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SB.

22-Z-B (Xambioá)

2
GEOLOGIA
2.1 Trabalhos Anteriores e Contexto Geológico rização de cinturões móveis proterozóicos, cons-
Regional tante da proposta original de Cordani & Brito Neves
(1982) e deTassinari et al. (1987).
As primeiras referências geológicas sobre a re- Hasui et al. (1984) e Hasui & Haralyi (1985), utili-
gião norte do estado do Tocantins e sul/sudeste do zando-se de dados geofísicos (gravimetria e mag-
estado do Pará, são atribuídas a Lisboa (1940), Mo- netometria) e apoiados nas informações geológi-
raes Rego (1933), Lofgren (1936) e Oliveira & Leo- cas disponíveis à época, propuseram para o
nardos (1940). Investigações sistemáticas de cu- Arqueano da Amazônia Oriental uma estruturação
nho regional e por vezes prospectivas, tiveram iní- regional composta de blocos crustais denomina-
cio na década de sessenta, a partir dos trabalhos dos de: Belém, Araguacema, Juruena e Poranga-
de Barbosa et al. (1966), Almeida (1965, 1967 e tu, em cujas bordas ocorreriam os cinturões Ita-
1968) e dos geólogos da Cia. Meridional de Minera- caiúnas, Alto Tapajós e Araguaia (figura 2.1).
ção (1967), que identificaram os depósitos ferrífe- Estas faixas marginais aos blocos seriam caracte-
ros da região. rizadas por anomalias gravimétricas positivas, por
Nas décadas de 70 e 80 foram realizados inúme- forte linearização das unidades rochosas e por do-
ros trabalhos, geralmente restritos às áreas adja- mínios magnéticos fortemente perturbados; os nú-
centes à província mineral da serra dos Carajás cleos conteriam granitóides e seqüências vulca-
(Tolbert, 1970; Rezende & Barbosa, 1972; Amaral, no-sedimentares do tipo greenstone belts não ali-
1974; DOCEGEO, 1981, 1988; Martins et al., 1982; nhados tectonicamente, em domínios magnéticos
Hirata, 1982; Montalvão et al., 1984; Medeiros Neto pouco perturbados e sem anomalias gravimétri-
& Villas, 1984 e Huhn et al., 1986), voltados para a cas significativas. Esta configuração foi interpreta-
prospecção de depósitos minerais mas, também, da como tendo sido estruturada no Arqueano e
com incursões nos campos de datações geocrono- modificada ao longo do Proterozóico, com o aloja-
lógicas e definições de unidades estratigráficas. mento de novas seqüências vulcano-sedimenta-
Com base nesses levantamentos, a maioria des- res e granitos.
ses autores admitia que a Amazônia oriental possuía Na área de ocorrência do Cinturão Araguaia,
organização tectônica sob a forma de províncias dentro dos estudos realizados pela Universidade
estruturais, fato este modificado a partir da caracte- Federal do Pará, destacam-se os de Hasui et al.

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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

54º00’ 50º00’ 46º00’

4º00’ 4º00’
1

RIO MARIA ARAGUAÍNA

8º00’ REDENÇÃO 8º00’


4 7

FOLHA XAMBIOÁ
12º00’
12º00’ 1 BLOCO BELÉM
2 CINTURÃO ITACAIÚNAS 6

3 BLOCO ARAGUACEMA
4 CINTURÃO ALTO TAPAJÓS PORANGATU
5 BLOCO JURUENA
6 BLOCO PORANGATU
7 CINTURÃO ARAGUAIA CRIXÁS
ÁREAS DE TERRENOS GRANITO-
GREENSTONES PRESERVADOS
0 120km
COBERTURAS

54º00’ 50º00’ 46º00’

Figura 2.1 – Estruturação regional da Amazônia Oriental.

(1977 e 1989), Abreu (1978), Costa (1980), Gora- zou levantamentos estratigráficos e prospectivos
yeb (1981), Santos (1983), Teixeira (1984) e Souza nestes sedimentos (Lima & Leite, 1978 e Scislewski
(1984). A partir destes, assume grande importância et al., 1983).
a tentativa de caracterizar as inter-relações entre o O arcabouço tectônico regional delineado (figu-
Cinturão Araguaia, o Cráton Amazônico e o Bloco ra 2.1) é entendido como o produto de colisão con-
Porangatu e o arranjo geométrico resultante, preo- tinental associado a regime tectônico compressivo
cupações estas observadas especialmente nos de baixo ângulo, que propiciaram através de desla-
trabalhos de Costa (1985), Costa et al. (1984, 1985 minações e/ou imbricamentos das diversas fatias
e 1988a, b), Hasui et al. (1984), Hasui & Haralyi crustais (figura 2.2), o desenvolvimento de nappes,
(1985) e Hasui e Costa (1988). além de permitir a exposição, lado a lado, de unida-
A partir de 1956 os sedimentos da Bacia do Par- des de graus metamórficos diferenciados. A Folha
naíba foram estudados pela PETROBRAS, com Xambioá encontra-se no contexto da articulação
destaque para a Revisão Geológica da Bacia Paleo- dos blocos Araguacema e Porangatu, contendo in-
zóica do Maranhão (Aguiar, 1971). A CPRM reali- ternamente parte dos cinturões Araguaia e Itacaiú-

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SB.22-Z-B (Xambioá)

A C 100 200 MPa


(Km)
300ºC Crosta superior rúptil

Crosta média hidratada

Crosta inferior desidratada


700-800º
Moho

Litosfera
50
Manto litosférico

100

Astenosfera

COBERTURA SEDIMENTAR
D
ASSOCIAÇÃO MÁFICA-ULTRAMÁFICA

COBERTURA METASSEDIMENTAR DOBRADA

GRANITÓIDES E MIGMATITOS

GRANULITOS FÉLSICOS

GRANULITOS MÁFICOS E ULTRAMÁFICOS

Figura 2.2 – Diagrama esquemático do desenvolvimento de nappes na crosta, segundo Weber (1985) - (A, B, C).
Em D, perfil esquemático da Folha Xambioá.

nas. Na parte leste, em faixa alongada segundo o típicos Archaean TTGs. São formados por rochas
meridiano, dispõem-se os sedimentos da Bacia do de composição tonalítica, trondhjemítica e granodio-
Parnaíba. As formações superficiais, na forma de rítica, gnaissificadas e migmatizadas, com frações
lateritos e aluviões, ocupam indiscriminadamente de rochas supracrustais e granitóides associados.
partes pouco significativas do terreno. O Grupo Rio Novo, interno ao Complexo Xingu, está
sendo interpretado como parte de uma seqüência
vulcano-sedimentar gerada a partir do desenvolvi-
2.2 Arranjo Tectono-Estratigráfico mento de uma bacia na porção terminal do grande
Sistema Transcorrente Cinzento (Costa & Siqueira,
Araújo et al. (1991) propuseram um modelo tec- 1990, in Araújo et al., 1991). Esta unidade também
tono-estrutural para explicar a compartimentação foi incluída nos terrenos arqueanos e, juntamente
regional dos terrenos da Amazônia Oriental. Este com o Complexo Xingu, representa na área o Cintu-
modelo fundamenta-se em domínios crustais com- rão Itacaiúnas; interpretado como desenvolvido ci-
binado com a atuação de regimes tectônicos, propici- nematicamente em um regime compressivo oblí-
ando a elaboração de um novo arranjo espacial/tem- quo.
poral das unidades. Este modelo é adotado neste As rochas atribuídas ao Grupo Baixo Araguaia, à
trabalho e o quadro 2.1 sintetiza a geologia da área Associação Máfica-Ultramáfica Serra do Tapa e ao
em estudo. Granito Ramal do Lontra, consideradas como de
Ao Arqueano foram atribuídos os complexos Xin- idade proterozóica, formam ao lado dos litótipos do
gu e Colméia, na qualidade de representantes dos Complexo de Colméia (Arqueano), o Cinturão Ara-

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Quadro 2.1 – Arranjo espacial/temporal/crustal das unidades.

F COBERTURAS SUPERFICIAIS
A
N QUAT. Qal Qla
E
R REGIME DISTENSIVO (ENE - WSW) - PLUTONISMO BÁSICO
O
MESO. Krb Mdb
Z
Ó
I REGIME DISTENSIVO (NW - SE)
C PALEO/ BACIA DO
O MESO. PARNAÍBA

CINTURÃO ITACAIÚNAS CINTURÃO ARAGUAIA

REGIME COMPRESSIVO OBLÍQUO (SW - NE) REGIME COMPRESSIVO OBLÍQUO (SE - NW)
NÍVEL
ARQUEANO/ CRUSTAL
DOMÍNIO IMBRICADO COM TRANSCORRÊNCIAS
PROTEROZÓICO DOMÍNIO IMBRICADO DOMÍNIO TRANSCORRENTE ASSOCIADAS

SUP. Arn Prl Pmc Pxb Ppq Pcm Pst

MED. Acx Acc

I N F.

