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Sumário
Módulo III - A Dimensão Parlamentar do MERCOSUL
Temas do Módulo III
Unidade 1 - A norma Mercosul; Procedimentos de produção da norma Mercosul.
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Ao término do módulo você estará apto a:
Assim, veremos também o processo de produção da normativa Mercosul, emanada dos órgãos que compõem a estrutura institucional do
bloco, e, de fundamental importância para a consolidação do processo de integração regional, sua implementação, que se faz em função da
legislação interna dos Estados Partes, para que, recepcionada pelos respectivos ordenamentos jurídicos, entre em vigência e garanta a
segurança jurídica exigida pelos negócios empreendidos por cidadãos, empresas e representações governamentais no território mercosulino.
Por fim, estudaremos as razões que levaram à criação do Parlamento do Mercosul, bem como do mecanismo da consulta parlamentar,
destinado a agilizar o processo de internalização das normas produzidas pelos órgãos institucionais do Mercosul.
As limitações, evidenciadas pelas Constituições dos Estados Partes no que se refere à integração, exigem uma série de ajustes coordenados
para evitar que elas operem como um freio ao processo integracionista.
Tudo indica que compromissos mais fortes no processo de integração exigirão que a dimensão Mercosul seja tratada de maneira equivalente
nos ordenamentos jurídicos internos dos sócios do bloco.
As limitações constitucionais operam impedindo a instauração de um regime adequado, balizador do caminho para surgir e desenvolver-se
um direito comunitário. Também se tornam obstáculos para a criação de mecanismo ágil e transparente que permita incorporar as normas
Mercosul e torná-las operativas, além de impedir um sistema que garanta a hierarquia superior destas normas sobre as nacionais.
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Nesse sentido, a Constituição da Argentina, por exemplo, é a mais avançada dentre aquelas dos Estados Partes, pois outorga aos
tratados internacionais uma hierarquia superior às leis nacionais e autoriza a celebração de tratados de integração que deleguem
competências a organizações supraestatais. (arts. 75 incisos 22 e 24)[N6].
Artigo 75: Corresponde al Congreso (...)
Inciso 22: Aprobar o desechar tratados concluidos con las demás naciones y con las
organizaciones internacionales y los concordatos con la Santa Sede. Los tratados y
concordatos tienen jerarquía superior a las leyes.
Inciso 24: Aprobar tratados de integración que deleguen competencias y jurisdición a
organizaciones supraestatales em condiciones de reciprocidad e igualdad, y que
respeten al ordem democrático y los derechos humanos. Las normas dictadas em su
consecuencia tienen jeraquía superior a las leyes.
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No caso do Paraguai, sua Carta Magna, de 1992, também outorga supremacia aos tratados internacionais e estabelece
genericamente a admissão de uma ordem jurídica supranacional:(arts. 137,141 e 145)[N7]
Artigo 137. De la Supremacia de la Constitución
La ley suprema de la República es la Constitución. Ésta, los tratados, convenios y acuerdos
internacionales aprobados y ratificados, las leyes dictadas por el Congreso y otras
disposiciones jurídicas de inferior jerarquía, sancionadas en consecuencia, integran el
derecho positivo nacional en el orden de prelación enunciado.
Artígo 141. De los tratados Internacionales
Los tratados intenacionales validamente celebrados, aprobados por ley del Congreso, y
cuyos instrumentos de ratificación fueran canjeados o depositados, forman parte del
ordenamiento legal interno com la jerarquía que determina el Artículo 137.
Artigo 145. Del Orden Jurídico Supranacional
La República del Paraguay, en condiciones de igualdad con otros Estados, admite un orden
jurídico supranacional que garantice la vigencia de los derechos humanos, de la paz, de la
justicia, de la cooperación y del desarrollo, en lo político, económico, social y cultural.
Dichas decisiones sólo podrán adoptarse por mayoría absoluta de cada Cámara del
Congreso.
A Constituição da Venezuela determina que a preferência de acordos regionais sobre a legislação interna (arts. 153 a 155)[N8].
Sección Quinta: De las Relaciones Internacionales
Artículo 153. La República promoverá y favorecerá la integración latinoamericana y caribeña, en
aras de avanzar hacia la creación de una comunidad de naciones, defendiendo los intereses
económicos, sociales, culturales, políticos y ambientales de la región. La República podrá suscribir
tratados internacionales que conjuguen y coordinen esfuerzos para promover el desarrollo común
de nuestras naciones, y que garanticen el bienestar de los pueblos y la seguridad colectiva de sus
habitantes. Para estos fines, la República podrá atribuir a organizaciones supranacionales,
mediante tratados, el ejercicio de las competencias necesarias para llevar a cabo estos procesos
de integración. Dentro de las políticas de integración y unión con Latinoamérica y el Caribe, la
República privilegiará relaciones con Iberoamérica, procurando sea una política común de toda
nuestra América Latina. Las normas que se adopten en el marco de los acuerdos de integración
serán consideradas parte integrante del ordenamiento legal vigente y de aplicación directa y
preferente a la legislación interna.
