso, poderíamos correr o risco de o órgão que tem a função de prestar
apoio técnico no exercício do Controle Externo ficar totalmente politizado.
Relembrando, então, segundo o STF, a criação de Tribunais de Contas dos
Municípios não fere o disposto no art. 31, § 4°, da CF. Já a criação de um Tribunal de
Contas Municipal seria inconstitucional.
Quanto ao art. 31 da CF, acredito interessante anotar três breves comentários antes
de prosseguirmos na matéria.
Os dois primeiro referem-se ao caput e ao § 2° do artigo 31, que possuem as
seguintes redações:
“Art. 31 - A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo
Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder
Executivo Municipal, na forma da lei.”
“§ 2 - O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito

deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da

Câmara Municipal.”

Na última prova para Analista de Controle Externo, a questão foi explorada da


seguinte maneira:
“De acordo com a Constituição Federal de 1988, a fiscalização contábil,
orçamentária, financeira, operacional e patrimonial do município será exercida pelo
Legislativo municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno dos
poderes Executivo e Legislativo municipais, na forma da lei. Assim, o parecer prévio,
emitido pelo órgão competente sobre as contas que o prefeito deve anualmente prestar, só
deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.”
Percebe-se que a questão está incorreta, pois o Controle Interno do Legislativo não
tem a incumbência de fiscalizar o município. Essa tarefa é afeta ao Controle Externo, que
será auxiliado pelo Controle Interno do Município. Quanto ao quorum para a derrubada do
parecer prévio, a questão está de acordo com o que prevê o art. 31, § 2°, da CF. Com
relação a esse quorum, importante anotar que essa é a maioria mais qualificada que a Carta

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apresenta. A razão disso deve-se ao fato da politização dos municípios, como anteriormente
mencionado. O que pretendeu o constituinte originário foi resguardar a tecnicidade do
parecer da Corte de Contas local, pois somente com 2/3 dos membros da Câmara Municipal
o parecer pode ser derrubado.
A terceira observação refere-se ao parágrafo terceiro do já citado art. 31, o qual
apresenta a seguinte redação:
“§ 3º - As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à
disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-
lhes a legitimidade, nos termos da lei.”
Com relação a esse dispositivo, o aluno deve ficar atento que o art. 49 da LRF
apresentou novo comando para a matéria, vejamos:
“Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão
disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico
responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições
da sociedade.”
Apesar da diferença nas duas redações, não vejo que uma possa prejudicar a outra.
A LRF apenas elasteceu o prazo fixado na CF. A respeito do tema, encontra-se tramitando
no Supremo Tribunal Federal diversas ações diretas de inconstitucionalidade que visam a
atacar a mencionada LRF.
Até a presente data, a eficácia do art. 49 está mantida. Dessa forma, para efeito de
prova, o aluno deve ficar atento se a questão refere-se a dispositivo constitucional ou
infraconstitucional, para poder responder a questão. Assim, cuidado com o assunto.
Prosseguindo com o Sistema de Controle Externo no Brasil, vamos estudar agora o
Tribunal de Contas do Distrito Federal.
O Distrito Federal é um ente sui generis em nosso ordenamento jurídico. Por não
ser dividido em municípios, exerce funções estaduais e municipais. Além disso, por força
de dispositivos constitucionais, recebe verbas da União para manter alguns de seus
serviços.
Apesar de o Distrito Federal não ser dividido em municípios, o que poderia sugerir
um controle direto de toda despesa da Administração do Distrito Federal pelo TCDF,
devemos ter em consideração que algumas despesas são custeadas com verbas da União.

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Com efeito, como mencionado no início deste tópico, precisamos verificar quem é o dono
do recurso para sabermos quem será o competente para fiscalizá-lo.
Seguindo orientação constitucional, temos que o art. 21, incisos XIII e XIV, da
Carta Política apresenta a seguinte redação:

“Art. 21 Compete à União:

XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria


Pública do Distrito Federal e dos Territórios;

XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar
do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a
execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio;(Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)”

Dessa forma, podemos perceber que à União vai competir a realização de algumas
atividades necessárias à organização e manutenção do Distrito Federal. Com efeito, como a
responsável pela despesa é a União, nada mais lógico do que ser o Tribunal de Contas da
União o responsável por essa fiscalização.
Para ratificar essa posição, o Tribunal de Contas da União, na Sessão Plenária de
16/06/2004, proferiu o Acórdão 739, que apresenta a seguinte ementa:
“Solicitação da Câmara dos Deputados. Informações acerca da competência para
apreciação das contas das Polícias Civil e Militar e do Corpo de Bombeiros do Distrito
Federal. Conhecimento. Competência do TCU. Encaminhamento das informações. Ciência
ao interessado. Arquivamento.
- Corpo de Bombeiros Militar do DF. Entidade afeta à competência do TCU.
Considerações.”
A matéria pode ser questionada da seguinte forma na prova:
‘Todos os órgãos integrantes da Administração Direta do Distrito Federal são
fiscalizados pelo TCDF.’
A resposta seria falsa, pois o Tribunal de Contas da União tem competência para
fiscalizar a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros do DF, além do Poder Judiciário, do
Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal e Territórios.

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Para finalizar o assunto relacionado ao Sistema de Controle Externo no Brasil,
importante anotar que a Constituição Federal não trouxe previsão para que possíveis
territórios venham a possuir Tribunais de Contas.
O Controle Externo dessas Autarquias Territoriais será, conforme disposto no art.
33, § 2°, feito com auxílio do Tribunal de Contas da União, o qual competirá emitir parecer
prévio sobre as contas do Governo do Território, as quais serão julgadas pelo Congresso
Nacional. Veja como a CF apresenta o assunto:

“Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios.

(...)

§ 2º - As contas do Governo do Território serão submetidas ao Congresso Nacional,


com parecer prévio do Tribunal de Contas da União.”

Essa matéria foi alvo do último concurso de Analista de Controle Externo, ocasião
em que foi efetuado o seguinte questionamento:
“Nos termos da Constituição Federal de 1988, o TCU pode apreciar contas de
governo de autarquia territorial e emitir parecer prévio.”
Facilmente, verificamos que é realmente essa a competência do Tribunal de Contas
da União, o que torna correta a assertiva.
Antes de passarmos para o próximo tópico, faz-se necessário esclarecer que as
transferências voluntárias que a União faz a outros entes de federação são, normalmente,
realizadas mediante uma contrapartida monetária por parte de quem está recebendo o
recurso. Assim, quando da celebração de um convênio, iremos ter tanto recursos federais
como locais. Dessa forma, seguindo a nossa regra geral, competirá tanto ao Tribunal de
Contas da União como ao Tribunal de Contas local a fiscalização das despesas efetuadas.
Quando ocorre esse tipo de situação, temos as chamadas competências concorrentes dos
órgãos de fiscalização.

3 – COMPOSIÇÃO DOS TRIBUNAIS DE CONTAS

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A Constituição Federal apresenta a forma como será composto o Tribunal de Contas
da União e disciplina que, no que couber, as disposições atinentes ao TCU serão aplicadas
aos demais Tribunais de Contas.
Na Carta de 88, a matéria foi tratada nos seguintes artigos: 52, III, ‘b’, 73 e 75 da
Constituição Federal, os quais apresentam as seguintes redações:
“Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
(...)
III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:
(...)
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da
República;”
“Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede
no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional,
exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96.
§ 1º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre
brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;
II - idoneidade moral e reputação ilibada;
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de
administração pública;
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional
que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.
§ 2º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos:
I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal,
sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao
Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antigüidade e
merecimento;
II - dois terços pelo Congresso Nacional.
§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias,
prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal

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de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do
art. 40. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 4º - O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e
impedimentos do titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de
juiz de Tribunal Regional Federal.”
“Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à
organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito
Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.
Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas
respectivos, que serão integrados por sete Conselheiros.”
Com relação aos Ministros do Tribunal de Contas da União, teremos aula própria
para tratar do assunto. Nesse momento, importo-me com a composição dos outros
Tribunais de Contas.
Como verificado acima, o art. 75 da CF estipulou que as Cortes de Contas estaduais
e municipais serão formadas por sete Conselheiros. Como o próprio art. 75 dispõe que a
essas Cortes se aplica, no que couber, o que a Constituição estatuiu para o Tribunal de
Contas da União, vale mencionar, então, que a indicação dos Conselheiros deve ser feita
pelo Chefe do Executivo local e pelo Poder Legislativo.
Com efeito, das sete vagas para as Corte de Contas, 3 são de escolha do Chefe do
Executivo e 4 de escolha do Poder Legislativo.
Reforço, mais uma vez, que, quando estudarmos a composição do Tribunal de
Contas da União, o tema vai ser completamente esgotado.

Pessoal, essa nossa segunda aula vai ficando por aqui. Por didática, entendo que não
devemos avançar em tópico novo nesse mesmo encontro, pois as matérias que serão
apresentadas em seguida são, segundo as melhores doutrinas, bastante polêmicas e, por
isso, merecem um encontro só para elas.
Nessa aula de hoje, tivemos a oportunidade de verificar como surgiu o Tribunal de
Contas da União e como as Cartas Políticas vêm apresentando a matéria.

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Em seguida, estudamos o Sistema de Controle Externo Pátrio, oportunidade que
percebemos a necessidade de se verificar a origem dos recursos para podermos saber qual a
Corte de Contas será a responsável por sua fiscalização.
Peço atenção para as competências do TCDF, pois, como visto, verificamos que
nem todas as despesas utilizadas para a manutenção do Distrito Federal são fiscalizadas
pelo TCDF.
Por fim, demos uma breve passada na forma de composição dos Tribunais de
Contas, pois, mais adiante, aprofundaremos o assunto.
Continuem estudando!

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AULA 3: POSIÇÃO INSTITUCIONAL DOS TRIBUNAIS
DE CONTAS

Dando continuidade ao nosso curso, vamos para o nosso terceiro encontro.


Conforme mencionei no final da aula passada, trataremos de dois temas por
demais controvertidos em nossa doutrina. Na aula de hoje, vamos estudar a posição
institucional dos Tribunais de Contas, bem como a natureza jurídica das decisões do
Tribunal de Contas da União.
Tenho percebido que, principalmente com relação à natureza jurídica das
decisões do Tribunal, a matéria vem, constantemente, freqüentando, os concursos
públicos.

1 – POSIÇÃO INSTITUCIONAL DOS TRIBUNAIS DE CONTAS

Conforme vimos em nossa primeira aula, o Tribunal de Contas da União já


figurou no âmbito do Poder Judiciário, Constituição de 1937. Apesar de não entender
que aquela Carta Política deixou suficientemente claro que o Tribunal de Contas da
União deveria figurar no âmbito do Poder Judiciário, rendo-me a maioria da doutrina
que enquadra o Tribunal no seio daquele Poder. A minha parcial discordância se baseia
no fato de que a Carta de 1937, apesar de colocar o Poder Judiciário e o Tribunal de
Contas da União no mesmo Título, eles se apresentam em Capítulos diferentes, o que,
em minha opinião, permite dupla interpretação.
O objeto de nossa aula não é fazer um levantamento de onde figurou o Tribunal
de Contas da União no passado e sim tentar enquadrá-lo segundo o ordenamento
jurídico ora vigente no país.
Na introdução da presente aula, mencionei que o tema não encontrava
unanimidade em nossa doutrina, para provar esse fato, descrevo, a seguir, passagens de
alguns autores acerca do assunto, para depois me posicionar.
Para Rui Barbosa, “é um Tribunal sui generis, possui corpo de magistratura
intermediária à administração e à legislatura”.

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Jarbas Maranhão apresenta a seguinte descrição: “é um instituto sui generis,
posto de permeio entre os Poderes políticos da nação, o Legislativo e o Executivo, sem
sujeição, porém a qualquer deles”.
Para Celso de Mello, “o Tribunal de Contas, em nosso sistema, é um conjunto
orgânico perfeitamente autônomo.”
Já a administrativista Odete Medauar considera que “sua natureza, em razão das
próprias normas da Constituição é a de órgão independente, desvinculado da estrutura
de qualquer dos três poderes. A nosso ver, por conseguinte, o Tribunal de Contas
configura instituição estatal independente”.
Antes de adentrarmos ao tema, devemos ter em mente que o controle externo da
administração pública é função afeta ao PODER LEGISLATIVO, que a exerce com o
auxílio do tribunal de contas. Auxilia, exercendo uma função, não assessorando, nem se
submetendo a qualquer dos Poderes. (art. 71da CF).
Polêmica questão que circunda a nossa matéria diz respeito à subordinação do
Tribunal de Contas da União ao Congresso Nacional. Alguns autores consideram, no
meu ponto de vista de forma equivocada, que o TCU, por ser auxiliar do Congresso
Nacional na função do controle externo, a ele estaria subordinado.
Não entendo que todos que auxiliam devem estar subordinados. Trago como
exemplo as funções de cirurgião e anestesista. Ambos são formados em medicina e são
necessários para o sucesso de qualquer operação. Entendo que estão subordinados ao
médico os enfermeiros, os auxiliares de enfermagem, os instrumentistas etc. Não
considero que o anestesista esteja subordinado ao cirurgião, já que é figura essencial na
cirurgia. O que ocorre é que o anestesista possui uma função auxiliar a do cirurgião, ou
seja, auxilia sem estar subordinado.
Da mesma forma temos o Tribunal de Contas da União e o Congresso Nacional.
Ambos têm, de acordo com a nossa Constituição, funções específicas na função controle
externo. Aquele auxilia este sem subordinação. Daqui já podemos tirar uma importante
lição para a nossa prova.
Considerando que é o Tribunal de Contas da União que auxilia o Congresso
Nacional e não o contrário, temos que a função do controle externo, segundo a nossa
Constituição, pertence ao Congresso Nacional e não ao TCU.
Esse tema gosta de freqüentar as nossas provas, já sendo cobrado da seguinte
forma:
(TCU – CESPE – UNB/1996) O Tribunal de Contas da União:

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exerce a função de controle externo da Administração Federal, conforme
previsto na CF.
A banca considerou a assertiva incorreta. No meu sentir, agiu de forma correta a
banca, pois conforme acabamos de mencionar, a função de controle externo é do
Congresso Nacional, que a exerce com auxílio do Tribunal de Contas da União.
Antes de definirmos a posição institucional dos Tribunais de Contas, tomando
como paradigma o TCU, temos que ter em mente que esses órgãos são independentes e
autônomos.
São independentes porque a própria Constituição atribui ao Tribunal de Contas
da União competências próprias e privativas, artigos 33, § 2°, e 71. Não podemos
jamais nos esquecer de que as competências da Corte de Contas não são delegadas pelo
Congresso Nacional.
Quanto à autonomia do Tribunal de Contas da União, ela se faz presente pela
possibilidade de o TCU ditar a forma como pretende atuar para o cumprimento de sua
missão constitucional, pelo fato de possuir orçamento próprio, bem como por ter
iniciativa de lei para definir o plano de cargos e salários de seus servidores, entre outras
atribuições. Essa autonomia encontra guarida na Constituição Federal, ao combinarmos
os artigos 73 e 96 da Carta Política.
Com relação a esse tema, considero pertinente anotar que o Plenário do Supremo
Tribunal Federal se posicionou da seguinte forma: “o Tribunal de Contas da União não
é preposto do Legislativo. A função que exerce recebe diretamente da Constituição
Federal, que lhe define as atribuições”.
Agora que já sabemos que, segundo a CF, a função de controle externo pertence
ao Congresso Nacional, que a exerce com o auxílio do Tribunal de Contas da União,
apesar de este órgão não ser subordinado àquele e que o TCU é órgão independente e
autônomo, podemos, então verificar qual a sua posição institucional.
Quando queremos definir a posição institucional de determinado órgão, o que
pretendemos na verdade é colocá-lo na ESTRUTURA de determinado Poder. Isso não
quer dizer que todos os órgãos integrantes de determinado Poder devem exercer as
mesmas funções.
A Constituição Federal registra em seu art. 2° que são Poderes da União,
harmônicos e independentes entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Ao trazer
essa definição, o que pretendia o constituinte originário era dizer que a União, para
atingir os seus fins, terá esses três Poderes. Entendo que esses três Poderes podem ser

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compreendidos como as funções que a União deve exercer para atingir seus objetivos.
Assim sendo, temos que qualquer dos três Poderes exerce funções típicas de outros
Poderes. Assim, quando o Executivo edita uma medida Provisória está, naquele ato
específico exercendo a função legislativa. Com efeito, o que temos que levar em
consideração é a função precípua que cada Poder realiza, pois, como vimos, todos os
Poderes exercem funções dos demais.
Entendo que ocorre, por parte de alguns doutrinadores, uma vontade exagerada
de definir a que Poder determinado órgão pertence. Acredito que a nossa Constituição
realizou de forma organizacional uma divisão de Poderes. Isso não importa falar que
todos os órgãos que foram inseridos em determinado Poder devem somente realizar a
funções inerentes àquele Poder.
Nessa linha de raciocínio, entendo que o Tribunal de Contas da União exerce
funções dos três Poderes, apesar de não realizar, de forma precípua, nenhuma delas, o
que dificulta dizer a qual dos Poderes o TCU pertence.
Não tenho a pretensão de defender uma tese acerca da posição institucional dos
Tribunais de Contas em nosso curso de preparação para concurso público. Entendo que
nossa abordagem deva ser mais objetiva, direcionada para as provas. Nesse sentido, o
que considero importante é demonstrar como o nosso ordenamento jurídico vem
evoluindo com relação ao tema.
De plano, destaco que ORGANIZACIONALMENTE entendo que o Tribunal de
Contas da União está inserido na ESTRUTURA do Poder Legislativo. Chego a essa
conclusão por dois caminhos diferentes.
O primeiro vem de uma leitura bastante atenta da Constituição Federal. O nosso
ordenamento jurídico, de forma geral, apresenta as seguintes divisões: Livros, Títulos,
Capítulos e Seções.
A Constituição de 88 foi toda estruturada em um único Livro. Geralmente, os
códigos são divididos por Livros, a exemplo do Código de Processo Civil e do Código
Civil.
Assim, para melhor compreensão da posição institucional dos tribunais de
contas, vamos partir da maior divisão encontrada na CF, ou seja, os Títulos.
A Constituição está assim estruturada:
TÍTULO I – Dos Princípios Fundamentais
TÍTULO II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais
TÍTULO III – Da Organização do Estado

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TÍTULO IV – Da Organização dos Poderes
Para o nosso trabalho, o que nos interessa é o Título IV, o qual está dividido da
seguinte maneira:
CAPÍTULO I – Do Poder Legislativo
CAPÍTULO II – Do Poder Executivo
CAPÍTULO III – Do Poder Judiciário
CAPÍTULO IV – Das Funções Essenciais à Justiça.
Considerando que o nosso estudo está voltado para o Poder Legislativo, uma vez
que considero que o Tribunal de Contas da União está inserido na estrutura
organizacional daquele Poder, irei, por enquanto, desprezar os demais Capítulos do
Título IV.
Dentro do Capítulo I – Do Poder Legislativo, encontramos a Seção IX, que trata
da Fiscalização, Contábil, Financeira e Orçamentária. Nessa Seção, temos que o
controle externo será exercido pelo Congresso Nacional, com auxilio do Tribunal de
Contas da União. Dessa forma, concluo que, ao definir a competência do TCU em
Seção destinada ao Poder Legislativo, o constituinte originário objetivou, ao menos
organizacionalmente, colocar a Corte de Contas no seio daquele Poder.
Nesse mesmo raciocínio, entendo que o Ministério Público não integra nem
organizacionalmente qualquer dos três Poderes.
Retornando ao Título IV da CF – Da Organização dos Poderes, podemos notar
que o constituinte originário não colocou o Ministério Público na estrutura de nenhum
dos Poderes, uma vez que o inclui no Capítulo IV (Das Funções Essenciais à Justiça)
daquele Título. Assim, acredito que o Ministério Público, ao contrário do TCU não está
ligado a qualquer dos Poderes.
O segundo caminho que me leva a inserir o Tribunal de Contas da União na
estrutura organizacional do Poder Legislativo leva em consideração a Lei
Complementar 101\2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal. O art. 1°, § 3°, dessa Lei
dispõe que:

Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas


para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da
Constituição.
(...)
§ 3o Nas referências:

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I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão
compreendidos:
a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais de
Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público;
b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e
empresas estatais dependentes;
II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal;
III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da União,
Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de Contas dos Municípios e
Tribunal de Contas do Município.

Pela simples leitura do dispositivo, podemos notar que o legislador teve a


intenção de dizer que os Tribunais de Contas encontram-se na estrutura do Poder
Legislativo.
Mais uma vez, a tese de que o Ministério Público não integra qualquer dos
Poderes também se confirma, pois o legislador trata o MP como estrutura independente.
Pelo exposto, por qualquer dos dois caminhos, podemos concluir que os
Tribunais de Contas estão organizacionalmente ligados à estrutura do Poder Legislativo
e que o Ministério Público não integra qualquer dos Poderes.
Para encerrar este polêmico assunto, nunca é demais lembrar que o titular do
controle externo, segundo a nossa Constituição, é o Congresso Nacional, o qual é
auxiliado pelo Tribunal de Contas da União para o cumprimento dessa missão.
Importante lembrar que as competências para o exercício do controle, tanto para
o Congresso Nacional, como para o Tribunal de Contas da União, vêm da própria
Constituição, sendo que existem competências privativas do Congresso Nacional, como
no caso do Julgamento das contas do Presidente da República, e outras privativas do
Tribunal de Contas da União, como a de julgar as contas de gestão dos administradores
públicos. Devemos lembrar, ainda, que existem algumas competências comuns às duas
Casas, como no caso da fiscalização de despesa irregular de que trata o art. 72 da CF.
Esse tema já foi abordado pela Esaf na prova de 2002 da seguinte forma:
O controle externo no Brasil, quanto à fiscalização contábil, financeira e
orçamentária da Administração Pública Federal, atualmente, comporta atividades
diversificadas, compreendidas na competência privativas umas do Congresso Nacional,

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outras do Tribunal de Contas da União e algumas delas com a participação conjugada de
ambos esses órgãos.
Pelo que estudamos, podemos perceber que a questão está correta.

2 – NATUREZA JURÍDICA DAS DECISÕES DOS TRIBUNAIS DE


CONTAS
Mais uma vez, como mencionado na introdução desta aula, estamos à frente de
matéria polêmica. Parte da doutrina entende que a natureza jurídica das decisões das
Cortes de Contas é judicante, enquanto a outra parte entende que a natureza é
administrativa. Logo de início, posiciono-me. Entendo que a natureza jurídica das
decisões dos Tribunais de Contas é administrativa. Acrescento que a maioria da
doutrina possui este entendimento.
Apesar de entender que a natureza das decisões é administrativa, necessito expor
os motivos que levam ambas as correntes a chegarem às suas conclusões. Devemos nos
lembrar que questões subjetivas são uma realidade nos concursos para as Cortes de
Contas e essas podem solicitar que o aluno discorra sobre o tema.
Antes de adentrar a esse tópico específico, quero apresentar a vocês as funções
básicas exercidas pelo Tribunal de Contas da União. São elas:
„ Fiscalizadora; „ Corretiva;
„ Consultiva; „ Normativa;
„ Informativa; „ Sancionadora;
„ Judicante; „ Ouvidoria.
„ Pedagógica;
A função fiscalizadora é exercida quando o Tribunal, no uso de suas
competências constitucionais, fiscaliza a atividade dos administradores públicos. O
Regimento Interno da Corte de Contas apresenta os seguintes modos de fiscalização:
levantamento, auditoria, inspeção, monitoramento e acompanhamento. Em momento
oportuno, vamos detalhar cada uma delas.
A função consultiva encontra guarida tanto na Lei Orgânica do TCU como em
seu Regimento Interno e consiste na faculdade de algumas autoridades consultarem, em
tese, a Corte de Contas.
A função informativa, com previsão constitucional, consiste no dever de o TCU,
como órgão auxiliar do Congresso Nacional, informar, quando solicitado, aquele órgão
o andamento de trabalhos executados no âmbito da Corte de Contas.

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A função judicante é praticada pelo TCU ao julgar as contas de gestão dos
administradores públicos.
A função pedagógica é exercida quando o Tribunal orienta os gestores acerca da
forma correta de aplicação da lei, com objetivo de não ser praticada nenhuma
irregularidade.
A função corretiva se dá quando o Tribunal, ao constatar algum descumprimento
à norma legal, assina prazo para a sua correção.
A função normativa decorre da possibilidade de a Corte de Contas editar normas
para os seus jurisdicionados em matéria de sua competência.
Quando a própria Constituição faculta ao Tribunal de Contas da União a
possibilidade de, ante a constatação de ilegalidade ou irregularidade, aplicar sanção aos
gestores, o Tribunal está exercendo a função sancionadora.
Por fim, a função de ouvidoria possibilita que o Tribunal de Contas da União
atenda a população quanto às suas reclamações, sejam em decorrência de má utilização
de recursos públicos, sejam em decorrência de conduta inadequada de seus servidores.
Agora que já sabemos quais as principais funções exercidas pelo Tribunal de
Contas da União, podemos verificar qual a natureza jurídica de suas decisões. Antes de
prosseguir, só quero acrescentar que essas funções serão mais detalhadas ao longo de
nosso curso.
Conforme mencionado no início deste tópico, a doutrina se divide, quanto à
natureza jurídica da Corte de Contas judicante e administrativa.
Defendem a natureza judicante Pontes de Miranda, Seabra Fagundes e Jorge
Ulisses Jacoby Fernandes. Apesar de ser um grande admirador das obras desse ilustres
doutrinadores, peço vênias para dissentir deles nesse assunto.
Antes de aprofundarmos na discussão, considero importante esclarecer o que
seja a natureza judicante.
Uma decisão judicante não é necessariamente originária do Poder Judiciário. A
decisão judicante se caracteriza pelo fato de dizer definitivamente o direito, mesmo que
seja advinda de órgão que não seja integrante do Poder Judiciário.
Certos países adotam o chamado contencioso administrativo. Por esse sistema,
um órgão administrativo pode ter a competência de dar a última palavra em algumas
questões de interesse da Administração Pública.
Os defensores da tese de que a natureza jurídica das decisões dos Tribunais de
Contas é judicante baseiam-se, principalmente, no fato de que a Constituição concedeu

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às Cortes de Contas a competência privativa de julgar as contas dos administradores.
Ademais, entendem que, ao julgar as contas, a Corte está proferindo a última palavra
com relação à gestão do administrador público. Após a manifestação do Tribunal,
ninguém mais pode dizer se houve ou não irregularidade em determinada gestão, salvo
o próprio Tribunal que proferiu o julgamento.
Cumpre acrescentar que, conforme anteriormente demonstrado, a Corte de
Contas possui várias funções básicas, sendo somente uma delas a judicante. Logo,
somente quando o Tribunal está realizando a sua competência constitucional de julgar
as contas dos administradores é que a natureza jurídica de suas decisões seria judicante.
Os defensores dessa teoria apregoam que não é somente o Poder Judiciário que
possui a função judicante. Como exemplo, trazem a possibilidade de o Congresso
Nacional julgar o Presidente da República nos crimes de responsabilidade. Defendem
que esse julgamento possui natureza estritamente judicante, pois é, inclusive, presidido
pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal. Dessa forma, quando a Constituição
concede a algum órgão competência privativa para julgar, fica claro, na opinião
daqueles doutrinadores, que o constituinte concedeu natureza judicante às decisões dos
órgãos com competência para o julgamento.
Esses são os motivos dos doutrinadores que defendem a natureza judicante às
decisões dos Tribunais de Contas, quando essas Cortes estão no exercício da
competência constitucional de julgar as contas dos administradores públicos.
A seguinte passagem do Conselheiro do Tribunal de Contas do Distrito Federal,
Prof. Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, ilustra bem essa tese (in Tribunais de Contas do
Brasil – Jurisdição e Competência. Belo Horizonte: Fórum, 1° ed., 2003, pp 123 e 124):
“A Constituição Federal admitiu expressamente várias exceções a esse
decantado monopólio absoluto do Poder Judiciário, como será visto adiante, em outros
casos, o constituinte não excluiu expressamente o direito de ação perante esse poder,
mas declinou a competência para julgar a órgão que não o integra expressamente.
Assim, procedeu nesse breve elenco:
• Contas prestadas pelo presidente da República (competência exclusiva
do Congresso Nacional);
• O presidente e o vice-presidente da República, nos crimes de
responsabilidade, e os ministros de Estado, nos crimes da mesma
natureza, conexos com aqueles (competência privativa do Senado
Federal);

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• Contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e
valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as
fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo poder público
federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra
irregularidade de que resulte prejuízo ao erário (competência do
Tribunal de Contas da União).”
Em seguida, o mesmo autor assevera que:
“Em recente estudo, Raimundo de Menezes Vieira assinala que ‘a segunda
hipótese’ – referindo-se à exceção ao monopólio jurisdicional do poder Judiciário – ‘se
refere às decisões dos Tribunais de Contas de que resulte imputação de débito ou
multa, em razão do julgamento da regularidade das contas dos administradores e
demais responsáveis por bens e valores ou aplicação de bens ou fundos públicos...”
Uma vez visto a corrente que defende a natureza judicante das decisões das
Corte de Contas, passemos agora ao estudo da corrente que defende a natureza
administrativa.
Os que defendem a natureza administrativa (Valdecir Pascoal; José Cretella Jr.;
José Afonso da Silva e Odete Medauar) entendem que o ordenamento jurídico pátrio,
partindo do preconizado no inciso XXXV do artigo 5° da Constituição Federal, adotou
o sistema de monopólio da tutela jurisdicional pelo Poder Judiciário. Assim, consideram
que as decisões adotadas pelos Tribunais de Contas estão sujeitas ao controle
jurisdicional.
A posição dominante na doutrina é que o Brasil não adotou o chamado
contencioso administrativo. Dessa forma, todas as decisões tomadas fora do âmbito do
Poder Judiciário podem ser por este revistas, o que afasta a hipótese de as decisões dos
Tribunais de Contas terem natureza judicante.
Como mencionado no início deste tópico, filio-me à parte da doutrina que
defende a natureza administrativa. Tenho esse entendimento baseado não somente nos
fatos apontados pelo ilustres doutrinadores aqui apontados, mas também pelos motivos
que passo a expor.
Cumpre deixar claro que o Poder Judiciário não pode rever por completo as
decisões das Cortes de Contas. A Constituição Federal concedeu competência própria e
privativa para que os Tribunais de Contas julguem as contas de gestão dos
administradores públicos. Nesse sentido, nenhum outro órgão ou Poder pode fazer as
vezes dos Tribunais de Contas nessa missão.

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Assim, quanto ao mérito da gestão de determinado administrador, somente as
Cortes de Conta têm competência para se pronunciar. Dessa maneira, não cabe ao Poder
Judiciário rever o mérito do que foi apreciado pelos Tribunais de Contas. Ao Poder
Judiciário somente caberá a verificação se houve, por ocasião do julgamento das contas,
o cometimento de alguma ilegalidade. O que, em essencial, é questionado na Justiça é
se foram obserados os princípios do contraditório e da ampla defesa, preceitos
garantidos pelos incisos LIV e LV do artigo 5° da Constituição.
De forma semelhante, ocorre com a apreciação do ato administrativo por parte
do Poder Judiciário. Pela doutrina do saudoso Prof. Hely Lopes Meirelles, são requisitos
do ato administrativo a competência, a forma, a finalidade, o motivo e o objeto. Em
geral, o Poder Judiciário não pode apreciar os requisitos relacionados à
discricionariedade do ato, ou seja, o motivo e o objeto ficam afastados da apreciação.
Pela similaridade do poder revisional que ocorre com os atos administrativos,
entendo que as decisões dos Tribunais de Contas possuem natureza administrativa.
O mais importante para o nosso curso é que as bancas de concurso vêm
entendendo que a natureza jurídica das decisões dos Tribunais de Contas é
ADMINISTRATIVA.
Nesse sentido, apresento as seguintes questões cobradas em provas anteriores:
O Tribunal de Contas da União tem a natureza jurídica de um órgão (ESAF
ACE/2002)
a) legislativo
b) judicante
c) administrativo
d) essencial à função judicante
e) essencial à função legislativa
A banca deu como resposta correta a alternativa C.

(AGU-99) O TCU possui função:


(1) judiciária, por ser órgão de controle, e administrativa, por ser órgão de
controle auxiliar do Executivo.
(2) administrativa, por ser órgão auxiliar do Legislativo.
(3) administrativa e judiciária, por ser órgão auxiliar do Judiciário.
(4) judiciária, por julgar as contas da União.
(5) administrativa, por ser órgão de controle interno do Judiciário.

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Para essa questão, a banca considerou como correta somente a assertiva 2.

Prosseguindo, considero bastante importante acrescentar que, apesar de as


decisões dos Tribunais de Contas estarem sujeitas ao controle jurisdicional, não cabe
recurso ao Poder Judiciário das decisões emanadas das Cortes de Contas.
A revisão da decisão pelo Poder Judiciário é realizada por uma ação autônoma,
normalmente por meio de mandado de segurança impetrado no Supremo Tribunal
Federal. Ação autônoma é diferente de recurso, pois o recurso pressupõe que o mesmo
processo seja reapreciado pelo mesmo tribunal ou por tribunal superior, o que não
ocorre no caso de revisão jurisdicional pelo Poder Judiciário das decisões dos Tribunais
de Contas.
Questão nesse sentido foi cobrada na prova de 1999 para o cargo de Analista de
Controle Externo do Tribunal de Contas da União.
(TCU-ESAF\1999) As decisões do Tribunal de Contas da União, no uso da
competência que lhe confere a Constituição, no atinente às suas funções institucionais
de controle externo da Administração Pública Federal, de um modo geral, são:
a) irrecorríveis;
b) insusceptíveis de reapreciação em sede judicial pelo Poder Judiciário;
c) recorríveis, mas apenas para o próprio TCU;
d) recorríveis, para o Congresso Nacional, do qual ele é órgão auxiliar;
e) recorríveis, extraordinariamente, para o Supremo Tribunal Federal;
A resposta que a banca considerou como correta foi a letra ‘c’. Das decisões das
Corte de Contas só cabe recurso direcionado à própria Corte que proferiu o julgamento.
A questão relacionada à natureza jurídica das decisões dos Tribunais de Contas é
tão complexa que a Prof.ª Maria Sylia Zanella Di Pietro (in Coisa Julgada –
Aplicabilidade das Decisões do Tribunal de Contas da União. Revista do TCU, v. 27, p.
23. out;dez 1996) entende que as decisões das Corte de Contas se colocam em posição
intermediária entre as naturezas judicante e administrativa:
“Todos os aspectos do ato que envolvam legalidade podem ser apreciados pelo
Poder Judiciário, sob pena de ofensa ao artigo 5° ,inciso XXXV, da constituição. E
sabe-se que, hoje, o controle exercido pelo Poder Judiciário é muito mais amplo, em
virtude da própria amplitude que adquiriu o princípio da legalidade. Este deixou de ser
visto em seu aspecto puramente formal, para ser encarado também no seu aspecto
material, em que se exige a vinculação das leis aos ideais de justiça, com todos os

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valores e princípios assegurados implícita ou explicitamente na Constituição, já a
partir do preâmbulo. Pode-se afirmar que a decisão do Tribunal de Contas, se não se
iguala à decisão jurisdicional, porque está também sujeita ao controle pelo Poder
Judiciário, também não se identifica com a função puramente administrativa. Ela se
coloca a meio caminho entre uma e outra. Ela tem fundamento constitucional e se
sobrepõe à decisão das autoridades administrativas, qualquer que seja o nível em que
se insiram na hierarquia da Administração Pública, mesmo no nível máximo da chefia
do Poder Executivo.”
De todo o exposto, podemos concluir, também, que as decisões das Cortes de
Contas vinculam a Administração Pública, que deverá cumprir as deliberações dos
Tribunais de Contas. Dessa deliberação, caso o administrador se sinta prejudicado,
caberá recurso ao próprio Tribunal que a proferiu. Pode, ainda, o administrador
ingressar com ação própria junto ao Poder Judiciário, a fim de desconstituir a decisão da
Corte de Contas.
Assim, chegamos ao final de mais um encontro. Na aula de hoje tivemos a
oportunidade de verificar dois temas bastante polêmicos: a posição institucional dos
Tribunais de Contas e a natureza jurídica das decisões das Corte de Contas.
Com relação ao primeiro tópico, apesar de toda discussão que a doutrina
apresenta, defendo a posição que as Cortes de Contas encontram-se, ao menos,
ORGANIZACINALMENTE, ligadas à estrutura do Poder Legislativo.
Já com relação à natureza jurídica das decisões das Cortes de Contas, verifico
que a doutrina se divide em judicante e administrativa, sendo que esta última posição
ganha a adesão da maioria dos doutrinadores e das bancas de concurso.
No próximo encontro, vamos começar a estudar os aspectos constitucionais do
Controle Externo, com maior ênfase às competências do Tribunal de Contas da União.
Continuem estudando.
Até breve!

