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FUNDAÇÃO ESCOLA DE COMÉRCIO ÁLVARES PENTEADOc

FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS DE SÃO


PAULO

Pós Graduação em Avaliação Pericial Contábil

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CENÁRIO TRIBUTÁRIO BRASILEIRO

ANDRÉ EDUARDO MARCELLI

CARLOS JADER DIAS JUNQUEIRA

FRANCISCO FERREIRA JUNIOR

JANETE DE FÁTIMA MENDONÇA

TATUO NISHIMORI

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SÃO PAULOc

JUNHO/02c

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SUMÁRIOc

1. INTRODUÇÃO 05c

2. CONSCIÊNCIA TRIBUTÁRIA DA SOCIEDADE 06c

2.1 MÓDULO I ± ESTABELECIMENTOS DE ENSINO


FUDAMENTAL 08c

a) Abrangência 08 c

b) Objetivos 08c

2.2 MÓDULO II ± ESTABELECIMENTOS DE ENSINO MÉDIO


09c

a) Abrangência 09 c

b) Objetivos 09c

2.3 MÓDULO III ± SECRETARIAS DE FAZENDA, DE


FINANÇAS OU TRIBUTAÇÃO, DE EDUCAÇÃO E OUTRAS 09c

a) Abrangência 09 c

b) Objetivos 10c

2.4 MÓDULO IV ± UNIVERSIDADES PÚBLICAS E


PARTICULARES 12c

a) Abrangência 12 c

b) Objetivos 12c

2.5 MÓDULO V ± SOCIEDADE EM GERAL 12c

a) Abrangência 12 c

b) Objetivos 12c
Resultados Alcançados até o momento 13 c

3. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA E GRAU DE COMPLEXIDADE


14c

a) Instituição do sistema integrado de pagamento de impost os e


contribuições das microempresas e das empresas de pequeno
porte ± SIMPLES 15c

b) Adoção do sistema de substituição tributária 17 c

c) Legislação permanente ± imposto de renda 18c

d) Legislação sobre sigilo bancário e desconsideração de


negócio jurídico 19 c

4. ARRECADAÇÃO E PIB 20c

5. CARGA FISCAL ESTIMADA NO CONSUMO ALIMENTAR


23c

6. IMPACTOS DA DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA DOS


ALIMENTOS NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA E NA POBREZA
24c

7. EVOLUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA SOBRE AS VENDAS


DE BENS E SERVIÇOS 25c

8. TRIBUTOS EXISTENTES NO BRASIL 28c

8.1 IMPOSTO 29c

Impostos Federais (competência da União) 29 c

Impostos Estaduais 30c

Impostos Municipais 30c

8.2 TAXA 31c

8.3 CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA 32c

8.4 RELAÇÃO DOS IMPOSTOS, TAXAS E CONTRIBUIÇÕES


32c

9. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 36c

9.1 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 36c

9.2 CONCEITOS 37c


9.3 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO VOLTADO AO CLIENTE
39c

9.4 A LEI COMPLEMENTAR 104/2001 E OS LIMITES DO


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 40c

9.5 HIPÓTESES DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 42c

9.6 DICAS DE ECONOMIA TRIBUTÁRIA 44c

10. ELISÃO FISCAL 47c

10.1 O SIGILO BANCÁRIO E DE DADOS 50c

10.2.A NORMA GERAL ANTI-ELISIVA 50c

10.3.DAS FORMAS DE DIREITO PRIVADO 52c

10.4.BRASILEIRO PAGA DEZENAS DE TRIBUTOS 52c

11. EVASÃO OU SONEGAÇÃO FISCAL? 53c

11.1.EVASÃO FISCAL ATRAVÉS DA INTERNET 58c

11.2.COMÉRCIO ELETRÔNICO E DIREITO TRIBUTÁRIO 60c

11.3.IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS 63c

11.4.ESTABELECIMENTO VIRTUAL 63c

11.5.MERCADORIAS, PRODUTOS, SERVIÇOS E


CIRCULAÇÃO VIRTUAL 65c

11.6.OS MEIOS ELETRÔNICOS E A ARRECADAÇÃO DE


IMPOSTOS 68c

12. REFORMA TRIBUTÁRIA 70c

13. GUERRA FISCAL 71c

14. CONCLUSÃO 73c

15. BIBLIOGRAFIA 74c

£ INTRODUÇÃO

' medida que uma sociedade se desenvolve, há crescente demanda por


saúde, educação, segurança, lazer, etc. E se mais e melhores serviços
públicos são demandados, há evidentemente um maior custo a ser suportado
e repartido pela própria sociedade. c

Mas se há, de um lado, um acentuado aumento de gastos públicos, de outro


há dificuldades crescentes de fontes de financiamento e a total incapacidade
de os Estados se endividarem para custear esses gastos.c

Dessa forma, o financiamento desses gastos públicos tem de se dar pelo


aumento da arrecadação, mas de forma equilibrada, com respeito à
capacidade contributiva dos cidadãos e, quanto possível, sem a criação de
novos tributos.c

Os países em desenvolvimento, ditos de economia emergente, buscam


modernizar suas economias e adotar um sistema tributário compatível com
este objetivo. A política tributária ideal é aquela que arrecada o necessário
para suprir os custos e investimentos públicos exigid os pela sociedade,
mediante a contribuição de todos os cidadãos, segundo sua capacidade
contributiva.c

Normas tributárias simples, que alcancem amplo universo de contribuintes, e


Administrações Tributárias ágeis, eficientes, instrumentalizadas e eficazes,
são hoje anseios universais. c

O orçamento público é o instrumento da vontade política da sociedade. Nele


estão definidas as políticas públicas para um período de gestão e
discriminadas as fontes de recursos. Dentre elas, a arrecadação de
impostos, fonte principal de financiamento público. Subjacente à estimativa
da arrecadação de tributos, está o cidadão e o montante com que deve
contribuir. O orçamento também é peça técnica de gestão pública e peça
jurídica a espelhar a vontade social. c

As condutas que desrespeitam a programação orçamentária, seja pelo lado


da aplicação do recurso, seja pelo lado da arrecadação da receita, são
contrárias à vontade da sociedade e passíveis de sanção ética e legal.

2 CONSCIÊNCIA TRIBUTÁRIA DA SOCIEDADEc

A consciência tributária é fruto de uma educação tributária, que é o


instrumento mais adequado para formar indivíduos conscientes do seu papel
social e da quota de tributo que deve à sociedade. c

De outro lado, a educação tributária não pode ser vista somente pelo lado da
arrecadação de impostos, mas sobretudo pelos aspectos da fiscalização de
programas de governo e da aplicação dos recursos públicos. c

Essa conscientização evidencia a responsabilidade do indivíduo em face do


grupamento social e prepara cidadãos para desempenho ativo na sociedade
política, fazendo-o participar da cobrança dos programas de governo, da
fiscalização dos gastos priorizados em orçamento e da arrecadação dos
impostos previstos.c

Vê-se, assim, como é fundamental que as Administrações Tributárias, por si


mesmas, ou mediante convênios com outros organismos públicos e privados,
desenvolvam permanentemente programas de divulgação e de educação
tributária.c

No Brasil, em 1996, celebrou -se ›onvênio de ›ooperação Técnica entre a


União, os Estados e o Distrito Federal visando à implementação de um
programa nacional permanente de conscientização tributária, a ser
desenvolvido nas unidades da Federação. c

Dentre os projetos de modernização fiscal, está o que previu a e laboração e


implementação de um programa nacional permanente de educação tributária ,
a ser desenvolvido pelos Estados da Federação e pelo Distrito Federal,
objetivando promover, coordenar e acompanhar as ações necessárias à
elaboração e à implementação de um programa permanente de
conscientização tributária visando ao despertar da sociedade para o
exercício pleno da cidadania. c

Este programa, denominado Orograma Nacional de Educação Fiscal (ONEF),


que é coordenado pela Escola de Administração Fazendária ± ESAF, visa,
também, à conscientização do cidadão par a a necessidade e a função social
do tributo, assim como despertá-lo para aspectos relativos à administração
dos recursos públicos.c

Com o envolvimento do cidadão no acompanhamento da qualidade e da


adequação das receitas e gastos públicos, instala -se um controle social
sobre o desempenho dos administradores públicos e sobre os resultados
sociais alcançados. Essa cumplicidade do cidadão com o Estado dá
transparência ao orçamento público e harmoniza a relação cidadão -
contribuinte x Estado-arrecadador. Esse é o estágio de convivência social
esperado.c

O aprimoramento da relação entre o Estado e o cidadão, a tomada de


consciência sobre a função social do tributo e a certeza de que os gastos e
investimentos públicos são apropriados e de que estão sendo bem
administrados os recursos tomados à sociedade, são elementos que formam
o cidadão esclarecido, participativo e dotado de boa vontade contributiva, o
que certamente leva à redução da evasão e ao aumento da arrecadação
tributária.c

Quanto ao suporte financeiro, o PN EF conta com o PNAFE, Programa de


Apoio à Administração Fiscal para os Estados Brasileiros, financiado pelo
Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID- e com a Unidade de
Coordenação do Programa -UCP- vinculada à Secretaria Executiva do
Ministério da Fazenda (além de recursos de cada Estado e orçamentários
internos e externos). No Amapá, o PNEF está inserido no Programa de
Modernização da Administração Fazendária -PROFAZ.c
O cumprimento de sua meta principal é orientar a sociedade para a função
social do tributo, pois quando o indivíduo o recolhe aos cofres públicos, tem
assegurado o direito de receber os benefícios sociais advindos da receita
arrecadada, seja por escolas e hospitais aparelhados, ruas asfaltadas, boa
iluminação pública, enfim, um melhor ní vel de vida.c

O ONEF está sendo desenvolvido em 5 módulos: c

Estabeleceu-se a parceria entre a Secretaria de Fazenda e Educação para


que o Programa alcance os módulos I e II, ou seja, as unidades escolares do
ensino público fundamental e médio, de forma transversal no currículo
escolar.c

O desenvolvimento da consciência fiscal no meio escolar será produzido


através do Programa, proporcionando a médio e a longo prazo, a diminuição
da sonegação e da evasão fiscal. É um processo que envolve muito trabalho
com as mentes em fase de formação, partindo do princípio que a Escola é o
espaço formador do cidadão do futuro, que oferece ao aluno a capacidade de
refletir, com espírito crítico, sobre as questões sociais nos vários contextos
apresentados. Os indivíduos formados, conscientes e ativos, tornar -se-ão os
agentes da história.c

A consciência tributária não é algo que se consiga com resultados imediatos


pois é um processo que possui certa complexidade. Para informar e
despertar o interesse e a simpatia da população para estas questões, deve
haver empenho relevante por parte das autoridades locais. Dessa forma,
desenvolver-se-á um sólido e definitivo movimento cultural, investindo na
justiça social, resgatando verdadeiros valores de cidadania. c

O aprimoramento da consciência cívica, através do Programa, resultará em


níveis mais elevados de arrecadação nas esferas federal, estadual e
municipal. Em contrapartida, os poderes públicos terão condições de
oferecer à população serviços de melhor qualidade. c

A abordagem relevante de tais temas terá cunho sensibilizador,


especialmente quanto ao papel dos tributos como financiador das atividades
governamentais, com destaque para a necessidade da boa administração
dos recursos, utilizados de maneira racional e objetiva, havendo a
transparência nos gastos públicos para a verdadeira harmonia na relação
ESTADO ± CIDADÃO.c

2 £ Módulo I ± Estabelecimentos de Ensino Fundamental

a) ± Abrangência

Alunos, professores e profissionais do ensino fundamental da rede pública e


privada.c
b) ± Objetivos

implementação, nos estabelecimentos de ensino fundamental, das atividades


voltadas para a Educação Fiscal e, mais especificamente, a inclusão, como
tema transversal, no núcleo "Cidadania e Ética", de conteúdos diretamente
voltados para aspectos tributários e compreensão da aplicação dos recursos
públicos.c

EDUCAÇÃO FISCAL NAS ESCOLAS, por seu turno, tem como público -alvo
os alunos do Ensino Fundamental e Médio da rede oficial de ensino e será
desenvolvido em parceria pelas Secretarias de Fazenda e de Ed ucação do
Estado do Rio de Janeiro, que, com esse objetivo, editaram a Resolução
Conjunta SEE/SEFCON nº 43, de 2 de maio de 2000. Almejando despertar,
desde a mais tenra idade, a consciência tributária do jovem cidadão, o
projeto se propõe a sensibilizar a comunidade escolar para a função sócio -
econômica dos tributos e desenvolver o espírito crítico e participativo com
relação às obrigações tributárias, bem como quanto à correta aplicação dos
recursos públicos. Além das escolas da rede pública, esse projeto pretende
abranger também as escolas particulares. c

Início do Curso-Piloto para a capacitação de professores da rede pública


estadual, cujo Seminário de Abertura aconteceu em 08/11/2000, em Nova
Friburgo, dirigido a 75 professores de 24 escolas da Região Se rrana; este é o
primeiro Pólo dos dez que serão, inicialmente, atingidos pelo Projeto
Educação Fiscal nas Escolas, abrangendo um total de 200 estabelecimentos
e 670 professoresc

2 2 Módulo II ± Estabelecimentos de Ensino Médio

a) ± Abrangência

Alunos, professores e profissionais do ensino médio da rede pública e


privada.c

b) ± Objetivos

Implementar a Educação Fiscal nos estabelecimentos de ensino médio,


como tema a ser tratado transversalmente nas aulas do currículo tradicional; c

sensibilizar o adolescent e para a necessidade de sua participação na


obtenção e gerenciamento dos recursos públicos; c

oferecer aos estudantes meios para o acompanhamento e avaliação da


aplicação dos recursos públicos.c

c
2  Módulo III ± Secretarias de Fazenda, de Finanças ou Tribut ação, de
Educação e outras

a) ± Abrangência

Secretarias de Fazenda, Finanças ou Tributação, Secretarias de Educação e


outras, dos estados e dos municípios. c

b) ± Objetivos

promover a Educação Fiscal para o público interno das Secretarias de


Fazenda, Secretarias de Educação e outras, criando condições para que ele
busque exercer sua cidadania e, como representante do Estado, possa ser o
disseminador de conhecimentos e técnicas que viabilizem esse exercício
para a sociedade;c

promover a formação de educadores que facilitem o processo de


participação, aquisição de conhecimentos, valores, atitudes e consciência
crítica da sociedade, na gestão tributária; c

apoiar a elaboração e difusão de material educativo visando a abordar a


Educação Fiscal nos currículos escolares.c

Com o propósito de fomentar uma mudança comportamental, o Governo de


Mato Grosso institui o Programa Consciência Tributária que será
desenvolvido sob a coordenação da Secretaria de Estado de Fazenda e
Secretaria de Estado de Educação, através de vários projetos de cunho
educativo e de combate à sonegação fiscal. c

A implementação do Programa Consciência Tributária é uma das estratégias


da Sefaz em busca do incremento da receita própria do Estado e do
fortalecimento da consciência tributária junto a toda a comunidade.c

Representa um esforço do Governo de Mato Grosso no sentido de


internalizar na sociedade uma visão de longo prazo, tendo como foco o bem
±estar da coletividade. Os governos são transitórios, mas o Estado é perene
e os cidadãos de hoje tem compromisso com as gerações futuras.c

A desinformação é uma das razões predominantes da indiferença da


população brasileira diante da prática da sonegação fiscal. Como qualquer
outro problema de origem cultural, a sonegação de impostos não deixará de
existir enquanto o país não investir em programas de conscientização
promovendo uma mudança de mentalidade, tanto do empresário, quanto do
consumidor.c

O empresário deve ter clareza do seu papel de fiel depositário do imposto


pago pelos consumidores. Clareza, sobretudo, quanto ao destino que devem
ter tais recursos, os cofres públicos. O consumidor, por sua vez, pode auxiliar
o Estado na tarefa de garantir o recolhimento dos impostos, fonte de
financiamento das políticas públicas. c
O Programa Consciência Tributária, composto pelos projetos " Movimento
Consciência Tributária, Educação Tributária, Combate a Sonegação e
Parceria com os Municípios ", desenvolverá um conjunto de ações que,
somadas, pretendem consolidar um trabalho duradouro e eficaz de
consciência tributária.c

Com este objetivo a Prefeitura de Muriaé lançou em setembro de 2001 o


Refim ou Projeto Consciência Tributária que, foi aprovado em Lei, pela
Câmara Municipal . Elaborado pelo Secretário Municipal da Fazenda, Sr.
Helder Dala Paula Abreu, o programa tem como objetivo principal à
regularização dos créditos municipais, decorrentes de débitos de pessoas
físicas e jurídicas, relativos a tributos inadimplentes até a data de 31 de maio
de 2001.c

Quando assumiu a Prefeitura de Muriaé em janeiro, a atual administração


do Prefeito Odilon Paiva Carvalho se de parou com um fato raro: a
inexistência de registros fiscais do Município, já que este trabalho era
terceirizado e a firma responsável ficou de posse de toda a documentação.
Em função disso, foi realizada uma auditoria, seguida de um grande trabalho
de levantamento da real situação fiscal de Muriaé. Quando foi lançado o
REFIM, a Prefeitura acumulava uma dívida ativa de aproximadamente R$ 8
milhões, com uma média de inadimplência de 50% no que diz respeito aos
impostos municipais.c