CAVALGAMENTO OBLÍQUO SUPERPOSIÇÃO DE DOMÍNIO TRANSCORRENTE POSIÇÃO CRONOLÓGICA


ENTRE PROVÍNCIAS GEOTECTÔNICAS SOBRE O DOMÍNIO IMBRICADO POSSÍVEL

INTRUSÃO EM FASE DISTENSIVA DISCORDÂNCIA

guaia, marcado cinematicamente por um regime (conglomerados, arcóseos e arenitos), gradando


compressivo oblíquo. para um ambiente marinho raso com planícies car-
Segundo Hasui & Costa (1990), as estruturas bonáticas (formações Xambioá e Pequizeiro) até
presentes no Cinturão Araguaia são produtos de atingir um ambiente marinho profundo (pelitos da
estágio avançado de colisão continental, e seus li- Formação Couto Magalhães).
tótipos correspondem a uma seqüência marinha Com base nos dados litogeoquímicos (Souza &
transgressiva, depositada em uma depressão assi- Marques, 1993) que indicam uma suíte de compo-
métrica do tipo hemigraben, com orientação sub- sição toleiítica (tipo P-Morb) com alto teor de ferro
meridiana. Consideram que a fase distensiva al- para as rochas basálticas com estruturas do tipo
cançou altas taxas de estiramento litosférico, em pillow-lava da Associação Máfica-Ultramáfica Ser-
virtude da expressiva contribuição máfica-ultramá- ra do Tapa, admitem que tal unidade corresponda
fica, não concluindo, porém, se foi alcançado o es- a parte do assoalho oceânico incorporado tectoni-
tágio de formação de crosta oceânica. Na fase camente aos metassedimentos do Grupo Baixo
compressiva registrada, os sistemas de cavalga- Araguaia. Tal hipótese, no entanto, não elimina a
mentos e de transcorrências, aliados à posição es- possibilidade de que esta associação e outros cor-
pacial da lineação de estiramento e à movimenta- pos de filiação básico-ultrabásica que ocorrem es-
ção sinistral associada, dentre outros indicadores parsamente distribuídos ao largo do Cinturão Ara-
cinemáticos, permitiram que apresentasse um mo- guaia, representem restos de terrenos arqueanos
delo segundo o qual o Bloco Leste (Porangatu) teria do tipo greenstone belts ou corpos magmáticos de
cavalgado obliquamente o Bloco Oeste (Araguace- derivação mantélica, alojados pré-tectonicamente
ma). em níveis crustais mais profundos ou nos metasse-
No presente trabalho, adota-se um modelo se- dimentos do Grupo Baixo Araguaia (Gorayeb,
melhante para a evolução tectono-estratigráfica da 1989).
área, no qual o Grupo Baixo Araguaia teria sido de- O Granito Ramal do Lontra é considerado como
positado inicialmente em ambiente continental a li- corpo granitóide do tipo pré a sincolisional, por es-
torâneo, admitido para a Formação Morro do Cam- tar alojado em zona de transcorrência oblíqua, em
po e para parte da Formação Couto Magalhães meio a litótipos da Formação Xambioá 1.

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SB.22-Z-B (Xambioá)

No Fanerozóico, a deposição dos sedimentos da grafada em razão da ausência de afloramentos e


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Bacia do Parnaíba e da Formação Rio das Barreiras da restrita área de ocorrência (menos de 6km ).
associa-se a dois eixos distensivos: um de idade
carbonífera (NW-SE) e o outro do Jurássico 2.3.1 Complexo Xingu – Acx
(ENE-WSW), Costa et al. (1991), (figura 2.3). Os ba-
saltos da Formação Mosquito são correlacionados As primeiras referências a estes litótipos datam
ao evento geotectônico que proporcionou o rompi- de Oliveira (1928), Guimarães (1928) e Barbosa et
mento do Supercontinente Gondwana. al. (1966), Menezes Filho (1970), Tolbert et al.
As coberturas lateríticas são resultantes de pro- (1970), Pinheiro & Jorge João (1970), Puty et al.
cessos de pediplanação pleistocênica e as alu- (1972), Marinho (1973) e Amaral (1974), entre ou-
viões produto do entalhe erosivo dos rios atuais e tros, que os descreveram, denominando-os de
da deposição localizada de seus produtos. Embasamento Cristalino ou de Pré-Cambriano Indi-
ferenciado. Silva et al. (1974) introduziram o termo
Complexo Xingu, que, a partir de então, passou a
2.3 Cinturão Itacaiúnas ter aceitação geral.
Tentativas de subdivisão foram sugeridas por
Ocorre de maneira restrita na parte oeste da fo- Martins & Araújo (1979), Cordeiro (1982) e Jorge
lha, ocupando estreita faixa alongada meridiana- João et al. (1987). Araújo et al. (1991) restringem
mente, com boas exposições ao longo da rodovia seu uso aos domínios do Cinturão Itacaiúnas.
PA-275. Na Folha Xambioá, os litótipos do Complexo Xin-
O Cinturão Itacaiúnas foi caracterizado por um gu têm distribuição restrita a pequenas faixas des-
regime compressivo oblíquo (Araújo et al., 1991), contínuas no extremo-oeste. No geral, afloram
exibindo dois domínios estruturais distintos: um im- como morrotes isolados sob uma superfície arrasa-
bricado, ligado a uma cinemática essencialmente da, à exceção do extremo-noroeste onde estão ex-
compressiva, cuja evolução esta associada às ro- postos.
chas do Complexo Xingu e um transcorrente, com As rochas do Complexo Xingu encontram-se en-
uma cinemática predominantemente oblíqua, im- cimadas tectonicamente pelos metassedimentos
pressa nos litótipos do Grupo Rio Novo. do Cinturão Araguaia, enquanto que com as supra-
Uma estreita faixa de rochas, com orientação crustais do Grupo Rio Novo o contato é concordan-
aproximada E-W, atribuída ao Grupo Sapucaia te (Araújo et al., 1991).
(Araújo et al., 1991), estende-se para a Folha Xam- Os litótipos do Complexo Xingu são predominan-
bioá, em sua porção oeste, não tendo sido carto- temente tonalíticos. Trondhjemitos, granodioritos e

52º 44º 36º 52º 44º 36º

OC OCE
EAN 0º ANO
O ATL 0º
ATL ÂNTI
ÂNTI CO
CO

COMPARTIMENTO
OCIDENTAL
COMPARTIMENTO
ORIENTAL 8º
Coberturas fanerozóicas 8º

Falhas normais

Falhas de transferência

Eixo extensional
ORDOVICIANO/TRIÁSSICO JURÁSSICO/MIOCENO

Figura 2.3 – Evolução tectônica da Bacia do Parnaíba, segundo Costa et al. (1991).

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granitos ocorrem em quantidades subordinadas; 2.3.2 Grupo Rio Novo – Arn


anfibolitos formam encraves de restos não digeri-
dos. Exibem diferentes taxas de deformação e de Sob o nome de Seqüência Rio Novo, Hirata et al.
migmatização; as cores variam de cinza a rosa, e a (1982), descreveram, na estrada que liga Serra Pe-
granulação de média a grossa; em geral, apresen- lada à PA-275, anfibólio-clorita xistos associados a
tam textura ineqüigranular porfiroclástica, com rochas félsicas, formações ferríferas bandadas e
ocelos de quartzo e feldspatos envolvidos por ma- metacherts, e admitiram a possibilidade de se tra-
triz granolepidoblástica. tar de um greenstone belt.
A assembléia mineral é composta por plagioclá- Tal indicação é mantida por Meireles et al.
sio, quartzo, microclina, biotita, hornblenda, opa- (1984). A DOCEGEO (1988) apud Araújo (op. cit.),
cos, zircão, apatita, clorita, muscovita e epídoto, passa a denominá-la de Grupo Cabeça, engloban-
em ordem decrescente de abundância. O plagio- do-o no Supergrupo Andorinhas, posição esta cor-
clásio é do tipo albita-oligoclásio e exibe gemina- roborada posteriormente, quando procedeu, em
ção polissintética e Albita-Periclina. Ocorre em cris- 1988, a revisão litoestratigráfica do Distrito de Cara-
tais tabulares, apresentando em geral: sericitiza- jás, e passou a agrupar todas as seqüências do
ção, epidotização e carbonatação. O quartzo é xe- tipo greenstone belt da região no Supergrupo
nomórfico, apresenta extinção ondulante e tem Andorinhas.
bandas de deformação. Por vezes desenvolve Araújo et al. (1991) associam os litótipos estuda-
agregados policristalinos com formação de sub- dos por Hirata et al. (1982), ao que anteriormente foi
grãos, em decorrência de deformação superposta. chamado de Grupo Pujuca (DOCEGEO, op. cit.),
O microclínio é límpido, inalterado e deformado em restaurando a designação inicial, porém com a hie-
estágio protomilonítico a milonítico. A biotita ocorre rarquia de grupo, o que também é aqui adotado.
2
generalizadamente em quantidades variadas. Ge- Esta unidade ocupa aproximadamente 10km no
ralmente altera-se para clorita e está distribuída se- extremo-noroeste da área, onde encontram-se em
gundo a orientação preferencial da foliação super- contato com as rochas do Complexo Xingu.
posta. Encontra-se, via de regra, associada à horn- Segundo Araújo et al. (1991) o Grupo Rio Novo é
blenda verde, fortemente pleocróica. Titanita, zir- constituído por anfibolitos, quartzitos ferríferos ban-
cão, apatita, allanita e opacos são os acessórios dados e quartzo micaxistos. Os anfibolitos têm cor
mais comuns. verde-escuro a cinza, textura granonematoblásti-
Em razão da paragênese foram consideradas ca, estrutura foliada e são constituídos por horn-
como edificadas em condições de metamorfismo blenda, em cristais tabulares e prismáticos, orienta-
de fácies anfibolito, com regressões localizadas à dos e entremeados por cristais de plagioclásio in-
fácies xisto-verde alto. tensamente saussuritizado e clinopiroxênio incolor.
Segundo Araújo et al. (op. cit.), estas rochas são Os quartzitos ferríferos bandados e lenticulariza-
ortoderivadas e têm natureza sódica. Exibem am- dos ocorrem intercalados nos anfibolitos, exibem
pla dispersão composicional, dentro da série calci- forte bandamento milonítico, têm granulação fina à
alcalina. média e compõe-se essencialmente de quartzo e
Observações diretas indicam que as deforma- óxidos de ferro. Os metassedimentos são repre-
ções impressas são variáveis, nas quais são exibi- sentados por micaxistos compostos por biotita,
dos elementos estruturais diversos, como dobras muscovita, quartzo e feldspato, exibindo arranjo
intrafoliais rompidas, lineação de estiramento e zo- textural lepidoblástico eqüigranular.
nas de cisalhamento dúctil (AJ-48, rodovia Esta seqüência metavulcano-sedimentar é con-
PA-275). Destaca-se uma proeminente estrutura- siderada como equivalente aos greenstones ar-
ção E-W que identifica de maneira inconfundível os queanos (Araújo et al., 1991) e encontra-se engas-
terrenos arqueanos do Complexo Xingu. tada nos gnaisses do Complexo Xingu.
O padrão geofísico é o de domínios magnéticos A deformação superposta, em regime dúctil, pro-
com relevos altos a muito altos. piciou o desenvolvimento de uma foliação miloníti-
A idade admitida é arqueana, por analogia com ca de caráter anostomótico, gerada em condições
terrenos semelhantes em diversas partes da Terra. de fácies xisto-verde alto (Araújo et al., op. cit.).
Além do mais, dados isotópicos U/Pb de migmati- Apresenta um padrão de anomalias aeromagne-
tos da divisa entre as folhas Xambioá e Serra dos tométricas de intensidade alta a muito alta, dispos-
Carajás acusaram idade de 2.851 ± 4 Ma (Machado tas segundo orientação E-W, direção esta que é a
et al., 1988). “assinatura magnética” em especial dos terrenos

