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Pastoral da Liturgia 0

Formação para a Pastoral da


Liturgia
Rodrigo Demetrio

Rodrigo Demetrio | Introdução


Pastoral da Liturgia 1

INTRODUÇÃO

A Igreja sempre teve uma grande devoção e zelo pela Palavra de Deus. Por isso, sempre
orientou a uma boa e digna preparação daqueles que proclamam a Palavra de Deus. Houve tempos,
inclusive, em que este ministério foi reservado unicamente aos ministros ordenados, isto é, aos
diáconos, padres e bispos.
Ministério significa serviço, e, na liturgia, quer dizer “ação em favor
de alguém”. Ministério do leitor é serviço em favor de toda a assembleia que
celebra o Senhor na liturgia.
O proclamador da Palavra fala em nome de Deus. Esta missão exige
de seu ministro a condição de porta voz: fidelidade ao Senhor que fala,
fidelidade à palavra que anuncia, fidelidade ao se colocar como instrumento
do Senhor para que Deus possa falar através de seu instrumento “ o
ministro” a todo povo.
Por isso, deve ter consciência da importância da Palavra de Deus. Para ajudar a ilustrar isso,
vejamos dois textos significativos, um de são Jerônimo, outro de Cesário de Arles:
“Eu penso que o Corpo de Cristo é o Evangelho e que seus ensinamentos são as sagradas
escrituras. Quando, pois, Jesus diz: ‘Quem não come minha carne e não bebe o meu sangue, não
tem a vida,’, podemos certamente entender que ele está falando da eucaristia. Mas é certo
igualmente que o Corpo de Cristo e seu sangue são a palavra das escrituras, seu divino
ensinamento. Quando participamos da celebração da eucaristia, tomamos cuidado para que
nenhuma migalha se perca. Quando ouvimos a palavra de Deus, quando a
palavra de Deus é dada a nossos ouvidos e nós, então, ficamos pensando
em outras coisas, que cuidado tomamos? Alimentamo-nos da carne de
Cristo, não somente na eucaristia, mas também na leitura das escrituras.”
(São Jerônimo, Comentário sobre o Livro do Eclesiastes)
"Eu lhes pergunto, irmãos e irmãs, digam o que, na opinião de
vocês, tem mais valor: a Palavra de Deus ou o Corpo do Cristo? Se
quiserem dar a verdadeira resposta, certamente deverão dizer que a
Palavra de Deus não vale menos que o Corpo do Cristo. E por isso, todo o cuidado que tomamos
quando nos é dado o Corpo do Cristo, para que nenhuma parte escape de nossas mãos e caia por
terra, tomemos este mesmo cuidado, para que a Palavra de Deus que nos é entregue, não morra em
nosso coração enquanto ficamos pensando em outras coisas ou falando de outras coisas; pois
aquela pessoa que escuta de maneira negligente a Palavra de Deus, não será menos culpada que
aquela que, por negligência, permitisse que caia por terra o Corpo do Cristo." (São Cesário de
Arles, Sermo 78,2, Sources Chrétiennes, 330, p. 241).

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I. NOÇÕES DE LITURGIA

Os agentes da Pastoral da Liturgia devem possuir noções claras e objetivas sobre a Liturgia
da Igreja. Segue-se um pequeno resumo, o qual pode servir como um pequeno auxílio.

1. LITURGIA E RITO

O QUE É A LITURGIA?
A liturgia é a ação sagrada por excelência. É uma ação divina, realizada “por Cristo, com
Cristo e em Cristo”: é uma ação da Igreja que estabelece a ligação com Deus por meio de Jesus.
A liturgia se dá por meio de ritos, os quais são percebidos pelos sentidos
e remetem a seu significado. Por meio dos sacramentos, uma realidade que
pode ser sentida humanamente e revela uma realidade superior e espiritual,
conferindo a graça de Deus.
A Liturgia é celebrada pelo próprio Jesus Cristo, Sumo e Eterno
Sacerdote, quem exerce uma mediação entre nós e o Pai (Cf. Hb 5, 1-14). É Ele
quem age na Igreja, em proveito da Igreja. E também é a Igreja quem atua, e é
por meio da ação dela que a ação de Cristo se atualiza e se faz presente. Ou
seja, a Igreja é o instrumento pelo qual Cristo age no mundo.
O fim de todo ato litúrgico é a glorificação de Deus, ou seja, louvá-lo e adorá-lo. A principal
forma de glorificar a Deus de que o homem é capaz é buscar a sua própria santificação (que é a união
com Deus), e a Liturgia também oferece meios para aproximar o homem de Deus, santificando-o,
fazendo-o buscar a Deus e amá-lo.

A CELEBRAÇÃO
Um ato litúrgico, como a Santa Missa, não é uma repetição, mas uma celebração. Apesar de
haver Missas todos os dias, em todos os países do mundo, em todos os momentos, nenhum padre
repete a Santa Missa, mas a celebra.
Para que haja uma celebração, são necessários três elementos: um fato que é lembrado e
comemorado, um rito que se realiza e a comunicação
de sentimento entre as pessoas que participam no
evento que ocorre.
Para se entender o que é celebração, é bom
imaginar uma festa de aniversário de um ano de uma
criança: o que se celebra na festa é o fato que ocorreu
de um nascimento e da vida de uma criança que se
conservou por um ano. Este fato é invocado, lembrado,
narrado e divulgado entre os presentes. É considerado como uma coisa muito boa, caso contrário,
não seria comemorado.

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Na festa de aniversário, também ocorre um rito: se cantam os parabéns, reúnem-se os amigos,


enfeita-se as casa com balões, acendem-se velas em um bolo, sempre do mesmo modo, como fazem
outros pais de outras crianças... Chato? Não! Um rito é um conjunto de símbolos que expressam uma
coisa, mas que aparece sempre como uma novidade.
Por outro lado, quem participa da festa de uma criança se une na alegria de sua pessoa, em
sua alegria, ainda que a criança não entenda o que está acontecendo.
Da mesma maneira, fazer arroz: sempre se precisa lavar o arroz, escorrê-lo, fritá-lo, refogá-lo,
deixá-lo cozinhar até dar o ponto certo. Contudo, sempre é um arroz novo, e não o mesmo arroz que
se prepara a cada dia
Muito mais a ação de Jesus, a sua vida e a salvação que Ele nos deu é que é celebrada. E não
é algo chato e repetitivo, mas é algo sempre novo.

2. PARTES DA SANTA MISSA

Ritos Iniciais Liturgia da Palavra Liturgia Eucarística Ritos Finais


+ Monição Inicial + Monição das Leituras Apresentação das + Avisos da Comunidade
Oferendas (Ofertório)
Procissão de Entrada I Leitura Orai, irmãos! Benção Final
Saudação do Celebrante Salmos Oração sobre as Despedida e envio
Oferendas
Ato Penitencial * II Leitura Prefácio Procissão de saída
*Hino de Louvor Aclamação ao Evangelho Santo
(Glória)
Oração Coleta (Oremos) Evangelho Oração Eucarística
Homilia Rito da Comunhão
* Proclamação da Fé Comunhão
(Creio)
+ Preces da Comunidade Ação de Graças
Oração após a
Comunhão
+ Partes opcionais na Santa Missa
* Partes próprias da Missa Dominical ou de Solenidades e Festas

3. FUNÇÕES NA LITURGIA

A Celebração eucarística constitui uma ação de Cristo e da Igreja, isto é, o povo santo, unido
e ordenado sob a direção do Bispo. Por isso, a celebração eucarística pertence a todo o Corpo da
Igreja e o manifesta e afeta; mas atinge a cada um dos seus membros de modo diferente, conforme a

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diversidade de ordens, ofícios e da participação atual. Todos, portanto, quer ministros ordenados,
quer fiéis leigos, exercendo suas funções e ministérios, façam tudo e só aquilo que lhes compete.
As pessoas que se reúnem na igreja formam a Assembleia. A Assembleia é, em sentido
religioso, a reunião das pessoas convocadas pela Palavra de Deus. Cristo enviou seus apóstolos a
convocarem a assembleia cristã, que ouvirá sua mensagem, viverá os sacramentos e renovará sua
Aliança com Cristo.
A Assembleia é uma reunião de irmãos em Cristo, filhos do mesmo Pai e sem diferenças
entre si. Não há privilegiados ou discriminados perante Deus: todos são iguais. Mas Deus convida
todos a servi-lo, de maneiras diferentes, a exercer uma função específica.

O PRESIDENTE DA CELEBRAÇÃO
O presidente: o Celebrante ou presidente da Assembleia é normalmente o bispo ou o
sacerdote, mas poderá ser um diácono ou ministro extraordinário, dependendo da celebração.
O presidente da assembleia representa Cristo Cabeça do seu Corpo, a Igreja. Em nome de
Cristo, está a serviço da Igreja, una, santa, católica e apostólica. Mas ele não age sozinho, mas em
harmonia com outros ministérios e funções.