De acordo com o Secretário Municipal da Fazenda, Sr. Helder Dala Paula


Abreu "a Consciência Tributária é uma forma que nós criamos para revitalizar
a credibilidade dos tributos municipais. A inadimplência por parte da maioria
dos nossos contribuintes era muito grande, chegando a 50%. Não se
assuste, porque não se tratava apenas de uma realidade só nossa, mas de
grande parte dos municípios brasileiros. Assim, a Lei de Responsabilidade
fiscal fez com que os agentes políticos: (prefeitos, governadores e o
presidente da República), não ef etuassem mais renúncia de receita e, com
isso, eles tinham que buscar recursos, principalmente nos seus próprios
cofres ± através dos tributos municipais como IPTU e ISS. A verdade é que
muitos impostos se passavam e não se recolhia e a cada 5 anos acontec e a
prescrição da dívida ativa. Portanto o contribuinte que não pagava, acabava
sendo o premiado, e aquele que pagava em dia era desprestigiado porque
não havia uma cobrança efetivamente em cima dos inadimplentes. O projeto
visa trazer estas pessoas para a normalidade, dando condições de
pagamento de até 100 vezes e com redução, não do valor principal, mas em
cima de juros e multas em torno de no máximo 90%". c

2  Módulo IV ± Universidades Públicas e Particulares

a) ± Abrangência

Alunos, professores e prof issionais das universidades públicas e privadas. c


b) ± Objetivos

promover debates sobre as questões da Educação Fiscal junto ao público


universitário;c

esclarecer o jovem sobre a importância de participar, como cidadão -


estudante ou já no exercício da profiss ão, da obtenção e da gestão dos
recursos públicos.c

2  Módulo V ± Sociedade em Geral

a) ± Abrangência

Sociedade brasileira. c

b) ± Objetivos

desenvolver na sociedade brasileira uma consciência participativa e crítica


das questões de cidadania, tributação e finanças públicas.c

sensibilizar a população sobre a importância de acompanhar o processo de


gerenciamento dos recursos públicos, tanto no que se refere ao recolhimento
dos tributos quanto aos gastos públicos. c

A educação fiscal junto à sociedade do Programa de Educação Fiscal do


Estado do Rio de Janeiro tem como objetivo fornecer noções básicas de
tributação, diminuir os focos de resistência fiscal, desenvolver o espírito
crítico e participativo na fiscalização da correta aplicação dos recursos
públicos e promover uma articulação uniforme da Secretaria de Fazenda com
os diversos órgãos representativos da sociedade, de modo a harmonizar as
relações Estado/cidadão .c

Com a apresentação da peça teatral "Rita Vai às Compras", na "Maratona da


Modernidade", evento organizado pela UCE/RJ com o objetivo de levar a
todos os funcionários da SEF os diversos projetos inseridos no Programa de
Modernização. A encenação de peça é seguida de esclarecimentos sobre o
PEF/RJ; A peça teatral já foi encenada em Macaé, Cabo Frio, Penedo, Nova
Friburgo, com funcionários de diversas Inspetorias de Fiscalização; e a
"Maratona" continua... pretendendo envolver os demais funcionários; com
esse trabalho foi iniciado "em casa" o Projeto Educação Fiscal Junto à
Sociedade, porque há u m entendimento de que o funcionário tem um
importante papel a desempenhar na efetiva implementação do Programa
junto à sociedade.c

Resultados Alcançados até o momento


Os dados apresentados abaixo referem -se à implementação de projetos
estaduais no Módulo I ± Ensino Fundamental e Modulo II ± Ensino Médio.c

Resultados Alcançados c £c £c 2000c


Número de alunos instruídosc 371.162c 545.502c 871.727c
Número de escolas abrangidasc 1.841c 2.139c 2.450c
Número de multiplicadores 10.426c 12.198c 13.141c
capacitadosc
Número de municípios 191c 256c 313c
envolvidosc

 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA E GRAU DE COMPLEXIDADE

A legislação tributária, por natureza, apresenta características que não são


de domínio da grande maioria da população. Cite -se o caso, por exemplo, da
definição de ƒ  
   , que vai desde um fato
simples (rendimento do trabalho assalariado), até um fato complexo (renda
variável obtida no mercado de capitais). c

Tão importante quanto a simplificação referida, é a elaboração de normas


que não sejam modificadas a todo instante. É fundamental que a legislação
tributária tenha caráter dura douro, pois a freqüente mudança das normas não
permite que sua compreensão seja sedimentada na sociedade. A constante
alteração das leis cria dificuldades tanto para o contribuinte, quanto para a
própria administração tributária. c

Neste sentido, buscar a simplificação das normas sem perder o controle da


base tributável é um desafio para as Administrações Tributárias. Deve -se
entender tal simplificação não só em relação ao texto da norma, mas também
em relação aos procedimentos necessários para o contribuinte cumprir suas
obrigações. O uso de novas tecnologias, de declarações eletrônicas e de
instrumentos como a Ônternet, deve ser estimulado.c

Existem legislações que funcionam como escudos protetores aos


contribuintes delituosos. Tais normas, sob o argumento de proteger a
intimidade do indivíduo, acabam por proporcionar, em muitos casos, a
ocultação de fatos e operações irregulares, cujas conseqüências podem se
dar no campo tributário e até mesmo na esfera penal. c

Restrições de ordem legal que impedem ou dificult am o acesso da


Administração Tributária às informações de interesse fiscal, bem assim
aquelas que propiciam o surgimento de paraísos fiscais, estão em
desarmonia com os tempos atuais. Leis desta espécie são inadequadas e
não podem ser admitidas num Estado moderno, pois acabam protegendo o
evasor, com graves prejuízos aos interesses coletivos.c

Não se está com isso admitindo o acesso irrestrito e irresponsável à


privacidade dos cidadãos. Em qualquer caso, deve a Administração
Tributária justificar amplamente a necessidade de se obter as informações
que configurem a evasão tributária, bem assim dar transparência ao
processo e ampla defesa ao contribuinte sob investigação. c

No Brasil, a Administração Tributária Federal tem se empenhado na


simplificação das normas e procedimentos de natureza tributária. Um avanço
considerável foi conseguido nos últimos anos no campo da simplificação e
racionalização da legislação fiscal. Vejamos os principais casos. c

a Instituição do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e


Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte ±
SIMPLES c

O SIMPLES é um sistema simplificado de pagamento de impostos, criado


para atender pequenos empresários, que está em vigor desde 1 º de janeiro
de 1997. O sistema consiste no pagamento unificado de impostos e
contribuições, mediante uma única alíquota sobre a receita bruta da
empresa.c

Este pagamento único abrange os seguintes impostos e contribuições: c

IRPJ - imposto de renda de pessoa jurídica c

PIS ± contribuição para o programa de integ ração socialc

COFINS ± contribuição para financiamento da seguridade social c

CSLL ± contribuição social sobre o lucro líquido c

INSS - contribuição da previdência social (parcela do empregador) c

IPI - imposto sobre produtos industrializados c

ICMS ± imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (tributo


estadual), quando mediante convênio c

ISS - imposto sobre serviços (tributo municipal), quando mediante convênio c

Para fins de ingresso no sistema SIMPLES, considera -se ÷icroempresa (÷E)


a pessoa jurídica que ten ha auferido, no ano -calendário, receita bruta igual
ou inferior a R$ 120.000,00. Empresa de pequeno porte (EOO) é a pessoa
jurídica que tenha auferido, no ano -calendário, receita bruta superior a R$
120.000,00 e inferior ou igual a R$ 1.200.000,00. c
A legislação definiu como receita bruta o produto da venda de bens e
serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o
resultado nas operações em conta alheia, excluídas as vendas canceladas e
os descontos incondicionais concedidos. c

As pessoas jurídicas optantes pelo SIMPLES, além da simplificação dos


procedimentos para o recolhimento dos tributos, têm sua carga tributária
reduzida em função das alíquotas definidas. c

Com a simplificação adotada, um número considerável de pessoas jurídicas


aderiu ao sistema, proporcionando à Administração Tributária o
conhecimento e o controle de expressivo universo de pequenos
contribuintes, muitos dos quais estavam na economia informal. c

PJ declarantes
Receitanet c Transdados c TOTAL c
(modalidade) c
DIPJ Lucro Realc 205.447c 936c 206.383c
DIPJ Lucro Presumidoc 612.859c 4.754c 617.613c
DIPJ Lucro Arbitradoc 1.718c 14c 1.732c
DIPJ Lucro Real/Arbitradoc 44c 0c 44c
DIPJ Lucro
360c 13c 373c
Presumido/Arbitradoc
DIPJ Imunesc 49.758c 1.027c 50.785c
DIPJ Isentasc 186.737c 4.020c 190.757c
PJ SIMPLES c £ £ £0 c £  c 2 002  c
PJ Inativasc 1.249.875c 25.879c 1.275.754c
Total Pessoa Jurídica c  2 0 c  22 c  0£ 2£ c

Referente ao exercício de 2000, ano -calendário de 1999.c

b Adoção do sistema de Substituição Tributária

Alguns setores econômicos em que há uma maior propensão à prática da


evasão tributária e que, por serem matrizes de cadeias produtivas, estão
sendo objeto de um controle fiscal por intermédio da substituição tributária ou
mediante a adoção do sistema monofásico de pagamento de imposto na
cadeia produtiva. c
A substituição tributária consiste em tornar o estabelecimento produtor, ou
equiparado, responsável pelo recolhimento dos tributos que incidem nas
demais etapas até o consumo. É o caso, por exemplo, do setor fuma geiro e
do setor automobilístico. Nesta situação, a indústria recolhe, na condição de
contribuinte, os tributos incidentes sobre o seu faturamento e, na condição de
responsável, os tributos que incidirão sobre o faturamento das etapas
seguintes (atacadista e/ou varejista).c

No setor automobilístico existem 2400 empresas enquadradas no sistema de


substituição tributária.c

No sistema monofásico, muda-se a matriz tributária para onerar o


estabelecimento produtor, ou equiparado, que recolhe os tributos, na
condição de contribuinte, calculados por uma alíquota que abrange as
demais fases do processo. É o caso da indústria de derivados de petróleo.
Por esse instrumento, desonera -se o atacadista e/ou varejista da carga
tributária; este, no entanto, terá um acréscimo de custo correspondente ao
imposto pago pela refinaria. c

Com essa sistemática tem-se a simplificação da legislação e dos


procedimentos, bem assim a redução do universo de contribuintes a serem
fiscalizados. Há que se ressaltar que esta sistemática não é aplicável a todos
os setores e a todos os tributos. Ela somente é viável nos setores onde haja
monopólio ou oligopólio da produção e, especi ficamente, em relação aos
tributos incidentes sobre o faturamento (receita). c

c) Legislação Permanente ± Imposto de Renda

Em relação ao imposto de renda, tanto das empresas quanto das pessoas


físicas, a legislação tributária federal tem -se mantido, praticamente,
inalterada nos últimos anos. A última grande alteração ocorreu em 1997 com
a edição da Lei nº 9.532, de 14 de novembro de 1997. c

Note-se que a constância da legislação tributária tem íntima relação com a


estabilidade econômica do país. Houve épocas, em que se elaboravam
amplas reformulações da legislação tributária ao final de cada ano, quer em
decorrência das altas taxas inflacionárias, quer em busca de aumento de
arrecadação por intermédio de alteração na legislação. Tal prática resultava
na instabilidade jurídica e na insegurança econômica dos contribuintes, bem
assim trazia enormes dificuldades na aplicação e fiscalização das normas
pela Administração Tributária. c

É claro que o dinamismo econômico, a criação dos mercados globais, a


evolução das operações financeiras internacionais, o comércio virtual, tudo
isso não pode ser desconsiderado. Neste mundo de mudanças permanentes,
deve o legislador ser ágil para identificar as conseqüências tributárias dessas
transformações e, se possível, antecipar -se a elas. Natural, portanto, as
correções e os aprimoramentos da legislação tributária. c
d) Legislação sobre Sigilo Bancário e Desconsideração de Negócio
Jurídico

Recentemente, o Congresso Nacional aprovou duas leis de fundamental


importância para o combate da evasão tributária no Brasil. São as Leis
Complementares nº 104 e 105, ambas de 10 de janeiro de 2001. c

A Lei Complementar nº 104, de 2001 alterou o Código Tributário Nacional


para permitir que a autoridade administrativa possa desconsiderar atos ou
negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do
fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigação tributária. O uso deste importante instrumento deverá observar,
ainda, procedimentos a serem estabelecido s em lei ordinária. c

A Lei Complementar nº 105, de 2001 permitiu à Administração Tributária ter


acesso à movimentação financeira, realizada por intermédio de instituições
financeiras e afins, de todos os contribuintes que estejam sob procedimentos
de fiscalização. Antes dessa lei, a Receita Federal ficava na dependência de
autorização do Poder Judiciário, que só podia ser obtida isoladamente em
cada caso.c

A aprovação destas normas foi resultado de intensa discussão política no


Congresso Nacional, por mais de 2 anos, o que demonstra verdadeira
legitimação social do combate à evasão tributária.c

Merece destaque também a regulamentação da Lei Complementar n º 105,


de 2001, feita por intermédio do Decreto n º 3.724, de 10 de janeiro de 2001,
o qual dispôs detalhadamente sobre a requisição, acesso e uso de
informações bancárias resguardadas por sigilo pela Secretaria da Receita
Federal e seus agentes.c

O Decreto mencionado resguarda o sigilo fiscal do contribuinte e permite a


ele amplo conhecimento do processo de requi sição das informações; elege
as autoridades da Administração Tributária que podem requisitar as
informações bancárias; nomeia claramente os casos em que a Administração
Tributária poderá ter acesso às citadas informações; e detalha os ritos e
procedimentos fiscais e administrativos que a Administração Tributária e
seus agentes têm de seguir para obter as informações bancárias; c

Para ressaltar a importância para Administração Tributária Federal das


informações bancárias, até então mantidas sob sigilo, recente mente foi
realizado um levantamento que identificou um número relevante de
contribuintes com movimentação financeira expressiva e que são omissos de
entrega de declarações de renda: c

Quantidade de contribuintes pessoas físicas com movimentação financeira


acima de R$ 1.000.000,00 ® 7.977 contribuintes. c
Quantidade de contribuintes pessoas jurídicas com movimentação financeira
acima de R$ 5.000.000,00 ® 2.453 contribuintes. c

 ARRECADAÇÃO E PIB

Além da SRF (Secretaria da Receita Federal), outras entidade como a


SF/BNDES, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e o TCU
(Tribunal de Contas da União), calculam a carga tributária brasileira. A
inexistência de uma metodologia oficial de cálculo faz com que cada órgão
siga um critério próprio de apu ração da carga tributária e, por esta razão, os
valores divulgados pelos mesmos apresentam pequenas diferenças entre si.
A metodologia utilizada neste trabalho segue aproximadamente a mesma
aplicada pelo IBGE na consolidação das Contas Nacionais do Brasil e inclui
no cômputo da carga todas as contribuições à previdência social. c

Desde 1947, quando teve início o registro sistemático das contas nacionais
do país, a despeito de algumas quedas e de patamares que perduraram por
longo tempo, a carga tributária bra sileira tem mostrado uma tendência
claramente ascendente. O crescimento é, de um modo geral, lento, mas em
duas ocasiões ± entre 1967/1969 e 1994/2000 ± observou-se mudanças para
patamares mais altos. No primeiro caso, o resultado foi fruto da reforma
tributária realizada no período e a arrecadação que não chegava a 20% do
PIB passou ao patamar de 25%. No segundo caso, a explicação reside na
estabilização da economia conseqüente ao Plano Real e na intensificação da
utilização de tributos incidentes sobre be ns e serviços. A carga tributária
global passou ao patamar de cerca de 30% do PIB e, em 2000, atingiu seu
nível histórico máximo: 32,6% do PIB. c

Analisa-se a seguir a distribuição da carga por principais bases de incidência


± comércio exterior, bens e serviços, patrimônio, renda e folha de salários ±
entre 1980 e 2000.c

A distribuição da carga tributária por bases de incidência mostra -se


desequilibrada, sendo exagerada a participação dos tributos sobre bens e
serviços na arrecadação total.c

Os tributos sobre bens e serviços apresentaram, em todos os anos da


década de 80, participação entre 40 e 45% na receita total. Nos anos 90 e
em 2000, sua participação aumentou, passando a oscilar entre
aproximadamente 45 e 50%. A carga desse grupo de tributos, que na década
de 80 atingiu, em média, 10,4% do PIB, elevou -se nos anos posteriores,
apresentando uma média de 13,6% do PIB. O crescimento, conforme será
visto adiante, é explicado em grande parte pelo aumento da arrecadação de
impostos cumulativos.c