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arqueanos do sul do Pará, retrabalhados em regi- opacos; ao passo que clorita, sericita e carbonato
me de cisalhamento dúctil. são os secundários mais comuns.
Os gnaisses graníticos são compostos por quartzo,
microclínio, muscovita e biotita e apresentam o oli-
2.4 Cinturão Araguaia goclásio, opacos e zircão como acessórios.
Os migmatitos apresentam estruturas pitigmáti-
O Cinturão Araguaia é caracterizado por um esti- cas, estromáticas e nebulíticas. Segundo Macam-
lo estrutural compatível com um regime compressi- bira (1983), as melhores exposições situam-se na
vo oblíquo, com predomínio de cavalgamentos im- parte norte da estrutura dômica do Lontra, onde
bricados associados a zonas de transcorrências. exibem paleossoma de cor cinza, granulação fina,
Ocupa cerca de 2/3 dos terrenos da Folha Xambioá textura granoblástica e lepidoblástica e quartzo,
e abrange diversas unidades litoestratigráficas, de oligoclásio, microclínio e biotita como minerais
idades arqueanas a proterozóicas, incluindo os or- acessórios. O neossoma apresenta textura grano-
tognaisses do Complexo Colméia, os granitóides blástica, granulação fina a média com microclínio,
do Ramal do Lontra e os metassedimentos do Gru- quartzo, oligoclásio e muscovita como minerais es-
po Baixo Araguaia, constituído pelas formações senciais.
Morro do Campo, Xambioá, Pequizeiro e Couto Ma- Encraves de seqüências metavulcano-sedimen-
galhães, além da Associação Máfica-Ultramáfica tares são comuns, sendo compostos predominan-
Serra do Tapa. temente por anfibolitos, serpentinitos, metacherts e
quartzitos ferruginosos. As rochas máfico-ultramá-
2.4.1 Complexo Colméia – Acc ficas estão transformadas em talco e clorita xistos.
Estudos petrológicos, desenvolvidos por Santos
Gnaisses e migmatitos são os constituintes es- et al. (1984) e Dall’agnol et al. (1988) nos gnaisses e
senciais expostos nos núcleos das estruturas dômi- migmatitos, permitiram-Ihes interpretá-Ios como
cas do Lontra e de Xambioá, na região centro-norte pertencentes à família dos ortognaisses, semelhan-
do estado do Tocantins. Foram primeiramente estu- tes a trondhjemitos continentais.
dados por Barbosa et al. (1966), que os engloba- Ainda segundo estes autores, os migmatitos se-
ram na Série Araxá. Silva et al. (1974), Guerreiro & riam formados por paleossomas trondhjemíticos,
Silva (1976) e Abreu (1978), correlacionaram-nos com variações composicionais e petrográficas atri-
ao Complexo Xingu. Montalvão et al. (1979) deno- buídas à diferenciação metamórfica e por leucos-
minaram esses terrenos gnáissicos de Formação somas quartzo-feldspáticos, empobrecidos em
Colméia, posicionando-a estratigraficamente na mica, originados, ou por fusão parcial de granitos
base do Grupo Xambioá, este, por sua vez, incluso do Complexo de Colméia, ou por líquidos relacio-
no Supergrupo Baixo Araguaia. nados a corpos graníticos não aflorantes. As tem-
Costa (1980) introduziu o termo Complexo Col- peraturas atingidas no desenvolvimento destas ro-
méia para designar as rochas aflorantes na estrutu- chas teriam sido entre 600 e 650°C, com pressões
ra dômica localizada próximo a esta cidade. Corre- da ordem de 5 a 8kbar.
lacionou-o ao Complexo Xingu, considerando-o Segundo Costa (1980), as rochas do Complexo
mais antigo que os metassedimentos do Supergru- Colméia teriam sofrido metamorfismo regional da
po Baixo Araguaia. Tal denominação e posiciona- fácies anfibolito alto.
mento estratigráfico foi adotado por Santos et al. Em decorrência do cavalgamento em baixo ân-
(1984) e por Dall’agnol et al. (1988), conceito este gulo dos metassedimentos sobre os gnaisses do
aqui aceito e mantido. Complexo Colméia, estes foram fortemente afeta-
Tanto na estrutura do Lontra quanto na de Xam- dos, desenvolvendo-se neles extraordinárias fei-
bioá, os litótipos predominantes são gnaisses de ções de natureza dúctil. A interface entre o emba-
composição trondhjemítica, sendo comum, tam- samento e a cobertura metassedimentar é caracte-
bém, a presença de migmatitos e gnaisses graníti- rizada por uma superfície de descolamento de bai-
cos. xo ângulo com foliações totalmente transpostas,
Os gnaisses trondhjemíticos apresentam cor cin- que obliteram parcialmente uma foliação E-W pree-
za, granulação média, textura granoblástica a lepi- xistente. Nessa superfície encontra-se bem impres-
doblástica; são constituídos essencialmente de sa, uma lineação de estiramento mineral (Lx), con-
quartzo, oligoclásio, microclínio e biotita; acessórios cordante com a observada nos metassedimentos
predominantes são muscovita, apatita, epídoto e sobrepostos.

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Duas isócronas Rb/Sr indicam arranjos isotópi- dera-se, contudo, que a rocha original poderia ter
cos de idades geocronológicas de 2.591 ± 64Ma sido gerada em época anterior ao desenvolvimento
(razão inicial 0,75) e 1.834 ± 39Ma (razão inicial do Grupo Baixo Araguaia, em cuja orogênese foi
0,715) (Tassinari, 1980). Araújo et al. (1991), inter- evidentemente deformada. Interpreta-se que o atu-
pretaram as rochas do Complexo Xingu como gera- al posicionamento deste corpo granítico se deu
das no Arqueano Superior, embasados em dados através de zona de transpurrão de direção subme-
obtidos por Machado et al. (1988), que datou mig- ridiana.
matitos no limite oeste desta folha pelo método Um pequeno corpo de granito, não mapeável na
U/Pb, para os quais obteve idade de 2.851 ± 4Ma. escala deste trabalho, é descrito por Macambira &
Assim, admite-se que as rochas do Complexo Col- Kotschoubey (1981) na parte interna do flanco leste
méia tenham sido geradas no Arqueano e constitu- da estrutura do Lontra (serra da Ametista) e possi-
em uma crosta ensiálica primitiva típica e represen- velmente apresente o mesmo posicionamento tec-
tativa de um nível crustal intermediário. tônico do Granito Ramal do Lontra.

2.4.2 Granito Ramal do Lontra – Prl 2.4.3 Grupo Baixo Araguaia

Nas margens da estrada que dá acesso à fazen- As primeiras referências a respeito desta se-
da Marinheiro, ocorrem granitos foliados embuti- qüência metassedimentar são atribuídas a Moraes
dos tectonicamente na parte oriental dos metasse- Rêgo (1933), que a denominou de Série Tocantins,
dimentos do Grupo Baixo Araguaia. correlacionando-a à Série Minas. Barbosa et al.
Os diversos autores que têm estudado a região, (1966) incluiram-na na Série Araxá e Hasui et al.
os posicionam estratigraficamente de diversas ma- (1975) utilizaram a denominação Grupo Estrondo
neiras: Puty et al. (1972) interpretaram que os grani- em substituição a Série Araxá. Hasui et al. (1977),
tos do Ramal do Lontra estariam superpostos aos introduziram o termo Grupo Baixo Araguaia para os
quartzitos do Grupo Araxá, por falha de empurrão metamorfitos que ocupam a região do baixo rio Ara-
de direção N-S; Abreu (1978) admite que tenham guaia, dividindo-o nas formações Estrondo, Pequi-
desenvolvido contato tectônico no limite oeste, as- zeiro e Couto Magalhães. Abreu (1978) propôs uma
sociando a ascensão desses granitos à evolução nova coluna estratigráfica elevando à categoria de
diapírica das branquianticlinais do Lontra e Xambioá, Supergrupo o Grupo Baixo Araguaia, subdividin-
enquadrando-os, em conseqüência, como intru- do-o nos grupos Estrondo (formações Morro do
sões tardi-tectônicas do Grupo Estrondo; Macam- Campo e Xambioá) e Tocantins (formações Couto
bira (1983) refere-se a estes granitos como intrusi- Magalhães e Pequizeiro). Costa (1980), manteve a
vos nos micaxistos e quartzitos da Formação Morro estratigrafia de Abreu (op. cit.) e inseriu no topo do
do Campo. Grupo Estrondo, a Formação Canto da Vazante.
Dall’agnol et al. (1988) indicaram que seriam de- Cunha et al. (1981) mantiveram as denominações
rivados do manto, associando-os a processos ana- Grupo Estrondo e Grupo Tocantins como subdivi-
téticos, que teriam ocorrido, provavelmente, duran- sões do Supergrupo Baixo Araguaia, mas não os
te o ápice do metamorfismo que afetou o Grupo Bai- subdividiram em formações. Montalvão (1985) revi-
xo Araguaia. sou o Supergrupo Baixo Araguaia, sugerindo o
A área de exposição destas rochas é de aproxi- nome de Grupo Serra das Cordilheiras, com as for-
2
madamente 8km embora os dados aerocintilomé- mações Serra do Lontra, São Geraldo e Serra dos
tricos sugiram que possa prolongar-se por mais al- Martírios, em virtude destes locais apresentarem
guns quilômetros na direção nordeste, sob a capa seções-tipo mais completas. Araújo & Olivatti
laterítica. (1990), apresentaram uma nova coluna estratigráfi-
Apresentam cor rosa, granulação fina a média, ca para a região, na qual o Grupo Estrondo englo-
estrutura foliada, tendo por componentes: quartzo baria as formações Morro do Campo, Xambioá e
(30%), microclínio (33%), plagioclásio (30%), bioti- Pequizeiro, ficando o Grupo Tocantins limitado à
ta (5%) e muscovita (2%). Os acessórios mais co- Formação Couto Magalhães, sugerindo, por último,
muns são opacos, zircão, apatita, rutilo e titanita. o abandono do termo Supergrupo Baixo Araguaia.
Macambira (op. cit.) datou este granito obtendo Neste trabalho, todos os litótipos acima são inter-
uma isócrona mal-alinhada (teores de Rb e Sr muito pretados como depositados em um único ciclo se-
homogêneos), que acusou razão inicial de 0,7053 ± dimentar e com evolução tectônica única e comum
0,0002 e idade de 496,7 ± 46,4Ma (brasiliana). Pon- a todos os seus membros. Por serem termos já con-

