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DA CAÇA AO URSO
Os homens da Idade da Pedra Lascada tinham uma dura existência, sustentavam-se com
os produtos da caça e da pesca, e a colheita de frutos e raízes. Nada sabiam da
agricultura, nem de como trabalhar os metais. Tampouco entendiam da modelagem de
vasilhas ou da fabricação de tecidos; as peles dos animais eram suas únicas vestimentas.
Serviam-se de cavernas e grutas como habitações, e preferiam as que tivessem entradas
para o sul ou para leste, e que por isso recebessem sol e fôssem protegidas contra o
vento frio, a chuva e a neve. Os homens da Idade da Pedra Lascada inventaram alguns
instrumentos da maior importância: as primeiras ferramentas e armas, feitas de madeira,
osso, chifre ou — o que é característico do período — de sílex tôscamente trabalhado.
Êste livro se inicia tratando da vida humana de há dez mil anos, e, portanto, quase do
fim da época da pedra lascada. Cêrca de quatro mil anos mais tarde principiaria a Idade
da Pedra Polida, na qual as armas e as ferramentas já seriam desbastadas e polidas.
Corno introdução, oferecemos alguns textos e gravuras dos tempos primitivos.
DA FERRAMENTA À MÁQUINA
O grande uso que tinham, na Idade da Pedra Lascada, os pequenos furadores de sílex é
demonstrado pelos mariscos e pérolas de madeira perfurados para pendurar no pescoço,
bem como pelas agulhas de marfim, perfuradas também, e que foram encontradas na
mesma camada da terra. Na Idade da Pedra Polida (de 4 000 a 2 000 anos antes de
Cristo), o furador passou a ter ainda maior importância. Servia, então, para perfurar
pedras a fim de se introduzirem nelas cabos de machados e martelos. Inicialmente, o
furador de sílex era articulado num bastão de madeira para uil&së girar entre as palmas
das mãos. A verrum-a representou um valioso melhoramento. Solução ainda mais
perspicaz foi, porém, descoberta: a corda de um arco era enlaçada em tôrno do
instrumento perfurante, e o arco, movido de um para outro lado. Pouco depois o
aparelho perfurante foi construído numa armação fixa. E que pensamento genial: como
furadores usaram-se também bastões de junco que, por meio de areia, posta por baixo
dêles, furavam em forma de anel!
CONSTROEM-SE ALDEAMENTOS
Os homens das habitações lacustres não edificaram suas residências isoladamente, mas
sim reunidas em aldeias, ou mesmo em cidades. Isso representou uma grande idéia e
real progresso. Realmente, novas condições de vida resultariam do fato de se
abandonarem as cavernas, que haviam sido habitadas desde os tempos pre históricos
Não terá sido tambem uma prova de sentimentos de comunidade e de colaboz ação o
terem os nossos antepassados deixado as suas casas esparsas para se reunirem em
aldeias O aldeamento lacustre de Morges cobria uma area de 40 000 m2 (400 x 100), no
de Robenhausen, junto ao Pfaeffikersee, calcularam se as estacas existentes em mais de
100 000 (*) O que e admiravel e que tão grandes obras tenham podido ser levadas a
cabo, durante muito tempo, apenas com instrumentos de pedra Dizem que as habitações
lacustres surgiram para proteção contra os animais ferozes e grupos inimigos Mas,
quando se indaga a habitantes lacustres, dos tempos atuais, que vivem em terras
tropicais, por que residem sôbre a agua, êles respondem ‘Por causa da higiene”.
A INVENÇÃO DO ARADO
Nada modificou tanto a face da Terra como o arado. As matas virgens tiveram de recuar
para que êle preparasse os campos cultiváveis, abrindo néles os seus sulcos.
Antiqüíssimas experiências haviam ensinado o homem a distinguir os vegetais
venenosos dos comestíveis. A idéia mais próxima dessa era foi, sem dúvida, a de
arrancar as plantas inútejs que cresciam em tôrno das casas. Onde, por causa dêsse
arrancamento a terra fôsse revolvida, aí germinavam Outras plantas com redobrado
vigor. Partiu daí a idéia de rasgar-se o chão e de fazer.se a sementeira sôbre o solo
revolvido. Empregou- se para êsse fim a enxada, a princípio simples pedaço de madeira
em forma de forquilha. A enxada se transformou em arado, quando, ao invés de ser
levantada para o golpe, passou a ser arrastada pelo solo. De acôrdo com êsse novo uso,
instrumento valioso foi construído, na Idade do Bronze. Grande aperfeiçoamento se
obteve depois, com a domesticação de bois, para que servissem como animais de tração.
O índio brasileiro empregava em suas derrubadas o machado de pedra encastoado em
madeira. Só com a chegada dos primeiros europeus, veio a conhecer o machado, a foice
e a enxada de ferro. Entretanto, muitos lustros se passaram ainda, até que, enfim, o
arado fôsse introduzido no Brasil.
AS PRIMEIRAS MINAS
Que imenso progresso foi realizado quando os homens da Idade da Pedra escavaram as
primeiras minas, quando penetraram o interior da terra para aproveitar seus tesouros
metálicos! Uma nova era começava, a do metal. O aproveitamento do carvão não era
ainda conhecido. Cavava-se à luz de tochas de madeira, com martelos de pedra e
picaretas de cobre a fim de encontrar-se sílex, cobre, zinco, chumbo e ouro. Os fenícios
deram grande impulso à mineração, e não tardou fôsse introduzida também na Grécia,
na Itália, na Espanha e em Portugal. No curso superior do Tigre, e na Índia, obtinham-se
grandes quantidades de ouro, prata e zinco. Os egípcios abriam minas por volta de 3000
a. C., no Egito superior e na península de Sinai. O desenvolvimento do poder e da
riqueza de Atenas fundava-se principalmente nos lucros das minas das montanhas de
Laurion. Plínio, o grande historiador romano, fala-nos da grande quantidade de minas
existentes nos territórios conquistados e dominados pelos romanos.
