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Pessoas Físicas ¹
Resumo
Este trabalho propõe-se a estudar de que forma a contabilidade poderia auxiliar as pessoas
físicas na elaboração e gestão de suas finanças pessoais. Através de Levantamento
Bibliográfico e Pesquisa de Campo objetivou-se: discutir o papel da contabilidade neste
processo, apresentar a importância do planejamento financeiro pessoal, enumerar as
ferramentas que a contabilidade pode fornecer para auxiliar no planejamento financeiro e
conhecer o cotidiano de um grupo de funcionários públicos da empresa Radiobrás – Empresa
Brasileira de Comunicação S/A sobre o assunto. Os resultados mostram que a Contabilidade é
fundamental na gestão das finanças pessoais principalmente no tocante ao acompanhamento e
controle do planejamento financeiro elaborado, pois como nas empresas o uso de técnicas
auxiliares e de suas demonstrações formam um sistema de informações altamente completo,
mas também vêm suscitar-lhe alguns desafios: demonstrar o benefício de se fazer o
acompanhamento das finanças, tirar o estigma do Imposto de Renda e a necessidade de os
professores da área trabalharem esse assunto em suas salas de aula.
Palavras-chaves
1. Introdução
_______________________________________________________________________________________
1. Trabalho desenvolvido no curso de Graduação de Ciências Contábeis da UCB
2. Aluna da disciplina Trabalho Final
3. Professor orientador do trabalho
A contabilidade não deixa de desempenhar seu papel de ordem e controle das
finanças também no caso dos patrimônios individuais. Freqüentemente, as pessoas
esquecem-se de que alguns conhecimentos de Contabilidade e Orçamento muito as
ajudariam no controle, ordem e equilíbrio de seus orçamentos domésticos.
Kiyosaki (2000, p.22), autor americano afirma que:
Assuntos como contabilidade e investimentos são importantes para a vida das
pessoas, mas essas sabem muito pouco sobre o assunto, pois as escolas se
concentram nas habilidades acadêmicas e profissionais mas não nas habilidades
financeiras. Isso explica porque médicos, gerentes de banco e contadores
inteligentes que tiveram ótimas notas quando estudantes terão problemas
financeiros durante toda a sua vida.
De acordo com o SERASA (2001) nos países desenvolvidos é crescente a preocupação
com a educação financeira devido a dois fatores: os avanços da medicina, que apontam para
uma expectativa de vida de 120 anos para as novas gerações e o crescimento das crianças de
hoje numa cultura consumista. Essa preocupação levou alguns destes países, nos quais a
escola já reforça a formação que o estudante recebe em casa, a um maior investimento na
área. Em setembro de 2000, a Inglaterra instituiu como obrigatório o ensino de educação
financeira da pré-escola até o ensino médio.
Sousa e Torralvo (2003) relatam que a educação financeira é infelizmente muito pouco
explorada no Brasil, sendo a literatura relacionada à gestão financeira pessoal restrita e o
oferecimento de disciplinas correlatas a este tema em cursos regulares de escolas,
universidades e MBA’s praticamente inexistentes, ou seja, ensinar sobre dinheiro é tarefa
exclusiva dos pais, que tampouco receberam instrução sobre como lidar com dinheiro.
Diante do exposto e com base na observação do cotidiano que expõe a dificuldade de
grande parte das pessoas em controlar suas finanças, viu-se a necessidade de estudar como a
contabilidade poderia estar auxiliando no Planejamento Financeiro Pessoal, que segundo The
Financial Planning Association (2005), é um conjunto de objetivos e estratégias escritas e um
“cronograma” do cumprimento dessas estratégias: compra da casa, poupança para pagar o
curso superior dos filhos, pagamento de dívidas, etc, sendo então, um instrumento
imprescindível para o uso mais eficiente dos recursos financeiros e para a manutenção da
saúde financeira de uma pessoa.
O problema de pesquisa foi formatado desta maneira: De que forma a contabilidade
poderá auxiliar as pessoas físicas na elaboração e gestão de suas finanças pessoais? Cujo
objetivo geral é discutir o papel da contabilidade na elaboração e gestão das finanças pessoais
e os objetivos específicos são: Apresentar a importância do planejamento financeiro pessoal,
enumerar as ferramentas que a contabilidade pode fornecer para auxiliar no planejamento
financeiro pessoal e coletar e analisar dados de um grupo de Funcionários da empresa
Radiobrás – Empresa Brasileira de Comunicação S/A sobre o assunto.
