Sunteți pe pagina 1din 54

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software

http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

A Doutrina Reformada da Predestinação


por

Loraine Boettner, D.D.a

Capítulo 1 - Introdução
A doutrina da Predestinação recebe comparativamente pouca atenção
em nossos dias e é muito imperfeitamente compreendida, mesmo por
aqueles que supostamente deveriam sustentá-la mais lealmente. É uma
doutrina, contudo, que faz parte do credo da maioria das igrejas
evangélicas, e que tem tido uma influência notável em ambos, Igreja e
Estado. Os regimentos de várias ramificações das Igrejas Presbiteriana e
Reformada na Europa e nos EUA são plenamente Calvinistas. As Igrejas
Batista e Congregacional, embora não tenham credos formulados,
foram no princípio Calvinistas, se pudermos julgar pelos escritos e
ensinos dos teólogos que as representam. A grande igreja livre da
Holanda e quase todas as igrejas da Escócia são Calvinistas. A Igreja
Estabelecida da Inglaterra e sua filha, a Igreja Episcopal da América,
têm um credo Calvinista nos “Trinta e nove Artigos”. Os Metodistas de
Whitefield em Gales até hoje mantêm o nome de “Metodistas
Calvinistas”.

Entre os que advogaram esta doutrina no passado e os que ainda o


fazem no presente, podemos encontrar alguns dos maiores e mais
sábios homens do mundo. Foi ensinado não somente por Calvino, mas
por Lutero, Zuínglio, Melancton (embora ele mais tarde se retratasse
numa posição mais Semi-Pelagiana), por Bullinger, Bucer e todos os
grandes líderes da Reforma. Enquanto diferissem em alguns pontos,
eles concordavam com esta doutrina da Predestinação e ensinaram-na
enfaticamente. O trabalho principal de Lutero, “The Bondage of de Will”
(O Cativeiro da Vontade), mostra que ele mergulhou na doutrina tão
ardorosamente quanto Calvino o fizera. Ele inclusive discorreu sobre ela
mais apaixonadamente e percorreu-a mais profunda e detalhadamente
do que Calvino o fizera. E a Igreja Luterana hoje, a julgar pela “Fórmula
de Concórdia” sustenta a doutrina da Predestinação numa forma
modificada. Os Puritanos na Inglaterra e aqueles que no passado
estabeleceram-se na América, tanto quanto os “Covenanters” na
Escócia e os Huguenotes na França, foram Calvinistas; e aqui pouco
crédito para os historiadores em geral, por tão grande silêncio haver
sido mantido sobre tal fato. Esta fé também foi por algum tempo
sustentada pela Igreja Católica Romana, e em nenhuma ocasião foi
repudiada abertamente por ela. A doutrina da Predestinação, de
Agostinho, colocou contra ele próprio todos aqueles elementos na Igreja
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

que jogou-o contra cada homem que subestimava a soberania de Deus.


Ele os sobrepassou, e a doutrina da Predestinação adentrou à crença da
igreja Universal. A grande maioria dos credos históricos da Cristandade
têm estabelecido as doutrinas da Eleição, da Predestinação e da
Perseverança final, como prontamente será visto por qualquer um que
proceda a um profundo e minucioso estudo do assunto. Por outro lado,
o Arminianismo existiu por séculos somente como uma heresia nos
arrebaldes da verdadeira religião, e de fato não foi eleito como campeão
pela igreja Cristã organizada até o ano de 1784, a qual época foi
incorporado ao sistema da doutrina da Igreja Metodista na Inglaterra.
Os grandes teólogos da história, Agostinho, Wycliffe, Lutero, Calvino,
Zuínglio, Zanchius, Owen, Whitefield, Toplady, e em tempos mais
receintes Hodge, Dabney, Cunningham, Smith, Shedd, Warfield e
Kuyper, abraçaram esta doutrina e a ensinaram com entusiasmo. Que
eles tenham sido luzes e ornamentos do mais alto tipo de Cristianismo,
será admitido por praticamente todos os Protestantes. Mais ainda, suas
obras neste tão importante tema nunca tiveram réplica. Então, também,
quanto paramos para considerar que entre as religiões não cristãs o
Islamismo tem tantos milhões que crêem em alguma forma de
Predestinação, que a doutrina do Fatalismo tem sido de uma forma ou
de outra sustentada em várias nações não convertidas e que as
filosofias mecanísticas e determinísticas têm exercido influência tão
grande na Inglaterra, Alemanha e América, vemos que pelo menos vale
a pena estudar tal tipo de doutrina.

Desde a época da Reforma até mais ou menos duzentos anos atrás,


estas doutrinas eram bravamente trazidas à baila pela grande maioria
dos ministros e mestres nas igrejas Protestantes, mas hoje em dia
encontramos a grande maioria sustentando e ensinando outros
sistemas. É muito raro nos depararmos com aqueles chamados
“Calvinistas sem reserva”. Podemos muito apropriadamente aplicar às
nossas próprias igrejas as palavras de Toplady com relação à Igreja da
Inglaterra: “Idos são os tempos em que as doutrinas Calvinistas eram
consideradas e defendidas como o Palladium de nossa Igreja
Estabelecida; pelos seus bispos e clero, pelas universidades e por todo o
povo leigo. Foi, durante os reinados de Eduardo VI, Rainha Elizabeth,
Tiago I e a grande parte de Carlos I, tão difícil encontrar um clérigo que
não pregasse as doutrinas da Igreja da Inglaterra, como é agora difícil
encontrar alguém que o faça. Temos genericamente abandonado os
princípios da Reforma, e “Ichabod” , ou 'a glória se foi', tem sito escrito
na maioria de nossos púlpitos e das portas de nossas igrejas, desde
então”. [1]

A tendência neste nossa era mais iluminada, é olharmos para o


Calvinismo como um credo surrado e obsoleto. No começo do seu
esplêndido artigo “A Fé Reformada no Mundo Moderno”, o Professor F.
E. Hamilton diz, “Parece ser tacitamente assumido por um grande
número de pessoas na Igreja Presbiteriana atual que o Calvinismo
cresceu demasiado nos círculos religiosos. Na verdade, um membro
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

comum de uma igreja, ou mesmo ministro do Evangelho, tendem a


olhar para uma pessoa que declara acreditar na Predestinação, com um
misto de divertida tolerância. Parece-lhes incrível que ainda exista tal
curiosidade intelectual como um Calvinista real numa época de
iluminismo como a presente. Quanto a examinar seriamente os
argumentos do Calvinismo, tal idéia nunca entra em suas cabeças.
Considera-se tão fora de questão como a Inquisição, ou como um
mundo criado (“a partir da e pela vontade de uma força maior”), e olha-
se para isso como se fosse uma daquelas fantásticas linhas de
raciocínio que os homens tinham antes da idade da ciência moderna”.
Por causa desta atitude atualmente tomada com relação ao Calvinismo,
e por causa da falta geral de informação com relação a estas doutrinas,
reputamos o tema deste livro como de suma importância.

Foi Calvino quem fermentou e trabalhou este sistema de pensamento


teológico com tal ênfase e clareza lógica que desde então tem sido
referido pelo seu próprio nome. É claro que ele não originou o sistema,
mas simplesmente trabalhou com o que lhe pareceu ressaltar com
brilho especial nas páginas das Sagradas Escrituras. Agostinho havia
ensinado o básico, o essencial do sistema mil anos antes do nascimento
de Calvino, e todo o corpo de líderes do movimento da Reforma ensinou
o mesmo. Mas foi Calvino, com seu profundo conhecimento das
Escrituras, seu destacado intelecto e gênio sistemático, quem alinhou e
defendeu estas verdades mais clara e habilmente do que alguém jamais
houvera feito.

Nós nos referimos a este sistema de doutrina como “Calvinismo”, e


aceitamos o termo “Calvinista” como nosso emblema de honra; ainda
que nomes sejam meras conveniências. “Nós podemos”, diz Warburton,
“bem apropriadamente, e igualmente com toda razão, referirmo-nos à
gravidade como 'Newtonismo', porque os princípios da gravidade foram
primeiramente trabalhados e demonstrados pelo grande filósofo
Newton. Muito antes que Newton nascesse, a humanidade já convivia
com os fatos da gravidade. Tais fatos eram visíveis a qualquer um desde
o primeiro dia da criação do mundo, tanto quanto gravidade foi uma
das leis que Deus ordenou e decretou para a organização e o equilíbrio
do universo. Mas os princípios da gravidade não eram totalmente
conhecidos, e os efeitos do poder e da influência da gravidade não eram
totalmente conhecidos até que fossem 'descobertos' por Sir Isaac
Newton. Assim, também aconteceu com o que os homens denominam
Calvinismo. Os princípios inerentes ao Calvinismo têm existido por eras
e eras antes que Calvino nascesse. Tais princípios de fato têm estado
visíveis como fatores patentes na história do mundo desde o tempo da
criação do homem. Mas tanto quanto foi Calvino quem primeiro
formulou estes princípios em um sistema mais ou menos completo, tal
sistema, ou credo, como queira referir-se a tal, e consoantemente
aqueles princípios que são arrolados nele, vieram a ter o seu nome”. [2]
Nós podemos ainda adicionar que os nomes “Calvinista”, “Luterano”,
“Puritano”, “Peregrino”, “Metodista”, “Batista” e ainda o nome "Cristão",
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

foram originalmente apelidos. Mas a sua utilização veio a estabelecer a


validade e o bom entendimento dos seus significados.

O atributo que proporcionou tal força ao ensino de Calvino foi seu


apego à Bíblia e à sua inspiração e autoridade. Calvino foi mencionado
como o mais proeminente teólogo bíblico de sua época. Até onde a
Bíblia o guiou ele foi; parando peremptoriamente onde quer que as
respostas ou indicações na Bíblia cessassem. Esta sua recusa em
seguir mais adiante do que estivesse escrito, juntamente com sua
pronta aceitação do que a Bíblia ensinava, deu às suas declarações um
ar de finalidade e positividade que tornaram-no ofensivo aos seus
críticos. Devido ao seu discernimento afiado e ao seu poder de
raciocínio lógico ele quase sempre era rotulado como um mero teólogo
especulativo. Que ele tinha um gênio especulativo de primeira grandeza,
é claro, não pode ser negado; e na relevância pertinência de sua análise
lógica ele teve uma arma que o fez terrível para seus inimigos. Mas não
era desses dons que ele dependia primariamente enquanto formulando
e desenvolvendo o seu sistema teológico.

O intelecto poderoso e ativo de Calvino levava-o a explorar o íntimo de


cada objeto que tocasse. Foi longe em suas investigações sobre Deus e o
plano da redenção, penetrando em mistérios com os quais a maioria dos
homens raramente sonha, quando muito. Ele trouxe à luz um lado das
Escrituras que até então havia sempre estado em sombras e enfatizou
aquelas verdades profundas que comparativamente haviam escapado à
atenção da igreja nos tempos que precederam a Reforma. Ele trouxe à
luz doutrinas do apóstolo Paulo que estavam no esquecimento, as
colocou inteira e completamente no entendimento de uma grande parte
da Igreja Cristã.

Talvez esta doutrina da Predestinação tenha provocado uma grande


tempestade de oposição, e sem dúvida tem sido mais erroneamente
interpretada e caricaturada, que qualquer outra doutrina das
Escrituras Sagradas. “Para dizer antes de outra coisa”, diz Warburton,
“é como balançar a proverbial bandeira vermelha na frente de um touro
irado. Tal ato desperta as paixões mais ferozes de sua natureza, e traz à
tona uma torrente de abuso e calúnia. Mas, porque os homens têm
lutado contra tal, ou porque eles odeiam, ou talvez não compreendam,
não há uma causa lógica ou razoável por que deveríamos abandonar a
doutrina ao léu, ou livrarmo-nos dela. A questão real, o ponto crucial
não é 'Como os homens a recebem?' mas, 'Será que é verdadeira?'” [3]

Um motivo pelo qual muita gente, até pessoas supostamente educadas,


são tão rápidas em rejeitar a doutrina da Predestinação é a pura
ignorância do que realmente a doutrina é e o que a Bíblia ensina com
relação a ela. Esta ignorância não é de fato surpreendente quando
considerando a quase mais completa falta de treinamento Bíblico nos
nossos dias. Um estudo meticuloso da Bíblia convenceria muitas
pessoas de que ela é um livro muito diferente do que assumem que seja.
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

A tremenda influência que esta doutrina tem exercido na história da


Europa e da América deveria pelo menos qualificá-la a uma atenção
mais respeitosa. Além do mais, consideramos que de acordo com todas
as leis da lógica e da razão, nenhum indivíduo tem o direito de negar a
verdade de uma doutrina sem primeiro haver estudado de forma
imparcial a evidência de ambos lados. Esta é uma doutrina que lida
com algumas das mais profundas verdades reveladas nas Escrituras e é
certo que abundantemente beneficiará os Cristãos que minuciosamente
a estudarem. Se alguém estiver disposto a rejeitá-la sem antes estudá-
la cuidadosamente seus preceitos, então não devemos nos esquecer que
ela foi o cerne da firme convicção de multidões dos mais sábios e
melhores homens que já viveram, e que deve haver, portanto, fortes
motivos favoráveis à sua verdade.

Talvez algumas palavras de cuidado devessem ser dadas aqui, no


sentido de que enquanto a doutrina da Predestinação é uma verdade
grande e abençoada das Escrituras e uma doutrina fundamental de
várias igrejas, ela não deve ser encarada como sendo o cerne e a
substância da Fé Reformada. Como o Dr Kuyper disse, “É um erro
descobrir o caráter específico do Calvinismo na doutrina da
Predestinação, ou na autoridade da Bíblia. Para o Calvinismo tudo isso
é conseqüência lógica, não o ponto de partida — as folhagens
testemunham a beleza e a riqueza do seu crescimento, mas não a raiz
de onde brotou”. Se a doutrina for separada da sua associação natural
com outras verdades e exibida sozinha, o efeito é exagerado. O sistema
então estará distorcido e mal interpretado. Um testemunho de qualquer
princípio, para ser verdadeiro, deve apresentar (aquele princípio) em
harmonia com todos os demais elementos dos sistema do qual ele faz
parte. A Confissão de Fé de Westminster é um testemunho equilibrado
deste sistema como um todo, e dá a devida proeminência àquelas
doutrinas, tais como a da Trindade, a da Divindade de Cristo, a da
personalidade do Espírito Santo, a da Inspiração das Escrituras, a dos
Milagres, a da Reconciliação, a da Ressurreição, a da volta de Cristo, e
assim por diante. Ademais, nós não negamos que os Arminianos
sustentam muitas verdades importantes. Mas nós sustentamos que
uma exposição completa e detalhada do sistema Cristão pode ser dada
somente com base na verdade apresentada pelo sistema Calvinista.

Na mente da maioria das pessoas a teoria da Predestinação e o


Calvinismo são praticamente sinônimos. Contudo, não deveria ser este
o caso, e a identificação muito próxima dos dois tem, sem dúvidas,
contribuído muito para o preconceito de muitas pessoas contra o
sistema Calvinista. O mesmo é verdadeiro também com relação a uma
mui próxima identificação do Calvinismo e “Os Cinco Pontos”, como
será mostrado adiante. Enquanto a Predestinação e Os Cinco Pontos
são elementos essenciais do Calvinismo, eles de forma alguma
constituem a sua íntegra.
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

A doutrina da Predestinação tem sido o tema de discussões infindáveis,


muitas das quais, é preciso admitir, ocorreram com o intuito de
suavizar suas formas ou mesmo de explicá-la. “A consideração desta
grande doutrina”, diz Cunningham, “atinge os mais profundos e
inacessíveis assuntos que podem ocupar as mentes dos homens, — a
natureza e os atributos, os propósitos e os atos do infinito e
incompreensível Jeová, — vista especialmente nos Seus
comportamentos quanto aos destinos eternos das Suas criaturas
inteligentes. A natureza peculiar do assunto certamente requer, com
justa razão, que deva ser sempre abordada com a mais profunda
humildade, cautela e reverência, já que ela nos põe em contato, por um
lado, com um assunto tão terrível e avassalador quanto a eterna miséria
de uma multidão inumerável de nossos semelhantes. Muitos homens
têm discutido o assunto nesse espírito, mas muitos também têm se
satisfeito com especulação muito presunçosa e irreverente sobre o tema.
Não há provavelmente nenhum outro assunto que tenha ocupado mais
a atenção de homens inteligentes em qualquer época que a doutrina da
Predestinação. Ela tem sido exaustivamente discutida em todos os seus
aspectos, filosófico, teológico e prático; e se houver algum motivo de
especulação com relação ao qual nós somos assegurados em dizer que
ela tem sido esmiuçada, é este.

