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"Isso não é verdade. A comida natural tem seus diferenciais, como o uso controlado
de gordura e um tempero mais natural, mas, se consumida em excesso, engorda
como qualquer outra", explicou. O tempero dos pratos leva muitas verduras e alho.
Sopas leves, como de peixe, de soja, de ervilha e de lentilha também fazem parte
do cardápio. As carnes são essencialmente peixes, galinha caipira e proteína de
soja. Para temperar, normalmente se usam os óleos de girassol, de milho, de canola
e de arroz ou azeite. Na alimentação natural também se consomem bebidas
quentes, como café de cevada, banchá, capim limão, erva cidreira, dente de leão,
chapéu de couro - raiz de lotus, chá de frutas e de outras ervas medicinais.
Podemos lembrar alguns que fazem parte desses alimentos: os cereais integrais (arroz,
trigo), os frutos secos (nozes, amêndoas, figos, amendoim), as sementes (de gergelim,
abóbora, girassol) as frutas e hortaliças frescas e, ainda, os laticínios provenientes de
animais criados mais naturalmente possível.
É por esse motivo que devemos ter mais atenção e cuidados com os alimentos ingeridos
diariamente, pois eles determinam a qualidade de nossa vida como um todo e da nossa
saúde em particular.
Em todas as nações, há milhares de pessoas que adoecem, sem saber que os seus males
provêem da maneira como se alimentam e dos alimentos adquiridos para seu uso e de
seus familiares. Alergias, doenças cardiovasculares, câncer, estresse, corrimentos, dores
de cabeça, anemias, cálculos, depressão, ansiedade, hemorróidas, varizes, colites, prisão
de ventre, gastrites, inflamações, sinusites, amigdalites, insônia, pesadelos,
irritabilidade, cegueira, dermatites, diabetes, obesidade, eis aí apenas uma pequena
amostra de doenças, para as quais a alimentação contribui de maneira muito
significativa.
Outro perigo conhecido são as frituras, pois é sabido que o óleo quente, em ebulição,
altera as características químicas e orgânicas no alimento mergulhado nele. Na dieta
moderna, a concentração calórica de alimentos encharcados em óleo tiram o lugar das
hortaliças, frutas e cereais in natura. Enquanto o óleo borbulha na frigideira, ele sofre
mudanças químicas que o transformam em bomba dietética. Aconselhamos o uso correto
do azeite de oliva e óleos de PH mais equilibrado.
Do ponto de vista do fabricante, ou do ponto de vista do consumidor, a conceituação do
termo NATURAL, em alimentos, tende a ser muito diferente. Vamos tentar construir um
conceito do ponto de vista do profissional de saúde pública, aqui, após identificar o
conceito industrial e do consumidor.
Para identificar o conceito do fabricante, opta-se por observar o que existe no mercado.
Natural é o sorvete que, em vez de ser todo artificial, contem uma parcela de fruta ou de
sua polpa industrializada. Isso não significa que esse sorvete não contenha diversos
aditivos químicos, inclusive para "reforçar" o sabor, a cor ou o aroma da fruta ali
colocada insuficientemente.
Natural, para o fabricante, é ainda o iogurte sem adição de polpa de fruta ou cereais.
Quer dizer, qualquer produto sem outra adição, é natural. Assim, o leite não
achocolatado é leite natural, o pão sem manteiga seria natural, e a água mineral é
natural. Para alguns consumidores e copeiros, a água se divide em natural e torneiral.
Ou ainda em gelada ou natural (sem gelo). O mate leão, em copinhos, embora
conservado quimicamente, é vendido e anunciado como natural, para diferenciar do
outro tipo, que tem sabor limão e, portanto, não tem o sabor natural de mate.
O CONCEITO EM QUESTÃO
O que seria natural? Fica difícil estabelecer uma definição geral. Na verdade, uma
alface é tão natural quanto um bife. E se aquela for cultivada com agrotóxicos, adubos
químicos, água poluída na irrigação... enquanto o bife resultar de um boi alimentado
com grãos produzidos organicamente (sem adubação química ou agrotóxicos), criado
em ambiente e pastos saudáveis em vez de confinado, sem emprego de anabolizantes,
abatido sem dor ou crueldade, tendo depois sua carne conservada sem aditivos e, até
mesmo, sem congelamento (consumo imediato, após breve resfriamento), então é até
possível considerar que esta carne devesse ser considerada mais natural que a alface...
Existe, contudo, uma percepção que associa produtos vegetais ao natural. E o próprio
naturismo estaria associado ao vegetarianismo.
BUSCANDO RESPOSTAS
O termo natural, como vemos, é de natureza diversa de termos como, por exemplo,
kosher, produzido segundo as normas judaicas, para esse tipo de consumidor. E também
não é da mesma categoria do termo vegetal, pois se não existe uma bem definida dieta
naturista, não há dúvida que pode existir uma dieta estritamente vegetariana, onde não
se incluiriam alimentos de origem animal. Note-se, dentre outros exemplos possíveis, o
caso dos preparos em pó para produção de gelatinas. Estes tantos podem ser produzidos
a partir do colágeno bovino, como a partir de algas. Tanto pode ser uma gelatina de
origem vegetal quanto animal. E isso, certamente, deveria estar bem claro na rotulagem.
PERCEPÇÕES E MERCADOS
Não se pode acreditar que exista uma efetiva tentativa de mentir para o consumidor.
Este, certamente, não pode se dizer enganado, pois compreende como risível o anúncio,
nas praias, de sanduíches naturais de peito de peru ou ricota, dentre outros ingredientes
igualmente industrializados, ou mesmo enlatados, se não inclusive artificiais ou
contendo aditivos químicos variados. São fatos que violam, com certeza, as fronteiras
do que a percepção pública assume como natural.
Poderia ser questionado que o consumidor não está rigidamente ancorado no significado
bromatológico do natural, e sim no significado semiológico, consumindo mais símbolos
que, verdadeiramente, substâncias. E poderia ser levantado que, nesse sentido, as
normas de identidade e qualidade, em particular aquelas que tratam de rotulagem e
propaganda, deveriam cuidar não apenas do substantivo, mas também do simbólico.
Nesses casos, o consumidor, embora não exatamente enganado, estaria, pelo menos,
sendo induzido a erros.
Da mesma forma, um grão de trigo, ou de milho, está na natureza para dar origem a
outra planta, de trigo ou milho, e não para virar pão ou pipoca. Da mesma forma que um
ovo existe não para virar omelete, e sim para gerar outra ave.
Olhando menos filosoficamente, com mais tolerância, natural seria aquela cereja
vegetal, in natura ou mesmo em conserva, mesmo em lata, fazendo contraponto com a
cereja artificial, aquela feita de jujuba, colorida quimicamente, para enfeitar coquetéis.
Também natural seria aquele iogurte com morango que, em vez de corantes e
aromatizantes artificiais, teve adição unicamente de polpa da fruta. Mas continuaria
sendo natural se a sua cor, em vez de advir do vermelho do morango, adviesse do
vermelho do corante natural extraído da beterraba ou da casca da uva ?