Este trabalho não apresentará proposta de modelo para a gestão de finanças pessoais.
Terá como propósito introduzir o assunto junto aos contabilistas.
Será uma pesquisa básica em relação a sua natureza, e no âmbito de seus objetivos,
exploratória, por ter como procedimentos técnicos: a Pesquisa Bibliográfica e o
Levantamento.
2
O Planejamento Financeiro Pessoal parte do pressuposto, levantado por Galvão et al
(2004, p.3), que “cada consumidor tem uma renda limitada (finita), cada unidade consumidora
tem desejos e necessidades ilimitadas (infinitas) e cada bem ou serviço capaz de satisfazer
uma necessidade ou desejo (despesa) tem um custo diferente de zero”. Diante da necessidade
de se harmonizar essas três vertentes que firma-se a importância do seu conhecimento e de
sua aplicabilidade no dia a dia.
De acordo com The Financial Planning Association (2005), o Planejamento Financeiro
é o processo de alcançar seus objetivos de vida através da gerência apropriada de suas
finanças. Objetivos de vida podem incluir a compra de uma casa, garantir a instrução do filho
ou planejar sua aposentadoria. E quanto aos seus benefícios ressalta:
O Planejamento Financeiro fornece direção e sentido para suas decisões
financeiras. Permite que você compreenda como cada decisão financeira afeta
outras áreas. Por exemplo, comprando um produto específico de investimento pode
ajudar-lhe a terminar de pagar a hipoteca mais rapidamente, ou pode atrasar sua
aposentadoria significativamente. Vendo cada decisão financeira como parte do
todo, você pode considerar seus efeitos de curto e longo prazo nos seus objetivos de
vida. Você pode também adaptar-se mais facilmente às mudanças e sentir-se mais
seguro por saber que seus objetivos estão na trilha.
Ainda sobre benefícios, Cerbasi (2004) afirma que o planejamento financeiro tem um
objetivo muito maior do que simplesmente não ficar no vermelho, pois mais importante do
que conquistar um padrão de vida é mantê-lo, e é para isso que devemos planejar. Os maiores
benefícios dessa atitude serão notados alguns anos depois, quando a família estiver usufruindo
a tranqüilidade de poder garantir a faculdade dos filhos ou a moradia no padrão desejado, por
exemplo.
BEI Comunicação (2004, p. 14) diz que:
Planejar é essencial para viver, e o planejamento financeiro é a base de todo
planejamento. Ele independe da renda e permite que você otimize seus recursos
para alcançar quaisquer objetivos de curto, médio e longo prazos, deixando o apto a
aproveitar as oportunidades que surgem e a contornar eventuais dificuldades. Se for
suficientemente preciso, ele garante sua manutenção no presente e “cria” sobras de
dinheiro para o futuro.
Para Galvão et al (2004), é por meio do planejamento que se conhecem em detalhes os
ganhos, aprende-se a poupar, gastar adequadamente e controlar as finanças para atingir os
objetivos desejados. Para manter o planejamento financeiro, são necessários um pouco de
tempo, esforço e, sobretudo, organização. Tudo tem que ser anotado e os cálculos precisam
ser atualizados constantemente.
Segundo Frankenberg (1999, p.31), Planejamento financeiro pessoal significa
“estabelecer e seguir uma estratégia precisa, deliberada e dirigida para a acumulação de bens e
valores que irão formar o patrimônio de uma pessoa e sua família. Essa estratégia pode estar
voltada para curto, médio ou longo prazo, e não é tarefa simples atingí-la.”
O mesmo autor adverte que não significa que, depois de definidas, as metas não
sofram alterações, faz parte do planejamento realizar revisões periódicas.
Eid Junior e Garcia (2001, p. 8) enumeram em que um plano financeiro pode ajudar
uma pessoa:
Viver com seus recursos
Identificar prioridades financeiras
Utilizar adequadamente os recursos para cobrir as despesas
3
Cobrir emergências e reduzir o uso de crédito
Reduzir conflitos e incertezas sobre dinheiro
Torná-lo independente e com controle sobre suas finanças
Poupar e investir para atingir seus objetivos
Já The Financial Planning Association (2005) enumera as 10 melhores práticas ao se
fazer o planejamento financeiro:
1) Ajustar metas mensuráveis, ou seja, metas que sejam possíveis de alcançar.
2) Compreender o efeito das decisões financeiras em outras áreas de sua vida.