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AULA 4: ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DO CONTROLE
EXTERNO

OLÁ MANO,

O quarto e o quinto encontros serão destinados ao estudo dos aspectos


constitucionais do controle externo, com ênfase nas competências do Tribunal de
Contas da União.
Peço especial atenção para esses encontros, pois, em média, 30% das questões
de provas mais recentes para o cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal de
Contas da União foram relacionadas ao tema dessas duas próximas aulas.
Antes de iniciarmos a nossa aula, considero importante salientar que a matéria
tratada nesses dois encontros será aprofundada ao longo do nosso curso.

1 – O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO EM NOSSO


ORDENAMENTO JURÍDICO

Sempre que trato desse assunto em sala de aula, os alunos me questionam a


forma correta de estudar para o concurso, querem saber o que precisam ler: a
Constituição, a Lei Orgânica ou o Regimento Interno?
A Constituição Federal é a base de todo nosso ordenamento jurídico. Dessa
forma, todas as leis devem se apresentar em consonância com o que dispõe a
Constituição, por isso ela também é chamada de Lei Maior.
Ocorre que uma única peça jurídica não tem como disciplinar todas as situações
de um Estado. Com efeito, cumpre à Constituição ser a peça orientadora das demais
normas desse Estado. Por esse motivo, em geral, as normas constitucionais necessitam
ser regulamentadas por meio de leis, sejam essas ordinárias ou complementares.
Nesse sentido, temos os normativos que regem o controle externo no Brasil. A
Constituição da República dedica ao tema uma Seção dentro do Capítulo que trata da
Organização dos Poderes. São apenas seis artigos – 70 ao 75 – disciplinando o assunto.
Fica claro que não é possível esgotar todas as questões relacionadas ao controle externo
em apenas seis artigos. Pretendeu o constituinte dar, apenas, o norte para que o
legislador infraconstitucional pudesse melhor disciplinar a matéria.

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Seguindo essa orientação, foi editada em 16 de julho de 1992, a Lei Orgânica do
Tribunal de Contas da União (LOTCU). Esse normativo já se apresenta de forma bem
mais completa, regulamentando a matéria constitucional ao longo de seus 113 artigos.
Apesar de aprofundar o tema, a LOTCU não é suficiente para esgotar o assunto,
ficando para normativo infralegal essa tarefa. Para tanto, foi editado o Regimento
Interno do Tribunal de Contas da União (RITCU), que, em seus 299 artigos, esmiúça
bastante o assunto. Entretanto, existem matérias que não têm como ser tratadas no
Regimento Interno. Assim sendo, existem diversos outros normativos internos que têm
como função preencher as lacunas deixadas.
Agora, que já temos uma noção de como está disposto o controle externo, em
especial as competências do Tribunal de Contas da União, em nosso ordenamento
jurídico, vamos tentar responder a pergunta levantada no início deste tópico: o que é
necessário ler para o concurso? O melhor é ler os três (Constituição, LOTCU e RITCU).
Os normativos infraregimentais, em tese, não são solicitados no edital do concurso.
Acontece que nem sempre o candidato tem tempo para ler tudo, nesse caso, eu sugiro
que seja feita a leitura na seguinte ordem:
1) Constituição Federal – artigos 70 a 75 (lembrar que só estou me preocupando
com a matéria controle externo);
2) Lei Orgânica;
3) Regimento Interno, na seguinte prioridade:
3.1) arts. 188 a 299;
3.2) arts. 1 a 66;
3.3) arts. 92 a 143;
3.4) arts. 144 a 187
3.5) arts. 67 a 142.
Depois desse breve comentário sobre a forma que a matéria deve ser abordada,
vamos, realmente, adentrar na nossa aula.

2 - O TRIBUNAL DE CONTAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Por entender mais didático, nas aulas em que for tratar do Tribunal de Contas na
Constituição Federal, vou primeiro apresentar o normativo constitucional, para, em
seguida tecer comentários acerca do assunto.

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2.1 – DO EXERCÍCIO DA FISCALIZAÇÃO NO ÂMBITO DA UNIÃO
O caput do art. 70 da Constituição apresenta a seguinte redação:
“Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à
legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de
receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo
sistema de controle interno de cada Poder.”
A primeira informação que o art. 70 nos proporciona é que temos cinco modos
de fiscalização: contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial. Um modo
mnemônico para melhor decorá-los é a utilização da expressão COFOP.
Interessante salientar que, normalmente, esses modos de fiscalização estão
associados nos trabalhos realizados no Tribunal de Contas da União. À exceção da
fiscalização operacional, em geral, os outros quatro modos de fiscalização são
analisados de forma conjunta. Vamos verificar o que cada uma delas quer dizer.
A fiscalização contábil objetiva verificar se os recursos públicos estão sendo
escriturados de acordo com as técnicas contábeis aplicadas à espécie. Geralmente, os
trabalhos realizados nessa área confrontam se o que foi realizado está em conformidade
com o que dispõe a Lei 4.320\1964.
A fiscalização orçamentária tem como escopo verificar se as despesas públicas
guardam consonância com as peças orçamentárias: LDO, LOA e PPA.
A fiscalização financeira se preocupa com o fluxo de recursos (ingressos e
saídas), independente se são recursos orçamentários ou não.
A fiscalização operacional é uma novidade da Carta Política de 1988. Com esse
tipo de fiscalização, o Tribunal afastou-se do estrito controle de legalidade para adentrar
a aspectos ligados ao mérito dos atos administrativos. O que se pretende com essa
fiscalização é verificar se os programas de governo alcançaram seus resultados e de que
forma. Assim, não basta, apenas, verificar se a despesa cumpriu as formalidades legais e
sim se a gestão dos recursos públicos foi eficaz e eficiente. A fiscalização operacional
está intimamente ligada ao conceito de orçamento programa, uma vez que o
cumprimento das metas do programa é fator essencial a ser verificado.
Por fim, trata o caput do art. 70 da fiscalização patrimonial. Esta se relaciona
com o controle e conservação dos bens públicos. Convém lembrar que os bens públicos
pertencem a toda a sociedade, sejam eles difusos ou não. Assim, a fiscalização
patrimonial inclui a proteção e conservação do meio ambiente. Outro alvo dessa

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fiscalização são os bens públicos que irão sair da mão do Estado, ou seja, os bens que
serão privatizados.
Prosseguindo nossos comentários acerca do caput do art. 70, verificamos que
em seguida temos a seguinte expressão: ‘da União e das entidades da administração
direta e indireta’.
Como estamos tratando da fiscalização da Administração Pública federal, o
constituinte limitou a fiscalização àquelas pessoas que recebam verbas federais.
Importante notar que o dispositivo deixa claro que estão sujeitos ao controle tanto a
administração direta como a indireta de qualquer dos Poderes da República.
O próximo trecho a ser comentado refere-se ‘à legalidade, legitimidade,
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas’.
Os conceitos de legalidade, legitimidade e economicidade foram vistos em nossa
primeira aula, razão pela qual me permitirei a não repetir o assunto.
Com relação à aplicação das subvenções, nunca é demais relembrarmos que o
conceito de subvenção advém da Lei 4.320\1964. Por força desse normativo, subvenção
é qualquer recurso público transferido a entidades públicas ou privadas, para que seja
aplicado em despesa que seja do interesse do poder público. Dessa forma, por se tratar
de recursos de origem pública, a subvenção está sujeita à fiscalização pelos órgãos de
controle.
Quanto à renuncia de receita, consiste em meio de o poder público atingir seus
programas de governo por meio de incentivo a determinadas pessoas, a fim de que estas
realizem despesas de interesse do Estado. Assim, quando a União, com intuito de
aumentar o número de estudantes matriculados, permite que uma escola particular
conceda bolsa a criança carente, dispensado essa escola de pagar determinado tributo,
estamos à frente de uma renúncia de receita.
O final do caput do art. 70 possui o seguinte trecho: ‘será exercida pelo
Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de
cada Poder’.
Esse dispositivo combinado com o caput do art. 71 ratifica o que foi colocado
na nossa primeira aula sobre a titularidade do controle externo no Brasil. Pode-se
perceber que as fiscalizações mencionadas no art. 70 serão realizadas pelo Poder
Legislativo – Congresso Nacional -, mediante controle externo. Importante notar
também que as mesmas fiscalizações deverão ser feitas pelo sistema de controle interno

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de cada Poder. Acerca do tema, veja o que foi mencionado na aula 1 e as competências
do controle interno no art. 74 da CF.
“Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma
integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução
dos programas de governo e dos orçamentos da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e
eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da
administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de
direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como
dos direitos e haveres da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.”

2.2 – OBRIGATORIEDADE DA PRESTAÇÃO DE CONTAS


Antes de adentrarmos ao tema, considero importante anotar que o dever de
prestar contas é inerente ao nosso cotidiano. É normal pedirmos para algum amigo que
vai viajar nos trazer uma encomenda. Para tanto, entregamos determinada quantia para
que a compra seja efetuada. Assim, quando a pessoa regressa, nos apresenta o que foi
comprado juntamente com uma nota fiscal. Caso tenha sobrado algum dinheiro, o troco
nos é dado e se, ao invés, tenha faltado, completamos a importância.
Esse procedimento simples de nosso cotidiano, nada mais é do que uma
prestação de contas. Assim, quando damos uma quantia nossa para que alguém a utilize
em nosso nome, nada mais justo do que essa pessoa nos prestar contas de como gastou o
dinheiro.
Da mesma forma, ocorre com a União. Quando alguém utiliza verbas federais
em nome da União, deve prestar contas desses recursos.
Vamos ver, então, como assunto está disposto na Constituição – art. 70,
parágrafo único.
“Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública
ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e
valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma
obrigações de natureza pecuniária.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)”

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Percebe-se que o interesse do constituinte foi exaurir o dever de prestar contas.
Nesse sentido, o enfoque da prestação de contas deve ser direcionado ao objeto e não à
pessoa. Ou seja, pode-se verificar que a limitação não está na pessoa que gasta o recurso
e sim na origem do recurso que foi gasto.
Com efeito, tem-se que a primeira parte do dispositivo é bastante genérica. Não
há nenhuma limitação ao tipo de pessoa que deve prestar contas, pois o constituinte
colocou que possui esse dever qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada. Ou
seja, toda e qualquer pessoa.
Cumpre esclarecer que a presente redação foi dada por meio da Emenda
Constitucional nº 19. A redação original apresentava-se de forma mais restritiva, pois
somente devia prestar contas pessoas físicas ou entidades públicas.
Como não há limitação pessoal ao dever de prestar contas, vou-me ater mais aos
aspectos ligados ao objeto da prestação de contas.
Antes de explicar pormenorizadamente o assunto, quero que a idéia geral do
dispositivo fique clara. Tem o dever de prestar contas qualquer (vamos lembrar que
estamos estudando a Constituição Federal, assim o que for falado aqui em relação a
recurso federais vai valer também para outras esferas de governo) toda e qualquer
pessoa que seja responsável pela aplicação de recurso público federal.
Prosseguindo na análise do dispositivo, vamos passar então ao objeto da
prestação de contas. Para melhor memorizar o assunto, utilizo a seguinte expressão:
GAGAU, que são as iniciais de gerenciar, arrecadar, guardar, administrar e utilizar.
A literatura mais especializada não apresenta maiores distinções com relação a
esses aspectos. Acredito que a falta de distinção reflete a vontade do constituinte que, na
realidade, apresentou esses aspectos muito mais com a intenção de fechar todas as
possibilidades de prestação de contas quando da utilização dos recursos públicos.
Na verdade, a limitação quanto à necessidade de prestar contas se encontra na
parte final do dispositivo, quando faz referências a ‘dinheiros, bens e valores públicos
ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de
natureza pecuniária’.
A primeira informação que devemos absorver dessa parte do dispositivo é que os
bens, dinheiros e valores públicos a que se refere o texto são de origem federal. Outra
informação que podemos abstrair é que não há necessidade de esses recursos serem
somente de origem federal. Mesmo que haja gasto por meio de recursos de origem não-

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federal, mas que, por algum motivo, a União venha a responder por esses gastos, será
necessária a prestação de contas.
Da mesma forma, ocorre em nosso cotidiano. Caso alguém nos peça para ser
fiador em contrato de aluguel, iremos ser demandados no caso de o responsável pelo
contrato não pagar o aluguel. Assim, para que não sejamos pegos de surpresa, nada mais
prudente do que haja a prestação de contas sobre o pagamento das despesas do aluguel.
Como mencionado no início do tópico, o mais importante para sabermos se
determinada pessoa deve ou não prestar contas ao Tribunal de Contas da União é saber
se os recursos geridos são ou não de origem federal.
Iremos aprofundar o tema quando estudarmos a jurisdição do Tribunal de Contas
da União. Na oportunidade, vamos trazer à baila alguns aspectos importantes ligados ao
tema. Como exemplo, vamos verificar se as empresas públicas e as sociedades de
economia mista devem ou não prestar contas dos recursos gastos.

3 – COMPETÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO

O art. 71 da Constituição Federal vem ratificar o nosso posicionamento até agora


defendido sobre a competência do controle externo. Vejamos a sua redação:
‘Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com
o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:’
Podemos mais uma vez verificar que a Constituição entrega ao Congresso
Nacional a função do controle externo. Nada obstante, percebemos, também, que a
própria Carta estabelece que essa função será exercida com auxílio do Tribunal de
Contas da União.
Importante notarmos que a Constituição entregou ao auxiliar do Congresso
Nacional algumas competências privativas, razão pela qual somente o Tribunal de
Contas pode realizá-las. Passemos, então, ao estudo dessas competências.

3.1 – APRECIAÇÃO DAS CONTAS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA.


A primeira competência apresentada no art. 71 refere-se à apreciação das contas
do Presidente da República. Vamos a sua redação.
‘I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República,
mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu
recebimento’

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Antes de falarmos acerca desse assunto, considero necessário tecer dois breves
comentários. O primeiro refere-se à forma que o art. 71 apresenta as competências do
Tribunal de Contas da União. Perceba que todos os incisos se iniciam com verbos no
infinitivo, o que demonstra que, nesse momento, a preocupação do nosso estudo se
volta ao objeto da competência. As pessoas a que se referem estes objetos serão vistas
quando estudarmos a jurisdição do TCU. O segundo comentário é que não pretendo
esgotar toda a matéria relacionada à competência do Tribunal nessas duas aulas
(lembrar que serão dois encontros destinados às competências constitucionais do TCU).
À medida que o curso for avançando, vou aprofundar a matéria nos pontos mais
importantes.
Dando continuidade à competência inserta no inciso I do art. 71, esclareço que o
tema já foi muito solicitado em concurso, a ponto de achar que a matéria não voltaria
tão cedo a ser cobrada nas provas. Nada obstante, no último concurso para o cargo de
Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da União, caiu de novo uma
questão relacionada ao tema. Vejamos:
‘O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, é exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
Julgar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, em 60 dias
a contar de seu recebimento.’
Podemos perceber que assertiva é falsa, pois a competência do TCU é de,
apenas, emitir parecer prévio.
A primeira e mais importante informação que podemos abstrair do dispositivo é
que o Tribunal de Contas da União não julga as contas do Presidente da República,
somente emite PARECER PRÉVIO sobre elas. Segundo o art. 49, inciso IX da CF, o
responsável pelo julgamento das contas é o Congresso Nacional.
Aprofundando um pouco o tema, devemos ter em mente que, com a edição da
LRF, as contas do Presidente da República transformaram-se, em realidade, nas contas
do Governo da República, uma vez que serão apreciadas as contas dos órgãos de cúpula
da Administração.
Vejamos o que dispõe o art. 56 da referida LRF:
‘Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além
das suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e
do Chefe do Ministério Público, referidos no art. 20, as quais receberão parecer prévio,
separadamente, do respectivo Tribunal de Contas.’

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Uma informação essencial do dispositivo por vezes passa despercebida, refiro-
me à necessidade de os Tribunais de Contas emitirem PARECERES separados nas
contas dos responsáveis por cada órgão.
Com relação a esse assunto, foi cobrada a seguinte questão na última prova para
o cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da União:
‘De acordo com as normas infraconstitucionais, o TCU tem competência para
julgar as contas dos gestores da administração federal direta e indireta. Mas em relação
a contas de governo da República, o Tribunal deve apenas apreciá-las e emitir parecer
prévio, pois cabe ao Congresso Nacional julgá-las com base nos pareceres emitidos pela
Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional
de que trata o art. 166 da Constituição Federal.’
Pelo explicado anteriormente, a assertiva é falsa, pois o Tribunal deve emitir
pareceres prévios.
Ainda com relação ao tema, o inciso menciona que as contas do Presidente da
República devem ser prestadas anualmente. Qual o prazo para que essas contas sejam
prestadas? e o que ocorre se elas não forem prestadas? A resposta a ambas as perguntas
está no art. 51 da CF, vejamos:
‘Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:
(...)
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não
apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão
legislativa;’
Podemos perceber, então, que caso o Presidente da República não preste suas contas
em 60 dias a contar da abertura da Sessão Legislativa, competirá à Câmara dos Deputados
proceder à tomada de contas.
Pertinente trazer a lume questão relacionada ao parecer que é emitido pelo
Tribunal de Contas da União. Como estatuído no próprio texto constitucional, trata-se
de parecer prévio, uma vez que o parecer para o julgamento das contas será dado pela
Comissão Mista de Permanente a que se refere o art. 166, § 1°, da CF. Vejamos:
‘Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes
orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas
duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum.
§ 1º - Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:
I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as
contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República’

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O parecer dado pela Comissão reveste-se na forma de projeto de Decreto-
Legislativo, uma vez que o julgamento das contas do Presidente da República se
materializa com a edição de um Decreto-Legislativo.
Antes de encerrar a discussão, deve ficar claro que a competência tratada neste
inciso refere-se às contas de governo, que, conforme será visto no próximo inciso, difere
das contas de gestão.
Ao estudarmos a processualística adotada no âmbito do Tribunal de Contas da
União, vamos dar maior ênfase à matéria, dessa vez, com enfoque na maneira como o
Tribunal realiza a Sessão que delibera sobre a apreciação das contas de governo.
As seguintes questões já caíram em provas passadas:
(ACE CESPE/98) Compete ao Tribunal de Contas da União:
julgar as contas anuais do presidente da República e dos demais responsáveis
por dinheiros, bens e valores da administração direta, indireta e fundacional da União.
Pelo que foi visto, o Tribunal de Contas da União não tem competência para o
julgamento dessa contas. Assertiva falsa.
‘(ACE CESPE\96) O Tribunal de Contas da União:
Examina e emite parecer relativo às contas prestadas anualmente pelo Presidente
da República.’
Essa é a típica questão que dá trabalho na hora da prova. A banca colocou a
assertiva como falsa. Em minha opinião foi bem a banca, pois, conforme estudado,
quem emite parecer é a Comissão Mista, o TCU emite parecer prévio.
3.2 – JULGAMENTO DAS CONTAS DOS ADMINISTRADORES
Como já visto na aula de hoje, a Constituição Federal impõe àqueles que
gerencie, administre, guarde, arrecade e utilize recursos públicos o dever de prestar
contas. A avaliação acerca da boa utilização dos recursos é feita por meio do julgamento
dessas contas, sendo o órgão competente para julgá-las, por força do art. 71, inciso II, da
CF, o Tribunal de Contas da União. Vejamos o que dispõe a Constituição:
‘II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros,
bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e
sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que
derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário
público’’

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Antes de iniciarmos a discussão desse inciso, entendo conveniente tecer breves
comentários acerca da utilização dos princípios do contraditório e da ampla defesa nos
processos do Tribunal de Contas da União.
Na aula passada, tivemos a oportunidade de verificar que as decisões do TCU,
para maioria da doutrina, têm natureza administrativa. Dessa forma, temos que os
processos que tramitam na Corte de Contas possuem, também, a natureza
administrativa.
Uma vez que os processos que tramitam no âmbito do Tribunal de Contas da
União possuem a natureza administrativa, devem, por isso, respeitar os princípios do
contraditório e da ampla defesa. Essa conclusão tem como fundamento o previsto nos
incisos LIV e LV do artigo 5° da CF.
‘Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
(...)
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes’
Uma vez que se trata de processos administrativos, aplica-se a eles a Lei 9.784,
de 29.1.1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública
Federal.
A resposta, mais uma vez, vai ser dada por meio de interpretação sistêmica de
nosso ordenamento jurídico.
A CF, por meio da parte final do art. 73, disciplina que caberá ao Tribunal de
Contas da União, no que couber, as atribuições previstas no art. 96. Esse artigo, por sua
vez, apresenta a seguinte redação:
‘Art. 96. Compete privativamente:
I - aos tribunais:
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com
observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo

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sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e
administrativos;’
Do dispositivo supratranscrito, podemos perceber que a Constituição concedeu
aos Tribunais o poder de elaborar os seus regimentos internos, impondo a condição de
que fossem respeitadas as normas de processos e das garantias processuais.
Seguindo a orientação constitucional, o TCU elaborou o seu Regimento Interno,
prevendo as normas que se aplicam aos processos que tramitam no âmbito daquela
Corte de Contas. Nesse sentido, as normas que disciplinam os processos que tramitam
no Tribunal de Contas da União estão dispostas no seu Regimento Interno. Ocorre que o
RITCU não tem como disciplinar todas as situações processuais possíveis. Para resolver
essa situação o próprio regimento prevê, em seu art. 298, que se aplicam aos processos
do TCU, subsidiariamente, as normas processuais em vigor, desde que sejam
compatíveis com a LOTCU.
Assim, tanto a Lei 9784, de 1999, como as demais normas processuais em vigor
podem ser, SUBSIDIARIAMENTE, aplicadas no TCU.
Voltando nosso foco para o estudo do inciso II do art. 71, vamos dividir o
dispositivo em duas partes. A primeira vai do início até Poder Público Federal e a
segunda compreende a parte final do dispositivo. Assim a nossa primeira parte vai
apresentar a seguinte redação:
‘julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens
e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e
sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal (...)
Essa primeira parte refere-se aos gestores de recursos públicos, ou seja, está
diretamente ligada a expressão GAGAU (gerenciar, administrar, guardar, arrecadar e
utilizar).
Dessa maneira, a mesma explicação dada acima, quando falamos acerca da
obrigatoriedade de prestar contas, cabe nesse momento.
As contas de gestão prestadas ao Tribunal são, ordinariamente, anuais. Com
efeito, a parte inicial do inciso II concedeu competência ao TCU para julgar essas
contas dos administradores públicos.
Convém registrar que as contas ora em questão diferem daquelas que foram
vistas no inciso anterior. Nesse momento, nos preocupamos com as contas de gestão dos
administradores públicos, enquanto o inciso anterior se referia as contas de governo.

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Assim compete-nos distinguir o que vem a ser contas de governo de contas de
gestão.
A primeira diferença que devemos ter em mente é que as contas de governo são
julgadas pelo Congresso Nacional, enquanto que as contas de gestão são julgadas pelo
Tribunal de Contas da União.
Vale relembrar o que, conforme mencionado na última aula, a competência para
julgar as contas de gestão é privativa das Cortes de Contas, não podendo, nessa tarefa,
ser substituídas nem mesmo pelo Poder Judiciário.
Prosseguindo na diferenciação das contas de governo e de gestão, grosso modo,
temos que enquanto aquelas se preocupam com a finalidade precípua do órgão, essas
pretendem verificar se os meios utilizados para o atingimento da atividade fim foram
corretos ou não.
Exemplificando, as contas de governo se preocupam, dentre outras coisas, com a
condução das políticas públicas, com a evolução dos índices econômicos e sociais, com
o atingimento ou não das metas estatuídas na Lei de Responsabilidade Fiscal (despesas
de pessoal, endividamento público etc), bem como com o desempenho da arrecadação
em relação à previsão, destacando as providências adotadas no âmbito da fiscalização
das receitas e combate à sonegação.
Já as contas de gestão verificam se os normativos relacionados com o uso dos
recursos públicos foram respeitados pelos gestores. Nesse sentido, quando a Corte de
Contas julga contas de gestão observa, dentre outras coisas, se foram obedecidas as
regras atinentes às etapas da despesa, previstas na Lei 4.320, de 1964, e se, ao realizar
um contrato administrativo ou uma licitação pública, foram respeitados os ditames da
Lei 8.666, de 1993.
Por fim, o Tribunal de Contas da União não tem qualquer restrição para o
julgamento das contas de gestão dos administradores, julgando inclusive as contas dos
responsáveis pela gestão do próprio Tribunal. Já com relação às contas de governo do
Tribunal de Contas da União, de acordo com o parágrafo 2° do art. 56 da LRF,
competirá à Comissão Mista a que se refere o art. 166, § 1°, da CF emitir o parecer
prévio.
Resumindo, as contas dos responsáveis pela gestão do Tribunal de Contas da
União serão julgadas pelo próprio TCU.

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Já com relação às contas de governo do Tribunal de Contas da União, NÃO
competirá ao TCU emitir parecer prévio e sim a Comissão Mista de Orçamento do
Congresso Nacional. Vejamos o que dispõe a LRF acerca do assunto:
‘Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além
das suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e
do Chefe do Ministério Público, referidos no art. 20, as quais receberão parecer prévio,
separadamente, do respectivo Tribunal de Contas.
(...)
§ 2o O parecer sobre as contas dos Tribunais de Contas será proferido no prazo
previsto no art. 57 pela comissão mista permanente referida no § 1o do art. 166 da
Constituição ou equivalente das Casas Legislativas estaduais e municipais’
Com relação ao julgamento das contas de gestão do TCU, a Esaf apresentou a
seguinte questão na prova para o cargo de Analista de Controle Externo no ano de 1999:
(ACE – 99/ESAF) As contas anuais da gestão financeira, orçamentária e
patrimonial do Tribunal de Contas da União são apreciadas e julgadas, quanto à sua
regularidade,
a) pela Câmara dos Deputados
b) pelo Senado Federal
c) pelo Congresso Nacional
d) por Comissão Mista Parlamentar
e) pelo próprio TCU
Como o comando da questão se refere a contas de gestão, a resposta correta é a
letra ‘e’.
Passemos agora à parte final do inciso II do art. 71, que apresenta a seguinte
redação:
‘(...) e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra
irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público’’
De início, informo que a intenção desse dispositivo é que mesmo aqueles que
não estão relacionados à expressão GAGAU venham a ter suas contas julgadas pelo
Tribunal de Contas da União, quando derem causa a perda, extravio ou outra
irregularidade de que resulte prejuízo ao erário.
Nem todas as pessoas que trabalham na Administração Pública são responsáveis
por recursos públicos. Assim, uma pessoa que exerça somente função de assessoria em
um Tribunal, em tese, não responde por nenhum recurso público, razão pela qual não

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necessita prestar contas ao TCU. Nada obstante, caso esse servidor público extravie um
microcomputador de seu ambiente de trabalho, dará prejuízo ao erário, razão pela qual
deverá prestar contas de sua ação.
Nesse momento, temos as chamadas contas especiais, enquanto que na primeira
parte do dispositivo temos as contas ordinárias.
Levando em consideração o dispositivo acima transcrito, estaria correto dizer
que um transeunte não integrante da Administração Pública que venha a jogar uma
pedra na vidraça de determinado órgão público, deveria ser responsabilizado em
processo de tomada de contas especial, uma vez que causou prejuízo ao erário?
A resposta é negativa, ou seja, o transeunte não deveria ser responsabilizado em
processo de tomada de contas especial. Para chegarmos a essa conclusão, devemos fazer
uma interpretação sistêmica da Constituição. Não podemos esquecer que o dispositivo
em estudo está inserido dentro da Seção que cuida da Fiscalização Contábil, Financeira
e Orçamentária do Estado. Nesse sentido, estarão sujeitos ao julgamento de suas contas
pelo Tribunal de Contas da União somente as pessoas que integrem direta ou
indiretamente a Administração Pública.
Integram diretamente a Administração Pública todos aqueles que tenham com
esta qualquer vínculo funcional. Integram indiretamente a Administração Pública todos
aqueles que recebam recursos públicos para agir em nome da Administração. Como
exemplo dessa última situação, cito os convênios executados entre a União e
associações sem fins lucrativos.

Chegamos ao final de mais uma aula. Considero essa aula uma das mais
importantes do nosso curso, por isso peço que lhe seja dada especial atenção.
Hoje, tivemos a oportunidade de começar a ver como o controle externo e, em
especial, o Tribunal de Contas da União estão disciplinados na Constituição.
Verificamos quais são os modos de fiscalização utilizados no controle externo –
COFOP.
Ratificamos o nosso posicionamento no sentido de que o titular pelo controle
externo é o Congresso Nacional, o qual, para esse fim, recebe auxílio do TCU
Vimos, ainda, as situações em que responsáveis por recursos públicos devem
prestar contas ao TCU.

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Após, passamos para as competências do Tribunal de Contas da União,
oportunidade que vimos as principais diferenças entre contas de governo e contas de
gestão.
Continuem estudando e até breve.

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AULA 5: COMPETÊNCIAS DO TCU NA CF
Dando continuidade ao estudo dos aspectos constitucionais do controle externo,
vamos, na aula de hoje, terminar de ver as competências do Tribunal de Contas da
União na Constituição Federal.
Relembrando, essa aula é uma continuação do encontro passado, razão pela qual
vou dar continuidade à seqüência da numeração anteriormente adotada.
Mais uma vez, peço especial atenção para esses dois encontros, pois, em média,
30% das questões das provas mais recentes para o cargo de Analista de Controle
Externo do Tribunal de Contas da União foram relacionadas ao tema dessas aulas.
Nunca é demais lembrar que a matéria tratada nesses dois encontros será
aprofundada ao longo do nosso curso.

3.3 – APRECIAÇÃO DE ATOS SUJEITOS A REGISTRO.