OUTROS MINISTÉRIOS E FUNÇÕES


O diácono, ministro ordenado (tem o Sacramento da Ordem) tem a função de proclamar o
Evangelho e auxiliar o presidente, mas pode exercer também outras funções, como proferir a
homilia, propor as intenções da oração universal, preparar o Altar e as ofertas na Apresentação,
distribuir a comunhão aos fiéis e purificar os objetos após a comunhão.
O acólito é instituído para servir ao Altar e auxiliar o diácono. Compete-lhe principalmente
preparar o altar e os vasos sagrados, e, se necessário, distribuir aos fiéis a Eucaristia, pois é ministro
extraordinário da comunhão eucarística.
Podem ser delegados leigos para o serviço do altar e ajudar ao sacerdote e diácono, levando a
cruz, velas, turíbulo, o pão, o vinho e a água. São meninos e meninas chamados coroinhas.
Ainda podem ser delegados leigos para auxiliar na distribuição da comunhão aos fiéis e para
levá-la aos enfermos: são os ministros extraordinários da comunhão eucarística.
O leitor é instituído para proferir as leituras da sagrada Escritura, exceto o Evangelho. Pode
igualmente propor as intenções para a oração universal, e faltando o salmista, proferir o salmo entre
as leituras. Ele também é ligado à Catequese e preparar os demais leigos a uma participação mais
plena na Santa Missa.

AS DEMAIS FUNÇÕES
Na falta de leitor instituído, podem-se delegar outros leigos para proferir as leituras da
Sagrada Escritura, como proclamadores da Palavra. Também há o salmista, responsável por
proclamar o salmo ou outro cântico bíblico colocado entre as leituras.

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Entre os fiéis, exerce sua função os cantores ou coral. Cabe-lhe executar as partes que lhe são
próprias, conforme os diversos gêneros de cantos, e promover a ativa participação dos fiéis no canto.
Também há pessoas que exercem funções que auxiliam na celebração da Eucaristia, como o
sacristão, que dispõe com cuidado os livros litúrgicos, os paramentos e outras coisas necessárias para
a celebração da Missa; o comentarista ou animador, que, oportunamente, dirige aos fiéis breves
explicações e exortações, visando a introduzi-los na celebração e dispô-los para entendê-la melhor.
Também podem ser citados os que recolhem as ofertas dos fiéis, os que acolhem as pessoas à entrada
da porta e os que organizam as procissões.
As funções litúrgicas que não são próprias do sacerdote ou do diácono podem ser confiadas
também pelo pároco a leigos idôneos com bênção litúrgica ou designação temporária. Quanto à
função de servir ao sacerdote junto ao altar, observem-se as normas dadas pelo Bispo para sua
diocese.

4. LIVROS LITÚRGICOS

Missal: É o livro que contém as orações e fórmulas necessárias para a celebração da Santa
Missa, com exceção das leituras.
Lecionário: É o livro que traz as leituras (I Leitura, Salmos, II Leitura e Evangelho) da
Sagrada Escritura para a Santa Missa. Divide-se em três volumes: Dominical, Semanal e Santoral.
 Lecionário dominical: compreende as leituras para as
Missas dos domingos e das solenidades. Toda Missa dominical
apresenta três leituras, mais o salmo responsorial: a primeira
leitura, do Antigo Testamento (salvo no tempo pascal em que se lê
os Atos dos Apóstolos); a segunda, das Cartas dos Apóstolos ou do
Apocalipse; a terceira, do Evangelho.
Para que haja uma leitura mais variada e abundante da Sagrada Escritura, a
Igreja propõe, para os domingos e festas, um ciclo de três anos: A, B, C,
nos quais se leem, respectivamente, os Evangelhos de São Mateus, São
Marcos e São Lucas. O Evangelho de são João é geralmente proclamado
nos tempos especiais (Advento, Quaresma, Tempo Pascal) e nas grandes
festas.
 Lecionário semanal: contém as leituras para os dias de semana de todo o Ano
litúrgico. A primeira leitura e o salmo responsorial de cada dia estão classificados por ano
ímpar e ano par. O Evangelho é o mesmo para os dois anos.
 Lecionário santoral: contém as leituras para as solenidades e festas dos santos.
Estão aí incluídas também as leituras para as diversas necessidades.
Evangeliário: É o livro que contém as leituras do Santo Evangelho dos Domingos e
Solenidades.
Rituais: São os livros que contêm os ritos para as celebrações dos diversos Sacramentos e
bênçãos para diversas ocasiões.

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5. POSIÇÕES NA SANTA MISSA

Estar de pé: É a posição de alerta, de quem está preparado e pronto para obedecer. É sinal
também de atenção, de quem ouve com respeito.
Sentado: É uma posição mais cômoda, de quem fica à vontade e ouve com atenção e sem
pressa. É usada durante as leituras, exceto o Evangelho, durante a apresentação das ofertas e após a
Comunhão, durante a Ação de Graças.
Ajoelhado: É uma atitude de profunda oração e de grande respeito. É destinada à consagração
e para a ação de graças após a Comunhão. Simboliza a oração pessoal.

* Canto de entrada de pé
* Acolhida e saudação de pé
RITOS INICIAIS * Ato penitencial de pé
* Hino de louvor (Glória) de pé
* Oração "Coleta" de pé
* Monição para as leituras sentados
* Proclamação da 1ª Leitura sentados
* Salmo Responsorial sentados
* Proclamação da 2ª Leitura sentados
LITURGIA DA PALAVRA * Aclamação ao Evangelho de pé
* Proclamação do Evangelho de pé
* Homilia sentados
* Profissão de fé de pé
* Oração dos fiéis de pé
* Apresentação das Ofertas sentados
Preparação das * Incensação da Assembleia de pé
Oferendas * Orai, irmãos! de pé
LITURGIA EUCARÍSTICA

* Oração sobre as Oferendas de pé


* Prefácio e "Santo" de pé
* Consagração do pão e do vinho de joelho
Oração Eucarística ou
* "Eis o Mistério da fé!" de pé
Anáfora
* Continuação da Oração Eucarística de pé
* Doxologia (Por Cristo...) de pé
* Pai-Nosso e oração seguintes de pé
* Distribuição da Comunhão sentado
Rito da Comunhão
* Ação de graças sentado
* Oração após a Comunhão de pé
* Avisos da comunidade e convites sentados
RITOS FINAIS * Bênção final de pé
* Despedida (Ide em paz!) de pé

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II. ENTENDENDO A VOZ

Para proclamar devidamente a Palavra de Deus, é preciso entender como funciona o veículo
utilizado, isto é, a voz, e como corrigir alguns problemas na dicção, respiração e outros, além de
buscar meios de conservar melhor a voz.

1. A PRODUÇÃO DO SOM

Os sons da fala são resultados, quase todos, da ação de órgãos sobre a corrente de ar vinda
dos pulmões.
Os sons da fala são produzidos no momento da expiração.
Para a produção dos sons da fala, opera-se uma série de tensões e contrações no aparelho
respiratório e na parte superior do aparelho digestivo. O aparelho fonador é um excelente
instrumento para a produção dos sons. Os órgãos constutivos do aparelho fonador são, além de
músculos e nervos, palato duro, palato mole, úvula, bochechas, fossas nasais, faringe, laringe, glote,
dois pares pequenos de músculos (as pregas, cordas vocais), a traquéia e os brônquios.

O APARELHO FONADOR
O aparelho fonador é formado por:
Boca – que é limitada à frente pelo dentes e pelos lábios, em
cima pelos alvéolos e pela abóbada palatina, atrás pelo véu palatino,
aos lados pelas bochechas, embaixo pela língua.
Fossas nasais – que começam nos orifícios nasais e
terminam na faringe.
Faringe – que é o canal
misto que dá passagem aos
alimentos da boca para o esôfago e
ao ar das fossas nasais (ou da boca) para a laringe.
Laringe – que é o canal que dá passagem ao ar da faringe
para a traquéia, tendo na sua entrada a epiglote e, na sua parte
média, as cordas vocais, que são os órgãos da voz mais importantes.

COMO O SOM É PRODUZIDO?


Há duas fases principais na produção do som: inspiração e
expiração.
A inspiração é a chegada do ar aos pulmões. O trajeto do ar
percorre os vários órgãos do aparelho fonador provocando a dilatação da caixa torácica, ocasionada
pelo abaixamento do diafragma e pela elevação das costelas.

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Na expiração, o diafragma e as costelas voltam à posição normal e o ar é expelido dos


pulmões. É nesta saída do ar que o som é produzido.

COMO O SOM SE PROPAGA?