ANTIGUIDADE
A IDADE ANTIGA
A IRRIGAÇÃO PREVINE CONTRA A FOME
Quando o homem começou a se fixar ao solo, dedicando-se à agricultura, logo percebeu
que uma colheita má significava a fome, ou mesmo a morte, e que era principalmente
com tun bom sistema de irrigação que êle podia precaver-se contra êsse risco.
Especialmente nos países quentes, onde apenas raramente chovia, a agricultura e,
conseqüentemente, a fixação humana, só seriam possíveis com o emprêgo da irrigação
artificial. As mais antigas instalações para a irrigação dos campos foram construídas há
5 000 anos ou mais. Encontram-se junto ao Eufrates, na Síria, na Índia, no Egito e na
China. Construíam-se canais amplamente ramificados, com rodas e elevadores, para
fazer vir de longe a água e trazê-la até à superfície. Mais desenvolvidas eram as
instalações de irrigação feitas pelos mouros: encontram-se ainda hoje na Espanha e
estão mesmo em condições de utilização parcial. As instalações de irrigação da
Antiguidade foram seguidas pelas gigantescas reprêsas e canais, construídos pela
engenharia moderna.
BÚSSOLAS CHINESAS
Uma agulha magnética que flutue livremente toma, em conseqüência do magnetismo da
Terra, a direção aproximada de norte-sul; e permite, dessa forma, que se reconheça a
direção da abóbada celeste. Os chineses foram os primeiros a tirar proveito dessa
propriedade da agulha magnética, descobrindo a bússola. Seu precursor foi o carro
magnético dos chineses, veículo sôbre o qual uma pequena figura amarrada, com uma
pedra magnética, livremente se movia, e, com a mão, apontava o sul. É o que nos
mostra a gravura. Os carros magnéticos já eram utilizados, no ano de 235 a. C. No
século VIU os árabes conheceram a agulha magnética. Também Colombo e Cabral
utilizaram a bússola em suas viagens. Com o progresso da ciência e da técnica, a
bússola tornou-se recurso seguro para orientação nos mares, na terra e no ar. Foi,
certamente, descoberta de imensa importância, .que ajudou a descobrir novos países,
possibilitando, ao mesmo tempo, o desenvolvimento dos transportes e do comércio.
ESCULTURA HINDU
A escultura hindu é muito antiga. No correr dos tempos passou por diversas
transformações. Estêve primeiramente sob a influência persa, passando depois a sofrer a
influência grega. Posteriormente originaram-se obras de espírito puramente hindu: os
relevos e esculturas com representações da vida religiosa da Índia. No século IV,
principiou a época clássica da escultura do país. Provêm dessa época as grandiosas
estátuas de Buda, Siva e Vischnu. Templos magníficos, ricamente ornados com
esculturas maravilhosas, atestam ainda hoje o trabalho ingente e a capacidade criadora
dos antigos hindus. Depois do décimo século, porém, a escultura hindu adquiriu um
caráter mais decorativo. Os templos cobriran-se de trabalhos plásticos cujos motivos
eram restritos à religião.
O misterioso país das maravilhas , a Ídia, possui ainda hoje grande numero de templos
magníficos, erigidos em homenagem a seus deuses.
TECELÕES HINDUS
A arte de tecer chegou à Europa proveniente de países
longínquos da Ásia, como a China e• a Índia. Alguns milênios
antes de Cristo, os hindus já conheciam o tear. O pêlo macio
da cabra Kaschmir, o fio tênue e brilhante do bicho-da-sêda, e os fios da semente do
algodão forneciam material para delicados tecidos, que ainda hoje são apreciados em
todo o mundo. Panos de sêda pura eram usados já em épocas muito remotas para
vestimentas nupciais. Dakka era o centro produtor das finíssimas sêdas “musseline”.
Benares foi sempre celebrada por seus tecidos dourados e prateados. Os lenços
Kaschmir, coiiheciclos em todo o mundo por sua harmonia de côres, provêm da região
do mesmo nome. Do século XVI ao XVIII, foi muito grande a exportação para a
Europa. Ainda hoje a produção de mercadorias têxteis é a principal indústria da Índia.
Nove milhões e meio de fusos estão ai atualmente em atividade.
DEPÓSITOS DE CEREAIS
Trigo e cevada eram os principais produtos da agricultura que, desde tempos
imemoriais, floresceu no vale do Nilo. Por ocasião das colheitas fartas s egípcios
guardavam os cereais excedentes em grandes depósitos. Se a colheita era fraca por
causa da sêca, pu em virtude do flagelo dos gafanhotos, ficavam muito satisfeitos com o
que haviam guardado, pois assim se livravam da fome. Já a Bíblia nos narra episódios
dêsse tipo: lembremo-nos do sonho de José, dos sete anos gordos e dos sete anos
magros. Ainda na época de Roma, o Egito tinha o nome de Celeiro de Cereais, pois
exportava muitos para outros países. Os antigos egípcios possuíam um sistema de
irrigação excelente para a sua época, com reprêsas, açudes e extensa rêde de canais.
Hoje, os canais, que atravessam grandes extensões de terra, provêm da imensa reprêsa
de Assuã, que é uma maravilha da técnica moderna. Ela possibilita a irrigação regular
por ocasião das sêcas.
COLHEITA DO PAPIRO
A planta da qual se fêz pela primeira vez uma espécie de papel para escrever é o papiro.