A matéria em apreço está estatuída no inciso III do art. 71 da Constituição
Federal, que apresenta a seguinte redação:
‘III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de
pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de
provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e
pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do
ato concessório;’
Entendo que o constituinte não foi muito feliz na redação desse dispositivo. Para
sua melhor compreensão, vamos estudar o inciso por partes.
Na primeira parte, vamos verificar o que o constituinte quis dizer em ‘apreciar
para fins de registro a legalidade (...)’.
Todos nós possuímos uma certidão de nascimento. Para isso, quando nascemos,
nossos pais procuraram um cartório de registro de pessoas naturais para nos registrar.
Assim, feito o registro, é expedida a respectiva certidão de nascimento.
Com propósito semelhante, a União se preocupa em registrar as admissões de
pessoal e as concessões de aposentadorias, reformas e pensões, a fim de obter uma
memória desses atos.
Conforme preconizado na CF, o responsável por esse registro é o Tribunal de
Contas da União. Para tanto, o Tribunal necessita verificar se esses atos foram

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praticados de acordo com os normativos legais que regem a espécie ou não. Esse é o
sentido, então, da expressão ‘apreciar para fins de registro a legalidade (...)’.
Uma vez analisada a primeira parte do dispositivo, passemos para as seguintes.
Nosso próximo passo será o estudo dos atos de admissão. A constituição prevê que
serão registradas as admissões de pessoal, ocorridas a qualquer título, na administração
direta e indireta.
Assim, mesmo que ocorra uma admissão temporária, como exemplo daquelas
disciplinadas na Lei 8.745, de 1993, ela terá que ser registrada pelo TCU. A
competência do Tribunal ocorre tanto para as admissões da administração direta como
indireta. Dessa forma, para esse registro, pouco vai importar por qual regime houve a
admissão: se celetista ou estatutário.
Como anteriormente mencionado, o Tribunal de Contas da União, antes de
realizar o registro, deverá apreciar a legalidade do ato. Nesse sentido, entre outras
coisas, é verificado se houve concurso público para a admissão de pessoal ou se está
havendo acumulação de cargos em desacordo com o que é permitido pela Constituição.
Ainda com relação à admissão de pessoal, importante anotar que o dispositivo
em análise apresenta uma exceção, qual seja, a apreciação, para fins de registro, da
legalidade das nomeações para cargos de provimento em comissão. Estes cargos são
aqueles de livre nomeação e exoneração pela autoridade competente. Assim, pela
precariedade do vínculo com a Administração, estes atos são dispensados de registro.
Na prova passada para o cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal de
Contas da União, a questão foi abordada da seguinte maneira:
‘Compete ao TCU apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de
admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, mas essa
atribuição não se estende aos cargos de provimento em comissão.
Pelo que foi dito até aqui, percebemos que a assertiva é correta.
Importante observar que o Tribunal de Contas da União não tem competência
para analisar a legalidade desses atos para fins de registro, mas isso não impede que o
Tribunal fiscalize a legalidade desses atos, por meio de fiscalizações ou por meio de
julgamento das contas dos gestores. Acontece que, apesar de serem atos de livre
nomeação, algumas formalidades devem ser observadas. Como exemplo, no âmbito do
Judiciário federal, não podem ser nomeados para cargo em comissão parentes até 3°
grau das autoridades do Tribunal. Dessa forma, o TCU pode, ao realizar uma auditoria

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em determinado Tribunal, fiscalizar se as nomeações para cargos de provimento em
comissão ocorridos naquele Tribunal estão ou não de acordo com a lei.
A competência para fiscalizar atos de nomeação para cargos em comissão
decorre do inciso IX da CF, que será estudado ainda nesse encontro.
Resumindo, o Tribunal de Contas da União não tem competência para analisar,
para fins de registro, a legalidade das nomeações de cargos de livre provimento. Pode,
entretanto, fiscalizar a legalidade dessas nomeações em outros processos de fiscalização
ou em processos de contas. Os tipos de processos do Tribunal de Contas da União serão
estudados em momento oportuno.
Com relação ao assunto a questão pode ser, por exemplo, cobrada da seguinte
maneira na prova:
No curso de uma fiscalização, pode o Tribunal checar a legalidade de todas as
nomeações, à exceção daquelas decorrentes de cargos de livre provimento.
Pelo que foi exposto, a assertiva estaria incorreta, pois, no curso de uma
fiscalização o Tribunal de Contas da União pode sim fiscalizar a legalidade de TODAS
as nomeações, inclusive das relacionadas aos cargos de livre provimento.
Passemos agora ao estudo dos outros atos sujeitos a registro, que são as
concessões de aposentadorias, reformas e pensões.
As aposentadorias são benefícios concedidos às pessoas que satisfizeram os
requisitos constitucionais para que possam receber sem trabalhar.
Já as reformas são benefícios concedidos aos militares, que possuem regime
diferenciado dos servidores civis. Em rápido resumo, os militares podem ser da ativa, da
reserva ou reformados. Na ativa ele deve estar prestando serviço regularmente. Na
reserva, apesar de não estarem prestando serviço regularmente, podem ser convocados,
a qualquer tempo, como exemplo, em caso de guerra. Após esse tempo na reserva, ao
atingir determinada idade, o militar não mais pode ser convocado, diz-se então que o
militar foi reformado.
As pensões são benefícios concedidos a dependentes de servidores que venham a
falecer.
Para melhor compreensão do inciso III, devemos entender bem o significado da
expressão ‘bem como’ constante na parte final do dispositivo. A expressão ‘bem como’
refere-se à ‘apreciar, para fins de registro’ e não a ‘excetuadas as nomeações. Caso
essa não fosse a interpretação desse inciso, o Tribunal não teria competência para
apreciar a legalidade dos atos de concessão de aposentadorias, reformas e pensões, o

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que não é verdade. Sinteticamente, cabe ao tribunal apreciar a legalidade dos atos de
admissão de pessoal, bem como de concessão de aposentadoria, reforma e pensão.
Convém esclarecer que, diferentemente, dos atos de admissão de pessoal o
Tribunal somente se preocupa com as aposentadoria e pensões relacionadas aos
servidores estatutários. Assim, todos aqueles funcionários públicos que são regidos pela
Consolidação das Leis Trabalhistas não terão as suas concessões apreciadas pelo
Tribunal de Contas da União. A razão disso é porque o governo federal possui órgão
específico para tratar desses benefícios, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS.
Nunca é demais lembrar que na administração indireta também podemos ter servidores
estatutários, como ocorre com o próprio INSS e com o Banco Central.
Por fim, o inciso III apresenta a seguinte parte: ‘ressalvadas as melhorias
posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório’
A parte final do dispositivo significa que, por exemplo, caso ocorra uma
modificação em determinada aposentadoria, o Tribunal só vai precisar se manifestar
novamente caso seja alterado o fundamento legal da aposentadoria. Assim, caso
determinado servidor venha a se aposentar em um cargo qualquer e depois preencha os
requisitos para se aposentar em outro, o Tribunal deverá apreciar a alteração do ato
concessório. No entanto, caso ocorra uma alteração apenas no vencimento da
aposentadoria decorrente de aprovação de planos de cargos e salários, o ato não passará
de novo pelo crivo do Tribunal de Contas da União.
Antes de encerrarmos esse dispositivo, vale mencionar o entendimento do
Supremo Tribunal Federal acerca da natureza jurídica dos atos sujeitos a registro. O
Pretório Excelso já se manifestou no sentido de que esses atos possuem a natureza de
ato complexo. Assim, para que o ato se aperfeiçoe há a necessidade de o Tribunal de
Contas da União se manifestar.
A conseqüência prática desse entendimento é que o prazo de 5 anos do art. 54 da
Lei 9.784, Lei que disciplina o processo administrativo no âmbito da administração
pública federal, não se aplica aos atos sujeitos a registro até que o TCU venha a se
pronunciar.
Nesse sentido, se determinado servidor se aposentar em maio de 1998 e o
Tribunal somente venha dizer que esse ato é ilegal no ano de 1994, não pode o servidor
alegar a impossibilidade de o ato ser revisto, por ter ultrapassado o prazo de 5 anos
estatuído no art. 54 da Lei 9.784.

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3.4 – REALIZAÇÃO DE FISCALIZAÇÕES
O inciso IV do art. 71 da CF apresenta a seguinte redação:
‘IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado
Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades
administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades
referidas no inciso II;’
Esse artigo merece algumas observações. A primeira é que ao prever que o
Tribunal de Contas da União pode realizar por iniciativa própria fiscalizações, a
Constituição está reconhecendo sua autonomia. Dessa forma, pode o Tribunal
determinar os rumos que pretende seguir.
A segunda observação refere-se aos legitimados para a solicitação. Reparem que
um Deputado ou um Senador isoladamente não tem competência para solicitar ao TCU
a realização de fiscalização. Veremos adiante que essas autoridades poderão utilizar
outro instrumento para apresentar uma irregularidade ao TCU. Para que o Tribunal
atenda a solicitação é necessário que ao menos uma Comissão formalize o pedido.
Importante destacar que até mesmo comissões de inquérito têm legitimidade para
solicitar a fiscalização.
Quando estudarmos os tipos de fiscalização existentes no TCU, vou apresentar
as diferenças entre inspeção e auditoria.

3.5 – FISCALIZAÇÃO DAS EMPRESAS SUPRANACIONAIS


Com relação ao assunto, o inciso V do art. 71 apresenta a seguinte redação:
‘V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital
social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado
constitutivo;’
Inicialmente, empresa supranacional é uma empresa estatal que pertence a mais
de uma nação. Não podemos confundir empresas supranacionais com empresas
multinacionais. Essas últimas diferenciam-se das primeiras por não serem controladas
por entes públicos. São exemplos de multinacionais e não de supranacionais a Coca-
Cola, a Fiat, a Nestlé etc. Já Itaipu e o Banco Brasil-Iraque são exemplos de empresas
supranacionais.
Assim, tal quais as empresas estatais, as supranacionais devem ser fiscalizadas
pelo TCU. Conforme lecionado na aula passada, têm o dever de prestar contas ao poder

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público todos aqueles responsáveis por recursos de origem pública. No estudo do inciso
em análise não é diferente.
Serão objeto de fiscalização somente as contas nacionais, ou seja, as contas que
sejam originadas de recursos públicos brasileiros. Para se saber o que se originou do
Brasil, vale consultar os termos do tratado constitutivo.
Na prova para concurso de 1996, o Cespe abordou a matéria da seguinte forma:
‘(ACE – Cespe – 1996) Acerca do controle externo da atuação da administração
pública, conforme os critérios disciplinados pela Constituição Federal de 1988, julgue
os itens abaixo.
(...)
5_ Compete ao Congresso Nacional fiscalizar as contas nacionais das empresas
supranacionais de cujo capital a União participe de forma direta ou indireta.
A resposta dada pela banca foi de assertiva incorreta. Não poderia agir de outra
forma, pois, conforme apresentado, essa função é do Tribunal de Contas da União.

3.6 – FISCALIZAÇÃO DE RECURSOS REPASSADOS PELA UNIÃO


Trataremos agora de um assunto bastante comum nas provas para o TCU. Para
melhor compreensão da matéria, vou dividir a fiscalização dos recursos repassados pela
União em duas partes: repasses voluntários e repasses não voluntários. Na aula de hoje
só trataremos da primeira espécie, em encontro futuro vamos abordar a segunda.
Com relação ao assunto a Constituição estabelece que:
‘VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União
mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao
Distrito Federal ou a Município;’
O dispositivo somente pode ser entendido se tivermos a compreensão do que
significa o termo convênio.
Convênio é um instituto do Direito Administrativo, pelo qual o Poder Público se
associa a outra entidade pública ou com entidades privadas, para que sejam produzidos
objetos de interesse comum, mediante mútua cooperação. Caracteriza o convênio o fato
de haver um acordo de vontade entre os signatários do ajuste.
Dessa forma, convênio se diferencia de contrato pelo fato de, neste último, haver
interesses divergentes (enquanto uma parte quer o preço, a outra quer o produto).
O convênio também se caracteriza por ser, em geral, uma transferência
voluntária de recursos. Quando a União repassa verbas a determinado município por

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meio de convênio, ela está repassando o recurso por livre vontade sua, não há nenhum
dispositivo que obrigue a União a fazer a transferência. Se não há nenhuma obrigação
para a transferência, qual o interesse da União em fazê-lo?
A resposta é simples. Conforme já falado, o convênio tem como característica o
interesse comum dos signatários do ajuste. Dessa forma, a diminuição do analfabetismo
no país é tanto interesse da União como de qualquer município. Vislumbrando a
necessidade de construção de escola em determinado município, a fim de atingir esse
objetivo, a União pode celebrar um convênio. Por esse ajuste, em geral, serão utilizadas
verbas de ambas as esferas administrativas: União e município. A maior porcentagem,
via de regra, será da União.
Podemos dar números a esse hipotético caso. Suponhamos que para a construção
da mencionada escola seja necessário a quantia de R$ 100.000,00. Uma forma de dividir
os recursos seria R$ 90.000,00 a cargo da União e o restante a cargo do município, a
título de contrapartida.
Dessa forma, teríamos um repasse voluntário de R$ 90.000,00 da União para
determinado município, com o objetivo de aquele ente federativo construir uma escola.
Ultrapassado o conceito de convênio, vamos verificar o significado da expressão
‘FISCALIZAR A APLICAÇÃO’, contida na parte inicial do dispositivo.
Considerando que a transferência por meio de convênio é uma transferência
voluntária e que, por isso, deve haver interesse mútuo dos participantes, competirá a
União (ente repassador do recurso, também chamado de ente concedente) fiscalizar se
os recursos foram aplicados no objeto do convênio, ou seja, no caso hipotético, na
construção de uma escola. Caso o município (ente responsável pela aplicação dos
recursos, também chamado de ente convenente) não aplique os recursos no objeto que
foi avençado, pode ser compelido a devolver os recursos aos cofres da União.
Outro significado da expressão ‘FISCALIZAR A APLICAÇÃO’ é a
possibilidade de o concedente verificar se o convenente respeitou todos os normativos
aplicados à utilização dos recursos públicos, razão pela qual poderá checar se, entre
outras coisas, a Lei de Licitações e Contratos foi cumprida.
Resumindo o Tribunal de Contas da União tem competência para tanto para
verificar se o objeto do convênio foi cumprido como para checar se o convenente
respeitou os normativos ligados ao gasto dos recursos públicos.
Interessante notar que a Constituição se refere a convênio, ajuste o outros
instrumentos congêneres, ou seja, a qualquer transferência voluntária.

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Conforme anteriormente, mencionado, em encontro futuro, trataremos da
competência do TCU quando os recursos envolvidos não forem repassados de forma
voluntária.

3.7 PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES AO CONGRESSO NACIONAL


O tema é apresentado da seguinte forma na constituição:
‘VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer
de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de
auditorias e inspeções realizadas;’
Como já várias vezes mencionado nesse curso, o responsável pelo controle
externo é o Congresso Nacional. Assim sendo, para o exercício de sua competência, o
Congresso Nacional possui a necessidade de saber os resultados das fiscalizações
realizadas pelo Tribunal de Contas da União.
A competência ora em apreço muito se assemelha ao que estudamos no item 3.4
acima. Assim, as mesmas informações lá prestadas também cabem aqui. Volta a chamar
a atenção para o fato de que as informações não podem ser prestadas a um Deputado ou
Senador isoladamente.
Acrescento apenas nesse item que, diferentemente do preconizado no inciso IV,
aqui a Constituição se refere a qualquer das comissões do Congresso Nacional. No
inciso IV, a Carta Política se refere às comissão técnica ou de inquérito.
A redação do inciso VII é mais abrangente do que a do inciso IV. Ao se referir a
qualquer comissão no inciso VII, a constituição abrante além das comissões técnicas e
de inquérito, outras que possam ser formadas permanente ou temporariamente. Como
exemplo, cito a comissão formada para acompanhar o desenrolar do caso do brasileiro
assassinado no metrô de Londres.
Na última prova para o cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal de
Contas da União, a matéria foi cobrada da seguinte forma:
‘O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, é exercido com auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete prestar informações solicitadas pelo
Congresso Nacional, por qualquer de suas casas ou por quaisquer de seus membros,
sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre
resultado de auditorias e inspeções realizadas.’

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Pelo que foi apresentado, podemos perceber que a assertiva está incorreta, pois
os membros do Congresso Nacional não possuem competência, isoladamente, para
solicitar as informações.

3.8 – POSSIBILIDADE DE O TCU APLICAR SANÇÕES


Vejamos o que disciplina o inciso VII do art. 71 da CF:
‘VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou
irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras
cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;’
Mais a frente, vou dedicar um capítulo só para estudarmos as sanções que o
Tribunal de Contas da União pode aplicar. Por ora, apenas, vou-me preocupar com o
entendimento do dispositivo constitucional.
Algumas observações são necessárias para a melhor compreensão desse inciso.
Podemos perceber, de plano, que em alguns casos, o Tribunal de Contas da União pode
aplicar sanções aos responsáveis por recursos públicos. Estabelece o dispositivo que,
somente com previsão legal, pode o TCU aplicar sanção ao responsável. Estamos
diante, então, do princípio da reserva legal. Dessa forma, somente se lei (stictu sensu)
prever a possibilidade de sanção é que o Tribunal poderá utilizar-se dessa faculdade.
Assim, não pode o TCU criar por meio de seu Regimento Interno uma sanção que não
esteja prevista em alguma lei.
Importante notarmos, também, que a Constituição não restringiu a uma lei
específica a necessidade de disciplinar a matéria. Dessa forma, fica a critério do
legislador infraconstitucional estabelecer as leis que vão aplicar sanções aos
responsáveis. Nesse sentido, não é apenas a Lei Orgânica do TCU que pode prever
sanções. Tanto é assim que a Lei 10.028, de 2000, que disciplina a os crimes fiscais, em
seu art. 5°, estabelece que as infrações administrativas serão processadas e julgadas pelo
Tribunal de Contas a que competir a fiscalização. Caso o Tribunal verifique a existência
de infração, poderá aplicar multa de até 30% sobre os vencimentos do agente infrator.
Dessa forma, temos que não é só a Lei Orgânica do TCU que pode prever
sanções. A matéria poderia ser questionada da seguinte forma no concurso:
‘Desde que previsto em sua Lei Orgânica, pode o Tribunal de Contas da União
aplicar, em caso de ilegalidade de despesa, sanções aos responsáveis.’
A assertiva estaria incorreta, pois, conforme visto, não precisa que a sanção
esteja prevista na Lei Orgânica do TCU, podendo outra lei qualquer prever a sanção.

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Outra observação acerca desse inciso se refere ao tipo de sanção que o TCU
pode aplicar. Ao mencionar a expressão ‘ENTRE OUTRAS COMINAÇÕES’, o
constituinte deixou claro que não pretendia apresentar um rol taxativo de sanções. Dessa
maneira, temos que a sanção de multa prevista no inciso em análise é apenas
exemplificativa.

3.9 – POSSIBILIDADE DE SUTAÇÃO DE ATOS E CONTRATOS


ADMINISTRATIVOS
Verificaremos, agora, qual a extensão da competência do TCU, ante a
constatação de descumprimento de dispositivo legal.
Irei tratar, nesse tópico, dos incisos IX a XI do art. 71 da CF, bem como de seus
parágrafos 1° e 2°.
A redação do inciso IX do art. 71 da CF é a seguinte:
‘IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências
necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;’
O presente dispositivo assevera que compete ao Tribunal de Contas da União
verificar se os administradores pautam as suas gestões em ações que sejam realizadas
em consonância com os dispositivos legais que regem a Administração Pública. Caso
seja verificada qualquer ilegalidade, competirá ao TCU determinar que o responsável
pela ação, em prazo estipulado pelo Tribunal, adote providências no sentido de sanar a
ilegalidade.
É esse dispositivo constitucional que permite ao Tribunal de Contas da União,
em processo de fiscalização ou de contas, verificar a legalidade dos atos de nomeação
dos cargos de livre provimento.
Ocorre que nem sempre o responsável pela ação irá cumprir a determinação do
Tribunal de Contas da União. Nesse caso, o que o Tribunal poderá fazer?
A primeira providência é verificar se a ilegalidade decorre de ato ou de contrato
administrativo. Vamos então separar nossa explicação. Primeiramente vamos tratar dos
atos administrativos, para, em seguida, falar dos contratos.
Sem querer aprofundar o assunto, uma vez que não é objeto de nossa matéria,
acredito interessante fazer uma breve distinção de ato e de contrato.
O ato administrativo decorre da vontade unilateral da administração. Como
exemplo, cito a remoção de servidor público por interesse da administração.

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Já no contrato temos vontade de duas ou mais pessoas. Assim, quando a
administração contrata determinada firma para execução de serviço de pintura, temos
que a firma se interessou no preço a ser pago pela administração e essa se interessou no
serviço que será prestado. Verificamos, então, que, para a execução do serviço, teremos
a vontade de duas pessoas.
Quando a ilegalidade decorrer de ato administrativo, teremos um caminho mais
curto para percorrer, pois a própria Constituição concede competência para o Tribunal
de Contas da União sustar diretamente o ato. Vejamos, então, o que preconiza o inciso
X do art. 71:
‘X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a
decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;’
Algumas observações precisam ser feitas.
Podemos reparar que a Constituição não concedeu competência para que o TCU
anule o ato impugnado. De acordo com o nosso ordenamento jurídico somente pode
anular o ato aquele que o praticou ou o Poder Judiciário. Assim, o TCU não detém
competência para a anulação. Pode, entretanto, sustar a execução do ato.
Qual seria, então, o significado da expressão ‘SUSTAR O ATO’?
Significa que a Corte de Contas retira a eficácia do ato. Dessa forma, apesar de
ainda estar no mundo jurídico, o ato não mais produzirá efeitos algum.
Como exemplo, caso o ato sustado seja a concessão de aposentadoria, esse
benefício, após a sustação, ainda vai estar no mundo jurídico. Não caberá, entretanto, ao
aposentando receber qualquer quantia relativa a essa aposentadoria, sob pena de ter que
devolvê-la no futuro. O ato só sairá do mundo jurídico quando for anulado.
Devemos lembrar que, conforme estudado há pouco, o Tribunal de Contas da
União tem a faculdade de aplicar sanções aos responsáveis por recursos públicos,
quando previstas em lei. Esclareço que a Lei Orgânica do TCU, em seu art. 58, inciso
VII, prevê que a reincidência no descumprimento de determinação da Corte de Contas
pode ser punida com multa.
Dessa maneira, não é muito comum que o Tribunal venha a ter que sustar atos
administrativos, ante o poder coercitivo que lhe foi dado. Reparem que estou dizendo
que não é comum, isso NÃO quer dizer que o Tribunal NÃO possa sustar o ato, caso
haja a necessidade.
Antes de prosseguirmos, vale fazer mais uma observação relacionada ao inciso
X. O constituinte colocou que, ao sustar o ato, o Tribunal deve comunicar essa decisão à

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Câmara dos Deputados e ao Senado Federal. Reparem que não foi dito que a
comunicação deve ser dirigida ao Congresso Nacional e sim às duas casas isoladamente,
então tomemos cuidado com essa colocação na prova.
E em caso de contrato, o que o Tribunal poderá fazer.
De imediato, o Tribunal não detém competência para sustar o contrato. Dessa
forma, caso se depare com ilegalidade ocorrida no âmbito de contrato administrativo,
deve comunicar a ilegalidade ao Congresso Nacional, que adotará as providências
necessárias para a sua sustação. Vejamos o que dispõe o § 1° do art. 71:
‘§ 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo
Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas
cabíveis.’
O dispositivo informa que o Congresso Nacional solicitará, de imediato, ao
Poder Executivo a adoção das medidas cabíveis. Ocorre que nem sempre o Poder
Executivo é o responsável pelo contrato.
O que acontecerá se o contrato ilegal for de responsabilidade do Poder
Judiciário? Entendo que nesse caso, o constituinte utilizou o Poder Executivo de forma
genérica. Assim, a comunicação deve ser dirigida ao Poder responsável pela execução
do contrato ilegal, pois, conforme vimos anteriormente, somente o responsável pelo
contrato – ou o Poder Judiciário - terá competência para anular o contrato ilegal.
Sabemos que as decisões do Congresso Nacional são eminentemente políticas e
que não é fácil incluir uma matéria na pauta de votação do Congresso. Nessa linha de
raciocínio, acredito que não seria razoável esperar que o Congresso Nacional delibere
acerca da ilegalidade de contrato firmado entre um órgão qualquer e uma padaria, cujo
objeto seja o fornecimento de 50 pães por dia. Para preencher essa lacuna o constituinte
trouxe o § 2° do art. 71 da CF, que apresenta a seguinte redação:
‘§ 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias,
não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.’
Resta-nos verificar, então, qual o significado da expressão decidir a respeito.
O art. 251, §§ 3° e 4°, do Regimento Interno\TCU nos apresenta a resposta.
‘Art. 251. (...)
§ 3º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias,
não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito
da sustação do contrato.

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§ 4º Verificada a hipótese do parágrafo anterior, e se decidir sustar o contrato,
o Tribunal:
I – determinará ao responsável que, no prazo de quinze dias, adote as medidas
necessárias ao cumprimento da decisão;
II – comunicará o decidido ao Congresso Nacional e à autoridade de nível
ministerial competente.’
Podemos verificar de tudo que foi colocado que, se o Tribunal verificar a
ocorrência de ilegalidade em ato administrativo, poderá ele próprio sustar a execução do
ato impugnado. Já em caso de contrato, o Tribunal somente poderá sustar sua execução
se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de 90 dias, não adotar as
providências pertinentes.
Importante notar que independentemente de se tratar de ato ou de contrato a
Constituição prevê que o Tribunal de Contas da União represente ao Poder competente
no caso de constatação de irregularidade ou abuso apurado. É o que está previsto no
inciso XI do art. 71.
‘XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos
apurados.’
A necessidade da comunicação se dá, entre outras coisas, porque somente o
Poder competente pode aplicar sanções administrativas ao responsável.
Para encerrar o assunto, considero interessante trazer à tona o pensamento
apresentado pelo Supremo Tribunal Federal por ocasião do julgamento do Mandado de
Segurança 23550\DF.
Essa ação foi impetrada contra decisão do TCU que havia determinado ao
responsável por órgão público que adotasse os procedimentos necessários para a
anulação de certo contrato administrativo.
Considerando que havia sido lesado em seu direito, o contatado impetrou o
referido mandado de segurança.
A decisão do Pretório Excelso foi no sentido de que o TCU havia sim
competência para determinar a anulação do contrato. A Suprema Corte assim entendeu
por que a Constituição concedeu competência para a Corte de Contas ‘assinar prazo
para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento
da lei, se verificada ilegalidade’ – Inciso IX do art. 71. Dessa forma, quando a Corte de
Contas entender que a única forma de conseguir a legalidade é por meio da anulação do
contrato, pode assinar prazo para que o órgão adote essa providência.

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Nesse mesmo julgado, o Supremo entendeu que o TCU só pode determinar que
algum órgão adote as medidas necessárias no sentido de anular certo contrato
administrativo após conceder ao contratado a oportunidade de defender a legalidade da
avença.
A matéria ora em estudado, corriqueiramente, é questionada nas provas para o
Tribunal de Contas da União. Vejamos alguns exemplos:
‘Compete ao Tribunal de Contas da União (TCU), diretamente, determinar a
sustação de contrato administrativo celebrado pelo Poder Executivo, comunicando o
ato de sustação ao Congresso Nacional. (ACE – Cespe/98)’
Verificamos que o Tribunal de Contas da União só tem competência para
sustar o contrato caso ocorra inércia do Congresso Nacional ou do Poder Executivo.
A Constituição, por meio do § 1° do art. 71, estabelece que compete diretamente ao
Congresso Nacional a sustação do contrato. Assim sendo, a assertiva está falsa.
‘Decretar a anulação de atos e contratos dos órgãos jurisdicionados
considerados ilegais (ACE – ESAF/2000)’.
Como anteriormente verificado, o Tribunal de Contas da União não detém
competência para anular nem ato nem contrato, o que o Tribunal pode fazer é
promover a sustação de atos diretamente e de contratos, caso seja observada inércia
do Congresso Nacional e do Poder Executivo.

3.10 EFICÁCIA DAS DECISÕES DO TRIBUNAL


Importante inovação trazida pelo constituinte de 1988 foi conceder eficácia de
título executivo extrajudicial às decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito
ou multa. ANTERIORMENTE à atual Carta Política, para que as decisões do Tribunal
de Contas da União ganhassem eficácia de título executivo, era necessário que o valor
do débito ou da multa fosse, primeiramente, inscrito na dívida ativa. Vejamos a redação
do § 3° do ar. 71 da CF:
‘§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa
terão eficácia de título executivo.’
Título executivo é aquele que já está pronto para o processo de execução, não
precisando passar pelo processo de conhecimento do Poder Judiciário, para que seja
reconhecida uma dívida.
Dessa forma, quando o Tribunal julga as contas de determinado responsável,
condenando-lhe ao pagamento de débito e multa, não há necessidade de qualquer

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providência no âmbito do Poder Judiciário para que se inicie um processo de execução
contra o responsável.
Questões acerca da eficácia das decisões do Tribunal de Contas da União
comumente freqüentam as provas para o cargo de Analista de Controle Externo. Trago,
a seguir, alguns exemplos de como a matéria já foi solicitada:
‘As decisões do Tribunal de Contas da União, no exercício das suas funções
de controle externo, terão eficácia de título executivo judicial (ACE – ESAF/2000).
A assertiva é falsa, pois somente as decisões proferidas no âmbito do Poder
Judiciário possuem eficácia judicial.’
‘Pode o TCU constituir título executivo contra empresa privada. (ACE –
Cespe/2004).’
A assertiva está correta, quando o Tribunal condena em débito uma empresa
privada, estará constituindo um título executivo contra ela. Com relação à
possibilidade de o TCU condenar empresa privada, a matéria ainda será vista no
decorrer de nosso curso.

4 – CONTROLE DE DESPESAS NÃO AUTORIZADAS


O tema apresenta-se positivado da seguinte forma no art. 72 da CF.
‘Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de
indícios de despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não
programados ou de subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade
governamental responsável que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos
necessários.
§ 1º - Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a
Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo
de trinta dias.
§ 2º - Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o
gasto possa causar dano irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao
Congresso Nacional sua sustação.’
Para esse dispositivo, acredito que sejam necessárias somente algumas
observações para melhor entendimento do tema.
Estamos diante de competência conjunta do Congresso Nacional e do Tribunal
de Contas da União. Assim, verificamos que, no dispositivo em tela, tanto a Comissão

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Mista de Orçamento possui obrigações específicas como o Tribunal de Contas da União
também as têm.
Interessante notar que o parecer do Tribunal de Contas da União é apenas
opinativo, ou seja, não vincula nem a Comissão Mista de Orçamento nem o Congresso
Nacional.
Quem vai decidir se vai ou não sustar a despesa considerada irregular vai ser o
próprio Congresso Nacional.
A Esaf, na prova para o cargo de Analista de Controle Externo do ano de 2002,
apresentou a seguinte questão com relação a esse tema:
‘O controle externo no Brasil, quanto à fiscalização contábil, financeira e
orçamentária da Administração Pública Federal, atualmente, comporta atividades
diversificadas, compreendidas na competência:
a) exclusiva do Congresso Nacional.
b) exclusiva do Tribunal de Contas da União.
c) conjugadas e conjuntas do Congresso Nacional e do Tribunal de Contas da
União.
d) privativas umas do Congresso Nacional e outras do Tribunal de Contas da
União.
e) privativas umas do Congresso Nacional, outras do Tribunal de Contas da
União e algumas delas com a participação conjugada de ambos esses órgãos.’
Essa questão nos demonstra a necessidade de lermos todas as alternativas para
chegarmos a melhor resposta. O candidato mais afobado poderia marcar as letras ‘c’ ou
‘d’. Entretanto, a alternativa ‘e’ se apresenta mais completa. Realmente, no exercício do
controle externo, o Congresso Nacional possui funções privativas, como no caso de
julgamento das contas do Presidente da República. O Tribunal de Contas da União
também possui funções privativas, como no julgamento das contas dos administradores
públicos. Por fim, como na situação prevista no art. 72 da CF, algumas atribuições são
conjuntas.

Chegamos ao final de mais um encontro. Nessa aula, tivemos a oportunidade de


encerrar o estudo começado na aula passada. Volto a chamar a atenção para a
importância dessas duas aulas. Todas as provas para o cargo de Analista de Controle

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Externo do Tribunal de Contas da União apresentam questões relacionadas às
competências constitucionais do TCU.
Como prova, apresento a seguir mais duas questões relacionadas ao tema e que
foram objeto de concursos passados.
‘O Tribunal de Contas da União (ACE – 1996 – Cespe)
(1) é um órgão auxiliar do Congresso Nacional, apesar de fazer parte do Poder
Judiciário.
(2) exerce a função de controle externo da administração federal, conforme
previsto na Constituição.
(3) examina e emite parecer relativo às contas apresentadas anualmente pelo
Presidente da República.
(4) pode aplicar sanções aos responsáveis, inclusive multas.
(5) pode fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União aos
Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal.’
Examinaremos item por item.
O item 1 está incorreto, porque o TCU não faz parte do Poder Judiciário.
No item 2, está colocado que TCU exerce a função de controle externo,
conforme previsto na Constituição. Tivemos a oportunidade de ver nessas duas aulas
que quem exerce a função de controle externo é o Congresso Nacional, sendo auxiliado,
para tanto, pelo Tribunal de Contas da União. Dessa forma, a assertiva também está
incorreta.
O item 3 já foi analisada na aula passada. Reprisando, a questão está incorreta,
pois que emite parecer sobre as contas prestadas pelo Presidente da República é a
Comissão Mista de Orçamento, o Tribunal de Contas da União emite parecer prévio.
O item 4 está correto.
Por fim, o item 5 também está incorreto, como será visto mais adiante, não são
todos os recursos que o Tribunal de Contas da União pode fiscalizar a aplicação.
O próximo encontro vai ser dedicado ao estudo da composição e da organização
do Tribunal de Contas da União. Até lá e continuem estudando.

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AULA 6: COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

A partir dessa aula, todos os nossos encontros estarão intimamente ligados à Lei
Orgânica e ao Regimento Interno do Tribunal de Contas da União. Os nossos próximos
cinco encontros serão, na verdade, uma orientação de como deve ser feito o estudo
desses normativos.
Por questão didática, não vou seguir estritamente a ordem dos dispositivos legais
e regimentais, mas, à medida que for trazer qualquer assunto à discussão, vou fazer
referência da correta localização da matéria tanto na Lei como no Regimento.
Nosso curso não nos permite comentar cada um dos artigos desses dispositivos,
entretanto isso não pode ser empecilho para o aluno fazer uma leitura atenta de todos
eles. Caso o tempo não seja suficiente, maximize-o de acordo com o que foi orientado
na nossa 4ª aula.
Feitas essas breves considerações, vamos, então, começar a nossa 6ª aula.
Sugiro, para melhor compreensão da matéria, que você tenha sempre a mão a Lei
Orgânica – Lei 8.449\1992 e o Regimento Interno do TCU (Resolução-TCU, 155).

1 – COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO


A matéria em apreço está estatuída na Constituição Federal, art. 73; na LOTCU,
arts. 71 a 73; e no RITCU, art. 34.
Da análise desses dispositivos, percebemos que o Tribunal de Contas da União é
composto por NOVE MINISTROS.
‘Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros (...)’
Agora, quem são esses nove ministros? Como é feita a sua escolha? Quais são os
requisitos para ser ministro do TCU?
Todas essas perguntas são respondidas pelos dispositivos apresentados no início
desse tópico. Para melhor compreensão da matéria, apresento o que prevê a
Constituição:
‘§ 1º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre
brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;
II - idoneidade moral e reputação ilibada;
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou
de administração pública;

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IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional
que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.’
Reparem que a Constituição não põe restrição a brasileiro naturalizado. Outra
observação, é que não há a necessidade de curso superior em área específica para ser
ministro do TCU.
Seguindo então na elucidação das dúvidas apresentadas, como é feita a escolha
dos ministros do Tribunal de Contas da União. Com relação ao assunto, a Constituição
prevê, por meio do § 2° do art. 73, que:
‘§ 2º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos:
I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal,
sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao
Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antigüidade
e merecimento;
II - dois terços pelo Congresso Nacional.’
Do acima transcrito, podemos chegar a algumas conclusões.
Podemos perceber que seis ministros do TCU serão escolhidos pelo Congresso
Nacional. E quem o Congresso Nacional pode escolher? Qualquer pessoa que preencha
os requisitos apresentados no art. 73 da CF. Dessa forma, não há nenhuma necessidade
de o ministro a ser escolhido pelo Congresso Nacional ter sido deputado ou senador.
Ainda com relação a esses seis ministros, como foram escolhidos pelo próprio
Congresso Nacional, não há a necessidade de serem aprovados pelo Senado Federal.
Dessa forma, somente os ministros escolhidos pelo Presidente da República devem
passar por essa aprovação.
Com relação aos três escolhidos pelo Presidente da República, a Constituição
prevê que somente um pode ser de sua livre escolha, uma vez que os outros dois devem
ser escolhidos dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal.
Daqui a pouco, vou falar acerca dos auditores e dos membros do Ministério
Público junto ao Tribunal.
Importante anotar que o art. 35 do Regimento Interno estabelece que “em caso
de vacância, a competência para a escolha de ministro do Tribunal de Contas da União
será definida de modo que mantenha a composição mencionada no artigo anterior.”
Dessa forma, a composição de ministros deve ser sempre a seguinte: 6 que
tenham sido indicados pelo Congresso Nacional e 3 que tenham sido indicados pelo
Presidente da República, sendo que desses, 1 deve ser oriundo dos auditores e outro dos

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membros do Ministério Público junto ao Tribunal. Assim, por exemplo, caso haja a
aposentadoria de um ministro oriundo dos auditores, o novo ministro deve vir do quadro
de auditores.
Agora que sabemos quantos são os ministros do TCU, quais os requisitos para a
escolha e quem é que escolhe, vamos verificar qual a função precípua dos ministros da
Corte de Contas.
Como já foi visto, a Constituição concedeu ao TCU diversas atribuições, que são
desenvolvidas por meio dos processos que tramitam na Corte de Contas. Cada processo
possui um relator, ou seja, para ficar responsável pelo processo desde o seu ingresso até
a decisão final do Tribunal. Essa é justamente a função principal dos ministros: relatar
os processos que tramitam na Corte de Contas.
Com relação à nomeação e à posse dos ministros do TCU, considero anotar
algumas observações.
O art. 37 do RITCU estabelece que ‘os ministros têm prazo de trinta dias, a
partir da publicação do ato de nomeação no Diário Oficial da União, prorrogável por
mais sessenta dias, no máximo, mediante solicitação escrita, para posse e exercício no
cargo.’
Importante notar que o prazo não é de 30 dias para posse mais 60 dias para
entrar em exercício. Diferentemente do que ocorre com os servidores regidos pela Lei
8.112, de 1990, os ministros entram em exercício assim que tomam posse. O prazo de
60 dias a que se refere o inciso 37 do RITCU é para que o ministro possa prorrogar a
sua posse e entrada em exercício, caso seja feita solicitação por escrito.
Ainda com relação à posse dos ministros do Tribunal de Contas da União, o
RITCU (art. 38) preconiza que a posse será realizada por meio de sessão extraordinária
do Plenário, podendo ocorrer em período de recesso perante o Presidente do Tribunal.
A Constituição equipara os ministros do Tribunal de Contas da União aos
ministros do Superior Tribunal de Justiça.
‘Art. 73 (...)
§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias,
prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior
Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas
constantes do art. 40. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)’
Reparem bem que a equiparação é com ministros do Superior Tribunal de
Justiça e não com ministros do Supremo Tribunal Federal.