O som da voz percorre trinta e cinco metros em um décimo de segundo. O ouvido distingue
uma sílaba em um décimo de segundo. O som da voz se propaga em ondas. A voz empurra o ar
produzindo compressão à frente e deixa atrás de sim um espaço vazio, a rarefação.
O som é uma energia propagada pelas ondas de
compressão e ondas de rarefação. Mede-se o som em
decibéis.
Em um salão ou recito de mais de trinta e cinco
metros há necessidade de cautelar ao falar. As paredes são
boas refletoras do som, mas as pessoas e as roupas
absorvem-no. Em locais grandes é necessário que se fale devagar para evitar eco.

RESPIRAÇÃO
O primeiro cuidado que se deve tomar para que a voz adquira a qualidade desejada é respirar
corretamente. Existe normalmente falta de sincronismo fono-respiratório, o que prejudica
sensivelmente a fabricação da voz mais adequada. Algumas pessoas falam quando ainda estão
inspirando ou continuam a falar quando o ar praticamente já terminou. Assim, não há aproveitamento
da coluna de ar que deveria ser formada pelos foles pulmonares, exigindo um esforço excessivo das
últimas partes do aparelho fonador.
A respiração mais indicada para falar é aquela que utiliza inspiração costo-diafragmática e
expiração costo-abdominal, como fazem os bebês quando estão dormindo.
A respiração é a energia da fala. Sem a respiração equilibrada, o som não se realiza. Além
disso, controlar a respiração é uma maneira de controlar o lado emocional também. A inspiração
profunda tira a tensão.
Alguns meios de equilibrar e garantir a expressão clara da fala:
- Nunca emitir um som sem ter os pulmões cheios;
- Nunca falar inspirando, isto é, quando estiver colocando ar dentro dos pulmões;
- Nunca respirar no meio de uma palavra ou frase: quebra o sentido e ritmo;
- A respiração deve ser profunda, frequente, silenciosa e abdominal;
- A posição do tórax deve ser mantida ereta;

Exercícios para a respiração


- Beber um copo de água e, com a boca fechada, ficar durante vários minutos sem engolir o
líquido; se encontrar dificuldade é porque provavelmente sua respiração é predominantemente bucal.
- Inspirar e expirar lentamente fingindo pegar laranjas no pé;

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- Inspirar lentamente e vibrar a língua;


- Encher um balão sem encher a bochecha;
- Coloque uma mão na barriga e a outra no peito: Inspire e expire.
Observe qual das mãos vem para frente primeiro na inspiração. Se a da
barriga vier para frente primeiro, parabéns! Se a do peito vier para frente,
treine até conseguir respirar sem levantar os ombros e sem estufar o peito.
- Solte todo o ar murchando a barriga. Fique algum instante sem
respirar. Relaxe a barriga para fora deixando o ar entrar naturalmente sem forçar sua entrada. Se você
fizer isso algumas vezes, perceberá que o ar entrará sozinho, pois sua entrada acontece naturalmente.
(Esse exercício também serve para a elasticidade da musculatura).

A RESPIRAÇÃO CORRETA
Respirar devagar e profundamente melhora o fluxo de oxigênio para o corpo e, assim, o fluxo
de sangue para o cérebro. Isto o ajuda a pensar com clareza, a ordenar os pensamentos ao ler.
Inspirar mais oxigênio também melhora o fluxo de ar para as cordas vocais, o que dá clareza à voz e
a mantém calma.

2. A VOZ

A voz determina a própria personalidade de quem fala. Se estamos alegres, tristes,


apressados, seguros etc., a primeira identificação destes comportamentos é transmitida pela voz. Por
que será que a voz reflete com tanta nitidez o que se passa no interior das pessoas? Desde a nossa
criação até os dias atuais, adaptamos certas partes do nosso aparelho digestivo e certas partes do
nosso aparelho respiratório para a fabricação da fala e construirmos assim o
aparelho fonador. Note-se, entretanto, que o aparelho fonador, embora exista
para a fabricação da fala, é uma adaptação do nosso organismo, e qualquer
problema de ordem física ou emocional será imediatamente revelado através da
voz.
Toda voz é suscetível de aperfeiçoamento, de tratamento. Basta que se
pratique os exercícios indicados por um fonoaudiólogo.
Na emissão da voz, temos elementos intensidade, timbre e tom.
É necessário que o leitor descubra onde a voz pode permanecer em ativa maior tempo.

O TIMBRE
É o resultado dos fenômenos acústicos que se localizam nas cavidades supra-laríngeas. É
modificando o volume, a tonicidade dessas áreas, assim como a dos lábios e das bochechas, que o
som fundamental, emitido pela laringe, vai ser enriquecido ou empobrecido voluntariamente segundo
a ordem, o número, a intensidade dos harmônicos que o acompanham e que são filtrados nestas
cavidades conforme a altura tonal e a vogal. (a, ã, e, é, ê, i, o, ó, u).

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O timbre é definido de diferentes maneiras. Fala-se do seu colorido e este está diretamente
relacionado com a forma dos ressonadores.
Estas diferentes formas acústicas são realizadas por mecanismos extremamente delicados, por
todo um conjunto de movimentos musculares e pela maior ou menor tonicidade.
Mas o timbre pode ser transformado com a utilização de certos métodos que o modificam,
enquanto é a realização do mecanismo fisiológico da voz que permitirá desenvolver e apreciar o
timbre natural de alguém.
Para ter um bom timbre de voz evite falar pelo nariz, de boca fechada, com a flor dos lábios,
muito depressa ou devagar demais.

O TOM
Dois aspectos, entonação e ênfase, contribuem decisivamente para o êxito de um discurso.
Sabemos que uma voz tediosa e pouco interessante cansa o público. O ato de baixar e
levantar o tom de voz fazem com que o discurso seja agradável ao público.
A ênfase da voz quando usada de um a forma apropriada transmite, ao ouvinte a idéia exata
do que se deseja comunicar. Muitos discursos são interpretados erroneamente porque o orador não
coloca ênfase em suas palavras e deixa a interpretação a critério do ouvinte.
As pausas permitem que o leitor respire, possa mudar o tom de voz e permite que o público
pense no que foi proclamado.
Use algumas regras:
 Faça pausa quando começar a falar;
 Faça pausa necessárias pela pontuação;
 Quando fizer uma pausa, faça-a claramente, evitando ruídos.
 Se for possível, marque com antecedência os momentos de pausas.
É importante que cada um descubra a nota em que soa melhor a sua voz e maneje-a com
cuidado. Há diversos tipos de tons, mas dois são principais:
1. Tom natural – exige uma voz modulada (velocidade normal e dicção correta);
2. Tom solene – o tom solene precisa de uma voz grave, vagarosa com pronunciação.
Entonação é a melodia da voz. Falar com a entonação certa é transformar a palavra em arte.
Assim como o pintor dá o colorido com a tinta à sua tela, o homem falante com a articulação da voz
compõe o seu texto de fala com o aparelho fonador.
Classificação simples do tom de voz:
Vozes masculinas: Tenor – Barítono – Baixo
Vozes femininas: Soprano – Mezzo Soprano e Contralto.

INTENSIDADE
A intensidade da voz depende do volume com que o som é produzido através da expiração do
ar dos pulmões (“fraca” ou “forte”).

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Não se deve falar alto, nem baixo, mas intermediário.

IMPOSTAÇÃO DA VOZ
Impostar a voz é falar no tom adequado para o momento, como se cada uma das palavras
representasse nota de um texto musical.
A palavra falada no texto obedece a normas formais. O texto falado possui uma flexibilidade
infinita, pois está ligado à personalidade de cada falante.
Conseguimos a impostação da voz através de exercícios e do uso correto do diafragma.

Alguns exercícios para a Impostação da Voz:


Vogal A
Com a língua descontraída no piso da boca e o ápice tocando na parte
posterior dos incisivos inferiores, abrir a boca sem tensão mandibular.
Esta é a forma da vogal. Se sonorizarmos, obteremos o som de A ou de Ã.
Com o véu palatino levantado, o som é oral. Com o véu palatino abaixado, o
som torna-se nasal, pois parte da corrente aérea passa pelo nariz.
Para a emissão dessa vogal, a laringe sobe.
Vogal Ó e Ô
Para emissão da vogal Ó, a boca está menos aberta do que para a vogal A.
Os lábios se projetam de forma circular, o ápice da língua toca no início do soalho da boca, e
o dorso da língua vai em direção ao palato mole.
Para o O, a forma circular é mais fechada e a língua mais recuada; a laringe desce.
Vogal U
Para emissão da vogal U, os lábios ficam em posição de franzido, com apenas
um orifício por onde vai passar o som. A ponta da língua se encontra mais recuada que
no Õ e a sua base se eleva em direção ao véu palatino. A laringe desce. E a vogal de
som mais grave.