3) Reavaliar seu plano financeiro periodicamente.
4) Começar agora – não supor que o planejamento financeiro é só para a velhice.
5) Começar com o que já tem, não supor que só os ricos podem planejar
financeiramente.
6) Tomar a carga para si – você tem o controle do seu planejamento financeiro.
7) Olhar como para uma grande pintura – o planejamento financeiro é mais do que
planejamento da aposentadoria ou planejamento de impostos.
8) Não confundir planejamento financeiro com investimento.
9) Não esperar retornos irreais em investimentos.
10) Não esperar uma crise financeira para começar o planejamento financeiro.
Ewald (2003) explica que o Planejamento Financeiro é fundamental para uma família
que pretende ter as contas em dia e com isso levar uma vida sem estresse. O orçamento é o
principal instrumento para se fazer o planejamento financeiro para hoje, amanhã e dias
futuros.
3. Orçamento Pessoal
Segundo Matarazzo (2003), o fluxo de caixa pode ser definido como movimento de
caixa, ou seja, visa mostrar o confronto entre as entradas (receitas) e as saídas (despesas), e
conseqüentemente se haverá sobras ou faltas, permitindo decidir se deve tomar recursos ou
aplicá-los.
Conforme quadro abaixo, no fluxo de caixa as Receitas devem incluir todos os
rendimentos e as Despesas devem incluir todos os gastos e pagamentos mensais. Sendo que,
as despesas estão divididas em 3 categorias: Despesas Fixas que são as que têm o mesmo
montante mensalmente; Despesas Variáveis são as que são pagas todo mês, mas que
geralmente tem valores diferenciados e as Despesas Arbitrárias que incluem as que não são
necessárias mensalmente, conceitua Luquet (2000).
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FLUXO DE CAIXA
Dezembro / 2005
Salário R$ 3.500,00
Receita Saldo Inicial do mês na C/C R$ 50,00
Total de Receitas (A) R$ 3.550,00 100%
Aluguel R$ 300,00 8%
Condomínio R$ 100,00 3%
Prestação do Apto R$ 800,00 23%
Gastos Fixos
Prestação do Carro R$ 350,00 10%
Colégio / Cursos R$ 300,00 8%
Plano de Saúde R$ 230,00 6%
Alimentação R$ 250,00 7%
Luz / Gás R$ 90,00 3%
Telefone Fixo / Celular R$ 100,00 3%
Gastos Variáveis
Cartão de Crédito R$ 200,00 6%
Gasolina R$ 500,00 14%
Tarifas Bancárias R$ 30,00 1%
Cinema / Teatro R$ 60,00 2%
Gastos Arbitrários Restaurante R$ 80,00 2%
Total de Despesas (B) R$ 3.390,00 95%
Saldo Total Receitas – Despesas (A – B) R$ 160,00 5%
Tabela 1 – Fluxo de Caixa
Fonte: Luquet, 2000, p. 13 (Dados da autora)
Com essa base de dados pronta, sempre primando para que seja fidedigna à realidade,
discriminando o que foi recebido e principalmente com o que foi gasto, tem-se a matéria
prima para análise através de uma técnica chamada Análise Vertical.
A respeito desta técnica, Matarazzo (2003) explica que a Análise Vertical baseia-se em
valores percentuais das demonstrações financeiras. O percentual de cada conta mostra sua real
importância no conjunto. Para isso se calcula o percentual de cada conta em relação a um
valor base.
Trazendo para o caso específico deste trabalho, calcula-se o valor percentual de cada
item, dividindo-se o valor da despesa pelo valor total da receita e multiplica-se por 100 e esse
número indica a relação da despesa entre a receita. Von Sohsten (2004, p.145), explica ainda
que “a partir do momento que você tem esse número percentual ele se torna um elemento de
comparação que se mantém fixo, independente da variação da receita, ou seja, se a receita
mensal aumentar ou diminuir ficará claro quanto esta comprometido com cada item da
despesa”.
Assim, essa técnica em muito auxilia o acompanhamento, principalmente das despesas
pois torna visível as possíveis disparidades, facilitando assim os ajustes que se fizerem
necessários para os próximos meses em relação à estratégia traçada, seja decisão de
investimento ou novo endividamento.
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por débito automático, correspondentes bancários, phone banking, auto-atendimento em
caixas eletrônicos, etc, relata BEI Comunicação (2004).