Crescia ela em estado nativo e em grandes quantidades nas imediações da foz do rio
Nilo, mas hoje desapareceu dessa região. Já por volta do ano 3000
a. C., os egípcios utilizavam a polpa do papiro, depois de comprimida e preparada,
como papel. Com tinta indelével, feita de fuligem, e um talo de junco cortado (mais
tarde, com penas de bambu), foram escritas obras literárias das mais diversas espécies,
bem como documentos e cartas. Os mortos m acompanhados aos túmulos pelos
chamados “livros dos mortos”. Eram rolos de papiro com textos e gravuras que nos dão
notícia da cultura e da sabedoria daqueles tempos. Que progresso não representava essa
esèrita em papiro, em relação à penosa gravação dos hieróglifos na pedra! Os rolos de
papiro com escritos podiam ter muitos metros de comprimento. Fei encontrado um, de
cêrca de 40 metros, preparado na época de Ramsés III.
ESCULTORES E OURIVES
Com perfeita capacidade técnica, cinzelavam os escultores egípcios as suas estátuas de
granito, diorito, pedra calcária e outros materiais. Dava-se grande valor à representação
exata dos traços característicos do rosto. As formas do corpo, foram, porém, tratadas de
modo esquemático. Primitivamente, as estátuas eram feitas apenas para os túmulos.
Sõmente mais tarde, estátuas em tamanho natural passaram a ser colocadas nos templos,
ou diante dos portais de entrada das pirâmides. Também ourives e artistas de metais
diversos foram hábeis no seu trabalho, e emprestaram a suas obras formas de beleza
clássica. Os ourives criavam jóias de ouro e de prata, finamente cinzeladas, assim como
baixelas finamente trabalhadas. Introduziam pedras preciosas em anéis valiosíssimos,
talhavam gemas e as esculpiam em forma de escaravelho. Nas escavações, têm-se
encontrado mesmo pequenas estátuas, inteiramente de ouro.
ESTÁTUAS GIGANTESCAS
Nossa gravura representa escultores do antigo Egito trabalhando numa estátua
gigantesca. Tais obras ornavam as galerias dos templos. Eram representações de
poderosos reis ou de deuses. Ainda hoje podemos admirar as estátuas enormes do rei
Amenófis III, os chamados “Colossos de Menmon”. Também a estátua gigantesca de
Ramsés 1, que se quebrou e rolou por terra, dá testemunho de sua antiga beleza e
grandiosidade. Tinha 17 metros de altura, cinzelada num muco bloco de granito
vermelho de mais de mil tone
A Esfinge, diante da pirâmide de Quéops, com 19 metros de altura, tem mais de 5 000
anos de idade. Foi trabalhada na rocha viva. A cabeça humana, sôbre o corpo do leão
em repouso, tem os traços do grande rei egípcio Quefren. Tôdas estas representações
dão prova da alta cultura e da capacidade de trabalho e produção dos egípcios, que nos
parecem quase sôbre-humanos. Mais tarde, gregos e romanos serviram-se dessas obras
de arte como fonte de inspiração.
TEMPLOS GREGOS
Em suas linhas nobres, o templo grego resume tôda a beleza da antiga arquitetura. Seu
estilo próprio e harmônico originou-se do refinado espírito dos antigos gregos dos
séculos VII a IV a. C. As madeiras primitivas e os tijolos de argila, secados ao ar,
serviam de material de construção. Durante o período do apogeu, o mais fino mármore
foi preferido. Cenas cheias de movimento, do mundo dos deuses e das lendas, obras-
primas esculpidas em pedra, adornavam o frontispício dos templos, sôbre imensas filas
de colunas. As colunas da antiga arquitetura grega eram divididas em três categorias, de
acôrdo com a sua forma. A coluna dórica (estilo dórico) provinha da arquitetura da
Grécia coutinçntal; a jônia (estilo jônico) era a usada nos edifícios das colônias gregas
da costa da Ásia Menor, e a coríntia (estilo coríntio) originou-se, por
volta de 400 a. C., no istmo de Corinto.
O USO DE CALÇADOS
Náufragos, que durante muitos anos levaram uma vida semelhante à de Robinson
Crusoe, contam que conseguiam, pouco a pouco, fabricar os objetos e utensilios mais
necessários. Não conseguiram, no entanto, fazer bons calçados. A fôrça feiticeira que
era atribuída ao calçado, podemos conhecê-la através de muitas lendas e fábulas (A
Gata Borralheira, O Gato de Botas, O Pequeno Polegar, os costumes da festa de S.
Nicolau).
Considerava-se o calçado sinal de dignidade e de poder.
Antigamente o calçado consistia em simples peles amarradas aos pés.
Os gregos e romanos usavam sandálias. (A gravura nos
mostra uma senhora grega com o sapateiro).
Com o decorrer do tempo, a sandália na fabricação manual,
caseira, evoluiu para o sapato.
Em 1790 foi montada a primeira máquina para costurar
sapatos. No ano de 1810 passou-se a usar pregos de metal
para fixar a sola, e, em 1839, tornos.
Hoje, o calçado é fabricado principalmente a máquina. O papel do operário limita-se à
vigilância destas, ou a dirigir seus movimentos, na execução do corte, curvatura,
costura, montagem, etc.
PINTORES DE CERÂMICA
A Grécia antiga produziu grande variedade de vasilhame de barro, de formas muito
elegantes: xícaras, garrafinhas delgadas, ânforas. As oficinas de cerâmica, que
trabalhavam também para exportação, formavam todo um bairro de Atenas.