O USO DO DIAFRAGMA
O diafragma é responsável pela respiração natural. Ao se contrair e se
abaixar, na inspiração, o diafragma precisa de espaço, empurrando assim os órgãos
do aparelho digestivo para baixo e para os lados. Se, como se faz na ginástica
aeróbica, eu tiver que encolher a barriga, para onde vão os meus órgãos do
aparelho digestivo? Serão comprimidos ate o extremo, ou a inspiração vai ficar
prejudicada. Na maioria das vezes a respiração é que sofre com isto.
Outro problema da inspiração forçada do estilo aeróbico está na força desnecessária que se
faz para estufar o peito. Os músculos intercostais são, por natureza, muito fracos e, qualquer

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Pastoral da Liturgia 12

movimento forçado e repetitivo gera um cansaço desnecessário e prejudicial à ação de quem usa a
voz.
O jeito correto de se inspirar e expirar é movimentando o abdômen, respectivamente, para
fora e para dentro. Em outras palavras, ao se inspirar estufamos o abdômen, e ao expirar o
encolhemos. Desta maneira, na inspiração, estamos favorecendo o deslocamento dos órgãos do
aparelho digestivo para frente, deixando espaço para o diafragma se contrair e descer livremente. Na
expiração, ao contrario, encolhemos o abdômen, assim favorecendo o movimento de subida do
diafragma que, empurrado pelos órgãos do aparelho digestivo e pela musculatura do abdômen,
esvazia os pulmões com mais facilidade e menos força. Isto é apoio.
A inspiração natural começa de baixo para cima,
em nosso corpo. Isto resulta primeiro em expansão
abdominal e intercostal devido ao abaixamento do
diafragma, e apenas depois, na expansão antero-
posterior do tórax. Isto quer dizer que, mesmo não
movimentando o tórax através dos músculos intercostais,
ele se movimenta, obviamente, devido ao enchimento
dos pulmões de ar.

Exercícios para o diafragma:


1- Sentado na ponta da cadeira com os braços sobre o joelhos bem relaxados e com as mãos
quase encostando no chão.. puxe o ar PELO NARIZ até onde conseguir... não force muito, tente
puxar o ar pra atrás nas costas, seu abdômen deve encher. Depois da inspiração solte em
SSSSSSSSSSSSSS... Repita esse exercício umas 10 vezes no mínimo todos os dias...
2- Esse é a mesma coisa do outro a diferença é que você deve por a mão atrás das costas nas
costelas quando for fazer o SSSSSSSSSSS... e não faça tudo junto faça
SSS...SSSS...SSS..SSS...SSS... você deve sentir o tórax inchando na palma de sua mão expanda bem
o ar pra q vá bem atrás nas costelas.
3-Agora é imitar tipo uma pessoa que vai voar! Isso mesmo! Relaxe seus braços e deixe-os
cair sobre a parte exterior das cochas.. agora inspirando o ar vá puxando o ar até que os braços
fiquem da altura dos ombros... puxe um pouco de ar até onde conseguir mais não force... Lembrando
que o ar deve se puxado pelo nariz... O ar deve ser sentido no osso esterno, aquele que une as
costelas no peito... Tente encher o Maximo possível mais não force... Na hora inspirar! NUNCA EM
hipótese alguma LEVANTE OS OMBROS... se tiver levantando volte ao exercício 1. depois que
encheu bem o tórax.. solte o ar (expiração)...
Vale lembrar QUE DEVE DEIXAR A POSTURA RETA! PERFEITA! NÃO LEVANTE O
OMBRO!!!

CUIDADOS COM A VOZ


1) Cuidar da saúde;
2) Fazer higiene vocal, sempre que necessária;

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Pastoral da Liturgia 13

3) Aprender a relaxar-se para produzir o som sem esforço; isto significa relaxar a tensão
excessiva dos músculos, nunca abandonar-se a uma postura inadequada ou cair numa hipotonicidade
ineficiente;
4) Aprender a respirar corretamente;
5) Aprender a emitir uma voz valorizada, focalizando o som de modo a que os ressonadores
(cavidade bucal, nasal e faringe) operem livremente e articulando com nitidez a voz falada, o que não
só favorece a dicção, mas a própria emissão da voz, além de assegurar maior expressividade;
6) Manter boa postura;
7) Beber água frequentemente durante o dia;
8) São indicados: maçãs, sucos cítricos, goles de água fresca, em temperatura ambiente;
9) Vestuário: usar roupas leves e folgadas, sapatos baixos e de material natural.

O QUE FAZ MAL À VOZ?


1) Ar-condicionado: ocorre uma agressão à mucosa das pregas vocais, pois o resfriamento do
ambiente é realizado através da redução da umidade do ar, consequente ressecamento do trato vocal,
o que induz a uma produção da voz com esforço e tensão.
2) Temperatura: o clima frio e úmido pode afetar o trato respiratório, favorecendo
inflamações e infecções que impedem a livre função vocal. O clima melhor indicado é frio e seco.
3) Alimentação: alimentos pesados e muito condimentados lentificam a digestão e dificultam
a movimentação do músculo do diafragma. Alimentos leves, verduras e frutas bem mastigadas,
relaxam a musculatura da mandíbula.
4) Sugerimos evitar: chocolates, leite e derivados antes do uso intensivo da voz. Evitar
também bebidas gasosas,"sprays", balas e pastilhas.
5) Evitar: roupas ou adereços apertados, principalmente na região do pescoço e na cintura,
sapatos altos e com solas de borracha.

Exercícios para os músculos faciais


1 – Dê um larguíssimo sorriso, contraindo todos os músculos faciais.
Conte até cinco, e solte-os demoradamente. Repita a sessão cinco vezes.
2 – Assopre os lábios de dentro para fora, como o relinchar de um cavalo
cinco vezes ao dia. Isso fortalecerá os músculos labiais, permitindo maior
intensidade ao pronunciar algumas palavras.
3 – Brinque diante do espelho contando histórias, fazendo caras e caretas.
Mude de voz, de grossa para fina, de masculina para feminina. Faça sons de animais,
imite pessoas. Fale com emoções diferentes; medo, pânico, ingênuo, feliz etc... O
que deixará mais versátil na leitura, lhe dará leveza nas pronúnicas além de você
poder desenvolver emoções através do sons. Divirta-se!

Rodrigo Demetrio | Entendendo a voz


Pastoral da Liturgia 14

ALGUMAS DICAS
Volume: Use o volume da voz de acordo com o ambiente. Observe a acústica do lugar, a
distância em que se encontram aos últimos fiéis e se algum ruído poderá interferir na compreensão
da mensagem. Depois dessa avaliação determine o volume de voz mais
apropriado para a circunstância. De maneira geral procure falar um pouco mais
alto do que seria necessário para que as pessoas pudessem ouvir. Assim, se tiver
de falar para um grupo de 20 ouvintes, fale como se a platéia fosse de 50, se tiver
de falar para 50, fale como se fossem 100. Falando um pouco mais alto, desde
que o volume não agrida os ouvintes, evidentemente, poderá demonstrar mais
envolvimento e interesse pelo assunto que tratar.
Velocidade: A velocidade da sua fala deverá ser sempre de acordo
com suas características e o sentimento da mensagem. Não existe,
portanto, um padrão de velocidade. Fale mais rápido ou mais devagar de
acordo com a sua dicção e a emoção transmitida pelo texto bíblico. Por
exemplo, se falasse “Então Eliseu deixou os bois e correu atrás de Elias”, a
fala deveria ser mais rápida; se, entretanto, dissesse “Tomando o menino
do regaço, levou-o ao quarto de cima, onde ele pernoitava, e o deitou sobre
o leito”, deveria falar mais devagar para que a mensagem fosse
interpretada de maneira adequada.
Ritmo: A alternância do volume da voz e da velocidade da fala torna a
comunicação mais atraente e estimulante. O fato de falar mais rápido, mais
devagar, mais alto, mais baixo, motiva o ouvinte a acompanhar a mensagem com maior interesse.
Portanto, evite falar com aquele tom único, desinteressante que aos poucos vai dando
sonolência na platéia. Um bom exercício para melhorar o ritmo e a cadência da fala é fazer leituras
frequentes de poesias em voz alta.

3. DICÇÃO

A palavra dicção inclui o ato de dizer, a pronunciação correta dos vocábulos. É necessário
que o leitor, o falante, articule perfeitamente as vogais e as consoantes.
São importantes os acentos tônicos, as sílabas finais e ritmo, os
acentos prosódicos e fraseológicos. A imagem é a vida na leitura.
Palavras belas, ditas ou lidas com uma má voz, se tornam feias.
Quanto à dicção, que é a pronúncia dos sons das palavras, notamos
que a sua deficiência é quase sempre provocada por problemas de
negligência. É costume quase generalizado omitir os “r” e os “s” finais, como, por exemplo: “leva”,
no lugar de levar, “trazê” no lugar de trazer, “fizemo” no lugar de fizemos, da mesma forma que se
omitem comumente os “is” intermediários: “janero” em lugar de janeiro, “tercero” em lugar de
terceiro etc. Outros erros de dicção provocados pela negligência é troca do “u” pelo “l” e omissões
de sílabas: “Brasiu” no lugar de Brasil, “pcisa” no lugar de precisa etc.