Com isso, grande parte das receitas e despesas passam pela conta bancária, tornando
assim, imprescindível o uso de um procedimento contábil chamado de Conciliação Bancária.
Através deste procedimento contábil, têm-se como identificar cada valor debitado ou
creditado na conta, além de controlar cheques pré-datados, débitos automáticos, tarifas
bancárias e a suficiência ou não de saldo. Fazendo isso, além do controle, ter-se-á uma boa
parte dos dados pronta para alimentação do fluxo de caixa, sendo que faz-se necessário que
neste conste o saldo inicial bancário de cada mês, a fim de que quando no final do mês se
fizer a conciliação do resultado do fluxo de caixa com o real, se verifique se realmente este
retrata o saldo final bancário e em espécie, se houver do mês, abrindo assim a possibilidade de
descoberta se houve algum furo no levantamento dos dados que constaram no fluxo de caixa
naquele período .
CONCILIAÇÃO BANCARIA
Dezembro/05
Data Histórico Débito Crédito Saldo Descrição
01/12/05 Saldo Inicial 50,00 50,00 Saldo remanescente nov/05
05/12/05 Salário 3.500,00 3.550,00 Salário Nov/05
07/12/05 Pagto Boleto 400,00 3.150,00 Aluguel + Cond. Nov/05
08/12/05 Pagto Boleto 800,00 2.350,00 Prestação Apto
08/12/05 Pagto Boleto 350,00 2.000,00 Prestação Carro
09/12/05 Cheque 01100 300,00 1.700,00 Parcela Cursinho
10/12/05 Déb. Automático 230,00 1.470,00 Plano de Saúde
10/12/05 Déb. Automático 90,00 1.380,00 Luz + Gás Nov/05
10/12/05 Déb. Automático 100,00 1.280,00 Fixo + Celular Nov/05
15/12/05 Saque 1.090,00 190,00 Pagtos Diversos
25/12/05 Tarifa 15,00 175,00 Manutenção conta
30/12/05 CPMF 15,00 160,00 CPMF
30/12/05 Saldo Final 160,00
Tabela 2 – Conciliação Bancária
Fonte: a autora
3.3 Investimentos
Investir significa adiar um consumo presente para, no futuro, ter mais dinheiro para
consumir, além de ser a melhor forma de proteger o dinheiro contra a desvalorização, ou seja,
a inflação, esclarece Santos (2005).
Para isso, existe o Mercado Financeiro, sobre o qual a BEI Comunicação (2004)
explana: O mercado financeiro envolve todos os negócios com moedas e títulos, e também
abrange as instituições que promovem tais operações, como o Banco Central de um país, os
bancos oficiais, comerciais e de investimentos, administradoras de recursos, bolsas e
corretoras de valores, distribuidoras de títulos, etc, além de facilitar, por meio da moeda,
“estocar” recursos e facilitar também, a possibilidade de pedir emprestado, antecipando para o
presente renda que se irá ter no futuro.
Os principais participantes do mercado financeiro são:
Investidores – aqueles que tem dinheiro para investir,
Tomadores de recursos – são os que precisam de dinheiro emprestado;
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Intermediários Financeiros – sãs as instituições que “ligam” os investidores e
tomadores de recursos.
Governo – O Banco Central faz o papel de árbitro do mercado e é o
encarregado de manter saudável a economia do país. Só ele pode emitir papel -
moeda e também fiscalizar e controlar os outros bancos e as operações financeiras.
No mercado financeiro existe um tripé dissociável: segurança, rentabilidade e liquidez,
Martins (2004, p. 86-87), aborda o assunto da seguinte forma:
Segurança diz respeito às garantias reais pedidas pela instituição financeira
para realizar uma operação financeira;
Rentabilidade são os ganhos de capital (juros e/ou dividendos) que o investidor
receberá. Sendo que há uma correlação inversa entre segurança e rentabilidade:
quanto mais segura a aplicação, menor a taxa de juros paga; quanto menos segura e
mais arriscada a aplicação, maior a taxa de juros.
Liquidez corresponde à capacidade de transformação do ativo em moeda.
Feito o planejamento financeiro, considerando objetivos, analisando gastos e ao haver
sobras urge a decisão de aplicá-las, mas para se fazer um bom investimento é preciso analisar
cuidadosamente este tripé conjuntamente com as características pessoais de consumo,
patrimônio e fluxo de caixa, além de conhecer as características dos mais usuais tipos de
investimento, conforme quadro abaixo:
TIPO CARACTERÍSTICAS RISCO
Indicado a quem assumiu compromissos atrelados ao valor do dólar
Fundo Cambial Alto
ou planeja viajar para o exterior.