“Pelo menos alguns dos tópicos arrolados sob o título geral foram
discutidos por quase todos filósofos de eminência tanto na antigüidade
como nos tempos modernos. * * * Todos os argumentos que a maior
capacidade, genialidade e acuracidade podem elencar foram trazidos à
baila na discussão deste tema, e as dificuldades relacionadas ao mesmo
nunca foram completamente eliminadas, e nós estamos bem seguros
em afirmar que elas nunca o serão, a menos que Deus nos revele mais
amplamente ou nos dê capacidades maiores, — embora, talvez, fosse
mais correto dizer que, desde a própria natureza do caso, um ser finito
nunca possa compreendê-la totalmente, desde que tal implicaria que
aquele próprio ser finito seria capaz de compreender totalmente a mente
infinita”. [4]

No desenvolvimento deste livro utilizou-se muito de outras obras, de


forma que pudesse conter a nata e a mais pura essência dos melhores
escritores do tema. Conseqüentemente muitos dos argumentos aqui
encontrados são de homens muito superiores a este escritor. De fato,
quando observando o conjunto, sou inclinado a dizer com um celebrado
escritor Francês, “Colhi um buquê de variadas flores dos jardins dos
homens, e nada é realmente meu, senão o fitilho que as mantém
unidas”. Ainda assim muito é seu próprio, especialmente no que refere-
se à organização e arranjo dos materiais.

No decorrer deste livro, os termos “predestinação” e “pré-ordenação” são


usados como sinônimos exatos, a escolha tendo sido determinada
somente pelo gosto. Se desejar-se distinção, o termo “pré-ordenação”
pode talvez ser melhor utilizado quando o sujeito em referência for um
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

evento na história ou na natureza, enquanto que o termo


“predestinação” pode referir-se principalmente ao destino final das
pessoas. As citações das Escrituras foram extraídas da “Versão
Americana” da Bíblia, ao invés da “Versão King James”, já que a
primeira é mais acurada.

O autor deseja agradecer particularmente ao Dr. Samuel G. Craig,


Editor da CHRISTIANITY TODAY, ao Dr. Frank H. Stevenson, Presidente
do Conselho Curador do Seminário Teológico Westminster, ao Dr
Cornelius Van Til, Professor de Apologética no Seminário Teológico
Westminster, ao Dr. C. W. Hodge, Professor de Teologia Sistemática no
Seminário Teológico de Princeton, sob a supervisão de quem este
trabalho num formato muito mais curto foi originalmente preparado, e
ao Rev. Henry Atherton, Secretário Geral da União Soberana Graça, em
Londres, Inglaterra, pela valiosa assistência.

Este livro, repetimos, é designado a apresentar e a defender a Fé


Reformada, comumente conhecida como Calvinismo. Ele não é
direcionado contra nenhuma denominação em particular, mas contra o
Arminianismo em geral. O autor é Presbiteriano [5], mas ele está bem
ciente do afastamento radical que tropas de Presbiterianos têm feito do
seu próprio credo. O livro é posto adiante com a esperança de que
aqueles que professam sustentar a Fé Reformada possam ter um
melhor entendimento das grandes verdades que são aqui tratadas e
possam mais altamente valorizar sua herança; e que aqueles que não
têm conhecimento deste sistema, ou que se opõem ao mesmo, possam
ser convencidos da sua verdade e venham a amá-lo.

A questão que então se nos apresenta é esta: — Deus, desde toda a


eternidade, pré-ordenou todas as coisas que vieram e que virão a
acontecer? Se sim, que evidência disto nós temos, e como pode o fato
ser consistente com o livre arbítrio das criaturas racionais e com as
Suas próprias perfeições?

NOTAS:

[1] - Prefácio ao Predestinação de Zanchius, p. 16.


[2] - Warburton, Calvinism, p. 2.
[3] - Warburton, Calvinism, p. 23.
[4] - Cunningham. Historical Theology II, pp. 418, 419.
[5] - O autor, um leigo, é membro da Igreja Presbiteriana Ortodoxa. Esta
é uma das menores denominações, mas uma que procura fielmente
manter a herança Reformada.
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Capítulo 2 - Enunciado da Doutrina

Na Confissão de Fé de Westminster, que estabelece as crenças das


Igrejas Presbiteriana e Reformada e a qual é a mais perfeita expressão
da Fé Reformada, lemos: “Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito
sábio e santo conselho da Sua própria vontade, ordenou livre e
inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é
o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada
a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes
estabelecidas”. E mais adiante, “Ainda que Deus sabe tudo quanto pode
ou há de acontecer em todas as circunstâncias imagináveis, Ele não
decreta coisa alguma por havê-la previsto como futura, ou como coisa
que havia de acontecer em tais e tais condições”.

A doutrina da Predestinação representa os propósitos de Deus como


absolutos e incondicionais, independentes de toda a criação finita, e
como originados somente no conselho eterno da Sua vontade. Deus é
visto como o grande e poderoso Rei que apontou o curso da natureza e
quem direciona o curso da história até os seus menores detalhes. Seu
decreto é eterno, imutável, santo, sábio e soberano. Estende-se não
meramente ao curso do mundo físico, mas a cada acontecimento na
história humana desde a criação até o juízo final, e inclui todas as
atividades dos santos e anjos no céu e dos condenados e dos demônios
no inferno. Abrange todo escopo da existência das criaturas, através do
tempo e da eternidade, compreendendo imediatamente todas as coisas
que já foram ou que virão a ser em suas causas, condições, sucessões e
relações. Tudo fora do próprio Deus está incluso neste decreto todo
abrangente, e muito naturalmente, já que todas as demais coisas
viventes devem a sua existência e a sua continuidade em existência ao
Seu poder criativo e sustentador. Possibilita controle providencial sob o
qual todas as coisas concorrem para o fim que Deus tem determinado; e
o objetivo é:

“Um distante acontecimento divino;


Em direção do qual toda a criação se move”.

Desde que a criação finita, em toda a sua extensão, existe como um


meio através do qual Deus manifesta a Sua glória, e desde que ela é
absolutamente dependente dEle, de si própria não poderia criar
condição alguma que limitasse ou abatesse a manifestação daquela
glória. Desde toda a eternidade Deus estabeleceu fazer justamente o
que Ele está fazendo. Ele é o Regente soberano do universo, “...e
segundo a sua vontade ele opera no exército do céu e entre os
moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer:
Que fazes?” [Daniel 4:35]. Desde que o universo tem a sua origem em
Deus e depende dEle para a continuação da sua existência, deve, em
toda parte e em todo momento, sujeitar-se ao Seu controle para que
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

nada aconteça contrário ao que Ele expressamente decreta ou permite.


Assim, o propósito eterno é representado como um ato soberano de
predestinação ou pré-ordenação, e incondicionado por qualquer fato
subseqüente ou mudança no tempo. Destarte, é representada como
sendo a base da presciência divina de todos acontecimentos futuros, e
não condicionada por aquela presciência ou por qualquer coisa
originada pelos mesmos acontecimentos.

Os teólogos reformados, lógica e consistentemente, aplicaram às esferas


da criação e da providência aqueles grandes princípios que foram mais
tarde arrolados nos Símbolos de Westminster. Eles viram a mão de
Deus em cada acontecimento em toda a história da humanidade e em
todos os prodígios da natureza física, de modo que o mundo fosse a
completa realização do ideal eterno no tempo. O mundo como um todo,
e em todas as suas partes e movimentos e mudanças, foi unificado em
uma unidade pela atividade governante, permeadora e harmonizadora
vontade divina, e o seu propósito era manifestar a glória divina.
Enquanto a concepção deles era de uma divina ordenação de todo o
curso da história em todos os detalhes, eles estavam especialmente
preocupados com a relação entre aquela ordenação e a salvação do
homem. Calvino, teólogo sistemático e brilhante da Reforma, colocou o
assunto assim: “Chamamos Predestinação o decreto eterno de Deus,
pelo qual Ele em Si mesmo determinou, o que Ele faria de cada
indivíduo da raça humana. Pois eles não são criados com um destino
em comum, mas a vida eterna é pré-ordenada para alguns enquanto
que a morte eterna pré-ordenada para outros. Cada homem, portanto,
tendo sido criado para um ou outro daqueles destinos, dizemos que é
predestinado, seja para a vida ou para a morte”. [1]

Lutero era tão zeloso pela predestinação absoluta quanto Calvino, como
vemos em seu comentário sobre Romanos, onde ele escreveu: “Todas as
coisas, o que quer que seja, provém de, e dependem do apontamento
divino; através do qual foi pré-ordenado quem deveria receber a palavra
da vida, e quem deveria descrer dela; quem deveria ser livrado dos seus
pecados, e quem deveria permanecer neles; e quem deveria ser
justificado e quem deveria ser condenado”. E Melancton, seu amigo
pessoal e companheiro de trabalho, diz: “Todas as coisas acontecem de
acordo com a divina predestinação; não somente as obras que fazemos
externamente; mas mesmo os nossos pensamentos interiores”; e
novamente, “Não há tal coisa como acaso, ou sorte; nem há nenhum
caminho imediato para ganhar o temor de Deus, e para colocar toda a
nossa confiança nEle, que não seja cabalmente versado na doutrina da
Predestinação”.

“A ordem é a primeira lei do céu”. Do ponto de vista divino há uma linha


intacta, contínua de ordem e de progresso, desde o princípio da criação
até o final do mundo e a instalação do reino dos céus em toda a sua
glória. O propósito e plano divinos em nenhum momento é interrompido
ou derrotado; aquilo que muitas vezes nos parece ser derrota não o é
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

realmente, mas somente aparenta sê-lo, porque a nossa natureza finita


e imperfeita não nos permite ver todas as partes no inteiro, nem o
inteiro em todas as suas partes. Se num relance nós pudéssemos
vislumbrar “o grandioso espetáculo do mundo natural e o drama
complexo da história humana”, veríamos então o mundo como uma
unidade em harmonia manifestando a perfeição gloriosa de Deus.

“Embora o mundo pareça estar girando a esmo”, diz Bishop, “e


acontecimentos serem amontoados num caos cego e rude desordem,
ainda assim, Deus vê e conhece a concatenação de todas as causas e
efeitos, e tanto os governa que Ele faz perfeita harmonia daquilo tudo
que parece confusões e desordens. É muito necessário que devamos ter
nossos corações bem estabelecidos na sólida e firme crença desta
verdade, que o que quer que venha a acontecer, seja bom ou mal, nós
possamos olhar para a autoridade, para Deus. Com respeito a Deus,
não há nada casual nem contingente no mundo. Se um mestre deva
enviar um servo a um certo lugar e ordenar-lhe que permaneça lá até
tal momento, e depois mandar um outro servo ao mesmo lugar, o
encontro desses dois é totalmente casual com relação a eles próprios,
mas ordenado e previsto pelo mestre que os enviou. As coisas
acontecem inesperadamente para nós, mas não para Deus. Ele prevê e
Ele aponta todas as vicissitudes das coisas”. [2]

O salmista exclamou, “Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu


nome em toda a terra!” [Salmo 8:9] e o escritor de Eclesiastes diz, "Tudo
fez formoso em seu tempo...” [Eclesiastes 3:11]. Na visão que o profeta
Isaías teve, o serafim cantava, “...Santo, santo, santo é o Senhor dos
exércitos; a terra toda está cheia da sua glória” [Isaías 6:3]. Quando
vemos a partir deste ponto de vista divino, cada acontecimento no curso
da vida humana em todas as eras e em todas as nações tem, não
importa quão insignificante possa parecer-nos seu lugar exato no
desenvolvimento do plano eterno. Tem relações com as causas
precedentes e exerce influência sempre crescente através dos seus
efeitos, de maneira a estar relacionada com todo o sistema de coisas e
desempenha sua parte individual na manutenção do perfeito equilíbrio
desta ordem mundial. Muitos exemplos podem ser dados para mostrar
que acontecimentos da maior importância têm muitas vezes dependido
do que à época pareceu ser acontecimentos dos mais fortuitos e triviais.
A inter-relação e conexão de acontecimentos é tal que se um destes
fosse omitido ou modificado, toda a seqüência seria também modificada
ou simplesmente não aconteceria. Por conseguinte, a certeza de que a
administração divina se apóia na pré-ordenação de Deus estendida a
todos acontecimentos, tanto grandes como pequenos. E,
especificamente, nenhum acontecimento é pequeno demais; cada um
tem o seu lugar exato no plano divino, e alguns, somente alguns, são
relativamente maiores que outros. O curso da história, portanto, é
infinitamente complexo, ainda assim, uma unidade aos olhos de Deus.
Esta verdade, junto com a razão para tanto, é lindamente sumarizada
no Catecismo Menor, que diz que, “Os Decretos de Deus são o seu
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

eterno propósito, segundo o conselho da sua vontade, pelo qual, para a


sua própria glória, ele preordenou tudo o que acontece”.

O Dr. Abraham Kuyper, da Holanda, que é reconhecido como um dos


mais destacados teólogos calvinistas nos anos recentes, dá-nos um
pensamento valioso no seguinte parágrafo: “A determinação da
existência de todas as coisas a serem criadas, se uma flor vai ser uma
camélia ou um copo-de-leite, se um pássaro vai ser um rouxinol ou um
corvo; se um animal vai ser um cervo ou um porco, e igualmente entre
os homens, a determinação de nossas próprias pessoas, se alguém vai
nascer como um menino ou menina, rico ou pobre, tolo ou inteligente,
branco ou de cor, ou mesmo como Abel ou Caim, é a mais tremenda
predestinação concebível no céu ou na terra; e ainda vemo-la acontecer
ante nossos próprios olhos todos os dias, e nós mesmos somos sujeitos
a ela em nossa inteira personalidade; durante toda a nossa existência,
nossa própria natureza, nossa posição na vida sendo inteiramente
dependente dela. Esta predestinação, que abrange a tudo e a todos, os
Calvinistas a colocam não nas mãos do homem, e ainda menos nas
mãos de cegas forças da natureza, mas nas mãos de Deus Todo-
Poderoso, soberano Criador e Dono do céu e da terra; e é na ilustração
do oleiro e do barro que a Bíblia tem exposto a nós esta eleição que a
tudo e todos domina, desde os tempos dos profetas. Eleição na criação,
eleição na providência, e também eleição para a vida eterna; eleição no
reino da graça, tanto quanto no reino da natureza”. [3]

Nós não podemos apreciar adequadamente esta ordem mundial até que
a vejamos como um sistema poderoso através do qual Deus está
concretizando os Seus planos. O teísmo claro e consistente de Calvino
proporcionou-lhe um senso intenso da infinita majestade do Deus Todo-
Poderoso, em cujas mãos repousam todas as coisas, e fez dele um
'predestinacionista' de vulto. Em sua doutrina do propósito eterno e
incondicional do Deus onisciente e onipotente, ele encontrou o
programa da história da queda e da redenção da raça humana. Ele
aventurou-se destemida, mas reverentemente, sobre a borda daquele
abismo de especulação onde todo o conhecimento humano perde-se em
mistério e adoração.

A Fé Reformada, então, oferece-nos um grande Deus que é realmente o


soberano Regente do Universo. “Tal grande princípio”, diz Bayne, “ é a
contemplação do universo de Deus revelado em Cristo. Em todos
lugares, em todos tempos, de eternidade a eternidade, o Calvinismo vê a
Deus”. Nossa era, que enfatiza a democracia, não gosta de tal visão, e
talvez nenhuma outra era tenha gostado menos. A tendência hoje é
exaltar o homem e dar a Deus somente uma parte muito limitada nos
acontecimentos do mundo. Como o Dr. A. A. Hodge disse, “A nova
teologia, postulando a limitação da antiga, está descartando a pré-
ordenação de Jeová como um artifício surrado das escolas,
desacreditado pela cultura avançada do presente. Esta não é a primeira
vez que as corujas, confundindo as sombras de um eclipse passageiro
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

com a noite, prematuramente guincharam para as águias, convencidas


de que o que lhes era invisível não poderia possivelmente existir”. [4]

Esta é, em geral, a concepção ampla da predestinação, como foi


sustentada pelos grandes teólogos das Igrejas Presbiteriana e
Reformada.

A pré-ordenação é mostrada de maneira explícita nas Escrituras.

Atos 4:27, 28 : “[27] Porque verdadeiramente se ajuntaram, nesta


cidade, contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, não só
Herodes, mas também Pôncio Pilatos com os gentios e os povos de
Israel; [28] para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho
predeterminaram que se fizesse”.

Efésios 1:5 : “E nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus
Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade”.

Efésios 1:11 : “nEle, digo, no qual também fomos feitos herança,


havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas
as coisas segundo o conselho da sua vontade”.

Romanos 8:29, 30 : “Porque os que dantes conheceu, também os


predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que
ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a
estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e
aos que justificou, a estes também glorificou”.

I Coríntios 2:7 : “Mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, que


esteve oculta, a qual Deus preordenou antes dos séculos para nossa
glória”.

Atos 2:23 : “A este, que foi entregue pelo determinado conselho e


presciência de Deus, vós matastes, crucificando-o pelas mãos de
iníquos”.

Atos 13:48 : “Os gentios, ouvindo isto, alegravam-se e glorificavam a


palavra do Senhor; e creram todos quantos haviam sido destinados
para a vida eterna”.

Efésios 2:10 : “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para
boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas”.