Rodrigo Demetrio | Entendendo a voz


Pastoral da Liturgia 15

Entre pessoas mais simples encontramos vários erros provocados por alterações fonéticas. É o
caso da hipértese, que é a transposição de som de um a sílaba para outra da mesma palavra: trigue
(tigre), drento (dentro), e da metátese, que é a transposição de som dentro de uma mesma sílaba:
troce (torce), proque (porque).
Certos vícios de linguagem também provocam erros na pronúncia das
palavras:
Rotacismo – É a troca do l por r: crássico (clássico), Cráudio (Cláudio).
Lambdacismo – é a troca do r pelo l: talde (tarde), folte (forte).

Erros mais comuns e como corrigir:


Omissão:
M, R e S no final das palavras
Certo Errado
Ontem Onte
Levar Leva
Vamos Vamo
Homem Home
Garagem Garage
Viagem Viage
O no final das palavras
Certo Errado
questão questã
D de alguns verbos
Certo Errado
Andando Andano
Pulando Pulano
Saindo Saíno
R de algumas palavras
Certo Errado
Próprio Própio
Apropriado Apropiado
Problema Poblema
I intermediário
Certo Errado
Janeiro Janero
Manteiga Mantega
Terceiro Tercero
Saleiro Salero
Omissão de sílabas
Certo Errado
Está Tá

Rodrigo Demetrio | Entendendo a voz


Pastoral da Liturgia 16

Acréscimo de letras no meio das palavras


Certo Errado
Advogado Adevogado
Bandeja Bandeija
Beneficente Beneficiente
Caranguejo Carangueijo
Prazerosamente Prazeirosamente
Troca de letras
Certo Errado
Abóbada Aboboda
Artesanato Artesenato
Braguilha Barguilha
Inversão de vogais
Certo Errado
Idoneidade Idoniedade
Espontaneidade Espontaniedade

A dicção perfeita requer o mecanismo das consoantes e vogais e domínio da respiração e


articulação apropriada das palavras. Para evitar os vícios de linguagem e corrigir os defeitos de
pronúncia podemos realizar os seguintes exercícios:

Exercícios para a dicção


Um ótimo exercício para melhorar sua dicção:
- Leia um texto de aproximadamente 10 linhas.
- Apanhe um lápis ou caneta e coloque-o na boca
e repita o mesmo trecho da leitura.
- Assim que terminar de ler, retire o lápis e repita
a leitura.
Você perceberá a diferença claramente.

Trava-línguas
Trava-línguas são ótimos para treinar a pronúncia e a
dicção.

Maria-Mole é molenga, se não é molenga,


Não é Maria-Mole. É coisa malemolente,
Nem mala, nem mola, nem Maria, nem mole.

O sabiá não sabia.


Que o sábio sabia.
Que o sabiá não sabia assobiar.

O doce perguntou pro doce


Qual é o doce mais doce

Rodrigo Demetrio | Entendendo a voz


Pastoral da Liturgia 17

Que o doce de batata-doce.


O doce respondeu pro doce
Que o doce mais doce que
O doce de batata-doce
É o doce de doce de batata-doce.

Olha o sapo dentro do saco


O saco com o sapo dentro,
O sapo batendo papo
E o papo soltando o vento.

A lontra prendeu a tromba do monstro de pedra e a prenda de prata de Pedro, o pedreiro.

Disseram que na minha rua tem paralelepípedo feito de paralelogramos. Seis paralelogramos tem um
paralelepípedo. Mil paralelepípedos tem uma paralelepípedovia. Uma paralelepípedovia tem mil
paralelogramos. Então uma paralelepípedovia É uma paralelogramolândia?

Lalá, Lelé e Lili e suas filhas,


Lalalá, Lelelé e Lilili E suas netas
Lalelá, Lelalé e LeLali e suas bisnetas
Lilelá, Lalilé e Lelali e suas tataranetas
Laleli, Lilalé e Lelilá cantavam em coro LALALALALALALALÁ.

A aranha arranha a rã. A rã arranha a aranha. Nem a aranha arranha a rã, nem a rã arranha a aranha.

Não confunda ornitorrinco com otorrinolaringologista, ornitorrinco com ornitologista, ornitologista


com otorrinolaringologista, porque ornitorrinco é ornitorrinco, ornitologista é ornitologista e
otorrinolaringologista é otorrinolaringologista.

Cinco bicas, cinco pipas, cinco bombas. Tira da boca da bica, bota na boca da bomba.

Bote a bota no bote e tire o pote do bote.

Quem a paca cara compra, paca cara pagará.

O peito do pé de padre Pedro é preto. Quem disser que o peito do pé de padre Pedro é preto, tem o
peito do pé mais preto do que o peito do pé de padre Pedro.

O rato roeu a roupa do rei do Roma. A rainha raivosa rasgou o resto.

Se cada um vai a casa de cada um é porque cada um quer que cada um lá vá. Porque se cada um não
fosse a casa de cada um é porque cada um não queria que cada um fôsse lá.

Um ninho de mafagafos, com cinco mafagafinhos, quem desmafagafizar os mafagafos, bom


desmafagafizador será.

Três tigres tristes para três pratos de trigo. Três pratos de trigo para três tigres tristes.

Rodrigo Demetrio | Entendendo a voz


Pastoral da Liturgia 18

O tempo perguntou pro tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu pro tempo que o
tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem.

Gato escondido com rabo de fora tá mais escondido que rabo escondido com gato de fora.

Se o bispo de Constantinopla
a quisesse desconstantinoplatanilizar
não haveria desconstantinoplatanilizador
que a desconstantinoplatanilizaria
desconstantinoplatanilizadoramente.

Cozinheiro cochichou que havia cozido chuchu chocho num tacho sujo.

Devora Dor Doída, Distante Da Dor Desmedida, Daquilo Dista Dimensões, Do Devorador Disto!

O que é que Cacá quer? Cacá quer caqui. Qual caqui que Cacá quer? Cacá quer qualquer caqui.

O tatuador tatuado tatuou a tatua do tatu. Tatua tatuada enfezada, tatuou o tatu e o tatuador já
tatuado!

Pardal pardo, por que parlas? Parlo porque sempre parlei, porque sou pardal pardo, parlador del-rei.

Essa casa está ladrilhada.


Quem a desenladrilhará?
O desenladrilhador que a desenladrilhar,
Bom desenladrilhador será !

O princípio principal do príncipe principiava principalmente no princípio principesco da princesa.

4. O MICROFONE

Seria difícil imaginar os dias de hoje sem a presença do microfone. Sua


utilidade é incontestável. Ele permite que a comunicação do orador seja mais
natural e espontânea, possibilitando falar a grandes platéias da mesma forma
como se conversa com uma ou duas pessoas. Mesmo possuindo todas essas
qualidades, o microfone, muitas vezes, é visto como um terrível inimigo,
chegando a provocar pânico em determinados oradores, principalmente naqueles
menos habituados com a tribuna. Isso ocorre por não se observar certos
procedimentos elementares, mas de capital importância a uma boa apresentação.

 Experimente o microfone antes de usá-lo.


 Fale, não grite, não sussurre, mas aja como se estivesse conversando com um pequeno
grupo de amigos. Isso não quer dizer que deverá falar baixinho, sem energia; ao
contrário, transmita sua mensagem animadamente, com vibração, mas sem gritar.
 Não sopre no microfone.

Rodrigo Demetrio | Entendendo a voz


Pastoral da Liturgia 19

 Não deixe o microfone na frente do rosto, permitindo que o


auditório veja o seu semblante. Deixe-o a um ou dois
centímetros abaixo do queixo. A posição ideal é de 10 cm da
boca, podendo variar de acordo com o tom de sua voz e da
sensibilidade do aparelho.
 Leia de frente para o microfone.
 Se estiver com o microfone na mão, mantenha o braço que o segura imóvel e faça a
gesticulação necessária com o outro braço.
 Ao ler, leia sempre olhando sobre o microfone; dessa forma o jato da voz será sempre
captado.Quando falar com as pessoas localizadas nas extremidades da sala, gire o
corpo de tal maneira que possa sempre continuar falando com os olhos sobre o
microfone.
 Cuidado com a respiração, o microfone registra-a e a amplifica.
 Para arrumar o microfone, desligue-o e arrume de acordo com sua altura.
 Não estenda os finais das palavras que, no microfone, faz com que o leitor cante.
 Quando for preciso segurar o microfone com a mão, o
cuidado com o jato de voz deverá ser o mesmo; nesse caso não
movimente a mão que segura o microfone e deixe-o sempre à
mesma distância.
 Enquanto estiver falando, não mexa no fio. É comum
observar leitores segurando, enrolando, ou torcendo o fio do
microfone.
 Quando for ler, não vire as folhas diante do microfone.
 Cuidado com as sílabas com P e B.
 Não fique em frente a caixas de som.
 O microfone do ambão pode estar na mesma altura do microfone do padre. O
microfone do animador e dos cantores devem estar em um mesmo volume, mas de
maneira que não fiquem acima do volume do microfone do celebrante. De modo
algum o volume de algum instrumento pode ficar acima do volume da voz do
celebrante, dos leitores ou mesmo dos cantores.