– 14 –
SB.22-Z-B (Xambioá)

sagrados na literatura geológica, foram mantidas 2.4.3.2 Formação Xambioá – Pxb


as denominações Morro do Campo, Xambioá, Pe-
quizeiro e Couto Magalhães, apesar desta divisão A denominação Formação Xambioá foi introduzi-
se fundamentar somente em características quanto da por Abreu (1978), ao descrever, ao longo da es-
ao metamorfismo e aos litótipos atuais, e não quan- trada Xambioá-Vanderlândia, um espesso pacote
to aos ambientes deposicionais originais. Ado- de xistos que jaziam sobre os litótipos da Formação
tou-se a designação Baixo Araguaia (Hasui et al., Morro do Campo, para os quais passavam gradacio-
1977), com a hierarquia de grupo, para englobar nalmente. Estas litologias foram estudadas por di-
estas formações. versos outros autores, destacando-se Silva (1980),
Macambira (1983), Santos et al. (1984) e Montalvão
2.4.3.1 Formação Morro do Campo – Pmc (1985).
Ocorre em toda a parte centro-leste da folha, en-
A Formação Morro do Campo foi definida por volvendo as rochas da Formação Morro do Campo,
Abreu (1978), englobando gnaisses e quartzitos. com as quais mantém contatos normais e tectôni-
Costa (1980), incluiu os gnaisses no embasamento cos. Na parte leste está recoberta discordantemen-
(Complexo Colméia), restringindo a designação te pelos sedimentos da Bacia do Parnaíba. Com a
aos quartzitos. Formação Pequizeiro, o contato é tectônico e de di-
As melhores exposições situam-se em torno das fícil discriminação em virtude, sobretudo, de reati-
estruturas dômicas do Lontra e de Xambioá e nas vações no Mesozóico por falhas normais, que pro-
serras das Andorinhas, Martírios e Bodocó, situa- piciaram as estruturas do tipo graben, que abrigam
das na parte centro-Ieste da folha. Uma superfícle sedimentos da Bacia do Parnaíba e da Formação
de descolamento suborizontal e outros imbrica- Rio das Barreiras.
mentos tectônicos similares de baixo ângulo, deli- Dentro desta formação foram separadas duas as-
mitam o contato com o Complexo Colméia. sociações litológicas, com caracteres petrográficos
É constituída essencialmente por muscovita e assinaturas magnetométricas distintas: uma, de-
quartzitos e ortoquartzitos, com intercalações de nominada de Formação Xambioá 1, composta por
muscovita-biotita-quartzo xistos e conglomerados micaxistos de composição variada, grafita xistos,
oligomíticos. anfibolitos, metarenitos, quartzitos ferruginosos, si-
Os quartzitos apresentam tonalidades esbran- lexitos e metacórseos, dispostos em forma de um
quiçadas a creme, granulação fina a média, grãos “Y” invertido, envolvendo parcialmente as estruturas
bem selecionados, estrutura orientada e textura dômicas do Lontra e de Xambioá; e outra, designa-
granoblástica com cristais xenoblásticos de quart- da como Formação Xambioá 2, com maior área de
zo e palhetas de muscovita orientadas segundo o ocorrência, constituída, predominantemente, por
plano da foliação. Níveis métricos e decimétricos, muscovita-biotita-quartzo xistos feldspáticos apre-
ricos em magnetita, são freqüentes. sentando, subordinadamente, mármores, quartzitos
Biotita-muscovita-quartzo xistos apresentam-se e metaconglomerados polimíticos.
como intercalações nos quartzitos. Mostram textu- Nesta última associação, os xistos apresentam
ra granolepidoblástica formada por cristais xeno- tonalidades cinzentas a esverdeadas, textura gra-
blásticos de quartzo e agregados lamelares de bio- nolepidoblástica a milonítica e granulação fina a
tita, orientados e deformados, e em parte substituí- média. Localmente, ocorrem termos mais grossos,
dos por muscovita e clorita. Plagioclásio xenomórfi- que os tornam assemelhados a estruturas gnáissi-
co, tabular e, às vezes, geminado é freqüente, e cas típicas. Têm como constituintes majoritários
pode representar processo de feldspatização pos- quartzo, plagioclásio, biotita e muscovita. O quart-
terior. Carbonatos, epídoto e sericita são minerais zo (40 a 60%), normalmente ocorre sob a forma de
secundários. mosaicos de cristais xenomórficos, deformados e
Santos (1983) descreve, próximo à Chapada, com extinção ondulante. A biotita exibe-se sob a
lentes de cianita quartzito conglomerático interca- forma de lamelas, geralmente associada a musco-
ladas em ortoquartzitos. Intercalações lenticulares, vita (5 a 10%), clorita (1 a 5%), epídoto e sericita,
de espessura decimétrica a métrica, de conglome- formando agregados que definem a foliação miloní-
rados formados por seixos de quartzo leitoso com tica. O plagioclásio (10%) é tabular xenomórfico,
até dois centímetros de diâmetro, foram também ocorrendo, por vezes (sul de Araguanã), sob a for-
observadas nas bordas das estruturas de Xambioá ma de porfiroclastos poiquilíticos deformados, com
e Lontra (foto 3). porcentagens mais elevadas (20 a 35%) e desen-

– 15 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

volvendo, internamente, inclusões orientadas que para Araguanã e fazendas Bela Vista e Indepen-
evidenciam possível geração tardia. Processos de dência. Nas adjacências da Fazenda Independên-
carbonatação (RO-31) e níveis ricos em cristais xe- cia (figura 2.4), observa-se uma seqüência interes-
nomórficos de granada são freqüentes. A clorita, tratigráfica entre rochas vulcânicas, químicas e se-
possivelmente, desenvolveu-se por processo retro- dimentares, fortemente cisalhadas, com traços de
metamórfico superposto, ocorrendo em maiores orientação WNW-ESE a E-W, e mostrando interca-
quantidades para oeste, o que, por conseguinte, lações de corpos gabróicos de granulação grossa,
permite presumir-se terem sido mais intensos os não metamorfizados, posicionados ao longo das
processos retrometamórficos nessa região. Opa- zonas de transcorrências e interpretados como
cos, turmalina, zircão, apatita e rutilo são os aces- produtos da fase distensiva do Mesozóico.
sórios mais comuns. Entre Xambioá e Araguanã, além dos litótipos
Os mármores têm cor cinza-esbranquiçado, tex- acima, ocorrem diversos afloramentos de anfiboli-
tura cristaloblástica e granulação média a grossa. tos finos, cisalhados, além de freqüentes intercala-
Em nível de afloramento, notam-se níveis submili- ções de rochas subvulcânicas de natureza bási-
métricos de opacos, provavelmente relacionados a ca-ultrabásica (JO-41), cujo conjunto evidencia a
um bandamento primário. atuação de processo de feldspatização superposto
Os metaconglomerados polimíticos exibem clas- (foto 4). Como regra geral, nesta seção é muito fre-
tos de quartzo, gnaisses, quartzitos, mármores, qüente a alternância entre rochas com diferentes
granitos e rochas básicas, com dimensões varian- graus de deformação: às faixas com alto strain, onde
do de milimétrica a métrica, dispersos em uma ma- são comuns mini e mesodobras intrafoliais, foliação
triz de biotita-quartzo xisto feldspático. Na margem de transposição, estiramento mineral, dobras com
do rio Araguaia (LM-95; perímetro urbano de Xam- eixos encurvados e rompidas etc. , seguem-se zo-
bioá), os seixos exibem diferentes graus de defor- nas quase não deformadas que foram poupadas da
mação pós-sedimentar, observando-se o eixo de atuação dos processos tangenciais de natureza
maior dimensão orientado na direção do estiramen- dúctil-rúptil.
to mineral regional e o plano de achatamento para- A sul de Araguanã, grafita xistos, por vezes mos-
lelizado ao da foliação milonítica. trando processos de feldspatização, encontram-se
Na Formação Xambioá 1, os micaxistos apresen- associados a anfibolitos finos cisalhados e a cor-
tam textura granolepidoblástica a milonítica e mos- pos gabróicos não metamorfizados.
tram composição variada. São as rochas mais fre- A 2km a norte de São Geraldo do Araguaia
qüentes e contêm, normalmente, quartzo, plagioclá- (RO-01), próximo ao córrego Jaó, aflora uma se-
sio, biotita e muscovita, além de clorita, granada, ci- qüência de xistos, com textura de granolepidoblás-
anita, estaurolita, andaluzita, carbonatos e opacos. tica a granular, exibindo porfiroblastos de andaluzi-
Os grafita xistos possuem cor cinza-escuro a ta nodular, dispersos em uma matriz fina, constituí-
preta, estrutura foliada e compõem-se predomi- da dominantemente por quartzo, plagioclásio e
nantemente de muscovita, quartzo e grafita. agregados de biotita. A textura fina, o aspecto reco-
Os anfibolitos têm cor verde-escuro e textura zido da matriz e a presença de andaluzita sugerem
granoblástica fina. Os minerais essenciais são a existência de metamorfismo térmico.
hornblenda, plagioclásio e quartzo. Associados
aparecem talco-clorita xistos e clorita xistos, como 2.4.3.3 Formação Pequizeiro – Ppq
produtos da atuação de processos hidrotermais.
Quartzitos ferruginosos mostram textura grano- Formação Pequizeiro foi a designação dada por
blástica fina e são compostos essencialmente de Hasui et al. (1977), para os clorita xistos aflorantes
quartzo, sob a forma de cristais poligonais agrega- nas proximidades de Pequizeiro, atribuídos ao topo
dos em mosaicos, formando bandas separadas do Grupo Tocantins.
por “filmes” de opacos. Ocorre em uma faixa de orientação submeridia-
Metarcóseos (LM-07) com textura granoblástica na, localizada na parte central da folha. Mostra con-
fina, compostos por quartzo (52%), granada (15%), tatos tectônicos com as formações Xambioá, a les-
plagioclásio (15%), muscovita (10%) e clorita (5%) te, e Couto Magalhães, a oeste. Está encimada por
e silexitos ocorrem restritamente. sedimentos da Bacia do Parnaíba que preenchem
Boas exposições desta associação são observa- grabens também orientados submeridianamente,
das a sul de Araguanã, entre as fazendas Sagarana originados por reativações anisotrópicas antigas
e Vale do Sonho, e sul de Xambioá, nas estradas no Fanerozóico.