Romanos 9:23 : “Para que também desse a conhecer as riquezas da sua


glória nos vasos de misericórdia, que de antemão preparou para a
glória”.
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Salmo 139:16 : “Os teus olhos viram a minha substância ainda informe,
e no teu livro foram escritos os dias, sim, todos os dias que foram
ordenados para mim, quando ainda não havia nem um deles”.

NOTAS:

[1] - Institutas, Livro III, Capítulo XXI, Sec. 5.


[2] - Citado por Toplady no prefácio ao Predestinação de Zanchius.
[3] - Lectures on Calvinism, p. 272
[4] - Popular Lectures on Theological Themes, p. 158.

Tradução livre: Eli Daniel


Revisão: Felipe Sabino de Araújo Neto
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Capítulo 3 - Deus tem um Plano

É impensável que um Deus de sabedoria e poder infinitos criasse um


mundo sem um plano definido para aquele mundo. E porque Deus é
assim infinito, Seu plano deve estender-se a cada detalhe da existência
do mundo. Se nós pudéssemos enxergar o mundo em todas as suas
relações, passado, presente, e futuro, veríamos que ele segue um curso
pré-determinado com precisão exata. Entre as coisas criadas, podemos
procurar onde quisermos, tanto quanto o microscópio e o telescópio
possibilitam nossos olhos a ver, e encontraremos organização em todo
lugar. Grandes formas resolvem-se em partes, e estas partes, por sua
vez, são nada menos que organizadas em partes menores, até onde
possamos infinitamente perceber.

Cada ser humano, que nada mais é que a criatura de um dia e sujeito a
todas formas de erros, desenvolve um plano antes de agir; e um ser
humano que age sem planejamento e propósito é considerado tolo.
Antes de iniciarmos uma viagem ou empreendermos qualquer tipo de
trabalho, todos nós estabelecemos nosso objetivo e então trabalhamos
para alcançá-lo, tanto quanto sejamos capazes para tanto.
Independentemente de como algumas pessoas possam opor-se à
Predestinação em teoria, todos nós, em nossas vidas diárias, somos
“predestinarianos” práticos. Como E. W. Smith diz, um homem sábio
“primeiro determina o objetivo que deseja atingir, e então as melhores
maneiras de fazê-lo. Antes que o arquiteto comece seu edifício, ele
desenha as plantas e forma seus planos, até os mínimos detalhes da
construção. Na cabeça do arquiteto, o edifício já está completo, em
todas as suas partes, mesmo antes que a primeira pedra seja
assentada. Assim também com o comerciante, o advogado, o fazendeiro,
e todos os homens inteligentes e racionais. Suas atividades seguem a
linha de propósitos previamente formados, tanto quanto suas
capacidades finitas o permitirem, de planos pré-concebidos”. [1]

Quanto maior for a nossa jornada, o mais importante é que deveremos


ter um plano; caso contrário todo o nosso trabalho acabará em
fracasso. Alguém poderia ser considerado mentalmente desarranjado se
se propusesse a construir um navio, ou uma estrada de ferro, ou
governar uma nação sem um plano. Aprendemos que antes que
Napoleão começasse a invasão da Rússia, ele tinha um plano detalhado,
mostrando que linha de marcha cada divisão de seu exército deveria
seguir, onde deveria estar a determinado tempo, que equipamentos e
provisões deveriam ter, etc. O que quer que fosse que ele quisesse
naquele plano, era devido às limitações de poder e sabedoria humanos.
Tivesse a visão de Napoleão sido perfeita e seu controle sobre os eventos
sido absoluto, seu plano — ou podemos dizer seus pré-comandos —
teriam sido estendidos a cada ato de cada soldado que fez aquela
marcha.
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

E se tal é fato para o homem, quanto mais é verdadeiro para Deus! “Um
universo sem decretos”, diz A. J. Gordon. “seria tão irracional e horrível
como seria um trem expresso à noite sem farol nem maquinista”. Nós
não podemos conceber Deus trazendo à existência um universo sem um
plano que se estendesse a tudo o que fosse feito naquele universo.
Como as Escrituras ensinam que o controle providencial de Deus se
estende a todos eventos, mesmo o menor; elas assim ensinam que Seu
plano é igualmente compreensível. É uma das Suas perfeições que Ele
tenha o plano melhor possível, e que Ele conduza o curso da história
para o seu final já apontado. E admitir que Ele tem um plano, o qual
Ele controla, é admitir Predestinação. “O plano de Deus é mostrado ser
um em sua efetuação”, diz Dabney. “Causa é ligada ao efeito, e o que
era efeito torna-se causa; as influências de eventos no inter-
relacionamento de eventos entre si, e descendendo em correntes cada
vez mais descêntricas para eventos subseqüentes; de maneira que o
resultado do complexo todo seja através de cada parte. Como os
astrônomos supõem que a remoção de um planeta do nosso sistema
modificaria mais ou menos o equilíbrio e a órbita dos demais, assim a
falha de um evento neste plano prejudicaria o todo, direta ou
indiretamente”. [2]

Se Deus não tivesse de antemão ordenado o curso de eventos, mas


esperasse até que uma condição indeterminada fosse ou não cumprida,
Seus decretos não poderiam ser nem eternos, nem imutáveis. Nós
sabemos, contudo, que Ele é incapaz de erro, e que Ele não pode ser
surpreendido por quaisquer inconveniências imprevistas. Seu reino está
nos céus e Ele rege sobre tudo. Seu plano deve, portanto, incluir cada
evento no âmbito completo da história.

Que mesmo os menores eventos tenham seu lugar neste plano, e que
eles devem ser como são, é facilmente percebido. Todos nós sabemos de
certos “acontecimentos ao acaso” que têm realmente mudado o curso de
nossas vidas. Os efeitos destes estendem-se através de toda a história
posterior, com influências cada vez mais abrangentes, causando outros
“acontecimentos ao acaso”. É dito que certa vez Roma foi salva pelo
grasnado de alguns gansos. Se historicamente verdade ou não, serve
como uma boa ilustração. Não tivessem os gansos acordado os guardas
que fizeram soar o alarme e levantado o exército defensor, Roma teria
caído e o curso da história daquele momento em diante teria sido
radicalmente diferente. Tivessem aqueles gansos permanecido em
silêncio, quem pode imaginar que impérios poderiam existir atualmente,
ou onde os centros de cultura poderiam estar? Durante a batalha, uma
bala não acerta o general por apenas uma polegada. Sua vida é
poupada, ele segue comandando suas tropas, vence uma vitória
decisiva, e é feito o governador supremo de seu país por muitos anos, —
como foi o caso de George Washington. Assim mesmo, que curso
diferente a história teria seguido se o soldado do outro lado tivesse
mirado um pouquinho só mais para cima ou para baixo! O grande
incêndio de Chicago em 1871, que destruiu mais da metade da cidade,
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

começou, somos informados, quando uma vaca deu um coice num


lampião. Quão diferente teria sido a história de Chicago se aquele
movimento tivesse sido ligeiramente diferente! “O controle dos maiores
deve incluir o controle dos menores, pois não somente as grandes
coisas são feitas de pequenas coisas, mas a história mostra o quão
verdadeiramente aqueles mínimos traços estão continuamente
provando serem pivôs das importantes conseqüências nas quais os
eventos se revolvem. A persistência de uma aranha encorajaram um
homem extremamente desanimado, quase apático, a atitudes e esforços
laboriosos que formaram o futuro de uma nação. O Deus que
predestinou o curso da história Escocesa deve ter planejado e presidido
sobre movimentos daquele pequenino inseto que salvou Robert Bruce
do desespero”. [3] Exemplos deste tipo poderiam multiplicar-se
indefinidamente.

Os Pelagianos negam que Deus tenha um plano; os Arminianos dizem


que Deus tem um plano geral mas não específico; mas os Calvinistas
dizem que Deus tem um plano específico, que engloba todos os eventos
em todas as épocas. Em reconhecendo que o Deus eterno tem um plano
eterno, no qual está pré-determinado cada evento que venha a
acontecer, os Calvinistas simplesmente reconhecem que Deus é Deus, e
O liberam de quaisquer limitações humanas. As Escrituras representam
Deus como uma pessoa, tal como outras pessoas ali. Seus atos são
cheios de propósitos, mas diferentemente de outras pessoas ali. Ele é
onisciente em Seus planos e onipotente em Sua performance. Eles vêem
o universo como o produto do Seu poder criativo, e como o teatro no
qual são apresentadas Suas perfeições gloriosas, e o qual deve em toda
sua forma e toda sua história, até o menor detalhe, corresponder com o
Seu propósito em construí-lo.

Num artigo muito iluminado sobre “Predestinação”, o Dr. Benjamin B.


Warfield, quem na opinião do presente escritor emergiu como destacado
teólogo desde João Calvino, nos diz que os escritores das Escrituras
viram o plano divino como “largo o bastante para conter todo o universo
de coisas, e pequeno o bastante para relacionar-se com os menores
detalhes, e atualizar-se com certeza inevitável na ocorrência de cada
evento”. “Na sabedoria infinita do Senhor de toda a terra, cada evento
cai com precisão exata em seu próprio lugar no desdobramento de Seu
plano eterno; nada, mesmo pequeno, mesmo estranho, acontece sem a
Sua ordem, ou sem a capacidade de caber, de amoldar-se ao seu lugar
devido, para a ocorrência dos Seus propósitos; e o fim de tudo deverá
ser a manifestação da Sua glória, e a acumulação do Seu louvor. Esta é
a filosofia tanto do Velho como do Novo Testamentos, da visão terrestre
dos universos, a qual atinge unidade concreta em um decreto absoluto,
ou propósito, ou plano do qual tudo o que vem a passar é o
desenvolvimento no tempo”. [4]

A própria essência de teísmo consistente é que Deus teria um plano


exato para o mundo, conheceria antecipadamente as ações de todas as
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

criaturas que Ele propôs-se a criar, e através de Sua oni-abrangente


providência controlaria o sistema inteiro. Se Ele previamente ordenara
somente certos eventos isolados, a confusão seria introduzida no
sistema em ambos, no mundo natural e nas atividades humanas, e Ele
precisaria estar constantemente desenvolvendo novos planos para
atingir o que desejasse. Seu governo no mundo então seria um trabalho
caprichoso de novos expedientes que no máximo governaria somente de
uma maneira geral, e que seria um tanto quanto ignorante acerca do
futuro. Mas ninguém com idéias próprias sobre Deus crê que Ele tenha
de mudar de opinião a cada alguns dias, para acomodar
acontecimentos inesperados, os quais não estavam incluídos em Seu
plano original. Se a perfeição do plano divino for negada, nenhum ponto
consistente de parada será encontrado em que não haja o ateísmo.

Em primeiro lugar não havia a necessidade de Deus criar tudo. Ele agiu
com perfeita liberdade quando Ele trouxe este mundo à existência.
Quando Ele escolheu criar havia à Sua frente um número infinito de
possíveis planos. Mas a bem da verdade, nós achamos que Ele escolheu
este plano particular no qual nos encontramos agora. E desde que Ele
sabia perfeitamente todos eventos de todas espécies os quais estariam
envolvidos nesta específica espécie de mundo, Ele muito obviamente
pré-determinou cada evento que aconteceria quando Ele escolhesse este
plano. Sua escolha do plano, ou Sua certeza de que a criação devesse
ser nesta ordem, nós chamamos Sua prévia ordenação ou sua
predestinação.

Mesmo os atos pecaminosos dos homens estão incluídos neste plano.


Eles são previstos, permitidos, e têm seu exato lugar. Eles são
controlados e a glória divina prevalece sobre os mesmos. A crucificação
de Cristo, que admitidamente é o pior crime em toda a história da raça
humana, teve, foi expressivamente dito, seu exato e necessário lugar no
plano (Atos 2:23; 4:28). Esta maneira particular de redenção não é um
expediente para o qual Deus foi levado depois de ter sido derrotado e
desapontado pela queda do homem. Antes, é “segundo o eterno
propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor”, (Efésios
3:11). Pedro nos diz que Cristo como um sacrifício pelo pecado foi
“conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo...”, (I Pedro 1:20).
Crentes foram escolhidos “...nEle, antes da fundação do mundo...”,
(Efésios 1:4). Nós somos salvos, não pelas nossas próprias e
temporárias obras, “... mas conforme a sua própria determinação e
graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (II
Timóteo 1:9). E se a crucificação de Cristo, ou Sua oferta de Si mesmo
como sacrifício pelo pecado, era parte do plano eterno, então também a
queda de Adão e todos os demais pecados que tornaram aquele
sacrifício necessário eram parte do plano, não importando o quão
indesejável parte do plano eles possam ter sido.

A história em todos os seus detalhes, até o mais ínfimo minuto, nada


mais é que os propósitos eternos de Deus. Seus decretos não são
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

sucessivamente formados quando surge a emergência, mas são todos


partes de um só “oni-compreensivo” plano, e nós nunca deveríamos
pensar em Deus como se Ele de repente estabelecesse um plano ou
fizesse qualquer coisa a qual Ele não tivesse pensado antes.

O fato de as Escrituras muitas vezes falarem de um propósito de Deus


como dependente do resultado de outro ou das ações dos homens, não
constitui objeção contra esta doutrina. As Escrituras estão escritas na
linguagem cotidiana de homens, e eles muitas vezes descrevem um ato
ou uma coisa como parece ser, ao invés de como realmente é. A Bíblia
fala “...desde os quatro confins da terra”. (Isaías 11:12), e de “...os
fundamentos da terra...” (Salmo 104:5); ainda assim ninguém entende
tais textos como a terra sendo quadrada, ou que ela realmente repousa
sobre uma fundação. Nós falamos do sol nascendo e pondo-se, ainda
assim nós sabemos que não é o movimento do sol, senão o da terra,
quando se revolve sobre seu próprio eixo, que causa tal fenômeno.
Similarmente, quando as Escrituras falam do arrependimento de Deus,
por exemplo, ninguém com idéias próprias de Deus entende como se Ele
vê que tenha tomado um caminho errado e muda de opinião.
Simplesmente significa que Suas ações, quando vistas sob a ótica do
ser humano, parecem ser como as de alguém que se arrepende. Em
outras partes as Escrituras falam das mãos, ou braços, ou olhos de
Deus. Estes são conhecidos como “antropomorfismos”, exemplos nos
quais Deus é referido como se Ele fosse um homem. Quando a palavra
“arrepender-se”, por exemplo, é usada no sentido estrito, nunca foi dito
que Deus tenha se arrependido: “Deus não é homem, para que minta;
nem filho de homem, para que se arrependa” (Números 23:19); e
novamente, “...a glória de Israel não mente, nem se arrepende,
porquanto não é homem, para que se arrependa” (I Samuel 15:29).

A contemplação deste grande plano deve redundar em louvor da


sabedoria insondável e do poder ilimitado dAquele que o idealiza e
executa. E o que pode dar ao Cristão mais satisfação e alegria do que
saber que a trajetória inteira do mundo é ordenada com referência ao
estabelecimento do Reino dos céus e a manifestação da glória Divina; e
que ele (o Cristão) é o objeto sobre o qual amor e misericórdia infinitos
são derramados em profusão?

PROVAS NAS ESCRITURAS

01. O plano de Deus é eterno:

II Timóteo 1:9: “que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não
segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e
graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos”.
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Salmo 33:11: “O conselho do Senhor permanece para sempre, e os


intentos do seu coração por todas as gerações”.

Isaías 37:26: “Não ouviste que já há muito tempo eu fiz isso, e que já
desde os dias antigos o tinha determinado?”.

Isaías 46:9, 10: “...que eu sou Deus, e não há outro; eu sou Deus, e não
há outro semelhante a mim; que anuncio o fim desde o princípio, e
desde a antigüidade as coisas que ainda não sucederam..”.

II Tessalonicenses 2:13: “...Deus vos escolheu desde o princípio para a


santificação do espírito e a fé na verdade”.

Mateus 25:34: “Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde,
benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado
desde a fundação do mundo”.

I Pedro 1:20: “[Cristo] o qual [como sacrifício pelo pelcado], na verdade,


foi conhecido ainda antes da fundação do mundo..”.

Jeremias 31:3: “...o Senhor me apareceu, dizendo: Pois que com amor
eterno te amei, também com benignidade te atraí”.

Atos 15:18: “diz o Senhor que faz estas coisas, que são conhecidas
desde a antiguidade”.

Salmo 139:16: “Os teus olhos viram a minha substância ainda informe,
e no teu livro foram escritos os dias, sim, todos os dias que foram
ordenados para mim, quando ainda não havia nem um deles”.

02. O plano de Deus é imutável:

Tiago 1:17: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo
do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação”.

Isaías 14:24: “O Senhor dos exércitos jurou, dizendo: Como pensei,


assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará”.

Isaías 46:10, 11: “...O meu conselho subsistirá, e farei toda a minha
vontade; ... sim, eu o disse, e eu o cumprirei; formei esse propósito, e
também o executarei”.

Números 23:19: “Deus não é homem, para que minta; nem filho do
homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele dito, não o fará?
ou, havendo falado, não o cumprirá?”.