5. COMO LER EM PÚBLICO

Para que você possa fazer uma boa leitura deverá desenvolver e aprimorar algumas técnicas
básicas e se dedicar a um árduo treinamento. Para que saiba do trabalho que deverá enfrentar para
dominar a técnica da leitura talvez seja suficiente dizer que o tempo destinado ao preparo de uma
leitura em público é aproximadamente o tempo de lê-la vinte vezes em particular.

COMO SE PREPARAR PARA LER UM DISCURSO


Todos os aspectos que envolvem a leitura são importantes e precisam ser considerados, mas
dois itens da expressão corporal devem ser observados com cuidado redobrado: a comunicação
visual e a postura.

Rodrigo Demetrio | Entendendo a voz


Pastoral da Liturgia 20

A comunicação visual
Procure se lembrar de pessoas que você viu lendo em público. Provavelmente durante a
leitura a maioria deles não olhou ou olhou de forma inadequada para os ouvintes. Você deve ter
observado que alguns não tiraram os olhos do livro, parecendo até que conversavam com o papel, e
não com a assembleia; enquanto que outros olharam tão rapidamente, que davam a impressão de
querer apenas certificar-se de que a assembleia ainda não havia fugido; é provável também que tenha
encontrado outros que só levantavam rapidamente os olhos, sem olhar para ninguém, como se
estivessem concentrados em algum tipo de monólogo interior.
Para que sua leitura seja correta, você não precisará olhar para os ouvintes o tempo todo, mas
deverá ter comunicação visual com eles durante as pausas mais prolongadas e no final das frases.
O procedimento é bastante simples, olhe para o público ao dizer as duas ou três últimas
palavras de cada frase ou as que precedem as pausas mais expressivas. Se você não estiver
acostumado a agir dessa maneira, no início talvez encontre um pouco de dificuldade, mas com
alguns exercícios se habituará a fazer, em silêncio, uma rápida leitura dessas duas ou três palavras e a
pronunciá-las, quando já estiver olhando para o público, com a cabeça levantada, pousando os olhos
nos ouvintes para que percebam o contato visual.
Se for possível, prepare o texto para a leitura. Use apenas os dois terços superiores da página,
pois esse cuidado ajudará no processo da comunicação visual. Se utilizar o terço inferior, ou será
obrigado a baixar muito a cabeça para ler ou precisará subir em demasia a folha, correndo o risco de
seu rosto não ser visto pelos ouvintes. São pequenos detalhes que vão tornando sua leitura mais
cômoda.
Não tenha pressa. Depois de olhar para os ouvintes, volte ao texto com calma, sem
precipitação. Essa calma o ajudará a manter o domínio da leitura e poderá dar mais expressividade à
mensagem.
Uma boa dica para você não se perder durante a leitura, enquanto olha
para os ouvintes, é acostumar-se a marcar a linha de leitura usando o dedo
polegar. Dessa forma, quando retornar ao texto para a sequência da leitura,
saberá exatamente onde a interrompeu. O Lecionário já possui um espaço
maior entre as linhas para facilitar isso.
Quanto mais você puder olhar para a assembleia, será mais eficiente. A partir da observação
do comportamento dos ouvintes, para se adaptar à reação deles, é falar com mais ou menos emoção,
de maneira mais ou menos vibrante. A finalidade da comunicação visual com a assembleia, portanto,
é a de valorizar e prestigiar a presença das pessoas presentes, fazendo com que se sintam incluídas e
possam se interessar mais pela mensagem proclamada. Para que esse objetivo seja atingido, distribua
o contato visual olhando na direção da platéia, ora para quem está à esquerda, ora para quem está à
direita.
Você passará a ter um bom contato visual com o público depois de treinar a leitura de dez a
15 vezes. Um treinamento bem-feito permitirá que você saiba quais palavras deverá pronunciar

Rodrigo Demetrio | Entendendo a voz


Pastoral da Liturgia 21

apenas com uma rápida passada de olhos sobre o texto. Entretanto, se essa prática fizer você decorar
toda a leitura, quando estiver diante da assembleia, esforce-se para ler.

Escolha seu próprio método de marcações


Desenvolva um método próprio para fazer marcações no seu discurso, como traços verticais
para indicar as pausas mais expressivas e traços horizontais embaixo das palavras que necessitam de
maior ênfase na pronúncia.
Não existe regra única para marcar um texto, e você deverá escolher o tipo de sinal com o
qual mais se adapte e que facilite a interpretação da sua leitura. Talvez você prefira o uso de canetas
coloridas, ou, quem sabe, se sinta mais à vontade marcando todo o texto com detalhes. Pode ser
também que, para o seu estilo, seja mais apropriado assinalar apenas algumas partes que considere
mais importantes.
A marcação cumprirá sua finalidade desde que permita treinar as pausas e as ênfases de modo
correto. O que precisa ser evitado é que você, por não ter marcado o texto, faça, a cada treinamento,
uma pausa num lugar distinto e ponha ênfase também em palavras diferentes. Assim, no momento da
apresentação, ainda poderá se sentir inseguro, por não saber se dará ou não ênfase à palavra correta
ou se promoverá a pausa expressiva no local mais conveniente.
Você poderá também marcar o final das frases e as pausas mais significativas com dois
traços, isto é, um além do já existente para a pausa expressiva, para indicar o momento de olhar para
a platéia. Porém, jamais marque o Lecionário: caso seja necessário, providencie uma cópia da página
a ser proclamada ou marque o folheto litúrgico.
Ao ler, procure dar vida ao texto. Alterne a velocidade da fala e o volume da voz. Pronuncie
as palavras usando a inflexão da voz de acordo com o sentido da mensagem. Cuidado para não
incorrer no erro comum de sempre diminuir ou aumentar o volume de voz no final das frases: alterne
de acordo com a natureza do que está sendo transmitido e com a expressividade que pretende
empregar. Em tempo: nunca leia um texto falando como se recitasse. É um estilo de comunicação
incorreto e tedioso.

6. POSTURA

Alguns conselhos para posicionar-se corretamente:


 Ao levantar-se para ir ao ambão, respire profundamente e ande com calma, respirando
normalmente, balançando lentamente os braços. Não deixe para
arrumar a roupa ou os cabelos nesta ocasião;
 Inspire bastante ar e solte-o levemente pela boca. Assuma a
posição correta do leitor.
 Sinta os pés firmes no chão, não muito afastados um do outro e
com os joelhos levemente flexionados, as mãos caídas
naturalmente ao lado do corpo, punhos fechados, mas não
crispados;

Rodrigo Demetrio | Entendendo a voz


Pastoral da Liturgia 22

 Mantenha o busto bem posto, ombros para trás, cabeça erguida permitindo ampla
ventilação dos pulmões para bem falar;
 Relaxe todos os músculos, principalmente os do maxilar, o que dá uma sensação de
bem estar;
 Deixe a boca levemente aberta como se fosse pronunciar letra “A”, enquanto olha
calmamente toda a platéia (sem fixar o olhar em alguém em
especial) durante alguns segundos;
 Evite toda a atividade que distraia o público, como ou balançar-se
para frente e para trás ou de lado;
 Evite a todo custo manter as mãos atrás das costas, nos bolsos,
apoiadas sobre a mesa, ou braços cruzados etc.;
 Apoiar-se jogando o peso do corpo totalmente sobre a perna
esquerda ou sobre a perna direita(caracteriza uma atitude incorreta, que retira toda a
elegância do posicionamento);
 Abrir demasiadamente as pernas, como se fossem um compasso, forma uma figura
grotesca;
 Normalmente as pernas deverão ficar afastadas a uma distância de aproximadamente
um palmo (cerca de 20 centímetros) é o que dará bom equilíbrio ao corpo e
promoverá uma postura elegante. Se uma das pernas estiver um pouco mais à frente, o
equilíbrio poderá ser maior;
 As mulheres, principalmente quando estiverem usando saia ou vestido, poderão
colocar uma das pernas um pouco à frente da outra. É uma postura elegante, embora
deixá-las levemente afastadas também não seja errado.

