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JsTI000 HOMICIDIO QUALIFICADO MEIO INSIDIOSO FRIEZA DE ANIMO 1 AMEACA CONCURSO DE INFRACCOES INIMPUTABILIDADE IMPUTABILIDADE DIMINUIDA MEDIDA CONCRETA DA PENA RECURSO PENAL NEGADO PROVIMENTO 1 Resultando, em sintese, da matéria de facto provada que: ~ 0 arguido dirigiu-se a casa da sua ex-companheira, ML, com quem jé nio vivia hd cerca de um ano, levando consigo uma arma de fogo que havia adquirido com 0 propésito de a matar, propésito esse que jé havia formulado; ~ conseguiu que ela o deixasse entrar em casa, mas nfo coneretizou nesse momento a sua intengo, pelo contrario, mostrou-se atencioso ¢ delicado com cla ¢ com os filhos de ambos, 0 que no era habitual; ~ 6 algumas horas depois, ¢ certamente porque a sua “abordagem” ni teré sido bem tecebida, ele ameagou a ML, dizendo-Ihe: “se nfo voltares para mim, mato-te”, apés 0 qne saiu de casa dela, mas regressou logo de seguida, exibindo a arma de fogo ¢ comunicando-Ihe: “Esta arma 6 para te matar”; - expulso pela vitima AL, 0 arguido saiu,;mas ficou a “rondar a casa”, as escondidas dos ali residentes, aguardando a ocasido propicia para concretizar o dito projecto; ~ ¢ ficou a espera, sempre escondido, algumas horas; = entretanto, depois de um telefonema efectuado pela ML para o posto da GNR, compareceram no local duas militares daquela corporagio, mas nem isso demoveu 0 Tecorrente, que permaneceuexactamente nas mesmas __circunstfincias; ~ e alii esteve até que a vitima ML regressou, acompanhada da mf, da cidade de O..., onde tinha ido fazer queixa dele no posto da GNR; ~ foi entiio que, j4 completamente noite, o tecorrente apareceu, de surpresa, ditigiu-se a0 veiculo que a vitima acabara de estacipnar, impediu-a de sair da viatura, como ela pretendia, ¢, estando ela af bloqueada e sem possibilidade de defesa, sobre ela disparou sucessivamente quatro tiros 4 queima-roupa; é correcto conohuir, como o fez o acérdao recorrido, que esta actuagao do arguido, com espera, surpresa e dissimulagao, apanhando a vitima inteiramente desprevenida, encurralando-a no veiculo ¢ colocando-a completamente & sua merc@, constitui, Sem dtivida, um comportamento insidioso, a integrar na al. b) do n.° 2 do art. 132.° do CP, que qualifica o homicidio em fangao da utilizago de veneno ou qualquer outro meio insidioso. 11 - Melo insidioso € um qualquer meio desteal, traigociro, atdiloso, um instrumento de uma armadilha, de uma cilada, situagdo na quial a vitima se encontta especialmente desprotegida perante o agressor, o que toma a conduta deste especialmente censuravel. I - Mas também 6 de considerar preenchida a previsio da al. i), pois todo o comportamento do recorrente ao longo do dia, ¢ jé anteriormente, com a compra da arma, revela a existéncia ¢ persisténcia da decisio de matar a vitima ML. Embora, porventura, no dia do crime, ele ainda acreditasse, remotamente, numa “reconciliagiio”, ¢ dai a sua afabilidade inicial, a verdade é que cle j4 ia armado para o local onde se encontrava a vitima ¢ as suas stcessivas reacedes © ameagas so reveladoras de um propésito homicida 4 formado. Alids, a espera de varias horas, a indiferenga perante a comparéncig da forga publica no local, que nao o intimidou, revela que 0 homicidio resultou de uma Fesolugao criminosa forte, pensada ¢ persistente, nfio de uma resolugao sibita, inesperada ou itreflectida. IV - Por outro lado, as ameagas de morte que o recorrente dirigiu A vitima, no contexto ‘em que foram proferidas, adquirem autonomia. Na verdade, horas antes de executar 0 projecto homicida, o recorrente, por duas vezes, em momentos proximos, ameagou a vitima ML de a matar, a segunda vez exibindo simultaneamente a arma de fogo que iria cfectivamente utilizar para esse efeito. Estas ameagas perturbaram e atemorizaram a ML, © que a levou, primeiro, a telefonar para a GNR e, depois, a deslocar-se ao posto para fazer queixa (pelas ameagas do recorrente). O crime de ameaga consumou-se, pois, horas antes da prética do homicidio, néo sendo possivel estabelecer qualquer relagio entre os dois crimes, em termos de as ameagas se inserirem no processo executive do homicidio (como muitas vezes acontece) ‘V - As circunstancias pessoais provadas [eresceu numa familia rural numerosa marcada pelos maus tratos fisicos infligidos pelo pai a mde e a todos os fithos, tendo estes, por veres, de fugir de casa por periodos indeterminados para escaparem a agressividade do pai}, que marcaram a formagio da personalidade do arguido ~ baixa capacidade de tolerdncia ao stress ¢ a frustragdo, baixa capacidade de autodominio, reduzida auto-estima © tendéncia para a impulsividade — © que dificultaram seguramente 0 seu processo de