Artículo 154. Los tratados celebrados por la República deben ser aprobados por la Asamblea
Nacional antes de su ratificación por el Presidente o Presidenta de la República, a excepción de
aquellos mediante los cuales se trate de ejecutar o perfeccionar obligaciones preexistentes de la
República, aplicar principios expresamente reconocidos por ella, ejecutar actos ordinarios en las
relaciones internacionales o ejercer facultades que la ley atribuya expresamente al Ejecutivo
Nacional.
Artículo 155. En los tratados, convenios y acuerdos internacionales que la República celebre, se
insertará una cláusula por la cual las partes se obliguen a resolver por las vías pacíficas
reconocidas en el derecho internacional o previamente convenidas por ellas, si tal fuere el caso,
las controversias que pudieren suscitarse entre las mismas con motivo de su interpretación o
ejecución si no fuere improcedente y así lo permita el procedimiento que deba seguirse para su
celebración.
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O Uruguai e o Brasil, por sua vez, não contam com previsão constitucional que conceda hierarquia superior dos tratados
internacionais sobre as leis nacionais, o que significa que as Cartas Magnas brasileira e uruguaia não aportam solução para potenciais
conflitos entre uma norma internacional e uma norma interna, o que produz uma trava jurídica ao avanço do processo de integração.
Há porém, que se fazer ressalva, o caso brasileiro, aos tratados de direitos humanos, os quais aprovados na forma do § 3º do art. 5º da
Constituição Federal, introduzido pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004, equiparam-se a emendas constitucionais. Desse modo, apenas
eventuais acordos de integração que versem sobre direitos humanos poderão ter status superior à legislação ordinária.
Em verdade, tanto no caso brasileiro quanto no uruguaio, existe apenas uma referência programática, em suas Constituições,
relacionada com a integração latinoamericana (parágrafo único do art. 4º da Constituição Federal brasileira e inciso 2 do art. 6º da
Constituição uruguaia)[N9].
Artigo 4º da Constituição brasileira, parágrafo único:
A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
Artigo 6, inciso 2, da Constituição Uruguaia:
O direito brasileiro não dispõe, pois, de instrumentos que confiram especificidade às normas emanadas dos órgãos da integração, ao
contrário do que acontece com a Constituição argentina. Tentativa neste sentido foi rechaçada quando da revisão constitucional de
1993.
A Constituição de 1988 atribui ao Poder Executivo competência privativa para manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus
representantes diplomáticos, bem como celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional (art.
84, incisos VII e VIII).
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Ao Parlamento cabe aprovar os atos internacionais firmados pelo Presidente da República ou seu Plenipotenciário, cabendolhe
também autorizar o Presidente da República a declarar guerra e celebrar a paz, conforme segue:
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
I resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos
ao patrimônio nacional;
II autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo
território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar; (...)
No que tange à aprovação de tratados e demais atos internacionais, o procedimento parlamentar, como regra, temse limitado à sua
aprovação ou rejeição in totum.
A doutrina diverge no que diz respeito à possibilidade de alteração do tratado quando de sua tramitação no Congresso Nacional.
A doutrina diverge no que diz respeito à possibilidade de alteração do tratado quando de sua tramitação no Congresso Nacional.
Isto porque, tendo em vista óbvias razões de ordem prática, não seria possível a um país, segundo alguns juristas, aprovar emendas
a um tratado internacional negociado em âmbito multilateral. Sustentam eles que tal prática, se adotada por todos os Estados
contratantes, haveria de gerar um completo caos na convivência internacional, tornando impossível, do ponto de vista prático,
qualquer previsibilidade quanto à ratificação ou modificação de textos acordados ao longo de inúmeras reuniões e, muitas vezes,
difíceis negociações.
Contudo, outra corrente sustenta que, caso o tratado admita reservas, poderá o Congresso Nacional aproválo com restrições, as
quais o Poder Executivo traduzirá em reservas no momento da ratificação. Do mesmo modo, poderá aproválo com declaração de
desabono às reservas acaso feitas na assinatura, e que deixarão de ser confirmadas, portanto, na ratificação. Foi neste sentido o
parecer de 1962 do eminente jurista Haroldo Valladão, quando consultor jurídico do Itamaraty.
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Assim, terminada a negociação de um tratado, tem o Presidente da República, que a iniciou, a faculdade de dar ou não
prosseguimento ao processo de sua incorporação ao ordenamento jurídico interno. Com exceção das convenções internacionais do
trabalho, que por sua natureza obrigam a sua submissão à aprovação do Parlamento, nos demais casos tanto pode o chefe
do Poder Executivo mandar arquivar o produto, se o julgar insatisfatório, de uma negociação bilateral ou coletiva, quanto
determinar estudos mais aprofundados na área do Executivo, e submeter o texto, quando melhor lhe pareça, à aprovação
congressual.