Encontraram-se grandes quantidades dos melhores vasos gregos nos túmulos etruscos
da Baixa Itália e no Sul da Rússia. Às vêzes os vasos eram cobertos apenas por uma
camada de esmalte, que, ao queimar-se, tornava-se vermelho, marrom escuro ou prêto
brilhante. Na maioria, porém, eram pintados, com motivos de lendas de deuses e heróis,
ou com representações alusivas aos acontecimentos da época. As vasilhas encontradas
narram-nos, muito mais minuciosamente do que a transmissão oral, o que foi a vida dos
antigos gregos. Através dêstes desenhos, recebemos uma imagem completa de sua
elevada cultura. Ao mesmo tempo, os desenhos dos vasos, belos na forma, dão-nos
conta da grande capacidade artística dêsse povo.
A ARTE
DE ESCREVER FAZ PROGRESSOS
Da antiga escrita de figuras, usada pelos chineses e egípcios, originaram-se as escritas
de palavras e sflabas. Os fenícios formaram, com diversas consoantes, uma escrita de
sílabas. Ésse alfabeto fenício tornou-se o ponto de partida de quase tôdas as escritas dos
povos cultos modernos. Os gregos receberam-no também dos fenícios, e o completaram
pelo acréscimo das vogais. A escrita grega tornou-se, por isso, o modêlo para o
desenvolvimento das formas européias de escrita. A denominação alfabeto deriva dos
nomes dos dois primeiros sinais da coleção de letras gregas, Alfa e Beta. Por isso, as
duas primeiras letras de nosso alfabeto são chamadas A e B. A trânsmissão da arte da
escrita é clara demonstração de quanto uns povos devem aos outros, e como se podem
desenvolver, com êsse auxilio mútuo, em relações pacíficas. A escrita é especialmente
apropriada para manter essas relações de paz, e para conduzir os povos a níveis de
progresso cada vez maiores.
A RETÓRICA
Nossa gravura representa o orador e estadista grego Demóstenes (384-322 a. C.) durante
um de seus inflamados discursos. A oratória (retórica) era, na Antiguidade, zelosamente
cultivada, pois a palavra era uma arma importante nas lutas políticas. Ainda não havia
jornais; a palavra era o melhor meio de se influir sôbre o povo. Existiam inúmeras obras
que ensinavam a eloqüência; os jovens gregos preparavam-se para oradores com
professôres de oratória. Estadistas, políticos e chefes militares da Antiguidade
aprendiam esta arte. Os primeiros professôres de oratória foram os “sábios” (sofistas).
Aristóteles (o verdadeiro fundádor da retórica como ciência), Cícero e Quintiiano
escreveram minuciosas obras didáticas a respeito. Os alunos dêsses mestres da
eloqüência aprendiam a maneira de apresentar os fatos aos ouvintes, de modo claro e
incisivo; pois o objetivo da eloqüência é convencer os de opinião contrária e conquistar
adeptos.
MÚSICOS GREGOS
Os antigos gregos tinham o ouvido educado para o ritmo e a melodia. Seus instrumentos
prediletos eram a lira (gravura), a cítara e a flauta de Aulos, dos quais extraíam
melodias em uníssono, geralmente acompanhadas de canto. Do século II a. C. ficaram-
nos alguns estudos para cítara (instrumento semelhante à lira), além de trechos de três
hinos, que foram gravados na câmara do tesouro ateniense, em Delfis. Do século V a. C.
resta-nos apenas pequeno fragmento de uma tragédia musicada. Essas descobertas
fizeram saber que os gregos foram o primeiro povo em que a música se desenvolveu
como verdadeira arte. Ela não servia apenas para distração. Devia também ser nobre e
bela e dar felicidade aos homens. Por volta de 600 a. C. surgiu pela primeira vez uma
escrita de notas a qual, porém, posteriormente, não pôde ser interpretada. Os monges do
convento de St. Gailen (Suíça) usavam no século IX uma notação, que foi mais tarde
aperfeiçoada.
FILÓSOFOS GREGOS
Quase tôdas as grandes indagações da filosofia (que, etimolàgicamente, significa amor à
sabedoria) foram expostas por pensadores gregos (Sócrates, Platão e Aristóteles, por
exemplo) que tentaram resolvê-las. O mistério da existência do mundo e do homem já
agitava naquela época os filósofos gregos. Tratavam, em diversas escolas, dos mais
variados problemas filosóficos. Muitos mestres de filosofia saíram dessas escolas. Seus
ensinamentos influenciam até hoje o nosso pensamento. O fundador da filosofia clássica
foi Sócrates, um dos mais eminentes sábios da Antiguidade (470-399 a. C.). Èle
procurava jovens de talento para produzir, através de seus ensinamentos, homens de
caráter forte. Sócrates ensinava por meio de perguntas hàbilmente formuladas. Êsse
método é valioso ainda hoje. Os ensinamentos de Sócrates, cuja primeira exigência era
“conhece-te a ti mèsmo”, exerceram grande influência em todos os tempos.
AS FÁBULAS DE ESOPO
Quem não conhece as fábulas de Esopo, narrativas cheias de significação? Foram
escritas no século VI a. C. na Grécia e, ao que se diz, na prisão, por Esopo, um escravo
corcunda da Ásia Menor. Surgiu assim uma nova espécie de poesia, éxtraída do íntimo
da alma popular. Esopo empresta voz e inteligência aos animais e faz das ações dêstes
um espelho dos defeitos dos homens. As fábulas, graças à sua simplicidade e riqueza de
idéias, passaram de povo para povo e foram mais tarde traduzidas para todos os
idiomas. Nas literaturas modernas, La Fontaine contou as fábulas de Esopo com espírito
e graça, e Lessing, de maneira mais sintética. Coube exatamente a êsses dois poetas
apresentar muito bem e de forma divertida e popular, os ensinamentos que existem no
fundo de tôdas as fábulas. Algumas das fábulas de Esopo mais conhecidas chamam-se
“O lôbo e o cordeiro”, “O corvo e a rapôsa”, “O leão e o camundongo” e “A rapôsa e as
uvas”.