Malaquias 3:6: “Pois eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de
Jacó, não sois consumidos”.
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

03. O plano divino inclui os atos futuros do homem:

Daniel 2:28: “Mas há um Deus no céu, o qual revela os mistérios; ele,


pois, fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de suceder nos últimos
dias. ..”.

João 6:64: “... Pois Jesus sabia, desde o princípio, quem eram os que
não criam, e quem era o que o havia de entregar”.

Mateus 20:18, 19: “Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do homem


será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas, e eles o
condenarão à morte, e o entregarão aos gentios para que dele
escarneçam, e o açoitem e crucifiquem; e ao terceiro dia ressuscitará”.

(Todas as profecias das Escrituras que são predições de eventos futuros


são também arroladas neste tópico. Veja especialmente: Miquéias 5:2 -
comparando com Mateus 2:5,6 e Lucas 2:1-7; Salmo 22:18 -
comparando com João 19:24; Salmo 69:21 - comparando com João
19:29; Zacarias 12:10 - comparando com João 19:37; Marcos 14:30;
Zacarias 11:12, 13 - comparando com Mateus 27:9, 10; Salmo 34:19,
20 - comparando com João 19:33, 36).

04. O plano divino inclui os eventos fortuitos ou acontecimentos


ao acaso:

Provérbios 16:33: “A sorte se lança no regaço; mas do Senhor procede


toda a disposição dela”.

Jonas 1:7: “E dizia cada um ao seu companheiro: Vinde, e lancemos


sortes, para sabermos por causa de quem nos sobreveio este mal. E
lançaram sortes, e a sorte caiu sobre Jonas”.

Atos 1:24, 26: “[24] E orando, disseram: Tu, Senhor, que conheces os
corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido [26] Então
deitaram sortes a respeito deles e caiu a sorte sobre Matias, e por voto
comum foi ele contado com os onze apóstolos”.

Jó 36:32: “Cobre as mãos com o relâmpago, e dá-lhe ordem para que


fira o alvo”.

I Reis 22:28, 34: “[28] Replicou Micaías: Se tu voltares em paz, o senhor


não tem falado por mim... [34] Então um homem entesou o seu arco, e
atirando a esmo, feriu o rei de Israel por entre a couraça e a armadura
abdominal”.

Jó 5:6: “Porque a aflição não procede do pó, nem a tribulação brota da


terra”.
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Marcos 14:30: “Replicou-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta


noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes tu me negarás”
(comparando com Gênesis 37:28 e 45:5; também comparando com I
Samuel 9:15, 16 e 9:5-10).

05. Alguns eventos são gravados ou fixados com certeza inevitável:

Lucas 22:22: “Porque, na verdade, o Filho do homem vai segundo o que


está determinado; mas ai daquele homem por quem é traído!”.

João 8:20: “Essas palavras proferiu Jesus no lugar do tesouro, quando


ensinava no templo; e ninguém o prendeu, porque ainda não era
chegada a sua hora”.

Mateus 24:36: “Daquele dia e hora, porém, ninguém sabe, nem os anjos
do céu, nem o Filho, senão só o Pai”.

Gênesis 41:32: “Ora, se o sonho foi duplicado a Faraó, é porque esta


coisa é determinada por Deus, e ele brevemente a fará”.

Habacuque 2:3: “Pois a visão é ainda para o tempo determinado, e até o


fim falará, e não mentirá. Ainda que se demore, espera-o; porque
certamente virá, não tardará”.

Lucas 21:24: “E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão


levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os
tempos destes se completem”.

Jeremias 15:2: “Quando te perguntarem: Para onde iremos? dir-lhes-ás:


Assim diz o Senhor: Os que para a morte, para a morte; e os que para a
espada, para a espada; e os que para a fome, para a fome; e os que para
o cativeiro, para o cativeiro”.

Jó 14;5: “Visto que os seus dias estão determinados, contigo está o


número dos seus meses; tu lhe puseste limites, e ele não poderá passar
além deles”.

Jeremias 27;7: “Todas as nações o servirão a ele, e a seu filho, e ao filho


de seu filho, até que venha o tempo da sua própria terra; e então muitas
nações e grandes reis se servirão dele”.

06. Mesmo os atos pecaminosos dos homens estão incluídos no


plano e são controlados para o bem.

Gênesis 50:20: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim (José);


Deus, porém, o intentou para o bem ...”.
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Isaías 45:7: “Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal;
eu sou o Senhor, que faço todas estas coisas”.

Amós 3:6: “...Sucederá qualquer mal à cidade, sem que o Senhor o


tenha feito?”

Atos 3:18: “Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos
os seus profetas havia anunciado que o seu Cristo havia de padecer”.

Mateus 21:42: “Disse-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra


que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra angular ...”.

Romanos 8:28: “E sabemos que todas as coisas concorrem para o bem


daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu
propósito”.

NOTAS:

[1] - O Credo dos Presbiterianos, p. 159.


[2] - Teologia, p. 214.
[3] - O Credo dos Presbiterianos, p. 160.
[4] - Doutrinas Bíblicas, pp. 13, 22.
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Capítulo 4 - A Soberania de Deus

Toda pessoa que pensa, rapidamente vê que alguma soberania rege sua
vida. Não lhe foi perguntado se ele existiria; nem quando, onde ou como
nasceria; se no século vinte, ou antes do dilúvio; se branco ou negro, se
na América ou na China. É reconhecido pelos Cristãos de todas as
épocas que Deus é o Criador e o Regente do universo, e que como o
Criador e Regente do universo, Ele é a única fonte de todo o poder que é
encontrado nas criaturas. Assim, nada pode passar à parte de Sua
soberana vontade; e quando nós permanecemos nesta verdade,
percebemos que ela envolve considerações que estabelecem a posição
Calvinista e desaprovam a posição Arminiana.

Pelo fato de Deus ter criado tudo o que existe, Ele é o Dono absoluto e
Regulador de tudo o quanto Ele fez. Ele não exerce influência
meramente, mas na verdade rege o mundo que Ele criou. As nações da
terra, em sua insignificância, são como grãos de poeira na balança,
quando comparadas com a Sua grandeza; e muito mais cedo poderá o
sol parar o seu curso, do que Deus ser impedido em Seu trabalho ou em
Sua vontade. Em meio a todas as aparentes derrotas e inconsistências
da vida, Deus realmente move-se adiante, em imperturbável majestade.
Mesmo os atos pecaminosos dos homens podem ocorrer somente com a
Sua permissão. E desde que Ele assim o permite, não relutantemente,
mas voluntariamente, tudo o que venha a existir — incluindo as ações e
o destino final dos homens — deve estar, de alguma forma, de acordo
com os Seus desejos e propósitos. Na mesma proporção em que tal é
negado, Deus é excluído do governo do mundo. Naturalmente alguns
problemas aparecem aqui, os quais nós, em nosso presente estado de
conhecimento não somos totalmente capazes de resolver, mas isto não é
razão suficiente para rejeitar o que as Escrituras e os plenos princípios
regentes da razão afirmam ser verdadeiro.

Se o poder de um soberano terreno é lei em seu reino, quanto mais


ainda será a palavra de Deus no Seu reino! Por exemplo, os Cristãos
sabem que o dia certamente está chegando quando, voluntária ou
involuntariamente, todo joelho se dobrará e toda língua confessará que
Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai. Nas Escrituras Ele nos
está representado como Deus ONIPOTENTE, que se assenta no trono do
domínio universal. Ele sabe e conhece desde o princípio o resultado e os
meios a serem utilizados para que tal resultado seja atingido. Ele é
capaz de fazer por nós excedentemente e abundantemente mais do que
nós pedimos ou mesmo pensamos. A categoria do impossível não existe
para Ele “porque para Deus tudo é possível”, [Marcos 10:27 ; também
Mateus 19:26]. Isto, contudo, não significa que Deus tenha poder para
fazer o que seja contra a Sua natureza, “operar contradições”. É
impossível para Deus mentir, ou fazer alguma coisa que seja
moralmente errada. Ele não pode fazer com que dois mais dois não
totalize quatro, nem pode Ele fazer uma roda girar e permanecer parada
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

ao mesmo tempo. Sua onipotência é tão certamente uma garantia de


que o curso do mundo será conforme o Seu plano, quanto a Sua
santidade é uma garantia de que todas as Suas obras serão certas.

Não somente no Novo Testamento, mas também no Velho testamento,


nós podemos encontrar esta doutrina da soberania de Deus
consistentemente desenvolvida. O Dr. Warfield diz, com relação à
doutrina, como ela pode ser encontrada ali: “O Todo Poderoso Criador
de tudo está representado igualmente como o irresistível Regente de
tudo o quanto Ele fez” ; “Senhor se assenta como rei, perpetuamente”
[Salmo 29:10]. Ele segue dizendo que os escritores raramente utilizam
expressões tais como “está chovendo”; eles instintivamente falam de
Deus mandando chuva, etc. As possibilidades de acidente e acaso são
excluídas e mesmo “que sorte fosse uma maneira de obter a decisão de
Deus” (como em Josué 7:16 ; 14:2 : 18:6 ; I Samuel 10:19 ; Jonas 1:7).
Todas coisas, sem exceção, realmente são dispostas por Ele, e a Sua
vontade é a responsável por tudo quanto acontece. Céu e terra, e tudo o
que neles existe, são instrumentos através dos quais Ele opera os Seus
propósitos. Natureza, nações, e destino de indivíduos apresentam
igualmente em todas as suas mudanças a transcrição dos Seus
propósitos. Os ventos são Seus mensageiros, a flama flamejante é Sua
serva; cada fenômeno natural, Seus atos; prosperidade, a Sua dádiva, e
se calamidade cai sobre o homem, é o Senhor quem o permitiu (veja
Amós 3:5,6 ; Lamentações 3:33-38 ; Isaías 47:7 ; Eclesiastes 7:14 ;
Isaías 54:16). É Ele quem direciona os passos dos homens, saibam eles
para onde ou não; Ele quem ergue e derruba; quem abre e endurece o
coração; e cria os pensamentos e intenções da alma”. [1]

E não devemos crer que Deus pode converter um pecador quando Lhe
convier? Não pode o Todo-Poderoso, o onipotente Soberano do universo,
mudar o caráter das criaturas que Ele fez? Ele transformou a água em
vinho em Caná, e converteu Saulo na estrada para Damasco. O leproso
disse: “Senhor, se quiseres podes purificar-me”, e com uma palavra, sua
lepra foi curada. Deus é capaz de limpar tanto a alma como o corpo, e
nós cremos que se Ele decidir fazê-lo, Ele pode levantar uma multidão
de ministros Cristãos, missionários e obreiros de várias categorias, que
o mundo seria convertido num espaço de tempo muito curto. Se Ele
realmente se propusesse a salvar todos os homens, Ele poderia enviar
legiões de anjos para instruí-los e para fazer prodígios sobrenaturais na
terra. Ele mesmo poderia operar maravilhas no coração de cada pessoa
para que ninguém se perdesse. Desde que o mal existe somente por Sua
permissão, Ele poderia, caso Ele escolhesse, simplesmente eliminar a
sua existência. Seu poder, nesse respeito, foi mostrado pelo trabalho do
anjo destruidor que em uma noite massacrou todos os primogênitos dos
Egípcios (Êxodo 12:29), e que em outra noite executou 185.000 do
exército Assírio (II Reis 19:35). Foi mostrado quando a terra abriu-se e
engoliu Corá e seus aliados rebeldes (Números 16:31-33). Ananias e
Safira foram atingidos (Atos 5:1-11); Herodes foi atingido e morreu de
uma maneira horrível (Atos 12:23). Deus não perdeu nem um pouco do
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Seu poder, e é altamente desonroso para Ele supor que Ele estaria
disputando com a raça humana fazendo o melhor que Ele pode, mas
incapaz de atingir os Seus propósitos.

Embora a soberania de Deus seja universal e absoluta, não é a


soberania de poder cego. É aliada à sabedoria infinita, santidade e
amor. E esta doutrina, quando apropriadamente compreendida, é muito
confortadora e digna de confiança. Quem não preferiria ter toda a sua
vida nas mãos de um Deus de poder, sabedoria, santidade e amor
infinitos, do que ter de deixá-la à mercê do acaso, do destino ou de
irrevogável lei natural, ou de ego pervertido e sem visão? Aqueles que
rejeitam a soberania de Deus deveriam considerar que outras
alternativas existem.

Como, então, são controladas e guiadas as ações do universo? “De


acordo com o propósito dAquele que desenvolveu todas as coisas de
conforme a Sua vontade”. A tendência atual é de deixar de lado
doutrinas de Soberania Divina e Predestinação, de modo a obter espaço
para a autocracia da vontade humana. O orgulho e a presunção do
homem, de um lado, e a sua ignorância e depravação do outro, levam-
no a excluir Deus e a exaltar-se a si próprio tanto quanto ele é capaz; e
estas duas tendências combinadas afastam a maioria da raça humana
para longe do Calvinismo.

A idéia Arminiana que assume que as intenções sérias do caminho de


Deus sejam em alguns casos no mínimo anuladas, e que o homem, que
não é somente uma criatura, mas uma criatura singular, possa exercer
poder de veto sobre os planos de Deus Todo-Poderoso, está diretamente
em confronto com a idéia Bíblica de Sua imensurável exaltação, pela
qual Ele está separado de toda a fraqueza da humanidade. Que os
planos de homens não sejam sempre executados é devido a uma falta
de poder, ou uma falta de sabedoria; mas desde que Deus é ilimitado
nestes e em todos os outros recursos, nenhuma emergência imprevista
pode ocorrer, e para Ele causas para mudanças não existem. Supor que
os Seus planos falhem e que Ele Se esforce para nada, é reduzi-Lo ao
nível de Suas criaturas.

PROVAS NAS ESCRITURAS

Daniel 4:35: “...ele opera no exército do céu e entre os moradores da


terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?”.

Jeremias 32:17: “Ah! Senhor Deus! És tu que fizeste os céus e a terra


com o teu grande poder, e com o teu braço estendido! Nada há que te
seja demasiado difícil!”.

Mateus 28:18: “E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me


dada toda a autoridade no céu e na terra”.
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Efésios 1:22: “E sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés, e para
ser cabeça sobre todas as coisas o deu à igreja”.

Efésios 1:11: “nEle, digo, no qual também fomos feitos herança,


havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas
as coisas segundo o conselho da sua vontade”.

Isaías 14:24,27: “[24] - O Senhor dos exércitos jurou, dizendo: Como


pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará. [27] Pois
o Senhor dos exércitos o determinou, e quem o invalidará? A sua mão
estendida está, e quem a fará voltar atrás?”.

Isaías 46:9 - 11: “[9] - Lembrai-vos das coisas passadas desde a


antigüidade; que eu sou Deus, e não há outro; eu sou Deus, e não há
outro semelhante a mim; [10] que anuncio o fim desde o princípio, e
desde a antigüidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O
meu conselho subsistirá, e farei toda a minha vontade; [11] chamando
do oriente uma ave de rapina, e dum país remoto o homem do meu
conselho; sim, eu o disse, e eu o cumprirei; formei esse propósito, e
também o executarei”.

Gênesis 18:14: “Há, porventura, alguma coisa difícil ao Senhor?...”.

Jó 42:2: “Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus
propósitos pode ser impedido”.

Salmo 115:3: “Mas o nosso Deus está nos céus; ele faz tudo o que lhe
apraz”.

Salmo 135:6: “Tudo o que o Senhor deseja ele o faz, no céu e na terra,
nos mares e em todos os abismos”.

Isaías 55:11: “Assim será a palavra que sair da minha boca: ela não
voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo
para que a enviei”.

Romanos 9:20,21: “[20] Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus


replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me
fizeste assim?[21] Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da
mesma massa fazer um vaso para uso honroso e outro para uso
desonroso?”.

NOTAS:[1] - Doutrinas Bíblicas, art. Predestinação, p. 09.

Tradução livre: Eli Daniel


Revisão: Felipe Sabino de Araújo Neto
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Capítulo 5 - A Providência de Deus

As obras da providência de Deus são a Sua maneira muito santa, sábia


e poderosa de preservar e governar todas as Suas criaturas, e todas as
ações delas (Catecismo Menor de Westminster, resposta à pergunta 11).
As Escrituras muito claramente ensinam que tudo quanto existe, exceto
Deus, deve, não meramente a sua criação original, mas também a sua
contínua existência, com todos os seus atributos e poderes, à vontade
de Deus. Ele é quem sustenta todas as coisas pela palavra do Seu poder
(Hebreus 1:3). Ele é antes de todas as coisas, e nEle subsistem todas as
coisas (Colossenses 1:17). “Tu, só tu, és Senhor; tu fizeste o céu e o céu
dos céus, juntamente com todo o seu exército, a terra e tudo quanto
nela existe, os mares e tudo quanto neles já, e tu os conservas a
todos...” (Neemias 9:6). “Porque nEle vivemos, e nos movemos, e
existimos ...” (At 17:28). “...sobre todos, e por todos e em todos” (Ef 4:6).