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Já a LOTCU apresenta, por meio do § único do art. 73, as seguintes garantias e
prerrogativas:
‘Art. 73 (...)
Parágrafo único. Os ministros do Tribunal gozarão das seguintes garantias e
prerrogativas:
I - vitaliciedade, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial
transitada em julgado;
II - inamovibilidade;
III - irredutibilidade de vencimentos, observado, quanto à remuneração, o
disposto nos arts. 37, XI, 150, II, 153, III e 153, § 2°, I, da Constituição Federal;
IV - aposentadoria, com proventos integrais, compulsoriamente aos setenta anos
de idade ou por invalidez comprovada, e facultativa após trinta anos de serviço,
contados na forma da lei, observada a ressalva prevista no caput, in fine, deste artigo.’
O inciso IV supra foi parcialmente revogado pela Emenda Constitucional n.° 20.
Agora, as aposentadorias dos ministros do TCU obedecem ao preconizado no art. 40 da
CF.
Tanto a LOTCU (art. 74) como o RITCU (art. 39) apresentam vedações aos
ministros do Tribunal de Contas da União. Por ser mais completa, opto para transcrever
a disposição regimental.
Art. 39. É vedado ao ministro do Tribunal:
I – exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de
magistério;
II – exercer cargo técnico ou de direção de sociedade civil, associação ou
fundação, de qualquer natureza ou finalidade, salvo de associação de classe, sem
remuneração;
III – exercer comissão remunerada ou não, mesmo em órgãos de controle da
administração pública direta ou indireta, ou em concessionárias de serviço público;
IV – exercer profissão liberal, emprego particular ou comércio, ou participar de
sociedade comercial, exceto como acionista ou cotista sem ingerência;
V – celebrar contrato com pessoa jurídica de direito público, empresa pública,
sociedade de economia mista, fundação, sociedade instituída e mantida pelo poder
público ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato
obedecer a normas uniformes para todo e qualquer contratante;
VI – dedicar-se a atividade político-partidária;

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VII – manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo
pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou emitir juízo depreciativo sobre
despachos, votos ou sentenças de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em
obras técnicas ou no exercício de magistério;
VIII – atuar em processo de interesse próprio, de cônjuge, de parente
consangüíneo ou afim, na linha reta ou na colateral, até o segundo grau, ou de amigo
íntimo ou inimigo capital, assim como em processo em que tenha funcionado como
advogado, perito, representante do Ministério Público ou servidor da Secretaria do
Tribunal ou do Controle Interno.
Quanto a esses dispositivos, acredito que apenas uma observação se faz
necessária, refiro-me a vedação de o ministro atuar em processo de parente até 2° grau
em linha reta ou colateral. Como não faz parte do escopo desse curso estudar
parentesco, quero que fique claro que parente até 2° grau em linha reta é avó ou neto e,
em linha colateral é irmão. Dessa forma, todos mais afastados que esses são mais do que
2° grau.
Antes de passarmos para o próximo tópico, acredito interessante fazer um
resumo com relação aos ministros do Tribunal de Contas da União.
Somente os 9 ministros compõem o Tribunal. Para uma pessoa ser ministro do
TCU, deve satisfazer os requisitos previstos no § 1° do art. 73 da CF. Os ministros do
TCU são equiparados a ministro do STJ. Os ministros são escolhidos da seguinte forma:
1\3 pelo Presidente da República, sendo que desses, 1 deve vir dos membros do
Ministério Público junto ao Tribunal e 1 deve vir dos auditores, e 2\3 pelo Congresso
Nacional. Os ministros indicados pelo Presidente da República devem ser aprovados
pelo SENADO FEDERAL. Pelo art. 28, inciso XXI, do RITCU, quem dá a posse para
os ministros é o Presidente do Tribunal. Essa posse se dá em sessão extraordinária do
Plenário. Por fim, vale ressaltar que, independentemente do processo de escolha, todos
os ministros são nomeados pelo Presidente da República. Aqui vale uma anotação:
todas as autoridades do TCU são nomeadas pelo Presidente da República. São
autoridades os ministros, auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal.
Com relação a ministros do Tribunal de Contas da União, as seguintes questões
já foram abordadas em provas passadas:
‘Os ministros do Tribunal de Contas da União (TCE-Cespe/96)
A_ são, todos eles, nomeados pelo Presidente da República.
B_ são aposentados compulsoriamente aos sessenta e cinco anos de idade.

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C_ não podem exercer qualquer outro cargo público.
D_ gozam de todas as garantias da magistratura comum, exceto a
inamovibilidade. A Corte funciona somente em Brasília, de forma que seria ilógico
assegurar-lhes que não fossem removidos arbitrariamente.
E_ não podem celebrar qualquer espécie de contrato com empresa pública,
sociedade de economia mista, fundação ou empresa concessionária de serviço público,
mesmo enquanto estiverem em disponibilidade.’
Podemos perceber que somente a alternativa ‘a’ está correta. A letra ‘b’ está
incorreta porque os ministros do TCU são aposentados compulsoriamente aos 70 anos.
O inciso I do art. 39 do RITCU prevê que o ministro pode exercer um cargo de
magistério. Já a letra ‘d’ está em conflito com o que está previsto no inciso II do art. 73
da LOTCU. Por fim, na letra ‘e’, temos que, conforme o preconizado no inciso V do art.
39 do RITCU, quando o contrato obedecer normas uniformes, pode ser celebrado por
ministro do TCU.’
‘Apenas um dos ministros do TCU pode ser livremente escolhido pelo
presidente da República entre os cidadãos brasileiros que preencham os requisitos
constitucionalmente estabelecidos para o exercício desse cargo. (TCE/Cespe 2004)’
Pelo que vimos, a assertiva está correta.
2 – AUDITORES
Em número de três, os auditores substituem os ministros no caso de vacância,
férias, impedimentos, licenças e outros afastamentos legais. A CF apresenta as seguintes
garantias aos auditores:
‘Art. 73 (...)
‘§ 4º - O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias
e impedimentos do titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura,
as de juiz de Tribunal Regional Federal.’
Uma observação se faz necessária: o auditor no seu dia-a-dia possui as mesmas
garantias e impedimentos de juiz de Tribunal Regional Federal, ou seja, de juiz de 2ª
instância. Quando em substituição a ministro, possui as mesmas garantias de ministro
do Superior Tribunal de Justiça.
Como é feita a escolha dos auditores e quais são os requisitos para investidura
no cargo?

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Diferentemente, do que ocorre com os ministros, o ingresso no cargo de auditor
de faz por meio de concursos de provas e de títulos, é isso o que está previsto no art. 77
da LOTCU, vejamos:
‘Art. 77. Os auditores, em número de três, serão nomeados pelo Presidente da
República, dentre os cidadãos que satisfaçam os requisitos exigidos para o cargo de
ministro do Tribunal de Contas da União, mediante concurso público de provas e
títulos, observada a ordem de classificação.’
Podemos verificar do dispositivo que os auditores, conforme anteriormente
falado, são nomeados pelo Presidente da República e que, para a investidura no cargo, o
auditor deve preencher os mesmos requisitos exigidos para o cargo de ministro do
Tribunal de Contas da União, ou seja, o que está preconizado no § 1° do art. 73 da CF.
Já verificamos que os auditores substituem os ministros em certas situações. E
quando não estão substituindo os ministros, quais a sua principal atribuição?
Tal qual ocorre com os ministros, os auditores também relatam processos. Dessa
forma, podemos chegar a seguinte conclusão: os processos do Tribunal de Contas da
União são distribuídos para os ministros e para os auditores.
Existem, entretanto, algumas diferenças entre ministros e auditores. A primeira,
como já vimos, é que estes são equiparados a juizes de Tribunal Regional Federal e
aqueles são equiparados a ministros do Superior Tribunal de Justiça. Outra diferença é
que nem todos os processos são distribuídos para os auditores. A Resolução-TCU, de
25.05.2005, deu nova redação ao RITCU. Após essa modificação, os processos de
recurso e os processos administrativos só são distribuídos a ministros. Prosseguindo, os
auditores não podem relatar os processos que tratam das contas de governo. Mais a
principal diferença é que os auditores não têm direito a voto nas deliberações do
Tribunal, salvo se convocados para substituírem ministros. Para melhor compreensão do
tema, vejamos o que prevê o parágrafo único do art. 78 da LOTCU:
‘Art. 78 (...)
Parágrafo único. O auditor, quando não convocado para substituir ministro,
presidirá à instrução dos processos que lhe forem distribuídos, relatando-os com
proposta de decisão a ser votada pelos integrantes do Plenário ou da Câmara para a
qual estiver designado.’
Importante acrescentar que, de acordo com o art. 99 da LOTCU, mesmo em
substituição a ministro, o auditor não poderá votar em processo que esteja sendo
proposta alteração do Regimento Interno. Vejamos:

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‘Art. 99. O regimento interno do Tribunal somente poderá ser aprovado e
alterado pela maioria absoluta de seus ministros titulares.’
Há pouco mencionei que os auditores não têm direito a voto nas deliberações do
Tribunal. Com relação às deliberações do TCU, elas ocorrem por meio de reunião de
todos os seus ministros, que são as sessões do Plenário, ou por meio de reunião de
alguns dos ministros, que são as sessões da Primeira e Segunda Câmaras. Mais a frente,
vou desenvolver tópico específico para tratar desse assunto.
Nesse momento só quero que fique claro que os auditores devem levar os
processos que são a eles distribuídos a apreciação tanto das Câmaras, como do Plenário.
Por esse motivo, os auditores, MESMO QUE NÃO ESTEJAM CONVOCADOS,
devem participar permanentemente dos colegiados (Câmaras e Plenário). Vejamos o
que prevê o art. 55, inciso III, do RITCU:
‘Art. 55. Incumbe ao auditor:
(...)
III – atuar, em caráter permanente, junto ao Plenário e à câmara para a qual
for designado, presidindo a instrução dos processos que lhe forem distribuídos na
forma estabelecida nos arts. 147 a 151, 153 e 154, e relatando-os com proposta de
acórdão por escrito, a ser votada pelos membros do respectivo colegiado.’
Com relação aos auditores, vale o seguinte resumo. São em número de três e que
substituem os ministros em certas situações. Para que uma pessoa seja auditor, é
necessário, além dos requisitos insculpidos no parágrafo único do art. 73, que seja
aprovado em concurso de provas e de títulos. De acordo com o art. 28, inciso, inciso
XXI, do RITCU, quem dá a posse para os auditores é o Presidente do Tribunal. Essa
posse se dá em sessão extraordinária do Plenário. Os auditores são nomeados pelo
Presidente da República. Por fim, conforme estatuído no art. 79 da LOTCU, o auditor,
depois de empossado, só perderá o cargo por sentença judicial transitada em julgado.
Com relação ao tema, a seguinte questão foi explorada pelo Cespe no concurso
para Técnico de Controle Externo em 2004:
‘Um ministro do TCU que ingressou em vaga reservada a membro do Ministério
Público junto ao TCU deverá afastar-se por dois meses de suas atividades, em virtude
de licença médica. Nessa situação, durante o período de afastamento, o referido ministro
deverá ser substituído pelo mais antigo dos membros do Ministério Público junto ao
TCU.’
Pelo que foi exposto, deve o ministro afastado ser substituído por um auditor.

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3 – MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS DA
UNIÃO
O art. 128, inciso I, da CF estabelece que:
‘Art. 128. O Ministério Público abrange:
I - o Ministério Público da União, que compreende:
a) o Ministério Público Federal;
b) o Ministério Público do Trabalho;
c) o Ministério Público Militar;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
De plano podemos perceber que o Ministério Público junto ao Tribunal de
Contas da União não faz parte do Ministério Público da União.
Já que o MPjTCU não integra o Ministério Público da União, como é estruturada
a sua carreira? Como se dá o ingresso na carreira?
O art. 80 da LOTCU estabelece que:
‘Art. 80. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, ao qual se
aplicam os princípios institucionais da unidade, da indivisibilidade e da independência
funcional, compõe-se de um procurador-geral, três subprocuradores-gerais e quatro
procuradores, nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros, bacharéis
em direito.
§ 1° (Vetado)
§ 2° A carreira do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União é
constituída pelos cargos de subprocurador-geral e procurador, este inicial e aquele
representando o último nível da carreira, não excedendo a dez por cento a diferença de
vencimentos de uma classe para outra, respeitada igual diferença entre os cargos de
subprocurador-geral e procurador-geral.
§ 3° O ingresso na carreira far-se-á no cargo de procurador, mediante
concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos
Advogados do Brasil em sua realização e observada, nas nomeações, a ordem de
classificação, enquanto a promoção ao cargo de subprocurador-geral far-se-á,
alternadamente, por antigüidade e merecimento.’
O § 1° do dispositivo, que foi vetado, estabelecia as especificidades relativas ao
Procurador-Geral. Dessa forma, restou ao RITCU disciplinar a matéria, que, por meio
de do § único de seu art. 58 estabelece que:
‘Art. 58 (...)

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§ 1º O Ministério Público junto ao Tribunal tem por Chefe o Procurador-Geral,
que será nomeado pelo Presidente da República, entre integrantes da carreira, para
exercer mandato de dois anos, permitida a recondução, tendo tratamento protocolar,
direitos e prerrogativas correspondentes aos de cargo de ministro do Tribunal.’
Assim, temos que o MPjTCU constitui carreira diferenciada do Ministério
Público da União. O ingresso na carreira se faz por meio de concurso de provas e
títulos. O MPjTCU é composto por 1 Procurador-Geral, 3 Subprocuradores-Gerais e 4
Procuradores. Já a carreira é constituída pelos cargos de subprocurador-geral e
procurador, este inicial e aquele representando o último nível da carreira, razão pela
qual são sete os membros do MPjTCU: 3 Subprocuradores-Gerais e 4 Procuradores. O
Procurador-Geral não integra a carreira, ele funciona como chefe Ministério Público,
sendo escolhido, pelo Presidente da República, entre os membros da carreira, para
exercer um mandato de dois anos, sendo permitida a recondução.
Uma vez visto os requisitos e o modo para o ingresso na carreira, vamos
verificar quais as principais atividades exercidas pelo MPjTCU. Com relação ao tema, o
art. 81da LOTCU estabelece que:
‘Art. 81. Competem ao procurador-geral junto ao Tribunal de Contas da União,
em sua missão de guarda da lei e fiscal de sua execução, além de outras estabelecidas
no regimento interno, as seguintes atribuições:
I - promover a defesa da ordem jurídica, requerendo, perante o Tribunal de
Contas da União as medidas de interesse da justiça, da administração e do erário;
II - comparecer às sessões do Tribunal e dizer de direito, verbalmente ou por
escrito, em todos os assuntos sujeitos à decisão do Tribunal, sendo obrigatória sua
audiência nos processos de tomada ou prestação de contas e nos concernentes aos atos
de admissão de pessoal e de concessão de aposentadorias, reformas e pensões;
III - promover junto à Advocacia-Geral da União ou, conforme o caso, perante
os dirigentes das entidades jurisdicionadas do Tribunal de Contas da União, as
medidas previstas no inciso II do art. 28 e no art. 61 desta lei, remetendo-lhes a
documentação e instruções necessárias;
IV - interpor os recursos permitidos em lei.’
O caput do art. 81 faz referência a outras atribuições estabelecidas no RITCU,
essas estão previstas no art. 62 daquele normativo.
A principal função do Ministério Público é defender a Lei, ou seja, os seus
representantes devem fazer com que as decisões adotadas no âmbito da Corte respeitem

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os normativos que regem a Administração Pública. Para tanto, tanto a LOTCU como
RITCU facultam que os membros do Ministério Público se manifestem em todos os
processos que tramitam no Tribunal. A LOTCU determina, ainda, que em certos
processos a sua manifestação é obrigatória, sob pena de nulidade de todos os atos
praticados após o momento em que o MP deveria se manifestar.
Importante notar, também, que o inciso II impõe a obrigatoriedade de o
Representante do Ministério Público comparecer às Sessões do Tribunal. Verificaremos,
em aula futura, que existem algumas Sessões Extraordinárias do Plenário que não
necessitam da presença do Representante do Ministério Público, as demais todas
possuem essa obrigatoriedade sob vício de nulidade da sessão.
Por fim, o inciso III apresenta importante atribuição a ser exercida pelo
MPjTCU. Assim sendo, o inciso merece especial atenção.
Para melhor compreensão do dispositivo, vamos dividi-lo em duas partes, a
primeira que vai até Tribunal de Contas da União e a segunda até o final. Vamos
começar pela segunda.
Quais são as medidas previstas no inciso II do art. 28 e no art. 61 da LOTCU?
São, respectivamente, as medidas necessárias ao arresto dos bens dos responsáveis
julgados em débito e à cobrança judicial da divida imputada pelo Tribunal.
Já vimos que as deliberações do Tribunal de Contas da União que imputem
débito ou multa para um responsável têm a eficácia de título executivo extrajudicial.
Dessa forma, quando alguém é condenado pelo TCU ao pagamento de uma dívida
qualquer e se recusa a fazer esse pagamento, pode ser coagido a fazê-lo por meio de
ação de execução movida junto ao Poder Judiciário. Como o Judiciário não age de
ofício, necessitando sempre de alguém para impulsioná-lo, a Advocacia-Geral da União
(ou os dirigentes das entidades jurisdicionadas do Tribunal de Contas da União) vai
interpor a ação, após ser comunicada pelo de sua necessidade pelo Ministério Público
junto ao Tribunal de Contas da União.
O arresto se consiste em uma espécie cautelar nominada prevista no Direito
Processual Civil e tem como objetivo garantir a execução de uma dívida. Assim, quando
o Tribunal entender que para garantir a execução de uma dívida seja necessário arrestar
os bens do responsável, vai comunicar essa necessidade à Advocacia-Geral da União
(ou aos dirigentes das entidades jurisdicionadas do Tribunal de Contas da União), para
que seja interposta a ação de arresto.

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A primeira parte do inciso III da art. 81 fala que o MPjTCU vai ‘promover junto
à Advocacia-Geral da União ou, conforme o caso, perante os dirigentes das entidades
jurisdicionadas do Tribunal de Contas da União (...)’ A conjunção alternativa é utilizada
no dispositivo, porque a Advocacia-Geral da União não defende todos os
jurisdicionados do Tribunal de Contas da União. Assim, por exemplo, se os cofres
lesados forem do Banco do Brasil, competirá à assessoria jurídica daquela instituição
financeira entrar com a ação.
Com relação ao tema, o Cespe, na prova para o cargo de Analista de Controle
Externo do Tribunal de Contas da União, apresentou a seguinte questão:
‘O Ministério Público junto ao TCU somente precisa manifestar-se nos
processos de tomada ou prestação de contas, nos concernentes aos atos de admissão de
pessoal e de concessão de aposentadoria, reforma e pensão, nos incidentes de
uniformização de jurisprudência e nos recursos.’
Pelo disposto no inciso III do art. 62 do RITCU, não são em todos os recursos
que o Ministério Público precisa se manifestar, o que torna a assertiva incorreta.

4 – PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO


O Presidente do Tribunal de Contas da União (PTCU) é dirigido pelo seu
Presidente, que é escolhido entre os ministros titulares do Tribunal para um mandato de
um ano civil, sendo permitida a reeleição. Dessa forma, o PTCU é eleito, pelos seus
pares, para um mandato que começa em 1° de janeiro que se estenderá até 31 de
dezembro.
Para melhor compreensão da forma como ocorrer a eleição para PTCU, vamos
dividir a matéria em duas partes: a primeira para as eleições ordinárias, ou seja, quando
o Presidente cumpriu integralmente o seu mandato e a segunda para as eleições
extraordinárias, ou seja, quando o Presidente, por qualquer motivo, não chegou ao final
de seu mandato.
As eleições ordinárias vão ocorrer, segundo o art. 69 da LOTCU ou 24 do
RITCU, na última sessão ordinária do ano, que, por força do § 6° do art. 94 do RITCU,
será realizada na primeira quarta-feira do mês de dezembro.
Só podem participar da eleição os ministros titulares, ainda que no gozo de
licença, férias ou outro afastamento legal. Para tanto o RITCU permite que os ministros
ausentes votem por meio de sobrecartas dirigidas à Presidência do TCU.

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O RITCU prevê que o quorum para eleição é de, no mínimo, cinco ministros,
incluindo o que presidir o ato. Caso o quorum não seja atingido, será convocada sessão
extraordinária para o dia seguinte. Para a eleição, que esteja presente um representante
do Ministério Público junto ao Tribunal.
Importante salientar que o auditor, mesmo que esteja convocado para substituir
ministro, não pode votar e que o Presidente do Tribunal tem direito a voto.
Será eleito em primeiro turno, o ministro que conseguir a maioria absoluta dos
votos. Caso nenhum ministro alcance essa maioria, será realizado segundo turno entre
os dois ministros mais votados. Caso ocorra empate na votação, será declarado
Presidente, o ministro mais antigo.
A posse do Presidente do Tribunal ocorrerá até o dia 16 de dezembro, sendo que
a entrada em exercício só ocorrerá no dia 1° de janeiro do ano seguinte, uma vez que o
ministro é eleito para exercer a Presidência pelo prazo de 1 ano civil.
Agora que já vimos como ocorrer as eleições ordinárias, vamos tratar das vagas
eventuais.
Caso a vaga de PTCU venha ocorrer nos últimos 60 dias do mandato, o RITCU
prevê que não haverá nova eleição. Nesse caso, o Vice-Presidente do Tribunal assume a
Presidência.
Caso a vaga surja antes dos últimos sessenta dias, a LOTCU, em seu art. 69, §
1°, prevê que a eleição ocorrerá na primeira sessão ordinária após a ocorrência da vaga.
Ocorre que o art. 24, § 1°, do RITCU estabelece que, nesse caso, a eleição será realizada
até a segunda sessão ordinária. Diante desse dilema, qual dos dois prazos devemos
seguir? Entendo que, por força da parte final do art. 73 da CF, que estabelece que ao
TCU se aplica, no que couber, o disposto no art. 96 da CF, somente o RITCU poderia
reger a matéria, vejamos:
‘Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem
sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território
nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96.’
Já o art. 96 apresenta a seguinte redação:
‘Art. 96. Compete privativamente:
I - aos tribunais:
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com
observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo

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sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e
administrativos;’
Dessa forma, entendo que somente o RITCU poderia disciplinar a matéria, razão
pela qual considero mais apropriado o prazo de até a segunda sessão ordinária.
O RITCU prevê, ainda, que no caso de eleição extraordinária, a posse do
ministro eleito será efetivada na mesma sessão em que ocorrer a eleição e exercerá o
cargo de Presidente no período restante.
Vale ainda acrescentar que na mesma sessão e nos mesmos moldes que ocorrer a
eleição para Presidente ocorrerá a eleição para Vice-Presidente. O RITCU prevê que são
duas eleições distintas, sendo a primeira do Presidente e logo depois a do Vice-
Presidente.
O Vice-Presidente exerce as funções de corregedor do Tribunal.
Visto como ocorrem as eleições para Presidente e Vice-Presidente, acredito
interessante trazer à tona algumas das competências do PTCU, as quais estão previstas
no art. 70 da LOTCU e no art. 28 do RITCU.
O inciso VI do art. 28 do RITCU estabelece que compita ao PTCU presidir as
Sessões Plenárias do Tribunal de Contas da União
. A idéia que o PTCU só vota em caso de desempate é falsa. Está certo que ele
só vota em situações bem específicas, mas não apenas para desempatar, vejamos alguns
incisos do art. 28 do RITCU:
‘Art. 28 Compete ao Presidente:
IX – proferir voto de desempate em processo submetido ao Plenário;
X – votar quando se apreciar inconstitucionalidade de lei ou de ato do poder
público;
XI – votar quando se apreciarem projetos de atos normativos;
XII – relatar e votar quando se apreciar agravo contra despacho decisório de
sua autoria, na forma prevista no § 2º do art. 289;’
Duas importantes considerações devem ser feitas. A primeira é que o PTCU,
geralmente, não relata processo. Exceção a essa regra pode ser vista no inciso XII supra.
A segunda consideração refere-se ao preconizado no inciso X: ‘votar quando se
apreciar inconstitucionalidade de lei ou de ato do poder público.’
O Supremo Tribunal Federal, por meio da súmula 347, já entendeu que o
Tribunal de Contas da União, no âmbito de sua competência, pode apreciar a
constitucionalidade de lei ou de ato do poder público. Essa apreciação ocorre sempre de

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modo difuso ou incidental. Assim, o TCU, ao deliberar acerca de um processo qualquer,
caso esbarre em normativo que possa estar afrontando a Constituição, pode afastar a
aplicabilidade daquele dispositivo, a fim de resolver o caso concreto.
Com relação ao tema, a Esaf trouxe, no ano de 1999, a seguinte questão na prova
para o cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da União:
‘O Tribunal de Contas da União, no exercício de suas atribuições, pode apreciar
a constitucionalidade de leis e atos do poder público.
a) Assertiva correta, entendida no sentido de controle de
constitucionalidade concentrado e em abstrato.
b) Assertiva correta, entendida no sentido do controle de
constitucionalidade difuso e incidental.
c) Assertiva incorreta, porque não cabe essa apreciação de
constitucionalidade, quer no controle concentrado ou no difuso.
d) Assertivaa incorreta, porque só pode apreciar a constitucionalidade de
ato do poder Executivo e não o de lei.
e) Assertiva incorreta, porque só pode apreciar a legalidade de ato sob
sua jurisdição e não a constitucionalidade.
Por tudo que foi colocado, podemos perceber que a resposta correta é a letra ‘b’.
Por fim, vale ressaltar que o Presidente do Tribunal pode, por força do art. 29 do
RITCU pode, em caráter excepcional e havendo urgência, decidir sobre matéria da
competência do Tribunal, submetendo o ato à homologação do Plenário na próxima
sessão ordinária.
As seguintes questões já foram abordadas em concursos passados:
‘Com referência à escolha do presidente do TCU, assinale a opção correta. (TCE
Cespe/96)
A_ O presidente do TCU é escolhido pelos seus pares e nomeado pelo
Presidente da República.
B_ Se nenhum candidato obtiver a maioria absoluta de votos, haverá segundo
escrutínio – no qual concorrerão apenas os dois candidatos mais votados no primeiro.
C_ O presidente e o vice-presidente do TCU são escolhidos conjuntamente, em
chapa única.
D_ Falecendo o presidente do TCU dois meses após a sua posse, o sucessor
escolhido iniciará novo mandato de um ano, sendo permitida a sua reeleição apenas por
um período.

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E_ Não é permitida a reeleição do presidente do TCU.’
Pelo que foi estudado, podemos perceber que a alternativa correta é a letra ‘b’.
Com relação às outras alternativas, gostaria de registrar apenas uma consideração sobre
a alternativa ‘d’. O que deixa incorreta a alternativa é o fato de que, segundo o RITCU,
o sucessor escolhido NÃO inicia novo mandato de um ano, apenas completa o mandato
que fora interrompido.
‘O presidente do TCU é nomeado pelo presidente da República, escolhido de
uma lista tríplice constituída pelo tribunal, composta de ministros de seu quadro, após
aprovação pelo Senado Federal. (ACE/CESPE 2004)’
Vimos na aula de hoje que o PTCU é eleito pelos seus pares, o que torna a
assertiva incorreta.

5 – COLEGIADOS DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO


Nesse tópico, vamos verificar como o Tribunal se divide em colegiados, como
eles são compostos e a competência de cada um deles.
Conforme já mencionado, as deliberações do TCU ocorrem por meio de reunião
de todos os seus ministros, que são as sessões do Plenário, ou por meio de reunião de
alguns dos ministros, que são as sessões da Primeira e Segunda Câmaras.
As sessões do Plenário ocorrem ordinariamente às 14h30min das 4ªs feiras.
Todas as reuniões que ocorrem fora desses dia e horário são consideradas reuniões
extraordinárias. Vamos lembrar, também, que, conforme já mencionado, a última sessão
ordinária do Plenário, por força do art. 94, § 6°, do RITCU, ocorre na primeira 4ª feira
de dezembro. Dessa forma, qualquer reunião marcada para depois dessa data será
reunião extraordinária, mesmo que seja marcada nos mesmos dia e horário das sessões
ordinárias, ou seja, 4ªs feiras às 14h30min.
Já as sessões de Câmara ocorrem às 15h das 3ªs e 5ªs feiras, respectivamente, de
1ª e 2ª Câmaras. As mesmas observações relativas ao parágrafo anterior cabem para as
Câmaras.
Com relação à composição dos colegiados, já falamos que o Plenário é a reunião
de todos os ministros, sendo presidido pelo PTCU.
Dessa forma, vou-me ater à composição das Câmaras.
Antes de iniciarmos, importante deixar claro que não há distinção de
competências entre as Câmaras. A divisão se dá apenas para dar celeridade ao trâmite
processual, pois, funcionando de forma fracionada, o Tribunal pode fazer muito mais

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sessões durante o ano. Dessa maneira, todas as observações feitas com relação a uma
Câmara vale para a outra.
Conforme estatuído no art. 11 do RITCU, as Câmaras são compostas por 4
ministros. Como são duas Câmaras, podemos notar que um ministro não atua em
Câmara. Esse ministro é o PTCU, que, como já falado, em geral, não relata processo.
A fim de relatar os processos que lhes são distribuídos, os auditores atuam em
caráter permanente nas Câmaras. Vale lembrar, como já vimos, que os auditores atuam,
também, em caráter permanente no Plenário.
Funciona junto a cada colegiado do Tribunal um Representante do MPjTCU.
As Câmaras são presididas uma pelo Vice-Presidente e outra pelo ministro mais
antigo.
Os Presidentes das Câmaras relatam processos normalmente e votam em todas
as deliberações do Colegiado. Não existe, portanto, nas Câmaras, o voto de desempate
do Presidente.
Para encerrar a aula de hoje, vamos verificar a competência de cada colegiado.
Os arts. 15 a 17 RITCU tratam da matéria, sendo que os arts. 15 e 16 dispõem
sobre a competência do Plenário e o art. 17 da competência da Câmara.
Nosso estudo vai se limitar a, apenas, verificar o que de mais importante há para
cada um colegiado. Nunca é demais relembrar que não há distinção entre uma Câmara e
outra, assim tudo que competir a uma competirá a outra também.
Para iniciar, vale destacar o que, conforme preconizado na alínea ‘s’ do inciso I
do art. 15, compete ao Plenário qualquer assunto não incluído expressamente na
competência das câmaras. Assim, temos que a competência do Plenário é residual,
enquanto que competência das Câmaras é exaustiva.
Acredito que o aluno deve fazer uma leitura detalhada do art. 17 do RITCU,
pois, como a competência das Câmaras é taxativa, tudo que sobrar será de competência
do Plenário.
Especial atenção deve ser dada aos parágrafos do art. 17. O 1° disciplina que ‘os
assuntos de competência das câmaras, exceto os previstos no inciso VII, poderão ser
incluídos na pauta do Plenário pelo relator, ou por deliberação da câmara acolhendo
proposta de ministro ou sugestão de auditor ou do representante do Ministério Público,
sempre que a relevância da matéria recomende esse procedimento.
Dessa forma temos que, em geral, todas as matérias de competência das
Câmaras poderão, quando a relevância da matéria recomendar, ser submetidas à

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apreciação do Plenário. A exceção encontra-se nas matérias disciplinadas no inciso VII
do art. 17, que trata de recursos, e objetiva guardar consonância com o disposto no art.
33 da LOTCU, que possui a seguinte redação:
‘Art. 33. O recurso de reconsideração, que terá efeito suspensivo, será
apreciado por quem houver proferido a decisão recorrida, na forma estabelecida no
regimento interno, e poderá ser formulado por escrito uma só vez, pelo responsável ou
interessado, ou pelo Ministério Público junto ao Tribunal, dentro do prazo de quinze
dias, contados na forma prevista no art. 30 desta lei.’
A parte sublinhada do dispositivo quer dizer que o recurso será apreciado pelo
colegiado que proferiu a decisão recorrida. Dessa maneira, o colegiado competente para
apreciara um Recurso de Reconsideração contra decisão da 1ª Câmara será a 1ª Câmara,
contra decisão do Plenário será o Plenário e contra decisão da 2ª Câmara, será a 2ª
Câmara. Nosso último encontro será dedicado aos recursos existentes no Tribunal de
Contas da União. Importante, porém, acrescentar que o Recurso de Revisão será sempre
apreciado pelo Plenário da Corte por força do art. 35 da LOTCU.
O § 2° do art. 17 do RITCU traz a seguinte redação:
‘§ 2º Não poderão ser apreciados pelas câmaras os processos que contenham
propostas de fixação de entendimento sobre questão de direito em determinada
matéria, de determinações em caráter normativo e de estudos sobre procedimentos
técnicos.’
Devido à especificidade dessas matérias, somente o Plenário poderá apreciar os
processos que contenham as propostas acima. Dessa forma, quando o Tribunal quer
estipular a forma como ele entende determinada matéria, o Plenário que deve se
pronunciar.
Chegamos, assim, ao final de mais um encontro.
Tivemos a oportunidade de verificar a composição e a organização do Tribunal
de Contas da União. Nessa aula, vimos quais são os requisitos para o cargo de ministro,
auditor e Procurador do TCU e que a nomeação para todos esses cargos é feita pelo
Presidente da República.
Também foi visto que o STF já reconheceu a competência do Tribunal de Contas
da União para apreciar a constitucionalidade de leis e atos normativos, quando estiver
no exercício de sua competência.
A forma como é escolhido o Presidente do Tribunal de Contas da União também
foi objeto desse nosso encontro.