Os tributos sobre a folha de salários representam a segunda principal fonte


de arrecadação. Até 1995, sua carga oscilou entre 6 e 7% do PIB (exceto em
1982, quando atingiu 8%); após esse período, passou a situar -se em torno
de 8% do PIB. A participação desses tributos na arr ecadação total ficou
próxima dos 30% nos primeiros anos da década de 80 e, no restante do
período considerado, variou entre 24 e 27%. c

Os impostos sobre comércio exterior apresentaram participação


relativamente estável ao longo de todos os anos, representan do, em média,
cerca de 2% da receita total. Trata -se de uma carga média de cerca de 0,5%
do PIB, que é semelhante a de outros países. c

Ao contrário dos tributos sobre o comércio exterior, salta aos olhos a baixa
participação na arrecadação total da tributaç ão sobre o patrimônio e,
sobretudo, a renda.c

Até 1994, a participação dos impostos sobre o patrimônio na receita total foi,
em média, 1% (exceto em 1991, quando atingiu 2,1%). Apenas a partir de
1995 é que estes impostos passaram a responder por uma parcel a um pouco
maior da arrecadação, atingindo, em média, cerca de 3,0% da carga global. c

O desempenho recente da arrecadação de tributos sobre o patrimônio deve -


se à estabilização da economia, pois existe uma clara relação inversa da
carga desse grupamento de tributos com o nível e a aceleração da inflação.
A explicação é o fato de que as cobranças dos dois principais impostos
dessa categoria ± o IPTU e o IPVA ± baseiam-se em avaliações antecipadas
dos bens.c

A despeito da utilização de unidades fiscais para cor reção monetária do


imposto a ser pago, as atualizações sempre subestimaram a inflação, tanto
mais quanto maior a diferença entre os níveis de preços nas datas de
lançamento e de pagamento do imposto. c

A carga dos tributos sobre a renda apresentou uma significativa e contínua


elevação entre 1980 e 1985, quando atingiu 5,1% do PIB e sua participação
na receita total passou de cerca de 13% para 21%. Desde então, a despeito
do acréscimo da CSLL ao rol de tributos deste grupo a partir de 1989 e do
crescimento da carga tributária global a partir de 1994, a carga dos tributos
sobre a renda mostrou-se relativamente estável em torno do patamar
atingido em 1985. A participação do grupo na receita total foi em todos os
anos (exceto 1989) inferior aos 21% registrad os em 1985.c

A baixa participação da tributação sobre a renda exprime uma preferência da


União por tributos que sejam de mais fácil arrecadação, como os que utilizam
o faturamento como base impositiva. Tais tributos, ainda que de pior
qualidade, possuem ele vada produtividade fiscal, especialmente em
contextos inflacionários. Mesmo em um ambiente de estabilização da
inflação, outro motivo para a preferência, conforme será desenvolvido
adiante, reside no fato de que suas arrecadações não são partilhadas com as
unidades subnacionais. c

A observação da distribuição da carga tributária brasileira por tributos revela


que, a despeito do grande número de gravames existente no país, a
arrecadação concentra-se em poucos deles. Em 2000, mais de um quinto da
receita tributária foi proveniente de um único imposto, o ICMS. Os cinco
principais ± ICMS, contribuição à previdência social, IR, Cofins e FGTS ±
responderam por cerca de 70% da arrecadação total. c

Entre os dez maiores tributos, o ICMS, a Cofins, o IPI, o PIS/Pasep e a


CPMF foram classificados no grupo de tributos incidentes sobre bens e
serviços; a contribuição para a previdência social e o FGTS no grupo folha de
salários; o IR e a CSLL no grupo renda; e o II no grupo de tributos sobre
comércio exterior. Tais conjuntos de tributos representaram,
respectivamente, 46%, 20%, 16% e 2% de uma carga global de
aproximadamente 32,6% do PIB. ' exceção do ICMS que é de competência
estadual, todos os demais tributos são de competência federal. No grupo dos
dez maiores tributos, chama à atenção a elevada participação de tributos
cumulativos ± a Cofins, o PIS/Pasep e a CPMF ± cuja arrecadação foi de
cerca 6% do PIB e a participação na receita total foi da ordem de 17,6%. Se
somarmos a isto algo como 1% do PIB por conta do ISS e do IOF ± que
estão entre os quinze maiores tributos arrecadados em 2000 e também
possuem características de incidência em cascata ±, concluímos que os
gravames cumulativos constituem cerca de 20% da arrecadação global. c

 CARGA FISCAL ESTIMADA NO CONSUMO ALIMENTAR

A participação conjunta do ICMS e do PIS/COFINS atinge valores


expressivos no custo da cesta alimentar, com destaque para Fortaleza e
Brasília, onde, entre os centros urbanos pesquisados pela POF, verificaram -
se as maiores cargas fiscais sobre o dispêndio alimentar. Nessas áreas, o
peso dos tributos sobre os alimentos considerados constitui,
respectivamente, 18,2% e 17,1%, considerando -se o gasto médio das
famílias.c

Em patamar semelhante encontra-se a região metropolitana do Rio de


Janeiro, onde estes tributos representam 16,1% do valor da cesta. Na cidade
de Goiânia e nas regiões metropolitanas de Salvador, Curitiba, Belém e Belo
Horizonte, os valores encontrados foram de 14,3%, 13,8%, 13,9%, 14,0% e
13,3%, respectivamente. Mesmo nas regiões metropol itanas de Recife, São
Paulo e Porto Alegre, cujos estados já aplicam reduções nas alíquotas de
icms para um grande número de produtos, cerca de 11% do valor total da
cesta de alimentos destina -se ao pagamento de icms e do PIS/COFINS. O
valor médio da carga tributária dos produtos da cesta foi de 14,1% no
conjunto dos domínios urbanos pesquisados. c

c
 IMPACTOS DA DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA DOS ALIMENTOS NA
DISTRIBUIÇÃO DE RENDA E NA POBREZA

A partir da renda média mensal familiar µper capita¶, obtiveram -se medidas de
desigualdade de renda e de pobreza das onze grandes regiões urbanas
pesquisadas. Consideraram-se duas situações para a obtenção desses
resultados: na primeira, incidem os impostos considerados (ICMS e
PIS/COFINS) sobre a cesta alimentar, e na outr a, em que há desoneração
tributária. Desse modo, foi possível quantificar o efeito da isenção dos
impostos indiretos sobre a cesta alimentar na distribuição de renda. Assim,
avaliaram-se também os efeitos nos valores absolutos e relativos das
populações pobres e indigentes, de maneira que possibilitou estimar o efeito
da isenção tributária na redução da população pobre e, conseqüentemente,
no subgrupo de indigentes. c

É importante atentar para o fato de que, com a desoneração, os maiores


ganhos, isto é, as maiores variações na redução dos índices de
desigualdade, se dão justamente naquelas áreas da região Nordeste ± em
Fortaleza e Salvador ± , às quais se acrescenta a região metropolitana de
Belém.c

Recife, Belém, Fortaleza e Salvador as regiões metropolitanas que possuem,


de longe, as maiores proporções de pobres e indigentes em suas populações
entre as áreas pesquisadas. Com a incidência dos impostos sobre alimentos,
tais percentuais atingem, respectivamente, 56,2% e 24,0%; 46,8% e 9,4%;
46,0% e 14,5%; 45,5% e 18,3% de sua população. Eliminando -se os tributos,
com o conseqüente aumento da renda real disponível das famílias, tais
valores cairiam, respectivamente, para 54,3% e 20,0%; 44,7% e 6,0%; 43,2%
e 10,2%; 42,9% e 14,3%. c

Estimando-se que a carga fiscal que incide sobre os alimentos encontra -se
atualmente na faixa de 14,1%, na média do total das grandes regiões
urbanas pesquisadas pela POF/IBGE, na medida em que o dispêndio
alimentar no orçamento das famílias de menor renda é responsável por uma
parcela ainda relevante do gasto total [Castro e Magalhães, 1998], a
evidência obtida apresenta uma tributação excessiva dos alimentos, com
efeitos negativos na distribuição da renda pessoal e na manutenção do
contingente de população pobre nos elevados índices atuais. Uma carga
tributária calcada na tributação indireta, como no caso brasileiro, pode
dificultar a melhoria do perfil distributivo do país. c

Outro resultado que deve ser ressaltado é que as maiores cargas tributárias
encontradas sobre as cestas de alimentos localizam-se nas regiões
metropolitanas (Fortaleza, Belém, Salvador e, em menor grau, Recife) em
que há uma significativa proporção de pobres em relação à população. E tais
contingentes são justamente os que destinam mais de dois terços de sua
renda na aquisição de alimentos.c

Por outro lado, as simulações quanto aos impactos da isenção dos tributos
indiretos sobre alimentos mostram claramente que os ganhos de renda
concentram-se nas famílias de menor rendimento, situando -se ao redor de
8% em Fortaleza, 5,5% em Belém e 5,2% em Brasília. Os menores ganhos
para as famílias mais pobres se dariam em Porto Alegre (3,2%), Belo
Horizonte (2,7%) e São Paulo (2,5%). Inversamente, o incremento da renda
real disponível das famílias situadas nos estratos superiores situa -se, em
média, ao redor de 0,6%. Portanto, a isenção tributária sobre alimentos
mostra-se uma política pública de auxílio ao combate à pobreza com alto
grau de focalização Adicionalmente, as simulações também mostraram os
efeitos positivos na distribuição d e renda e no combate à pobreza e
indigência.c

 EVOLUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA SOBRE AS VENDAS DE BENS E


SERVIÇOS

Os principais tributos sobre vendas de bens e serviços são: ICMS, IPI,


Cofins, Pis/Pasep, CPMF, IOF, ISS, e, pré -1988, Impostos Únicos sobre
combustíveis, energia elétrica, minerais, transportes e comunicações. O
ICMS e o ISS são, respectivamente, de competência estadual c

e municipal; e os demais de competência federal. c

Para facilitar a apresentação das estatísticas, os tributos foram divididos em


duas categorias de incidência: valor adicionado (englobando ICMS e IPI) e
cumulativos (os demais tributos). Esta última categoria pode ainda ser
dividida em tributos: sobre vendas em geral (Cofins, PIS/Pasep e CPMF) e
sobre vendas específicas (IOF, ISS e Impostos Únicos).c

Analisa-se a seguir a evolução da carga tributária sobre as vendas desde a


reforma tributária do final dos anos 60, quando foram criados os impostos
sobre valor adicionado, passando pelas alterações introduzidas pela
Constituição de 1988, até 2000.c

Entre 1968 e 2000, a despeito de oscilações e mudanças de patamares, a


carga tributária sobre vendas sempre foi relevante, superando em quase
todos os anos 10% do PIB; o que explica sua elevada participação na
arrecadação tributária total, que apenas em 1984 foi menor que 40% . c

Quando carga tributária sobre vendas é decomposta entre tributos sobre


valor adicionado e cumulativos observa -se um comportamento distinto da
evolução da arrecadação dessas duas categorias de tributos. Enquanto a
carga do ICMS mais a do IPI apresenta uma tendência decrescente, a carga
de tributos cumulativos possui uma trajetória claramente ascendente. c

Especialmente nos últimos 15 anos, foi marcante essa distinção, passando o


comportamento da carga dos tributos sob re vendas a ser explicado, em boa
parte, pelo acréscimo da arrecadação de tributos cumulativos. Estes tributos
nunca foram tão importantes na carga c

sobre vendas como em 2000, quando atingiram 42% dos 15,8% do PIB
arrecadados sobre esta base de incidência. Tal proporção era de apenas
24% e 12% em 1988 e 1968, quando foram arrecadados 9,8% do PIB e
13,2% do PIB, respectivamente. c

O desempenho recente da carga dos tributos sobre valor adicionado deve -se
principalmente ao comportamento decrescente da arrecadação do IPI. A
receita deste imposto atingia quase 4,5% do PIB nos primeiros anos de sua
vigência (final dos anos 60 e início da década de 70); em 1988, já havia
caído pela metade, atingindo cerca de 2,2% do PIB. Nos anos posteriores até
a primeira metade da década de 90, estabilizou -se em torno do patamar
alcançado em 1988. Desde então, a carga do IPI vem decrescendo até
atingir sua menor marca histórica em 2000: 1,6% do PIB. c

No caso do ICMS, ainda que este continue sendo o maior imposto do país,
seu potencial arrecadatório poderia ser bem maior se não fosse a falência de
seu aparato institucional nacional. c

O expressivo aumento da carga de tributos cumulativos resultou da elevação


da arrecadação da mais danosa de suas categorias ± os tributos sobre
vendas gerais (Cofins, PIS/Pasep e CPMF) ±, 10 que saltou de 0,2% do PIB
em 1971 para 1,1% em 1988, até atingir seu nível histórico máximo em 2000:
quase 6,0% do PIB. c

A explicação para o comportamento distinto das arrecadações do IPI e dos


tributos cumulativos sobre vendas gerais, em grande medida, pode ser
encontrada nos desdobramentos da Constituição de 1988. Sua elaboração
teve como principal motivação a reação ao centralismo de mais de vinte anos
de ditadura militar e à demasiada ênfase dada no período à questão
econômica em detrimento da social. Como resultado dessa motivação, a
nova Constituição ampliou os gastos públicos com funções sociais e
promoveu ampla descentralização das receitas públicas. A perda de recursos
disponíveis da União, resultante de grande aume nto no montante das
transferências para estados e municípios e da eliminação dos Impostos
Únicos, requereria ajustes, o mais óbvio dos quais ± e compatível com o
objetivo de fortalecer a Federação ± seria a descentralização de encargos. A
Constituição de 1988, entretanto, não proveu os meios, legais e financeiros,
para que houvesse um processo ordenado e pactuado de descentralização
dos encargos.c

Do lado da receita, no período pós -Constituição, o governo federal, para


enfrentar o seu desequilíbrio fiscal e financeiro crônico, bem como crises
conjunturais, ampliou tributos cujas receitas não são partilhadas com os
governos subnacionais, ou seja, pouco uso fez do IR e do IPI, e, além de
criar a CSLL, prevista na Constituição, abusou de contribuições sociais
cumulativas (dentre as principais encontram -se os tributos sobre vendas
gerais), que permitem aumentar rápida e profundamente a arrecadação e a
disponibilidade de recursos. c

A crescente participação dos tributos cumulativos na carga tributária sobre


vendas e na receita total, em particular daqueles sobre vendas gerais, em
boa medida, deve-se ao fato de que, além dos mesmos possuírem elevada
produtividade fiscal, são de competência exclusiva da União e em nada são
repartidos com os governos subnacionais. O aume nto obtido entre 1988 e
2000 na carga dos tributos sobre vendas gerais foi de 4,6 pontos percentuais
do PIB.c

Para a União obter do IPI o mesmo montante de recursos para livre


aplicação (ou seja, fora vinculações constitucionais de receita), aquele
imposto federal teria que aumentar em mais de 11 pontos percentuais do PIB
± isto é, a carga de IPI realizada em 1988 teria que ser multiplicada por
aproximadamente 6 vezes. Isto teria sido impossível, dentre outros fatores,
porque a base de incidência do IPI cons titui-se apenas do valor adicionado
na fabricação de produtos industrializados e suas alíquotas já eram elevadas. c

Em síntese, após decorridos alguns anos da última reforma tributária


realizada no país (em 1988) observou - se um aumento da carga tributária,
global e sobre vendas internas de bens e serviços, especialmente via tributos
cumulativos. A tributação do valor adicionado tem sido prejudicada, no caso
do IPI, pelo excesso de vinculações que desestimula sua cobrança, e no
ICMS, pela falência de seu apa rato institucional nacional ± ainda que
continue o maior imposto do país. A União foi induzida a elevar as
contribuições sociais cumulativas, por dispor de toda sua receita, ter base
ampla e alíquotas reduzidas e, ainda, por atender ao financiamento dos
gastos que mais foram pressionados pela Constituição de 1988. c

 TRIBUTOS EXISTENTES NO BRASIL

O Código Tributário Nacional define tributo em seus arts. 3 º a 5º, como


segue:c

"Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo


valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção por ato ilícito,
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada."c

Os tributos se classificam cientificamente em duas espécies: tributos não


vinculados e tributos vinculados.c

 £ IMPOSTO: c
8 aquele que, uma vez instituído por lei, é devido, independentemente de
qualquer atividade estatal em relação ao contribuinte. Portanto, não está
vinculado à nenhuma prestação específica do Estado ao sujeito passivo. c

O imposto é de competência privativa, atribuída pela Constituição Federal, ou


seja, é exclusivamente da União ou dos Estados ou dos Municípios ou do
Distrito Federal.c

Impostos Federais (competência da União): c

Imposto sobre a Importação ± fato gerador: a entrada de


produtos estrangeiros no território nacional; c

Imposto sobre a Exportação ± fato gerador: a saída de


produtos nacionais ou nacionalizados do território nacional; c

Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ± fato gerador:


a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza
localizado fora da zona urbana do Município; c

Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza


± fato gerador: a aquisição da disponibilidade econômica ou
jurídica de renda ou de proventos; c