Em toda a Bíblia as leis da natureza, o curso da história, a sorte


variável de indivíduos, são sempre atribuídas ao controle providencial
de Deus. Todas as coisas, seja no céu ou na terra, desde o serafim até à
menor partícula atômica, são ordenadas por sua nunca falha
providência. Tão íntima é a Sua relação com toda a criação, que um
leitor descuidado pode ser levado a conclusões panteísticas. Ainda
assim, tanto personalidades individuais como segundas causas são
reconhecidas, não como independentes de Deus, mas como tendo seu
próprio lugar em Seu plano. E paralelamente à esta doutrina de Sua
Essência, os escritores da Bíblia também apresentam também a
correlata doutrina de Sua Transcendência, na qual Deus é apresentado
como totalmente separado e superior à toda criação.

Ainda com relação à providência de Deus, entendemos que Ele


intimamente relaciona-se com todo detalhe das ações dos homens e do
curso da natureza. “Supor que qualquer coisa seja grande demais para
estar sob Seu controle”, diz o Dr. Charles Hodge, “ou qualquer coisa
seja tão pequena a ponto de escapar à Sua observação; ou que a
infinidade de detalhes possa distrair a Sua atenção, é esquecer-se de
que Deus é infinito. . . . O sol propaga a sua luz no espaço tão
facilmente como em qualquer ponto. Deus está tão presente em todo
lugar, e com tudo quanto existe, como se Ele estivesse presente em
somente um lugar, e tivesse nada mais a não ser um objeto de Sua
atenção”. E ainda, “Ele está presente em toda folha de grama, ainda
assim guiando o curso de uma estrela [Nota do tradutor: no original
“Arcturus”. É a estrela mais brilhante na constelação do Boötes (“o
pastor”). Arcturus, também chamada de “Alpha Boötis”, é a quarta
estrela mais brilhante no céu e está a 34 anos-luz da Terra],
coordenando as estrelas como seu organizador, chamando-as pelos
seus nomes; presente também em cada alma humana, dando
entendimento, provendo-a e suprindo-a, trabalhando nela em ambos
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

sentidos, no querer e no fazer. O coração humano está em Suas mãos, e


Ele o transforma e acalma, como ribeiros de água”. [1]

É quase que universalmente admitido que Deus determina quando,


onde, e sob quais circunstâncias, cada indivíduo de nossa raça deve
nascer, viver e morrer, se será macho ou fêmea, branco ou preto, sábio
ou tolo. Para alguns Ele dá riqueza, a outros honra, a outros saúde,
para outros certos talentos e dons para música, oratória, arte, finanças,
políticas, etc. Já outros são pobres, desconhecidos, nascidos em
desonra, vítimas de doenças, e vivem vidas de miséria. Alguns são
colocados em lugares Cristãos onde recebem os benefícios do
Evangelho; outros vivem e morrem nas trevas do ateísmo. Alguns são
trazidos através da fé à salvação; outros perecem descrentes. E numa
importância extrema, estes sinais externos, que não são resultado da
escolha individual, decidem o curso de vida da pessoa e o seu destino
eterno. É mostrado e ensinado por ambas, as Sagradas Escrituras e a
experiência diária, que Deus dá a alguns o que Ele não concede a
outros. Se Lhe fosse perguntado por que Ele assim procede, ou por que
Ele não salva a todos, a única resposta disponível estaria nas palavras
do Senhor Jesus, “Sim , ó Pai , porque assim te aprouve”. (Mateus
11:26). Só a doutrina da queda e redenção mostrada nas Escrituras nos
proporciona luz no que vemos sobre nós mesmos.

É para ser relembrado que os que recebem estes dons, sejam espirituais
ou temporais, recebem-nos através da pura graça, enquanto que com
relação aos outros, Deus simplesmente retém tais talentos, os quais Ele
não tinha a obrigação de dar. Nações, tanto quanto indivíduos, estão
assim nas mãos de Deus, que aponta os limites de sua habitação, e
controla os seus destinos. Ele controla-os tão absolutamente quanto
um homem controla um bastão ou uma bengala. Eles estão em Suas
mãos, e Ele usa-os para alcançar os Seus propósitos. Ele os quebra em
pedaços como um oleiro faz com um vaso, ou Ele exalta-os e eleva-os à
grandezas, conforme a Sua vontade. Ele dá a paz e abundância de
colheitas, propriedade e felicidade, ou Ele envia as desolações da
guerra, da fome, da seca e pestilência. Todas estas coisas estão à
disposição de Deus, e são designadas para utilizadores inteligentes, sob
a Sua universal providência. Deus não é um mero espectador do
universo. Ele o fez, mas está presente e ativo em todo lugar, o
sustentáculo de tudo e o poder governante de tudo quanto existe.

Embora o valor de um pardal seja pequeno, e o seu vôo pareça ser dês-
coordenado e sem controle, ainda assim ele não cai ao chão, nem se
desvia para lugar algum, sem o seu Pai. “Sua onisciente providência já
de antemão determina em qual galho ele pousará; que migalhas ele
apanhará; onde ele construirá seu ninho e descansará; onde ele viverá e
onde ele morrerá”. [2]

Cada gota de chuva e cada floco de neve que caem das nuvens, cada
inseto que se move, cada planta que nasce e cresce, cada partícula de
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

poeira que flutua no ar têm certas causas definitivas e terão certos


efeitos definitivos. Cada um é um elo na corrente de eventos e muitos
dos grandes eventos da história aconteceram devido a estas coisinhas
aparentemente insignificantes.

Através de todo o curso de eventos existe progresso, em direção a um


fim pré-determinado. O Dr. Warfield muito apropriadamente escreveu:
“Não foi um acidente que levou Rebeca ao poço, para dar as boas vindas
ao servo de Abraão (veja Gênesis 24), ou que levou José ao Egito (veja
Gênesis 45:8 ; 50:20. 'Deus assim o quis, para o bem'), ou guiou a filha
do Faraó até a arca no meio dos juncos (Êxodo 2), ou que mais tarde,
direcionou a pedra do moinho que quebrou o crânio de Abimeleque
(Juízes 9:53), ou guiou a flecha (atirada a esmo) que feriu o rei por entre
as juntas da armadura (1 Reis 22:34). Cada evento histórico é, na
realidade, tratado como um item na correta ordem de acontecimentos
do propósito Divino pré-estabelecido; e o historiador mantém-se
continuamente ciente da Sua presença na história, que dá até mesmo
ao relâmpago que risca os céus uma tarefa específica (Jó 36:32). [3]

“Nas grandes estações de trem”, disse o Dr. Clarence E. Macartney,


“você pode ver um lápis metálico aparecer e escrever em letras grandes
na parede os horários de chegada ou de partida dos trens. O lápis
metálico parece escrever por sí próprio, mas nós sabemos que
escondido em algum escritório existe um funcionário, cuja mente e
mãos operam o lápis. Também em nossa própria vida, notamos nossas
próprias deliberações e escolhas e decisões, e ainda na construção do
nosso destino, parecem haver outras cordas, cordas que não respondem
ao nosso comando. Eventos aparentemente triviais desempenham sua
parte em grandes acontecimentos”. [4]

O senso de responsabilidade moral e dependência do homem, e o seu


instintivo apelo à Deus em horas de perigo, mostram o quão universal e
inata é a convicção de que Deus realmente governa o mundo e todos os
eventos humanos. Mas, enquanto a Bíblia repetidamente ensina que o
controle providencial é universal, poderoso, sábio e santo, em nenhum
lugar as Escrituras intentam informar-nos como reconciliar tal com a
liberdade do homem. Tudo o que precisamos saber é que Deus governa
as Suas criaturas e que o Seu controle sobre elas é tal que nenhuma
violência aplica-se às suas naturezas. Talvez a relação entre a
Soberania Divina e a liberdade humana possa ser melhor expressada
nas palavras: Deus est[a tão presente nos estímulos externos que o
homem age de acordo com a sua própria natureza, e ainda assim faz
exatamente o que Deus tem planejado para que ele faça.

Este assunto, tanto quanto se relaciona com a responsabilidade


humana, será mais amplamente tratado no capítulo sobre Livre
Arbítrio.
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

PROVAS NAS ESCRITURAS

A doutrina Bíblica da Providência é tão clara que é admitida por muitos


cuja visão filosófica leva-os a rejeitá-la por si mesmos. Nós
apresentaremos agora um sumário das provas nas Escrituras,
mostrando que todos os eventos têm um local e propósito determinados,
apontados, que a providência de Deus é universal, e que Ele, dessa
forma, assegura o completo termo dos Seus planos. O controle
providencial de Deus abrange:

(a) Natureza do mundo físico. “...o Senhor tem o seu caminho no


turbilhão e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés” [Naum
1:3]. “Somente na terra de Gósem onde se achavam os filhos de Israel,
não houve saraiva” [Êxodo 9:26]. “...porque ele faz nascer o seu sol
sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos” [Mateus 5:45].
A fome no Egito pareceu aos homens ser somente a conseqüência de
causas naturais; mas José podia dizer, “...é porque esta coisa é
determinada por Deus, e ele brevemente a fará” [Gênesis 41:32]. “Além
disso, retive de vós a chuva, quando ainda faltavam três meses para a
ceifa; e fiz que chovesse sobre uma cidade, e que não chovesse sobre
outra cidade...” [Amós 4:7] “...dando-vos chuvas do céu e estações
frutíferas, enchendo-vos de mantimento, e de alegria os vossos
corações” [Atos 14:17]. “Quem mediu com o seu punho as águas, e
tomou a medida dos céus aos palmos, e recolheu numa medida o pó da
terra e pesou os montes com pesos e os outeiros em balanças” [Isaias
40:12].

(b) A criação animal. “Não se vendem dois passarinhos por um asse? e


nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai” [Mateus
10:29]. “Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem
ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta...” [Mateus 6:26].
“O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca dos leões, e eles não
me fizeram mal algum; ...” [Daniel 6:26]. “Os leões novos os animais
bramam pela presa, e de Deus buscam o seu sustento” [Salmos 104:21]
“De modo que Deus tem tirado o gado de vosso pai, e mo tem dado a
mim” [Gênesis 31:9].

(c) Nações. (a humilhação de Nabocodonosor foi) “...a fim de que


conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos
homens, e o dá a quem quer, e até o mais humilde dos homens
constitui sobre eles” [Daniel 4:17]. “Eis que as nações são consideradas
por ele como a gota dum balde, e como o pó miúdo das balanças; eis
que ele levanta as ilhas como a uma coisa pequeníssima” [Isaías 40:15].
“Alegre-se o céu, e regozije-se a terra; e diga-se entre as nações: O
Senhor reina” [I Crônicas 16:31]. “Pois Deus é o Rei de toda a terra; ...”
[Salmos 47:7]. “Ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e
estabelece os reis; é ele quem dá a sabedoria aos sábios e o
entendimento aos entendidos” [Daniel 2:21] “O Senhor desfaz o
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

conselho das nações, anula os intentos dos povos” [Salmos 33:10]. “E o


Senhor lhes deu repouso de todos os lados, .... , mas a todos o Senhor
lhes entregou nas mãos” [Josué 21:44]. “Mas os filhos de Israel fizeram
o que era mau aos olhos do Senhor, e o Senhor os entregou na mão de
Midiã por sete anos” [Juízes 6:1]. “... Sucederá qualquer mal à cidade,
sem que o Senhor o tenha feito?” [Amós 3:6]. “Pois eis que suscito os
caldeus, essa nação feroz e impetuosa, que marcha sobre a largura da
terra para se apoderar de moradas que não são suas” [Habacuque 1:6].

(d) Homens individuais. “Como corrente de águas é o coração do rei na


mão do Senhor; ele o inclina para onde quer” [Provérbios 21:1].
“Confirmados pelo Senhor são os passos do homem...” [Salmos 37:23].
“O coração do homem propõe o seu caminho; mas o Senhor lhe dirige
os passos” [Provérbios 16:9]. “Em lugar disso, devíeis dizer: Se o Senhor
quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo” [Tiago 4:15]. “Porque dele, e
por ele, e para ele, são todas as coisas; ...” [Romanos 11:36]. “Pois,
quem te diferença? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o
recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?” [I
Coríntios 4:7]. “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem,
e os livra” [Salmos 34:7]. “Eis que o nosso Deus a quem nós servimos
pode nos livrar da fornalha de fogo ardente; e ele nos livrará da tua
mão, ó rei” [Daniel 3:17]. “O Senhor é por mim, não recearei; que me
pode fazer o homem?”[Sl 118:6]. “Mas agora, ó Senhor, tu és nosso Pai;
nós somos o barro, e tu o nosso oleiro; e todos nós obra das tuas mãos”
[Isaías 64:8]. “...e a mão do nosso Deus estava sobre nós, e ele nos
livrou da mão dos inimigos, e dos que nos armavam ciladas pelo
caminho” [Esdras 8:31]. “...e que Deus tinha dissipado o conselho
deles,...”[Neemias 4:15]. “Mas contra os filhos de Israel nem mesmo um
cão moverá a sua língua, nem contra homem nem contra animal; para
que saibais que o Senhor faz distinção entre os egípcios e os filhos de
Israel” [Êxodo 11:7]. “E de noite disse o Senhor em visão a Paulo: Não
temas, mas fala e não te cales; porque eu estou contigo e ninguém te
acometerá para te fazer mal, ...” [Atos 18:9,10).

(e) Os atos livres dos homens. “Porque Deus é o que opera em vós tanto
o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade” [Filipenses 2:13].
“E o Senhor deu ao povo graça aos olhos dos egípcios, de modo que
estes lhe davam o que pedia; ...”[Êxodo 12:36]. “Este Esdras subiu de
Babilônia. E ele era escriba hábil na lei de Moisés, que o Senhor Deus
de Israel tinha dado; e segundo a mão de Senhor seu Deus, que estava
sobre ele, o rei lhe deu tudo quanto lhe pedira” [Esdras 7:6]. “...porque
o Senhor os tinha alegrado, tendo mudado o coração do rei da Assíria a
favor deles, para lhes fortalecer as mãos na obra da casa de Deus, o
Deus de Israel” [Esdras 6:22]. “Ainda porei dentro de vós o meu
Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis as minhas
ordenanças, e as observeis” [Ezequiel 36:27].

(f) Os atos pecaminosos dos homens. “Porque verdadeiramente se


ajuntaram, nesta cidade, contra o teu santo Servo Jesus, ao qual
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

ungiste, não só Herodes, mas também Pôncio Pilatos com os gentios e


os povos de Israel; para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho
predeterminaram que se fizesse” [Atos 4:27,28] “Respondeu-lhe Jesus (a
Pilatos): Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fora
dado; por isso aquele que me entregou a ti, maior pecado tem” [João
19:11]. “Disse, porém, o rei (Davi a Abisai, com relação a Simei): ...Por
ele amaldiçoar e por lhe ter dito o Senhor: Amaldiçoa a Davi; ... Deixai-
o; deixai que amaldiçoe, porque o Senhor lho ordenou” [II Samuel
16:10,11]. “Na verdade a cólera do homem redundará em teu louvor, e
do restante da cólera tu te cingirás” [Sl 76:10]. “Eis que eu endurecerei
o coração dos egípcios, e estes entrarão atrás deles; e glorificar-me-ei
em Faraó e em todo o seu exército, nos seus carros e nos seus
cavaleiros” [Êxodo 14:17].

(g) Os eventos fortuitos ou “acontecimentos ao acaso” [referir-se à seção


4 (Capítulo III)] : “O plano divino inclui os eventos fortuitos ou
acontecimentos ao acaso”: “A sorte se lança no regaço; mas do Senhor
procede toda a disposição dela” [Provérbios 16:33]. “E dizia cada um ao
seu companheiro: Vinde, e lancemos sortes, para sabermos por causa
de quem nos sobreveio este mal. E lançaram sortes, e a sorte caiu sobre
Jonas” [Jonas 1:7]. “[24] E orando, disseram: Tu, Senhor, que conheces
os corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido [26] Então
deitaram sortes a respeito deles e caiu a sorte sobre Matias, e por voto
comum foi ele contado com os onze apóstolos” [Atos 1:24, 26]. “Cobre as
mãos com o relâmpago, e dá-lhe ordem para que fira o alvo” [ Jó 36:32].
“[28] Replicou Micaías: Se tu voltares em paz, o senhor não tem falado
por mim... [34] Então um homem entesou o seu arco, e atirando a
esmo, feriu o rei de Israel por entre a couraça e a armadura abdominal”
[I Reis 22:28, 34]. “Porque a aflição não procede do pó, nem a tribulação
brota da terra” [Jó 5:6]. “Replicou-lhe Jesus: Em verdade te digo que
hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes tu me
negarás” [Marcos 14:30] (compare com Gênesis 37:28 e 45:5; também
compare com I Samuel 9:15, 16 e 9:5-10).

NOTAS:

[1] - Teologia Sistemática, II, pp. 583, 585.