ARTE ETRUSCA
Os etruscos dominaram a Itália Central antes dos romanos. À semelhança do que
haviam feito os gregos e do que fariam posteriormente os romanos, muito colaboraram
para o desenvolvimento cultural dos povos do Ocidente. O florescimento da arte etrusca
produziu-se entre os anos de 800 e 400 a. C. É dêsse tempo a maioria das belas pinturas
murais, das obras de escultura e dos magníficos bronzes fundidos. Os etruscos eram
excelentes artistas. Pintavam de preferência cenas sombrias onde eram reproduzidos os
terrores da morte e do inferno. Existem, porém, ao lado dessas, pinturas de cerimônias
alegres e de jogos festivos, feitos com bastante propriedade e correção. Também em
outros terrenos demonstraram muitas vêzes os etruscos sua grande capacidade. Belos
trabalhos em ouro e prata e importantes realizações técnicas como a construção de
abóbadas de pedra e de boas estradas são devidas a êsse povo. Também chegaram até
nós escritos etruscos.
AQUEDUTOS
A gravura representa uma gigantesca construção romana, sob a forma de ponte lançada
sôbre vales e rios. Estende-se sôbre ela um canal coberto de pedras, pelo qual a água
potável corre da fonte, nas montanhas, para a cidade. Os romanos davam a êsses
condutores de água o nome de aquae ductus (condutor de águas), originando-se daí a
denominaçãà de aqueduto. O primeiro aqueduto foi construído no ano de 305 a. C., para
servir à cidade de Roma. A partir dessa data surgiram aquedutos, alguns dos quais com
parte enterrada, em todos os lugares onde houvesse uma cidade romana. Muitos dêles
tinham mais de cem quilômetros de extensão. Traziam água de montanhas situadas a
distâncias muito grandes, passando por vales, desfiladeiros e precipícios. Essas
grandiosas construções, para as quais, muitas vêzes, enormes pedras tinham de ser
transportadas de longe, existem ainda em parte, e servem, como há quase dois mil anos,
para o abastecimento de água. Os aquedutos são testemunhas eloqüentes da alta
importância que já os antigos romanos davam à higiene pública.
TERMAS LUXUOSAS
Já na Antiguidade se reconhecia que o banho é importante fator de saúde. O uso dos
banheiros desenvolveu-se especialmente entre os romanos, - onde cada nobre possuía o
seu, luxuosamente instalado Muito se apreciavam os banhos quentes. As banheiras eram
aquecidas por meio de um compartimento cheio de ar quente, que ficava por baixo
delas. Imperadores romanos (Nero, Vespasiano, Tito, Traj ano, Caracala e Diocleciano)
edificaram construções soberbas para termas, nas quais existiam banheiras para água
quente e fria, vestíbulos para repouso, bibliotecas e galerias para os espectadores. As
termas de Caracala tinham capacidade para 1 600 banhistas. As de Diocleciano, para 3
000. Assim como em Roma, surgiram casas de banho por todo o Império. Onde os
romanos encontravam fontes de águas minerais, ampliavam nas e construíam termas.
Numerosas são as estações de águas minerais hoje exploradas na Europa, bem como na
América. No Brasil, existem fontes de águas muito afamadas.
CÂNTAROS PARA ÓLEO E OUTRAS VASILHAS
Nos tempos antigos, a oliveira era árvore sagrada. Tinha para os povos orientais valor
muito grande. A oliveira, que cresce nas costas do Mediterrâneo e no Oriente Próximo,
produz a azeitona, de que se extrai óleo, ou azeite, condimento imprescindível na
alimentação cotidiana. O óleo de oliva oferecia outrora, pràticamente, o único recurso
para a conservação dos alimentos, e, assim, o de preparo de reservas para os períodos de
fome. Existiam nas adegas, parcialmente enterrados no solo, grandes cântaros para a
conservação de óleo e vasilhas para provisões e alimentos diversos (gravura). Tais
cântaros foram descobertos nas ruínas de Pompéia, bem como cm Outras localidades.
Ainda hoje, certos povos conservam peixes em barris abertos, sob uma camada de óleo
de oliva. A moderna indústria de conservas de peixe emprega êsse óleo em grande
quantidade. E, até hoje, as azeitonas representam alimento popular, muito estimado na
Europa Meridional e no Oriente.
A FABRICAÇÃO DE VIDRO
Obtém-se o vidro pela fusão de diversas substâncias, entre as quais a areia de quartzo e
potassa. A temperatura de fusão é de cêrca de 1 8000 C. A primeira prova da fabricação
do vidro foi encontrada entre os egípcios, já no ano de 2500 a.
C. Nos princípios da Era Cristã, inventou-se no Egito o “cachimbo” para soprar o vidro,
que facilitava a produção de vasilhas ôcas. Os romanos, que receberam a fabricação do
vidro dos egípcios, já sabiam, no século 1, fazer vidraças. Apesar de estas não
apresentarem transparência perfeita, melhoraram as condições das habitações. Os
romanos sabiam também produzir recipientes ocos (vasos e copos) art’isticamente
trabalhados. As desordens oriundas da Invasão dos Bárbaros destruíram a indústria
vidreira romana, que só muito mais tarde voltou a atingir o antigo nível.