Imposto sobre Produtos Industrializado s ± fato gerador: o


desembaraço aduaneiro, a saída dos estabelecimentos ou a
arrematação de produtos industrializados; c

Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, e


sobre Operações Relativas a Títulos e Valores Mobiliários ±
fato gerador: efetivação das operações de crédito, efetivação
das operações de câmbio, efetivação das operações de seguro,
e emissão, transmissão, pagamento ou resgate das operações
relativas a títulos e valores mobiliários; c

Imposto sobre Serviços de Transportes e Comunicações ±


fato gerador: prestação do serviço de transporte, prestação do
serviço de comunicações;c

Imposto sobre Operações Relativas a Combustíveis,


Lubrificantes, Energia Elétrica e Minerais do País ± fato
gerador: produção, importação, circulação, distribuição e o
consumo de combustíveis, lubrificantes, energia elétrica e
minerais;c

Imposto sobre Operações Financeiras ± fato gerador:


transferências financeiras;c
Impostos Extraordinários ± fato gerador: na iminência ou no
caso de guerra externa;c

Imposto sobre Patrimô nio c

Impostos Estaduais: c

Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis e de


Direitos a Eles Relativos ± fato gerador: transmissão da
propriedade ou do domínio útil de bens imóveis, de direitos
reais sobre imóveis;c

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ± fato


gerador: circulação, fornecimento, saída, recebimento de
mercadoria;c

£ Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação ± fato


gerador: transmissão da propriedade de bens ou de direitos; c

2 Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores ±


fato gerador: propriedade de Veículo Automotor ;c

 Adicional de Impostos de Renda sobre Rendas de


Capital c

Impostos Municipais: c

Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana ±


fato gerador: a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem
imóvel por natureza ou por acessão física localizado na zona
urbana do Município; c

Imposto sobre Transmissão Inter Vivos ± fato gerador:


transmissão por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou
acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de
garantia, bem como a cessão de direitos à sua aquisição; c

Imposto Sobre Serviços ± fato gerador: prestação de serviço


constante da lista de serviços instituída pelo Município. c

 2 TAXA:
Está definida nos arts. 77 e 78 do CTN e tem como fato gerador o exercício
regular do poder de polícia ou a utilização efetiva ou potencial de serviço
público, específico e divisível, prestado ou colocado à disposição do
contribuinte.c

A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos ao imposto,
nem ser calculada em função do capital das empresas. c

Art. 80 (CTN): "Para efeito de instituição e cobrança de taxas, consideram -se


compreendidas no âmbito das atribuições da União, dos Estados, do Distrito
Federal ou dos Municípios aquelas que, segundo a Constituição Federal, as
Constituições dos Estados, as Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos
Municípios e a legislação com elas compatível, competem a cada uma
dessas pessoas de direito público." c

Exemplos de Taxas:c

Taxa de Fiscalização de Localização, Instalação e F uncionamento ± é


devida pela atividade municipal de fiscalização do cumprimento da legislação
disciplinadora do uso e ocupação do solo urbano, da higiene, saúde,
segurança, ordem ou tranqüilidade públicas, a que se submete qualquer
pessoa, em razão da localização, instalação e funcionamento de quaisquer
atividades no Município. c

Taxa de Fiscalização de Anúncios ± é devida em razão da atividade


municipal de fiscalização do cumprimento da legislação disciplinadora da
exploração ou utilização de anúncios nas vi as e nos logradouros públicos. c

  CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA:

Essa contribuição é anterior à instituição das contribuições sociais. Desde a


edição do CTN (1966) já estava especificada como um tributo, diferente do
imposto e da taxa, portanto uma terceir a espécie. O CTN dispõe que só
podem ser cobradas se, em virtude de obra pública, decorrer valorização
imobiliária para o contribuinte, tendo como limite total a despesa realizada e
como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada
imóvel beneficiado.c

  RELAÇÃO DOS IMPOSTOS, TAXAS E CONTRIBUIÇÕESc

Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante ±


AFRMM (Lei 10206/2001)c

Contribuição á Direção de Portos e Costas c


Contribuição ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico - FNDCT (Lei 10.168/2000)c

Contribuição ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da


Educação (FNDE), também chamado "Salário Educação" c

Contribuição ao Funrural c

Contribuição ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma


Agráriac

Contribuição ao Seguro Acidente de Trabalho (SAT) c

Contribuição ao Serviço Brasileiro de Apoio a Pequena


Empresa (Sebrae)c

Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Comercial


(SENAC)c

Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado dos


Transportes (SENAT)c

Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Industrial


(SENAI)c

Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Rural


(SENAR)c

Contribuição ao Serviço Social da Indústria c

Contribuição ao Serviço Social do Comércio (SESC) c

Contribuição ao Serviço Social do Cooperativismo (S ESCOOP)c

Contribuição ao Serviço Social dos Transportes (SEST) c

Contribuição Confederativa Laboral (dos empregados) c

Contribuição Confederativa Patronal (das empresas) c

Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico ± CIDE


Combustíveis (Lei 10336/2001)c

Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria


Cinematográfica Nacional ± CONDECINE (art. 32 da Medida
Provisória 2228-1/2001)c

Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira


(CPMF)c
Contribuição Sindical Laboral (não se confunde com a
Contribuição Confederativa Laboral, vide comentários sobre a
Contribuição Sindical Patronal) c

Contribuição Sindical Patronal (não se confunde com a


Contribuição Confederativa Patronal, já que a Contribuição
Sindical Patronal é obrigatória, pelo artigo 578 da CLT, e a
Confederativa foi instituída pelo art. 8 º, inciso IV, da
Constituição Federal e é obrigatória em função da assembléia
do Sindicato que a instituir para seus associados,
independentemente da contribuição prevista na CLT) c

Contribuição Social Adicional para Reposição das Perdas


Inflacionárias do FGTS (Lei Complementar 110/2001) c

Contribuição Social sobre o Faturamento (COFINS) c

Contribuição Social sobre o Lucro (CSL) c

Contribuições aos Órgãos de Fiscalização profissional (OAB,


CRC, CREA, CRECI, etc.)c

Contribuições de Melhoria: asfalto, calçamento, esgoto, rede de


água, rede de esgoto, etc. c

Fundo Aeronáutico (FAER)c

Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) c

ICMS (Imposto s/Circulação de Mercadorias e Serviços)c

Imposto sobre a Exportação (IE)c

Imposto sobre a Importação (II)c

Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) c

Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) c

Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) c

Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR -


pessoa física e jurídica)c

Imposto sobre Operações de Crédito (IOF)c

Imposto sobre Serviços (ISS)c

Imposto sobre Transmissão Bens Intervivos (ITBI) c


Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) c

INSS Autônomos e Empresáriosc

INSS Empregadosc

INSS Patronalc

IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)c

Multas regulamentadoras isoladas (atrasos de entrega de


Declarações do Imposto de Renda, etc.) c

Programa de Integração Social (PIS) e Programa de Formação


do Patrimônio do Servidor Público (PASEP) c

Taxa de Autorização do Trabalho Estrangeiro c

Taxa de Coleta de Lixo c

Taxa de Combate a Incêndiosc

Taxa de Conservação e Limpeza Pública c

Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental ± TCFA (Lei


10.165/2000)c

Taxa de Controle e Fiscalização de Produtos Químicos (Lei


10357/2001, art. 16)c

Taxa de Emissão de Documentos (níveis municipais, estaduais


e federais)c

Taxa de Fiscalização de Vigilância Sanitária (Lei 9782/1999,


art. 23)c

Taxa de Iluminação Pública c

Taxa de Licenciamento Anual de Veículo c

Taxa de Licenciamento para Funcionament o e Alvará Municipalc

Taxa de Pesquisa Mineral DNPM (Portaria Ministerial 503/99) c

Taxa de Serviços Administrativos ± TSA ± Zona Franca de


Manaus (Lei 9960/2000)c

Taxas ao Conselho Nacional de Petróleo (CNP) c

Taxas CVM (Comissão de Valores Mobiliários) c


Taxas de Outorgas (Radiodifusão, Telecomunicações,
Transporte Rodoviário e Ferroviário, etc.) c

Taxas de Saúde Suplementar - ANS (Lei 9.961/2000, art. 18) c

Taxas do Registro do Comércio (Juntas Comerciais) c

 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

 £ NOÇÕES INTRODUTÓRIAS

A realidade tributária brasileira é notoriamente complexa. Primeiro em função


dos cerca de 59 tributos cobrados no Brasil, entre impostos, taxas e
contribuições. Segundo, pela quantidade de normas que regem o sistema
tributário (mais ou menos 300 normas editada s todos os anos). Terceiro, em
virtude das cerca de 93 obrigações acessórias que uma empresa deve
cumprir para tentar estar em dia com o Fisco: declarações, formulários,
livros, guias, e etc. E por último, por causa da cumulatividade dos tributos. c

Segundo estudos da Receita Federal, a carga tributária brasileira atingiu


no ano de 2000 o impressionante índice de ,£ do PIB e que em
200£ essa faixa foi bem maior

Assim, a economia legal deixou de ser uma mera opção ao contribuinte.


Principalmente no Brasil, ela é uma necessidade empresarial. Sendo o custo
tributário o principal na composição do preço final de qualquer produto ou
serviço. Compete ao bom empresário reduzi-lo ao máximo, possibilitando
maior competitividade.c

No planejamento empresarial, inúmera s decisões precisam ser tomadas com


vistas à realização do lucro, objetivo precípuo da empresa. c

Para a realização de um planejamento tributário eficaz, é imprescindível que


se leve em conta todos os tributos incidentes na operação empresarial.
Assim, após a análise individual dos tributos, é necessário confrontar a
redução do ônus fiscal com os reflexos nos outros tributos. Reduzir o ônus de
determinados tributos pode não implicar em redução de carga tributária
observando os aspectos financeiros globais. c

A economia de tributos, baseada na premissa de que ninguém é obrigado a


escolher condutas tributadas (ou mais severamente tributadas) quando tenha
possibilidade de ordenar suas atividades, seus negócios, percorrendo
caminhos livres de tributação, licitamente ou legalmente, observando as
opções das leis, devendo ser objeto da conduta empresarial, tendo em vista
que essa redução de encargos tributários poderá acarretar maior
competitividade de mercado com preços mais baixos e maior poder de
negociação.c
c

O mais importante é saber estabelecer os limites que separam o território da


chamada economia lícita de tributos do campo da evasão tributária, ou
sonegação/fraude como admitido pelos tributaristas, pois essa fronteira
existe e a dificuldade está em demarcá -la.c

 2 CONCEITOS

A noção de planejamento se relaciona diretamente com uma programação


de atividade, a partir da observação de circunstâncias presentes e tendo em
vista comportamentos futuros que provavelmente acontecerão. c

Segundo Almir Malkowski, Planejamento Tributário "é o processo de escolha


de ação ou omissão lícita, não simulada, anterior à ocorrência do fato
gerador, que vise, direta ou indiretamente, economia de tributos ".c

É um processo de escolha porque pressupõe necessariamente a existência e


a análise dos efeitos fiscais de duas ou mais alternativas possíveis. Todavia,
sempre se materializa através de uma ação ou omissão do sujeito passivo da
obrigação tributária, que impede ou retarda a ocorrência futura do fato
gerador, ou reduz os seus efeitos econômicos.c

Segundo Brandão Machado, Planejamento Tributário öse caracteriza pelo


arranjo jurídico dos negócios do contribuinte de tal maneira que logra reduzir
ou eliminar a carga de impostos, sem infringir, obviamente, nenhum preceito
de leiö.c

Entendemos que o Planejamento Tributário seja uma aspiração natural do


contribuinte em optar, antes da ocorrência do fato gerador e dentro das
faculdades previstas em lei, ou seja, observando o que nela é prescrito, pela
forma de tributação que lhe possa resultar em econômicas medidas de
redução da carga tributária incidente em sua atividade comercial. O objetivo
primordial do planejamento tributário é a redução ou transmissão do ônus
econômico dos tributos.c

Para um melhor entendimento do conceito amplo de planejamento tributário,


cabe definirmos outros vocábulos existentes na sua definição. c

Fato Gerador ± o Código Tributário Nacional, em seu art. 114, define o fato
gerador da obrigação tributária principal como sendo a situação definida em
lei como necessária à sua ocorrência. Corresponde, portanto, ao conjunto
dos pressupostos previstos de forma abstrata na norma de direito material (a
lei) e vinculados à obrigação de pagar um determinado tributo. O fato gerador
refere-se a abstração da descrição do fato gerador e a concretização do
próprio evento no mundo fático; c

Sonegação ± é toda a ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou a


retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade
fazendária. É necessário observar que a sonegação press upõe
necessariamente a ocorrência do fato gerador. Só há sonegação quando
alguém tentar simular ou descaracterizar o fato gerador já realizado; c

Fraude ± O art. 72 da Lei nº 4.502/64 define como toda a ação ou omissão


dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do
fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as
suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto
devido, ou a diferir o seu pagamento; c

Dissimular (Dissimulação) ± Segundo o dicionário Aurélio, o termo significa


"ocultar, encobrir com astúcia, disfarçar". Segundo De Plácido e Silva, "é a
operação que se pratica para disfarçar a realidade do ato, a fim de ocultar um
ato verdadeiro".c

Esses conceitos apresentados de sonegação, fraude e dissimulação compõe


o bojo das grandes discussões sobre o direito que tem o contribuinte em
optar (planejar) pela carga tributária incidente sobre as operações que
ocorrem em seu negócio, principalmente após a publicação da Lei
Complementar 104, pois o que se discute é a licitude da elisão fiscal. é
notório apresentar que esses conceitos levam à conclusão de se ter como
conduta fraudulenta e portanto ilícita, a do contribuinte que simplesmente se
abstém de praticar um fato do qual resultaria a dívida do tributo. Busca -se
saber se o Fisco, com base em lei antielisiva de caráter geral, pode estender
suas ações para além dos limites estabelecidos pelos princípios da lei,
desconsiderando o negócio jurídico válido para o direito privado, com o
objetivo único de alcançar o resultado econômico da operação, ou seja, que
o Fisco decida pela forma que lhe seja mais conveniente. c

  PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO VOLTADO AO CLIENTE

A ótica do planejamento tributário voltado ao cliente é um mecanismo


inteligente de atração e fidelização do cliente. O planejador, consultor ou
gestor tributário deve ter em mente que, fundamentalmente, não são mais as
informações o elemento diferenciador, mas sim a capacidade de transformar
as informações em conhecimento.c

Não basta ter em mãos todas as informações do cliente, é necessário utilizá -


las em proveito do negócio. As informações tributárias do cliente também são
fundamentais: qual o regime de tributação do Imposto de Renda e
Contribuição Social sobre o Lucro que ele optou ?, a operação que ele pratica
tem ou não substituição tributária (ICMS, PIS, COFINS e IPI)? c
Retratamos que a essência do prestador é o foco em suprir as necessidades
do cliente, é conquistar sua confiança para que seja criada uma relação de
confiança para que exista uma relação de parceria fiel e sincera. c

Para isso, é importante que o consultor conheça bem a atividade


desenvolvida pelo cliente, para que, de posse das informações dele e do seu
conhecimento em matéria tributária, possa sugerir uma análise tri butária, ou
como chamamos, de planejamento tributário, no intuito de reduzir a carga
tributária imposta ao contribuinte, possibilitando que assim ele possa gerir
melhor o negócio através da economia tributária obtida. c

V

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  A LEI COMPLEMENTAR £0/200£ E OS LIMITES DO


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

A Lei Complementar nº 104, de 1 0 de janeiro de 2001, introduziu um


parágrafo único no artigo 116 do Código Tributário Nacional, cujo texto é o
seguinte:c

"A autoridade administrativa poderá desconsiderar


atos ou negócios jurídicos praticados com a
finalidade de dissimular a ocorrência do fato
gerador do tributo ou a natureza dos elementos
constitutivos da obrigação tributária, observados
os procedimentos a serem estabelecidos em lei
ordinária".c

Por este dispositivo do Código Tributário Nacional a autoridade fiscal está


autorizada a não le var em consideração os documentos formados e firmados
pelo contribuinte, isto é, a forma jurídica adotada pelo contribuinte para
revestir ou representar os seus atos comerciais ou econômicos, por entender
que, na realidade, teriam sido praticados outros at os ou negócios jurídicos
que gerariam uma quantidade maior de imposto. c

O problema interpretativo, entretanto, é a liberdade que tem a pessoa de


revestir o seu negócio jurídico com a forma que lhe for mais conveniente.
Quando a conduta for legalmente proibi da, ou tiver que obedecer às
formalidades expressamente discriminadas em lei, somente através de
simulação é que poderá ser praticada, cabendo à parte prejudicada provar a
inadequação ou abuso da forma jurídica adotada. c

Possuindo o contribuinte mais de uma forma jurídica para realizar o seu


intento, sendo as mesmas normais, sem desvio de funcionalidade ou
discrepância de forma jurídica, não há como a autoridade fiscal alegar uma
dissimulação para desconsiderar a forma jurídica legitimamente adotada. A
desconsideração da forma jurídica escolhida pelo contribuinte tem sua razão
de ser quando não for funcionalmente adequada ou apropriada ao fato
econômico realmente praticado pelo contribuinte, representando
artificialmente o fato gerador. c