[2] - Toplady, no prefácio ao Predestinação de Zanchius, p. 14.
[3] - Doutrinas Bíblicas, p. 23.
[4] - Sermão sobre Predestinação, pregado antes da Assembléia Geral da
Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América, em 1924.
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Capítulo 6 - A Presciência de Deus

A objeção arminiana contra a predestinação também igualmente vai de


encontro à presciência de Deus. O que Deus sabe e conhece
antecipadamente deve, na própria natureza do caso, ser tão fixo e certo
como o que seja pré-ordenado; e se a pré-ordenação for inconsistente
com o livre arbítrio do homem, assim também o será a presciência de
Deus (e vice e versa). Pré-ordenação resulta em eventos certos,
enquanto presciência pressupõe que eles sejam certos.

Mas, se os eventos futuros são pré-conhecidos por Deus, eles não


podem, qualquer que seja a possibilidade, ocorrerem de forma diversa
do Seu conhecimento. Se o curso dos eventos futuros é pré-conhecido, a
história seguirá um curso que é tão definitivo e certo quanto uma
locomotiva se desloca pelos trilhos entre uma cidade e outra. A doutrina
Arminiana, por rejeitar a predestinação, rejeita também a base teísta da
presciência. O senso comum nos diz que nenhum evento pode ser
previamente conhecido a menos que, por alguma maneira, seja física ou
mental, tenha sido pré-determinado. Nossa escolha quanto ao que
determina a certeza de eventos futuros afunila-se então em duas
alternativas - a pré-ordenação do sábio e misericordioso Pai celeste; ou
a obra do acaso, físico e cego.

Os socinianos e unitarianos, enquanto não tão evangélicos como os


arminianos, são neste ponto mais consistentes, pois após rejeitar a
predestinação de Deus, eles também negam que Ele possa conhecer
antecipadamente os atos de agentes livres. Eles sustentam que, na
própria natureza do caso, pode ser antecipadamente sabido como a
pessoa agirá, até que chegue a hora em que a escolha seja feita. Esta
visão, é claro, transforma as profecias das Escrituras - na melhor das
hipóteses - em adivinhações e palpites perigosos, irresponsáveis,
abusivos e obsoletos; e destrói a visão cristã da inspiração das
Escrituras. É um ponto de vista que nunca foi aceito por nenhuma
Igreja cristã reconhecida. Alguns dos socinianos e unitarianos têm sido
intrépidos o bastante para reconhecer que a razão que os levou a negar
certa presciência de Deus quanto aos atos futuros dos homens, é que,
se assim fosse admitido, seria impossível refutar a teoria calvinista da
Predestinação.

Muitos arminianos sentiram a força deste argumento, e enquanto não


tenham seguido os Unitarianos na negação da presciência de Deus,
deixaram claro que tranqüilamente o negariam, se assim pudessem ou
se atrevessem. Alguns falaram depreciativamente da doutrina da
presciência, sugerindo que, em sua opinião, era de pouca importância
se alguém cresse ou não. Alguns foram mais longe, ao ponto de afirmar
claramente que os homens melhor fariam rejeitando a presciência do
que admitir a Predestinação. Outros sugeriram que Deus pode
voluntariamente negligenciar o conhecimento de alguns dos atos dos
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

homens de maneira a deixá-los livres; mas isso, é claro, destrói a


onisciência de Deus. Ainda outros sugeriram que a onisciência de Deus
pode implicar somente que Ele sabe todas as coisas, se Ele assim
escolher, justamente como a Sua onipotência implica que ele pode
todas as coisas, caso Ele assim opte. Mas a comparação não é
sustentável, pois aqueles certos atos [dos homens] não são meras
possibilidades, mas sim realidades, embora ainda futura; e imputar
ignorância daqueles aspectos a Deus é negar-Lhe o atributo da
onisciência. Esta explicação resultaria no absurdo de uma onisciência
que não é onisciente.

Quando confrontado com o argumento da presciência de Deus, o


arminiano admite que eventos futuros estão certos ou fixos. Mas
quando lhe é apresentada a questão do livre-arbítrio, ele tende a desejar
manter que os atos livres são incertos e em última instância
dependentes da escolha da pessoa - o que é uma posição plenamente
inconsistente. Um ponto de vista que sustente que os atos livres de
homens sejam incertos, sacrifica a soberania de Deus de modo a
preservar a liberdade dos homens.

Além do mais, se os atos livres são eles próprios incertos, Deus precisa
então esperar até que o evento tenha ocorrido antes de fazer os Seus
planos. Na tentativa de converter uma alma, seria esperado que Ele
agisse da mesma maneira que se diz sobre Napoleão ao marchar para
batalha - com três ou quatro planos diferentes em mente, de modo que
se o primeiro falhasse, ele poderia recorrer ao segundo, e se aquele
falhasse, ele moveria sua tática para o terceiro e assim por diante - um
ponto de vista que é, no geral, inconsistente com a verdadeira visão de
Sua natureza. Ele então ignoraria muito do futuro e estaria ganhando
diariamente vastas quantidades de conhecimento. Seu governo do
mundo também, naquele caso, seria muito incerto e mutável,
dependente quanto fosse da conduta imprevista dos homens.

Negar a Deus as perfeições da presciência e da imutabilidade é


representá-Lo como um ser desapontado e infeliz, que é freqüentemente
colocado em cheque e derrotado por Suas criaturas. Mas quem pode
realmente crer que na presença do homem o Grande Jeová deva
permanecer sentado, questionando, “O que ele fará?”. Todavia, a menos
que o arminianismo negue a presciência de Deus, ficará sem defesa
ante a lógica consistência do Calvinismo; pois a presciência implica em
certeza e certeza implica em predestinação.

Falando através do profeta Isaías, o Senhor disse: “...que eu sou Deus, e


não há outro; eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que
anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que
ainda não sucederam; que digo: O meu conselho subsistirá, e farei toda
a minha vontade” [Isaías 46:10]. “...de longe entendes o meu
pensamento” escreveu o salmista [Salmo 139:2]. “E Deus, que conhece
os corações,...” [Atos 15:8] “E não há criatura alguma encoberta diante
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele a
quem havemos de prestar contas” [Hebreus 4:13].

Muito da dificuldade relacionada com a doutrina da Predestinação é


devido ao caráter finito de nossa mente, que pode somente captar
poucos detalhes de cada vez, e que entende somente uma parte das
relações entre os mesmos. Nós somos criaturas do tempo, e
freqüentemente falhamos ao levar em consideração o fato de que Deus
não é limitado como somos. O que se nos aparece como
“passado......presente”, e “futuro” é tudo “presente” para a Sua mente. É
um eterno “agora”. Ele é o “...Alto e o Excelso, que habita na
eternidade...”[Isaías 57:15]. “...mil anos aos teus olhos são como o dia
de ontem que passou, e como uma vigília da noite” [Salmo 90:4]. Isto
posto, os eventos que vemos passar no tempo são somente os eventos
que Ele apontou e determinou ante Si mesmo desde a eternidade. O
tempo é uma propriedade da criação finita e é objetivo para Deus. Ele
está acima do tempo e vê o tempo, mas não está condicionado pelo
tempo. Ele também é independente de espaço, que é outra propriedade
da criação finita. Da mesma forma que Ele vê num relance a estrada
que liga Nova Iorque a São Francisco, enquanto nós somente vemos
uma pequena porção da mesma à medida em que por ela trafegamos;
também Ele pode ver todos os eventos na história, passado presente e
futuro num relance. Quando nos damos conta de que o processo
completo da história está perante Ele num eterno “agora”, e que Ele é o
Criador de toda a existência finita, a doutrina da Predestinação passa
no mínimo a ser uma doutrina “mais fácil”.

Nas eras eternas antes da criação não poderia haver nenhuma certeza
quanto aos eventos futuros, a menos que Deus tenha formado um
decreto neste sentido. Eventos passam da categoria de coisas que
podem ou não ser, para a de coisas que deverão certamente ser, ou de
possibilidade para realização, somente quando Deus emite um decreto
para tal efeito. Esta “certeza” ou “fixação” não poderia ter tido suas
bases em qualquer lugar fora da mente Divina, pois na eternidade nada
mais existia. Diz o Dr. R. L. Dabney: “A única maneira pela qual um
objeto pode, por qualquer possibilidade, passar da visão de Deus do
possível para a Sua presciência do real, é pelo Seu próprio propósito de
assim proceder, ou intencionalmente e propositadamente permitir que
assim se processe através de algum outro agente que Ele expressa e
propositadamente tenha permitido vir a existir. Isto é claro. Um efeito
concebido em poder somente vem a tornar-se real pela virtude de causa
ou causas eficientes. Se os efeitos são previstos na infinita presciência
de Deus, os quais serão produzidos por outros agentes, ainda, em
determinando a existência desses outros agentes, com infinita
presciência, Deus virtualmente determinou à existência, ou ao
propósito, todos os efeitos dos quais eles seriam eficientes”. [1]

E para o mesmo efeito, o teólogo Batista Dr. A. B. Strong, que por vários
anos foi Presidente e Professor no Seminário Teológico Rochester,
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

escreve: “Na eternidade não poderia ter havido nenhuma causa para a
futura existência do universo, fora do próprio Deus, desde que nenhum
ser existia senão o próprio Deus. Na eternidade Deus anteviu que a
criação do mundo e a instituição de suas leis resultariam na história
real, mesmo aos detalhes mais insignificantes. Mas Deus decretou criar
e instituir aquelas leis. E em assim fazendo, Ele necessariamente
decretou tudo o que estava por vir. Em suma, Deus certamente anteviu
os eventos futuros do universo, porque Ele tinha decretado a criação
dos mesmos; mas esta determinação em criar envolveu também a
determinação de todos os resultados reais da criação; ou em outras
palavras, Deus decretou também os resultados”. [2]

Presciência não deve ser confundida com pré-ordenação. Presciência


pressupõe pré-ordenação, mas não é em si própria pré-ordenação. As
ações de agentes livres não terão lugar porque elas são previstos, mas
elas são previstos porque são certas de ocorrerem. Assim, Strong diz,
“Logicamente, embora não cronologicamente, decretos ocorrem antes da
presciência. Quando eu digo, 'Eu sei o que farei,' é evidente que já
determinei, e que o meu conhecimento não precede a determinação,
mas vem após ela e é baseado nela”.

Visto que a presciência de Deus é completa, Ele conhece o destino de


cada pessoa, e não meramente antes que tal pessoa tenha tomado sua
decisão na vida, mas desde a eternidade. E visto que Ele conhece seus
destinos antes que eles tenham sido criados, e então prossiga criando-
os, é fato que os salvos e os perdidos da mesma forma cumpram o Seu
plano para eles; pois se Ele não planejasse que alguns em particular se
perderiam, Ele poderia pelo menos refrear-se de criá-los.

Concluímos, então, que a doutrina cristã da presciência de Deus prova


também a Sua Predestinação. Uma vez que tais eventos são pré-
conhecidos, eles são coisas fixas e estabelecidas; e nada pode haver
fixado-os e os estabelecido, exceto o bom prazer de Deus, - a grande
primeira causa, - livremente e imutavelmente pré-ordenando o que quer
que venha a acontecer. Toda a dificuldade reside no fato de serem
certos (pré-conhecidos, pré-ordenados) os atos dos agentes livres; mas
ainda a certeza é requerida para a presciência tanto quanto para a pré-
ordenação. Os argumentos arminianos, se válidos, desaprovariam
ambas, a presciência e a pré-ordenação. E desde que eles provam
demais, nós concluímos que eles não provam nada.

NOTAS: [1] - Teologia, p. 212.


[2] - Teologia Sistemática, p. 356T Tradução livre: Eli Daniel
Revisão: Felipe Sabino de Araújo Neto
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Estudo sobre Predestinação


por

Presb. F. Solano Portela Neto

I. Introdução

Dentre as doutrinas contidas na Bíblia, a predestinação é uma das


mais difíceis de serem abordadas. Creio que poderíamos identificar três
razões para essa dificuldade:

1. Rejeição em função de nossa natureza pecaminosa – Nossa


natureza, influenciada pelo pecado, traz uma tendência de rejeição da
exaltação do Deus Soberano, ao mesmo tempo em que passa a
considerar o homem superior àquilo que ele realmente é. Nesse sentido,
tendemos nos apresentar numa posição de autonomia e superioridade,
contrariando o que a Palavra de Deus nos revela sobre o nosso ser. As
pessoas fazem um grande esforço para se desvincularem da esfera de
autoridade divina, e para tirarem Deus da regência de suas vidas e do
seu destino.

2. Distorção, por insuficiência de base bíblica – Às vezes, a doutrina é


apresentada, ou absorvida com um exame superficial da base bíblica.
Se todos os ângulos não forem estudados, ou se recorrermos mais ao
“eu acho”, “eu penso”, do que a uma aceitação sem preconceitos do que
a Bíblia revela, sobre as ações e planos do Deus soberano, saímos com
uma idéia distorcida dessa doutrina.

3. Diluição, para facilidade de compreensão – Muitas vezes, temos a


idéia de que a veracidade ou não de uma doutrina está baseada na
nossa capacidade de compreensão total da mesma, esquecendo-nos de
que nossa compreensão é finita, imperfeita e limitada. A diluição, ao
nível de nossa capacidade, traz uma série de problemas secundários
que tornam a doutrina, no cômputo final, diferente da apresentação
bíblica e de impossível aceitação, mediante um estudo sério da questão.

Quando estudarmos a predestinação teremos, portanto, de estar cientes


das dificuldades do estudo mas, se tivermos seriedade e humildade
para aprender o que Deus nos revelar em sua palavra, devemos ter a
disposição de considerar:

1. Os dados bíblicos – examinarmos o maior número possível de


passagens.

2. A necessidade de não rejeitar os conceitos bíblicos simplesmente


porque estes podem fugir à nossa compreensão, ou experiência, mas
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

deixá-los permanecer em toda a sua objetividade e lógica


transcendental, gradativamente, pela ação do Espírito, penetrando em
nossas convicções.

3. O testemunho histórico da Igreja – ele não determina doutrina, mas o


seu estudo é relevante para vermos como Deus tem guiado a sua igreja,
e para discernirmos a diferença entre inovações – ventos de doutrina e
as doutrinas verdadeiras provadas no cadinho do tempo e da história
eclesiástica.

4. O fato de que, quanto mais aprendermos e exaltarmos a pessoa de


Deus, mais cresceremos espiritualmente e mais chegaremos perto de
nossa finalidade que é a de glorificarmos a ele, em todas as nossas
ações.

II. O Plano de Deus – No seu relacionamento com o homem, Deus


tem um

PLANO, que é mais do que um mero MAPA, constituído de caminhos


alternativos, para se chegar a dois destinos finais. A Bíblia nos diz que
Deus tem um plano – este plano é:

A. Eterno. Is 46.9 e 10, diz: “Lembrai-vos das coisas passadas da


antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há
outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de
acontecer e desde a antigüidade, as coisas que ainda não sucederam;
que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha
vontade” (veja também: 2Tm 1.9; Sl 33.11; Is 37.26; Jr 31.3; Mt 25.34;
1 Pe 1.20; Sl 139.16; 2 Ts 2.13; At 15.17,18).

B. Imutável. Tg 1.17-18, diz: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são
lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir
variação ou sombra de mudança...” (veja também: Is 14.24,27; Is
46.10,11; Nm 23.19; Ml 3.6).

C. Inclui os atos futuros dos homens. Isso pode ser visto em todas as
profecias da Bíblia, mas considere, especialmente, Mt 20.18 e 19: “Eis
que subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos
principais sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte. E o
entregarão aos gentios para ser escarnecido, açoitado e crucificado;
mas, ao terceiro dia, ressurgirá”; e Lc 22.22: “Porque o Filho do Homem,
na verdade, vai segundo o que está determinado, mas ai daquele por
intermédio de quem ele está sendo traído” (veja também: Dn 2.28 e Jo
6.64).

D. Inclui os eventos não importantes, ou ocasionais. Como lemos em


Pv 16.33: “A sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda
decisão” (veja também: Jn 1.7; At 1.24,26; Mc 14.30; 1 Rs 22.28-34).
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

E. Especifica a certeza e a inevitabilidade dos eventos. Já vimos isso


em Lc 22.22, acima, e o mesmo conceito está presente em Jo 8.20: “...
ninguém o prendeu, porque não era ainda chegada a sua hora” (veja
também: Gn 41.32; Hq 2.3; Mt 24.36; Lc 21.24; Jr 15.2; Jó 14.5; Jr
27.7).

F. Até os atos pecaminosos do homem estão incluídos (sem que


Deus seja o autor de pecado). Lemos em Gn 45.8, que as ações
malévolas dos irmãos de José faziam parte do plano de Deus: “Assim,
não fostes vós que me enviastes para cá, e sim Deus, que me pôs por
pai de Faraó, e senhor de toda a sua casa, e como governador em toda a
terra do Egito”. Deus, entretanto, não é o autor do pecado, como nos
ensina Tg 1.13 e Dt 32.4: “Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas,
porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há
nele injustiça; é justo e reto” (veja também: Sl 5.4; Tg 1.13; Gn 50.20;
Mt 21.42; At 3.17-18; Am 3.6).