7. SUPERANDO O MEDO

Antes de começar a falar com seus ouvintes, é necessário saber como


controlar o medo e a insegurança. Tais sentimentos são frequentes e atacam
até mesmo pessoas acostumadas a muito tempo a lidar com público.
Contudo, existem alguns meios de minimizá-los.
O medo é inevitável. O que resta a fazer é reduzi-lo, controlar seus efeitos e até fazê-lo
trabalhar a nosso favor. O medo pode ser uma vantagem, se considerarmos
que ele fará com que se esteja sempre atento às mais variadas
circunstâncias.
Como primeiro passo saiba que você não é a única pessoa que tem
medo. Uma das razões de você sentir medo é simplesmente pelo fato de
você não estar acostumado a falar em público. Com o tempo e a prática, o
grau de nervosismo tende a diminuir. Entretanto, enquanto isto não
acontece, vejamos o que você pode fazer para se ajudar:
a) Quando o medo aparece, encare-o normalmente, torne-o seu aliado;

Rodrigo Demetrio | Entendendo a voz


Pastoral da Liturgia 23

b) Controle seu nervosismo: evite atitudes como roer unhas, fumar descontroladamente, andar
de um lado para outro, pois isto somente fará aumentar sua tensão. Tente deixar seu corpo em
posição descontraída, solte os braços e as pernas, respire profundamente;
c) Tenha uma atitude correta: demonstre pela sua postura um comportamento seguro e
confiante, sorria olhando para todos e não hesite. A assembleia ficará atento quando ouvir alguém
que demonstra um atitude equilibrada. Com o tempo você se acostumará a comandar seu corpo e
agirá naturalmente, adquirindo e transmitindo segurança;
d) Desenvolva sua autoconfiança, pense positivamente. Predisponha sua mente para o
sucesso. Ficar pensando nos erros que poderá cometer irá deixa-lo mais inseguro;
e) Não adquira vícios, pois mexer nas folhas do Lecionário, fitas, fio do microfone, não
poderá lhe oferecer segurança. Acostume-se a não colocar os cotovelos sobre o ambão, não apoiar-se
ora numa perna ora em outra. Enfrente o medo sem artifícios para controlá-
lo mais rapidamente, sem fugas. Descarregue o excesso de tensão
apertando as mãos, alongando o corpo e soltando os braços. Faça isso
somente uma ou duas vezes e sem ser visto pelo público;
f) respiração: o nervosismo deixa a voz enroscada na garganta e as
palavras saem com dificuldade. Tossir, pigarrear, além de ser desagradável
para quem ouve, não vai resolver seu problema. Se este desequilíbrio,
ocorrer, mantenha a tranquilidade, respire profundamente. Antes da Missa, faça exercícios para soltar
as cordas vocais e a mandíbula;
g) A prática lhe dará segurança: com o tempo a insegurança tende a passar.

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Pastoral da Liturgia 24

III. ATUAÇÃO DA PASTORAL DA LITURGIA

1. OS “COMENTÁRIOS” OU MONIÇÕES

Uma parte da Santa Missa a que estamos bastante habituados são as monições, chamadas
erroneamente de “comentários”.
Na celebração litúrgica, monições são como “introduções”, as quais prestam o serviço de
“iniciar”, despertar, dispor a assembleia para a escuta atenta da Palavra. Para usarmos um termo dos
Meios de Comunicação Social, estas “introduções” poderiam ser comparadas às “chamadas” que
anunciam e preparam a assembleia para a escuta do Senhor.
Os “comentários” não têm a finalidade de dar informações catequéticas ou moralistas, mas
devem ser mistagógicos, isto é, conduzir a assembleia à plena participação da ação litúrgica. Devem
ser convites de cunho espiritual, sempre discretos, orantes, a serviço do diálogo entre Deus e seu
povo reunido, portanto, sem interrupção do fluxo do rito. Vale lembrar um dos princípios na ação
litúrgica: “que as nossas palavras na Liturgia não neguem a Palavra, mas a sirvam”.
A Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia (CEPL) da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB), em julho de 2007, fez o seguinte pedido: “Pedimos não mais usar a palavra
“comentarista” ou “comentário” em nossos folhetos, visto que não é este o espírito das monições
apresentadas. Muitos usam a palavra “animador” que, mesmo não sendo a ideal, é a que mais se
aproxima da função litúrgica exercida por esta pessoa”1.

O ANIMADOR DA CELEBRAÇÃO
Segundo o Missal Romano, essa é uma função que cabe por excelência ao sacerdote
presidente da celebração, mas que pode ser delegada a um leigo. São previstas monições ou
admoestações para:
 Antes da procissão de entrada; caso o sacerdote as faça, serão após a saudação inicial
e antes do Ato penitencial: essa monição tem o objetivo de introduzir os fiéis na missa
do dia;
 Antes da Proclamação das Leituras, na Liturgia da Palavra: essa monição deve ser
uma breve introdução à Palavra a ser proclamada, se possível abarcando o espírito
comum da mensagem transmitida nas Leituras e no Evangelho. Não se pode fazer
uma monição para cada leitura, pois isso quebra o ritmo da celebração, e já há um
momento específico para explicação da Palavra, que é a homilia;
 Antes da Oração Eucarística: contudo, é reservada somente ao sacerdote;
 Antes da despedida do povo, como encerramento da celebração, mas reserva-se
somente ao sacerdote.

1
Nota da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia aos redatores dos “folhetos litúrgicos” a respeito das
monições (comentários) antes da Liturgia da Palavra.

Rodrigo Demetrio | Atuação da Pastoral da Liturgia


Pastoral da Liturgia 25

Em ocasiões especiais, podem surgir necessidades de se expor de forma detalhada algum


aspecto da celebração, como em missas de crisma, bodas, ordenações ou festividades especiais.
O animador deve fazer as monições de um lugar separado do ambão, de modo a se deixar
claro a diferença entre estas introduções e a Palavra de Deus revelada. Também pode ele apresentar
as intenções pelas quais se celebram aquela santa missa, e, ainda, comunicar os avisos da
comunidade, caso esteja preparado para isso.
É bom que o animador evite expressões como “em pé”, “sentados” “cantando” ou outras
expressões. “A assembleia litúrgica não é apenas destinatária da ação litúrgica, mas é protagonista,
povo sacerdotal, não dependendo de “palavras de ordem” para participar. A liturgia não é apenas
“palavra” mas uma ação ritual-simbólico-sacramental. Por isso, muito mais do que um “comentário”,
é a atitude do leitor, do salmista, do diácono ou do presidente da assembleia que vai ajudar para que
a Palavra seja ouvida e acolhida” 2.

2. A PROCLAMAÇÃO DAS LEITURAS

Para se compreender melhor a liturgia da Palavra é necessário distinguir entre a liturgia


dominical e a liturgia dos dias da semana.
A liturgia dominical é dividida em três anos, nos quais a
Igreja procura ler toda a Bíblia. Nos dias de domingo e solenidades o
esquema das leituras é o seguinte: Primeira Leitura, Salmo,
Segunda Leitura, Aclamação ao Evangelho e Evangelho. A
primeira leitura e o evangelho tratam geralmente do mesmo assunto,
para mostrar Jesus como aquele que leva à plenitude a antiga
aliança; o salmo, é uma meditação da leitura, uma espécie de
comentário cantado - daí ser insubstituível; a segunda leitura é sempre extraída de uma carta dos
apóstolos, geralmente de São Paulo.
Já a liturgia dos dias da semana não apresenta a segunda leitura.
Ao se proclamar as leituras, não se deve nunca falar: “Primeira Leitura”, “Segunda Leitura”,
mas inicia-se logo: “Leitura do Livro de...” ou “Leitura da Carta de...”. Ao finalizar, se fala: “Palavra
do Senhor”, e não “Palavras” (a Bíblia é uma só Palavra de Deus!!!) e muito menos outros enfeites e
floreios, como “Irmãos, Palavra do Senhor”, “Estas são as Palavras do Senhor”, ou erguer o
Lecionário (só se pode erguer o Evangeliário, e apenas o diácono pode fazer isso) e muitas outras
coisas que se veem por ai.

PREPARAÇÃO DAS LEITURAS


Para proclamar devidamente as Leituras, elas devem ser preparadas.
O proclamador da Palavra é o seu primeiro ouvinte. Por isso, deverá ler e

2
Nota da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia aos redatores dos “folhetos litúrgicos” a respeito das
monições (comentários) antes da Liturgia da Palavra.