A uniformidade de trib utação, em obediência ao princípio da isonomia, exige


que fatos econômicos equivalentes, funcionalmente semelhantes e
indicativos de análoga capacidade contributiva, recebam idêntica tributação. c

Quando o fato econômico puder ser representado juridicamente de mais de


uma forma, sem disfarce ou camuflagem, não é vedado ao contribuinte
escolher a alternativa que resulte em menor pagamento de tributo. c

O planejamento tributário na medida em que tem sua licitude no uso de


formas alternativas ou indiretas que repr esentem realmente o fenômeno
econômico praticado, tem seu limite, entretanto, na falta de equivalência
entre o fato praticado e o seu registro jurídico, o que configura o artifício
dissimulador usado para disfarçar ou camuflar o verdadeiro e real ato
praticado.c

Dessa forma, vale verificar os termos em que está posto o art. 102 do Código
Civil, que define, para o direito pátrio, o instituto da simulação, aplicável ao
direito tributário "ex -vi" do art. 110 do CTN a saber: c

"Art. 102 ± Haverá simulação nos atos jurídicos


em geral:c

I ± quando aparentarem conferir ou transmitir


direitos a pessoas diversas das a quem realmente
se conferem, ou transmitem;c

II ± quando contiverem declaração, confissão,


condição, ou cláusula não verdadeira; c

III ± quando os instrumentos particulares forem


antedatados, ou pós-datados ".c

Em outras palavras, a simulação é o descompasso entre o negócio


efetivamente pretendido pelas partes e aquele que aflora da formalização ou
roupagem que se lhe dá. Caso ocorra, efetivamente, si mulação, as
autoridades fiscais teriam o direito de, desconsiderando o negócio aparente,
e, portanto, viciado, tributar o negócio jurídico real, efetivo, subjacente, da
maneira que permitir a lei, aplicando, inclusive, as penalidades cabíveis pelo
retardamento ou falta de pagamento do tributo. c
Uma modalidade de Planejamento Tributário legítimo muito empregado, é o
chamado negócio jurídico indireto, ou seja, negócio a cuja disciplina desejam
as partes se submeter, mas para buscar um fim que normalmente não l he é
próprio. O negócio jurídico indireto, ao contrário da simulação, é aceito em
nosso direito sem ressalvas, inclusive pela jurisprudência do próprio
Supremo Tribunal Federal. c

Segundo Nilton Latorraca, "negócio jurídico indireto é aquele em que se


emprega determinado instituto jurídico com o objetivo de alcançar finalidades
diversas das que lhes são típicas". Para o direito tributário, o fato do ato ou
negócio jurídico ser direto ou indireto não tem a menor relevância. Importa se
é legítimo, não simulado, e que não represente fraude à lei. c

Note-se que somente se pode ocultar ou disfarçar o que já ocorreu, ou seja,


o termo dissimulação pressupõe a ocorrência do fato gerador .c

Vale lembrar que o princípio da legalidade deve ser observado também, e


que diante disso, uma operação licitamente desenhada e conduzida não
pode ser desconsiderada pelo simples motivo de que acarreta menor carga
tributária.c

Portanto, é claro que os termos da lei mencionada pressupõe atos ilícitos no


planejamento tributário tendo em vist a a delimitação da lei ante a ocorrência
do fato gerador. Antes da sua ocorrência, é direito do contribuinte optar pela
forma de tributação que lhe seja menos onerosa, valendo -se de opções
lícitas que não acarretem interpretações de atos ilícitos como o da simulação.
O entendimento desses conceitos é peça fundamental na determinação dos
limites do planejamento tributário. Para tanto, o entendimento do que vem a
ser a elisão e a evasão fiscal se faz necessário para o sucesso do
desenvolvimento das atividades de planejamento da carga tributária de uma
sociedade.c

  HIPÓTESES DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

A seguir relacionamos e comentamos resumidamente, algumas das


principais alternativas de planejamento tributário utilizados: c

Optar pela sistemática de tribu tação com base no Lucro Presumido, caso a
margem de lucro da atividade da Sociedade seja inferior ao Lucro Real; c

Se determinada empresa tem duas atividades distintas, poderá criar duas


empresas sendo uma tributada com base no Lucro Real e outra no
Presumido. O benefício está em deixar o máximo possível de despesas na
empresa que está sendo tributada pelo Lucro Real tornando lucrativa a
empresa do Lucro Presumido visto que a alíquota do IR e da CSL recaem
sobre parte do faturamento (art. 229 Lei 6.404/76); c
Empresas que possuem grandes disponibilidades financeiras aplicadas no
mercado podem obter vantagem fiscal transferindo esses recursos para a
pessoa física onde a tributação é apenas do Imposto de Renda retido na
Fonte ± IRRF(20%). Quando essa receita finan ceira é auferida pela pessoa
jurídica, além do IR (15%), adicional de IR (10%), CSL (9%), incidem PIS e
COFINS (3,65%);c

Distribuir Juros sobre o Capital Próprio. Quando se paga ou credita juros


sobre o capital próprio para um sócio pessoa física, a empresa que procede
a distribuição do juros ou o credita aos sócios, tem o seu resultado do
exercício diminuído do valor da distribuição/crédito feito, devendo, entretanto
reter e recolher 15% de IRRF. A vantagem consiste no fato de que sobre o
valor que diminuiu o resultado, a empresa deixou de pagar IR (15%),
adicional de IR (10%) e CSL (9%). Vale ressaltar que essa possibilidade de
redução, só aplica-se no caso de optante pela apuração do Imposto de
Renda com base no Lucro Real (Art. 347 RIR/99); c

Se determinada Sociedade possuir lucros acumulados e eventualmente


estiver apurando prejuízo durante determinado período, é extremamente
vantajoso deixar de pagar pró -labore, sobre o qual incide IR e INSS por
distribuição de lucros, a qual não tem qualquer tributação. E ssa hipótese
também só poderá ser observada no caso de opção pelo Lucro Real (inciso
XXIX art. 39 RIR/99);c

Se a Sociedade possui, contabilmente, um grande saldo de duplicatas a


receber, sendo que dentro desse saldo existem duplicatas vencidas e não
recebidas com mais de um ano ou seis meses, a legislação permite que
sejam baixadas e apropriadas como perdas, sendo dedutível para fins de
cálculo de IRPJ e CSLL com base no Lucro Real (art. 340 RIR/99); c

Determinado bem pode ser vendido para terceiros sem apurar ganho de
capital. Para esse planejamento, a empresa "A" aumenta capital em sua
investida "B", a qual possui prejuízo fiscal no período. Feito essa passagem
do bem de "A" para "B", "B" efetua a venda tendo o ganho de capital
absorvido pelo prejuízo do perí odo;c

Venda de bens em nome do sócio, pessoa física. A transferência do bem


para o sócio pode ser feita através de redução de capital. A vantagem
consiste no fato de que o ganho de capital na pessoa física é de 15%,
enquanto que na pessoa jurídica a carga tributária é de aproximadamente
34% (15% de IR, 10% de adicional de IR e 9% de CSL); c

Transferir um bem para terceiro, sem efetuar uma operação de venda pode
evitar o ganho de capital na operação, reduzindo ou eliminando o IR e CSL,
bem como eliminando o ITIV. O planejamento consiste em se constituir uma
empresa, dando em contribuição de capital o bem que se deseja transferir.
Em seguida o interessado na operação entre como sócio na empresa
aportando capital em dinheiro. Quando for conveniente o sócio que ap ortou
dinheiro sai da Sociedade levando o bem como devolução do seu capital (art.
118 e 119 Lei 4.279/90 Código Tributário do Município de Salvador); c
Empresa comercial em que a maior parte de suas vendas são estaduais
(alíquota de 17% de ICMS), pode transf erir sua sede para um estado vizinho
e então fazer operações interestaduais de ICMS, em que a alíquota é de
12%;c

  DICAS DE ECONOMIA TRIBUTÁRIA

No Planejamento Tributário deve -se procurar a orientação de um profissional


habilitado, para implantação das sugestões apresentadas. Devemos sempre
verificar se as dicas se aplicam ou não a empresa, pois pode haver restrições
quanto a aplicabilidade, de acordo com a forma de tributação escolhida
(Lucro Real, Presumido, Simples) e outras características especí ficas que
restrinjam o uso do planejamento. c



         !"   #   "


 

O desconto financeiro, condicionando a sua existência a evento definido


(pagamento no prazo, fidelidade, etc.) é uma prática muito cara, em termos
tributários. Recomendamos as empresas que o praticam, a reverem seus
procedimentos, adotando, em princípio, sua substituição pelo desconto
comercial. Desta forma, por exemplo, se desejar premiar os clientes que
pagam pontualmente, bastaria conceder desconto relativo ao evento no
próximo pedido de compra, como desconto comercial. A economia de
tributos, neste caso, pode chegar até 24,73% do valor do desconto
concedido.<O:P</O:Pc

Interessante observar que, para o cliente, o desconto comercial também


pode ser menos oneroso, já que, quando for tributado pelo Lucro Presumido,
o custo tributário pode chegar a 37,65 % do desconto financeiro obtido.
Como desconto comercial, este custo não existe. c




 $%#%  V &   

A Instrução Normativa SRF 21/97 trata da possibilidade de compensação de


créditos (inclusive IPI) com outros tributos federais, em procedimento
administrativo. E a IN SRF 33/99 possibilita que, ao final de cada trimestre -
calendário, permanecendo saldo credor do IPI, es se poderá ser utilizado para
ressarcimento ou compensação com outros tributos federais, administrados
pela SRF, desde que em procedimento administrativo junto ao órgão. c


' V%#()#     
  *   

Podem ser compensados, mediante dedução do IRPJ devido pelas


empresas, os valores retidos na fonte, como: a) remuneração de serviços
profissionais, comissões, propaganda e publicidade, limpeza, conservação
de imóveis, segurança, vigilância e locação de mão -de-obra; b) rendimentos
de aplicações financeiras; c) importâncias recebidas de entidades de
administração pública federal, pelo fornecimento de bens e serviços; d) juros
do capital próprio pago ou creditado por empresa da qual tenha participação
societária. Base: Regulamento do IR (art. 229 e 231).c

)    $&    +$", -  c

Os valores aplicados pelas empresas optantes pelo Lucro Real no Plano de


Alimentação do Trabalhador (PAT) que excederem ao limite legal de
dedução, poderão ser deduzidos em até 2 (dois ) exercícios subsequentes.
Basta controlar estes valores na Parte "B" do Livro de Apuração do Lucro
Real e deduzí-los de acordo com sua efetiva utilização. Base: art. 582 do
Regulamento do IR. c

-    ./  +*$& $0%*11-&12c

O valor pago pelas empresas para ressarcimento dos gastos dos


empregados que utilizam seus veículos a serviço da empresa não sofrerá
incidência de INSS ou FGTS, desde que devidamente comprovada a
despesa (notas fiscais). Base: art. 214, parágrafo 9, item XVIII do
Regulamento da Previdência Social. c

- 
 "& $

O ganho de capital apurado na venda de bens do imobilizado deverá ser


apurado por qualquer empresa, independentemente de ser optante pelo
SIMPLES, Lucro Presumido ou Real, para fins de tributação do Imposto de
Renda.c

O ganho de capital é a diferença positiva entre o valor de venda e o custo


contábil. No caso das empresas optantes pelo SIMPLES, o custo contábil é o
valor corrigido do bem até 31.12.1995 (utilizando -se a UFIR de 0,8287). Na s
aquisições de 1996 em diante, não há mais correção do custo. Assim, a
venda de um bem adquirido em 30.12.1994, por exemplo, terá uma correção
de 25,219%, reduzindo assim o eventual ganho de capital e o respectivo
pagamento do Imposto de Renda. Em relação as demais empresas, a
determinação do ganho ou perda de capital terá por base o valor contábil do
bem, assim entendido o que estiver registrado na escrituração e diminuído,
se for o caso, da depreciação, amortização ou exaustão acumulada (artigo
418 do Regulamento do IR).c

O contribuinte poderá diferir a tributação do ganho de capital obtido na


desapropriação de bens, desde que: c

I ± transfira o ganho de capital para reserva especial de lucros; c

II ± aplique, no prazo máximo de dois anos do recebimento da indenização,


na aquisição de outros bens do ativo permanente, importância igual ao ganho
de capital;c

III ± discrimine, na reserva de lucros, os bens objeto da aplicação de que


trata o inciso anterior, em condições que permitam a determinação do valor
realizado em cada período de apuração (artigo 422 do Regulamento do
Imposto de Renda).Está isento do imposto o ganho obtido nas operações de
transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária
(Constituição Federal, art. 184, § 5º). c


 $%#%*  
 )    

Os estabelecimentos industriais, e os que lhes são equiparados, poderão


creditar-se do IPI relativo a matérias-primas, produtos intermediários e
material de embalagem, adquiridos de comerciante atacadista não -
contribuinte, calculado pelo adquirente, mediante aplicação da alíquota a que
estiver sujeito o produto, sobre 50% do seu valor, constante da respectiva
nota fiscal, conforme Regulamento do IPI/98, artigo 148. c

1
 +V
$#  %
  )# 345465 55

A partir da MP 1991-15/2000, de 13/03/2000, foram revogados os


impedimentos para que as empresas que realizam importação possam optar
pelo SIMPLES Federal. Sendo assim, a partir de 13.03.2000 poderão optar
pelo SIMPLES as importadoras de bens, quaisquer que seja o percentual de
importação sobre o faturamento, respeitado o limite anual de faturamento de
R$ 1.200.000. A inscrição feita durante este ano (de 01.01 a 28.02.2001) terá
validade a partir de 01.01.2001. As inscrições feitas posteriormente vigorar ão
a partir de 01.01.2002.Porém, se a empresa for constituída posteriormente,
poderá optar pelo Simples (na constituição), possibilitando gerar economia
fiscal.c

£0 ELISÃO FISCAL
A Lei Complementar 104, cognominada de lei contra a elisão fiscal ou lei
contra o planejamento tributário, não retirou, nem poderia tê -lo feito, o direito
do contribuinte de buscar a forma menos onerosa de pagar os seus tributos. c

A tributação representa uma exceção ao princípio maior, o da propriedade


privada, postulado fundame ntal do regime da livre iniciativa assegurado pela
CF/88.c

Por isso, se fala, em direito tributário, no princípio da estrita legalidade ou da


tipicidade cerrada. Toda a hipótese do fato, nos seus vários aspectos, as
pessoas envolvidas, a base de cálculo e a alíquota de qualquer tributo têm
que estar minuciosamente previstas em lei, sob pena dele não poder ser
exigido.c

É que só o Poder Legislativo tem o poder de dispor, da propriedade privada


(v. art. 48, I da CF). Nunca o Poder Executivo, que tem interesse n a
arrecadação, cada vez menor para cobrir os objetivos estatais. c

Ao contribuinte cabe o dever de pagar o tributo, conforme a lei, que é um


texto, que para ser aplicado merece interpretação. Elisão é um expediente
utilizado pelo contribuinte para atingir um impacto tributário menor, em que
se recorre a um ato ou negócio jurídico real, verdadeiro, sem vício no suporte
fático, nem na manifestação de vontade, o qual é lícito e admitido pelo
sistema jurídico brasileiro. c

É um proceder legalmente autorizado, que a juda a lei tributária a atingir a sua


finalidade extrafiscal, quando presente. Diferente da evasão fiscal, são
utilizados meios legais na busca da descaracterização do fato gerador do
tributo. Pressupõe a licitude do comportamento do contribuinte. É uma fo rma
honesta de evitar a submissão a uma hipótese tributária desfavorável. c

Na evasão fiscal, o contribuinte busca, antes ou depois da submissão a uma


hipótese tributária desfavorável, um modo de mascarar seu comportamento
de forma fraudulenta. Aí é diferent e e cabe à Receita utilizar todas as suas
prerrogativas de função administrativa para evitar o ilícito. c

Nada obsta, por exemplo, que uma empresa que trabalhe com uma matéria
prima importada, excessivamente tributada, descubra uma outra matéria
substituta, com classificação fiscal diferente, que, quando importada, pagará
menos imposto de importação. E que evite com tal comportamento um maior
impacto tributário sobre a sua economia. Ganha a empresa e ganha o
consumidor.c

A LC 104/01, nesse aspecto, introduz no art. 116 do CTN o seguinte


parágrafo único:c

"A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos


praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do
tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigaç ão tributária,
observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária" (grifo
nosso).c

Dissimular é ocultar, encobrir. Uma hipótese de evasão fiscal. É a figura que


mais costuma ser confundida com elisão fiscal, mas guarda diferenças. Na
simulação tem-se a pactuação de algo distinto daquilo que realmente se
almeja, com o fito de se obter vantagem. Uma verdade aparente (jurídica)
encobrindo uma verdade real, que não é claramente perceptível. c