Se por um lado em nenhum caso pode o Presidente da República manifestar o consentimento definitivo em relação ao tratado sem a
aprovação do Congresso Nacional, por outro, tal aprovação não o obriga à ratificação.
A decisão do Congresso Nacional é formalizada por meio de um decreto legislativo, promulgado pelo Presidente do Senado Federal e
publicado no Diário Oficial da União. O decreto legislativo não rejeita e nem altera o tratado. Exemplos de rejeição são raríssimos, mas
neste caso caberia apenas uma comunicação, mediante mensagem, ao Presidente da República. Entre os raros casos de rejeição pode-se
destacar, a título de exemplo, o tratado argentino-brasileiro de 25 de janeiro de 1890, sobre a fronteira das Missões, rejeitado pelo
plenário do Congresso em 18 de agosto de 1891, por 142 votos contra 5.
No Brasil adotou-se o procedimento de se estipular, por meio de um parágrafo único no decreto legislativo que aprova o tratado
internacional, que são sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer atos que possam resultar em revisão do ato internacional em
questão, assim como quaisquer atos complementares que, nos termos do art. 49, I, da Constituição Federal, acarretem encargos ou
compromissos gravosos ao patrimônio nacional.
Os tratados, salvo os de direitos humanos aprovados na forma do citado § 3º do art. 5º da Constituição Federal, uma vez inseridos no
direito brasileiro, passam a ter força de lei ordinária e a exercer efeitos sobre as demais leis, podendo, inclusive, revogá-las, uma vez que
lei posterior revoga um tratado internacional se suas disposições conflitam. Desse modo, os tratados estão em nível hierárquico inferior ao
da Constituição, e, portanto, sujeitos ao controle de constitucionalidade.
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Incorporação das normas Mercosul ao ordenamento jurídico interno dos Estados Partes
Os recentes esquemas de integração regional, como o Mercosul, representam, entretanto, casos especialíssimos, uma vez que seus
instrumentos jurídicos emergem de um AcordoQuadro anterior, como é o Tratado de Assunção, o qual proclama a intenção
inequívoca dos Estados Membros de procederem a um processo de integração, para o qual se faz necessária a celebração de vários
protocolos adicionais ao Acordo inicial. Assim, a presunção é a de que interessa aos Estados signatários a célere aprovação
congressual dos atos internacionais firmados no âmbito do processo integracionista.
Na prática, entretanto, isso nem sempre ocorre. Por vezes, o instrumento negociado acaba por sofrer restrições de setores
interessados, e os Governos optam por sustar a sua tramitação no Congresso Nacional. Exemplo disto é o Código Aduaneiro do
Mercosul, que, aprovado pela Câmara dos Deputados, aguardou por alguns anos o seu exame pela Comissão de Relações Exteriores
do Senado. O Governo acabou por retirar a mensagem que o encaminhava, aguardando a renegociação de certos detalhes técnicos.
As normas Mercosul serão ou não submetidas ao crivo do Congresso Nacional de acordo com sua natureza. As que tratam de
matéria com natureza de lei serão introduzidas após os trâmites previstos no direito interno; já as de natureza meramente
regulamentar, incluídas nas competências do Poder Executivo, são introduzidas na normativa brasileira pela via de decretos e
portarias.
Ao contrário da Constituição argentina, que, como vimos, confere hierarquia superior à das leis às normas incorporadas como
consequência dos tratados de integração, o direito derivado do Mercosul não desfruta de posição hierárquica superior às leis
ordinárias, recebendo tratamento idêntico àquele outorgado aos demais tratados internacionais. A única especificidade que distingue
a normativa Mercosul quando dos procedimentos para a sua incorporação ao direito brasileiro provém da Resolução do Congresso
Nacional nº 1 de 1996, que, em cumprimento ao Protocolo de Ouro Preto, veio a inserir, no seio do Parlamento, a Comissão
Parlamentar Conjunta do Mercosul. Nos termos de seu art. 2º, deverá a Representação Brasileira na Comissão Parlamentar Conjunta
do Mercosul emitir parecer preliminar sobre toda matéria de interesse para o bloco e que venha a tramitar no Congresso Nacional.
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Pretendeuse com este dispositivo, atender o art. 25 do Protocolo de Ouro Preto, segundo o qual "A Comissão Parlamentar Conjunta
procurará acelerar os procedimentos internos correspondentes nos Estados Partes para a pronta entrada em vigor das normas
emanadas dos órgãos do Mercosul previstos no Artigo 2 deste Protocolo". Embora impedida de atuar no sentido propriamente de
acelerar os procedimentos de aprovação das normas Mercosul pelo Congresso Nacional, como quer o Protocolo, o que equivaleria a
transformála em um grupo de pressão no seio do Parlamento, a Comissão busca, mediante o seu parecer preliminar, fornecer
subsídios às demais Comissões temáticas quanto à importância e aos impactos, sobre o processo de integração, da normativa em
exame.