Ciência árabe
Antiga entalhação chinesa
Uma nova planta útil: o chá
Marco Pólo e a conquista do Oriente
A invenção do sabão e a sua indústria
O florescimento do estilo arquite tônico romano
O sino no Oriente e no Ocidente Cânticos sacros Músicos Medievais Da história dos
antigos instrumentos musicais
Precursor dos Grupos Escolares
O homem domina a fôrça d’água
O vento impele navios e moinhos
A agricultura metódica
O linho e sua industrialização
A roda de fiar substitui a fiação manual
Do tear à máquina de tecer Como se coloriam os fios e os panos A habilidade dos
carpinteiros Maravilhosas obras de arte esculpidas em madeira
A escultura através dos tempos
O estilo gótico na arquitetura
Aperfeiçoamento dos abastecimentos de água
A primeira fabricação de papel
O apogeu do bordado manual
Os primeiros relógios de rodas
Animais de carga transportam mercadorias
Os carteiros A navegação fluvial, valioso recurso do comércio
Feiras de mercadorias, entrepostos comerciais
Do comércio de permutas ao paga-
mento com moedas
Os algarismos arábicos prestam relevantes serviços
A arte da pintura em vidro Aquecimento das habitações
Os estudos da zoologia As florestas cuidadas fertilizam os
campos
Máquinas de tecer meias
A enfermagem a serviço da humanidade
O preparo da lã em outros tempos
Preparação da manteiga e do queijo
Soprador de vidro, velho ofício - . -
Alquimistas, os pioneiros da qui
102 mica
O primeiro aproveitamento do car
104 vão
Peixes em salmoura, como alimen
to popular
Origem das casas de câmbio e dos
bancos
O reflorescimento do comércio
Ambiciosos comerciantes
Polé e guindaste, fôrças gigantescas
a serviço do homem Organizações operárias
Da gravura em madeira à gravura
em cobre
Arte popular revelada no ofício
O estilo da arte renascentista e o
trabalho artístico
Progresso no estudo da botânica
As primeiras Universidades
Os óculos — milagre da óptica - -
Grandes artistas na fabricação de
violinos
Da arte de cozinhar
O sal é indispensável na cozinha
O açúcar substitui o mel como ado
120 çante
CIÊNCIA ÁRABE
Os sábios árabes tinham conhecimentos muito variados e eram ativos como
pesquisadores e escritores nos mais diversos ramos da ciência. Alcançaram importantes
êxitos nos terrenos da matemática, da astrologia e da astronomia, da medicina, da
alquimia, da mineralogia, além de outros. Encontramos, ainda hoje, trabalhos a êsses
respeitos, que foram colecionados nas bibliotecas árabes, e conservados até nós. Por
volta de 150 anos antes de Maomé (nascido em 570), já possuíam os árabes variada
literatura de conteúdo extremamente rico. As letras árabes, que tanto influíram sôbre a
poesia dos países ocidentais, apresentaram inúmeras obras poéticas cheias de encanto.
Eram, geralmente, belas descrições da natureza, histórias de beduínos magnificamente
compostas, delicadas lendas e, a partir do século IX, contos maravilhosos. Quem não
conhece as interessantes histórias de Sindbad e Ali Babá, reunidas a muitas outras nas
“Mil e uma Noites”?
CÂNTICOS SACROS
•No Egito, na Grécia e em Roma, na Antiguidade, já existia uma arte do canto, com
côro e solistas. Com a difusão do Cristianismo, nasceu uma nova cultura, proveniente
dos conventos. Ao lado das ciências, também o canto e a música foram cuidados pela
Igreja. O canto sacro, ou religioso, permaneceu, até o século IX, com uma única voz.
No século V foi funXada em Roma uma escola de canto, depois seguida, no século
VIII,. por outras, em Metz e St. Gallen. A última foi particularmente famosa, e a ela
acorriam muitos alunos. Durante a Idade Média, anexa a cada matriz, era erigida urna
escola de canto, onde se cuidava predominantemente dos cantos litúrgicos. Em 1025, o
monge italiano Güido d’Arezzo inventou a escrita das notas, criando os alicerces sôbre
os quais pôde ser desenvolvida a arte musical, tal como hoje a conhecemos.
MÚSICOS MEDIEVAIS
Os instrumentos musicais representados na gravura são o timbale, o saltério e a viola.
Na Idade Média eram também conhecidos a guitarra, a flauta pastoril, a trombeta, o
triângulo, a rabeca (violino) e a harpa. Até à metade do século XV a harpa gozava de
tão alto prestígio que, em muitos lugaÈes, existia proibição de tomá-la por dívidas. Dos
séculos XV ao XVII, desenvolveu-se o uso da viola, instrumento que foi introduzido na
Europa pelos árabes, durante o século VIII. tste nome hoje se aplica tanto a
instrumentos de arco, como a outros, de cordas dedilhadas. Primitivamente, a viola
tinha simente 4 cordas, mais tarde, 6, 8, ou mais. De origem írabe ou persa é também a
rabeca, instrumento semelhante ao violino, mas de caixa mais estreita. As trombetas
foram usadas pelos arautos e pelos vigias das tôrres. As flautas pastons chegaram à
Europa, no século XIII, também provenientes do Oriente. já no século XI, praticava-se a
música de dança, utilizada pelos menestréis. Cem anos depois, começou o apogeu dos
trovadores. Seu instrumento predileto era a harpa.
DA HISTÓRIA DOS ANTIGOS INSTRUMENTOS MUSICAIS
Carrilhão, órgão e cometas formam o conjunto musical representado acima. O carrilhão
provém do Oriente. Já era conhecido pelos chineses, há muitos séculos, quando soara
pela primeira vez em terras do Ocidente. As formas primitivas do órgão são o realejo e a
flauta de Pã. Já 250 anos antes de Cristo parece que o mecânico grego Ktesibios
construiu um órgão de água. Para a produção dos sons, o ar era comprimido por
deslocamento de água em canos. Depois do século IV, o órgão de água foi sendo
substituído por órgãos ligados a foles. Até a Idade Média, o órgão foi instrumento muito
generalizado. Era tocado para dança e apreciado nas festas populares ao ar livre.
Lentamente foi depois adotado nas igrejas. Em nosso tempo, o órgão aperfeiçoou-se
muito tendo agora grande sonoridade. Grandes mestres da música como Bach, Liszt,
Brahms e Reger, compuseram peças para órgão.