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Por fim, verificamos quais são os colegiados que compõem o Tribunal, bem
como a competência de cada um deles.
Dessa forma, por tudo que estudamos hoje, temos condições de responder a
questões como a seguir apresentadas:
Acerca da organização e composição do TCU e das prerrogativas de seus
membros, julgue os itens que se seguem. (ACE-Cespe/98)
1_ O TCU compõe-se de nove ministros e três auditores.
2_ Um quinto dos ministros será escolhido entre membros do Ministério Público
que atuem junto ao TCU e advogados indicados pela Ordem dos Advogados do Brasil,
conforme critérios especificados na Lei Orgânica do TCU.
3_ Incumbe ao procurador-geral da República a indicação de procuradores da
República para atuarem junto ao TCU.
4_ Os ministros do TCU e seus auditores, estes quando em substituição a
ministros, terão as mesmas garantias e os mesmos impedimentos dos ministros do
Superior Tribunal de Justiça (STJ).
5_ Ainda que não esteja em substituição, o auditor atua permanentemente junto
ao Plenário.
O item 1 está incorreto porque os auditores não compõem o TCU. O item 2 está
completamente errado. Verificamos que, dos ministros escolhidos pelo Presidente da
República, um tem que vir dos membros do MPjTCU e outro dos auditores. O item 3
está incorreto porque os procuradores do TCU ingressam na carreira por meio de
concurso. O item 4 se coaduna com o disposto no art. 73 da CF. Por fim, o item 5 se
coaduna com o previsto no art. 55 do RITCU.
‘(ACE – ESAF 99) O Tribunal de Contas da União compõe-se de nove Ministros,
que nas suas ausências e impedimentos serão substituídos pelos auditores, por
convocação do Presidente e observada a ordem de antigüidade, estabelecendo a sua
lei orgânica que:
a) os auditores substitutos de ministros são escolhidos entre os analistas de
controle externo, do quadro de pessoal do Tribunal de Contas da União;
b) o TCU funcionará por meio de Câmaras, que serão presididas pelos ministros
mais antigos, entre os seus integrantes;
c) junto ao TCU funcione uma representação do Ministério Público Federal, por
designação do Procurador-Geral da República;

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d) o auditor, quando não convocado para substituir ministro, realizará as
inspeções e auditorias nos órgãos da Administração Pública Federal, por designação do
Presidente;
e) os ministros do TCU terão as mesmas garantias e prerrogativas dos
magistrados membros integrantes do Superior Tribunal de Justiça..’
Por tudo que foi exposto, temos que a alternativa correta é a letra ‘e’.

Na próxima aula, vamos estudar, essencialmente, como são as sessões do


Tribunal.
Até lá, e continuem estudando.

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AULA 7: SESSÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Prosseguindo o nosso curso, vamos para a nossa 7ª aula. Hoje, trataremos das
sessões do Tribunal de Contas da União. Verificaremos como ocorrem as sessões de
Plenário e de Câmara.
Abordaremos de forma rápida os passos que o processo percorre desde a sua
chegada ao Tribunal até a sua saída.
Antes de iniciar, gostaria que fosse feita uma pequena correção no que foi
colocado na introdução da aula passada. Por um erro de digitação, apontei que a Lei
Orgânica do Tribunal de Contas da União é a Lei 8.449, quando na verdade é a Lei
8.443.

1 – TRÂMITE PROCESSUAL NO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO


Antes de iniciarmos, considero interessante fazer uma pequena colocação do que
seja o processo.
No nosso dia-a-dia, mesmo sem saber, nos deparamos com situações que nos
dão exemplos do que seja um processo. Quando queremos fazer uma vitamina de
banana, colocamos a fruta no liquidificador juntamente com leite e açúcar, batemos por
um tempo e temos a nossa vitamina. Nesse simples ato presenciamos um processo, pois
transformamos os insumos e uma vitamina. Processo, então, é a transformação de
alguma coisa. Logo, quando na saída temos algo diferente do que tínhamos na entrada,
temos um processo.
Em uma definição jurídica, processo é um conjunto de atos e procedimentos
destinados a obter um provimento jurisdicional.
As deliberações do Tribunal de Contas da União ocorrem por meio de processos.
Como exemplo, cito a situação de uma denúncia. É apresentado ao Tribunal um fato
qualquer. Nesse momento, temos apenas alguns papéis e documentos. Depois de alguns
atos e procedimentos internos, o Tribunal adota uma deliberação sobre a procedência ou
não daquela denúncia. Nesse exemplo, tivemos na entrada alguns documentos e papéis e
na saída uma deliberação do Tribunal, logo tivemos um processo.
De uma forma bastante genérica, o trâmite processual no âmbito do TCU ocorre
da seguinte forma:

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Entrada do Análise pela unidade Ministério


processo técnica Público

Saída do Apreciação pelo Gabinete


processo colegiado do Relator

Para melhor compreensão da matéria, algumas observações são necessárias.


A entrada do processo no Tribunal de Contas da União pode ocorrer tanto na
sede do Tribunal como em qualquer de suas secretarias localizadas nos 26 estados da
federação.
Em alguns processos são verificados certos requisitos antes de serem analisados.
São os chamados exames de admissibilidade que são feitos no Gabinete do Relator.
Assim, antes da análise pela unidade técnica, esses processos passam pelo Gabinete do
Relator para fins de exame de admissibilidade. Como exemplo de processos que
necessitam do exame admissibilidade, posso citar os recursos, as denúncias, as
representações e as consultas. Em momento futuro, estudaremos cada um desses
processos.
Como já estudado, nem todos os processo precisam passar pelo Ministério
Público. Para saber quais os processos que possuem audiência obrigatória do MPjTCU,
veja o que foi dito no item 3 da aula 6 e consulte, também, os arts. 81, inciso II, da
LOTCU e 62, inciso III, do RITCU.
A unidade técnica é o local onde o processo será cuidadosamente analisado. Lá,
o analista de controle externo, após detido exame da matéria, irá externar o seu
entendimento acerca da matéria sobre apreciação e emitirá um parecer conclusivo,
apontando de que maneira ele entende que a matéria deve ser decidida.

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Em seguida, os autos (autos do processo, expressão que será didaticamente
utilizada como sinônimo de processo) são encaminhados, quando for o caso, para
manifestação do Ministério Público.
Após, o processo é encaminhado ao Gabinete do Relator, que irá prepará-lo para
inclusão em pauta de julgamento, a fim de que seja apreciado por um dos colegiados do
Tribunal.
Visto como ocorre o trâmite processual no Tribunal de Contas da União, vamos
verificar agora como são as sessões do TCU.

2 – SESSÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO


2.1 – O recesso do Tribunal
O art. 92 do RITCU dispõe que ‘O Tribunal se reúne, anualmente, no Distrito
Federal, no período de 17 de janeiro a 16 de dezembro.’
Quando o dispositivo fala que o Tribunal se reunirá, devemos entender que os
ministros se reunirão. Como, conforme já visto, os ministros se reúnem por meio das
sessões de Plenário e de Câmara, podemos inferir que o melhor entendimento para o
dispositivo é que somente haverá sessões de Câmara e de Plenário no período de 17 de
janeiro a 16 de dezembro. Logo o período compreendido entre 17 de dezembro e 16 de
janeiro será destinado ao recesso das sessões do Tribunal.
Para corroborar o pensamento de que o recesso compreende apenas as reuniões
dos ministros, vejamos o que dispõe o parágrafo único do art. 92 do RITCU.
‘Art. 92. (...)
Parágrafo único. O recesso previsto no art. 68 da Lei nº 8.443, de 1992,
compreendido no período de 17 de dezembro a 16 de janeiro, não ocasionará a
paralisação dos trabalhos do Tribunal, nem a suspensão ou interrupção dos prazos
processuais.’
Logo, temos que o Tribunal não pára no período de recesso. Assim, caso alguém
seja condenado, por exemplo, em 12 de dezembro e tiver um prazo de 15 dias para
entrar com o recurso, não pode deixar para fazê-lo após o dia 17 de janeiro, sob o
pretexto de que o Tribunal estava de recesso.
Em 2004, o Cespe, no concurso para o cargo de Técnico de Controle Externo
para o Tribunal de Contas da União, abordou o assunto da seguinte forma:

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‘O recesso que ocorre no período de 17 de dezembro a 16 de janeiro não causa a
interrupção dos prazos para a interposição de recurso contra decisões em processos de
tomada de contas. ‘
Pelo que vimos, a assertiva está correta.

2.2 Sessões ordinárias e extraordinárias


Anteriormente, já mencionamos que as sessões ordinárias do Tribunal ocorrem
nos seguintes dias e horários:
1ª Câmara 3ª feira, às 15h
Plenário 4ª feira, às 14h 30min
2ª Câmara 5ª feira, às 15h
Todas as sessões que ocorrem fora dessas dias e horário são extraordinárias.
Vamos lembrar que o § 6° do art. 94 estipula que a última sessão ordinária do Plenário
ocorre na última 4ª feira de dezembro. Dessa forma, todas as reuniões a partir dessa
data, também, são consideradas sessões extraordinárias.
Para se iniciar uma sessão ordinária do Plenário é necessária, segundo o art. 93
do RITCU, a presença de, no mínimo, cinco ministros ou auditores convocados,
EXCLUINDO, para esse cômputo, o ministro que estiver presidindo a sessão. A
pretensão do RITCU é que se tenham, ao menos, cinco votos em cada deliberação do
Plenário.
Já para as sessões de Câmara, conforme o preconizado no art. 134 do RITCU, o
quorum mínimo é de três ministros ou auditores convocados, INCLUINDO, para esse
cômputo, o ministro que estiver presidindo a sessão, pois, como já vimos o presidente
da Câmara tem, normalmente, direito a voto.
Com relação à presença de representante do Ministério Público nas sessões,
vamos adotar a seguinte regra: em todas as sessões ORDINÁRIAS, sua presença é
obrigatória. Já nas sessões extraordinárias, somente em duas situações a presença do
Ministério Público pode ser dispensada, sendo que ambas as situações ocorrem no
Plenário. Dessa forma, podemos chegar a conclusão que todas as sessões de Câmara,
sejam ordinárias ou extraordinárias, necessitam da presença do representante do
Ministério Público. Vejamos o que diz o art. 93, § 2°, combinado como art. 96 do
RITCU.
‘Art. 93. (...)

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§ 2º Nenhuma sessão poderá ser realizada sem a presença do representante do
Ministério Público junto ao Tribunal, exceto nas hipóteses a que se referem os incisos
III e VII do art. 96.
Art. 96. As sessões extraordinárias serão convocadas para os seguintes fins:
I – posse do Presidente e do Vice-Presidente;
II – apreciação das Contas do Governo da República;
III – posse de ministro, de auditor e do Procurador-Geral;
IV – eleição do Presidente ou do Vice-Presidente, na hipótese prevista no § 4º
do art. 24;
V – deliberação acerca da lista tríplice dos auditores e dos membros do
Ministério Público junto ao Tribunal, para preenchimento de cargo de ministro, na
forma prevista no art. 36;
VI – julgamento e apreciação dos processos restantes da pauta de sessão
ordinária ou extraordinária, ou que, pela sua urgência, sejam incluídos em pauta
extraordinária, observado o disposto no art. 141;
VII – outros eventos, a critério do Plenário.’
Para melhor compreendermos o assunto, adotemos a seguinte regra: será
necessária a presença do representante do Ministério Público em todas as sessões
deliberativas. Somente nas sessões destinadas a homenagens pode ser dispensada a
presença. Exceção a essa regra temos no inciso I, quando há a posse do Presidente e do
Vice-Presidente do Tribunal.
Na prova para Técnico de Controle Externo, em 1994, o Cespe abordou a
questão da seguinte forma.
‘Julgue os itens seguintes, em relação às sessões do plenário do TCU.
I - Nenhuma sessão ordinária do plenário do TCU poderá ser realizada sem a
presença de um membro do Ministério Público junto ao Tribunal.
II - As contas prestadas anualmente pelo Presidente da República serão
apreciadas em sessões extraordinárias do Plenário.
III - As sessões ordinárias do plenário do TCU não podem ser abertas sem a
presença de, no mínimo, cinco ministros.’
Pelo que vimos, as assertivas I e II estão corretas. A assertiva III está incorreta
que as sessões podem ser abertas com, no mínimo, cinco ministros OU AUDITORES
CONVOCADOS.

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Prosseguindo com as sessões extraordinárias, o RITCU prevê, em seu art. 97,
que o PLENÁRIO do Tribunal pode se reunir em sessão extraordinária de caráter
reservado. Vejamos a redação do dispositivo.
‘Art. 97. O Plenário poderá realizar sessões extraordinárias de caráter
reservado para tratar de assuntos de natureza administrativa interna ou quando a
preservação de direitos individuais e o interesse público o exigirem, bem como para
julgar ou apreciar os processos que derem entrada ou se formarem no Tribunal com
chancela de sigiloso.’
Agora vejamos o que dispõe o art. 93, inciso X, da Constituição Federal:
‘Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá
sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
(...)
X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão
pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus
membros; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)’
Apesar de o Tribunal de Contas da União não fazer parte do Poder Judiciário e o
art. 93 da CF está incluído na parte que regula aquele Poder, o Tribunal de Contas da
União, por decisão própria, entendeu que a vontade do constituinte derivado era de dar
publicidade às decisões administrativas, razão pela qual aplicou aos seus processos a
mesma determinação contida no inciso ora em apreço.
Assim, hoje temos que os assuntos de natureza administrativa NÃO são tratados
em sessões extraordinárias de caráter reservado.

2.3 – Apreciação dos processos


A apreciação dos processos no TCU pode ser feita de duas maneiras, por pauta
ou por relação.
Os processos apreciados por pauta são deliberados um a um, o que significa que
para cada processo vai haver uma discussão do tema e uma votação do processo. Já para
os processos que estão incluídos em relação, não se discute e vota cada processo, ocorre
uma votação única para todos os processos relacionados.
Para que um processo seja incluído em redação, ele deve atender aos comandos
inseridos no art. 143 do RITCU. Em geral, são processos em que os pareceres emitidos
tanto pela unidade técnica como pelo Ministério Público são uniformes. Para melhor
entendimento da matéria, sugiro que seja lido o referido artigo. Acredito, contudo, que a

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banca do concurso não deva trazer questões perguntando se determinado processo pode
ou não pode ser apreciado por relação. O que considero mais importante acerca do tema
foi dito, acrescentando, apenas, que tanto as sessões de Plenário como as sessões de
Câmara podem apreciar processos por relação.
A seguir, apresento uma situação hipotética para ilustrar como ocorre a
apreciação por relação.
O presidente do colegiado anuncia que existem, para aquela sessão, 5 relação de
processos para serem apreciadas.
Em seguida, o presidente pergunta se algum dos ministros ou auditores
convocados pretende destacar algum processo relacionado.
Caso nenhum ministro ou auditor convocado se manifeste, o presidente declara
que os todos os processos foram aprovados tais quais foram propostos.
Visto a apreciação por relação, passemos aos processos incluídos em pauta.
Conforme já dito, cada processo a ser apreciado por pauta será discutido e
votado separadamente. Por questão didática, vamos separar então a apreciação por pauta
em duas etapas, a etapa de discussão e a etapa de julgamento.
A discussão do processo ocorre para que os ministros possam expor as suas
opiniões acerca do assunto que está sendo apreciado.
Nessa fase, de acordo com o art. 110 do RITCU, ‘cada ministro ou auditor
poderá falar duas vezes sobre o assunto em discussão, e nenhum falará sem que o
Presidente lhe conceda a palavra, nem interromperá, sem licença, o que dela estiver
usando.’
É importante notar que dessa fase pode participar qualquer ministro ou auditor,
mesmo que NÃO esteja convocado. Ao representante do Ministério Público também é
facultado participar da discussão. Para que a discussão ocorra em harmonia, somente
pode falar quem o presidente conceder a palavra.
Exceção a regra apresentada no parágrafo (pode participar da discussão qualquer
ministro ou auditor) é encontrada no art. 111 do RITCU.
‘Art. 111. O ministro ou auditor que alegar impedimento, de acordo com o
parágrafo único do art. 151, não participará da discussão e da votação do processo.’
Assim, o ministro ou auditor que por qualquer motivo declarar seu impedimento
não poderá nem relatar, nem discutir e nem votar o processo.
A matéria foi alvo do concurso para o cargo de Técnico de Controle Externo no
ano de 2004. Vejamos como o Cespe abordou o assunto:

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‘Um ministro do TCU alegou impedimento em relação a um determinado
processo. Nessa situação, quando da deliberação acerca do processo, embora seja
vedado ao ministro participar da fase de votação, será permitido que ele se manifeste
durante a fase de discussão.’
Pelo que nós acabamos de verificar a assertiva está incorreta, pois o ministro não
poderá participar da fase de discussão.
O RITCU (art. 112) faculta a ministro, auditor convocado ou ao Representante
do Ministério Público pedir vista do processo na fase de discussão, caso considere que
seja necessário se interar melhor acerca da matéria que está sendo apreciada.
Caso ocorra algum pedido de vista, o autor do pedido vai funcionar como revisor
da matéria. Nesse caso, teremos um relator e um revisor.
Vencida a fase de discussão, o colegiado vai passar para a fase de votação.
Nesse caso podemos ter duas situações: haver apenas uma proposta de
deliberação ou haver mais de uma proposta.
Teremos apenas uma proposta, quando o relator da matéria apresentar uma
proposta de deliberação em que todos os outros ministros entendam ser a mais correta.
E teremos mais de uma proposta quando qualquer dos ministros ou auditor convocado
discordar da proposta de deliberação apresentada pelo relator.
Por exemplo, suponhamos que esteja sob apreciação um processo de tomada de
contas especial. Caso o relator entenda que as contas do responsável devam ser julgadas
regulares com ressalvas e ninguém mais discordar dele, teremos apenas uma proposta.
Mas, caso algum ministro ou auditor convocado entenda que as contas devam ser
julgadas irregulares, teremos, então, duas propostas.
Quando temos apenas uma proposta, a deliberação do Tribunal é unânime, pois
todos os ministros votam com o relator. Já quando o Tribunal está na presença de mais
de uma proposta, não mais vamos ter uma decisão unânime, pois um ministro ou auditor
convocado já manifestou a sua intenção de votar em outro sentido. Assim sendo, o
presidente do colegiado vai coletar os votos de um a um dos ministros e dos auditores
convocados, a fim de verificar qual a proposta terá a preferência da maioria dos
ministros presentes à sessão.
O Presidente, conforme preconiza o caput do art. 118 do RITCU, tomará os
votos, primeiramente, dos auditores convocados e, depois, dos ministros, observando a
ordem crescente de antigüidade em ambos os casos.

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Conforme previsto no art. 119 do RITCU, durante a fase de votação, caso algum
ministro ou auditor convocado considere que necessita, antes de votar, se interar melhor
da matéria que está sendo apreciada, pode pedir vista do processo, ocasião que, também,
será considerado revisor da matéria.
Com relação aos pedidos de vista, considero interessante anotar que, na fase de
discussão a vista é facultada a ministro, auditores convocados e ao representante do
Ministério Público. Já na fase de votação só a ministros e auditores convocados, ou seja,
o representante do Ministério Público não tem direito a vista na fase de discussão.
O pedido de vista formulado por auditor convocado, seja na fase de discussão
seja na fase de votação garante ao auditor convocado o direito a voto, mesmo que já
tenha sido encerrada a convocação. Entendo que esse é o único caso que um auditor
pode votar mesmo sem estar convocado. Vejamos o que prevê o art. 119, § 2°, do
RITCU.
‘Art. 119. Na fase de votação, o julgamento será suspenso quando houver
pedido de vista solicitado por ministro ou auditor convocado, que passará a funcionar
como revisor, sem prejuízo de que os demais ministros e auditores convocados profiram
seus votos na mesma sessão, desde que se declarem habilitados.’
(...)
§ 2º Caso o pedido de vista, com base neste artigo ou no art. 112, haja sido feito
por auditor convocado, caberá a este votar no lugar do ministro substituído, mesmo
que cessada a convocação.’
Vamos construir uma situação hipotética para melhor compreensão do assunto.
Suponhamos que José seja ministro do TCU, mas por motivo de férias não está
participando das sessões. Para o lugar do ministro José foi convocado o auditor João.
Dessa forma, caso o auditor João peça vista do processo X3Y no período em que estava
convocado para substituir o ministro José, caberá ao auditor João votar no processo
X3Y, independentemente, se o ministro José já tenha retornado ou não de suas férias.
O RITCU prevê, também, que, caso alguma votação tenha sido interrompida por
motivo de pedido de vista, ao retornar a votação, serão computados os votos já
proferidos pelos ministros e auditores convocados, ainda que tenham saído do cargo.
Vejamos o que está disciplinado no art. 119, § 3°, do RITCU:
‘§ 3º Ao dar prosseguimento à votação, serão computados os votos já proferidos
pelos ministros ou auditores convocados, ainda que não compareçam ou hajam deixado

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o exercício do cargo, cabendo ao Presidente esclarecer a matéria e apresentar o
resumo da votação até então procedida.’
Vamos a mais uma situação hipotética.
O ministro José votou em determinada matéria. Logo após o ministro Pedro
pediu vista do processo. Quando o processo retornou a pauta, o ministro José já havia se
aposentado, entrando em seu lugar o ministro Joaquim. Nesse caso, o ministro Joaquim
não poderia votar, uma vez que o ministro José já havia votado.
O art. 118, § 3°, RITCU prevê que ‘não poderá, ainda, participar da votação o
ministro ou auditor convocado para substituí-lo quando um deles já houver proferido o
seu voto.’
A situação ora apresentada muito se assemelha a questão anterior. De uma forma
didática, podemos dizer que quem vota é a cadeira. Vamos, então, raciocinar da
seguinte maneira: quando um auditor é convocado para substituir um ministro, irá sentar
na cadeira daquele ministro. Assim, caso o auditor que foi convocado para substituir um
ministro já tenha votado, a cadeira daquele ministro já votou, não podendo votar de
novo. Agora, se o auditor convocado não tenha votado ainda, ou seja, se a sua cadeira
não tiver votado, poderá o ministro proferir o seu voto.
Para que o ministro mencionado no parágrafo anterior possa votar, é necessário
que ele se considere esclarecido sobre o assunto, uma vez que perdeu a fase de
discussão. Vejamos o que prevê o art. 123 do RITCU:
‘Art. 123. Não participará da votação o ministro ou auditor convocado que
esteve ausente por ocasião da apresentação e discussão do relatório, salvo se se der
por esclarecido.’
O art. 124 do Regimento Interno disciplina o que será feito em situações em que
ocorrer empate nas deliberações do Plenário. Segundo o caput desse dispositivo caberá
ao PTCU desempatar a matéria.
O § 2° do art. 124 disciplina situação sui generis. É o caso de haver empate na
apreciação de determinada matéria e o PTCU se declarar impedido. Nesse caso o
Regimento Interno prevê que será convocado o auditor mais antigo para desempatar a
matéria. Vejamos o que está previsto:
‘Art. 124. Caberá ao Presidente do Tribunal ou ao ministro que estiver na
Presidência do Plenário proferir voto de desempate.
(...)

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§ 2º Se o Presidente ou o ministro que estiver na Presidência do Plenário
declarar impedimento no momento do desempate, a votação será reiniciada com a
convocação de um auditor presente à sessão, apenas para esse fim, observada a ordem
de antigüidade no cargo’.
E se o empate ocorrer em sessão de Câmara?
Caso a matéria em apreciação não seja recurso, o desempate se dará no Plenário,
caso a matéria seja recurso, será adotado o mesmo procedimento previsto no art. 124, §
2°. Relembrando que, conforme visto na aula 6, os recursos devem ser apreciados pelo
mesmo colegiado que proferiu a decisão recorrida. Vamos ver o que disciplina o art.
139 do RITCU:
‘Art. 139. Caso ocorra empate nas votações das câmaras, deverá o ministro ou
auditor convocado que tenha proferido em primeiro lugar o voto divergente ao do
relator formalizar sua declaração de voto.
Parágrafo único. Na hipótese do caput, o processo será submetido à
deliberação do Plenário, salvo se tratar de matéria relacionada no inciso VII do art.
17, caso em que se observará a mesma solução dada nos §§ 2º e 3º do art. 124.’
Antes de proclamado o resultado, o RITCU, em seu art. 119, § 4°, faculta a
qualquer ministro ou auditor convocado a possibilidade de modificar o seu voto.
No ano de 2004, o Cespe abordou a matéria da seguinte forma na prova para o
cargo de Técnico de Controle Externo:
‘Adalberto, na condição de ministro do TCU, foi o segundo a proferir seu voto
em uma determinada proposta de enunciado. Porém, ao refletir a respeito dos
argumentos que estavam sendo apresentados pelo último ministro a votar, ele concluiu
que o voto que havia proferido não era o mais adequado. Nessa situação, o ministro
Adalberto poderia modificar seu voto, desde que o fizesse antes da proclamação do
resultado da votação.’
Pelo acima verificado, temos que a assertiva é correta.
Para encerrar esse tópico, importante anotar que o art. 140 do RITCU estabelece
que as câmaras obedecerão, no que couber, às normas relativas ao Plenário.

2.4 Pauta das Sessões de Plenário e de Câmara


Com relação a esse tópico, disciplinado nos artigos 141 e seguintes do RITCU,
considero interessante comentar apenas alguns aspectos.
Os §§ 3° e 4° do art. 141 do RITCU apresentam as seguintes redações:

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‘§ 3º As pautas das sessões serão divulgadas mediante a afixação em local
próprio e acessível do edifício-sede do Tribunal, bem como publicadas nos órgãos
oficiais Boletim do Tribunal de Contas da União ou Diário Oficial da União, até
quarenta e oito horas antes da sessão, e disponibilizadas na página www.tcu.gov.br,
com essa mesma antecedência, em excerto do referido boletim.
§ 4º A divulgação da pauta ou de seu aditamento na página www.tcu.gov.br, em
excerto do Boletim do Tribunal de Contas da União, com a antecedência de até
quarenta e oito horas da Sessão, suprirá a ausência de publicação no Diário Oficial da
União.’
Podemos perceber dos dois dispositivos acima, que não há a necessidade de
publicação no Diário Oficial da União da pauta da sessão, caso ocorra a publicação no
site do TCU na internet.
Outra coisa que devemos atentar é a obrigatoriedade da publicação da pauta
mediante afixação em local próprio e acessível do edifício-sede do Tribunal. Hoje, a
título de curiosidade, a pauta fica afixada no saguão de entrada do prédio principal.
O § 14 do art. 141 traz o rol de alguns processos que dispensam a sua
publicação. Não acredito que a banca faça questões se determinado processo deve ou
não ser publicado. Acredito, contudo, que o aluno deve ter em mente que existem
alguns processos que dispensam publicação. Vejamos o que prevê o § 14:
‘§ 14 Prescinde de publicação em órgão oficial a inclusão em pauta de
processos:
I – em que se esteja propondo a adoção de medida cautelar ou a realização de
audiência da parte antes daquela providência;
II – que tratem da aprovação de atos normativos;
III – administrativos, se assim requerido pelo interessado; e
IV – que tratem de solicitação de informações ou de cópia dos autos efetuada
pelo Congresso Nacional, na forma do inciso II do art. 159.
Por fim, interessante registrar que não há publicação dos processos que serão
apreciados por relação.
Assim, chegamos ao final de mais um encontro.
Na aula de hoje, tivemos a oportunidade de verificar como ocorrem as sessões
do Tribunal. Verificamos, também, como ocorre o trâmite processual no âmbito do
Tribunal de Contas da União.

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Especial atenção foi dada a apreciação dos processos do TCU. Tivemos a
oportunidade de ver que os processos podem tanto ser apreciados por pauta como por
relação. A diferença primordial dessas duas formas de deliberação está que os processos
apreciados por pauta são todos eles discutidos e votados em separados.
Na seqüência, observamos como são apreciados os processos que são colocados
em pauta, oportunidade em que falamos da etapa de discussão e da etapa de votação.
Por fim, demos uma rápida passada em algumas formalidades das pautas do
Tribunal de Contas da União.
No próximo encontro, vamos estudar a competência do TCU na LOTCU e no
RITCU, a jurisdição do Tribunal de Contas da União e vamos iniciar o estudo dos
processos do Tribunal.
Continuem estudando!

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AULA 8: COMPETÊNCIA DO TCU
O nosso curso está se aproximando do seu final. Hoje, vamos tratar de algumas
competências legais e regimentais do Tribunal de Contas da União, bem como das
pessoas que estão sob a sua jurisdição.
Nessa aula vamos utilizar tanto a LOTCU como o RITCU. Por questão didática,
mais uma vez, não vou seguir a ordem apresentada por esses normativos. Nada
obstante, vou sempre procurar fazer referência a eles enquanto trato da matéria. Para
melhor acompanharmos a aula tenha sempre em mãos esses normativos.
Antes de iniciar a aula, gostaria de fazer uma correção acerca do que falei em
nossa segunda aula sobre os Tribunais de Contas dos Municípios. Naquela
oportunidade, mencionei que Bahia, Ceará, Amazonas e Goiás possuem Tribunais de
Contas dos Municípios. Na realidade, o Estado da região Norte que possui tal Tribunal é
o estado do Pará.

1 – COMPETÊNCIAS DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO


ESTATUÍDAS EM SUA LEI ORGÂNICA E EM SEU REGIIMENTO INTERNO
A competência do Tribunal de Contas da União é tratada no art. 1° da LOTCU e
do RITCU.
Considerando que algumas competências já foram abordadas nesse curso, por
ocasião do estudo do Tribunal de Contas da União na Constituição Federal, e que outras
são de fácil entendimento, não necessitando de maiores esclarecimentos para a sua
compreensão, vamos tratar apenas de alguns incisos da LOTCU e do RITCU nessa aula.
Antes de começarmos o nosso estudo, importante deixar claro que todas as
competências tratadas nos incisos que passaremos a estudar decorrem diretamente do
que prevê os artigos 70 e 71 da CF. A LOTCU e o RITCU somente aprofundaram a
competência estabelecida na Constituição.

1.1 – Acompanhamento da arrecadação da receita


Iniciaremos o nosso estudo pelo inciso IV do art. 1° da LOTCU, que apresenta a
seguinte redação:
‘IV - acompanhar a arrecadação da receita a cargo da União e das entidades
referidas no inciso I deste artigo, mediante inspeções e auditorias, ou por meio de
demonstrativos próprios, na forma estabelecida no regimento interno;’

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A primeira observação que deve ser feita com relação a esse inciso é que a
competência ora apresentada não se confunde com a competência dos órgãos
arrecadadores da receita. Dessa forma, o Tribunal de Contas da União não tem
competência para cobrar o imposto de renda de ninguém, o competente para isso é a
receita federal. O papel do Tribunal de Contas da União é acompanhar como esses
órgãos responsáveis pela arrecadação estão se comportando.
A competência ora em estudo advém do parágrafo único do art. 70 da CF,
quando prevê que prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que
arrecade dinheiros, bens e valores públicos.
Assim, compete ao Tribunal de Contas da União verificar, dentre outras coisas,
se não está havendo desvios por ocasião da arrecadação da receita.
Com relação ao assunto, as seguintes questões já foram cobradas em concursos
anteriores:
‘(AFCE/TCU/1999. ESAF)Em tema de competência e jurisdição do Tribunal de
Contas da União, é incorreto afirmar que lhe cabe acompanhar a arrecadação de
receita a cargo da União.’

‘(PFN/97- modificado) A Constituição Federal de 1988, ao cuidar do controle


externo das contas públicas, determina que o mesmo não deverá ter por objeto a
fiscalização de renúncia de receitas, pois esta é matéria afeta unicamente ao Poder
Executivo’
Pelo que vimos ambas as assertivas estão incorretas.

1.2 – Fiscalização das transferências constitucionais e legais


Passaremos agora para assunto que costuma freqüentar as nossas provas. Trata-
se da competência do Tribunal de Contas da União para fiscalizar as transferências
constitucionais e legais.
Para melhor estudo do tema, apresento a seguinte tabela:

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Tipo de recurso Tipo de atuação do TCU Previsão legal


transferido

Convênio, acordo e ajuste Fiscaliza a aplicação dos CF, Art. 71, VI


recursos RI, Arts. 1º, XIX, e 254

FPE e FPM Cálculo das quotas e fiscalização CF, Art. 161, § u


da entrega RI, Arts. 1º, IX, 253, I, e 290

IPI Cálculo das quotas e fiscalização CF, Art. 161, § u


da entrega RI, Arts. 1º, XI, 291

Royalties do petróleo STF declarou inconstitucional RI, Art. 1º, X.


(MS 34.312/TCERJ)
TCU acompanhou Ac
349/2003/P

Determinação legal Cálculo, entrega e aplicação RI, Art. 1º, XX.

Com relação às transferências constitucionais e legais, a LOTCU somente


menciona o assunto no inciso VI do art. 1°. Como o RITCU trata a matéria com maior
profundidade, utilizei o Regimento como fundamento legal no quadro acima.
Considerando que a atuação do TCU nos convênios, ajuste e outros instrumentos
congêneres já foi estudada, passaremos para o estudo do FPE e FPM.
O art. 161 da Constituição Federal apresenta a seguinte redação:
,Art. 161. Cabe à lei complementar:
I - definir valor adicionado para fins do disposto no art. 158, parágrafo único, I;
II - estabelecer normas sobre a entrega dos recursos de que trata o art. 159,
especialmente sobre os critérios de rateio dos fundos previstos em seu inciso I,
objetivando promover o equilíbrio sócio-econômico entre Estados e entre Municípios;
III - dispor sobre o acompanhamento, pelos beneficiários, do cálculo das quotas
e da liberação das participações previstas nos arts. 157, 158 e 159.
Parágrafo único. O Tribunal de Contas da União efetuará o cálculo das quotas
referentes aos fundos de participação a que alude o inciso II.’