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SB.22-Z-B (Xambioá)

Fazenda
Independência Ribeirão
Xambica
N S

Obs: Sem escala vertical


0 100 200km

CIANITA - QUARTZO MICAXISTO, ALTERADOS, EXIBINDO BANDAMENTO COMPOSICIONAL E CISALHAMENTO

GABRO COM TEXTURA GROSSA, HOMOGÊNEO, SEM DEFORMAÇÃO DÚCTIL

CLORITA XISTOS COM FELDSPATIZAÇÃO SUPERIMPOSTA

GRAFITA XISTOS COM INTERCALAÇÕES DE METARCÓSEOS (?)

QUARTZITOS FERRÍFEROS BANDADOS (BIF)

ANFIBOLITOS FOLIADOS PARCIALMENTE ALTERADOS

Figura 2.4 – Perfil geológico esquemático da fazenda Independência.

É constituída dominantemente por clorita-quart- Ocorrem em toda a parte oeste da área, onde en-
zo xistos e clorita xistos. contram-se posicionados tectonicamente sobre as
Os clorita-quartzo xistos, que ocupam a parte rochas do Complexo Xingu. A passagem para a
leste da faixa, próximo ao contato com a Formação Formação Pequizeiro é o tipo tectônico com imbri-
Xambioá, mostram cor cinza-claro, estrutura folia- camentos na região de contato.
da (anastomosada e/ou crenulada) e textura grano- É constituída predominantemente por filitos, me-
lepidoblástica fina. São constituídos por mosaicos tassiltitos e metargilitos, correspondendo a uma as-
de cristais poligonais de quartzo, entremeados por sociação de litofácies caracteristicamente pelítica.
plagioclásio subidiomórfico, com intercalações mi- Faixas consideráveis de conglomerados polimíti-
limétricas de agregados lamelares deformados de cos e metarcóseos aparecem na parte ocidental,
clorita, muscovita e sericita. A quantidade de quart- associados a zonas de cisalhamento, e possivel-
zo varia de 40 a 60% da rocha. A biotita encontra-se mente correspondem à sedimentação da fase rift
substituída por clorita e muscovita, como resultado do desenvolvimento inicial da bacia.
de eventos retrometamórficos. Os filitos têm cores variadas, textura lepidoblásti-
Os clorita xistos, que afloram na porção ociden- ca fina a milonítica, estrutura orientada e quartzo,
tal, próximo ao contato com a Formação Couto Ma- plagioclásio e sericita como constituintes majoritá-
galhães, exibem cor cinza-esverdeado, textura le- rios. Os metassiltitos têm cor cinza-esverdeado,
pidoblástica fina, estrutura foliada e crenulação textura granolepidoblástica fina, estrutura foliada e
bem marcante. São formados, predominantemen- minúsculos grãos de quartzo e plagioclásio envol-
te, por clorita, muscovita e sericita. vidos por palhetas de sericita associadas à clorita e
argilominerais. Os metargilitos mostram-se mais ri-
2.4.3.4 Formação Couto Magalhães – Pcm cos em argilominerais e sericita.
Extensa faixa de metaconglomerados desorga-
Hasui et al. ( 1977) utilizaram a designação For- nizados e alterados, afloram a leste da fazenda Po-
mação Couto Magalhães para descrever os metas- rangiaí (JO-96). São formados por clastos de gnais-
sedimentos aflorantes na Rodovia TO-376, nas pro- ses, rochas básicas, quartzitos, minério de ferro
ximidades da cidade de Couto Magalhães. (especularita), quartzo, siltito etc., variando de grâ-

– 17 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

nulos a blocos, e suportados por uma matriz arco- mas derivadas de sedimentos imaturos, e ressal-
siana fina. Blocos soltos de metaconglomerados tam sua composição predominantemente ácida.
algo organizados, de cor cinza, estrutura maciça, As assembléias mineralógicas correspondentes
formados por grânulos e seixos arredondados, de aos litótipos do Grupo Baixo Araguaia mostram um
composição variável, em matriz arcosiana (JO-89) aumento gradual no grau metamórfico, inician-
afloram no limite com a Folha Serra dos Carajás e do-se com os anquimetamorfitos da Formação
representam fácies de leques aluviais. Couto Magalhães, situados na parte oeste e alcan-
Metarenitos feldspáticos de cor cinza com níveis çando a fácies xisto-verde alto a anfibolito baixo,
avermelhados, textura granolepidoblástica fina e nas rochas das formações Xambioá e Morro do
estrutura foliada, e metarcóseos de cor cinza-es- Campo. Processos metamórficos tardios, relacio-
verdeado e textura granoblástica fina, afloram inter- nados à evolução tectono-termal, propiciaram a
calados aos filitos, a norte da Vila Rio Vermelho, ao percolação de fluidos hidrotermais, ao longo de
longo da PA-150. descontinuidades estruturais, consubstanciados
Algumas referências a respeito do ambiente de sob a forma de cloritização, saussuritização, epido-
sedimentação do Grupo Baixo Araguaia foram fei- tização, muscovitização etc., além do alojamento
tas por Silva et al. (1974), Abreu (1978), Santos de veios e vênulas de quartzo.
(1983) e Hasui & Costa (1988), os quais sugeriram
um ambiente marinho, variando de raso a profun- 2.4.4 Associação Máfica-Ultramáfica Serra
do. do Tapa – Pst
Estruturas primárias, tais como estratificações
plano-paralelas, sand waves, estratificações cru- A designação Associação Máfica-Ultramáfica
zadas tangenciais e herringbone, foram preserva- Serra do Tapa é atribuída a uma faixa com orienta-
das nos quartzitos da Formação Morro do Campo, ção submeridiana que acompanha a topografia da
e em metarcóseos da Formação Couto Magalhães serra homônima e aflora em meio aos metassedi-
(fotos 5 a 8). Intercalações lenticulares de quartzi- mentos do Cinturão Araguaia.
tos dentro da seqüência dos xistos da Formação Esta associação e outras semelhantes com mes-
Xambioá, com estruturas wavy e linsen asseme- mo posicionamento estratigráfico, expostas a sul
lham-se a barras de offshore. Metaconglomerados desta folha, foram abordadas por diversos autores,
polimíticos suportados pela matriz (LM-85, RO-83 e tais como: Almeida (1974), Almeida et al. (1986),
JO-96), posicionados tectonicamente dentro, res- Puty et al. (1972), Silva et al. (1974), Hasui et al.
pectivamente, das formações Xambioá e Couto (1977), Abreu (1978), Cunha et al. (1981) e Hasui &
Magalhães, representam fluxos gravitacionais e, Costa (1988), dentre outros. Estudos mais detalha-
provavelmente, estariam correlacionados à fase de dos foram publicados por Gorayeb (1989), quando
rift da bacia. Metaconglomerados oligomíticos, su- os considerou corpos magmáticos essencialmente
portados por grãos arredondados de quartzo, em ultramáficos e de derivação mantélica.
regime de fluxo confinado (RO-07), intercalados Na Folha Xambioá, suas melhores exposições si-
nos quartzitos da Formação Morro do Campo, tuam-se nas serras do Tapa e dos Castanhais, e
possivelmente estariam associados a leques alu- nas fazendas Escondida, Maringá e Jandaia, onde
viais. encontram-se imbricadas tectonicamente nos me-
Assim, com base nos litótipos, na geometria e tassedimentos da Formação Couto Magalhães.
nas estruturas primárias, admite-se que os metas- Excelentes afloramentos são encontrados nas fa-
sedimentos das formações Morro do Campo, Xam- zendas Escondida (AJ-34) e Maringá (LM-108), (fo-
bioá e Pequizeiro tenham se depositado em um am- tos 9 a 11) (onde estruturas do tipo pillow-lavas
biente marinho raso com praia e plataformas restri- mostram-se preservadas), ao longo da estrada
tas, enquanto a Formação Couto Magalhães teria Pontão-Xinguara e nas fazendas Rio Vermelho
se depositado em um ambiente marinho mais pro- (LM-106) e Visagem (JO-108 e JO-110).
fundo (offshore). É formada predominantemente por serpentini-
Estudos petroquímicos, com número reduzido tos, metabasaltos e silexitos, com quantidades su-
de amostras, foram efetivados por Santos (1983) e bordinadas de talco xistos, clorita xistos, quartzitos
Macambira (1983), entre outros. Souza et al. ferríferos bandados e filitos.
(1988), ao analisarem 36 amostras deste grupo su- Os serpentinitos têm cor verde-escuro a claro,
gerem uma cogeneticidade entre as formações textura fibrolamelar a fibrosa, estrutura maciça a fo-
Xambioá e Pequizeiro, indicando serem as mes- liada e constituem-se predominantemente de ser-

– 18 –
SB.22-Z-B (Xambioá)