A AGRICULTURA METÓDICA
Sàmente depois da destruidora Invasão dos Bárbaros é que floresceram na Europa as
pzirneiras tentativas de agricultura racional. Monges inteligentes passaram a estudar
livros sôbre a agricultura dos romanos. Difundindo os conhecimentos assim obtidos,
despertaram no povo, que antes não se ocupava senão da caça e da guerra, o prazer da
agricultura. De par com os cereais (aveia, centeio, trigo, etc.) cultivaram-se logo
leguminosas, cuidando-se igualmente do cultivo de frutas. O sistema da terra
alqueivada, introduzido por Carlos Magno, trouxe mais compreensão do valor dos
elementos do solo. Depois de cada período de três anos, o terreno utilizado deveria
repousar um ano, a fim de recuperar o seu vigor. Cultivavam-se relativamente, no
mesmo campo, o trevo, a cenoura, o nabo, leguminosas ou batatas. Assim não se
esgotava a terra apenas com os cereais. Depois, praticou-se também a cultura alternada
dos frutos. A alternação dos cereais, das plantas de fôlhas e dos frutos não podia, por si
só, preservar os campos de empobrecimento. Tornava-se necessário um sistema
conveniente de adubação.
OS CARTEIROS
A organização do serviço de correios tal como atualmente existe, era desconhecida na
Idade Média. Não era o Estado, como em alguns povos cultos da Antiguidade e dos
tempos modernos, mas as cidades, os bispados e os conventos que mantinham carteiros.
As comunicações das autoridades efetuavam-se de cidade para cidade através de
mensageiros oficiais. Ainda nos séculos XIV e XV apenas as autoridades públicas
possuíam seus próprios carteiros. As cartas particulares eram confiadas a monges,
peregrinos e caixeiros-viajantes, tanto para a entrega como para a execução de encargos.
Também os comerciantes de gado, viajando pelo mundo para comprar gado, cuidavam
do transporte de cartas particulares (Correio de Açougueiro). A organização de
mensageiros das cidades teve papel de destaque na vida comercial da Idade Média Essa
instituição de mensageiros, subvencionada pelas municipalidades, era utilizada também
pelos príncipes, comerciantes e industriais. Com o desenvolvimento do comércio
surgiram pouco a pouco, por tôda parte, carteiros particulares que tinham por ofício o
transporte de encomendas postais.
OS ESTUDOS DA ZOOLOGIA
Árabes e monges cristãos preservaram as obras zoológicas da Antiguidade, tornando-as
conhecidas na Idade Média. A excelente “História dos Animais” do filósofo grego
Aristóteles foi traduzida e aí, então, se enquadraram os animais, como o fizeram os
antigos, nas classes de animais aquáticos, terrestres e aéreos. Apesar dêsse progresso, no
pensamento do povo continuavam a existir idéias confusas sôbre a vida do mundo
animal. Não eram poucas as histórias de animais fabulosos (dragões, monstros
marinhos, gansos gerados de árvores, etc.). O primeiro livro de zoologia, que se
escreveu em lingua alemã, é de autoria de K. von Megenberg (séc. XIV). Contudo,
simente no século XVI, outros estudiosos, como o suíço Gessner, iniciaram as
investigações sôbre a matéria, pondo maior ordem nesse gênero de estudos. Destaca-se,
na época, o seu “Livro Geral dos Animais”. Também se tornaram célebres as obras
botânicas, que então se escreveram. Mais tarde, com o invento do microscópio, não só o
estudo descritivo dos animais, mas também o estudo da anatomia e da fisiologia tomou
grande impulso.
O REFLORESCIMENTO DO COMÉRCIO
As Cruzadas auxiliaram o restabelecimento das relações comerciais, que tinham
existido antes das Invasões dos Bárbaros, entre a Europa e o Oriente. No século XII, os
maiores comerciantes eram os venezianos e genoveses. De Veneza, Gênova, Pisa e
outras cidades partiam para o Norte importantes rotas comerciais. Numerosas firmas e
organizações de mercadores surgiram no apogeu do comércio italiano (séculos XIII a
XV). No mar Báltico e no mar do Norte, o comércio era dominado pela Liga
Hanseática, que reunia, sob a direção de Lübeck, as cidades comerciais da Baixa
Alemanha. Através das viagens de descobrimentos dos fins do século XV e princípios
do XVI, começou uma revolução no comércio mundial. As repúblicas italianas
perderam sua liderança em favor dos portuguêses e dos espanhóis. A Liga Hanseática
destroçou-se, e a Inglaterra e a Holanda tomaram o seu lugar. Mais tarde também a
França veio juntar-se a elas.
AMBICIOSOS COMERCIANTES
O reavivamento do comércio na Idade Média deve-se, em boa parte, a comerciantes
ativos e ambiciosos. Não se contentavam êles em trazer mercadorias do Oriente à
Europa; procuravam, também, mercados consumidores para as mercadorias aí
produzidas, como por exemplo, as fazendas de lã e de sécia. Famílias célebres de
negociantes, como os Medici de Florença, os Fugger e Welser de Augsburg, possuíam
filiais em muitas partes. Nesse desenvolvimento do comércio, tornou- se necessária uma
contabilidade exata. Os italianos se tornarani mestres na matéria. Em 1494, Lucas de
Burgo mandou imprimir as primeiras indicações para a matemática comerciária. As
grandes casas comerciais conseguiram riquezas vultosas, que lhe deram conceito e
poder. Assim, o célebre comerciante de Bourges, Jacques Cuer, tornou-se ministro das
finanças do rei Carlos VII, de França; e é certo também que, para as necessidades do
Estado, emprestou ao reino alguns milhões de francos.