É vantajoso num cenário de queda nas taxas de juros. Caso contrário,
Fundo de Renda Fixa Baixo
o investidor perde.
As contas em dólar não são permitidas no Brasil. Há riscos de
Dólar Alto
falsificação e restrições para negociar a moeda.
Rende mais para grandes quantias, o que é uma limitação. Promessa
CDB Moderado
de retorno muito alto é sinal de perigo.
Indicado em momentos de grande turbulência. São mais
Fundos DI Baixo
conservadores do que os fundos de renda fixa.
O grande apelo é deduzir as aplicações do Imposto de Renda até o
PGBL Baixo
limite de 12% da renda total.
Indicado a quem quer diversificar e assumir um risco moderado em
Fundo Balanceado Moderado
ações, além da renda fixa.
Exige grande conhecimento do mercado. Pode ter custo elevado de
Ações Alto
corretagem. Retorno de longa duração.
A principal vantagem é a diversificação que o fundo possibilita,
Fundo de Ações Alto
reduzindo o risco de oscilações.
Garantida até R$ 20.000,00. Não paga Imposto de Renda. A
Caderneta de Poupança Baixo
rentabilidade é a menor entre os produtos de renda fixa.
Há muito tempo tem cotação estável. Mas em tempo de crise, é um
Ouro Moderado
porto seguro para os mais cautelosos.
Sua principal vantagem é a estabilidade, mas é o que apresenta a
Imóvel Baixo
menor liquidez entre todos.
A rentabilidade esta diretamente associada à qualidade do
Fundo Imobiliário Moderado
empreendimento. Seu ponto fraco é a liquidez.
Pode ser adquirido pelo chamado “Tesouro Direto”, que não tem
taxa de administração, ou por corretora, arcando com os serviços de
Títulos Públicos Baixo
corretagem. É uma opção interessante, segura, de boa rentabilidade e
alta liquidez.
Tabela 3 – Tipos de Investimentos
Fonte: Von Sohsten, 2004, p. 208-209 (com alterações da autora)
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3.4 Impostos
“O brasileiro paga 59 tributos diferentes, sendo que a carga total de impostos atinge
33% do PIB (Produto Interno Bruto)” , coloca Eid Junior e Garcia (2001, p. 52).
Os mesmos autores explicam ainda que a Constituição Brasileira estabelece 4 (quatro)
categorias de tributos que podem ser cobrados de pessoas ou empresas:
a) Impostos: cobrados independentemente de qualquer serviço prestado pelo governo.
b) Taxas: cobradas por lei ou como pagamento de serviço público.
c) Contribuições de Melhoria: devidas por donos de imóveis que foram beneficiados
por serviços públicos.
d) Contribuições Sociais: cobradas pelo sistema de seguridade social.
Conforme Brasileiro (2005), foi publicado no site CorreioWeb do jornal Correio
Braziliense, em 19 de Maio de 2005, uma reportagem, que abordava o assunto de forma muito
clara e sucinta, cujo título dizia: “Brasileiro trabalha mais de 4 meses para o fisco. Para pagar
impostos federais, estaduais e municipais, o trabalhador terá que entregar o equivalente aos
salários recebidos até amanhã”, cujo conteúdo é subscrito abaixo:
Se guardasse todo o dinheiro que recebeu este ano só para pagar os impostos que
deve, antes das demais despesas (inclusive alimentação), o trabalhador iria se livrar
da conta amanhã. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário
(IBPT), em 2005 os brasileiros trabalharão 4 meses e 20 dias apenas para quitar os
tributos dos governos federal, estadual e municipal. Ou seja, é como se até dia 20
de Maio todos os salários saíssem do bolso do trabalhador e fossem direto para os
cofres do governo. Em 1986, quando o IBPT inciou os levantamentos, para pagar
os tributos o contribuinte trabalhava 2 meses e 22 dias.
De acordo com a entidade, o pagamento de impostos e contribuições representou
37,81% da renda do contribuinte em 2004. Neste ano, chegará a 38,35%. O
percentual inclui o Imposto de Renda, contribuição previdenciária, contribuição
sindical, tributações sobre o consumo (PIS, Cofins, IPI, ISS), sobre o patrimônio
(IPTU, IPVA, ITR), taxas (limpeza pública, coleta de lixo, emissão de
documentos) e contribuições (iluminação pública).
