Poucos ganham bilhões, milhares ganham migalhas e milhões não conseguem o
suficiente para suprir sua sagrada refeição. O político é desonesto por natureza. O presidente afirma para o mundo ouvir: “a corrupção e a impunidade é generalizada nos pilares da nação”. A religião loteia o céu e o paraíso, aquele que pagar o dízimo recebe a benção e para o desgraçado infiel que não pagou, vai receber um péssimo quinhão: o inferno será seu destino eterno. Quem conseguir mais dinheiro, um par de belas nádegas, aquele que rebolar o corpo saradão a peso de anabolizante, a pele esticada por várias plásticas e cair nas graças da mídia, se tornará o deus da vez. Os dignos de compartilhar do status social e das benesses que advém. O poeta e escritor não têm qualquer valor. A mola propulsora do progresso: o empresário e o agricultor lhe serão aplicada a maior carga tributária do mundo. A faculdade entrega diploma para o analfabeto funcional que conseguir assinar o diploma bonitinho com o polegar, sem fazer borrão. A imprensa é tendenciosa, predomina a versão, esqueceu a divulgação imparcial do fato. O ladrão que rouba as roupas do varal, bicicletas e chinelos, o drogado que furtar motos velhas e penca de bananas nas feiras, o pobre descrente da vida que violar a integridade física do seu próximo, o débil mental que agride o direito sagrado à vida de outrem, enfim, os crimes costumeiros numa sociedade onde a maioria da população não tem acesso aos direitos básicos à manutenção da sua dignidade humana, vão receber os rigores da lei. Antes, porém, vão cair nas mãos do policial desequilibrado, mal-treinado, recalcado, que o fará de vítima do choque elétrico, de asfixia e saco de bordoada. Depois, vai aparecer o promotor almofadinha, que ganha uma fortuna mensalmente, que usará da redação e da retórica exacerbada, própria das encenações jurídicas, que vai vibrar e receber o mérito da condenação e nem vai lhe importar, se o cliente é inocente ou culpado. Por último, aparece o intocável juiz, amparado pela lei, certo de que se errar não será punido, pega o desgraçado do infeliz, que caiu nas mãos da Justiça, e lhe envia para ser reabilitado nos presídios do falido sistema penitenciário. Isso quando não se esquece do pobre coitado por tempo indeterminado. Mas os que têm dinheiro e pode pagar ao mercenário advogado, amigo do promotor e do juiz, que achará o “in dubio pro reo”, numa bela e sábia interpretação da lei. Não se pode esquecer o entorpecido defensor público que, acompanha alheio os rituais jurídicos. Mas essa sociedade falida, nada tem haver com o meu querido Brasil: o quinto maior país do mundo. Possui grande parte da Amazônia, o pantanal mato-grossense, as serras gaúchas, o belo litoral nordestino, o Cristo Redentor, a hidrelétrica de Itaipu, a Petrobrás, a maior reserva de água doce do mundo, a serra dos Carajás... O poeta na sua visão de vanguarda afirma que Deus é brasileiro, e brasileiro não desiste nunca. Aonde o povo de tão ordeiro e pacato, chega a ser confundido com a pior espécie humana: o acomodado.
Jeovane Pereira Escritor amador e aprendiz de poeta