Mais uma vez fazse necessário distinguir, neste contexto, os atos internacionais advindos do processo de integração e os atos de
outra natureza. Concordam os teóricos da integração quanto ao status especialíssimo que assumem os Estados participantes de tal
processo, em relação a terceiros países.
Vários estudiosos vêm chamando a atenção para o fato de que, no processo de negociações do Mercosul, vem ocorrendo um curioso
fato no que diz respeito a determinadas matérias de âmbito interno: decisões vêm sendo tomadas pelos negociadores do Mercosul e
internalizadas por via de portarias ministeriais, de tal forma que o centro de decisões é transferido, por vezes, para um foro
intergovernamental, com prejuízo da competência legislativa do Congresso Nacional, que sequer tem a possibilidade de acompanhar
todos estes processos decisórios que se desenrolam nos múltiplos foros negociadores do Mercosul. Tratase aqui de uma situação sui
generis, porém própria dos processos de integração. É interessante ressaltar, nesse cenário, que a existência de uma Comissão
Parlamentar Conjunta do Mercosul no seio do Congresso Nacional, prevista pelos Tratados de Assunção e pelo Protocolo de Ouro
Preto, nunca chegou a sanar esta falha, uma vez que a CPC não dispunha de real poder de controle sobre o processo negociador.
A criação do Parlamento do Mercosul, constituído em 14 de dezembro de 2006, poderá contribuir decisivamente para maior
transparência e visibilidade do processo de integração regional. Cumpre, nesse ponto, esclarecer que a citada Resolução nº1, de
1996, do Congresso Nacional, foi revogada pela resolução nº 1 de 2007, que dispõe sobre a Representação Brasileira no
Parlamento do Mercosul e cujo art.4º prevê procedimento preferencial às matérias emanadas dos órgãos decisórios mercosulinos,
desde que a norma tenha sido adotada de acordo com os termos do parecer do Parlamento do Mercosul. Com isso, tais
normas após a apreciação da Representação quanto aos aspectos da constitucionalidade, juridicidade, adequação financeira e
orçamentária e, ainda, quanto ao mérito, serão remetidas aos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado, salvo se a
Representação julgar necessário, em razão da especificidade e complexidade da matéria, o pronunciamento de outras Comissões.
Notase, portanto, que a Resolução de 2007 veio atender o disposto no inciso 12 do art. 4º do Protocolo Constitutivo do
Parlamento do Mercosul, que estabeleçe o seguinte: "os Parlamentos nacionais, segundo os procedimentos
internos correspondentes, deverão adotar as medidas necessárias para a instrumentalização ou criação de um procedimento
preferencial para a consideração das normas do Mercosul que tenham sido adotadas de acordo com os termos do parecer do
Parlamento".
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.A Consulta Parlamentar
Desde a assinatura do Tratado de Assunção, que criou o Mercosul, verificase que a maior debilidade do bloco reside no déficit de
incorporação das normas, acordadas pelos seus órgãos decisórios, aos ordenamentos jurídicos internos dos Estados Partes. Essa
deficiência vem debilitando a credibilidade do bloco, tanto frente a terceiros países e agrupamentos de países, como em face dos
agentes econômicos privados. Ao traduzir um modelo de integração muito mais orientado por realidades de poder do que por normas
jurídicas livremente acordadas pelos Estados Partes no foro regional, o Mercosul revelase ao agente econômico como um espaço pouco
atraente para seus investimentos, caracterizado pela insegurança jurídica e pela falta de previsibilidade e de efetividade normativa
Com efeito, a experiência europeia demonstrou, ao longo do tempo, a importância de que se reveste a atitude de respeito às
normas da integração, manifestada pelos Estados Partes. Esse respeito, refletindo o grau de compromisso político dos Países
Membros para com o processo integracionista, muito contribuiu para o fortalecimento do bloco europeu.
A Secretaria da então Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, sediada em Montevidéu, realizou levantamento sistemático do
estado da incorporação das normas do Mercosul já negociadas e assinadas e que exigem aprovação congressual para a sua
incorporação ao direito interno dos Estados Partes e verificou que um alto percentual jamais ingressou nos respectivos Parlamentos.
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Não se imaginava, efetivamente, que alguns instrumentos ficassem retidos por tanto tempo antes de serem enviados aos
respectivos Parlamentos nacionais.
Esse fato, logicamente, também contribui para a fragilidade institucional do Mercosul e para a insegurança jurídica existente no
momento.
Em outubro de 2003, firmouse o primeiro acordo interinstitucional entre dois órgãos do Mercosul: o Conselho do Mercado Comum e
a Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul. Essas duas entidades celebraram acordo, com apenas dois artigos, de grande
significado no que diz respeito à democratização do processo decisório do Mercosul.
O art. 1º diz basicamente que o Conselho se compromete a enviar à consulta da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, no
momento da sua negociação, todas as normas que requeiram aprovação congressual.