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Como o inciso II faz referência ao art. 159, vamos ver o que disciplina esse
artigo:
‘Art. 159. A União entregará:
I - do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de
qualquer natureza e sobre produtos industrializados, quarenta e sete por cento na
seguinte forma:
a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos
Estados e do Distrito Federal;
b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos
Municípios;
c) três por cento, para aplicação em programas de financiamento ao setor
produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições
financeiras de caráter regional, de acordo com os planos regionais de desenvolvimento,
ficando assegurada ao semi-árido do Nordeste a metade dos recursos destinados à
Região, na forma que a lei estabelecer;
(...)
Algumas observações são necessárias.
Podemos verificar que os recursos destinados ao FPE e ao FPM são oriundos do
imposto de renda e do imposto sobre produtos industrializados.
Interessante notar que o parágrafo único da CF é quem estipula que ao Tribunal
de Contas da União compete efetuar o cálculo das quotas referentes ao FPE e ao FPM.
Diferentemente do que ocorre com os convênios, o Tribunal de Contas da União
não fiscaliza a aplicação desses recursos. Esse fato tem uma explicação simples. Os
recursos dos convênios só são repassados para outro ente, porque a União tem interesse
que o ente realize uma determinada ação. Dessa forma, a União tem todo o direito de
verificar se os seus recursos foram gastos naquilo que ela queria que fosse.
Já com relação aos recursos do FPE e FPM, a própria Constituição, no caput do
art. 159, estipula que ‘a União entregará (...)’. Assim, os recursos não pertencem a
União, uma vez que a Constituição determina que eles serão entregues àqueles fundos.
Dessa forma, NÃO cabe ao TCU fiscalizar a aplicação dos referidos recursos. Por essa
razão, o RITCU estipulou que a competência do TCU é de apenas efetuar o cálculo da
quota que será destinado a cada Estado e Município, a fim de atender o comando
constitucional, bem como fiscalizar a entrega dos recursos a seus destinatários.

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Em 1996, na prova para o cargo de Técnico de Controle Externo do Tribunal de
Contas da União, o Cespe explorou o assunto das seguintes formas:
O TCU efetua o cálculo das quotas do produto da arrecadação do Imposto
sobre a Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados destinadas aos fundos de
participação dos estados e dos municípios.
A competência constitucional do Tribunal de Contas da União, para fiscalizar a
aplicação de recursos financeiros da União repassados aos Estados e Municípios,
compreende os dos chamados Fundos de Participação (ACE – Cespe 1996’.
Pelo que foi exposto, podemos concluir que a primeira assertiva é correta e a
segunda está falsa. Importante notar que para responder a primeira questão devemos
saber o que integra o FPE e o FPM.
Prosseguindo no estudo de nosso quadro, passemos para a atuação do Tribunal
de Contas da União com relação ao Imposto de Produto Industrializado.
Para o IPI, valem as mesmas observações feitas para o FPE e FPM. Interessante
transcrever a redação do art. 159, inciso II, da CF.
‘II - do produto da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados, dez por
cento aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas
exportações de produtos industrializados;’’
Importante notar que para a distribuição, o que se leva em consideração é o valor
da exportação dos produtos industrializados.
Ainda com relação ao art. 159 da CF, considero pertinente acrescentar que a
Emenda Constitucional 42 incluiu o inciso III ao artigo. Pela semelhança que a matéria
guarda com os outros dois incisos do referido art. 159, compete, também, ao TCU
efetuar o cálculo das quotas referente à distribuição da contribuição de intervenção no
domínio econômico – CIDE. A matéria ainda não se encontra disciplinada no
Regimento Interno, porque esse normativo é anterior à referida Emenda Constitucional.
Acredito que na próxima revisão do RITCU a matéria deva ser incluída.
A fiscalização dos recursos dos Royalties do petróleo pelo Tribunal de Contas da
União foi recentemente questionada, por meio de mandado de segurança n.° 34.312, no
STF. Na oportunidade, o Pretório Excelso entendeu que os recursos dos Royalties do
petróleo não eram federais, razão pela qual considerou inconstitucional o inciso X do
art. 1° do RITCU. Como a inconstitucionalidade do dispositivo foi apontada em sede de
mandado de segurança, a decisão do Supremo só valeria para o caso concreto. Acontece
que, por meio do Acórdão 349-2003-Plenário, o TCU reconheceu a incompetência para

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fiscalizar os recursos oriundos dos Royalties do petróleo. Nessa deliberação, o Tribunal
de Contas da União encaminhou todos os processos que tratavam do assunto para os
respectivos Tribunais de Contas Estaduais, órgão competente, segundo o STF, para
realizar a fiscalização desses recursos.
Prosseguindo no estudo de nosso quadro, temos que o inciso XX do art. 1° do
RITCU prevê que o TCU terá competência para ‘acompanhar e fiscalizar, conforme o
caso, o cálculo, a entrega e a aplicação de recursos repassados pela União, por
determinação legal a estado, ao Distrito Federal ou a município, conforme dispuser a
legislação específica e os respectivos normativos internos, de conformidade com o
inciso IV do art. 253.
Assim, o que vai determinar qual será a competência do TCU será a lei que
versar sobre a transferência. Como exemplo, a Lei 9.424\96, a Lei do Fundef, prevê que
o Tribunal de Contas da União criará mecanismo adequado para a fiscalização do
cumprimento pleno do disposto no art. 212 da Constituição.
Com relação às transferências de recursos, a Esaf, para o concurso de Analista
de Controle Externo do Tribunal de Contas da União, nos anos de 1999 e 2002,
respectivamente, apresentou as seguintes questões:
‘Em tema de competência e jurisdição do Tribunal de Contas da União, é
incorreto afirmar-se que lhe cabe efetuar o cálculo das cotas dos Fundos de
Participação dos Estados, fiscalizando a correta aplicação dos respectivos recursos
que lhes são entregues.’

‘A competência constitucional do Tribunal de Contas da União, para fiscalizar


a aplicação de recursos financeiros da União repassados aos Estados e Municípios,
compreende
a) os dos chamados Fundos de Participação.
b) os provenientes da arrecadação do Imposto de Renda retido na fonte
pagadora.
c) os provenientes da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados,
na proporção dos valores das exportações.
d) os decorrentes de convênios ou instrumentos congêneres.
e) os de qualquer natureza, origem ou destinação.’

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Pelo que estudamos, a assertiva da primeira questão está correta, pois está
incorreto dizer que o Tribunal de Contas da União pode fiscalizar a correta aplicação
dos recursos do FPE.
A resposta correta da segunda questão é a letra ‘d’, pois a fiscalização da
aplicação, das opções que foram dadas, só pode ser feita em recursos decorrentes de
convênios ou instrumentos congêneres.

1.3 – Fiscalização e avaliação dos processos de desestatização


O inciso XV do art. 1° do RITCU possui a seguinte redação:
‘XV – acompanhar, fiscalizar e avaliar os processos de desestatização realizados
pela administração pública federal, compreendendo as privatizações de empresas,
incluindo instituições financeiras, e as concessões, permissões e autorizações de serviço
público, nos termos do art. 175 da Constituição Federal e das normas legais pertinentes,
consoante o inciso II do art. 258;’
Considero esse tópico bastante importante para a nossa prova. Não me
surpreenderia se a questão subjetiva abordasse esse tema.
A competência para exercer a fiscalização dos processos de desestatização
advém do caput do art. 70, combinado como art. 71, inciso IV, da Constituição Federal.
Como vimos em nossas primeiras aulas, compete ao Tribunal de Contas da União
realizar, por iniciativa própria ou por solicitação do Congresso Nacional, fiscalização
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial nos órgãos e entidades da
Administração Pública.
A fiscalização do patrimônio engloba todos os bens do Poder Público federal. A
saída do bem do patrimônio deve ser fiscalizada para saber se o valor que está sendo
cobrado por ele, corresponde ao preço de mercado.
Atento ao grande número de desestatizações ocorridas no país ao longo dos
últimos 10 anos, o Tribunal de Contas da União criou uma secretaria especializada para
acompanhar os processos de desestatização. Esses processos, no âmbito do TCU, foram
regulamentados pela Instrução Normativa n.° 27, de 2 de dezembro de 1998. Para
melhor compreensão da matéria, considero interessante transcreve todo art. 1° da
referida Instrução Normativa:
‘Art. 1º Ao Tribunal de Contas da União compete acompanhar, fiscalizar e
avaliar os processos de desestatização realizados pela Administração Pública Federal,
compreendendo as privatizações de empresas, inclusive instituições financeiras, e as

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concessões, permissões e autorizações de serviço público, nos termos do art. 175 da
Constituição Federal e das normas legais pertinentes.
§ 1º Para os fins do disposto nesta Instrução Normativa, considera-se:
I – desestatização: a transferência para a iniciativa privada, de participações
societárias e da execução dos serviços públicos explorados pela União por intermédio
das entidades da Administração Pública Federal;
II – privatização: a alienação pela União de direitos que lhe assegurem,
diretamente ou por meio de outras controladas, preponderância nas deliberações
sociais e poder de eleger a maioria dos administradores da sociedade;
III – concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo
poder concedente, mediante licitação, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo
determinado;
IV - concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a
construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de
quaisquer obras de interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante
licitação, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a
sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária
seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo
determinado;
V – permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante
licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física
ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.
VI – autorização: ato administrativo discricionário e precário pelo qual o poder
concedente torna possível ao postulante a realização de certa atividade, serviço, ou a
utilização de determinados bens particulares ou públicos, de seu exclusivo ou
predominante interesse, condicionada à aquiescência prévia da Administração.
§ 2º Aplicam-se os dispositivos desta Instrução Normativa, no que couber, aos
processos de desestatização a serem realizados com procedimentos simplificados nos
termos do art. 33 do Decreto nº 2.594, de 15 de maio de 1998, bem como dos processos
de concessão de uso de bem público associados a serviços públicos.’
A desestatização no Brasil foi alavancada pelo Plano Nacional de
Desestatização. Com início das transferências do serviços públicos para o setor privado,
o país sentiu a necessidade de criar um organismo que regulasse o setor, uma vez que o

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Estado não mais executava diretamente esses serviços, surgiram, assim, as agências
reguladoras.
Atualmente o controle do Tribunal de Contas da União é feito diretamente sobre
as agências reguladoras. Nada obstante, o Tribunal pode por vezes exercer a fiscalização
diretamente sobre as concessionárias e permissionárias de serviço público. Vejamos o
pensamento do ministro do Tribunal de Contas da União Benjamin Zymler, ao tratar do
tema in Direito Administrativo e Controle. 1ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2005, p. 304-
305:
“Em que pese a competência original das agências reguladoras, não está
afastada a possibilidade de o Tribunal executar um controle direto sobre as
concessionárias e permissionária de serviços públicos.”
Antes de passarmos para o próximo tópico, esclareço que as competências
previstas nos incisos IX, XVI e XVII do art. 1° da LOTCU serão vistas com detalhes na
próxima aula.

2 – PODER REGULAMENTADOR DO TRIBUNAL DE CONTAS DA


UNIÃO
O art. 3° da LOTCU estabelece que:
‘Art. 3° Ao Tribunal de Contas da União, no âmbito de sua competência e
jurisdição, assiste o poder regulamentar, podendo, em conseqüência, expedir atos e
instruções normativas sobre matéria de suas atribuições e sobre a organização dos
processos que lhe devam ser submetidos, obrigando ao seu cumprimento, sob pena de
responsabilidade.’
A Lei Orgânica concedeu ao Tribunal de Contas da União o poder de
regulamentar as matérias que estejam no âmbito de sua competência. Logo acima,
quando estávamos falando da competência do Tribunal para fiscalizar os processos de
desestatização, transcrevemos parte da Instrução Normativa n.° 27. A expedição dessa
IN pelo TCU constitui exemplo do poder regulamentador do Tribunal.
Com relação ao assunto, interessante notar que esse poder é limitado ao âmbito
de sua competência e jurisdição.
O Tribunal também utiliza o seu poder regulamentador para informar aos seus
jurisdicionados a maneira como as contas devem ser por eles prestadas. A constituição
concede ao TCU a competência para julgar as contas dos administradores, mas em

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nenhum momento menciona a forma como essas contas devem ser encaminhadas para o
Tribunal. Essa normatização cabe ao TCU, por meio de seu poder regulamentador.
Importante notar que a parte final do art. 3° da LOTCU, estabelece que o poder
regulamentador do TCU deve ser respeitado, sob pena de responsabilidade. Assim, o
gestor que não prestar suas contas na forma disciplinada pelo Tribunal pode vir a ser
punido por conta desse fato.
Em 1999, a Esaf abordou o tema da seguinte forma na prova para o cargo de
Analista de Controle Externo para o Tribunal de Contas da União.
‘Ao Tribunal de Contas da União, no âmbito de sua competência e jurisdição,
como órgão de controle externo, assiste o poder regulamentar, podendo expedir atos e
instruções normativas.
a) Correta a assertiva, entendido esse poder regulamentar restrito a matéria de
suas atribuições e sobre a organização dos processos que lhe devam ser submetidos.
b) Correta a assertiva, entendido ser esse poder regulamentar restrito aos
procedimentos a serem adotados no âmbito interno da sua Secretaria.
c) Correta a assertiva, entendido ser esse poder regulamentar amplo destinado
inclusive a interpretar e disciplinar a execução de leis, que disponham sobre matéria
sujeita ao seu exame.
d) Incorreta a assertiva, porque o poder regulamentar do TCU é restrito à
matéria própria do seu Regimento Interno, quanto ao funcionamento desse órgão.
e) Incorreta a assertiva, porque o TCU não dispõe de nenhum poder
regulamentar.’
Pelo que foi exposto, podemos notar que a alternativa correta é a letra ‘a’.

3 – JURISDIÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO


Antes de vermos como a matéria está disciplinada na LOTCU e no RITCU,
acredito interessante trazer uma rápida definição do que seja jurisdição.
O termo jurisdição vem do latim e é a aglutinação de JURIS + DIÇÃO.
O termo JURIS significa Direito e o termo DIÇÃO significa dizer, logo
jurisdição significa dizer o direito. Dessa forma, quando dizemos que a jurisdição do
Tribunal de Contas da União abrange as sociedades de economia mista, estamos
dizendo que o TCU pode dizer o direito para aquelas sociedades.
Alguns doutrinadores entendem que é inapropriado dizer que o Tribunal de
Contas da União possui jurisdição, pois, segundo eles, somente o Poder Judiciário pode

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dizer o direito. Entendo que a posição desses doutrinadores é muito radical. Ademais,
considero que a discussão acerca da impropriedade ou não do termo refoge ao escopo
desse nosso curso.
A jurisdição do Tribunal de Contas da União é tratada tanto na LOTCU como no
RITCU por intermédio dos mesmos artigos: 4° e 5°. Como o tema é abordado de forma
mais completa no RITCU, vamos direcionar o nosso estudo para o que está disciplinado
nesse normativo.
O art. 4° do RITCU apresenta a seguinte redação:
‘Art. 4° O Tribunal de Contas da União tem jurisdição própria e privativa, em
todo o território nacional, sobre as pessoas e matérias sujeitas à sua competência.’
Desse dispositivo, chamo atenção para as expressões ‘própria e privativa’ e
‘sobre as pessoas e matérias sujeitas à sua competência.’
Essas expressões analisadas de forma conjunta indicam que somente o Tribunal
pode dizer o direito, em matérias de sua competência, para as pessoas mencionadas no
artigo anterior. Esse artigo ratifica o nosso posicionamento sobre a impossibilidade de o
Poder Judiciário adentrar no mérito de questões afetas ao Tribunal de Contas da União.
Outra informação decorrente desse dispositivo é que a jurisdição do TCU só
abrange as matérias sujeitas a sua competência.
Vejamos o seguinte exemplo:
Determinado servidor público subtraiu de sua recepção R$ 50.000,00 em vale-
transportes. Por esse ato, o Tribunal de Contas da União poderia condenar o servidor ao
ressarcimento do valor subtraído, juntamente com alguma sanção prevista na LOTCU.
Jamais o Tribunal poderia condenar o servidor pelo crime de peculato. Apesar de o ato
do servidor poder ser tipificado como crime de peculato, somente o Poder Judiciário
possui competência para condená-lo pelo crime.
A jurisdição, como já dissemos, é a possibilidade de o Tribunal dizer o direito
para determinadas pessoas, desde que esse direito se refira à matéria de sua
competência. Vamos ver, então, quem são essas pessoas.
A constituição, por meio do parágrafo único do art. 70, estabelece o dever de
prestar contas. O art. 71, inciso II, concedeu competência para o Tribunal de Contas da
União julgar as contas dos responsáveis por recursos federais. Assim, para essas
pessoas, o TCU poderá dizer o direito que se refere ao julgamento das contas. Vejamos
o que diz o inciso I do art. 5 do RITCU:
‘Art. 5º A jurisdição do Tribunal abrange:

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I –qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade,
guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a
União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária;’
O inciso II do art. 5° refere-se à parte final do inciso II do art. 71 da CF,
vejamos:
‘Art. 71. (...)
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros,
bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e
sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que
derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário
público;
Como o Tribunal tem competência para julgar as contas das pessoas destacadas
no inciso II do art. 71 da CF, sobre essas pessoas o TCU também possui jurisdição, ou
seja, também pode dizer o direito. Vejamos o que dispõe o inciso II do art. 5° do
RITCU:
‘II – aqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que
resulte dano ao erário;’
O inciso III do art. 5° do RITCU apresenta a seguinte redação:
‘III – os dirigentes de empresas públicas e sociedades de economia mista
constituídas com recursos da União;’
O art. 71, inciso II, disciplina que o TCU vai julgar as contas dos
administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
administração direta e indireta. Por isso, os dirigentes das empresas públicas e
sociedades de economia mista devem estar na jurisdição do TCU.
Quanto às sociedades de economia mista, uma questão é recorrente na sala de
aula: pode ser instaurada tomada de contas especial contra o Banco do Brasil e demais
sociedades de economia mista?
Pelo disposto no inciso III do art. 5° do RITCU, não restam dúvidas de que o
Banco do Brasil, bem como as demais sociedades de economia mista estão sob a
jurisdição do Tribunal de Contas da União e que devem prestar contas para o Tribunal.
Com relação à possibilidade de instauração de tomada de contas especial,
enxergo a questão da seguinte forma:

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Quando a sociedade de economia mista ou a empresa pública está exercendo
atividades comerciais da mesma forma que as demais empresas privadas, entendo que,
nesse caso, não há que se falar em instauração de tomada de contas especial.
Como exemplo, vale a seguinte situação hipotética:
Um gerente do Banco do Brasil, após verificar todos os requisitos exigidos pelo
Banco, concedeu empréstimo à determinada pessoa que não veio a honrar o empréstimo
concedido. Nesse caso, mesmo que haja prejuízo para o Banco, entendo que não é o
caso de instauração de tomada de contas especial, uma vez que a concessão de
empréstimo faz parte da atividade de qualquer banco.
Agora, caso o gerente do Banco se apropriasse indevidamente de recursos do
Banco, aí sim seria o caso de instauração de tomada de contas especial, pois, nesse caso,
a atitude do gerente em nada se diferencia da atitude de um servidor público que se
apropria da folha de pagamento de determinado ministério.
Recentemente, o tema foi objeto de deliberação no Supremo Tribunal Federal.
No julgamento do MS 25092\DF, o Pretório Excelso entendeu que o Tribunal de Contas
da União, por força do disposto no art. 71, II, da CF, tem competência para proceder à
tomada de contas especial de administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens
e valores públicos das entidades integrantes da administração indireta, não importando
se prestadoras de serviço público ou exploradoras de atividade econômica.
Passemos, agora, ao inciso IV do art. 5° do RITCU, o qual possui a seguinte
redação:
‘IV – os dirigentes ou liqüidantes das empresas encampadas ou sob intervenção
ou que, de qualquer modo, venham a integrar, provisória ou permanentemente, o
patrimônio da União ou de outra entidade federal;’
Importante nesse inciso é definir o que seja empresas encampadas ou que
estejam sob intervenção.
A encampação é instituto do Direito Administrativo e consiste na retomada pelo
Poder Público de serviço público que havia sido concedido, permitido ou autorizado a
particular.
Dessa forma, caso o poder público reverta a concessão de determinada empresa
de ônibus, vindo a prestar diretamente o serviço de transporte com a utilização dos
ônibus da empresa, estará havendo a encampação da referida empresa.
A intervenção ocorre quando o poder público, por qualquer motivo, assume a
direção de determinada empresa privada.

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Os incisos V e VIII vêm atender ao preconizado nos incisos V e VI do art. 71 da
CF.
O inciso VI do art. 5° se refere aos Serviços Sociais autônomos. Dessa forma,
estão sob a jurisdição do TCU: Sesi, Sesc, Senai, Senat, Senac etc.
Como exemplo do inciso VII, podemos citar que o Comitê Olímpico Brasileiro e
o Comitê Paraolímpico Brasileiro estão sujeitos à fiscalização do Tribunal de Contas da
União por força da Lei 9.615\1998.
O inciso IX apresenta uma garantia aos herdeiros. Por esse dispositivo, os
sucessores só precisam responder por eventuais dívidas herdadas até o limite do
patrimônio transferido.
O exemplo hipotético a seguir pode elucidar melhor o dispositivo:
João foi condenado a devolver aos cofres da União a quantia de cem mil reais.
Após a condenação, João faleceu, deixando uma herança de 50 mil reais.
Nesse caso, os herdeiros de João só vão precisar pagar a dívida até o valor do
patrimônio transferido, ou seja, 50 mil reais.
O Cespe, no último concurso para o cargo de Analista de Controle Externo,
apresentou a seguinte questão relacionada ao tema:
‘Considere a seguinte situação hipotética.
Assegurada a ampla defesa, o TCU julgou irregulares as contas de Bento,
imputou-lhe débito no valor de R$ 100 mil e aplicou-lhe multa proporcional ao débito
no valor de R$ 10 mil. Pouco tempo depois, Bento, único responsável, faleceu.
Nessa situação, os valores correspondentes à multa não mais deverão ser
cobrados, embora a quantia relativa ao débito ainda possa ser cobrada, de modo a se
promover o ressarcimento integral do dano.’
A banca considerou a assertiva correta. O entendimento da banca foi no sentido
de que a multa consiste em penalidade, não podendo, por isso, passar da pessoa do
condenado, consoante prevê o inciso XLV do art. 5º da Constituição Federal.
Passemos para o inciso X do art. 5° do RITCU. Esse dispositivo coloca sob a
jurisdição do Tribunal de Contas da União os representantes da União ou do Poder
Público Federal na assembléia geral das empresas estatais e sociedades anônimas. Esses
representantes, que têm o dever de defender os interesses da União, no caso de
praticarem atos que possam vir a prejudicar o patrimônio das referidas sociedades,
devem responder pelos danos causados, solidariamente com os membros dos conselho
fiscal e de administração.

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Antes de encerrarmos o tema, considero interessante tecer breves comentários
sobre os conselhos de profissões, com especial atenção para a Ordem dos Advogados do
Brasil, e sobre as Organizações Sociais.
Com relação aos conselhos de profissão, com a declaração de
inconstitucionalidade de quase todo o artigo 58 da Lei 9.649\1998, o Supremo Tribunal
Federal entendeu que os conselhos possuem natureza autárquica. É pacífico também na
jurisprudência que os recursos cobrados pelos conselhos possuem natureza parafiscal.
Assim sendo, fica claro que os conselhos de profissão estão na jurisdição do Tribunal de
Contas da União.
Hoje, por força da faculdade oferecida pelo art. 6° da LOTCU, utilizando o seu
poder regulamentador, o TCU, por meio da Instrução Normativa n.° 42, dispensou os
conselhos de prestarem contas anuais ao Tribunal. Apesar de estarem dispensados de
prestar contas, os conselhos ainda continuam na jurisdição do TCU, razão pela qual
podem ser fiscalizados pelo Tribunal..
Então, caso alguém apresente uma denúncia versando sobre possíveis
irregularidades praticadas na administração de um conselho qualquer, pode o Tribunal
apurar a denúncia e punir os responsáveis.
O TCU dispensou os conselhos de prestarem contas anuais baseado no princípio
do custo\benefício do controle, uma vez que quantidade de recursos públicos geridos
por essas autarquias é muito pequena.
Na prova de 2004, o Cespe apresentou a seguinte questão:
‘Estão sujeitas à fiscalização do TCU as entidades de fiscalização do exercício
profissional, que são autarquias e que cobram e dispõem sobre contribuições
parafiscais.’
A assertiva foi considerada correta pela banca.
Quanto à possibilidade de o TCU dispensar os seus jurisdicionados de prestarem
contas, a matéria encontra-se disciplinada no art. 6° do RITCU, o qual possui a seguinte
redação:
‘Art. 6° Estão sujeitas à tomada de contas e, ressalvado o disposto no inciso
XXXV do art. 5° da Constituição Federal, só por decisão do Tribunal de Contas da
União podem ser liberadas dessa responsabilidade as pessoas indicadas nos incisos I a
VI do art. 5° desta lei.’
Duas observações com relação a esse dispositivo são necessárias.

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A primeira é que somente podem ser dispensadas do dever de prestar contas as
pessoas indicadas nos incisos I a VI do art. 5° da LOTCU. Os demais responsáveis não
podem ser dispensados.
A segunda refere-se a quem pode dispensar desse dever. A parte que ressalva o
disposto no inciso XXXV do art. 5° da Constituição Federal pode trazer certa confusão
ao leitor mais desatento. O mencionado inciso estabelece que a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Isso não quer dizer que o
Poder Judiciário pode dispensar algum jurisdicionado do TCU do dever de prestar
contas. A competência daquele Poder é dizer se a pessoa está ou não na jurisdição do
Tribunal de Contas da União, mas, uma vez se encontrando na Jurisdição do TCU,
somente a Corte de Contas pode dispensá-lo do dever de prestar contas, caso a pessoa se
encaixe entre os incisos I a VI do art. 5° da LOTCU.
Na prova para o cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da
União realizada pelo Cespe no ano de 2005, a questão foi abordada da seguinte forma:
‘Nos termos da Lei n.º 8.443/1992 (Lei Orgânica do TCU), o TCU tem
jurisdição própria e privativa, em todo o território nacional, sobre as pessoas e
matérias sujeitas à sua competência e, somente por decisão do TCU, as pessoas
abrangidas pela jurisdição do Tribunal podem ser liberadas da responsabilidade de
prestar-lhe contas.’
A assertiva foi considerada incorreta, porque o Tribunal de Contas da União só
pode liberar do dever de prestar contas as pessoas indicadas nos incisos I a VI do art. 5°
da LOTCU.
A Ordem dos Advogados do Brasil constitui exceção à regra acima. Por decisão
do Supremo Tribunal Federal, ratificada pelo Tribunal de Contas da União, não se
encontra na jurisdição do TCU. Assim sendo, não prestam contas dos seus recursos e
também não podem ser fiscalizadas.
Por fim, interessante registrar que as organizações sociais, ao assinarem
contratos de gestão, passam a receber recursos públicos, razão pela qual estão sujeitas a
fiscalização pelo Tribunal de Contas da União.
Sobre o tema, trago as seguintes questões que já foram objeto de provas
passadas:
(ESAF 2000-ACE – TCU) O Tribunal de Contas da União tem a sua jurisdição:
a) restrita a órgãos e entidades da Administração Pública Federal
b) restrita aos responsáveis por bens e valores públicos

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c) extensiva aos representantes da União nas Assembléias Gerais das entidades
estatais
d) extensiva aos dirigentes das empresas supranacionais de cujo capital a União
participe
e) restrita a agentes públicos federais
A alternativa correta é a letra ‘c’, uma vez que se coaduna com o disposto no
inciso X do art. 5° do RITCU. A alternativa ‘d’ está incorreta, porque a jurisdição do
Tribunal de Contas da União, em relação aos dirigentes das empresas supranacionais, se
restringe aos responsáveis pelas contas nacionais. Dessa forma, a jurisdição do TCU
não abrange os dirigentes das empresas supranacionais que não sejam responsáveis
pelas contas nacionais.
(Cespe 2004 - Procuarador do TCU) Os liquidantes de empresas sob intervenção
do poder público federal são nomeados pela autoridade competente para decretar a
intervenção; nesses casos, a pessoa do liquidante não está sujeita à jurisdição do TCU,
mas, sim, à da autoridade que o nomeou, pois será dela a responsabilidade pelos atos
daquele.
Uma vez que a assertiva está em confronto com o inciso IV do art. 5° do
RITCU, ela está incorreta.
Acabamos assim a nossa oitava aula.
Hoje, tivemos a oportunidade de verificar algumas competências dadas ao
Tribunal de Contas da União por sua Lei Orgânica e por seu Regimento Interno.
Demos especial atenção a questão das transferências de recursos, oportunidade
que vimos como se dá a atuação do TCU na fiscalização desses recursos.
Em seguida, estudamos como se dá a fiscalização dos processos de
desestatização no âmbito da Corte de Contas. Com relação a esse tema, considero que o
assunto se encontra em bastante evidência no Tribunal de Contas da União, razão pela
qual não me surpreenderia se a prova subjetiva explorasse o assunto.
Por fim, fizemos um breve comentário acerca da expressão jurisdição e
verificamos quais as pessoas estão na jurisdição do Tribunal de Contas da União.
Na próxima aula, vamos estudar as espécies de processos que existem no TCU.
Até lá e continuem estudando.

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AULA 9: TIPOS DE PROCESSOS
O nosso penúltimo encontro vai ser dedicado aos tipos de processos existentes
no Tribunal de Contas da União.
A aula de hoje vai aprofundar alguns temas já comentados em aulas passadas.
Vamos poder entender melhor o que o Analista de Controle Externo faz no seu dia-a-
dia.
Hoje, vamos, fundamentalmente, trabalhar com o Regimento Interno. O escopo
de nossa aula vai ser o Título VI – Atividades de Controle Externo – do Regimento
Interno, o qual se inicia com o art. 186.

1 – TIPOS DE PROCESSOS – VISÃO GERAL


Didaticamente, podemos dividir os processo do Tribunal de Contas da União da
seguinte forma:
Tomada de Contas (ordinária e extraordinária)
Prestação de Contas(ordinária e extraordinária)
I – Processos de Contas Tomada de Contas Especial

Contas do Governo Atos e contratos

II – Processos que não são de contas Fiscalização Atos sujeitos a


registro
Consultas

A divisão acima é utilizada apenas para organizar melhor a nossa aula e para
facilitar o entendimento dos alunos quando falarmos dos recursos cabíveis no Tribunal
de Contas da União. Dessa forma, essa divisão vai ser utilizada tanto nessa aula como
na próxima. O principal fundamento para realizar a divisão conforme apresentada
baseia-se na função judicante, pois somente ocorre julgamento nos processos de contas,
em todos os demais ocorre apreciação.
Ademais, vale acrescentar que não pode haver ressarcimento ao erário em
processos que não sejam de contas. Dessa forma, quando o TCU realiza uma

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fiscalização em que percebe que houve desvio de recursos públicos, antes de condenar o
responsável em débito, deve converter o processo de fiscalização em processo de
contas.
2 – Tomada e Prestação de Contas
Tendo como base o Título VI do Regimento, vamos iniciar o nosso estudo pelas
tomada e prestação de contas.
Conforme estudamos na aula passada, assiste ao Tribunal de Contas da União o
Poder Regulamentador. Em conseqüência, pode expedir atos e instruções normativas
sobre a organização dos processos que lhe devam ser submetidos, obrigando ao seu
cumprimento, sob pena de responsabilidade.
Para disciplinar a matéria, o Tribunal de Contas da União editou a Instrução
Normativa n.° 47, da qual, considero importante trazer as seguintes definições:
‘I - processo de contas: conjunto de documentos e informações, obtidos direta
ou indiretamente, que permitam avaliar a conformidade e o desempenho da gestão dos
responsáveis por políticas públicas, bens, valores e serviços públicos federais;
II - processo de contas ordinárias: processo de tomada ou prestação de contas
organizado anualmente pelas unidades jurisdicionadas cujos responsáveis estão
sujeitos à obrigação prevista no art. 70, parágrafo único, da Constituição Federal;
III - processo de contas extraordinárias: processo de tomada ou de prestação
de contas organizado e apresentado quando da extinção, liquidação, dissolução,
transformação, fusão ou incorporação de unidades jurisdicionadas cujos responsáveis
estejam alcançados pela obrigação prevista no art. 70, parágrafo único, da
Constituição Federal;
IV - processo de tomada de contas: processo de contas relativo à gestão dos
responsáveis por unidades jurisdicionadas da administração federal direta;
V - processo de prestação de contas: processo de contas relativo à gestão dos
responsáveis por unidades jurisdicionadas da administração federal indireta e
daquelas não classificadas como integrantes da administração direta federal;
VI - processo de contas simplificado: processo de tomada ou de prestação de
contas organizado de forma simplificada, a partir da aplicação de critérios de risco,
materialidade e relevância, estabelecidos pelo Tribunal;
Para facilitar o estudo, sublinhei o que considero de mais importante na
definição de cada dispositivo. De toda sorte, considero interessante repisar que a
diferença de tomada de contas para prestação de contas é que a primeira se destina aos

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órgãos da administração direta. Outra importante distinção é entre as contas ordinárias e
as contas extraordinárias. O dever de prestar contas insculpido no parágrafo único do
art. 70 da Constituição Federal obriga o gestor a demonstrar como ocorreu a sua gestão
no período correspondente a um ano civil, ou seja, de primeiro de janeiro a trinta e um
de dezembro. Essas são as contas ordinárias. Caso ocorra qualquer situação que faça
com que um órgão ou uma entidade não consiga chegar o final do ano – como exemplo,
podemos citar a extinção de determinado órgão –, teremos as contas extraordinárias, que
compreenderão o período entre o início do exercício e a sua extinção.
Em 1998, no concurso para o cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal
de Contas da União, o Cespe elaborou a seguinte questão:
A respeito dos processos de tomada e de prestação de contas, julgue os itens
abaixo.
(1) Tomada de contas é o processo organizado pelo próprio agente responsável
ou pelos órgãos de contabilidade analítica das entidades da administração indireta,
referentes aos atos de gestão praticados pelos respectivos dirigentes.
(2) A prestação de contas poderá ser anual, especial ou extraordinária.
(3) A tomada de contas extraordinária será levantada quando ocorrer extinção,
dissolução, transformação, fusão ou incorporação do órgão.
A assertiva (1) está incorreta, porque a tomada de contas é para administração
direta e não indireta.
Já o item (2) está incorreto, porque não existe prestação de contas especial,
apenas ordinária e extraordinária.
O item (3) está correto.
O parágrafo único do art. 189 do RITCU (art. 7°, parágrafo único, da LOTCU)
estabelece que, nas tomadas ou prestações de contas, devem ser incluídos todos os
recursos, orçamentários e extra-orçamentários, utilizados, arrecadados, guardados ou
geridos pela unidade ou entidade ou pelos quais ela responda.
No concurso para o cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal de
Contas da União no ano de 2004, foi cobrada a seguinte questão:
‘Nas prestações de contas que os gestores públicos devem remeter
periodicamente ao TCU, não há necessidade de inserção de demonstrativos referentes
a recursos extra-orçamentários, pois, nesses casos, inexiste potencial de lesão ao
erário.’
Pelo que foi exposto, podemos verificar que a assertiva é falsa.