pentina e opacos. Os metabasaltos são verde-es- rássico. O primeiro ciclo, desenvolvido em clima
curos a claros, têm textura fina e maciça e mantêm temperado e úmido, estaria representado pela For-
preservadas estruturas do tipo pillow-lava constituí- mação Pimenteiras; o segundo, em condições de
das de tremolita/actinolita, epídoto e clorita; eviden- clima semi-árido a quente, englobaria, dentro da
ciam processos de epidotização, cloritização, albi- área estudada, as formações Piauí, Pedra de Fogo,
tização e silicificação. Remanescentes cristais ori- Motuca e Sambaíba; e o terceiro estaria evidenciado
ginais de clinopiroxênios e plagioclásios podem, pelos sedimentos cretácicos da Formação Itapecu-
contudo, ainda ser observados no meio desse con- ru. Os basaltos da Formação Mosquito, de idade
junto transformado. mesozóica, possivelmente estariam correlaciona-
Talco xistos e clorita xistos associam-se aos ser- dos ao rompimento do Supercontinente Gondwana.
pentinitos, ocorrendo, em geral, fortemente miloniti- Costa et al. (1991), ao analisarem a evolução tec-
zados. Os silexitos, responsáveis pelo destaque to- tônica da Bacia do Parnaíba, mostram que seu arca-
pográfico da unidade, têm coloração marrom-aver- bouço geométrico foi fortemente influenciado por fei-
melhada, estrutura variando de maciça a intensa- ções estruturais pré-cambrianas e sua evolução ci-
mente foliada, com vênulas irregulares de quartzo, nemática marcada pelo registro de dois eventos tec-
e estão, também, associados aos serpentinitos. tônicos (figura 2.3). O primeiro, de idade paleozóica
Quartzitos ferruginosos bandados associados a e ligado a um eixo extensional NW-SE, induziu movi-
filitos ocorrem com freqüência entre as faixas das mentação ao longo de falhas normais, formadas a
rochas básico-ultrabásicas e entre a serra do Tapa partir de reativações de estruturas do embasamento
e as fazendas Escondida e Maringá. Extensas co- da bacia e concentradas nas bordas W, E, SE e na
berturas lateríticas ferruginosas, que formam clarei- parte central, originando compartimentos triangula-
ras, bem identificáveis em fotos aéreas, desenvol- res. O segundo, com início no Jurássico, é associa-
veram-se sobre estes litótipos. do a um eixo extensional ENE-WSW e incorporou
A associação foi deformada em regime dúc- movimentação extensional às estruturas das bordas
til-rúptil, o que gerou o desenvolvimento de faixas W, E e N e transcorrente àquelas com orientação NE.
estreitas de alto strain, caracterizadas por intensa Na Folha Xambioá a Bacia do Parnaíba ocupa
foliação milonítica, lineação de estiramento mine- toda a parte leste. Estruturas em graben, de orien-
ral, dobras em bainha, dobras rompidas, rotação tação submeridiana da porção central, estão tam-
de elementos planares preexistentes, boudins etc. bém preenchidas por sedimentos.
Estas, intercalam-se com faixas mais amplas de Dos dados aerogeofísicos utilizados, a magneto-
baixo strain, nas quais as rochas encontram-se pra- metria registra apenas a presença de rochas do
ticamente indeformadas. embasamento em profundidade, enquanto a ga-
As condições de temperatura e pressão atuan- maespectrometria separa as diversas unidades li-
tes propiciaram o desenvolvimento de paragênese tológicas, devido aos diferentes níveis de radiação
mineral sugestiva de metamorfismo de baixo grau apresentados por cada uma delas (figura 2.5).
(fácies xisto-verde) com variação para tipos anqui- As unidades estratigráficas, individualizadas
metamórficos. com base nos dados coletados em campo, em da-
dos aerogeofísicos, imagens de radar e satélite, fo-
tos aéreas convencionais e nos levantamentos geo-
2.5 Bacia do Parnaíba e Grabens Associados lógicos anteriores (quadro 2.2), mostram a Forma-
ção Pimenteiras, de idade devoniana, como a mais
A Bacia do Parnaíba, considerada como do tipo antiga, enquanto a mais nova é representada pela
Depressão Interior por Kingston et al. (1983), exibe Formação Rio das Barreiras, correlacionável à For-
2
forma elipsoidal e área aproximada de 600.000km , mação Itapecuru.
ocupando partes dos estados do Maranhão, Piauí, Pedreira (1991) interpreta a sucessão dos siste-
Tocantins, Pará e Ceará. Caputo et al. (1983) suge- mas deposicionais desta bacia como proveniente
rem continuidade entre esta bacia e a do Amazo- de oscilações do nível do mar em ambiente conti-
nas, somente interrompida a partir do Triássico, nental (fluvial e desértico) (figura 2.6).
com a instalação da Bacia do Marajó.
Segundo Mesner & Wooldridge (1964), esta bacia 2.5.1 Formação Pimenteiras – Dp
apresenta três megassítios deposicionais, separa-
dos por duas grandes discordâncias erosivas corre- Esta denominação foi inicialmente utilizada por
lacionadas ao início do Carbonífero e ao final do Ju- Small (1914) para identificar os folhelhos cinza-ar-

– 19 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

Dp

Dp Dp

Dp

TRs
Cpi

TRm

Ppf

Dp

Krb TRs +
PTRm TRJm

0 10 20km

Fm. Rio das Barreiras Fm. Motuca Fm. Piauí


Krb PTRm Cpi
(<300cps) (100 a 300cps) (<300cps)

TRs + Fm. Sambaíba e Mosquito Ppf


Fm. Pedra de Fogo Dp Fm. Pimenteiras
TRJm (<100cps) (300 a 500cps) (500 a 700cps)

Figura 2.5 – Relação entre as unidades fanerozóicas mapeadas e os dados


aerogamaespectrométricos - contagem total.

roxeados aflorantes nas proximidades da vila de Pi- lexitos oolíticos atribuídos à Formação Pedra de
menteiras. Diversos autores têm estudado esta uni- Fogo. As melhores exposições localizam-se em
dade, dentre os quais destacam-se: Plummer cortes de estrada nas proximidades da fazenda
(1946), Kegel (1952), Rodrigues (1967), Carozzi et Castanhal (JO-71, JO-72 e JO-73).
al. (1975), Aguiar (1971), Lima & Leite (1978), den- Foram identificadas três associações de litofá-
tre outros. cies, descritas a seguir:
Neste trabalho, foram considerados desta for- a) Associação de Litofácies Arenitos Conglome-
mação os sedimentos aflorantes ao longo de uma ráticos
faixa com largura aproximada de 7km e orientação Normalmente esta associação encontra-se posi-
submeridiana, que ocupa a parte centro-leste da cionada diretamente sobre os xistos da Formação
folha; também, parte dos sedimentos que preen- Xambioá, tendo sido melhor observada na Estação
chem grabens, da porção norte, foram assim carto- JO-73, onde apresenta espessura superior a 1m e
grafados. Dispõem-se em contato discordante so- geometria lenticular. É caracterizada por conglo-
bre os metassedimentos do Cinturão Araguaia; merados e arenitos. Os conglomerados são supor-
com os sedimentos da Formação Piauí o contato é tados por grãos organizados e mostram clastos
tectônico. Na parte norte, em região praticamente sub a bem arredondados, de quartzo e xistos (ra-
sem afloramentos, observam-se estes sedimentos ros), com tamanho máximo de 30cm. Os arenitos
em contato com areiões apresentando níveis de si- apresentam granulação média a grossa, granode-

– 20 –
SB.22-Z-B (Xambioá)

TEXTURAS
CRONOESTRATI-
FORMAÇÃO LITOLOGIAS/ESTRUTURAS AREIA INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL

C
GRAFIA

S
ARG F M G

CA
CRETÁCEO
O

RIO DAS
BARREIRAS FLUVIAL
C
O
I
Ó

JURÁSSICO
C

MOSQUITO
Z
O
I
S

TRIÁSSICO
Ó

SAMBAÍBA
E

DESÉRTICO
M
Z

MOTUCA FLUVIAL A LACUSTRE


O

PERMIANO
R
O

PLATAFORMAL MARINHO RASO


C

PEDRA
E

DE FOGO
I
Ó

FLUVIAL A LACUSTRE
N

CARBONÍFERO
Z

PIAUÍ DESÉRTICO
O
A
E

FLUVIAL A LACUSTRE
F
L

DEVONIANO
A

PIMENTEIRAS PLATAFORMAL MARINHO RASO


P

ADAPTADO DE PEDREIRA (1991)

PELITOS CONGLOMERADOS ARENITOS

ESTRAT. PLANO-PARALELA ESTRAT. CRUZADA ACANALADA ESTRAT. CRUZADA PLANAR

HUMMOCKY GRANODECRESCÊNCIA GRANOCRESCÊNCIA

OÓLITOS SILICIFICAÇÃO DISCORDÂNCIA

Figura 2.6 – Sistemas deposicionais das unidades da Bacia do Parnaíba, mapeadas dentro da Folha Xambioá.

crescência e grânulos bem arredondados de Os argilitos e siltitos geralmente são dominantes,


quartzo. É interpretada como originada a partir de como na fazenda Castanhal (JO-72), onde a espes-
dunas subaquosas, em ambiente fluvial de alta sura é superior a 20m. Mostram laminações pla-
energia. no-paralelas e acamamento maciço.
b) Associação de Litofácies Pelitos c) Associação de Litofácies Arenitos Ferrugino-
É caracterizada por uma seqüência de argilitos e sos
siltitos de cor marrom-amarelado a cinza-claro, Os arenitos mostram tonalidades arroxeadas e
com tonalidades avermelhadas, arroxeadas e es- amareladas; são geralmente ferruginosos, de geo-
branquiçadas, com intercalações de arenitos finos metria lenticular, com laminação incipiente; normal-
a muito finos. mente aparecem com espessura variando de centi-

– 21 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

Quadro 2.2 – Coluna estratigráfica da Bacia do Parnaíba na Folha Xambioá.

Associação de
Cronoestratigrafia
Unidade Litofácies
Descrição Ambiente Potencial Mineral
Litoestratigráfica Do-
Eon Era Sist. Série Subord.
min.
Arenitos finos a médios e con-
Formação glomerados com intercalações Depósitos fluviais de
Cretáceo Superior A, Cg Pv
Itapecuru de argilitos e siltitos averme- rios entrelaçados.
lhados.
Basaltos, maciços, amigdaloi-
Mesozóico

Formação Continental. Extrusão


Jurássico Inferior dais, com textura ofítica e al- Brita.
Mosquito fissural.
teração esferoidal.
Superior Arenitos fino a médio, bimo-
Areia (fraturamen-
Formação dais com estratificação cru-
Triássico

Ae Continental eólico. to em poços de


Médio Sambaíba zada de grande porte, linhas
petróleo.
Fanerozóico

de grãos e línguas de grãos.


Inferior Argilitos e siltitos vermelhos Continental fluvial com
Formação com intercalações de areni- possíveis contribuições
Pv, Ac Ae
Superior Motuca tos finos, transicionando para marinhas, trancionando
arenitos eólicos no topo. para eólico.
Permiano

Médio Seqüência cíclica de argili-


Formação Pv, tos, arenitos, vermelhos e es- Continental lagunar a Corretivo de solos,
Cm, Sil
Inferior Pedra de Fogo Aac verdeados, com níveis de sile- marinho. brita, cal.
xitos, calcários e margas.
Paleozóico

Argilitos vermelhos com in-


Depósitos fluviais asso-
tercalações de arenitos finos
Carbonífero Superior Formação Piauí Pv, Afi Ac ciados a ambiente de-
e raras lentes de conglome-
sértico.
rados.
Argilitos e siltitos com inter-
calações de arenitos ferrugi-
Formação Marinho raso, com tem-
Devoniano Médio P, Afe Ac nosos e apresentando níveis
Pimenteiras pestades episódicas.
de conglomerados lenticula-
res basais.