Já o art. 2º contém a contrapartida da Comissão: ela se compromete a dar uma tramitação mais ágil e mais rápida a toda a matéria
que tenha merecido o seu parecer favorável.
Em outras palavras, todo instrumento Mercosul que, no momento de sua negociação, houvesse ido à Comissão e recebido o seu
parecer favorável, quando firmado pelos Estados Partes e enviado à aprovação congressual, receberia tratamento legislativo mais
rápido.
Esse engenhoso mecanismo, vislumbrado no acordo interinstitucional e mais comumente chamado de "consulta parlamentar", seria,
posteriormente, incluído entre as competências do Parlamento do Mercosul. Como vimos, o Congresso Nacional brasileiro já aprovou
dispositivo destinado à implementação da consulta parlamentar por meio da edição da citada Resolução n° 1, de 2007, à qual ainda
recorreremos ao tratarmos das competências do Parlamento do Mercosul.
Em 15 e 16 de dezembro de 2003, em Montevidéu, o Conselho do Mercado Comum
aprovava o "Programa de Trabalho Mercosul 20042006", cujo ponto 3.1 solicita à
Parlamento do Mercosul, que deveria ser submetida ao Conselho do Mercado Comum em
2004. O Programa de Trabalho determinava que a proposta deveria considerar, como uma
subscrito pelo Conselho e pela Comissão Parlamentar Conjunta.
Em dezembro de 2004, em Belo Horizonte, o Conselho do Mercado Comum aprova a Decisão 49/04, que confere à Comissão
Parlamentar Conjunta a condição de Comissão Preparatória do Parlamento do Mercosul, e estabelece a data limite de 31 de
dezembro de 2006 para a instalação do novo órgão.
A Comissão atendeu a esse mandato, e produziu um Projeto de Protocolo Constitutivo do Mercosul, que seria aprovado pelo Conselho
do Mercado Comum por meio da Decisão n° 23/05, em Montevidéu, em 9 de dezembro de 2005.
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O Parlamento do Mercosul
O Protocolo estabelece que o Parlamento do Mercosul substituirá a Comissão Parlamentar Conjunta como órgão integrante da
estrutura institucional do Mercosul.
Seu art. 2 elenca os propósitos do Parlamento, entre os quais cabe mencionar:
a representação dos povos do Mercosul, respeitando sua pluralidade ideológica e política;
a promoção e a defesa da democracia, da liberdade, da paz e do desenvolvimento sustentável, com justiça social;
o estímulo à participação dos atores da sociedade civil no processo de integração e à formação de uma consciência integracionista
na região;
a consolidação da integração latinoamericana mediante o aprofundamento e consolidação do Mercosul;
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O mecanismo da consulta parlamentar é reproduzido no art. 4, inciso 12 do Protocolo, e, ademais, estabelece o prazo máximo de
180 dias corridos para que os Congressos Nacionais dos Estados Partes do Mercosul se manifestem sobre aquelas normas que
tenham sido adotadas pelo Conselho do Mercado Comum, consoante o parecer emitido pelo Parlamento regional no momento de
sua negociação. O mesmo inciso ressalva que, se dentro do prazo desse procedimento preferencial o Parlamento do Estado Parte
não aprovar a norma, esta deverá ser reenviada ao Poder Executivo, que a encaminhará à reconsideração do órgão
correspondente do Mercosul.
Por sua vez, os Parlamentos nacionais deverão adotar as medidas necessárias para a instrumentalização desse procedimento, em
conformidade com as suas respectivas normas regimentais. Nesse sentido, nunca é demais ressaltar a edição da Resolução Nº 1,
de 2007, do Congresso Nacional, que prevê tramitação mais ágil e simplificada para aquelas normas Mercosul que tenham sido
adotadas pelo órgão decisório do bloco, de acordo com o parecer emitido pelo Parlamento regional, dando, assim, cumprimento
ao disposto no art. 4, inciso 12 do Protocolo.
Por meio da consulta parlamentar, o Parlamento do Mercosul poderá contribuir para solucionar a grave fragilidade de que padece
o bloco, que se traduz no baixo índice de normas da integração efetivamente incorporada aos ordenamentos jurídicos nacionais. O
Parlamento poderá, além disso, contribuir para melhorar a qualidade técnica das normas do Mercosul, cuja debilidade já foi
amplamente identificada por técnicos e acadêmicos. HA falta de consulta e debate com os setores sociais afetados e com outras
instâncias governamentais interessadas, precisamente pela falta de um espaço designado para esse déficit de qualidade
normativa no Mercosul.
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Nesse contexto, vale lembrar que o Parlamento constituirá o espaço público, por excelência, onde deverão ocorrer os debates
concernentes às normas em negociação. A visibilidade e a transparência que a existência de um Parlamento, como lócus de debate
político, conferirá ao Mercosul, contribuirá, de inúmeras maneiras, para o aperfeiçoamento e consolidação do bloco.