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Prosseguindo, chamo a atenção para o art. 52 da LOTCU.
‘Art. 52. O Ministro de Estado supervisor da área ou a autoridade de nível
hierárquico equivalente emitirá, sobre as contas e o parecer do controle interno,
expresso e indelegável pronunciamento, no qual atestará haver tomado conhecimento
das conclusões nele contidas.’
As contas que são encaminhadas ao Tribunal de Contas da União devem, entre
outras coisas, apresentar um relatório emitido pelo gestor dos recursos públicos e o
parecer do controle interno acerca da gestão (art. 9° da LOTCU).
Estabelece o mencionado art. 52 da LOTCU que o parecer do controle interno
deve ser levado ao conhecimento do Ministro de Estado supervisor da área, o qual deve
atestar que tomou conhecimento do referido parecer. Importante registrar que essa
atribuição é indelegável.
Ao decidir em processo de tomada ou prestação de contas, o Tribunal pode
adotar 3 tipos de decisões: preliminar, definitiva e terminativa.
Preliminar é a decisão pela qual o Relator ou o Tribunal, antes de pronunciar-se
quanto ao mérito das contas, resolve sobrestar o julgamento, ordenar a citação ou a
audiência dos responsáveis ou, ainda, determinar outras diligências necessárias ao
saneamento do processo (art. 10, § 1°, da LOTCU ou 201, § 1°, do RITCU).
Para melhor compreendermos o dispositivo, interessante apresentar as definições
dos termos audiência, citação e diligência.
Audiência: espécie de comunicação processual pela qual o responsável é
chamado aos autos para apresentar RAZÕES DE JUSTIFICATIVA acerca de
determinada irregularidade que NÃO tenha causado dano ao erário.
Citação: espécie de comunicação processual pela qual o responsável é chamado
aos autos para apresentar ALEGAÇÕES DE DEFESA acerca de determinada
irregularidade que tenha causado dano ao erário.
Diligência: espécie de comunicação processual utilizada para obter informações
ou documentos necessários ao saneamento dos autos.
Continuando com os tipos de decisões, definitiva é a decisão pela qual o
Tribunal julga as contas regulares, regulares com ressalva ou irregulares (art. 10, § 2°,
da LOTCU ou 201, § 2°, do RITCU). Dessa forma, definitiva é a decisão que o Tribunal
extingue o processo com julgamento de mérito.
Por fim, terminativa é a decisão pela qual o Tribunal ordena o trancamento das
contas que forem consideradas iliqüidáveis, ou determina o seu arquivamento pela

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ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do
processo ou por racionalização administrativa e economia processual, nos termos dos
arts. 211 a 213 (art. 10, § 1°, da LOTCU ou 201, § 1°, do RITCU).
Vamos agora aprofundar nossos estudos nas decisões definitivas e terminativas.
Como foi dito, a decisão definitiva vai ser adotada quando o Tribunal julgar as
contas regulares, regulares com ressalvas ou irregulares.
As contas serão julgadas regulares quando expressarem, de forma clara e
objetiva, a exatidão dos demonstrativos contábeis, a legalidade, a legitimidade e a
economicidade dos atos de gestão do responsável (art. 16, inciso I da LOTCU ou 207 do
RITCU)
Quando as contas forem julgadas regulares, o Tribunal dará quitação plena aos
responsáveis.
As contas serão julgadas regulares com ressalvas quando evidenciarem
impropriedade ou qualquer outra falta de natureza formal de que não resulte dano ao
erário (art. 16, inciso II, da LOTCU ou 208 do RITCU).
Ao julgar regulares com ressalvas, o Tribunal dará quitação ao responsável e
fará as determinações necessárias para que sejam sanadas as impropriedades.
As contas serão julgadas irregulares quando ocorrer (art. 16, inciso III, da
LOTCU ou 209 do RITCU):
a. omissão no dever de prestar contas;
b. prática de ato de gestão ilegal, ilegítimo, antieconômico, ou infração à
norma legal ou regulamentar de natureza contábil, financeira,
orçamentária, operacional ou patrimonial;
c. dano ao erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ao antieconômico;
d. desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos;
e. Reincidência no descumprimento de determinações.
Existe grande semelhança entre a situação que leva o Tribunal a julgar as contas
regulares com ressalvas e a que leva a julgar irregulares com fundamento na letra b
acima. Na primeira situação ocorreu a prática de impropriedade ou falta de natureza
formal. Na segunda situação temos a prática de ato de gestão ilegal, ilegítimo,
antieconômico, ou infração à norma legal ou regulamentar de natureza contábil,
financeira, orçamentária, operacional ou patrimonial. A diferença entre ambas as
situações é bastante sutil, levando, por vezes, a grandes discussões nos colegiados do
Tribunal.

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Um exemplo de falha de natureza forma é a falta de numeração das folhas de
processo licitatório. Já a não observância do número mínimo de 3 licitantes para
aquisição de produto por meio de convite pode ser considerado ato de gestão ilegal.
Ainda em relação às contas irregulares, interessante comentar o art. 209, §§ 4° e
6°, do RITCU (ou 16, §§ 2° e 3°, da LOTCU).
‘Art. 209. O Tribunal julgará as contas irregulares quando evidenciada
qualquer das seguintes ocorrências:
(...)
§ 4º Nas hipóteses dos incisos II, III e IV, o Tribunal, ao julgar irregulares as
contas, fixará a responsabilidade solidária:
I – do agente público que praticou o ato irregular; e
II – do terceiro que, como contratante ou parte interessada na prática do mesmo
ato, de qualquer modo haja concorrido para o cometimento do dano apurado.
§ 6º Verificadas as ocorrências previstas nos incisos III e IV do caput, o
Tribunal, por ocasião do julgamento, determinará a remessa de cópia da
documentação pertinente ao Ministério Público da União, para ajuizamento das ações
cabíveis, podendo decidir sobre essa mesma providência também nas hipóteses dos
incisos I e II.’
O parágrafo 4° indica que o Tribunal pode condenar solidariamente pessoas
(físicas e jurídicas) que não sejam agente público. Nesse caso, vamos ter uma extensão
da jurisdição do Tribunal.
A condenação mencionada nesse parágrafo será sempre solidária. Dessa forma,
deveremos ter um agente público culpado por um ato que traga dano ao erário e um
terceiro que tenha concorrido para o cometimento do dano. Havendo esses dois agentes,
teremos a solidariedade. Importante registrar que se não houver o agente público não
podemos ter a solidariedade e, consequentemente, não podemos condenar o não agente
público.
A solidariedade é instituo do Direito Civil e se constitui em benefício de ordem
do credor. Quando duas pessoas devem, solidariamente, a uma terceira, esta pode cobrar
a dívida de qualquer dos devedores indistintamente.
Exemplificando: João foi condenado a pagar em solidariedade com José mil
reais a Pedro. Dessa forma, Pedro pode cobrar uma parte de José e uma parte de João,
ou escolher qualquer um dos dois e cobrar os mil reais.

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Para ilustrar o tema, trago a seguinte questão relacionada ao assunto, cobrada na
prova de 2004 para o cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da
União:
‘Pode o TCU constituir título executivo contra empresa privada.’
Pelo que vimos, a empresa pode ser condenada solidariamente com o agente
público e o acórdão condenatório do TCU tem eficácia de título executivo. Dessa forma,
a assertiva está correta.
Com relação ao § 6° do art. 209, chamo a atenção para o fato de que, em certos
casos, o Tribunal vai encaminhar o que ele apurou para o Ministério Público da União,
para que sejam tomadas as medidas cíveis e penais cabíveis.
Na prova de 1998, o Cespe apresentou a seguinte questão no concurso para o
cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da União:
‘Em face do fundamento da condenação – dano ao erário, decorrente de ato de
gestão antieconômico –, cabia ao Tribunal determinar a remessa da documentação
pertinente ao Ministério Público da União, para o ajuizamento das ações civis e penais
cabíveis’.
Por guardar estreita consonância com o § 6° do art. 209, a questão está correta.
Pelo previsto no art. 19 da LOTCU, o Tribunal, ao julgar as contas irregulares,
poderá aplicar as multas previstas nos artigos 57 e 58 da Lei Orgânica. Na próxima aula,
vamos dedicar um tópico para falar sobre as sanções do Tribunal de Contas da União.
Para encerrarmos o tópico tomada e prestação de contas, vamos, agora, estudar a
decisão terminativa. Devemos lembrar que, conforme acima mencionado, a decisão será
considerada terminativa quando as contas forem consideradas iliquidáveis. Vale
transcrever o art. 211 do RITCU (art. 20 da LOTCU)
‘Art. 211. As contas serão consideradas iliquidáveis quando caso fortuito ou de
força maior, comprovadamente alheio à vontade do responsável, tornar materialmente
impossível o julgamento de mérito.
§ 1º Na hipótese prevista neste artigo, o Tribunal ordenará o trancamento das
contas e o conseqüente arquivamento do processo.
§ 2º Dentro do prazo de cinco anos contados da publicação, no Diário Oficial
da União, da decisão terminativa a que se refere o § 3º do art. 201, o Tribunal poderá,
à vista de novos elementos considerados suficientes, autorizar o desarquivamento do
processo e determinar que se ultime a respectiva tomada ou prestação de contas.

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§ 3º Transcorrido o prazo referido no parágrafo anterior sem que tenha havido
nova decisão, as contas serão consideradas encerradas, com baixa na responsabilidade
do administrador.’
As contas serão consideradas iliquidáveis quando ocorrer qualquer evento que
impeça o Tribunal de chegar a uma conclusão acerca da gestão do responsável. Por
exemplo, uma inundação de um prédio, em que todos os documentos relacionados à
determinada gestão sejam perdidos, é caso de contas iliquidáveis.
Com relação a esse artigo, devemos ter em mente que as contas serão
consideradas iliquidáveis somente se os fatos forem alheios à vontade do gestor. Assim,
se o próprio gestor colocar fogo na sua repartição, com o objetivo de se livrar de
possível julgamento irregular de suas contas, seu ato implicará presunção de má-fe, o
que poderá ensejar a sua condenação.
Vale notar que os autos podem ser desarquivados se, no período de 5 anos,
forem obtidos elementos que possibilitem o julgamento das contas.
Para ilustrar o tema, vejamos as seguintes questões de concursos anteriores:
(MPjTCU\Cespe\2004)‘Se um determinado prédio público for atingido por
inundação e, em conseqüência, não se mostrar mais possível o julgamento de mérito de
um processo de tomada de contas especial, as contas devem ser julgadas iliquidáveis e
o TCU deverá determinar o trancamento das contas; essa espécie de decisão é
classificada pela Lei Orgânica do TCU como terminativa.
(ACE\Cespe\2004) ‘Considere que, instaurada tomada de contas especial em
razão de irregularidades verificadas em obra pública federal, na qual se detectou a
existência de dano ao erário, o Tribunal de Contas da União constatou que toda a
documentação comprobatória da despesa fora destruída por violenta e inevitável
inundação provocada por eventos naturais. Diante disso, o Tribunal pode, em decisão
terminativa, ordenar o trancamento das contas, considerando-as iliquidáveis. Pode,
também, julgar o mérito das contas, alguns anos depois, caso estejam presentes os
requisitos legais aplicáveis.
Pelo que vimos, ambas as assertivas estão corretas.
Conforme já estudamos, as decisões da Corte de Contas de que resultem débito
ou multa terão eficácia de título executivo extrajudicial.
Ao ser condenado, o gestor será notificado para comprovar ao Tribunal o
recolhimento integral da dívida. Versa o artigo 217 do RITCU (artigo 26 da LOTCU)
que, em qualquer fase do processo, o condenado poderá pedir o parcelamento da dívida

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em até vinte e quatro vezes. Cumpre salientar que o não pagamento de qualquer parcela
implica vencimento antecipado das demais.
O artigo 219 do RITCU (artigo 28 da LOTCU) faculta ao Tribunal determinar o
desconto integral ou parcelado da dívida nos vencimentos, salários ou proventos do
responsável, observados os limites previstos na legislação pertinente.
Pode ainda o Tribunal autorizar a cobrança judicial da dívida por intermédio de
que MPjTCU.
Por fim, o pagamento integral do débito da multa não modifica o julgamento de
mérito dado às contas. Dessa forma, caso alguém tenha tido as suas contas julgadas
irregulares, sendo, também, condenado ao ressarcimento de importância ao erário, o
pagamento integral desse valor não retirará a pecha de irregularidade atribuída às suas
contas.
2.1 - Tomada de Contas Especial
A tomada de contas especial é uma espécie do gênero tomada de contas. Dessa
forma, tudo o que foi falado para o julgamento de tomada de contas cabe para a tomada
de contas especial. Assim sendo, nesse tópico, vamos estudar, apenas, os aspectos
diferenciadores desse tipo de processo.
O art. 197 do RITCU (art. 8° da LOTCU) apresenta os motivos (negrito) e os
objetivos (sublinhados) da instauração do processo de tomada de contas especial.
‘Art. 197. Diante da omissão no dever de prestar contas, da não-comprovação
da aplicação dos recursos repassados pela União na forma prevista no inciso VIII do
art. 5º, da ocorrência de desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos,
ou, ainda, da prática de qualquer ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que
resulte dano ao erário, a autoridade administrativa competente, sob pena de
responsabilidade solidária, deverá imediatamente adotar providências com vistas à
instauração de tomada de contas especial para apuração dos fatos, identificação dos
responsáveis e quantificação do dano.’
Em suma, o processo de tomada de contas especial será instaurado quando
ocorrer algum fato que possa trazer prejuízo ao erário. Devemos destacar que não
importa se o fato ensejador da tomada de contas especial tenha sido praticado de forma
dolosa ou culposa.
No ano de 2004, o Cespe apresentou a seguinte questão na prova de Defensor
Público da União, 2ª categoria:

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‘A tomada de contas especial (TCE) é um dos instrumentos para o controle da
administração pública. Segundo a Lei Orgânica do Tribunal de Contas da União, a
TCE pode ser instaurada mesmo que o administrador não tenha agido dolosamente
para apropriar-se de bens ou valores públicos’.
Pelo que aqui foi exposto, podemos perceber que a assertiva está correta.
Ocorrendo um fato que tenha a possibilidade de trazer prejuízo ao erário, há a
necessidade de instauração da tomada de contas especial. Quem é o responsável pela
sua instauração? A resposta está no próprio art. 197: a autoridade administrativa
competente, que, em geral, é o ordenador despesa do órgão ou da entidade.
Existem, contudo, ao menos duas situações em que não será o ordenador de
despesa a autoridade responsável pela instauração da tomada de contas especial. São
elas: a omissão no dever de prestar contas e a não-comprovação da aplicação dos
recursos repassados pela União. Nesses casos, o responsável para a instauração da
tomada de contas especial será o órgão repassador do recurso.
Percebam que a tomada de contas especial será instaurada ou pelo próprio órgão
ou, no caso de convênio, pelo órgão repassador dos recursos. Jamais o controle interno
vai ser responsável pela instauração do processo.
Caso a autoridade responsável não providencie a instauração da TCE, o Tribunal
determinará a instauração da tomada de contas especial, fixando prazo para
cumprimento dessa decisão. Importante notar que o art. 197 do RITCU estabelece que a
inércia do responsável implica sua responsabilidade solidária.
Uma das maiores confusões para quem estuda o assunto é a impropriedade do
termo tomada de contas especial, uma vez que temos duas situações distintas e apenas
um nome. As duas situações distintas correspondem as duas fases da TCE: a interna e a
externa.
A fase interna é aquela que ocorre dentro do órgão ou da entidade. Nesse
momento, ainda NÃO TEMOS PROCESSO, TEMOS, APENAS, PROCEDIMENTO.
Essa fase muito se assemelha ao inquérito policial, pois é uma fase apenas investigativa.
Por essa razão a fase interna não precisa obedecer aos princípios do devido processo
legal.
Após a apuração dos fatos no âmbito do órgão ou da entidade, a tomada de
contas especial deve ser encaminhada ao controle interno, para a emissão de seu parecer
e, em seguida, para o Ministro de Estado supervisor da área – ou autoridade equivalente
-, a fim de que tome conhecimento do que foi apurado.

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Somente após essas etapas serem vencidas, a tomada de contas especial será
encaminhada para o Tribunal de Contas da União. Inaugura-se, assim, a fase externa da
TCE. Nesse momento, o que era mero procedimento passa a ser processo e, por conta
disso, devem ser observados os princípios do devido processo legal, do contraditório e
da ampla defesa.
Aplica-se aos processos de tomada de contas especial o princípio da relação
custo X benefício do controle. Pelo art. 199 do RITCU, as tomadas de contas especiais
só vão ser imediatamente encaminhadas ao Tribunal de Contas da União se o dano ao
erário for superior à quantia anualmente fixada pelo Tribunal para esse fim (o Tribunal,
utilizando o seu poder regulamentador, fixou, por meio da DN n.° 64, para o ano de
2005, o valor de R$ 21.000,00).
Exemplificando: caso haja a ocorrência de desvios de recursos públicos na
ordem de cinco mil reais, o órgão vai providenciar, normalmente, a instauração da
tomada de contas especial. Não vai, entretanto, encaminhar o procedimento ao Tribunal
de Contas da União no momento que terminar a sua apuração. O TCU só vai receber
esse procedimento junto com as contas ordinárias que o órgão deve anualmente
encaminhar para o Tribunal.
Estabelece ainda o art. 213 do RITCU (art. 93 da LOTCU) que o Tribunal pode,
a título de racionalização administrativa e economia processual determinar o
arquivamento dos processos de TCE que sejam de valores inferiores ao mencionado
acima sem o cancelamento do débito, a cujo pagamento continuará obrigado o devedor,
para que lhe possa ser dada quitação.
No exemplo utilizado acima – TCE de cinco mil reais – o Tribunal pode
arquivar o processo sem julgá-lo. Nesse caso, teremos um exemplo de decisão
terminativa, pois o processo vai ser encerrado sem o julgamento do mérito.
Para encerrarmos este tópico, importante destacar que o art. 197, § 3°, do
RITCU estabelece que ‘na ocorrência de perda, extravio ou outra irregularidade SEM
QUE SE CARACTERIZE A MÁ-FÉ de quem lhe deu causa, SE O DANO FOR
IMEDIATAMENTE RESSARCIDO, a autoridade administrativa competente deverá, em
sua tomada ou prestação de contas ordinária, comunicar o fato ao Tribunal, ficando
dispensada desde logo a instauração de tomada de contas especial’.
Para ilustrar o tema, trazemos a seguinte questão abordada na prova para o cargo
de Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da União no ano de 2004.

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‘Na direção de ente da administração pública indireta, uma autoridade
administrativa constatou que um agente público de seu quadro alcançou recursos
públicos dolosamente e causou lesão ao patrimônio daquela pessoa jurídica. A referida
autoridade determinou então a instauração de procedimento administrativo disciplinar
e a comunicação dos fatos ao Ministério Público Federal.
Nessa situação, a autoridade administrativa agiu corretamente, no que diz
respeito à proteção do patrimônio público, de modo que não seria necessária a adoção
de mais nenhuma providência por parte dela’.
A assertiva está incorreta, porque competia à autoridade administrativa instaurar
a tomada de contas especial.

3 – CONTAS DO GOVERNO
Considerando que nós já tratamos desse tema quando estudamos a competência
do Tribunal de Contas da União na Constituição Federal, nesse momento, vamos,
apenas, aprofundar o tema.
Relembrando, as contas do Governo da República incluirão as contas prestadas
pelo Presidente da República, pelos presidentes do Senado Federal e da Câmara dos
Deputados, pelos presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores,
que consolidarão as dos respectivos tribunais, e pelo Chefe do Ministério Público da
União (artigo 221, § 1°, do RITCU).
As contas prestadas pelo Presidente da República consistirão nos balanços gerais
da União e no relatório do órgão central do sistema de controle interno do Poder
Executivo. As demais contas incluirão quadro consolidado de gestão fiscal e relatório
do respectivo órgão de controle interno contendo manifestação conclusiva acerca da
conformidade da execução orçamentária e financeira no exercício com as metas fixadas
no plano plurianual e com os dispositivos constitucionais e legais, em especial a lei de
diretrizes orçamentárias e a lei orçamentária anual (artigo 221, § 3°, do RITCU).
As contas do Presidente da República só poderão ser relatadas por ministros
titulares e serão apreciadas por meio de sessão extraordinária do Plenário, em até setenta
e duas horas antes do término do prazo para a remessa do relatório e pareceres ao
Congresso Nacional.
De acordo com o artigo 228 do RITCU, os pareceres prévios das contas do
Governo serão conclusivos no sentido de exprimirem se as contas prestadas pelo
Presidente da República, pelos presidentes do Senado Federal e da Câmara dos

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Deputados, pelos presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores,
consolidadas as dos respectivos tribunais, e pelo Chefe do Ministério Público da União
representam adequadamente as respectivas posições financeira, orçamentária, contábil e
patrimonial, em 31 de dezembro, bem como sobre a observância dos princípios
constitucionais e legais que regem a administração pública federal.

4 – FISCALIZAÇÃO DE ATOS E CONTRATOS


As fiscalizações de atos e contratos podem ser feitas por iniciativa própria ou por
solicitação do Congresso Nacional. Vale acrescentar que aquelas realizadas por
iniciativa própria são formas de averiguar fatos levantados pelo próprio Tribunal ou que
cheguem ao seu conhecimento por meio de denúncias e representações.
O RITCU apresenta os seguintes instrumentos de fiscalização: monitoramento,
acompanhamento, levantamento, inspeção e auditoria. (artigos 238 a 243)
Em apertada síntese, vale a seguinte definição de cada um desses instrumentos:
Levantamento: utilizado para conhecer a organização e o funcionamento dos
órgãos e entidades da administração direta, indireta e fundacional dos Poderes da União,
bem como para avaliar a viabilidade da realização de fiscalizações.
Acompanhamento: utilizado para examinar, ao longo de um período
predeterminado, a legalidade e a legitimidade dos atos de gestão dos responsáveis
sujeitos a sua jurisdição, quanto ao aspecto contábil, financeiro, orçamentário e
patrimonial.
Monitoramento: instrumento de fiscalização utilizado pelo Tribunal para
verificar o cumprimento de suas deliberações e os resultados delas advindos.
Auditoria: instrumento de fiscalização utilizado pelo Tribunal para examinar a
legalidade e a legitimidade dos atos de gestão dos responsáveis, bem como para avaliar
o desempenho dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal.
Inspeção: utilizado pelo Tribunal para suprir omissões e lacunas de informações,
esclarecer dúvidas ou apurar denúncias ou representações quanto à legalidade, à
legitimidade e à economicidade de fatos da administração e de atos administrativos
praticados por qualquer responsável sujeito à sua jurisdição.
A principal diferença entre inspeção e auditoria é que esta apresenta um escopo
mais abrangente.
Exemplificando. Caso uma equipe de fiscalização vá a determinado órgão para
analisar todos os contratos por ele assinados entre os anos de 2001 e 2005, estamos a

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frente de uma auditoria. Já se a equipe se interessar apenas pelos contratos firmados
com determinada empresa em determinada época, aí o instrumento mais apropriado será
a inspeção.
O art. 244 do RITCU disciplina que as auditorias, acompanhamentos e
monitoramentos obedecerão a plano de fiscalização elaborado pela Presidência, em
consulta com os relatores das listas de unidades jurisdicionadas, e aprovado pelo
Plenário em sessão de caráter reservado. Dessa forma, temos que as auditorias,
acompanhamentos e monitoramentos só serão realizados se aprovados pelo Plenário. Já
as inspeções e levantamentos podem ser autorizados pelos próprios relatores. Nunca é
demais lembrar que compete ao Plenário autorizar inspeção nas unidades mencionadas
no art. 15, inciso I, alínea ‘j’, do RITCU.
Sobre o assunto, em 2004, o Cespe elaborou a seguinte questão para a prova de
Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da União.
‘Se um ministro do Tribunal de Contas da União desejar que a área técnica
realize alguma auditoria, deverá enviar sua solicitação ao presidente do tribunal, ao
qual, então, caberá determinar a realização do trabalho’.
Como verificado, somente tem competência para autorizar a realização da
auditoria o Plenário da Corte, o que torna a assertiva falsa.
O art. 250 e seguintes do RITCU disciplinam a atuação do Tribunal de Contas da
União nos processos de fiscalização.
Ao realizar uma fiscalização o Tribunal, caso encontre alguma impropriedade de
natureza formal, poderá DETERMINAR que sejam adotadas as medidas necessárias a
fim de corrigir a mencionada irregularidade.
Pode, ainda, o Tribunal RECOMENDAR a adoção de providências quando
verificadas oportunidades de melhoria de desempenho.
Em apertada síntese, a diferença principal em determinar e recomendar é que a
determinação obriga que o responsável adote a medida alvitrada pela Corte de Contas,
sob pena de aplicação de multa. Já a recomendação é, geralmente, utilizada em matérias
que sejam de ação discricionária do gestor, em que o Tribunal vislumbre oportunidade
de melhoria de desempenho. O não cumprimento de recomendação NÃO possibilita a
aplicação de multa.
No caso de encontrar uma ilegalidade que não constitua dano ao erário, o
Tribunal poderá, no próprio processo de fiscalização, aplicar multa ao gestor, sendo
necessário, contudo, que seja respeitado os princípios do contraditório e da ampla

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defesa. Dessa forma, antes de aplicar qualquer sanção ao gestor, o Tribunal deverá
chamar o responsável pela ilegalidade em audiência para que apresente razões de
justificativa acerca do que foi levantado na fiscalização.
No caso de a ilegalidade encontrada constituir dano ao erário, o Tribunal não
poderá condenar o responsável a ressarcir o erário no próprio processo de fiscalização.
Para que haja o ressarcimento, o Tribunal deverá converter o processo de fiscalização
em tomada de contas especial. Vejamos a redação do art. 252 do RITCU:
‘Art. 252. Se configurada a ocorrência de desfalque, desvio de bens ou outra
irregularidade de que resulte dano ao erário, o Tribunal ordenará, desde logo, a
conversão do processo em tomada de contas especial, salvo na hipótese prevista no art.
213.
Parágrafo único. Caso a tomada de contas especial envolva responsável por
contas ordinárias, deverá ser observado o disposto no art. 206.’
Para total compreensão do dispositivo devemos entender o que dispõe os artigos
206 e 213.
O art. 213 já foi comentado nessa aula, quando falamos de tomada de contas
especial. Esse dispositivo trata da relação custo X benefício do controle.
Passemos então a análise do art. 206, que apresenta a seguinte redação:
‘Art. 206. A decisão definitiva em processo de tomada ou prestação de contas
ordinária constituirá fato impeditivo da imposição de multa ou débito em outros
processos nos quais constem como responsáveis os mesmos gestores.
§ 1º No caso do caput, a apreciação das irregularidades apuradas nos outros
processos dependerá do conhecimento de eventual recurso de revisão interposto pelo
Ministério Público, na forma do art. 288.’
Para entender melhor esse dispositivo, vamos utilizar uma situação hipotética.
Vamos supor que uma equipe de fiscalização do TCU tenha ido ao órgão XYZ
para analisar todas as licitações e contratos realizados entre os anos de 1996 e 2002. Ao
analisar uma licitação ocorrida no ano de 1997, a equipe constatou que o procedimento
fora viciado, o que resultou a contratação com superfaturamento na ordem de cem mil
reais.
Nessa situação, o Tribunal deve converter o processo de fiscalização em tomada
de contas especial. Contudo, a condenação do responsável pelo órgão XYZ só vai
ocorrer caso as contas relativa ao ano de 1997 dos responsáveis pelo órgão ainda não
tenham sido julgadas. Caso já tenha havido o julgamento das contas, pode o MPjTCU

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interpor recurso contra a decisão que julgou as contas ordinárias, a fim de possibilitar a
sua reanálise, agora levando em consideração o fato de o Tribunal ter conhecimento da
licitação superfaturada.

4.1 – Denúncia e Representação


Esses dois tipos de processos auxiliam o Tribunal de Contas da União na sua
missão de resguardar o erário. A denúncia possui status constitucional, uma vez que está
disciplinada no art. 74, § 2°, da Carta Política. A Representação só aparece no
Regimento Interno e pode-se dizer que é uma espécie de denúncia qualificada.
Segundo a Constituição podem denunciar ao Tribunal de Contas da União
qualquer cidadão, associação, partido político e sindicato. Para guardar os legitimados
para denunciar, utilize a expressão CAPS. Atenção para o fato que a Constituição não
deu legitimidade para qualquer pessoa denunciar e sim qualquer cidadão. Por essa razão
uma empresa não pode apresentar denúncia ao tribunal. Veremos adiante que, nesse
caso, a peça poderá ser recebida como representação.
Tanto os processos de denúncia como de representação são analisados em duas
etapas. Na primeira é verificado se os requisitos de admissibilidade aplicáveis à espécie
estão presentes. Vencida a admissibilidade, ou seja, estando presentes os requisitos de
admissibilidade, poderá o Tribunal adentrar ao mérito do processo, oportunidade em
que dirá se os fatos trazidos ao conhecimento da Corte são procedentes ou não e quais
as penalidades serão aplicadas aos responsáveis no caso de ter sido constatada a
ocorrência de alguma irregularidade.
Nunca é demais lembrar que os processos de denúncia e representação são
espécies de processos de fiscalização. Dessa forma, tudo o que foi falado no tópico
acima se aplica às denúncias e representações.
A admissibilidade da denúncia será realizada pelo relator do processo. O art. 235
do RITCU estabelece quais são os requisitos de admissibilidade aplicáveis a esse tipo de
processo.
‘Art. 235. A denúncia sobre matéria de competência do Tribunal deverá
referir-se a administrador ou responsável sujeito à sua jurisdição, ser redigida em
linguagem clara e objetiva, conter o nome legível do denunciante, sua qualificação e
endereço, e estar acompanhada de indício concernente à irregularidade ou ilegalidade
denunciada.’

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A denúncia que preencha os requisitos de admissibilidade será apurada em
caráter sigiloso, só podendo ser arquivada por despacho fundamentado do relator (art.
234, § 2°, do RITCU) Podemos perceber que nem sempre o processo de denúncia
precisa ir a apreciação do colegiado, podendo, por vezes, ser arquivada mediante
despacho do próprio relator. Esse é um dos poucos casos no RITCU que o processo
pode ser encerrado por meio de decisão monocrática do relator.
Na prova para o cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da
União no ano de 2004, o Cespe apresentou a seguinte questão:
‘Há casos previstos no RITCU em que o relator de um processo pode, em
decisão monocrática, isto é, unipessoal, determinar o arquivamento do feito.’
Pelo que acabamos de ver a questão está correta.
Questão interessante que se afigura é em relação ao sigilo do denunciante. Tanto
a LOTCU (art. 55) como o RITCU (art. 236) asseguram ao denunciante o direito a
manutenção do sigilo de seu nome, mesmo após a apreciação do processo pelo TCU.
Ocorre que o Supremo Tribunal Federal, por meio de mandado de segurança, entendeu
que ambos os dispositivos eram inconstitucionais por ferirem alguns incisos do art. 5°
da Constituição. Como a inconstitucionalidade foi apreciada de forma incidental, a
decisão do Pretório Excelso só valeu para o caso concreto. Hoje em dia, o TCU
continua, em todas as suas deliberações, mantendo o sigilo do denunciante.
Uma vez que vimos as principais características do processo de denúncia, vamos
estudar o processo de representação.
Esse tipo processual está previsto no art. 237 do RITCU. Esse dispositivo pode
ser divido em duas partes: o caput e parágrafo único.
No caput são apresentados os legitimados para representarem ao Tribunal de
Contas da União. No parágrafo único está disciplinado que ao processo de
representação se aplica quase todas as regras do processo de denúncia.
Em síntese, a diferença entre esses dois processos consiste no fato de que o
processo de denúncia tramita de forma sigilosa e que os legitimados para representarem
o fazem por força do cargo que ocupam.

5 – ATOS SUJEITOS A REGISTRO.


Assim como a apreciação das contas do Governo da República, esse tópico já foi
abordado quando estudamos a competência do Tribunal de Contas da União na
Constituição Federal. Nesse momento, vamos apenas aprofundar um pouco o assunto.

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A matéria é tratada no RITCU nos artigos 259 a 263 e na LOTCU, artigos 39 e
40.
O artigo 260, § 2°, do RITCU estabelece que a apreciação da matéria pelo
Tribunal não faz coisa julgada administrativa, razão pela qual o Tribunal pode, de
ofício, dentro do prazo de cinco anos rever o registro do ato.
Quando o Tribunal considerar o ato sujeito a registro ilegal, de imediato,
determinará que o órgão cesse o pagamento decorrente do ato impugnado, além das
medidas regularizadoras cabíveis.
A não-observância do disposto acima poderá implicar a responsabilidade
solidária da autoridade administrativa omissa.
Para encerrar esse tópico, importante acrescentar que os processos relativos à
apreciação de atos sujeitos a registro que contenham indícios de dano ao erário podem
ser convertidos em tomada de contas especial.

6 – CONSULTA
O art. 1°, inciso XVII, da LOTCU concedeu competência para o TCU responder
a consulta formulada por autoridades competentes acerca de matérias ligadas a
competência do Tribunal.
‘Art. 1° (...)
XVII - decidir sobre consulta que lhe seja formulada por autoridade competente,
a respeito de dúvida suscitada na aplicação de dispositivos legais e regulamentares
concernentes a matéria de sua competência, na forma estabelecida no regimento
interno.’
O RITCU disciplinou a matéria no art. 264 e 265.
O art. 264 estabelece que as consultas serão apreciadas pelo Plenário da Corte e
apresenta as autoridades legitimadas a consultar o Tribunal.
O parágrafo 2° do art. 264 disciplina que alguns legitimados só podem consultar
o Tribunal acerca de assuntos que tenham pertinência com as atividades que
desempenham. Dessa forma, precisa haver pertinência temática da consulta com as
respectivas áreas de atribuição das instituições que representam.
Importante registrar que o parágrafo 3° do art. 264 do RITCU estatui que a
resposta à consulta a que se refere aquele artigo tem caráter normativo e constitui
prejulgamento da tese, mas não do fato ou caso concreto.