III. O livre arbítrio e a liberdade – O nosso conceito de liberdade e de


livre arbítrio é muitas vezes identificado com a execução de ações
erráticas, aleatórias, sem nenhum enquadramento em um modelo
comportamental ou sem nenhuma ligação com a natureza e
características intrínsecas das pessoas. Será que é mesmo assim?
Vamos repensar um pouco os nossos conceitos, partindo de um exame
da doutrina bíblica sobre a pessoa de Deus:

A. DEUS é livre?

1. Certamente que sim!—Ele é livre em um grau muito mais alto do que


qualquer outro ser. Veja a Sua liberdade expressa no Sl 115.3: “No céu
está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada”; e em 1 Co 12.11:
“Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-
as, como lhe apraz, a cada um...”.

2. Isto significa que suas ações são incertas? Que ele pode mudar como
um pêndulo? Pode ele quebrar o concerto com o Seu povo? Não! Por que
não? Existe alguma compulsão EXTERNA obrigando-o a isto?

3. Certamente que não! Não existe nenhum agente ou força externa


exercendo pressão ou autoridade sobre Deus, que é Soberano e está
acima de tudo e todos.

4. ENTRETANTO, é impossível para Deus mentir! Tito 1.2 fala do “...


Deus que não pode mentir... ”. Por que? Porque isto seria contrário à
sua natureza e aos seus atributos! O Breve Catecismo de Westminster,
responde a pergunta 4 (“Quem é Deus?”) com uma descrição dos
atributos de Deus:

Deus é Espírito:
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Infinito Ser, Sabedoria,

Eterno Poder, Justiça,

Imutável…em seu Bondade e Verdade.

5. Portanto, nunca, na menor de Suas ações, Ele se desviará daquele


padrão de perfeição que Sua própria natureza determina.

B. E o HOMEM, ele é livre?

1. SIM, o homem é livre no sentido de que suas escolhas não são


determinadas, em linhas gerais, por nenhuma compulsão externa.
Podemos dizer que ele tem LIVRE AGÊNCIA.

2. ENTRETANTO, suas ações são determinadas pela natureza de seu


próprio caráter, e nós sabemos que esta natureza é só pecado (Rm.
3.10-23). Neste sentido, ele não tem LIVRE ARBÍTRIO de escolher o
bem, pois é escravo do pecado. Este “livre arbítrio” foi perdido com a
queda, em Adão.

3. Mesmo não possuindo “livre arbítrio”, definido como a possibilidade


de escolha do bem, a “liberdade” que possui, definida como livre
agência, não é incompatível com o enquadramento do Homem nos
planos divinos. Deus, soberanamente, executa os seus desígnios
ATRAVÉS da vontade das suas criaturas (veja os seguintes trechos: Fp
2.13; Pv 20.24; 2 Co 3.5; Jr 10.23; Rm 9.16 e Tg 4.13-15).

* Talvez não compreendamos COMO Deus faz isso – como Ele preserva
a livre agência, mas executa com precisão os Seus planos. Mas a
aceitação dos pontos 2 e 3, acima, é a chave para entendermos melhor
a doutrina da soberania de Deus e a própria predestinação. Não é
negando a existência do plano de Deus, nem diminuindo a sua
soberania, que retratamos a realidade expressa na Bíblia sobre essas
questões. Não possuímos “livre arbítrio”, mas Deus é infinitamente
soberano e onipotente para executar seus planos, sem violação da
LIVRE AGÊNCIA que nos concedeu.

IV. Deus realmente determina as ações do homem? Cremos que


sim. Na execução do seu plano soberano ele determina “tudo que
acontece”, mas muitos têm dificuldade na aceitação deste fato. Na
realidade, temos apenas duas posições possíveis, ou Deus determina as
ações do Homem, ou Ele não determina estas e o homem é
completamente autônomo.

Concordamos que este é um ponto de difícil compreensão. Alguns


tentam contornar este problema dizendo que Deus não determina, na
realidade, mas como Ele tudo conhece de antemão, Ele “determinaria”,
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

ou “predestinaria”, as coisas que Ele sabe que irão acontecer. Ou


seja, a sua determinação é dependente do Seu conhecimento prévio, de
sua onisciência. Com isso, procura-se deixar as pessoas “livres”.

Será que é mesmo assim e que esta posição resolve o problema? Cremos
que não! Querer resolver o problema da “liberdade humana” ancorando
a soberania de Deus e a sua predestinação na onisciência dele, traz
uma solução apenas aparente mas não real. A Confissão de Fé de
Westminster, em seu Cap. III, seção 2, diz que Deus “... não decreta
coisa alguma por havê-la previsto como futura”.

Vejamos a posição contrária: se ele determina, simplesmente porque


conhece de antemão (como, por exemplo, falando-se das profecias
registrada na Palavra de Deus), na hora em que ele houvesse
determinado, essas situações se tornariam fixas e imutáveis.
Dificilmente um cristão dirá que Deus não é soberano, ou que ele não
cumpre o que profetizou. Sendo Ele soberano as coisas serão
cumpridas, como previamente registradas. Como fica, então, a defesa
da liberdade irrestrita das pessoas, do “livre arbítrio”, neste sentido? E
se os homens, segundo esse conceito, que são os agentes diretos do
cumprimento das determinações que Deus colocou no seu plano
(apenas “porque Ele já conhecia”), na última hora resolverem “mudar de
idéia”, como fica esse plano de Deus? Deus também ficará mudando, à
mercê das determinações do homem, e até quando?

Vemos que procurar escapar à imensa evidência bíblica que ensina a


irrestrita soberania de Deus, o seu plano sábio e sua onipotência no
cumprir tudo que antes predeterminou, com o sofisma de que Deus
realmente não determina, mas apenas conhece previamente, não traz
qualquer pretensa “liberdade” ao homem, a não ser que se pretenda
reduzir o poder de Deus. A seguir, temos um diagrama com as
diferentes alternativas, posições e algumas referências bíblicas,
mostrando como podemos organizar os dados das Escrituras e, até
onde levam alguns pensamentos e deduções:
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

V. A Predestinação – Dentro do contexto bíblico, que estamos


estudando, a Predestinação é simplesmente um ponto específico deste
plano de Deus. O nosso Deus é soberano e não existe uma área sequer
do universo, da nossa vida e existência, que não esteja sob esta
soberania e regência, inclusive a questão da salvação de almas.

A. Definição: Poderíamos definir a Predestinação como sendo:

O aspecto da pré-ordenação de Deus, através do qual a salvação do


crente é considerada efetuada de acordo com a vontade de Deus, que o
chamou e o elegeu em Cristo, para a vida eterna, sendo a sua aceitação
VOLUNTÁRIA, da pessoa e do sacrifício de Cristo, uma CONSEQUÊNCIA
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

desta eleição e do trabalho do Espírito Santo, que efetiva esta eleição,


tocando em seu coração e abrindo-lhe os olhos para as coisas espirituais.

B. A Fonte da Predestinação: É a Soberana Vontade de Deus. No


capítulo 6 do Evangelho de João, temos três versículos pertinentes: 37 –
“Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de
modo nenhum o lançarei fora”; 44 – “Ninguém pode vir a mim se o Pai,
que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia”; e 65 –
“E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá
vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido” (veja também – Ef 1.4, 5 e
11; Rm 9.11, 16).

C. A Causa da Predestinação: É a misericórdia infinita de Deus e a


manifestação de sua glória. Rm 9.23 diz – “... a fim de que também
desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia,
que para glória preparou de antemão” (veja também – Rm 11.33; Ef
1.6 e Jo 3.16).

D. Os Objetos da Predestinação: Pessoas pecadoras. Note Jo 1.12 e 13


– “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos
filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não
nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do
homem, mas de Deus” (veja também esses versos, todos em João –
5.21; 6.65; 10.26 e 27; 12.37-41; 15.16; 17.6-8).

E. Os Meios para a concretização da Predestinação:

1. O chamado externo – Mt 22.14 “Porque muitos são chamados, mas


poucos, escolhidos”.

2. A resposta ao chamado interno (crença) – At 13.48 “... e creram


todos os que haviam sido destinados para a vida eterna”.

VI. A Doutrina da Predestinação, na História. Vamos dar uma


olhada “relâmpago” na acolhida, exposição e reflexos das doutrinas
relacionadas com a Soberania de Deus, com Seus decretos e,
especialmente, com a Predestinação através da história:

A. Entre os Judeus: Os Judeus aceitavam normalmente a idéia de


Deus, expressa no Antigo Testamento, que o apresenta como estando
em controle de tudo e de todos, dirigindo os passos e os destinos dos
homens, como indica Pv 16.33 – “A sorte se lança no regaço, mas do
SENHOR procede toda decisão” (veja também – Am 3.5 e 6; Is 45.7 e Jo
9.2).

B. Na História da Igreja Neo-testamentária:

1. Ensinada por Jesus – Jo 5.21; 6.65; 10.27; 15.16.


Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

2. Explanada por Paulo – Rm 9.1-16; Ef 1.4,5-11.

3. Registrada por João, Lucas e outros: Jo 1.12,13; At 13.48

4. Aceita pelos Patriarcas da Igreja, como por exemplo: Policarpo, Irineu


e Eusébio.

5. Contestada pelos ramos heréticos da Igreja, dos quais o maior


expoente, nos primeiros séculos, foi PELÁGIO, que defendia o livre
arbítrio irrestrito, em oposição a AGOSTINHO, que defendeu e enalteceu
a Soberania de Deus em todas as esferas, principalmente na salvação
de almas.

6. Esquecida pela Igreja Católica, na medida em que ela foi se formando


entrelaçada ao Estado, após a regência do Imperador Constantino. Este
esquecimento foi paralelo ao de outras doutrinas cardeais da Bíblia, que
foram sufocadas e suplantadas pelas tradições e conveniências da
Igreja, concretizando-se no humanismo pragmático de Tomás de
Aquino.

7.Reaparecida em todos os movimentos Pré-reforma que desabrocharam


na Idade Média, sendo uma constante, paralelamente às outras
doutrinas chaves da Bíblia, entre os Valdenses (seguidores de Waldo),
os Hussitas (seguidores de João Huss) os Lolardos (seguidores de
Wyclif), etc.

8.Revivida por Lutero, na Reforma do Século XVI, que despertando para


as doutrinas fundamentais que haviam sido mumificadas pela Igreja
Católica, a defende e a proclama, principalmente em seu livro: “De Servo
Arbitrio” (A Prisão do Arbítrio), escrito em resposta a Erasmo de
Roterdã.

9.Constante em todos os movimentos Pós-reforma, como por exemplo


nos escritos e tratados de Melânchton, Zuínglio, João Knox, etc.

10.Sistematizada, em seus ensinamentos, por João Calvino, que


reapresenta e sistematiza a posição de Paulo e de Agostinho em seu
tratado “Institutas da Religião Cristã”, e em outros livros e comentários
bíblicos que escreveu, fundamentando a posição da Igreja Protestante
contra os Arminianos.

11.Atacada apenas, nesta ocasião, por Jacobus Armínius e seus


seguidores, que assumiram a posição de Pelágio (vide item 5, acima),
levando ao posicionamento contrário, oficial, conhecido como os
cânones de Dort (Dordrecht) – que resume a doutrina reformada sobre a
soberania de Deus na salvação , refletindo, igualmente a interpretação
bíblica dessas doutrinas contidas no Catecismo de Heildelberg e na
Confissão de Fé Belga.
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

12.Constituída no posicionamento oficial de quase todas as


denominações que se afirmaram após a Reforma:

PRESBITERIANOS—A apresentam na Confissão de Fé de Westminster,


principalmente nos capítulos V, VIII, IX, X, XI e em várias perguntas e
respostas dos Catecismos (Breve e Maior).

BATISTAS—Estes adotaram a Confissão de Fé de Londres (1689, na


Inglaterra e 1742 nos Estados Unidos), que é semelhante em tudo à de
Westminster, exceto na forma prescrita para o batismo.

CONGREGACIONAIS—Na sua doutrina soteriológica se assemelhavam


aos Presbiterianos. Alguns puritanos (caracterizados pela convicção
plena da soberania de Deus) eram presbiterianos, outros (como Roger
Williams, na América) eram batistas, mas muitos eram
congregacionais, como Jonathan Edwards.

ANGLICANOS—Na primeira reestruturação desta Igreja, sob Edward VI,


quando foram escritos os 42 Artigos de Fé, a soberania de Deus e a
posição Calvinista, sobre a salvação, foi retratada e defendida.

13.Presente nas mensagens dos grandes pregadores dos séculos 17 a


19, tais como:

CHARLES SPURGEON—O grande pastor batista, que muito escreveu


sobre eleição e soberania de Deus.

JOÃO WESLEY—O reavivalista, compositor de hinos e iniciador do


Metodismo, de quem seu irmão Charles Wesley mais tarde se separou,
adotando posição Arminiana adversa.

J. EDWARDS e GEORGE WHITEFIELD, nos EE UU, e muitos outros de


tradição puritana.

14. Considerada como o esteio da Igreja e da Nação Holandesa, durante


séculos (na forma mais abrangente da Soberania de Deus – pois
penetrou a vida plena da nação, inclusive na política), o que pode ser
constatado nos movimentos missionários e de catequização deflagrados
pelos holandeses nos séculos 16 e 17 e, mais contemporaneamente, nas
vidas e escritos de KUYPER, BAVINCK e outros ilustres homens de
Deus, daquele país.

15. Considerada a mola mestra dos movimentos missionários


desencadeados pela Igreja Norte Americana, pois constituía a doutrina
explanada pelos grandes doutores, tais como Charles Hodge, Benjamin
Warfield, Dabney e tantos outros. Neste sentido, esteve presente no
Brasil desde o início da Igreja Presbiteriana, pois era a doutrina dos
antigos missionários (a começar com Simonton – discípulo de Hodge) e
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

dos primeiros pastores formados por estes, tais como o Dr. Antônio
Almeida e muitos outros.

16. Infelizmente, esquecida e relegada a segundo plano por quase todo o


mundo evangélico contemporâneo, mais preocupado que está com os
“modismos” da época, em vez de concentração nas raízes sólidas da
doutrina bíblica e na aplicação destas às pessoas, em todas as suas
atividades. Este esquecimento foi provavelmente causado pelo advento
do Dispensacionalismo, há cerca de 150 anos, que, popularizado pela
Bíblia de Scofield, tomou conta da mensagem e da teologia da maioria
das denominações, até da Igreja Presbiteriana, no maior reavivamento
de Pelagianismo e Arminianismo desde a aparição destas correntes.

17. Necessária no ensinamento das Igrejas, que deveriam rever os seus


Padrões de Doutrina, achegando-se cada vez mais à Palavra, para que a
posição de Deus venha a ser exaltada, e para que o Evangelho puro
possa ser pregado, para a glória do Seu Nome.

Acreditamos, portanto, que a Doutrina da Predestinação é bíblica;


harmoniza-se com o todo da revelação da pessoa de Deus, conforme as
Escrituras; e tem sido sustentada pelo testemunho dos segmentos fiéis
da igreja de Cristo. Em artigo próximo, examinaremos algumas objeções
contra a doutrina da predestinação e concluiremos este estudo.
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Respondendo Algumas Objeções à Doutrina da


Predestinação
por

Presb. F. Solano Portela Neto

I. Introdução

Em artigo anterior, analisamos as bases bíblicas à doutrina da


predestinação, bem como, as dificuldades encontradas na sua
compreensão. Avaliamos as situações antibíblicas e ilógicas
encontradas pelas posições que rejeitam tal ensinamento. Verificamos
que Deus possui realmente um plano maravilhoso, que é mais do que
alternativas de reação ao desenrolar da história. É um plano singular
que abrange, inclusive, o plano de salvação do Seu Povo.

Passeando rapidamente pela história da Igreja, verificamos o


testemunho abundante ao longo dos séculos e, os servos do Senhor que
habilmente defenderam e ensinaram a importância crucial da Soberania
divina, como chave para compreensão do nosso papel, como peregrinos
aqui na terra, servos do Deus Altíssimo.

Fazendo distinção entre “livre arbítrio” e “livre agência”, procuramos


mostrar como Deus executa os Seus planos através de nossas vontades,
ou seja de nossa “livre agência”. Igualmente, verificamos como as
pessoas são escravas de sua natureza, incapazes de “escolher” o bem, a
não ser pela ação e intervenção direta da maravilhosa graça de Deus,
pela atuação do Seu Santo Espírito, em nossas vidas.

Apesar da abundante evidência bíblica, a rejeição natural das doutrinas


relacionadas com a soberania de Deus é algo muito forte e presente em
amplo segmento do mundo evangélico contemporâneo. Numa era onde
se procura o fortalecimento da autonomia do homem, onde se
multiplicam as igrejas-entretenimento, onde se procura agradar para
conquistar, onde está perdida a finalidade principal de todos nós – a
glorificação de Deus – são levantadas muitas objeções a qualquer
ensinamento que coloque o homem em seu devido lugar – como incapaz
de reger o seu destino em um mundo regido pelo Deus soberano.