Não duvidamos da boa intenção da Receita Federal em prop or e do


Congresso Nacional em aprovar mais essa regra, a fim de evitar a burla ao
Fisco. É preciso, contudo, saber separar o joio do trigo. A rigor, mesmo antes
dessa regra, a Receita, já vinha, legitimamente, praticando a
desconsideração de atos e negócio s jurídicos fraudulentos com arrimo no art.
102 do Código Civil e 118 do Código Tributário Nacional. c

Não concordamos, portanto, com a versão noticiada por alguns jornais de


que a lei da elisão fiscal mantém brechas. O que ela mantém jamais poderia
ser expurgado.c

Qualquer documento apontando tributo a pagar - e são muitos - vira


confissão de dívida e implica imediata inscrição em dívida ativa, prejudicando
a defesa do contribuinte. c

A ausência de efeito suspensivo dos recursos na ação incidental de


embargos à execução propicia a realização da garantia e, muita vez, os bens
do devedor são excutidos sem que haja coisa julgada em prol da Fazenda
Pública. A lesão se resolverá em perdas e danos. c

A regulamentação das leis pelo executivo é pletórica e eivada de vício s. A


pretexto de interpretá -las e aplicá-las, são gestadas à socapa normas
jurídicas não previstas pelo legislador, com ofensa dos princípios da
legalidade e da tipicidade. c

£0 £ O SIGILO BANCÁRIO E DE DADOS

Todos os países que não possuem os sigilos ba ncários e de dados, que os


eliminaram ou que foram inábeis ao estruturar os sistemas de quebra dos
mesmos, sofreram dramáticas fugas de capital, geraram tensões existenciais
e regrediram politicamente. c

A quebra do sigilo por motivos políticos é inaceitável e odiosa. A quebra por


motivos fiscais deve cercar-se dos maiores cuidados e dar-se
excepcionalmente, somente quando estejam configurados tipos delituais
contra a ordem tributária. A quebra do sigilo para combater o crime
organizado admite-se cum modus in rebus, pois a tal pretexto não se pode
vulnerar - como tem sido feito - o direito dos cidadãos republicanos,
acusados apenas de serem suspeitos. Provas e indícios veementes aos
invés de suspeições, freqüentemente imaginárias é o que a sociedade
requer, daí a inevitabilidade de uma apreciação judicial prévia e responsável,
eis que até mesmo os juízes têm sido levianos. Estão a quebrar o sigilo
bancário e de dados em sigilo, obstando aos advogados o inteiro
conhecimento das medidas penais cautelares. A regul amentação da quebra
do sigilo entre nós, ao meu sentir, deu -se de forma inconstitucional e
paradoxal. A Fazenda Pública tornou -se integralmente fiel depositária dos
dados relativos aos cidadãos e de suas organizações empresariais. Se auto -
impôs, como se isto já não estivesse vedado, o dever de guardar sigilo e não
divulgar os dados em que pese, de um lado, as licenças da LC 104 e, de
outro, o caráter público dos processos administrativo e judicial, onde a vida
dos vulnerados será descalvada. Da atuação do E stado e nossas incursões
pela vida privada das pessoas físicas e jurídicas bem poderão advir lesões a
direitos fundamentais e protegidos, atraindo a responsabilização civil do
Estado, como veremos no decorrer dos trabalhos. Além disso, poderia a LC
nº 105 dispor contra a Constituição na parte em que consagra direitos
fundamentais insuscetíveis até mesmo de emendas constitucionais? c

£0 2 A NORMA GERAL ANTI-ELISIVA

Combater as fraudes e a sonegação é dever indeclinável da Administração.


Os juristas, por sua vez, com elas não devem compactuar. Gilberto de Ulhôa
Canto escreveu as seguintes palavras: "Até eu que sempre fui conservador e
tolerante com o Fisco, estou convencido de que é preciso detê -lo, enquanto
há tempo e decisão.c

Uma corrente vê no dispositivo a reiteração de que a fraude e a simulação de


atos e negócios jurídicos para evitar, retardar ou diminuir o pagamento de
tributos, está no campo da evasão ilícita, não sendo, portanto, o novel
parágrafo, norma anti-elisiva, certo que a elisão está no camp o da licitude.
Outra corrente entende que se procura introduzir entre nós a chamada
interpretação econômica, com certa dose de razão, e uma terceira corrente,
embora sem chegar a tanto, com base na lógica Fuzzy e, na Teoria francesa
de abuso de direito, ao tempo em que concede ao princípio da capacidade
contributiva uma função demiúrgica, diz caber a Administração, para realizar
o princípio da igualdade, descaracterizar os atos e negócios jurídicos
indiretos, que eliminam, reduzem ou retardam o pagamento do s tributos,
ainda que lícitos, se a intenção for puramente fiscal. Este me parece o ponto
nevrálgico da discussão relativamente ao tema, do parágrafo único do artigo
116 do CTN, introduzido pela Lei Complementar nº 104. c

Cumpre saber se o princípio da capac idade contributiva, penhor da isonomia


fiscal, é apenas um limite ao poder de tributar, endereçado aos legisladores
das três ordens de Governo que convivem na federação brasileira, daí não
desbordando, ou se tem alguma eficácia positiva, capaz de conferir ao
Estado-Administração, o poder-dever, no dizer de Santi Romano, de
desqualificar os atos e negócios jurídicos subjacentes à tributação,
praticados pelos particulares, envolvendo, logicamente a analogia
detrimentosa em desfavor do contribuinte. c

Cumpre, também, responder se a adoção do negócio jurídico indireto menos


oneroso, de forma lícita, sem desconchavo entre o "intentio facti" e o "intentio
juris", sinal da simulação, caracteriza o denominado abuso de direito. c

Dá-se que o Direito Tributário, como o Di reito Penal, é feito por um catálogo
de tipos, não se permitindo além deles o fechamento da ordem jurídica
através de técnicas integrativas, ao suposto de que os casos não
previamente previstos em lei venham a ser tributados como se estivessem
previstos, em função de seus efeitos econômicos.c

Temos de examinar se é possível mesmo existir em Direito Tributário, na


estruturação do fato jurígeno típico, quando se tratar de situação jurídica, a
Teoria do ABUSO DE DIREITO. A conseqüência é que estraçalhada a
função protetora do catálogo de Tipos, a capacidade contributiva extravasaria
o TIPO LEGAL para atingir a situação extratípica, teoricamente praticada
com abuso de direito, com a agravante de ser o Fisco o senhor da primeira
palavra de acusação com espeque no ABUSOc

£0  DAS FORMAS DE DIREITO PRIVADO

Ocorre quando há fraude ou simulação (contrato de sociedade dissimulando


compra e venda de imóvel para fugir ao ITBI). Há nessa espécie a
dissimulação de um negócio jurídico, a compra e venda imobiliária, por o utro,
contrato de sociedade, cabendo ao fisco desconsiderar o negócio simulado e
a tentativa de evasão. Houve divérbio entre a realidade e a forma jurídica.
Mas o caso é de evasão ilícita e não de elisão ou elusão, sempre lícita. c

O conceito de simulação, fingir fato jurídico inexistente, abrange o conceito


da dissimulação, ou seja, esconder fato jurídico existente. c

Portanto, o Parágrafo único do artigo 116 do CTN, a todas as luzes, diz


respeito aos casos de dissimulação de negócios jurídicos normalmente
tributáveis, com sede na Teoria dos vícios dos atos e negócios jurídicos em
geral. Não se lhe dê interpretação lata, a menos que queiramos viver sob a
tirania do Fisco e sob o arbítrio do Estado -Administração.c

c
£0  BRASILEIRO PAGA DEZENAS DE TRIBUTOS!

Se o contribuinte pretende diminuir os seus encargos tributários, poderá fazê -


lo legal ou ilegalmente. A maneira legal chama -se elisão fiscal ou economia
legal (planejamento tributário) e a forma ilegal denomina -se sonegação fiscal.c

O planejamento tributário é um conjunto de sistemas legais que visam


diminuir o pagamento de tributos. O contribuinte tem o direito de estruturar o
seu negócio da maneira que melhor lhe pareça, procurando a diminuição dos
custos de seu empreendimento, inclusive dos impostos. Se a f orma
celebrada é jurídica e lícita, a fazenda pública deve respeitá -la.c

É sabido que os tributos (impostos, taxas e contribuições) representam


importante parcela dos custos das empresas, senão a maior. Com a
globalização da economia, tornou -se questão de sobrevivência empresarial a
correta administração do ônus tributário. c

Em média, 33% do faturamento empresarial é dirigido ao pagamento de


tributos. Somente o ônus do Imposto de Renda e da Contribuição Social
sobre o Lucro das empresas pode corresponder a 51 ,51% do lucro líquido
apurado. Da somatória dos custos e despesas, mais da metade do valor é
representada pelos tributos. Assim, imprescindível a adoção de um sistema
de economia legal. c

££ EVASÃO OU SONEGAÇÃO FISCAL?

O conceito legal de fraude fiscal transcrito no artigo 72 da Lei no. 4.502/64


contém uma mistura da sonegação fiscal com a própria elisão (esta, toda a
ação ou omissão do contribuinte para impedir o nascimento do fato gerador
da obrigação principal; e aquela, a ação ou a omissão, após o na scimento da
obrigação principal). c

A lei englobou as duas figuras acima representadas, dando um alcance que


a doutrina não aprovou. c

Sonegação Fiscal age sempre através de uma fraude fiscal (que pode até
assumir a figura do lançamento ideologicamente falso n os livros Diários ou
Fiscais), a qual se destina a reduzir ou suprimir o imposto ou a contribuição
devidos. Outro exemplo pode ser dado com o não registro do empregado. A
omissão aqui constitui uma fraude fiscal ao dever de registrar o empregado,
e vai ocasionar o não recolhimento do INSS, do FGTS; causando ainda lesão
a esse empregado não registrado, que não receberá: cotas do PIS, férias, 13 º
salários, auxílio-doença, aposentadoria etc. . c

Em sua visita ao Brasil no ano passado, Vitor Tanzi, renomado espec ialista
em finanças públicas do Fundo Monetário Internacional, apontava a
excessiva carga tributária brasileira. O peso dos impostos no Brasil já
equivale ao de países mais avançados como os Estados Unidos e Japão.
Nos últimos anos já superou 30% do PIB, e ameaça chegar a 33% em 1998,
um patamar sem paralelo nas demais economias em desenvolvimento. c

Acrescente-se a esta verdadeira sanha tributária o apetite devorador com


que a administração pública impõe outros tipos de encargo sobre o
contribuinte, dentre e les, taxas e multas. As penalidades impostas pelo novo
Código Nacional de Trânsito podem chegar a R$ 865 por infração. Este valor
é 30% maior do que o Imposto de Renda anual devido por uma família com
dois dependentes e com renda mensal de R$ 2 mil, supond o-se padrão
médio de gastos e deduções. Uma multa por ano por família, e o governo
poderia mais do que dobrar a arrecadação do IRPF. c

Esta voracidade arrecadatória resulta em perda de competitividade, em


estímulo à sonegação, e desestímulo à atividade econô mica. Com a
globalização da economia mundial e a crescente mobilidade do capital, é fácil
verificar que a trajetória brasileira aponta para o desastre. c

O sistema atual, por suas distorções, induz à evasão fiscal. A sonegação e a


economia informal crescem a ssustadoramente. A Receita Federal admite
que cada real arrecadado pelo setor público tem igual contrapartida
sonegada. Isto implica dizer que a carga tributária teórica na economia
brasileira seria de mais de 60% do PIB. Ou seja, se não houvesse nenhuma
forma de sonegação, a carga tributária brasileira seria superior a 60% do
PIB. Não surpreende, portanto, que a evasão esteja aumentando. Não por
perversão do contribuinte, mas por puro espírito de defesa. c

Infelizmente, a proposta de reforma tributária do go verno não altera a atual


estrutura clássica de impostos brasileiros. Os principais defeitos e distorções
existentes no momento perdurarão. Continuam existindo todos os atuais
tributos, ainda que sejam eliminados a Cofins, os adicionais sobre o lucro,
etc. Mas, grosso modo, o sistema tributário clássico, composto de impostos
declaratórios sobre a renda, sobre a circulação, sobre o patrimônio, sobre o
comércio exterior e sobre a folha de pagamento, continua existindo, sem
modificações essenciais. Alteram-se apenas as formas de arrecadação, e
algumas atribuições e competências dos níveis de governo. c

A novidade é a criação, no âmbito das atribuições de Estados e municípios,


de um imposto unifásico de varejo. Pretende -se um imposto como o cobrado
nos Estados Unidos. O comerciante varejista adiciona o imposto ao preço
anunciado de seus produtos ou serviços. Os Estados cobrariam este imposto
sobre produtos e os municípios sobre serviços. c

Outra novidade é a criação de um imposto federal que agregaria o ICMS dos


Estados, o IPI da União, e o ISS dos municípios. c

Este sistema implicaria enorme centralização tributária. O novo Imposto


sobre Valor Agregado (IVA) seria arrecadado pela União, e partilhado com
Estados e municípios. Haveria grande exacerbação dos condicionantes
políticos na transferência dos recursos. O ponto positivo, contudo, seriam as
melhorias na administração deste novo IVA, pois se sabe que impostos sobre
valor agregado encontram grandes dificuldades operacionais em sistemas
federativos, o que responde pel a enorme complexidade e descontrole
administrativo que o caracteriza, embora ainda seja a fonte primordial de
recursos dos Estados.c

Estados e municípios passariam a cobrar o novo imposto de varejo. c

Este novo tributo exige antes de mais nada uma ética tribu tária que não
existe em nosso país. Trata-se de evidente mimetismo cultural pretender
arrecadar impostos cobrados em cada ponta de varejo. A evasão seria brutal.
Trata-se de um imposto utópico para o Brasil. Pode -se imaginar o que
ocorrerá quando, em vez de se tributar a cerveja diretamente nos cinco ou
seis grandes fabricantes, passar-se a fazê-lo em cada balcão de bar ou em
cada mesa de restaurante espalhados em todo o País. Os custos
administrativos serão enormes, até mesmo pela necessidade de novos e
pesados sistemas de fiscalização.c

Em resumo, a nova proposta é centralizadora, burocrática e altamente


indutora à evasão. Não responde aos anseios de toda a sociedade brasileira,
que deseja um sistema tributário mais simples, menos burocratizado e
menos passível de sonegação.c

Poucos mortais brasileiros acreditaram na possibilidade aventada pelo


presidente Fernando Henrique Cardoso de o governo vir a aumentar suas
receitas sem, necessariamente, aumentar os impostos, só no combate à
sonegação e com outras providências administrativas. A dúvida procede,
dado o passado recente e remoto dos governos no Brasil. Sacar a caneta e
elevar a alíquota de algum imposto ou criar um novo tributo tem sido tão fácil
e praticado tão impunemente que ninguém tem se dado ao trabal ho de
pensar em outras soluções.c

Assim, dá-se como certo que, esgotadas as tentativas de fazer muitos


ministros, os governadores, os prefeitos, os homens do Legislativo e do
Judiciário cortar despesas, o governo irá novamente apelar para a fórmula
tradicional de mais impostos nas costas do contribuinte. c

A certeza de que é possível fazer tal coisa sem grandes conseqüências é tão
grande que, nem bem as palavras do presidente haviam acabado de ecoar
no Palácio do Itamaraty, já surgiram de todos os lados declar ações enfáticas
de que não dá para cortar mais do que tem sido cortado. Prefeitos de
passagem por Brasília entoaram a cantilena de que precisam de mais
recursos e não de menos dinheiro. Governadores avisaram que já laceraram
a própria carne. O Legislativo não tem gorduras, disseram em uníssono seus
líderes. E o Judiciário, adiantou o presidente do Supremo, nada tem a fazer. c

Mesmo que os cortes não venham ou venham em volume menor do que o


necessário, no entanto, há um bom espaço para o governo aumentar em
prazo relativamente curto sua receita, sem precisar aumentar direta e
generalizadamente os impostos. Um dos caminhos, naturalmente, é o
aventado por Fernando Henrique: fechar o cerco à sonegação. Cálculos
alarmistas dizem que a evasão fiscal é do tamanho da receita ± para cada
um real que entra nos cofres do Tesouro outro deixa de ser recolhido.
Palpites menos radicais falam em 50%, exagero ainda. É razoável, no
entanto, calcular que 30% dos impostos devidos não são pagos. Um aperto
na fiscalização, como se viu na gestão do ex-secretário Osires Silva,
recupera entre um quarto e um quinto desta perda, algo como R$ 10 bilhões
num ano.c

O sucesso deste combate à sonegação será tanto maior quanto maior for a
colaboração da Justiça. Sonegar hoje é um bom negócio, e ntre outras
coisas, porque os processos de cobrança judicial demoram anos para serem
julgados. O problema começa na morosidade dos próprios órgãos do
governo encarregados de preparar as ações de cobrança judicial, nas falhas
da lei brasileira que permitem manobras postergatórias e na lentidão da
Justiça. A partir do momento em que a Justiça começar a julgar esses
processos mais rapidamente, o comportamento de muitos sonegadores
mudará de figura. Apressar o andamento desses processos faz parte dos
planos do Ministério da Fazenda.c