O levantamento demonstra também que, para o cidadão de classe média, há ainda o
gasto indireto. Além dos tributos, ele paga por serviços privados porque não
encontra qualidade nos que são prestados pelo governo – tais como saúde,
educação, segurança, previdência e infra-estrutura rodoviária, equivalentes a mais
112 dias de trabalho, ou 31% da renda. Somando os dois índices, o brasileiro de
classe média trabalhará neste ano até o dia 10 de setembro, totalizando 252 dias (7
meses e 27 dias) para pagar tributos e serviços, contra 243 em 2004 e 237 em 2003.
Além de trazer perplexidade, todas essas informações divulgadas nesta reportagem
vêm ratificar a importância de se conhecer os tipos de tributos cobrados no Brasil e suas
respectivas alíquotas quando se organizar e planejar o orçamento.
No quadro abaixo, estão discriminados os principais tributos e suas características e já
divididos por competência, se são federais, municipais, estaduais ou contribuições sociais.
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FEDERAIS
A União cobra esse imposto sobre a renda e ganhos de capital – Imposto de
Renda de Pessoa Física (IRPF) – e sobre os lucros de empresas – Imposto de
Imposto de Renda Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ). A alíquota das empresas é de 15% sobre o
lucro e mais um adicional de 10% sobre o que exceder a certo valor, que
hoje é de R$ 240 mil.
É cobrado sobre os produtos manufaturados, tanto os produtos
manufaturados, tanto os produzidos por empresas nacionais quanto os
Imposto sobre Produtos
importados. A base de cálculo incide sobre o preço do bem e varia de acordo
Industrializados (IPI)
com o produto. O IPI é não-cumulativo, porque se descontam do imposto a
pagar os valores previamente recolhidos.
O valor desse imposto varia conforme o produto, e sua base de tributação é
Imposto de Importação
o preço no país exportador somado ao frete e seguro.
Imposto sobre Operações Tributo cobrado sobre operações de crédito, de câmbio e seguros. Sua
Financeiras (IOF) alíquota varia conforme o tipo de operação.
Contribuição sobre
Incide sobre qualquer movimentação financeira, com alíquota de 0,38%
Movimentações Financeiras
sobre o valor total movimentado.
(CPMF)
Imposto sobre a Propriedade
Incide sobre propriedades rurais.
Territorial Rural (ITR)
MUNICIPAIS
Tributo incidente sobre serviços prestados por empresas e autônomos. Sua
Imposto sobre Serviços (ISS) base de cálculo é o preço cobrado pelo serviço prestado. A alíquota do ISS
depende do estabelecido pela cidade e varia de 2% a 5%.
Imposto sobre a Propriedade
Predial e Territorial Urbana Incide sobre imóveis e sua alíquota varia conforme o município.
(IPTU)
ESTADUAIS
Incide sobre a venda e a importação de bens, serviços de transporte, frete,
energia e comunicações. Sua alíquota varia conforme o Estado. Trata-se de
Imposto sobre Circulação de
um imposto não-cumulativo, a exemplo do IPI. O ICMS é calculado “por
Mercadorias e Serviços (ICMS)
dentro” porque o tributo incide sobre o valor total do produto ou serviço,
acrescido da aplicação da alíquota do tributo.
Imposto sobre a Propriedade de
É aquele pago anualmente pelos proprietários de veículos.
Veículos Automotores (IPVA)
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS
Contribuição para o Instituto É a previdência oficial do Brasil. A alíquota para empregados, empregados
Nacional de Seguridade Social domésticos e trabalhadores avulsos varia de 7,65% a 11%, de acordo com o
(INSS) valor do salário.
Contribuição Social sobre o Lucro Incide sobre o lucro liquido das empresas com alíquota de 8%, sendo que
Líquido (CSLL) para as instituições financeiras esse valor é de 18%.
Contribuição para Financiamento Incide sobre o faturamento bruto mensal de serviços prestados ou produtos
da Seguridade Social (Cofins) vendidos pelas empresas. Essa alíquota é de 3% sobre o faturamento.
Contribuição para o Programa de É cobrado sobre o faturamento bruto mensal das empresas na base de
Integração Social (PIS) 0,65%, sendo que para as instituições financeiras o valor é de 0,75%.