Também no tocante à falta de efetividade normativa que atinge o bloco, em virtude do não encaminhamento à aprovação legislativa,
pelos Executivos, dos instrumentos jurídicos firmados, o Parlamento conta, entre suas competências, com a possibilidade de solicitar
relatórios dos órgãos decisórios do Mercosul (art. 4, inciso 4) e de convidar representantes dos órgãos do Mercosul para informar
sobre determinados aspectos da integração (art. 4, inciso 5).
No que diz respeito ao processo de adoção de decisões, o Parlamento representa substancial avanço em relação à Comissão
Parlamentar Conjunta, na medida em que delibera por meio do voto individual dos membros das delegações, enquanto que a
Comissão decidia por consenso, como se fosse uma "assembléia de Estados", fator que não permitia a expressão da pluralidade
ideológica característica de um órgão de representação popular.
À época da negociação do Protocolo Constitutivo do Parlamento do Mercosul, decidiuse adotar duas fases para a implementação do
Parlamento. Isso traduz a dificuldade com que se defrontaram os negociadores em razão das enormes assimetrias existentes entre
os Países Membros do Mercosul em termos de população, extensão geográfica e PIB.
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Segundo o Protocolo, até 31 de dezembro de 2010, a composição do Parlamento seria paritária, com 18 representantes por país,
designados pelos respectivos Congressos Nacionais. A partir daí, passaria a vigorar o critério da "representação cidadã", a ser
determinado mediante Decisão do Conselho do Mercado Comum, por proposta do Parlamento, devendo o Parlamento ser integrado
por representantes eleitos pelo voto universal, direto e secreto, de acordo com a legislação eleitoral de cada Estado Parte.
Apesar de esforços para que, juntamente com as eleições presidenciais do ano de 2010, pudéssemos também escolher os
representantes brasileiros no Parlamento do Mercosul, houve inúmeras pressões, especialmente por parte da Argentina e do
Uruguai, quanto aos termos do Acordo Político que estabeleceria as regras da representação cidadã. Com a perspectiva de elevação
do número de parlamentares brasileiros, os representantes dos demais Estados membros passaram, por exemplo, a condicionar a
implementação do critério de representação cidadã à mitigação da regra da maioria prevista no Regimento Interno do Parlamento.
Assim, o Acordo Político em torno da adoção do critério da representação cidadã no Parlamento do Mercosul somente teve seus
termos definidos no final de 2010 (Decisão n° 28/10, do CMC), sendo que, já a partir de 2011, o Brasil passou a contar com 37
representantes, a Argentina com 26, e o Uruguai e o Par aguai, cada um, com 18. Evidentemente, não houve tempo hábil para que o
Projeto de Lei n° 5.279, de 2009, de autoria do Deputado Carlos Zarattini – que define as regras para as eleições de parlamentares
brasileiros no Parlamento do Mercosul – fosse apreciado, uma vez que o art. 16 da Constituição Federal determina que a lei que
alterar o processo eleitoral não será aplicada às eleições que ocorrerem até um ano da data da sua vigência.
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Como sabemos, a delegação paraguaia do Parlamento do Mercosul já é formada por representantes eleitos direta e exclusivamente
para o exercício de mandato no órgão de integração regional.
Esperase que o Parlamento do Mercosul venha a ser, sobretudo, um espaço para debates, seminários e audiências públicas sobre os
temas da integração. E, ainda, que sirva de "caixa de ressonância" para os anseios e preocupações dos diversos setores da
sociedade civil, e ao mesmo tempo constitua o canal de comunicação entre as populações e as instâncias negociadoras da
integração. A participação da sociedade civil assegurará a transparência do processo de construção do bloco e contribuirá para que
as normas do Mercosul passem por amplo debate, antes de sua adoção pelo órgão decisório, o que ensejará o seu aperfeiçoamento
e facilitará a sua posterior incorporação aos ordenamentos jurídicos internos dos Estados Partes.
A estrutura institucional do Mercosul teve como modelo inspirador o paradigma da união aduaneira europeia, iniciada nos primórdios
dos anos cinquenta, e que transformouse, ao longo do tempo, no bemsucedido bloco regional da União Europeia.
Conduzido, pelo lado brasileiro, pelo experiente corpo diplomático do Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, associado à
sua contraparte Argentina desde o Programa de Integração entre o Brasil e a Argentina, de 1985, o processo de integração do Cone
Sul buscou desafiar alguns princípios de organização e de tomada de decisões adotado pelos europeus para a construção de um
bloco regional, adaptandoos às condições políticas e características próprias de uma associação inédita entre países considerados
em desenvolvimento, tanto em seus objetivos quanto nas ambições postuladas inicialmente.
Assim, desde o inicio do processo de integração, a configuração institucional do bloco do Mercosul se desenhou segundo um modelo
de caráter intergovernamental, em que os negociadores e os que se enfrentavam nas mesas de negociação eram os Estados,
enquanto os representantes dos interesses particulares e da sociedade civil em geral tinham uma função marginal.