O que trará um ganho adicional, talvez o maior deles para o governo. Além
de desincentivar a sonegação futura, a agilização das cobranças judiciais
fará velhos sonegadores começarem a pagar suas contas. Não há um
levantamento exato de quantos processos de cobrança há tramitando na
Justiça, mas calcula-se que eles somam hoje mais de R$ 200 bilhões, isto é,
mais do que tudo que o governo federal vai arrecadar no ano que vem. c

Finalmente, a terceira providência seria suspender a maior pa rte da renúncia


fiscal vigente no momento, dinheiro que o governo deixa de arrecadar por
conta dos subsídios (tipo Sudene, Zona Franca, programa do álcool), de
isenções do Imposto de Renda e outras concessões. Este ano a renúncia
fiscal deve girar em torno de R$ 17 bilhões; no ano que vem pode chegar aos
R$ 20 bilhões. Seriam mantidos os programas absolutamente necessários,
mesmo porque muitos dos subsídios, na verdade, só beneficiam setores
menos necessitados da população. O governo poderia, com a suspensã o de
tais vantagens, sustentar um programa de renda mínima e um programa de
bolsa-estudo para as famílias de baixa renda e ainda ficaria com um bom
troco.c

São providências simples, viáveis e de resultados relativamente rápidos. Só


não podem substituir o ne cessário ajuste das contas públicas, com o corte
nas despesas.c

O Decreto nº 46.614/02, publicado dia 20 de março de 2002, cria o Cevaf -


Conselho Gestor de Ações Conjuntas de Combate à Evasão Fiscal.
Este órgão será responsável pela coordenação de ações co njuntas que
impeçam casos de maior extensão de prejuízo à ordem tributária, assim
entendidos os correspondentes aos maiores valores sonegados ou
inadimplidos e os que correspondam a práticas sonegatórias. c
O Conselho obedecerá às diretrizes e metas conjuntamente estabelecidas
pelo Coordenador da Administração Tributária da Secretaria da Fazenda e
pelo Subprocurador Geral do Estado da Área do Contencioso Geral.
Será integrado por Procuradores do Estado da Área do Contencioso Geral da
Procuradoria Geral do Estado, encarregados do acompanhamento de ações
judiciais de natureza tributária e por Agentes Fiscais de Rendas da
Secretaria da Fazenda designados, respectivamente, pelo Procurador Geral
do Estado e pelo Secretário da Fazenda, mediante indicação, na s esferas de
competência, do Subprocurador Geral do Estado da Área do Contencioso e
do Coordenador da Administração. c

££ £ EVASÃO FISCAL ATRAVÉS DA INTERNET

A popularização de uma tecnologia antes desenvolvida com interesses


bélicos, fez da Ônternet um meio de comunicação e informação que permite a
qualquer cidadão manifestar a vontade de celebrar determinados negócios
jurídicos, através de um modus operandi que lhe confere segurança e
eficácia jurídica.c

Renato M. S. Opice Blum, fundador do IBDI ± Instituto Brasileiro de Política e


Direito da Informática, noticia: c

O Brasil já conta com aproximadamente 8 milhões de internautas e previsões


de movimentar U$ 60 bilhões no comércio eletrônico em 2.004. As
perspectivas otimistas relacionadas ao sucesso de negóc ios através da rede
crescem a cada dia. Estudos concluem que a presença virtual pode significar
a sobrevivência da própria empresa. Para o consumidor estima -se que as
compras pela internet chegam a ser 15% mais baratas que as demais. Para
o fornecedor a redução dos custos associados à estrutura de vendas podem
ser até 80% menores.c

O termo e-commerce vem sendo empregado para designar uma variedade


de atividades comerciais desenvolvidas através da Ônternet ou das intranets,
tais como a venda on line de bens e serviços, transferência eletrônica de
fundos, troca eletrônica de dados entre terceiros ou entre unidades de um
grupo mercantil 1.c

A 12.ª pesquisa anual de administração de recursos de informática realizada


pela Fundação Getúlio Vargas indica que, no ano c orrente, o Brasil será o
maior investidor da América Latina em tecnologia da informação (US$78
bilhões), razão pela qual empresas fornecedoras de tecnologia e soluções
para o comércio eletrônico (IBM, PeopleSoft, Xerox, entre outras) planejam
investimentos no país.c

O resultado da µPesquisa Comércio Eletrônico no Mercado Brasileiro¶, edição


2001, também da FGV, revela que em 2000, o volume do comércio b2b1
triplicou em relação ao ano anterior, enquanto o b2c2 quadriplicou.
Implementando o b2b, o collaborative-commerce ou c-commerce representa
a parceria para troca de informações entre fornecedores e compradores. c

Um instituto de pesquisas norte-americano, Gartner Group, divulgou números


que revelam que as vendas do mercado b2b mundial atingiram quatrocentos
e trinta bilhões de dólares em 2000, equivalente a 189% a mais do que em
1999.c

A Organização Mundial de Propriedade Industrial estima que, no período de


2003 e 2005, o comércio eletrônico deverá movimentar aproximadamente
três trilhões de dólares. c

Inevitavelmente, surgem novos conceitos e princípios da teoria geral de um


ramo do Direito que vem galgando autonomia cientifica, denominado Direito
da Informática, como contratos eletrônicos, assinatura digital, certificados
eletrônicos, tabelionatos virt uais, cartórios cibernéticos, cibernotários,
criptografia de mensagens, e-money, dando indícios de mudanças sociais
instigando soluções normativas. c

O valor que se tem dado aos chamados documentos virtuais e a aptidão de


tais negócios produzirem efeitos no mundo dos fatos e na seara jurídica
traduz a realidade em que o comércio eletrônico está se desenvolvendo. c

E se ao Direito cabe regular negócios jurídicos de uma forma geral, os


contratos celebrados on line não estão, ou não deveriam estar, imunes às
suas prescrições.c

Porém, como a evolução da ciência jurídica nem sempre acompanha a


evolução social, cabe aos operadores jurídicos raciocinar a solução dos
casos concretos.c

Em se tratando de Direito Tributário, o desafio é maior, já que nessa


realidade, o Poder Público não dispõe de meios para fiscalizar e tributar as
transações concretizadas em ambiente virtual, propício à fuga fiscal. c

Analisando conceitos válidos no atual direito tributário, é possível verificar


que a tributação do comércio eletrônico pressupõ e a elaboração de outros
conceitos e nova legislação, que, no momento em que forem concluídos,
provavelmente não servirão para tutelar os avanços tecnológicos que até lá
acontecerão.c

Daí porque se deduz que a sonegação fiscal continuará, provavelmente,


escapando ao controle do Estado, embora este, em futuro não distante,
estará participando do b2g1, justamente porque a diminuição de custos é o
atrativo.c

c
££ 2 COMÉRCIO ELETRÔNICO E DIREITO TRIBUTÁRIO

A primeira lei a regular transações eletrônicas foi a Digital Signature Act,


promulgada pelo Estado de Utah. A maioria dos outros Estados norte -
americanos, assim como diversos países europeus, já possuem legislação
específica. A Comunidade Européia iniciou as diretivas de harmonização de
legislações.c

Na América Latina, a Argentina e o Uruguai já legislaram sobre assinatura


digital e documento eletrônico. c

Em 1996, a UNCITRAL adotou a Lei Modelo sobre Comércio Eletrônico,


sugestiva de normas a serem adotadas pelos países, visando a criar um
ambiente internaciona l propício ao desenvolvimento dos negócios
eletrônicos.c

A dlobal Ônformation Networks: Realizing the Ootential , realizada em Bona,


traçou recomendações sobre o comércio eletrônico na Comunidade
Européia, que, conjugadas com as linhas mestras sugeridas em j ulho de
1997, por Bill Clinton, então presidente dos Estados Unidos, resultaram em
uma declaração conjunta sobre comércio eletrônico. c

Em janeiro de 2000, foi aprovado, nos Estados Unidos, o Uniform Electronic


Transaction Act, através do qual a assinatura d igital foi colocada no mesmo
nível da assinatura em papel, como ocorre na Alemanha, com a Ônformations
und Kommunikationsclienste desetz Jukdg.c

No âmbito legislativo brasileiro, uma Comissão Especial de Informática


Jurídica da Ordem dos Advogados do Brasil desenvolveu anteprojeto de lei
que dispõe sobre o comércio eletrônico, a validade jurídica do documento
eletrônico e a assinatura digital, considerando a transnacionalidade do
comércio eletrônico e propondo que as certificações estrangeiras tenham a
mesma eficácia das certificações nacionais.c

Dessas informações, é possível visualizar o rompimento de paradigmas do


tradicional comércio a dimensão ocupada pelo comércio eletrônico, bem
como sua irreversibilidade, sendo também possível deduzir que a disciplina
jurídica do comércio eletrônico está em fase embrionária. c

A existência de um mercado eletrônico, o crescimento do comércio virtual e,


principalmente, a brutal produção de rendimentos através deles são desafios
aos Estados interessados em não perder seu pod er tributário, sendo, ao
mesmo tempo, os maiores atrativos aos comerciantes e consumidores, à
medida tal realidade diminui despesas e preços, pois tal modalidade de
comércio elimina várias etapas dos canais de distribuição (distribuidor
regional, atacadista, varejista, etc.).c

Embora sejam os meios eletrônicos instrumentos de comunicação, vale


dizer, meio de concretização das tradicionais transações, reproduzindo os
modelos jurídicos do comércio já praticados, suscitam indagações universais
acerca da incidência de tributos e dos quais, assim como da competência
legislativa num ambiente sem fronteiras. c

O uso da internet como meio de realização de negócios jurídicos de


conteúdo econômico, portanto, manifestações de capacidade contributiva,
impossibilita a fiscalização ou verificação da ocorrência dos fatos geradores
de tributos.c

O nascimento da obrigação tributária, como conseqüência que é da


conjugação de vários elementos, acaba não ocorrendo se, no mundo físico,
alguns deles deixam de acontecer, como no c aso de intermediação. c

Prevê o ordenamento jurídico brasileiro que a possibilidade de arrecadação


de parte da riqueza gerada pelos contribuintes depende de prévia lei que,
além de autorizar a cobrança de tributos, deve definir todos os aspectos
pertinentes ao fato gerador, cuja identificação permitirá a quantificação do
tributo devido em cada situação concreta que espelhe a hipótese de
incidência descrita na norma legal. c

Portanto, a legalidade tributária requer que a própria lei defina os


comportamentos e as características que autorizem a cobrança de
determinado tributo, que passa a ser exigível pelo Estado caso não ocorra o
adimplemento da obrigação. c

Porém, para formalizar essa exigibilidade, ou seja, para que ocorra o


lançamento do crédito tributário, exig e-se a verificação dos pressupostos que
comprovam a ocorrência do fato gerador. c

Por tal razão, existe a atividade de fiscalização, que compreende todos os


atos desempenhados pela autoridade pública para verificar a ocorrência do
fato gerador, vale dizer, a investigação das demonstrações econômico-
financeiras do contribuinte para detectar a subsunção do fato concreto à
norma.c

No comércio eletrônico, além das transações não se concretizarem e


formalizarem no mundo dos fatos, a autoridade fiscal, sujeita ao pr incípio da
legalidade objetiva que está, não tem autorização legal para realizar o
lançamento dos tributos que poderiam incidir naquelas operações. c

Logo, nem mesmo os documentos virtuais, indicativos de atos ou fatos


juridicamente relevantes, podem ser uti lizados pela autoridade administrativa
como fontes documentais representativas de obrigações tributárias, pois não
foram recepcionados pelo ordenamento jurídico nem albergados pelo artigo
195 do Código Tributário Nacional. c

Marco Aurélio Greco 1 questiona a possibilidade de uma futura lei tributária


atribuir aos provedores da Ônternet a função de agente fiscalizador dos
negócios jurídicos realizados pelos clientes que armazenam home-pages em
seus espaços, o que, sem dúvida, é uma prerrogativa inderrogável da
Administração Pública.c
c

££  IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇAO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS

Para fundamentar as idéias acima delineadas, tomar -se-á como exemplo o


imposto incidente sobre a venda de mercadorias e serviços, o Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços, para demonstrar que nas transações
efetuadas on line, alguns dos pressupostos legais não ocorrem. c

Basicamente, através do comércio eletrônico, ocorre o comércio de bens -


comprados pela Ônternet e entregues fisicamente ao adquirente ao a quem
deste comprou, suprimindo-se, então, uma das fases de circulação ± ou o
comércio de bens ou serviços comprados pela Ônternet e entregues
diretamente ao comprados através de download, quando é impossível atingir
o contribuinte.c

A desintermediação propiciada pe lo comércio eletrônico, seja na cadeia


business-to-business (demanda empresarial) ou na business-to-consumer,
resulta em redução de custos e possível redução de preços pagos pelo
consumidor final de bens e serviços, uma vez suprimidos alguns elos da
cadeia de produção e distribuição. c

££  ESTABELECIMENTO VIRTUAL

O site comercial é comparado por Fabio Pugliese 1 a um cartaz que possibilita


ao usuário do comércio eletrônico conhecer a estrutura organizacional, a
situação financeira, o negócio da empresa e os diversos produtos oferecidos,
destacando que pode ter função exclusiva de promover determinado
negócio, permitir a venda de produtos com outras empresas (inter company)
ou efetuar a venda a consumidor. c

A lei complementar 87/96 considera estabelecimento o local, privado ou


público, próprio ou de terceiro, onde pessoas físicas ou jurídicas exerçam
suas atividades em caráter temporário ou permanente, ou onde encontram
armazenadas mercadorias.c

A Convenção Modelo para a Bitributação da Organização para a Cooperação


e Desenvolvimento Econômico ± OCDE define estabelecimento como "a
fixed place of business through wich the business of a enterprise is wholly or
partly carried on.", noção adotada pela U.S. Model Tax Convention. c

O Supremo Tribunal Federal entende que "a expressão estabelecimento tem


o mesmo sentido do que lhe confere o Código Comercial (artigo 1.º, III, 2.ª
parte), de tal modo a designar o próprio local ou o edifício em que a profissão
é exercida, compreendendo todo o conjunto de instalações e aparelhamentos
necessários ao desempenho do negócio ou da profissão de comerciante,
componentes do fundo de comércio ."1c

As empresas e lojas virtuais não apresentam características mínimas, como


instalações físicas, estabilidade, conexão da instalação com a atividade
empresarial e aptidão para gerar rendas para a empresa, apontadas pela
moderna doutrina como requisitos p ara a configuração de estabelecimento
comercial.c

E sendo o web site um software armazenado em um computador, não pode


ser considerado o estabelecimento permanente da empresa. c

Interessante destacar a peculiaridade dos softwares, inconfundíveis com


seus suportes físicos, não são considerados mercadorias, porque ocorre
apenas locação, cessão ou licença de uso, conforme a Lei Federal N.º
9.609/98, e não transferência da propriedade de seu criador intelectual ou
titular.c

Embora a Lei Complementar 87/96 entenda c omo local o espaço onde


determinado fato acontece, não há como estabelecer um vínculo suficiente
para justificar a imposição tributária, a não ser que a operação seja efetuada
através do computador de uma empresa convencional, seguida por emissão
de nota fiscal, por funcionário desta.c

A complexidade aumenta em relação a bens e serviços adquiridos on line e


provenientes de outros países, quando o comprador também foge dos ônus
tributários decorrentes desse tipo de transação, especialmente nas entregas
por serviço postal.c

££  MERCADORIAS, PRODUTOS, SERVIÇOS E CIRCULAÇÃO VIRTUAL

Paulo de Barros Carvalho 2 entende que a natureza mercantil de um produto


está na destinação que pode conferir -lhe atributos de mercadoria. c

No entendimento do Ministro Sepúlveda Per tence3, da Corte Suprema


Brasileira, "o conceito de mercadoria efetivamente não inclui os bens
incorpóreos, como os direitos em geral: mercadoria é bem corpóreo objeto de
atos de comércio ou destinados a sê -lo."c

Em se tratando de comércio eletrônico direto , quando ocorre a entrega física


da mercadoria após a celebração de um contrato através da Internet, é
facilmente detectável a circulação das mercadorias e mudança de
titularidade, com a emissão de nota fiscal, portanto, hipótese de incidência do
ICMS.c
Porém, o raciocínio não é tão óbvio quando há ausência de sinais exteriores
indicando a concretização dos negócios jurídicos que ensejam imposição
tributária.c

Isso ocorre, por exemplo, quando uma das etapas de circulação das
mercadorias é suprimida, ou qua ndo a contratação de serviços é apenas
intermediada através do meio eletrônico, no qual a fiscalidade não pode
atuar.c

Os chamados produtos virtuais ou digitais representam uma revolução à


parte. Músicas, livros, softwares circulam através de cabos eletrônicos para
chegar ao adquirente. Definir quantos e quais tributos deixam de incidir é
tema controvertido. A incidência de ICMS em tais situações é defendida pelo
uso da analogia ao tratamento da energia elétrica, de natureza incorpórea.
Porém, o uso da analogia não pode criar tributo inexistente na legislação. c