Ae - Arenitos eólicos A - Arenitos


Ac - Arenitos conglomeráticos Cm - Calcários e margas
Aac - Arenitos e arenitos calcíferos P - Pelitos
Afi - Arenitos finos Pv - Pelitos vermelhos
Afe - Arenitos ferruginosos Sil - Silexitos

métrica a métrica. Localmente, na fazenda Casta- 2.5.2 Formação Piauí – Cpi


nhal (JO-71), notam-se intercalações de arenito
fino com marcas truncadas por ondas. Small (op. cit.) designou de Série Piauí a seção
Neste trabalho, esta formação é interpretada paleozóica da Bacia do Parnaíba. Duarte (1936) e
como depositada em uma plataforma marinha rasa, Oliveira & Leonardos (1940) utilizaram o termo For-
afetada episodicamente por tempestades, origi- mação Piauí restritamente aos sedimentos carboní-
nando barras de costa afora. Os dados de aeroga- feros. Em 1948, Dequech & Kegel estabeleceram
maespectrometria mostram um alto nível de radia- os atuais limites desta formação, no que foram se-
ção (500 a 700cps), possivelmente devido à pre- guidos pelos demais autores que estudaram estes
sença de arenitos ferruginosos associados ao pro- sedimentos.
cesso de laterização que ocorre na borda da bacia, Na Folha Xambioá ocorre como uma faixa alon-
destacando-a das demais formações. gada submeridianamente, de largura em torno de
Caster, in Blankennagel (1952), com base na 4km, localizada na sua porção centro-leste. Encon-
fauna encontrada em folhelhos na região de Pi- tra-se em contato com a Formação Pimenteiras
cos, estado do Piauí, inclui os sedimentos da For- através de falhamentos normais. O contato superior
mação Pimenteiras no Devoniano, idade esta com a Formação Pedra de Fogo é gradacional,
confirmada por diversos outros autores. Segundo mostrando mudança lenta e constante. Foi utilizado
Aguiar (1971), esta unidade é correlacionável à o critério de Lima & Leite (1978) para a separação
parte basal da Formação Curuá, da Bacia Ama- entre ambas, segundo o qual a presença dos pri-
zônica e à Formação Ponta Grossa da Bacia do meiros níveis de silexito marcariam a passagem
Paraná. para a Formação Pedra de Fogo. Suas melhores

– 22 –
SB.22-Z-B (Xambioá)

exposições situam-se em cortes na estrada de no riacho Pedra de Fogo, entre Pastos Bons e Nova
acesso para a Agropecuária São Francisco, logo Iorque, no estado do Maranhão. Diversos outros
após o ribeirão Curicacas, NE da folha mapeada. autores estudaram-na, dentre os quais desta-
Os litótipos predominantes foram separados em cam-se: Barbosa & Gomes (1957), Oliveira (1961),
três associações de litofácies distintas: Mesner & Wooldridge (1964), Moore (1963), Aguiar
a) Associação de Litofácies Pelitos Vermelhos (1964), Cunha (1964), Northfleet & Neves (1966),
É formada por argilitos com níveis siltosos, com Ojeda & Perillo (1967), Lima & Leite (1978) e Faria
estrutura maciça a laminada, de cor vermelha com Júnior (1979).
tonalidades esbranquiçadas e esverdeadas. É ca- Ocorre na parte leste, sob a forma de faixa com
racterizada por morrotes isolados, com até 20m de orientação aproximada norte-sul, com largura entre
altura (em região arenosa e plana) e revestida por 3 e 7km e mergulho suave para leste. Neste local,
solo avermelhado. as melhores exposições aparecem próximo ao
b) Associação de Litofácies Arenitos Finos contato com a Formação Piauí, associadas a pe-
É constituída por arenitos finos, bem seleciona- quenas escarpas sustentadas pelos níveis de sile-
dos, friáveis, com tonalidades amarronzadas e aver- xitos (JO-68, JO-78 e JO-79). As ocorrências, rela-
melhadas, com estratificações cruzadas tangenciais cionadas a grabens, localizam-se nas proximida-
e plano-paralelas. Normalmente ocorre intercalada des do vilarejo Dois Irmãos, onde camadas hori-
nos pelitos vermelhos e forma extensos areiões. zontalizadas de silexitos, oolíticos e criptocristali-
c) Associação de Litofácies Arenitos Conglome- nos intercalam-se com arenitos. Nas imediações
ráticos de Araguanã (JO-47) observam-se bons aflora-
É particularizada por uma seqüência de arenitos mentos de calcário com silexitos, nas margens do
finos a grossos, mal selecionados, com grãos sub a rio Araguaia.
bem-arredondados e apresentando níveis conglo- Foram distinguidas quatro associações de litofá-
meráticos e de material argiloso. Exibe gradação cies, descritas a seguir:
normal e inversa, camadas lenticulares e estratifi- a) Associação de Litofácies Pelitos e Argilitos
cações cruzadas acanaladas de pequeno e médio É caracterizada por siltitos e argilitos com tonali-
porte. Ocorre de maneira isolada, chegando a atin- dades avermelhadas e esverdeadas; são físseis e
gir espessura superior a 2m (JO-62). têm estrutura maciça e freqüentes níveis de marga.
Esta formação mostra níveis de radiação inferior b) Associação de Litofácies Silexitos
a 300cps, bem contrastante com o nível apresenta- É formada por silexitos, oolíticos e criptocristali-
do pelas formações Pimenteiras e Pedra de Fogo, nos, distribuídos por toda a unidade sob a forma de
com as quais encontra-se em contato. leitos, lentes delgadas e nódulos com espessura
A natureza dos litótipos e das estruturas presen- variando de 1mm a 30cm.
tes nesta folha e as descritas na Folha Marabá (de- c) Associação de Litofácies Calcários
pósitos eólicos), (Almeida et al., no prelo), permi- Compõe-se de calcários de cor marrom-claro a
tem caracterizar deposições em ambientes conti- marrom-avermelhado, com textura fina e geometria
nentais fluviais de planície de inundação ou lagu- tabular. A espessura varia de 1 a 30cm. Nódulos de
nares em um contexto geral de ambiente desértico. calcita e processos de silicificação são freqüentes.
Estudos palinológicos realizados por Kegel Nas margens do rio Lontra (LM-63), os calcários es-
(1952), Mesner & Wooldridge (1964), Müller (1964) tão intercalados em arenitos finos, pelitos verme-
e Aguiar (1971), permitiram posicionar a Formação lhos, silexitos e margas.
Piauí no Carbonífero Superior, idade esta também d) Associação de Litofácies Arenitos e Arenitos
adotada neste trabalho. Calcíferos
Segundo Almeida et al. (no prelo) esta formação São arenitos de cor cinza-claro a cinza-esverde-
é correlacionável às formações Monte Alegre e Itai- ado, com tonalidades avermelhadas, friáveis, argi-
tuba, da Bacia Amazônica. losos, de granulação fina a média, com raros níveis
de granulação grossa, laminados incipientemente
2.5.3 Formação Pedra de Fogo – Ppf e, aparentemente, com estratificação plano-parale-
la. Alternam-se com camadas normalmente delga-
Formação Pedra de Fogo foi a denominação ori- das e, às vezes, lenticulares de arenitos calcíferos
ginalmente utilizada por Plummer (1946), para par- de granulação fina a média, intercalações essas,
ticularizar uma seqüência de siltitos, folhelhos, are- que ocorrem em repetições cíclicas ao longo de
nitos e calcários, com chert e Psaronius, aflorante toda a coluna desta formação.

– 23 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

As camadas carbonáticas indicam uma deposi- Os litótipos foram agrupados em três associa-
ção marinha em ambiente de planície de maré, en- ções de litofácies:
quanto que os arenitos e os pelitos, possivelmente, a) Associação de Litofácies Pelitos Vermelhos
representam um ambiente fluvial com planícies de É formada por argilitos vermelhos, com tonalida-
inundação e/ou lagunas. A repetição cíclica sugere des esbranquiçadas, quebradiços e com estrutura
oscilações do nível do mar com incursões marinhas maciça. Apresenta níveis de siltitos de coloração
sobre superfícies aplainadas. A ocorrência de eva- avermelhada e, localmente, finas intercalações de
poritos citada na bibliografia (não observados nes- silexito. Representa depósitos continentais fluviais
se levantamento), indica a presença de mares fe- de planície de inundação ou lagunas.
chados remanescentes, característicos de condi- b) Associação de Litofácies Arenitos Conglo-
ções climáticas áridas, enquanto que a existência meráticos
de vegetação de grande porte (Psaronius) estaria Constitui-se predominantemente por arenitos fi-
correlacionada a um clima úmido. Os dados aero- nos, de cor marrom, com tonalidades esbranquiça-
gamaespectrométricos mostram uma variação do das e avermelhadas; bem selecionados, friáveis, e
nível de radiação entre 300 e 500cps, demarcando algo feldspáticos. Apresenta estratificações pla-
uma faixa anômala para as rochas desta formação, no-paralelas e cruzadas, de pequeno a médio por-
em relação às formações Piauí e Motuca, as quais te com gradação normal. É comum a presença de
mostram níveis entre 100 e 300cps. lentes centimétricas de conglomerados suporta-
Estudos palinológicos e da fauna, efetuados por dos por grãos bem arredondados de quartzo. Pos-
diversos autores como Mesner & Wooldridge sivelmente corresponde a depósitos fluviais de rios
(1964), Cruz et al. (1973), Lima & Leite (1978) e entrelaçados.
Scislewski et al. (1983), dentre outros, têm confir- Esta característica distribui-se por toda a coluna,
mado uma idade permiana para esta formação. notadamente nas suas porções basais e interme-
Mesner & Wooldridge (op. cit.) correlaciona- diárias, onde intercala-se aos pelitos vermelhos.
ram-na à Formação Sucunduri, da Bacia Amazôni- Medidas efetuadas nas imediações de Ananás
ca, e Aguiar (1971) associou-a à seção Paler- (AJ-17) indicam paleocorrentes orientadas prefe-
mo-lrati-Teresina, do nordeste da Bacia do Paraná. rencialmente no sentido oeste.
c) Associação de Litofácies Arenitos Eólicos
2.5.4 Formação Motuca – PTRm É representada por arenitos de granulação fina a
média, cor marrom-amarelado com tonalidades
Formação Motuca foi a denominação utilizada por avermelhadas, friáveis, às vezes feldspáticos e
Plummer (1948) para caracterizar os folhelhos de com grãos bem selecionados. Apresenta estratifi-
cor vermelho-tijolo, com lentes de calcário e anidrita, cações cruzadas de grande porte e estrutura tipo li-
aflorantes nas proximidades da fazenda Motuca, en- nhas de grãos que ocorrem na parte superior, inter-
tre São Domingos & Benedito Leite, no estado do calados aos arenitos fluviais e representam o início
Maranhão. Campbell (1949) ampliou-a, acrescen- da implantação dos depósitos eólicos. Algumas
tando o Membro Pastos Bons. Aguiar (1971) divi- medidas efetuadas (JO-80 e RO-17) indicam paleo-
de-a em três membros, ratificando sua concordân- correntes no sentido oeste e sudoeste.
cia com as formações Pedra de Fogo e Sambaíba, e Apesar da escassez de fósseis, alguns gastró-
considerando-a de idade permo-triássica. podes e peixes, de idade permiana foram descritos
A formação ocorre na parte leste como faixa sub- por Mesner & Wooldridge (1964). Outros autores
meridiana e contínua que margeia as escarpas for- como Aguiar (1971), Lima & Leite (1978), entre ou-
madas pela Formação Sambaíba. Tem relevo bas- tros, com base na sua posição estratigráfica consi-
tante arrasado, impedindo a avaliação de sua es- deram-na como de idade permo-triássica.
pessura, que é estimada em torno de 50m na Folha É correlacionada à parte superior da Formação
Marabá, vizinha a norte (Almeida et al., no prelo). Sucunduri, da Bacia Amazônica (Mesner & Wool-
O contato com a Formação Pedra de Fogo é gra- dridge, 1964) e ao Grupo Rio do Rastro, da Bacia
dacional, cuja separação baseou-se, principal- do Paraná (Aguiar, 1971).
mente, na ocorrência ou não das intercalações de
silexito. O contato superior, com a Formação Sam- 2.5.5 Formação Sambaíba – TRs
baíba, também é transicional tendo sido delimitado
em função da implantação definitiva do sistema eó- O termo Formação Sambaíba foi introduzido por
lico nessa unidade mais jovem. Plummer (1948) para designar os arenitos formado-