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A consulta tem como função precípua saber como o Tribunal interpreta
determinado normativo. O consulente objetiva saber qual é o entendimento da Corte de
Contas sobre determinada matéria. Por isso, quando o Tribunal decide em processo de
consulta, ele está informando para os seus jurisdicionados a sua forma de pensar, razão
pela qual a resposta à consulta tem caráter normativo e constitui prejulgamento da tese,
mas não do fato ou caso concreto.
Os processos de consulta tais quais os processos de denúncia e representação são
analisados em duas fases: admissibilidade e mérito.
Os requisitos de admissibilidade da consulta, além dos legitimados, estão
previstos no parágrafo 1° do citado art. 264:
‘Art. 264 (...)
§ 1º As consultas devem conter a indicação precisa do seu objeto, ser
formuladas articuladamente e instruídas, sempre que possível, com parecer do órgão
de assistência técnica ou jurídica da autoridade consulente.’
Por fim, prevê o art. 265 que a consulta que verse apenas sobre caso concreto
não será conhecida. De forma diferente não poderia ser, uma vez que a consulta visa,
justamente, saber como o TCU interpreta determinado normativo.
Para ilustrar o tema, trazemos as seguintes questões abordadas em concursos
anteriores:
(TCE – Cespe 96) ‘Da mesma forma que os demais órgãos do Poder Judiciário,
o TCU não responde a consultas. Suas atribuições são exercidas como órgão
jurisdicional de controle e não como órgão consultivo.’
(ACE – Cespe 1998) ‘Compete ao Tribunal de Contas da União decidir a
respeito de consultas pertinentes a matéria de sua competência, as quais terão caráter
normativo e constituirão prejulgamento do fato ou caso concreto que venha a ser
submetido a sua apreciação.’
Por tudo que foi exposto, podemos afirmar que ambas as assertivas estão
incorretas. A primeira porque o TCU responde a consultas e a segunda que a resposta a
consulta constitui prejulgamento da tese e não do fato ou caso concreto.
Chegamos, assim, ao final de nossa penúltima aula.
Hoje, tivemos a oportunidade de verificar como são os processos do Tribunal de
Contas da União.
Apresentamos as principais características de cada processo. Vimos que somente
em processos de contas pode haver a restituição de danos ao erário. Estudamos também

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que o art. 206 do RITCU impõe restrições para aplicação de multa ou para a condenação
em débito de responsável cujas contas ordinárias já tenham sido julgadas pelo Tribunal.
Tivemos, também, a oportunidade de verificar que somente ministros titulares
podem relatar os processos relativos à apreciação das contas de Governo da República.
Com relação aos processos de fiscalização, vimos que o TCU possui os
seguintes instrumentos de fiscalização: auditoria, inspeção, levantamento,
monitoramento e acompanhamento.
Em seguida, fizemos uma distinção dos processos de denúncia e representação.
Nesse momento, vimos que o TCU continua mantendo o sigilo do denunciante em seus
processos de denúncia, mesmo após o Supremo Tribunal Federal ter, de forma
incidental, considerado inconstitucional os artigos da LOTCU e do RITCU que
disciplinam a matéria.
Fizemos, ainda, uma leve abordagem sobre os atos sujeitos a registro, para
encerrarmos com os processos de consulta.
Na nossa última aula, vamos estudar as sanções que o TCU pode aplicar, bem
como os recursos cabíveis nas decisões do Tribunal.
Até lá e continuem estudando.

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AULA 10: SANÇÕES

A nossa última aula vai abordar as sanções que o Tribunal de Contas da União
pode aplicar e os recursos cabíveis contra as suas decisões.
Conforme estudamos na aula 5, as sanções do TCU devem obedecer ao Princípio
da Reserva Legal. Por esse motivo, a parte destinada a esse assunto vai ser balizada pela
Lei Orgânica. Nada obstante, vamos procurar indicar, também, os artigos do RITCU a
que se refere a matéria.
Com relação aos recursos, a matéria está mais bem disciplinada no Regimento
Interno. Por isso, utilizaremos, primordialmente, o RITCU quando formos tratar dos
recursos.

1 – SANÇÕES
O poder sancionador do Tribunal de Contas da União deriva diretamente da
Constituição Federal, mais precisamente de seu art. 71, inciso VII. Esse dispositivo
concede ao TCU a faculdade de aplicar aos responsáveis sanções previstas em lei.
Apesar da obrigatoriedade de respeitar o princípio da reserva legal, pode a lei facultar a
normativos infralegais que regulamentem a forma como a sanção será imposta. Nesse
sentido, nada obstante o art. 58 da LOTCU disciplinar os motivos que levarão o
Tribunal a aplicar multa, o § 3° desse mesmo artigo remte para o Regimento Interno a
gradação da multa em razão da gravidade da infração.
Interessante destacar que a Constituição não restringiu à Lei Orgânica do
Tribunal a possibilidade de prever as sanções que a Corte poderá aplicar. Assim,
qualquer lei pode conceder essa faculdade ao TCU. Relembro que Lei Federal
10.028/2000 – Art. 5º, §§ 1º e 2ª, faculta ao Tribunal de Contas da União aplicar a
sanção definida naquele normativo.

1.1 Multas
O TCU pode aplicar multas a seus jurisdicionados tanto em processos de contas,
como em processos de fiscalização. Os dispositivos legais que facultam a aplicação da
multa são, respectivamente, o art. 19 – contas e o art. 43, § único, - fiscalização.
Os artigos 57 e 58 da LOTCU definem os tipos de multa que o Tribunal poderá
aplicar e em que situações, vejamos:

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‘Art. 57. Quando o responsável for julgado em débito, poderá ainda o Tribunal
aplicar-lhe multa de até cem por cento do valor atualizado do dano causado ao erário.
Art. 58. O Tribunal poderá aplicar multa de Cr$ 42.000.000,00 (quarenta e dois
milhões de cruzeiros), ou valor equivalente em outra moeda que venha a ser adotada
como moeda nacional, aos responsáveis por:
I - contas julgadas irregulares de que não resulte débito, nos termos do
parágrafo único do art. 19 desta lei;
II - ato praticado com grave infração à norma legal ou regulamentar de
natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial;
III - ato de gestão ilegítimo ou antieconômico de que resulte injustificado dano
ao erário;
IV - não atendimento, no prazo fixado, sem causa justificada, a diligência do
Relator ou a decisão do Tribunal;
V - obstrução ao livre exercício das inspeções e auditorias determinadas;
VI sonegação de processo, documento ou informação, em inspeções ou
auditorias realizadas pelo Tribunal;
VII - reincidência no descumprimento de determinação do Tribunal.
§ 1° Ficará sujeito à multa prevista no caput deste artigo aquele que deixar de
dar cumprimento à decisão do Tribunal, salvo motivo justificado.
§ 2° O valor estabelecido no caput deste artigo será atualizado, periodicamente,
por portaria da Presidência do Tribunal, com base na variação acumulada, no período,
pelo índice utilizado para atualização dos créditos tributários da União.
§ 3° O regimento interno disporá sobre a gradação da multa prevista no caput
deste artigo, em função da gravidade da infração.’
A diferença entre as multas do art. 57 e 58 consiste no fato de que a multa do 57
vai ocorrer quando o Tribunal condenar algum responsável em débito. Assim, caso o
TCU condene um responsável a ressarcir R$ 100.000,00 o erário, poderá, ainda, aplicar-
lhe multa até o valor de R$ 100.000,00. Dessa forma, a multa do art. 57 só acontecerá
em processos de contas.
Já a multa prevista no art. 58 pode ocorrer tanto em processos de contas, como
em processos de fiscalização. As multas desse artigo serão aplicadas pela ocorrência de
algum fato irregular que não tenha resultado débito.
Os artigos 267 e 268 disciplinam a multa no RITCU, dispondo sobre a gradação
da penalidade.

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Importante dúvida que se afigura é se é sempre necessário chamar o responsável
em audiência antes de aplicar alguma das multas previstas nos art. 268 do RITCU. Em
geral, a audiência é obrigatória, pois ao responsável deve ser assegurado o direito do
contraditório e da ampla defesa. Existem, contudo, exceções a essa regra e, como
estamos nos preparando para concurso público, interessante conhecê-las.
Estabelece o § 3° do art. 268 que ‘a multa aplicada com fundamento nos incisos
IV, V, VI, VII ou VIII prescinde de prévia audiência dos responsáveis, desde que a
possibilidade de sua aplicação conste da comunicação do despacho ou da decisão
descumprida ou do ofício de apresentação da equipe de fiscalização.’
O inciso VI do art. 268 do RITCU possui a seguinte redação:
‘VI – sonegação de processo, documento ou informação, em auditoria ou
inspeção, no valor compreendido entre cinco e oitenta por cento do montante a que se
refere o caput’.
Assim, se algum responsável sonegar informações a equipe de auditoria do
Tribunal, ele pode ser multado, mesmo ser ter sido chamado em audiência. Para isso, o
ofício que requisitar os documentos do auditado deve constar que a sonegação de
documento possibilita a aplicação de multa.

1.2 – Inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de


confiança.
O art. 60 da LOTCU (art. 270 do RITCU) estabelece que:
‘Art. 60. Sem prejuízo das sanções previstas na seção anterior e das penalidades
administrativas, aplicáveis pelas autoridades competentes, por irregularidades
constatadas pelo Tribunal de Contas da União, sempre que este, por maioria absoluta
de seus membros, considerar grave a infração cometida, o responsável ficará
inabilitado, por um período que variará de CINCO A OITO ANOS, para o exercício de
cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública.’
No RITCU, a matéria é tratada no art. 270, que traz a mesma redação
apresentada na LOTCU, acrescida de mais três parágrafos, os quais regulamentam como
será o rito da apenação.
‘Art. 270. (...)
§ 1º O Tribunal deliberará primeiramente sobre a gravidade da infração.
§ 2º Se considerada grave a infração, por maioria absoluta de seus membros, o
Tribunal decidirá sobre o período de inabilitação a que ficará sujeito o responsável.

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§ 3º Aplicada a sanção referida no caput, o Tribunal comunicará a decisão ao
responsável e à autoridade competente para cumprimento dessa medida.’
Sobre a inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de
confiança. Importante destacar que somente o Plenário tem competência para fixar essa
penalidade, uma vez que é necessário que a decisão seja tomada pela maioria absoluta
dos membros do Tribunal.
Vale também destacar que o Supremo Tribunal Federal já entendeu que o
Tribunal de Contas da União só possui competência para inabilitar para cargos e
funções na Administração Pública Federal.

1.3 - Declaração de inidoneidade do licitante fraudador


Com relação ao tema, o art. 46 da LOTCU (art. 271 do RITCU), estabelece que:
‘Art. 46. Verificada a ocorrência de fraude comprovada à licitação, o Tribunal
declarará a inidoneidade do licitante fraudador para participar, POR ATÉ CINCO
ANOS, de licitação na Administração Pública Federal.’
Com reação a esse tema, importante destacar que o Tribunal somente vai
declarar a inidoneidade de licitante, caso seja comprovado que houve fraude à licitação.
Oportuno destacar que o Supremo Tribunal Federal já entendeu que o licitante deve ser
chamado aos autos antes de ser inabilitado, sob pena de nulidade da decisão que
condenou o licitante sem ter ouvido as suas razões de justificativa.
Vale, ainda, registrar que o Tribunal só pode inabilitar licitante para participar de
licitação no âmbito da Administração Pública Federal. Pode, contudo, o TCU declarar
inidôneo licitante que nunca contratou diretamente com a Administração Pública
Federal. Essa situação pode ser vista no caso de convênios.
Suponhamos que um município recebeu verbas da União para que fossem
aplicadas em plano de trabalho específico. Para a realização desse plano de trabalho foi
necessário contratar uma empresa e que essa contratação foi revestida de fraude. Como
os recursos são federais, compete ao Tribunal de Contas da União fiscalizar a execução
desse convênio. Ao apreciar o feito e verificar que houve fraude à licitação, o TCU pode
declarar a inidoneidade da empresa fraudadora. Assim, sem mesmo ter sido contratada
pela União, a empresa pode ser condenada pelo TCU. Vamos lembrar, contudo que essa
empresa só não vai poder participar de licitação no âmbito da Administração Pública
Federal.

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Com relação ao assunto, a seguinte questão foi elaborada, no ano de 2004, pelo
Cespe para o concurso de Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da
União.
‘Comprovada fraude a licitação, o TCU deve declarar a inidoneidade do
licitante fraudador, que ficará impossibilitado de participar de licitação por até 5 anos.
Essa sanção, cuja imposição cabe ao plenário do Tribunal, abrange apenas licitações
da administração pública federal.’
Pelo que estudamos, percebemos que a assertiva está correta.

2 – MEDIDAS CAUTELARES
As medidas cautelares não possuem caráter sancionador. Elas visam,
precipuamente, a garantir a eficácia do processo. No âmbito do Tribunal de Contas da
União, essas medidas estão disciplinadas tanto no RITCU como na LOTCU.

2.1 – Afastamento temporário de responsável


O art. 44 da LOTCU (arts. 273 e 274 do RITCU) estabelece que:
‘Art. 44. No início ou no curso de qualquer apuração, o Tribunal, de ofício ou a
requerimento do Ministério Público, determinará, cautelarmente, o afastamento
temporário do responsável, se existirem indícios suficientes de que, prosseguindo no
exercício de suas funções, possa retardar ou dificultar a realização de auditoria ou
inspeção, causar novos danos ao erário ou inviabilizar o seu ressarcimento.
§ 1° Estará solidariamente responsável a autoridade superior competente que,
no prazo determinado pelo Tribunal, deixar de atender à determinação prevista no
caput deste artigo.
§ 2° Nas mesmas circunstâncias do caput deste artigo e do parágrafo anterior,
poderá o Tribunal, sem prejuízo das medidas previstas nos arts. 60 e 61 desta lei,
decretar, por prazo não superior a um ano, a indisponibilidade de bens do responsável,
tantos quantos considerados bastantes para garantir o ressarcimento dos danos em
apuração.’
Para melhor compreensão desse dispositivo, vamos, primeiramente, analisar o
caput e o § 1°.
O objetivo do art. 44 da LOTCU é assegurar a eficácia das fiscalizações do
Tribunal. Assim, caso algum responsável por órgão ou entidade da Administração
Pública Federal que venha a obstaculizar o exercício do controle.

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Ao decidir sobre o afastamento do responsável, o Tribunal comunicará à
autoridade competente para que adote as medidas necessárias para esse procedimento. A
não efetivação da determinação implicará responsabilidade solidária da autoridade
omissa. Essa é a inteligência do § 1° do art. 44 da LOTCU.
Importante destacar que o Supremo Tribunal Federal já manifestou
entendimento no sentido de que a competência do Tribunal de Contas da União para a
adoção dessa medida cautelar se restringe a órgãos e entidades da Administração
Pública.
Dessa forma, caso haja repasse de verbas da União para alguma entidade
privada, apesar de essa entidade estar sujeita à fiscalização do Tribunal, a adoção da
medida cautelar não será possível.
No ano de 2004, o Cespe elaborou a seguinte questão na prova para o cargo de
procurador junto ao Tribunal de Contas da União:
’Ao realizar a tomada de contas especial (TCE) relativa a uma sociedade civil, pessoa
jurídica privada, beneficiária de recursos públicos, o TCU verificou que Pedro, presidente
dessa sociedade civil, opunha obstáculos indevidos ao desenvolvimento dos trabalhos. O
MP/TCU então requereu ao tribunal o afastamento de Pedro, o que foi deferido.
Nessa situação, a medida de afastamento de Pedro não está juridicamente amparada
pela Lei Orgânica do TCU.’
A assertiva, pelos fatos acima expostos, foi considerada incorreta pela banca
examinadora.
Prosseguindo, passemos ao estudo do § 2° do art. 44.
Esse dispositivo objetiva evitar que o responsável, ao verificar que poderá ser
condenado pelo Tribunal a ressarcir o erário, dilapide o seu patrimônio. Assim, caso o
Tribunal verifique essa possibilidade, poderá decretar que os bens do responsável fique
indisponível. Interessante destacar que essa indisponibilidade fica adstrita ao prazo de 1
ano e só recairá nos bens necessários a fazer frente ao possível dano ao erário.

2.2 – Adoção de cautelar para evitar ilegalidades


A cautelar ora em estudo está prevista o art. 276 do RITCU, o qual possui a
seguinte redação:
‘Art. 276. O Plenário, o relator, ou, na hipótese do art. 28, inciso XVI, o
Presidente, em caso de urgência, de fundado receio de grave lesão ao erário ou a
direito alheio ou de risco de ineficácia da decisão de mérito, poderá, de ofício ou

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mediante provocação, adotar medida cautelar, com ou sem a prévia oitiva da parte,
determinando, entre outras providências, a suspensão do ato ou do procedimento
impugnado, até que o Tribunal decida sobre o mérito da questão suscitada, nos termos
do art. 45 da Lei nº 8.443, de 1992.
§ 1º O despacho do relator ou do Presidente, de que trata o caput, será
submetido ao Plenário na primeira sessão subseqüente.
§ 2º Se o Plenário, o Presidente ou o relator entender que antes de ser adotada
a medida cautelar deva o responsável ser ouvido, o prazo para a resposta será de até
cinco dias úteis.
§ 3º A decisão do Plenário, do Presidente ou do relator que adotar a medida
cautelar determinará também a oitiva da parte, para que se pronuncie em até quinze
dias, ressalvada a hipótese do parágrafo anterior.
§ 4º Nas hipóteses de que trata este artigo, as devidas notificações e demais
comunicações do Tribunal e, quando for o caso, a resposta do responsável ou
interessado poderão ser encaminhadas por telegrama, fac-símile ou outro meio
eletrônico, sempre com confirmação de recebimento, com posterior remessa do
original, no prazo de até cinco dias, iniciando-se a contagem do prazo a partir da
mencionada confirmação do recebimento.
§ 5º A medida cautelar de que trata este artigo pode ser revista de ofício por
quem a tiver adotado.’
Esse procedimento cautelar visa a assegurar a correta aplicação dos normativos
que regem a Administração Pública. Assim, pode tanto o relator como o Tribunal
determinar a suspensão de procedimentos que possam ser considerados irregulares.
Quando a medida for adotada diretamente pelo relator, ele deverá submetê-la a
apreciação dos demais membros do Tribunal, na próxima sessão do Plenário.
Como exemplo da adoção dessa medida, vejamos a seguinte situação hipotética:
Algum licitante, com o fundamento no art. 237, inciso VII, do RITCU apresenta
uma representação ao TCU contra possíveis ilegalidades que estejam ocorrendo no
procedimento licitatório em andamento no órgão XYZ para a compra de computadores.
O licitante alega que a licitação está sendo direcionada para um determinado
representante que possui os preços dez vezes maiores do que o de mercado.
Ao receber a representação, o Tribunal, caso verifique a possibilidade de o
prosseguimento da licitação trazer danos ao erário de difícil reparação, pode determinar

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a suspensão do processo licitatório até que verifique a pertinência ou não dos fatos
trazidos ao conhecimento da Corte.
Com relação a medidas cautelares e sanções, o Cespe, no ano de 2002, elaborou
a seguinte questão para o concurso de Analista de Controle Externo do Tribunal de
Contas da União:
‘O Tribunal de Contas da União, mesmo no exercício das suas funções de
controle externo e a despeito de haver irregularidades graves ou causas plausíveis que
o recomendem, não poderá (ACE – Esaf 2002)
a) inabilitar o responsável seu jurisdicionado para o exercício de cargo
comissionado na Administração Pública Federal.
b) declarar a inidoneidade de licitante fraudador da competição licitatória.
c) afastar temporariamente do exercício das suas funções o responsável seu
jurisdicionado que possa dificultar apurações de fatos.
d) decretar a indisponibilidade dos bens de responsável.
e) determinar o arresto dos bens de responsável julgado em débito.’
Com os conhecimentos adquiridos nessa aula e com os adquiridos na aula 6,
podemos afirmar que a alternativa correta é a letra ‘e’, uma vez que quem vai
determinar o arresto dos bens de responsável julgado em débito vai ser o Poder
Judiciário. Com relação ao arresto, interessante relembrar que cabe ao MPjTCU
comunicar a AGU da necessidade de entrar com a ação no Poder Judiciário.

3 - RECURSOS
São as seguintes as espécies recursais cabíveis no Tribunal de Contas da União:
Recurso de Reconsideração, Pedido de Reexame, Recurso de Revisão, Embargos de
Declaração e Agravo.
O quadro a seguir apresentado pode facilitar a compreensão da matéria.
Tipo Quais processos? Prazo Efeito suspensivo?
Recurso de Processos de contas 15 dias Sim
Reconsideração
Pedido de Reexame Processo de 15 dias Sim
fiscalização
Recurso de Revisão Processos de contas 5 anos Não
Embargos de Todos 10 dias Sim

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Declaração
Agravo Despacho decisório 5 dias A critério do relator
Os recursos, assim como os processos de denúncia, representação, solicitação e
consulta, são analisados em duas etapas: admissibilidade e mérito. O juízo de
admissibilidade será efetuado pelo relator do recurso e dirá se o recurso poderá ser
conhecido ou não, caso preencha ou não os requisitos de admissibilidade.
De acordo com o art. 154 do RITCU para cada recurso haverá sorteio de relator.
Após a edição da Resolução 175 de 2005, somente os ministros titulares têm
competência para relatar os recursos. Dessa forma, auditor não pode relatar recurso.
Se entender admissível o recurso, o relator encaminhará os autos à Secretaria de
Recursos, unidade técnica do Tribunal especializada para instrução desse tipo de
processo.
Caso considere que os requisitos de admissibilidade não sejam preenchidos, o
relator poderá, por meio de despacho fundamentado, determinar o arquivamento do
feito ou submetê-lo ao colegiado competente para apreciação. Cumpre relembrar que,
conforme estudamos na aula 6, o colegiado competente será aquele que proferiu a
decisão recorrida. Exceção a essa regra é o recurso de revisão que será sempre
apreciado pelo Plenário da Corte.
Devemos relembrar também, que, conforme estatuído no art. 62, inciso III, do
RITCU e estudado na aula 6, o MPjTCU deve se pronunciar obrigatoriamente nos
recursos relativos a processos de contas e processos de fiscalização de atos sujeitos a
registro, salvo os embargos de declaração.
O art. 278 do RITCU estabelece que a interposição de recurso, ainda que venha
a não ser conhecido, gera preclusão consumativa.
Para compreendermos esse dispositivo, temos que saber o que significa o termo
preclusão consumativa.
Preclusão é um instituto do Direito Processual Civil e consiste na perda do
direito de realizar um ato processual. A preclusão pode ser consumativa, lógica e
temporal. A preclusão consumativa, que nos interessa nesse momento, é a perda do
direito de realizar um ato processual em decorrência de algum ato que já tenha sido
praticado. Em seguida, verificaremos que, em geral, os recursos só podem ser
interpostos uma única vez. Caso algum responsável interponha um recurso e mesmo que
este não venha a ser conhecido, o responsável perde o direito de entrar com novo

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recurso. O melhor exemplo para preclusão consumativa é o palito de fósforo. Uma vez
acendido, jamais poderá ser aceso de novo.
O art. 279 do RITCU estabelece que ‘não cabe recurso de decisão que converter
processo em tomada de contas especial, ou determinar a sua instauração, ou ainda que
determinar a realização de citação, audiência, diligência, inspeção ou auditoria’.
O motivo para o Regimento Interno impossibilitar a interposição de recursos
sobre essas decisões se dá pelo fato de que em nenhuma delas ocorre uma decisão
definitiva do processo, mas, apenas a adoção de passos necessários para o saneamento
dos autos.
Caso o responsável ingresse com recurso contra essas decisões, o Tribunal não
irá conhecê-lo. Nada obstante, a documentação que for encaminhada a título de recurso
será aproveitada como defesa do responsável quando da apreciação do mérito do
processo.
O recurso apresentado por um responsável pode aproveitar os demais
condenados pela mesma decisão, desde que o recurso se refira a questões objetivas.
Suponhamos que João, José e Pedro tenham sido condenados pelo Tribunal em
uma mesma decisão.
Se apenas João vier a recorrer, José e Pedro só serão beneficiados pelo recurso
de João na hipótese de o recurso se referir apenas a questões objetivas. Caso a
condenação tenha sido dada por terem efetuado contratação superfaturada e o recurso
conseguir demonstrar que não houve o superfaturamento, José e Pedro se beneficiarão.
Entretanto, se o recurso somente demonstrar que João não era o responsável pela
contratação, o recurso não atingirá os demais.

3.1 – Recurso de Reconsideração


O caput do art. 285 do RITCU (art. 33 da LOTCU) estabelece que:
‘Art. 285. De decisão definitiva em processo de prestação ou tomada contas,
mesmo especial, cabe recurso de reconsideração, com efeito suspensivo, para
apreciação do colegiado que houver proferido a decisão recorrida, podendo ser
formulado uma só vez e por escrito, pela parte ou pelo Ministério Público junto ao
Tribunal, dentro do prazo de quinze dias, contados na forma prevista no art. 183.’
Algumas informações presentes no caput desse dispositivo devem ser
destacadas. A primeira é que o Recurso de Reconsideração só é cabível para atacar
decisões definitivas em processos de contas. Por essa razão, não cabe recurso contra

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decisão que determinar a citação de um responsável, pois, como já estudamos, essa
decisão é preliminar.
A segunda informação que podemos extrair do dispositivo é que o Recurso de
Reconsideração concede efeito suspensivo à decisão atacada. Assim, se determinado
responsável for condenado a devolver cinco mil reais aos cofres da União e interpuser
recurso contra essa decisão, não precisará recolher a importância até a apreciação final
do recurso. Vale registrar que, segundo o § 1° do art. 285, o efeito suspensivo só será
concedido nos itens do Acórdão que estão sendo atacados. Como exemplo, podemos
trazer a seguinte situação:
Imaginemos que o TCU proferiu Acórdão com seis determinações a um
responsável. Das seis determinações, o responsável não concordou com duas,
interpondo recurso contra elas. Pelo § 1° do art. 285, somente as duas decisões
recorridas não precisam ser cumpridas de imediato.
A terceira informação refere-se ao prazo para interpor o recurso: 15 dias.
Por fim, interessante notar que o recurso só pode ser interposto uma única vez.
Com relação ao prazo para interposição do recurso, o § 2° do art. 285 do RITCU
abre uma exceção ao prazo de 15 dias estabelecido no caput, vejamos.
‘§ 2º Não se conhecerá de recurso de reconsideração quando intempestivo,
salvo em razão de superveniência de fatos novos e dentro do período de um ano
contado do término do prazo indicado no caput, caso em que não terá efeito
suspensivo’.
O objetivo desse parágrafo é fazer prevalecer a verdade real, uma das
características do processo administrativo. Assim, o conhecimento de recurso
intempestivo permitirá que o Tribunal chegue, no caso de surgimento de fatos novos, à
verdade real, desde que esses fatos sejam levados ao conhecimento da Corte no Período
de um ano.

3.2 – Pedido de Reexame


Essa espécie recursal está prevista no art. 286 do RITCU (art. 48) da LOTCU, o
qual apresenta a seguinte redação.
‘Art. 286. Cabe pedido de reexame de decisão de mérito proferida em processo
concernente a ato sujeito a registro e a fiscalização de atos e contratos.
Parágrafo único. Ao pedido de reexame aplicam-se as disposições do caput e
dos parágrafos do art. 285.’

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A única observação relacionada a esse dispositivo refere-se ao fato de que o
Pedido de Reexame é utilizado para atacar decisão de mérito proferida em processos de
fiscalização. Assim, temos que os processo de contas são atacados por Recurso de
Reconsideração e os de fiscalização por Pedido de Reexame. No mais, tudo o que foi
falado no tópico anterior cabe para esse.

3.3 – Embargos de Declaração


Os Embargos de Declaração não visam a, primordialmente, modificar a decisão
embargada. Essa espécie recursal é utilizada quando o responsável considera que a
decisão do TCU não foi suficientemente clara. Dessa forma, são opostos Embargos de
Declaração para sanar obscuridade, omissão ou contradição.
Vejamos o que dispõe o art.287 do RITCU (art. 34 da LOTCU):
‘Art. 287. Cabem embargos de declaração quando houver obscuridade, omissão
ou contradição em acórdão do Tribunal.
§ 1º Os embargos de declaração poderão ser opostos por escrito pela parte ou
pelo Ministério Público junto ao Tribunal, dentro do prazo de dez dias, contados na
forma prevista no art. 183.
§ 2º Os embargos de declaração serão submetidos à deliberação do colegiado
competente pelo relator ou pelo redator, conforme o caso.
§ 3º Os embargos de declaração suspendem os prazos para cumprimento do
acórdão embargado e para interposição dos demais recursos previstos neste
Regimento, aplicando-se, entretanto, o disposto no § 1º do art. 285.’
Quanto aos Embargos, interessante destacar que não há a restrição para que seja
oposto apenas uma vez. A razão dessa exceção é que, mesmo com as explicações dadas
no embargo, o responsável pode continuar sem compreender a decisão da Corte, motivo
pelo qual vai poder embargar de novo.

3.4 – Recurso de Revisão


O Recurso de Revisão encontra amparo no art. 288 do RITCU (art. 35 da
LOTCU). Vejamos a sua redação:
Art. 288 De decisão definitiva em processo de prestação ou tomada de contas,
mesmo especial, cabe recurso de revisão ao Plenário, de natureza similar à da ação
rescisória, sem efeito suspensivo, interposto uma só vez e por escrito pela parte, seus

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sucessores, ou pelo Ministério Público junto ao Tribunal, dentro do prazo de cinco
anos, contados na forma prevista no inciso IV do art. 183, e fundar-se-á:
I – em erro de cálculo nas contas;
II – em falsidade ou insuficiência de documentos em que se tenha fundamentado
o acórdão recorrido;
III – na superveniência de documentos novos com eficácia sobre a prova
produzida.
§ 1º O acórdão que der provimento a recurso de revisão ensejará a correção de
todo e qualquer erro ou engano apurado.
§ 2º Em face de indícios de elementos eventualmente não examinados pelo
Tribunal, o Ministério Público poderá interpor recurso de revisão, compreendendo o
pedido de reabertura das contas e o pedido de mérito.
§ 3º Admitido o pedido de reabertura das contas pelo relator sorteado para o
recurso de revisão, este ordenará, por despacho, sua instrução pela unidade técnica
competente e a conseguinte instauração de contraditório, se apurados elementos que
conduzam ao agravamento da situação do responsável ou à inclusão de novos
responsáveis.
§ 4º A instrução do recurso de revisão abrange o reexame de todos os elementos
constantes dos autos.
§ 5º A interposição de recurso de revisão pelo Ministério Público dar-se-á em
petição autônoma para cada processo de contas a ser reaberto.
§ 6º Se os elementos que deram ensejo ao recurso de revisão referirem-se a mais
de um exercício, os respectivos processos serão conduzidos por um único relator,
sorteado para o recurso.
O Recurso de Revisão visa a desconstituir decisões tomadas em processos de
contas. Como já mencionado, o colegiado competente para julgar Recurso de Revisão é
o Plenário, independentemente de qual colegiado tenha proferido a decisão atacada.
O RITCU menciona que o Recurso de Revisão tem natureza similar à ação
rescisória. Essa ação, utilizada no âmbito do Poder Judiciário, tem como objetivo
desconstituir a coisa julgada. De forma semelhante ocorre com o Recurso de Revisão,
que visa desconstituir coisa julgada administrativa. Como a coisa julgada é um dos
pilares do estado democrático de direito, a sua desconstituição deve ser vista com
bastante cuidado. Por pretender modificar algo que já estava incorporado ao mundo
jurídico, não será concedido efeito suspensivo a essa espécie recursal.

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A modificação da coisa julgada administrativa só poderá ser feita caso seja
apresentado os requisitos específicos do Recurso de Revisão: erro de cálculo nas contas,
falsidade ou insuficiência de documentos em que se tenha fundamentado o acórdão
recorrido ou superveniência de documentos novos com eficácia sobre a prova
produzida.

3.5 - Agravo
O agravo não encontra guarida na LOTCU. No RITCU, a matéria é tratada no
art. 289 da seguinte foram:
‘Art. 289. De despacho decisório do Presidente do Tribunal, de presidente de
câmara ou do relator, desfavorável à parte, e da medida cautelar adotada com
fundamento no art. 276 cabe agravo, no prazo de cinco dias, contados na forma do art.
183.
§ 1º Interposto o agravo, o Presidente do Tribunal, o presidente de câmara ou o
relator poderá reformar o seu despacho ou submeter o feito à apreciação do colegiado
competente para o julgamento de mérito do processo.
§ 2º Se o despacho agravado for do Presidente do Tribunal ou de presidente de
câmara, o julgamento será, nos termos deste Regimento, presidido por seu substituto,
computando-se o voto do presidente agravado.
§ 3o Caso a decisão agravada seja do Tribunal, o relator do agravo será o
mesmo que já atuava no processo ou o redator do acórdão recorrido, se este houver
sido o autor da proposta de medida cautelar.
§ 4o A critério do Presidente do Tribunal, do presidente de câmara ou do
relator, conforme o caso, poderá ser conferido efeito suspensivo ao agravo.’
Com relação ao agravo, o importante destacar é que ele não pretende atacar
decisão de mérito do Tribunal, mas sim despachos decisórios do Tribunal ou de Relator.
Assim, caso algum ministro adote uma medida cautelar com relação a
determinado fato adotado por um responsável (lembrar que a medida cautelar só visa
garantir a eficácia do processo) e esse responsável não concordar com a adoção da
medida, poderá utilizar o agravo para tentar rever a medida cautelar.
Para ilustrar o tema, apresento duas questões já cobradas em provas passadas:
(Esaf\2000\ACE\TCU) ‘As decisões definitivas do Tribunal de Contas da União,
no julgamento de contas, são passíveis do recurso de:
a) embargos, no prazo de 30 dias

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b) reconsideração, no prazo de 15 dias
c) revisão, no prazo de 15 dias
d) revisão, no prazo de 30 dias
e) reexame, no prazo de 5 ano ‘
Pelo que vimos, a resposta certa é a letra ‘b’.
(Esaf\2000\ACE\TCU) ‘De decisão definitiva do Tribunal de Contas da União
em processo de tomada de contas caberá recurso de revisão ao Plenário, sem efeito
suspensivo, interposto uma só vez e por escrito pelo responsável, seus sucessores, ou
pelo Ministério Público junto ao Tribunal, dentro do prazo de cinco anos, desde que
fundado em erro de cálculo nas contas, falsidade ou insuficiência de documentos que
servirem de fundamento para o acórdão recorrido.
a) Correta a assertiva.
b) Incorreta a assertiva, porque cabe o recurso de revisão, também, no caso da
superveniência de documentos novos com eficácia sobre a prova produzida.
c) Incorreta a assertiva, porque só o próprio responsável pode recorrer.
d) Incorreta a assertiva, porque o recurso de revisão tem necessariamente efeito
suspensivo.
e) Incorreta a assertiva, porque o prazo é de dois anos.’
Essa questão é propícia para verificarmos que, na prova da Esaf, por vezes
podemos ter mais de uma alternativa correta. Nesses casos, temos que verificar qual a
alternativa está mais completa. Por isso, devemos ler todas as alternativas antes de
escolher qual vamos assinalar como correta. No caso dessa questão, o candidato mais
afoito tenderá a marcar a alternativa ‘a’, mas, com uma análise mais cuidadosa,
podemos verificar que a alternativa ‘b’ é a mais correta.
Chegamos ao final de nosso curso!
Gostaria de compartilhar minha felicidade de poder tentar ajudá-los nessa difícil
empreitada, que é o concurso público. Sei como é desgastante o processo seletivo para
aprovação em cargo público. Acredito, entretanto, que o ingresso no cargo de Analista
de Controle Externo do Tribunal de Contas da União recompensa todo esforço
desprendido.
Espero que os ensinamentos ministrados nesse curso possam ser úteis no
momento da prova.
Torço por todos vocês!
Boa sorte!

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