O Supremo Tribunal Federal já se posicionou pela incidência de ICMS


apenas sobre os softwares vendidos em escala, em prateleiras, quando
devem ser considerados mercadorias, emitindo pronunciamento do qu al é
possível deduzir a não incidência sobre os produtos digitais enviados pela
Ônternet., assim decidindo o Recurso Extraordinário 199.464, DJU
18.02.2000, p. 101: c

"No julgamento do RE 176.626, Min. Sepúlveda Pertence, assentou a


Primeira Turma do STF a distinção, para efeitos tributários, entre um
exemplar standard de programa de computador, também chamado µde
prateleira¶, e o licenciamento ou cessão do direito de uso do software. c

A produção em massa para comercialização e a revenda de exemplares do


corpus mechanicum da obra intelectual que nele se materializa não
caracterizam licenciamento ou cessão de direitos de uso da obra, mas
genuínas operações de circulação de mercadorias, sujeitas ao ICMS." c

A Ômplementation Option N.º 18 1 do Relatório de Discussão de Matérias


Fiscais sobre Comércio Eletrônico, que norteou a conclusão Comitê de
Assuntos Fiscais da Organização de Cooperação e Desenvolvimento
Econômico ± OCDE na Conferência Ministerial realizada em outubro de
1998, em Otawa, para discutir a tributação do e-commerce, de que o
fornecimento de produtos digitais não deveria ser tratado como fornecimento
de mercadorias, recomenda:c

Autoridades alfandegárias vêm concluindo que para o propósito de tributação


sobre o consumo, o fornecimento de produtos digitais não deve ser tratado
como um fornecimento de mercadorias, porque: c

serviços e propriedade intangível podem ser recebidos on line em forma


digitalizada. Eles são recebidos pelos consumidores diretamente do
fornecedor. Eles não estão sujeitos a controle alfan degário nem são
transportados na acepção tradicional por um intermediário. Eles não são
produtos tangíveis quando recebidos inicialmente pelos consumidores. O
consumidor pode criar um produto tangível depois, mas isso depende de sua
escolha.c

o Comitê de Assuntos Fiscais, dessa forma, concluiu que, no objetivo de dar


certeza sobre o tratamento dos produtos digitais enviados on line para
propósitos tributários, através de fronteiras internacionais, estes produtos não
devem ser tratados como mercadorias.c

Logo, a interpretação dos conceitos também desafia o Poder Judiciário a dar


soluções adequadas às diversas situações existentes. c

Enquanto prevalecer o princípio da legalidade objetiva, a tributação das


operações comerciais virtuais é pretensão que aguardará uma solução
legislativa e outra tecnológica que permita a fiscalização de tais negócios. c

Primeiro, porque os documentos virtuais são indícios inservíveis para deduzir


uma obrigação tributária e não há lei que obrigue os contribuintes a
apresentá-los ao fisco. Ainda que fossem presunções satisfatórias, a
atividade de fiscalização dos poderes tributantes, cujos limites estão
previstos em legislação ordinária, não pode desrespeitar garantias
constitucionais como o direito ao sigilo, à intimidade e à privacidade. c

A alternativa seria buscar, antes, uma solução tecnológica para que o Poder
Público possa controlar o comércio eletrônico, harmonizando a fiscalização
tributária com o direito à privacidade. c

Embora isso pareça impossível, Lawrence Lessig 1, um dos maiores


especialistas em Direito da Internet, sustenta que a regulabilidade da rede e
determinada pela sua arquitetura. Com isso quer dizer que é possível
controlar ou regulamentar o ciberespaço, através de sua arquitetura, código
ou code, da seguinte forma: um domínio, um site ou uma rede de
computadores pode ser de acesso livre ou restrito; os programadores de
computadores podem, portanto, codificar o ciberespaço de forma que seja
possível limitar, circunscrever, selecionar ou demarcar os acontecimentos do
mundo virtual, e tal código seria a lei da Internet. Os programadores atuariam
como legisladores.c

No Brasil, órgãos governamentais vêm adotando recursos eletrônicos


buscando incrementar a prestação de serviços públicos e a cobrança de
tributos, através da informatização de dados e da criação de sites públicos.
Porém, desconhecida, ainda, tecnologia eficiente para sua atividade
fiscalizatória.c

Se isso ocorrer, a competência legislativa, a titularidade, a capacidade


tributária e a territorialidade dos tributos seria m as próximas dúvidas a serem
sanadas, tendo em vista o conteúdo do discurso da globalização defensor do
livre comércio mundial. c

Enquanto isso, o e-commerce continuará sendo ambiente convidativo à


evasão fiscal.c
c

££  OS MEIOS ELETRÔNICOS E A ARRECADAÇÃO DE IMPOSTOS

Não é de hoje que nosso país brinda seus empresários e cidadãos com uma
alta carga tributária. Sempre que se toca neste assunto, os detentores do
Poder Executivo dizem que não é possível mexer na estrutura tributária sem
graves e danosos efeitos na vida econômica do país e, como se tornou moda
nos últimos tempos, se algo for feito no sentido de diminuir a carga tributária,
os mais pobres é que serão penalizados. Parece até que temos sucessivos
governos com especial zelo pelo aspecto social de seus governados, o que
sabe-se, nunca foi nossa realidade. Existem ainda outros argumentos, como
dizer que a carga tributária é até mais alta em outros países, sem abordar a
contrapartida dos altos impostos nestes lugares, seja ao povo, seja ao
empresariado.c

Esta carga tributária altamente desmotivadora para todos os setores de


nossa sociedade termina por criar um círculo vicioso onde muitos sonegam
para sobreviver e manter seus negócios e outro tanto paga a conta, cada vez
mais alta para estes, em virtude daquilo que se deixa de arrecadar, seja por
evasão, seja por elisão fiscal. Assim, é de vital importância para o Poder
Executivo brasileiro que se equipe a fiscalização, seja ela federal ou
estadual, de meios eficazes para garantir a fiscalização dos tributos em
nosso país, diminuindo a margem de sonegação. c

Obviamente, a crescente utilização dos meios eletrônicos tanto pelo governo


quanto pelas empresas torna mais fácil esta fiscalização. Assim, já há algum
tempo os Estados e também a União dedica m-se a formar as bases para um
modo de tributação de transações efetuadas via meios eletrônicos (e estes
incluem a Internet mas não se limitam a ela), que será aplicável também
aquilo que se compra, vende, paga, recebe, faz ou executa em qualquer
atividade pelos meios tradicionais, seja uma compra em um supermercado,
seja uma encomenda de matéria prima por uma indústria à outra. A intenção
é de que estas e outras atividades possam estar sempre sendo
acompanhadas pelo fisco, diminuindo as brechas para a sone gação.c

Em 1997, a Lei nº 9.532 alterou a legislação tributária federal e nesta


oportunidade demonstrou o aumento do interesse do fisco brasileiro nos
meios proporcionados pela informática para agilizar seu trabalho. Naquela
oportunidade o artigo 26 alterav a a lei anterior sobre declaração de
rendimentos de pessoas jurídicas (de 1995) onde se previa que no caso das
pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, a declaração de
rendimentos seria apresentada em meios magnéticos, estendendo esta
exigência para todas as pessoas jurídicas, fazendo apenas distinção em
relação as que operavam pelo SIMPLES. Em 1999 entretanto, uma instrução
normativa (SRF 017) estendia a exigência de declaração para as pessoas
jurídicas inativas ou optantes pelo Sistema Integra do de Pagamento de
Impostos e Contribuições, o SIMPLES, através de um gerador da declaração
simplificada que transmitiria estes dados via disco ou Internet. c

Na realidade, a automação do setor começou mesmo em 1991, através dos


bancos, que passaram a fazer a prestação de contas da arrecadação federal
em meio magnético. Em junho de 1997, antes mesmo da Lei 9.532, foi
instituída a modalidade de pagamento de receitas federais mediante a
transferência eletrônica de fundos, com a utilização dos serviços dos
chamados home banking/office-bank e de terminais de auto -atendimento dos
bancos. A partir de março de 1998 foi implementada a modalidade de
pagamento dos tributos federais devidos na importação de mercadorias, no
ato do registro da D.I. ± Declaração de Importação, por meio de débito
automático em conta corrente bancária, via utilização do SISCOMEX. Em
dezembro de 1998, os depósitos judiciais e extrajudiciais de tributos e
contribuições federais passaram a ter repasse diário para a conta única do
Tesouro Nacional, nas mesmas condições fixadas para o recolhimento das
receitas federais.c

Qual o próximo passo? Será fazer com que a emissão dos documentos
fiscais se faça de modo integrado, on -line. Hoje, por força da Lei 9.532/97 a
utilização do equipamento Emissor de C upom Fiscal (ECF) é a regra para
empresas que trabalham com varejo ou prestadoras de serviço, sendo as
notas manuais uma exceção que deve ser expressamente autorizada pela
autoridade fiscalizadora. Em breve porém, os dados destes equipamentos
serão imediatamente transferidos para os computadores do fisco e, no futuro,
as declarações de renda serão coisa do passado, uma vez as autoridades já
saberão nossos ganhos e gastos mês a mês e teremos pouca influência no
resultado final desta conta. A sonegação tender á a diminuir, mas a pergunta
é: veremos (bons) reflexos disso em nossas alíquotas? c

£2 REFORMA TRIBUTÁRIA

O Governo Federal está submetendo à consideração dos representantes de


Estados e municípios, para posterior encaminhamento ao Congresso
Nacional, proposta de reforma tributária tendo por objetivos primordiais a
simplicidade e a neutralidade. c

A proposta pretende:c

reduzir o número de impostos e contribuições sociais incidentes sobre o


consumo;c

tornar a legislação tributária mais simples, facilitando o cumprimento da


obrigação tributária e reduzindo os custos públicos e privados da tributação; c
assegurar a manutenção dos níveis atuais da carga tributária global e o
montante de recursos atualmente disponíveis para cada esfera de governo; c

construir um sistema mais neutro do ponto de vista da alocação dos


recursos, visando à eficiência econômica. c

Na essência, a proposta pretende substituir o ICMS, o IPI, o ISS, a Cofins e o


PIS por um imposto sobre o valor agregado, no qual a competência
normativa seja da União, admitidas hipóteses de delegação às entidades
federativas quanto à cobrança e fiscalização, bem como por imposto
incidente sobre produtos específicos ( excise tax).c

O projeto será norteado pelo respeito à autonomia federativa em matéria de


política fiscal, com cada nível de governo mantendo as competências mais
adequadas a seu âmbito, tanto em termos de tributação quanto de gastos.
Serão definidos mecanismos específicos que promovam a cooperação
institucional entre os distintos níveis de governo em matéria de gestão
tributária, como a possibilidade constitucional de acordos para que um nível
possa assumir a responsabilidade pela administração de impostos de
competência de outro.c

A reforma tributária em sentido estrito deverá ser complementada pela


inclusão de vertente não-tributária, de maneira a conferir -lhe caráter de
verdadeira reforma fiscal. c

A fim de assegurar transição até que esteja concluído o processo de


rediscussão das atribuições e encargos públicos entre as entidades
federativas, o Executivo proporá, por meio de PEC, a prorrogação da
vigência do Fundo de Estabilização Fiscal (FEF), atualmente com previsão
de vigência até 31 de dezembro de 1999, até 31 de dezembro de 2006. A
prorrogação da vigência do FEF será acompanhada, nos termos da PEC, de
elevação do percentual de desvinculação do produto da arrecadação de
impostos e contribuições da União para 40%, bem como da extensão da
abrangência do FEF aos recursos diretamente arrecadados por órgãos do
Governo Federal (Fonte 150 e Grupo 200), à al íquota de 40%.c

£ GUERRA FISCAL

Guerra Fiscal entre estados consiste na oferta de novos incentivos fiscais às


empresas para instalação de unidades industriais. c

Os estados estão engajados em intensa competição para incrementar suas


atividades econômicas, promovendo incentivos fiscais para localização em
seus territórios.c
Muito se já falou, e mais há de se falar, sobre a tão esperada e decantada
reforma tributária. Já nem se pode taxá -la de urgente, pois bem ou mal o
país está caminhando sem que qualqu er dos projetos tenha sido aprovado.
Trata-se do mais complexo assunto existente na pauta do Congresso
Nacional, de vez que os interesses envolvidos são de uma magnitude quase
inalcançável pela maioria dos cidadãos. Todos os projetos apresentados
interferem diretamente na repartição de poderes entre Estados, Municípios e
a União.c

A coisa pode ser resumida assim: a princípio todos concordam com o projeto,
desde que não envolva perda de receitas e que um não fique dependente do
outro. Por exemplo, os Estados não concordam que o ICMS passe a ser
regulado e arrecadado pela União, pois dessa forma ficariam atrelados e
dependentes do repasse a ser recebido. c

O ICMS é o principal tributo arrecadado no País, e, como está no âmbito dos


Estados, o contribuinte é obriga do a enfrentar praticamente 27 legislações
diferentes (26 Estados e o Distrito Federal). Isso ocorre devido ao fenômeno
denominado de "guerra fiscal", por meio do qual os Estados alteram sua
legislação para conceder isenções e outros benefícios fiscais par a atrair e
facilitar a instalação de novas empresas em seu território. c

Aliás, a "guerra fiscal" é uma guerra em que todos perdem: sai prejudicado o
Estado que não dá a isenção, mas perde a nova empresa; perde o Estado
que recebe o novo empreendimento, mas não arrecada os tributos; por fim
perde a população que não recebe nenhum benefício, já que não haverá
pagamento algum de impostos. Vale ressaltar que o único vencedor é a
empresa que incitou a guerra fiscal. Sim, incitou é o termo, pois quando se
deseja instalar um novo e grande empreendimento, os empresários
estimulam na mídia a concorrência entre os Estados.
Há casos curiosos, como o da fábrica da Volkswagen em Resende, no
Estado do Rio de Janeiro. Depois de muitas concessões e isenções, a
fábrica acabou sendo construída naquela cidade fluminense. Mas antes
houve intensa corrida imobiliária na cidade: ocorreu um afluxo de novos
moradores e o preços dos imóveis e dos aluguéis subiu vertiginosamente,
afinal uma fábrica da VW haveria de atrair muitos outros investimentos, além
dos empregos que seriam gerados.c

Passado algum tempo após a instalação da fábrica, constatou -se um


verdadeiro anticlímax: poucos empregos foram gerados, em vista alto nível
de automatização do processo produtivo, além do fato de peças e
componentes serem fabricados em outras unidades. A cidade de Resende
havia mergulhado em um engano coletivo, já que não se realizou nada
daquilo com que sonhava a população. Pouco mais de 300 empregos haviam
sido gerados, e, devido ao alto nível de qualif icação técnica dos empregados,
muitos vieram de outras cidades e até de outros Estados...O fato concreto
mesmo foi a isenção arrancada do Estado do Rio de Janeiro. c

São Paulo é um dos Estados que menos participam da "guerra fiscal". É


compreensível, pois imagine-se que, sendo um Estado que já abriga todo
tipo de indústria, torna -se difícil, quando não impossível, conceder isenção
para uma nova empresa.c

£ CONCLUSÃO

Entendemos que o sistema tributário brasileiro está compatível com as


necessidades internas e dentro do objetivo proposto que é arrecadar o
montante necessário para o cumprimento do orçamento anual. A grande
maioria dos contribuintes cumprem com o seu quinhão de acordo com a sua
capacidade contributiva. c

Entretanto, as condutas que desrespeitam a programação orçamentária, seja


pelo lado da aplicação do recurso, seja pelo lado da arrecadação da receita,
são contrárias à vontade da sociedade e passíveis de sanção ética e legal.
Nesse sentido, os esforços dos cidadãos em cumprir a sua parte são
anulados por uma pequena parcela de contribuintes detentores da riqueza do
país que desvirtuam a finalidade principal que é a correta aplicação dos
recursos captados da maioria da população, cujo argumento é sempre o
mesmo: "o desenvolvimento brasileiro". É ver gonhoso assistirmos pela TV,
inúmeras obras de altíssimo custo iniciadas por vontade política e
posteriormente paralisadas ou mesmo não iniciadas, cujos recursos foram
retiradas de cada bolso do cidadão brasileiro, muitas vezes deixando de se
alimentar, de cuidar de sua saúde, de seu vestuário, de sua educação, etc.. c

É chegada a hora de uma CONSCIENTIZAÇÃO TRIBUTÁRIA NACIONAL,


mesmo que a partir do primeiro brasileiro nascido no dia 1/01/2002 às zero
hora, mesmo que a geração atual não usufrua, mas a sement e plantada hoje,
se bem cultivada será uma árvore frondosa amanhã, tornando -se um agente
multiplicador e uma enorme floresta no período seguinte. De prático, com a
criação do Orograma Nacional de Educação Fiscal (ONEF) foi dado o
primeiro passo ± plantada a semente ± e o engajamento de alguns políticos ±
água e adubos ± vislumbramos uma pequena luz no horizonte. Ainda há
ESPERANÇA.c

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