socializagao, néo atenuam a imputabilidade penal do arguido, nem sequer Ihe reduzem a culpa, VI - Com efeito, uma coisa é compreender as acgSes humanas, as suas motivagées ¢ finalidades, outra, muito diferente, é legitimé-las ou justifies-las. Se é certo que os tragos da personalidade do recorrente, ¢ as marcas que nele deixaram os traumatismos da infincia adolescéncia, podem de alguma forma explicar a sua dificuldade em ace’ recusa da sua companheira cm continuar a ligago marital, a sua tendéncia para o citime doentio ¢ para o sentimento de posse relativamente aquela, bem como a frustragao por vé-la adquirir vontade auténoma e querer seguir vida prépria, nféo é menos verdade que no podem justificar, muito menos legitimar, e nem sequer mitigar, a sue conduta homicida. ‘VII - No caso dos autos, nenhum determinismo obrigou o recorrente a pritica do erime. Ble € 0 nico responsdvel pela resolugtio que tomou, por nfo ter sabido ultrapassar os factores negativos de impulsividade © agressividade de que a sua personalidade é portadora. $6 quando os tragos de personalidade afectam decisivamente a capadidade de autodeterminago pessoal é que eles sero de atender. Ou seja, quando se ultrapassar 0 limiar do patolégico, quando a formag#io da vontade estiver fortemente condicionada, entio € que estaremos no dominio da inimputabilidade (total ou diminuida), 0 que no se provou na situagaio em aprego. ‘VU - Na determinagZo da medida concreta da pena hé que ter em conta que: - a culpa do recorrente é agravada, por um lado, pelo facto de ter tirado a vida @ sua companheira de muitos anos (que com ele fora viver maritalmonte com apenas 13 anos de idade) ¢, por outro, por ter deixado os seus cinco fills sem mic; as exigéncias de prevengtio geral so particularmente fortes, inserindo-se estes factos no fenémeno denominado “violénoia doméstica”, alids na sua vertente mais condenavel, a do homicidio, sendo inquestionavel a necessidade de fixagio de penas cficazes, que nao excedam, obviamente, os limites da culpa; 1 ~ a prevengdo especial apresenta-se exigente, atentas as caractertsti apontadas; ndio merendo censura a medida das penas parcelares [20 anos de prisdo pela prdtica de um crime de homictdio qualificado, p. ¢ p. pelos arts. 131.%e 132.° n.°s 1 e 2, als. h)e i), do CP, 15 meses de prisdo pela pratica de um crime de detengtio de arma proibida, p. ¢ B. pelos arts. 3.% n.* 2, al. ), 4.° € 86.% all ¢), da Lei 5/2006, de 23-02, ¢ 18 meses de prisdo pela prética de um crime de ameaga,;p. e p. pelo art, 153.° n.° 2, do CP} e da pena do coneurso [2/ anos e 10 meses de priséo} aplicadas pela 1.* instancia, Acordam no Supremo Tribunal de Justiga: is de personalidade 1. RELATORIO AA foi condenado pelo tribunal colectivo do 1° Juizo de Ourém, como autor material de um crime de homicfdio qualificado, p. e p. pelos arts, 131° e 132°, n° 1 € 2, h) e i) do CP, na pena de 20 anos de pristio, de um erime de detengfio de arma proibida, p. e p. pelos arts. 3°, n® 2, 1), 4° ¢ 86°, c) da Lei n® 5/2006, de 23-2, na pena de 15 meses de pristo, ¢ ida de um crime de ameaga, p. e p. pelo art. 153%, n° 2 do CP, na pena de 18 meses de pristo; em ctimulo, foi condenado na pena nica de 21 anos e 10 meses de pristo. Dessa decisto recorreu o arguido para este STJ, concluindo desta forma a sua motivagio: a) Na opinio do ora recorrente as qualificativas nflo se verificam no caso em andlise, b) O crime de ameagas € consumido pelo crime de homicfdio, ©) O crime de ameagas é um crime continuado e devia ter o tratamento que tal situagtio implica, 4) O ora recorrente deveria ter sido punido estritamente no ambito do art. 131° do CP, aiento ao tempo, modo e higar como se desenrolaram todos os acontecimentos, sendo certo que 0 citime é, no caso concreto, um elemento privilegiador atenta a formago da Personalidade nio culposa por parte do recorrente, sendd que, como aliés entendia Freud © seus seguidores ¢ a idade do ID coincide com a idade que 0 recorrente tinha, quando se verificaram todas as incidéncias negativas na sua meninice. ©) A pena no deveria ter ultrapassado os 15 anos de priséo. O MP ‘respondeu, sustentando a confirmago na Integra da decisto recorrida, ‘A mesma posigdo foi assumida pela assistente M.... Neste STI, 0 st. Procurador-Geral Adjunto pronunciou-se da seguinte forma: 1- O arguido foi condenado nas penas de 18 meses de pristio pela prética de um crime de ameagas, de 15 meses de pristo pelo crime de detengfo ilegal de arma e 20 anos de prisio pelo de homicfdio qualificado, Em cimulo destas, na pena unitéria de 21 anos ¢ 10 meses de pristo, © arguido, no seu recurso, apresenta as seguintes conchusées:

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