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O modelo se desenvolveu de forma gradualista, ou seja, com tendência a criar novos organismos, a partir de uma base mínima que
lhe daria a institucionalidade inicial, de acordo com as exigências que o processo em movimento demandasse.
Pretendiase, assim, garantir que os primeiros acordos pudessem ser levados à prática de imediato, em
cada um dos espaços geográficos dos sócios, ao mesmo tempo em se apresentava o processo de integração
regional a cada uma das respectivas administrações governamentais em seus mais variados setores, o que,
a sua vez, contribuiria para facilitar a tarefa de consolidar a regionalização junto aos
quadros funcionais dos Estados Partes do Mercosul.
O próprio Tratado de Assunção, em seu art. 9º, estabeleceu que a administração e
execução do projeto pelo Conselho do Mercado Comum e Grupo Mercado Comum,
teriam um "período de transição", e, mais tarde, o Protocolo de Ouro Preto, em seu
texto de abertura, confirmou o caráter de transitoriedade planejado pelos
idealizadores do Mercosul, e deixou transparente a afirmação da consciência dos
responsáveis políticos pela proposta de integração, certos de que, para fugir dos
modelos adotados por outros esquemas de integração latinoamericanos, nessa fase
preliminar não era adequado pensarse em esquemas institucionais do tipo supranacional, que poderiam
comprometer os objetivos nacionais de estabilização macroeconômica ou mesmo alterar o equilíbrio entre
as competências nacionais e as atribuições decisórias que deveriam ser tomadas coletivamente.
O esquema intergovernamental adotado pelos formuladores do Mercosul emergiu como o mais apropriado, apoiado em fatores de
natureza histórica e estrutural que permearam, nos últimos quatro séculos, o relacionamento entre os países que conformam o
bloco, em especial no chamado espaço geográfico do Cone Sul, e que podem explicar, de alguma forma, as dificuldades do bloco
para avançar em um maior grau de institucionalização.
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Nesse sentido, podemos destacar alguns fatores. Primeiro, a própria história da formação da Região do Cone Sul, cujas riquezas
minerais eram disputadas pelos colonizadores europeus, com destaque para portugueses e espanhóis.
Em segundo lugar, a história das relações políticas e econômicas entre Brasil e Argentina. Como vimos, somente a partir de 1985,
Em segundo lugar, a história das relações políticas e econômicas entre Brasil e Argentina. Como vimos, somente a partir de 1985,
com o Programa de Integração entre os dois países, nos governos de Raul Alfonsín e de José Sarney, rompeuse o antagonismo
histórico e avançouse na busca de novas formas de cooperação política e estratégica bilateral para a região.
Em terceiro, identificamos a assimetria de tamanho entre as diferentes economias que constituem o bloco, o que gerou, ao longo do tempo,
visões estruturalmente diferentes no que diz respeito ao grau de institucionalização exigido pelo projeto de integração, e também quanto à
conveniência de se criar órgãos supranacionais.
A posição brasileira, nos primeiros quatorze anos de existência do Mercosul, privilegiava a manutenção de um esquema de negociação entre
governos, sobrepondo-se mesmo à vigência formal da adotada regra de consenso.
Os países menores, Uruguai e Paraguai, sempre defenderam a idéia de se diminuir esse grau de discricionaridade dos sócios maiores (Brasil e
Argentina) nas negociações internas do bloco, o que lhes oferece uma pequena margem de ação unilateral efetiva. Daí haverem setores das
sociedades uruguaia e paraguaia, nos dias de hoje, desejosos de firmarem acordos bilaterais, fora do marco mercosulino, com os Estados
Unidos da América.
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A Argentina, por sua vez, situase num meio termo, defendendo a criação de instituições intergovernamentais e comunitárias, tendo
sugerido a criação de um tribunal permanente como opção para iniciarse o caminho em direção à supranacionalidade, em especial
levandose em consideração a sucessão de conflitos setoriais e outros tipos de tensões ocasionadas em suas relações com o Brasil.
Em quarto lugar, as experiências de integração regional ALALC, ALADI e Grupo Andino apenas confirmaram que a existência de
uma organização institucional forte não poderia substituir a falta de vontade política dos países participantes para avançar em uma
ampla abertura comercial e outras frentes do processo.
Já a nova experiência de integração latinoamericana, que começou com o Programa de Integração ArgentinaBrasil e ampliouse
com o Mercosul, vem dando forma a um modo de integração mais pragmática e realista, no sentido de se enfrentar os cenários
internos e externos que se lhe apresentam, negociando e avançando com o objetivo de ampliar, fortalecer e consolidar o bloco nos
planos regional e internacional.
Acrescentese a este rol de fatores que podem dificultar o processo de integração a adesão da Venezuela, que vem trazendo outro
tipo de discussão ao plenário das reuniões do Mercosul, com marcado viés ideológico, ou seja, o da luta contra o imperialismo
capitalista norteamericano, pois este é, declaradamente, o principal argumento de política externa defendido pelo então Presidente
Hugo Chávez.