Neste artigo, queremos abordar algumas dessas objeções, apresentando


respostas bíblicas a cada uma delas, culminando com uma dedutiva
conclusão.

II. Cinco Objeções Comumente Levantadas Contra a Doutrina


Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

da Predestinação e aos Decretos de Deus, com Respectivas


Respostas.

1. “A Predestinação é incoerente com o livre arbítrio do homem e com a


responsabilidade moral deste, para com as suas ações.”

Resposta — Realmente, a Bíblia não apresenta o homem como sendo


um autômato, um robô. De uma certa forma, ele cumpre livremente
suas ações, não se esquecendo de que, como pecador, ele está
escravizado à sua natureza pecaminosa. Entretanto, ele não é forçado a
cometer o pecado. Ele comete porque se deleita nele, porque segue sua
própria natureza. O outro lado da questão, é que ele só pode “escolher”
o bem verdadeiro, quando possibilitado pelo Espírito Santo. Ocorre que,
mesmo considerando o fato de que nenhuma força compulsória age
sobre o homem, isto não significa que Deus não tenha um plano e que
Ele seja impotente para realizar este plano, a não ser que o homem
concorde com Ele. NÃO! A soberania e onipotência de Deus são
manifestadas na maneira como Ele opera: trabalhando através da
vontade do homem, e não contra ela. É assim que temos essa
verdade expressa em Fl 2.12-13: “De sorte que, meus amados, do modo
como sempre obedecestes, não como na minha presença somente, mas
muito mais agora na minha ausência, efetuai a vossa salvação com
temor e tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer
como o efetuar, segundo a sua boa vontade”.

Vejamos alguns exemplos bíblicos, sobre a maneira como Deus opera a


sua vontade através da livre agência das pessoas:

1. José no Egito: Seus irmãos agiram livremente, sem nada que os


compelisse a praticar o mal cometido. Entretanto, estavam cumprindo o
plano predeterminado de Deus. É importantíssimo notarmos que todos
eles foram responsáveis por suas ações diante de Deus. Considere as
seguintes referências, no livro de Gênesis:

42.21 – Os irmãos sabiam de sua culpa: “Então disseram uns aos


outros: Nós, na verdade, somos culpados no tocante a nosso irmão,
porquanto vimos a angústia da sua alma, quando nos rogava, e não o
quisemos atender; é por isso que vem sobre nós esta angústia”.

45:5 – José tinha consciência de que Deus agia soberanamente


sobre todos os incidentes: “Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos
aborreçais por me haverdes vendido para cá; porque para preservar vida
é que Deus me enviou adiante de vós”.

45:8 – A causa final era Deus: “Assim não fostes vós que me enviastes
para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por senhor
de toda a sua casa, e como governador sobre toda a terra do Egito”.
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

50:20 – O Plano soberano de Deus contemplava o bem, como


resultado final: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; Deus,
porém, o intentou para o bem, para fazer o que se vê neste dia, isto é,
conservar muita gente com vida”.

2. Faraó: Agiu injustamente contra o povo de Deus e por causa disto foi
castigado e responsabilizado por Deus. Entretanto, agiu sempre livre e
voluntariamente, apesar de estar cumprindo os propósitos de Deus.
Aprendemos isso na leitura dos seguintes versos:

Ex 9.16 – Faraó agia livremente, externando a sua obstinação


despótica e pecaminosa, mas cumpria o propósito de Deus: “... mas,
na verdade, para isso te hei mantido com vida, para te mostrar o
meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra”.

Ex 10.1-2 – Deus endureceu o coração de Faraó: “Depois disse o


Senhor a Moisés: vai a Faraó; porque tenho endurecido o seu coração,
e o coração de seus servos, para manifestar estes meus sinais no meio
deles, e para que contes aos teus filhos, e aos filhos de teus filhos, as
coisas que fiz no Egito, e os meus sinais que operei entre eles; para que
vós saibais que eu sou o Senhor”.

Rm 9.17 – Paulo utiliza o incidente para demonstrar a soberania de


Deus: “Pois diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei: para
em ti mostrar o meu poder, e para que seja anunciado o meu nome em
toda a terra”.

3. O Rei Ciro: Agiu livremente ordenando a reconstrução do Templo,


em Jerusalém. Não sabia que Deus trabalhava por intermédio de sua
livre agência e que estava cumprindo os desígnios de Deus.

Ed 1.1-3 – Vemos Deus em controle da história e o Rei em suas


mãos: “No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, para que se cumprisse
a palavra do Senhor proferida pela boca de Jeremias, despertou o
Senhor o espírito de Ciro, rei da Pérsia, de modo que ele fez proclamar
por todo o seu reino, de viva voz e também por escrito, este decreto.
Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor Deus do céu me deu todos os
reinos da terra, e me encarregou de lhe edificar uma casa em
Jerusalém, que é em Judá. Quem há entre vós de todo o seu povo (seja
seu Deus com ele) suba para Jerusalém, que é em Judá, e edifique a
casa do Senhor, Deus de Israel; ele é o Deus que habita em Jerusalém”.

Pv 21.1 – Este verso indica o governo soberano e incontestável de


Deus: “Como corrente de águas é o coração do rei na mão do Senhor;
ele o inclina para onde quer”.
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

4. A Crucificação de Cristo: Era um evento CERTO, INEVITÁVEL e


planejado (Atos 4.27,28 – “Porque verdadeiramente se ajuntaram, nesta
cidade, contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, não só
Herodes, mas também Pôncio Pilatos com os gentios e os povos de
Israel; para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho
predeterminaram que se fizesse”). Entretanto, nem por isto os
Judeus foram forçados a crucificar a Cristo. Judas cumpriu
LIVREMENTE, como fruto de sua própria ganância e impiedade, o
propósito de Deus, mas não foi inocentado pelo fato de estar “apenas”
cumprindo os Decretos de Deus. Os Judeus seguiram, também, suas
próprias inclinações malévolas, mas cumpriam, mesmo assim, a
predeterminação de Deus. Note que Pedro não os inocentou por isto.
Muito pelo contrário! Foram responsabilizados pelos seus atos, em Atos
2.23 (“...a este, que foi entregue pelo determinado conselho e
presciência de Deus, vós matastes, crucificando-o pelas mãos de
iníquos”). Essa responsabilização ocorre na mesma passagem em que a
Soberania de Deus é apontada como estando por trás de todos os
eventos.

5. Dois exemplos adicionais, de como Deus pode cumprir os seus


propósitos e planos, mesmo assim preservando a responsabilidade
humana:

Ap 17.17 – Deus coloca nos corações a execução de suas intenções:


“Porque Deus lhes pôs nos corações o executarem o intento dele,
chegarem a um acordo, e entregarem à besta o seu reino, até que se
cumpram as palavras de Deus”.

2 Sm 17.14 – Absalão segue um conselho, mas sem saber cumpre os


desígnios de Deus: “Então Absalão e todos os homens e Israel
disseram: Melhor é o conselho de Husai, o arquita, do que o conselho de
Aitofel: Porque assim o Senhor o ordenara, para aniquilar o bom
conselho de Aitofel, a fim de trazer o mal sobre Absalão”.

2. “Se tudo que acontece é pré-ordenado, como lemos, na Bíblia, que


Deus ‘se arrepende’?” — Por exemplo, em Gn 6.6 (“...arrependeu-se o
Senhor de haver feito o homem na terra ...”) ou Joel 12.13(“...se
arrepende do mal”)

Resposta —A expressão “arrependimento”, utilizada na Bíblia com


relação a Deus, indica uma mudança em um curso de ação ou em um
relacionamento da parte de Deus, da forma em que estava sendo
encaminhado até a ocasião da mudança. Não tem, esta expressão, as
mesmas conotações deste sentimento no homem. Na linguagem
teológica, dá-se o nome a estas expressões de ANTROPOMORFISMO, ou
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

seja, a utilização de linguagem e formas humanas para expressar


qualidade, ações ou características de Deus, em um sentido figurado
(Ex.: Gn 18.20,21; 22.12; Jr 7.13; Lu 20.13).

No caso da passagem de Joel, o contexto está descrevendo Deus como


misericordioso, compassivo, tardio em irar-se, grande em benignidade e
nem sempre executa o julgamento que seria o curso natural (“se
arrepende do mal”). O julgamento é iminente. Ele é apropriado. Ele é
justo. Ele procede do Deus todo poderoso. Ele é mortal. Mas ele é
executado pelo justo juiz que detém o poder e a prerrogativa de sustá-
lo.

O termo “arrependimento”, portanto, utilizado com relação a Deus, não


tem o mesmo significado de quando ele é utilizado com relação às
pessoas. A dissociação é estabelecida por Números 23.19: “Deus não é
homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa.
Porventura, tendo ele dito, não o fará? ou, havendo falado, não o
cumprirá?” Os homens, os filhos dos homens, mentem – dizem uma
coisa e fazem outra; ou se arrependem – (o mesmo sentido) dizem que
farão uma coisa e fazem outra; Deus é diferente. Ele é veraz.

Da mesma forma, 1 Sm 29.15, diz: “Também aquele que é a Força de


Israel não mente nem se arrepende, por quanto não é homem para que
se arrependa”. Deus é perfeito. Ele é soberano. Ele diz e faz; ele fala e
cumpre; ele tem um plano e executa. Quando A Palavra, portanto, diz
que ele se arrepende; não é arrependimento no significado do termo para
descrever ações dos filhos dos homens. A utilização da expressão, para
descrever ação humana, abriga, muitas vezes, o conceito de “remorso”.

“Arrepender-se”, no que diz respeito a Deus, significa aparente


mudança de curso de ação; significa colocar em prática as prerrogativas
de perdão, de retenção de julgamento. Significa a expectativa de que o
julgamento, mesmo justo e devido, não fosse executado

Em todo e qualquer caso mesmo o “arrependimento”, a mudança do


curso de ação, estava contemplada em seus planos insondáveis e
maravilhosos.

3. “Se existe um plano predeterminado por Deus para tudo, como é que a
Sua vontade e a Sua missão é muitas vezes derrotada, como por exemplo
em Mateus 23.37?”

Resposta — Os Plano de Deus não são frustrados. Temos que discernir


entre a VONTADE PRECEPTIVA de Deus e a Sua VONTADE
DECRETIVA. Esta última, é o Seu desejo refletido em Seus Decretos,
que serão certamente cumpridos (Is 46.10 – “O meu conselho
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

subsistirá, e farei toda a minha vontade”.). A primeira (preceptiva)


representa os Preceitos de Deus, Seus PADRÕES de conduta. Apesar
dele ser onipotente e ter poderes para executar tudo, Ele não desejou
decretar tudo que está contido em Sua Vontade Preceptiva. Um exemplo
disto é II Pedro 3.9, onde Pedro expressa a Vontade Preceptiva de Deus
e indica que Ele “…quer que todos venham a arrepender-se…” Ele
certamente teria poderes para executar este desejo, mas sabemos por
outras passagens bíblicas que “poucos são os escolhidos”,
demonstrando que Deus não decretou tudo que é sua vontade COMO
PRECEITO.

Verifique a situação apresentada em Mateus 23.37 (“Jerusalém,


Jerusalém, que matas os profetas, apedrejas os que a ti são enviados!
quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os
seus pintos debaixo das asas, e não o quiseste!”), comparando-a com
Isaías 65.2 (“Estendi as minhas mãos o dia todo a um povo rebelde, que
anda por um caminho que não é bom, após os seus próprios
pensamentos”). Vemos que apesar do desejo de Deus ser o recebimento
de Jerusalém em seu seio, o seu plano já previa a pregação e a rejeição
por um povo rebelde. Este povo, mesmo estando incluso neste plano,
rejeitou a Cristo VOLUNTARIAMENTE.

Uma analogia humana, logicamente imperfeita como toda tentativa de


exemplo humano, pode ilustrar esta dualidade de vontades. Referimo-
nos a um juiz reto que não tem vontade alguma em uma sentença
qualquer, mas justamente por ser reto decreta condenar alguém,
quando tal condenação é cabível, e assim o faz.

4. “Se a doutrina da Predestinação é verdade, como pode a Bíblia efetivar


uma oferta sincera de salvação a todos, e como podemos nós, também,
oferecê-la a todos os homens?”

Resposta — Temos que nos lembrar que não sabemos quais são os
Predestinados. Nossa missão não é a de Pesquisadores de
Predestinados, mas a de DECLARADORES DA VERDADE. A conversão
e a chamada eficaz pertencem ao Espírito Santo. Deus nos conclama a
declarar a verdade a todos. Mesmo que houvesse a certeza da rejeição,
não estaria eliminada a necessidade da pregação. Isaías 1.18-19
(“Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados
são como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que
são vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como a lã; Se quiserdes,
e me ouvirdes, comereis o bem desta terra”) é um exemplo da chamada
universal ao arrependimento. Temos também Isaías 6.9-13, onde Deus
manda Isaías realizar o chamado amplo, mas, ao mesmo tempo, já
revela ao pregador que haverá uma rejeição operada pelo próprio Deus.
Isaías chega quase ao desespero: “Então disse eu: Até quando, Senhor?”
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Em essência, Deus responde: cumpra sua missão, até que meus


propósitos sejam cumpridos.

Situação semelhante temos em Ezequiel 3.4-14, onde Deus comissiona


o profeta a realizar a oferta de salvação “quer ouçam, quer deixem de
ouvir”. Ocorre que Deus já havia registrado que a casa de Israel não iria
querer ouvir. Mesmo assim, permanecia a obrigação do profeta de ir e
pregar. Com sentimentos semelhantes aos de Isaías, o profeta registra:
“e eu me fui, amargurado, na indignação do meu espírito; e a mão do
Senhor era forte sobre mim”.

A oferta de salvação não somente é veraz como sincera. Ela pode ser
assim apresentada pelos profetas e pelo próprio Cristo com a
consciência de que a concretização da salvação estava incrustada nos
planos eternos e soberanos de Deus.

De qualquer forma, a mesma objeção poderia ser apresentada aos que


dizem que Deus apenas CONHECE os que acreditarão nele, mas que
não determina os que serão salvos: se Ele conhece aquele que
acreditará, como pode oferecer o Evangelho ao que não acreditará,
sabendo que isto somente aumentará a sua condenação? A Oferta é
sincera, porque ela representa a verdade — “quem crer será salvo!”
Agora, nós sabemos, sempre a posteriori, e nunca antecipadamente
(como Jesus o sabia), que “os que creram” foram os predestinados,
como nos ensina Atos 13.48 (“...e creram todos quantos haviam sido
destinados para a vida eterna”.).

5. “A Predestinação apresenta um Deus que faz acepção de pessoas!”

Resposta — Acepção de pessoa significa aceitação ou rejeição baseada


em qualidades ou em um potencial intrínseco de uma pessoa, que
venha a motivar esta aceitação ou rejeição. A Predestinação bíblica é
INCONDICIONAL, isto é, não é baseada em nada existente NO HOMEM,
mas unicamente nos propósitos insondáveis de Deus. Deus não é
parcial, mas sim SOBERANO. Suas dádivas são fruto da Graça (Rm.
9.15-18, Mt 20.13-15). De qualquer forma, qualquer sistema teológico
apresenta esta dificuldade, pois têm todos a mesma oportunidade? Não.
As pessoas nascem em locais e circunstâncias diferentes, uns com mais
oportunidades do que outros.

Conclusão

A doutrina da Predestinação é reconhecidamente uma doutrina difícil,


mas não deve ser negligenciada nos nossos estudos e exposição pois ela
apenas enaltece a Deus. Ela apresenta a Deus em toda a Soberania que
lhe é na Bíblia atribuída. Muitas vezes, a rejeitamos porque “achamos”
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

que ela pode desencorajar a pregação do evangelho. Nestes casos,


devemos deixar a Bíblia falar por si -- se ela nos revela um Deus que
predestina, devemos aceitar esta revelação, independentemente de
nossas projeções pragmáticas sobre o que pode ou não acontecer. Deus
é maior que as nossas precauções e temores. Suas verdades não podem
ser diminuídas sob pena de distorcermos a mensagem que devemos
proclamar a um ponto em que ficam totalmente irreconhecíveis. Mesmo
que não entendamos todos os pontos, devemos aceitar a majestade e
soberania de Deus da forma que a Sua Palavra nos revela!

Que Deus possa nos ajudar a considerar esta doutrina como a bênção
que ela verdadeiramente é. É glorioso saber que estamos nas mãos de
um Deus Soberano, que nos amou, nos deu a Salvação e que rege os
nossos passos. Temos o Deus que tudo pode e que, por esta razão,
temos plena confiança no cumprimento das suas promessas, na vitória
e na comunhão final ao Seu lado. Que Ele nos possibilite, cheios desta
convicção, a andarmos segundo os seus preceitos, responsavelmente
fazendo o que Ele nos manda!

S-ar putea să vă placă și