Rodrigo Demetrio | Atuação da Pastoral da Liturgia


Pastoral da Liturgia 26

meditar a leitura em casa, durante a semana para ser verdadeiro ministro da Palavra. Ele deverá
aprender a “sumir” diante de Cristo a quem empresta sua voz e seu jeito de comunicar.
Quem as proclama deve ao menos dar uma olhada no Lecionário e ai estudá-las. Por ser um
livro litúrgico, ao qual se deve verdadeiro respeito, e também pelo seu preço elevado, a Igreja tem
verdadeiro cuidado em sua conservação. Mas é sempre possível consultá-lo com antecedência na
sacristia paroquial ou mesmo através de outros subsídios litúrgicos, como os jornaizinhos ou folhetos
litúrgicos, missais para o povo, semanários ou revistas litúrgicas (como a Liturgia Diária e a Deus
Conosco), ou mesmo na internet, onde há vários sites disponibilizando o conteúdo diário das leituras
da Santa Missa, inclusive com comentários, como http://www.catolicanet.com/?system=liturgia,
http://www.cancaonova.com/portal/canais/liturgia/, http://www.mundocatolico.org.br/leitura.html,
http://www.domtotal.com/religiao/eucaristia/liturgia_diaria.php (este site possui também um breve
comentário a cada leitura e um resumo breve da vida do santo celebrado em cada dia), e muitos
outros. Há ainda Bíblias que trazem no final o elenco das leituras da Santa Missa, mas normalmente
o texto é um pouco diferente do texto litúrgico. Mas, sempre que se recorre a qualquer um desses
subsídios, é importante ler ao menos algumas vezes no Lecionário, pois pode haver algum erro em
algumas dessas edições, e o leitor pode ser surpreendido no ambão. Também se deve estar atento que
em determinadas situações poderão haver leituras mais apropriadas às circunstâncias.

Preparação pessoal para proclamar a Leitura


O leitor não pode ser um daqueles que andam com um véu na frente dos olhos e o coração e,
por isso, não compreendem as Escrituras (II Cor 3, 12-18). Um leitor que não entende o que
proclama, transmitirá dúvidas. Somente quem conhece a leitura
e acredita naquilo que lê, será capaz de fazer da leitura um
verdadeiro anúncio da Palavra.
Por isso, os leitores devem ter a oportunidade de fazer
cursos bíblicos, normalmente promovidos pelas paróquias e
comunidades, a fim de auxiliar nessa tarefa.
Principalmente as leituras das celebrações de domingo
devem ser preparados com muito esmero. O leitor que sabe que irá proclamar a Palavra pode já
começar a prepará-la no início da semana, lendo e estudando, assimilando-a como uma mensagem
pessoal, antes de proclamá-la na comunidade.

3. SALMOS

Salmo é uma palavra grega que significa uma oração cantada e


acompanhada de instrumentos musicais. São 150 ao todo, e formam o mais
extenso livro da bíblia. Nasceram para ser cantados, o que não quer dizer que não
se pode rezá-los. Porém a melhor forma de rezá-los é cantando, são composições
líricas, e constituem o livro de cantos do povo de Israel.

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Pastoral da Liturgia 27

O salmo, na missa, faz parte integrante da liturgia da palavra, não podendo por isso ser
omitido. É prolongamento da palavra bíblica, em sentido lírico-meditativo, tendo portanto o mesmo
valor da palavra de Deus. É também canto de repouso e de meditação.
Na liturgia, o salmo tem os nomes de "Salmo Responsorial", de "Salmo", simplesmente, e
também de "Cântico Bíblico". Este último porque também podem aparecer cânticos bíblicos que não
são tirados do livro dos Salmos, como é o caso do cântico de Moisés (Ex 15) e do cântico de Isaías
(Is 12), usados na Vigília Pascal do Sábado Santo, por exemplo.
É palavra de Deus: após a primeira leitura proclama-se o salmo. Cuidadosamente escolhido
ele tem relação direta com a primeira leitura.
Lugar de destaque: É palavra de Deus, por isso proclame-se da mesa da palavra,
preferencialmente do lecionário.
Forma mais comum: início do canto com o refrão, pelo salmista, sendo
repetido por toda a assembleia. Após cada estrofe, feito pelo salmista, volta-se
ao refrão com o povo. Por isso o nome Responsorial, ou seja, dialogal. Evite-
se falar no meio das estrofes: “refrão”, “todos”. (Já participei de uma missa na
qual o salmista gritava para a assembleia: “Força! Todos juntos, vamos lá!”)
Silêncio: Observe-se um pequeno silêncio entre a primeira leitura e o
salmo, cujo caráter é de interiorização.
Melodias: O refrão dos salmos apresenta ricas melodias, procurando traduzir o espírito da
letra. De preferência, o salmo deve ser preparado com antecedência pela equipe de canto e cantado
do ambão. Quando isso não for possível, um leitor o proclame.

4. PRECES

“Na oração dos fiéis ou oração universal, a assembleia dos fiéis, iluminada pela graça de
Deus, à qual de certo modo responde, pede normalmente pelas necessidades da Igreja universal e da
comunidade local, pela salvação do mundo, pelos que se encontram em qualquer necessidade e por
grupos determinados de pessoas” (IGMR 30).
O povo de Deus pede a Deus a graça de poder realizar a sua vontade e pede
por todos para que também possam realizar esta palavra e assim encontrar o sentido
para suas vidas. Pede pela Igreja, para que esta tenha coragem de continuar
proclamando esta palavra. Pede por aqueles que sofrem e pelas autoridades locais,
para que concretizem o Reino de Deus entre nós. Finalmente faz
seus pedidos pela comunidade local.
As orações da comunidade ou salmo reservam-se ao diácono, mas também
podem ser feitas por leigos.
A Oração Universal podem ser feitas do ambão ou de outro lugar
apropriado. Porém, deve-se ter sempre em vista que as preces são também uma

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Pastoral da Liturgia 28

expressão da Palavra proclamada, a Palavra feita oração, e o local mais conveniente para isso seria o
ambão.
As preces devem ser pronunciadas também em tom de oração de petição (súplica, ação de
graças etc.) e não somente como leitura de uma prosa.
O texto deve ser preparado com antecedência ou retirado de algum subsídio litúrgico
(jornaizinhos, folhetos, semanários e outros), verificando se é condizente com a celebração em si e
com o contexto em que se vive.

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CONCLUSÃO

OS DEZ MANDAMENTOS DO PROCLAMADOR DA PALAVRA

1. Conhecer a Palavra com antecedência: o proclamador da Palavra deve ler e conhecer o


texto a ser proclamado bem antes de realizar, o que supõe que a equipe de liturgia faça a preparação
e a escolha de cada leitor com antecedência da liturgia.
2. Refletir e meditar a palavra: ao conhecer a Palavra a ser proclamada, esta deve se tornar
“alimento” a ser saboreado com calma e profunda espiritualidade pelo leitor. A palavra que penetra
em seu coração e traz a novidade de Deus deve ser alimento da fé que inspira o leitor a compartilhar
desta experiência com todo o povo reunido na liturgia.
3. Escutar a Palavra: fazer-se “ouvinte atento” da Palavra que deve ser acolhida pela mente e
pelo coração. Sentir que Deus “fala” e que esta Palavra faz diferença para toda a vida daquele que a
ouve com atenção. Palavra que não é humana, mas divina e que deve chegar ao mais profundo do ser
para ser semente de boa nova
4. Proclamar a Palavra com clareza, calma e entusiasmo de quem anuncia uma mensagem de
salvação para todos: a Palavra é anúncio que deve ser acolhido e aprofundado na assembleia.
5. Proclamar a Palavra com solenidade: a Palavra é um anúncio que supõe seriedade e
solenidade, que exige uma proclamação - não ser confundir com palavra emocional, teatral ou leitura
de um texto. O leitor deve sentir o momento que está realizando e a dimensão que este
acontecimento exige em benefício de todos
6. Respeito e veneração da Palavra: Os gestos visíveis de vênia e de respeito para com a
Palavra possam ter significado de profunda consideração por algo sagrado que se celebra, ainda que
ninguém os veja.
7. Resposta a uma vocação: é um ministério que não pode ser confundido com oportunidade
para alguém fazer uma leitura, mas que compreende condições mínimas e adequadas para ser
exercida. Chamado de Deus a ser seu arauto é chamado à missão de serviço e de disponibilidade, de
testemunho, fé e vivência dessa mesma palavra na vida do leitor:
8. Ter caráter de serviço: Não ser confundido com “status”, cargo ou função, mas abranger a
dimensão de ministério litúrgico e de instrumento a serviço do Senhor, do povo de Deus e da igreja
9. Ter testemunho de vida: deve levar o leitor a um testemunho pessoal de vida cristã, em
todas as circunstâncias de sua vida, realizando em si mesmo aquilo que anuncia por meio de
palavras, coerência e esforço pessoal de interação entre fé e vida
10. Instrumento de comunhão: ser parte de um todo, onde cada membro que serve ao Senhor
seja instrumento de comunhão na liturgia, na comunidade, nos diversos ministérios e carismas e no
meio do povo. Membro do corpo místico de Cristo que realiza o amor - comunhão e misericórdia e
que se torna eixo de ligação entre todos.

Rodrigo Demetrio | Conclusão

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