Tabela 4 – Características dos Tributos
Fonte: Eid Junior e Garcia, 2001, p. 53 (com alteração da autora)
4. Demonstrações Financeiras
Iudícibus (1998), ressalta que a Contabilidade está voltada para os interesses da
entidade como distinta de seus proprietários, muito embora o que for útil para a empresa
usualmente seja útil para os proprietários.
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Objetivando se fazer valer dessa utilidade é que neste trabalho serão abordados os
conceitos de Balanço Patrimonial, Demonstração de Renda e de Análise através de Índices
como ferramentas para medir e monitorar a evolução do patrimônio de uma pessoa física.
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4.2 Demonstração de Renda
Para a melhor visualização e o entendimento dos dados, o uso de um gráfico tipo pizza
serve como grande elucidador, conforme abaixo:
Apartamento
23%
Moradia
17%
Automóvel
Alimentação 24%
7%
Tarifa Bancaria
Investimento 1%
3% Lazer
4% Curso Plano de Saúde
Cartão Crédito 9% 7%
6%
Ainda, Kiyosaki (2000) usa vários diagramas para facilitar o entendimento da relação
entre a Demonstração de Renda e o Balanço Patrimonial, assim sintetizados:
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Receita
Trabalha para o Patrão
Despesa
Trabalha para o Governo
Ativo Passivo
Trabalha para o Banco
Aumento/diminuição
5. Metodologia
6. Análise e Discussão
Os resultados apresentados nos gráficos abaixo estão tabulados com base nos 137
questionários respondidos.
Questão 1: Você faz seu planejamento financeiro?
13
Sim
80%
Não
20%
Observa-se, no resultado dessa tabulação que 80% (oitenta por cento) fazem seu
planejamento financeiro enquanto 20% (vinte por cento) não o fazem.
Questão 2: Você faz o acompanhamento do planejamento financeiro elaborado?
Sim
56%
Não
44%
Gráfico 3 – Acompanhamento
Fonte: a autora
O resultado da pesquisa revelou entretanto, que 56% (cinqüenta e seis por cento) dos
entrevistados acompanham o planejamento elaborado enquanto 44% (quarenta e quatro
por cento) não acompanham.
Questão 2.1: Se não, qual o motivo?
Não acha
necessá
rio
36%
Falta de
tempo
43% Outro
21%
14
Quando perguntado aos entrevistados o motivo do não acompanhamento do
planejamento financeiro elaborado 43% (quarenta e três por cento) alegaram falta de
tempo, 36% (trinta e seis por cento) não acham necessário e 21% (vinte e um por cento)
alegaram outros motivos como desorganização, preguiça e falta de habilidade .
Questão 3: Você entende que o Planejamento Financeiro pode lhe auxiliar no uso mais
efetivo de sua renda.
Concordo
totalmente
52% Concordo
46%
Discordo Discordo
totalmente 1%
1%
Programa
Planilha tipo Money
Excel 1%
31%
Anota
Carderno
Outros 56%
12%
Quando perguntado aos entrevistados quais mecanismos utilizam para controle de suas
finanças, 56% (cinqüenta e seis por cento) responderam que utilizam Anotações em
Caderno ou Agenda, 31% (trinta e um por cento), utilizam Planilha de Excel, 12% (doze
por cento) utilizam outros, foram citados: extrato de banco, cabeça e ordem de prioridade
e 1% (um por cento) utilizam Programa Específico Tipo Money.
Questão 5: A Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou o Projeto de Lei
2.831/02, do Dep. Leonardo Prudente, que institui o programa de Educação Financeira nas
escolas da rede pública do DF, voltado para os alunos de 1ª a 8ª séríes com o objetivo de
ensiná-los a poupar e planejar seus gastos. O que você acha desse assunto ser introduzido
desde a infância?
15
Concordo
totalmente Concordo
48% 45%
Discordo Discordo
totalmente 6%
1%
Quanto à introdução da educação financeira nas escolas da rede pública do DF, 48%
(quarenta e oito por cento) concordam totalmente, 45% (quarenta e cinco por cento)
concordam, 6% (seis por cento) discordam e 1% (um por cento) discorda totalmente.
Questão 6: Você faz uma reserva financeira para emergências e imprevistos?
Não
56%
Sim
44%
A pesquisa revelou que 56% (cinqüenta e seis por cento) dos entrevistados não fazem
uma reserva financeira para emergências e imprevistos e 44% (quarenta e quatro por
cento) fazem.
Questão 7: Qual é o grau do seu endividamento com relação a sua renda?