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SB.22-Z-B (Xambioá)

res das mesetas que ocorrem nas proximidades de manifestação mais antiga, data de 215Ma, correlacio-
Sambaíba, estado do Maranhão. nando-os ainda com os diabásios na área costeira
Afloram no extremo-Ieste sob a forma de escar- do estado do Amapá.
pas bem marcadas, com boas exposições. Carac-
terizam-se por formar extensos bancos de areias 2.5.7 Formação Rio das Barreiras – Krb
nas partes mais elevadas.
É formada por uma única associação de litofácies, Sob a designação de Unidade Rio das Barreiras,
constituída por arenitos de cor marrom-amarelado Guerreiro & Silva (1976) descrevem uma faixa res-
a marrom-avermelhado, granulação fina a média, trita de conglomerados, localizados entre Pequizei-
bimodais. Apresentam estratificação cruzada de ro e Couto Magalhães. Hasui et al. (1977), Abreu
grande porte, linhas e línguas de grãos em arranjo (1978) e Gorayeb (1981), entre outros, também utili-
granocrescente. Corresponde a depósito continen- zam este termo, porém hierarquizando-o como for-
tal eólico sob a forma de campos de dunas. É bem mação. Coimbra (1983), Figueiredo et al. (1990) e
delimitada pelos dados de aerogamaespectrome- Araújo & Olivatti (1990) associam esses sedimen-
tria, apresentando níveis de radiação inferior a tos à Formação Pedra de Fogo, e Barbosa et al.
100cps. (1966) e Aguiar (1969) incluem-nos na Formação
Intercalações basálticas na parte superior desta Piauí.
formação levaram Barbosa et al. (1966) e Lima & Na Folha Xambioá, uma seqüência de arenitos e
Leite (1978) a aceitarem uma contemporaneidade conglomerados com intercalações de argilitos e sil-
com a Formação Mosquito. titos, preenchendo estrutura do tipo graben com
Devido à ausência de fósseis, as relações estra- orientação submeridiana, largura média de 27km e
tigráficas que apresentam, possibilitam admití-la localizada a oeste do rio Muricizal, é considerada,
como do Triássico Médio a Superior. neste trabalho, como pertencente à Formação Rio
das Barreiras. Esta seqüência apresenta seme-
2.5.6 Formação Mosquito – TRJm lhanças quanto a litologias, ambiente deposicional
e posicionamento tectônico e estratigráfico, tam-
As primeiras referências a rochas básicas na re- bém com a Formação Itapecuru, aflorante a norte,
gião tem por fonte Lisboa (1914) que descrevem os da qual encontra-se separada pelo Arco de Xambioá,
derrames basálticos de Grajaú, no estado do Mara- alto estrutural do embasamento iniciando-se em
nhão. Northfleet & Melo (1967) utilizaram a denomi- Xambioá e se dirigindo para Teresina-PI e ativo
nação Mosquito para designar os derrames basálti- desde o Siluro-Devoniano (Aguiar, 1969). É tam-
cos com intercalações de arenitos, no vale do rio bém correlacionável à Formação Urucuia e à Uni-
Mosquito, localizado a sul da Fortaleza dos Noguei- dade Conglomerado Cipó (Souza, 1984).
ras, estado do Maranhão. Aguiar (1971), nesta As rochas desta formação encontram-se em
mesma região, divide esta unidade em cinco mem- contato com os metassedimentos do Grupo Baixo
bros. Araguaia, através de falhamentos normais ou os re-
A Folha Xambioá é constituída por derrames in- cobrem em discordância angular. Sobrepõe tam-
tercalados nos arenitos eólicos da Formação Sam- bém sedimentos da Formação Pedra de Fogo, aflo-
baíba. Suas melhores exposições situam-se na rantes nas cercanias de Araguanã, borda leste de
parte sudeste. São formadas por basaltos de cor estrutura em graben. Apresenta nível de radiação
marrom-arroxeado a cinza-escuro, textura ofítica menor que 300cps, em contraste com os litótipos
fina, estrutura maciça e com freqüentes níveis do Grupo Baixo Araguaia que exibem nível médio
amigdaloidais. São formados dominantemente por de radiação superior a 400cps.
plagioclásio e clinopiroxênio e apresentando opa- Boas exposições foram registradas na estrada
cos como acessório principal. Ao alterarem-se de- para a fazenda Ilha Branca (RO-59) e na rodovia
senvolvem estruturas esferoidais. Pontão-Piçarras (JO-58), porém sua área de ocor-
Lima & Leite (1978), com base em datações rência caracteriza-se por formar extensos areiões,
K/Ar, atribuem o extravasamento ao período entre o com raros afloramentos.
Triássico e o Jurássico, idade esta também já admi- Seus litótipos principais foram agrupados em
tida por Mesner & Wooldridge (1964). Caldasso & três associações de litofácies distintas:
Hama (1978) identificaram também por K/Ar, três a) Associação de Litofácies Arenitos
diferentes estágios de derrames. Caputo (1985), É formada por arenitos de cor cinza-claro, com
confirma estes cicIos magmáticos, aludindo que a tonalidades avermelhadas, friáveis, às vezes arco-

– 25 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

sianos, de granulação fina a média. Apresentam Ocorrem sobre as diversas unidades geológicas
estratificações plano-paralelas e cruzadas tangen- aflorantes na folha e mostram perfis mais comple-
ciais de pequeno porte. Assemelham-se a depósi- tos e espessos em cima dos litótipos da Associa-
tos fluviais de rios entrelaçados. ção Máfica-Ultramáfica Serra do Tapa e da Forma-
b) Associação de Litofácies Pelitos Vermelhos ção Pimenteiras. Apresentam horizonte ferruginoso
É constituída por argilitos e siltitos de cor verme- constituído por concreções esferoidais e nodulares
lha, com estratificação plano-paralela, intercalados e estruturas colunares, envolvidas por minerais ar-
aos arenitos. Corresponde a depósitos de planície gilosos e mostrando coloração marrom-avermelha-
de inundação ou lagos, em ambiente de rios entre- do com tonalidades amareladas. O horizonte mos-
laçados. queado e os saprólitos são bastante variados, de-
c) Associação de Litofácies Conglomerados pendendo das rochas que os originaram.
É composta predominantemente por conglome- Devido à escala do mapeamento optou-se por
rados organizados, com estratificação plano-para- cartografar apenas o horizonte ferruginoso, que
lela, gradação normal e inversa e clastos sub a ocorre sob a forma de crostas endurecidas, com-
bem-arredondados de quartzo, variando, predomi- pondo pequenos platôs entre as principais bacias
nantemente, de grânulos a seixos. Correspondem, hidrográficas. Ocorrem principalmente nos domínios
provavelmente, a barras conglomeráticas de rio en- do Cinturão Araguaia e sustentando a topografia da
trelaçado com fluxo desconfinado. Com menor fre- borda oeste da Bacia do Parnaíba.
qüência, são também observados conglomerados
pouco organizados, suportados pela matriz, com 2.6.2 Depósitos Aluvionares – Qal
estratificações planares e tangenciais incipientes e
mostrando níveis lenticulares de arenitos conglo- São constituídos essencialmente por areias, cas-
meráticos correspondendo a leques aluviais em calhos, siltes e argilas, em proporções variáveis, de
sua fase mais proximal. acordo com as litologias que os originaram. As alu-
Em correlação com os sedimentos da Formação viões dos rios Muricizal, Corda e Lontra, (foto 12),
Itapecuru, estes sedimentos foram considerados que cortam sedimentos fanerozóicos, mostram
como de idade cretácea. predominância de areias; enquanto nas do rio Ver-
melho, que correm sobre metassedimentos da For-
mação Couto Magalhães, sobressaem-se os ter-
2.6 Formações Superficiais mos argilosos. As aluviões do rio Araguaia são
constituídas por cascalhos limoníticos, lateritos, ar-
2.6.1 Coberturas Lateríticas – Qla gilas e arenitos com estratificação plano-paralela e
cruzada, consolidados a semiconsolidados, e por
São representadas por lateritos imaturos resultan- cascalhos, areias e argilas, inconsolidados de gra-
tes de processos de pediplanação pleistocênica. nulação variável.

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