Desse modo, a criação do Parlamento do Mercosul, com sua constituição em 14 de dezembro de 2006, na presença dos
representantes de Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai e Venezuela, no plenário do Congresso Nacional brasileiro, atendendo ao que
determinava a Decisão nº49/04, do CMC, foi de fundamental importância para o aprofundamento das discussões em torno das mais
graves questões que impedem o avanço do processo de integração do Mercosul.
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Passados quinze anos da assinatura do Tratado de Assunção, a criação do Parlamento do Mercosul apresenta um significativo avanço
político e institucional, marco definitivo de um modelo de integração democrático, representativo e estratégico, verdadeira
concepção de uma nova visão política regional.
O processo de conformação definitiva do Parlamento do Mercosul representa um desafio de proporções históricas, que dará forma e
conteúdo ao Mercosul no século XXI.
A construção do espaço político regional será um elemento de fundamental importância para fortalecer e melhorar a qualidade das
democracias nos países do bloco, em especial no que se refere ao princípio da representatividade e legitimidade democráticas,
componente imprescindível do processo de coesão social. Será centro de decisões políticas por meio da participação responsável,
decidida e sustentável dos partidos políticos e seus atores, depositários fieis do poder e da soberania que emanam de seus mais
legítimos possuidores, os cidadãos.
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Com o mecanismo institucional eficaz, o Parlamento do Mercosul deverá se converter em promotor de políticas regionais que
possibilitem uma integração fronteiriça sem barreiras, a livre circulação de pessoas, bens e serviços, e um desenvolvimento
integral, complementar e solidário das suas variadas regiões, num esforço que permita a correção gradual das assimetrias, que
objetive a parceria nas políticas públicas em saúde, educação, agropecuária, trabalho, cultura e outros campos que levem em conta
o cidadão na sua condição de sujeito final de todas as ações do processo integracionista.
A criação do Parlamento do Mercosul consagra e reafirma os seguintes princípios estratégicos do projeto
Mercosul:
Mercosul:
Define um modelo de integração no qual alcançar um mercado comum
é um componente fundamental do processo, porém esta não é
condição suficiente para que a integração aconteça. O perfil da
integração no século XXI inclui uma verdadeira integração econômica, complementar e solidária, o
aprofundamento da integração social e cultural e a adoção em áreas estratégicas de diretrizes
políticas comuns num cenário internacional complexo e assimétrico.
Estabelece um espaço de análise e reelaboração do conceito de soberania, não no sentido de
subtraíla aos Estados, mas sim de introduzir um novo plano de soberania compartilhada que,
atuando num só bloco, coopere para influenciar com maior peso nos centros de poder internacional.
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Retoma e dá conteúdo concreto ao componente democrático no Mercosul, dando legitimidade e transparência aos atos
públicos regionais de maneira a aperfeiçoar e dar maior clareza às regras do jogo do bloco.
Consolida o princípio da representatividade e participação cidadã no processo de integração, componente fundamental na
construção de uma identidade e consciência regionais. O feito substancialmente democrático de que o Parlamento expressa o
pluralismo social, político e econômico das nações nele representadas, a diversidade de etnias e regiões, como também uma
adequada participação por gênero, o converterá em uma verdadeira "caixa de ressonância" dos cidadãos do Mercosul.
Conforma um espaço permanente da política e da cidadania na estrutura institucional do Mercosul, dotandoa do necessário
equilíbrio que todo sistema democrático requer e possibilitando a incorporação da vasta pluralidade ideológica dos países.
Aperfeiçoa o sistema de tomada de decisões e o processo normativo do Mercosul, ao converterse em promotor e arquiteto
da vontade normativa regional e da harmonização das legislações nacionais, elementos essenciais de segurança jurídica do
espaço integrado, tanto para o desenvolvimento intrazona como frente a outros blocos regionais ou internacionais.
Síntese
Neste módulo, estudamos a dimensão parlamentar do Mercosul, começando pelo art. 24 do Tratado de Assunção, que estabeleceu a
Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, e, na seqüência, o Protocolo de Ouro Preto, nos arts. 22 a 27, bem como o Regimento
Interno da Comissão, que define as suas funções, competências e atuação interna e externa, além do processo de produção da
normativa Mercosul e os mecanismos para seu aperfeiçoamento. Vimos também o sistema de incorporação das normas Mercosul
pelo aparato jurídico dos Estados Partes, e, em especial, as limitações constitucionais que travam sua vigência imediata.
Por último, estudamos a estrutura intergovernamental que dinamizou o processo integracionista do bloco, bem como os primeiros
passos da criação e constituição do Parlamento do Mercosul.
Como parte do processo de aprendizagem, sugerimos que você faça uma releitura do mesmo e responda aos Exercícios de Fixação,
que o resultado não influenciará na sua nota final, mas servirá como oportunidade de avaliar o seu domínio do conteúdo.
Lembramos ainda que a plataforma de ensino faz a correção imediata das suas respostas!
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