Médio
47% Baixo
37%
Alto
16%
16
Em relação ao grau de endividamento, 47% (quarenta e sete por cento) têm um grau
médio, 37% (trinta e sete por cento) um grau baixo e 16% (dezesseis por cento) um grau
alto.
Questão 8: Dentre os produtos de crédito citados, quais você mais utiliza?
C a rt ã o de
C ré dit o
50%
E m pre s t i
40% C he que mo
E s pe c ia l C o ns igna
30% do
20%
P e nho ra O ut ro
CDC de J ó ia s
10%
0%
40% Im ó v e is
P o upa nç a
F undo s
30%
de Inv e s t i
m e nt o
20%
A çõ es
CDB T í t ulo s do
10% RDB G o v e rno
0%
17
Não
79%
Sim
21%
7. Considerações Finais
O presente trabalho demonstra que a Contabilidade é fundamental na gestão das
finanças pessoais principalmente no tocante ao acompanhamento e controle do planejamento
financeiro elaborado, pois como acontece nas empresas pode-se usar técnicas auxiliares como
fluxo de caixa e conciliação bancária e as consagradas demonstrações financeiras e a análise
através de índices extraídos destas demonstrações, que juntos formam um sistema de
18
informações altamente completo, capaz de subsidiar a tomada de decisão, a revisão do
planejamento e o monitoramento da evolução do patrimônio.
Ao mesmo tempo, isso traz para a Contabilidade alguns desafios como: demonstrar
para as pessoas o benefício de se fazer o acompanhamento de suas finanças, tirar o estigma do
Imposto de Renda e a necessidade de os profissionais da área que são professores trabalharem
esse assunto em suas salas de aula.
Como sugestão para trabalhos futuros, seria interessante realizar uma pesquisa de
campo também com profissionais autônomos e/ou da iniciativa privada para verificarmos as
principais diferenças e testar também qual o grau de conhecimento sobre o assunto das
pessoas com formação em Contabilidade, Economia e Administração comparando com as
outras áreas de formação.
8. Referências
BRASILEIRO trabalha mais de 4 meses para o fisco Para pagar impostos federais, estaduais e
municipais, o trabalhador terá que entregar o equivalente aos salários recebidos até amanhã.
Correio Brasiliense. Brasília, 19 maio 2005. Disponível em:<
http://www2.correioweb.com.br/cbonline/economia/pri_eco_96.htm >. Acesso em: 20 maio
2005.
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Gente, 2004.
EID JUNIOR, William; GARCIA, Fabio Gallo. Como fazer investimentos. 2. ed. São Paulo:
Publifolha, 2001.
EWALD, Luís Carlos. Sobrou Dinheiro! Lições de Economia Doméstica. 7. ed. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
19
GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 1999.
HALFELD, Mauro. Investimentos: como administrar melhor seu dinheiro. 2. ed. São Paulo:
Fundamento Educacional, 2004.
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Contabilidade Introdutória. 9. ed. São Paulo: Atlas, 1998.
KIYOSAKI, Roberto T. ; LECHTER, Sharon L. Pai Rico, Pai Pobre: O que os ricos ensinam
a seus filhos sobre dinheiro. 36. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
LUQUET, Mara. Guia Valor Econômico de Finanças Pessoais. São Paulo: Globo, 2000.
MARTINS, Jose Pio. Educação Financeira ao alcance de todos. São Paulo: Fundamento
Educacional, 2004.
SANTOS, Giovana Lavínia da Cunha; SANTOS, César Sátiro dos. Rico ou Pobre: Uma
Questão de Educação. São Paulo: Armazém do Ipê (Autores Associados), 2005.
SERASA (Centralização dos Serviços Bancários S/A). Saiba como evitar a inadimplência e
garantir o seu futuro. Guia Serasa de Orientação ao Cidadão, 2001.
SOUSA, Almir Ferreira de; TORRALVO, Caio Fragata. A gestão dos próprios recursos e a
importância do Planejamento Financeiro Pessoal. São Paulo: FEA/USP, 2003. Disponível
em:<
http://www.ead.fea.usp.br/Semead/7semead/paginas/artigos%20recebidos/Finan%E7as/FIN0
1-_A_gest%E3o_dos_pr%F3prios_recursos.PDF >. Acesso em: 03 nov. 2005.
VON SOHSTEN, Carlos. Como cuidar bem do seu dinheiro. Rio de Janeiro: Qualitymark,
2004.
20