ORGANIZAÇÕES OPERARIAS
O progresso contínuo do comércio e da indústria, que permitiu o florescimento de
muitas cidades a partir do século XII, fêz surgir, nas ruas, muitos aspectos novos.
Grupos de operários, pertencentes a uma mesma família, uniram-se para oferecer, em
determinados lugares, produtos variados. As barracas de venda formavam, muitas
vêzes, ruas inteiras, onde era ativo o comércio varejista. Ofereciam-se, também,
mercadorias ao lado das igrejas e nas feiras. Para a salvaguarda dos interêsses da classe,
os operários se uniram em centros, dando origem, nos séculos XIII e XIV, a
corporações operárias. Esforçavam-se estas por manter o bom nome dos operários,
exigindo dêles trabalho cuidadoso. Para conseguir a qualidade de mestre, cada operário
deveria aprésentar um trabalho que se considerasse “obra de mestre”. Hoje, ainda,
algumas corporações de trabalho exigem de seus associados provas de capacidade para
obtenção de um certificado ou “carta de ofício”.
AS PRIMEIRAS. UNIVERSIDADES
Não se conheciam, no início da Idade Média, instituições escolares no sentido atual da
expressão. Existiam apenas escolas conventuais e seminários, especialmente destinados
à formação de eclesiásticos. Só nos fins da Idade Média, dessas escolas surgiram as
Universidades, órgãos que impulsionaram de maneira mais ampla a vida espiritual, e se
tornaram, pouco a pouco, núcleos de pesquisas científicas. No século XII, as primeiras
Universidades surgiram em Bolonha, Salerno e Pádua, na Itália, em Paris, na França, e
no século XIII, em Oxford e Cambridge, na Inglaterra. Já possuíam diversas divisões:
Teologia, Direito, Medicina, Filosofia. Instituições de utilidade pública forneciam
manutenção gratuita aos estudantes pobres. Em uma Universidade podiam estudar
milhares de estudantes. Muitas vêzes os estudantes viajavam em grupos por diversas
terras, de uma para outra Universidade, a fim de completar a sua instrução. Thomas
Platter, órfão de Wallis (morto em 1582, como reitor em Basiléia) contou de maneira
viva sua sorte como estudante viajante (*).
DA ARTE DE COZINHAR
“Bom cozinheiro é bom médico” diz um antigo provérbio. Já na Idade da Pedra
inventaram nossos antepassados processos para cozinhar, assar e defumar. Cobriam
muitas vézes a carne com barro, que endurecia no fogo, retendo no assado todos os
sucos. Ëste processo, ainda hoje estimado pelos ciganos, dizem ter sido a razão da
invenção das louças. Os antigos grego apreciavam comidas simples, mas bem
preparadas. Em 450 a. C. já existiam numerosos livros para ensinar a cozinhar. Na
Roma antiga, cozinhava-se com prodigalidade. Na Idade Média, dava-se maior
importância à quantidade de comida que à sua qualidade. Procedendo da Itália, surgiu
então na França uma arte culinária mais refinada. Gozava das maiores honrarias. O
grande filósofo Montaigne (1533-
escteveu um Yi’vto a tespeito. O tei Luis XIII tiiha
orgulho dos confeitos por êle mesmo preparados. Muitas de
nossas melhores receitas provêm daquele tempo.
IDADE MODERNA
O COMÉRCIO DE LIVROS
Já no século V a. C. existiam na Grécia, e mais tarde também em Roma e nos países
orientais, produtores e mercadores de livros. Cada um ocupava grande número de
escravos, que escreviam sob ditado de um leitor. A venda, mesmo para o exterior, era
muito importante. Mas a decadência da arte e das ciências, que se seguiu, devia influir
no comércio dos livros. No século IV d. C., os livros de pergaminhos, lisos e quadrados,
tomaram o lugar dos rolos de papiro. Eram, em sua maioria, escritos nos conventos e
custavam muito caro. Só depois da criação das Universidades, da descoberta da
fabricação do papei, e tia arte da imprensa, é que o comércio regular de livros voltou a
desenvolver-se. Os impressores visitavam as feiras de livros com êstes acondicionados
em tonéis, como se vê na gravura. E aí faziam trocas entre si, e providenciavam para a
fundação de livrarias no interior e no exterior. Originou-se daí, no correr do tempo, o
atual comércio livreiro, tão importante para a vida espiritual de todos os povos.
OS PRIMEIROS JORNAIS
Precursores dos jornais foram os primeiros editais diários que Júlio César introduziu na
velha Roma, em 59 a. C. A honra de ter publicado os primeiros jornais dizem que cabe
aos chineses. Pelo menos, parece certo o aparecimento regular do jornal “Tshin-Pao”
(Jornal de Pequim), desde o ano 1161 d. C. Saía na forma de um pequeno caderno de 12
páginás. Durou até poucos anos atrás, e foi, através de séculos, impresso em sêda. Em
nossa gravura, alguns burgueses admiram o primeiro jornal europeu. Apareceu em
1505, em Augsburg (Augusta) e trazia o título “Cópias das Novas Notícias”. Que campo
magnífico para a utilização da imprensa, descoberta em 1436 por Gutenberg! Não
obstante, um século se passou até que a futurosa novidade triunfasse e surgissem
semanários de publicação regular. O “Jornal de Leipzig”, fundado em 1660, foi o
primeiro jornal diário. No Brasil, há cêrca de mil jornais, dos quais mais de cem com
edições diárias.
O FLORESCIMENTO DA PINTURA
Até os fins da Idade Média, os pintores e escultores criavam as suas obras
especialmente para a arte sacra. A partir de 1500, pouco a pouco, teve início a
representação de motivos profanos. Principalmente os retratos, que já eram muito
estimados na Antiguidade, começaram a reviver. Os primeiros mestres nesta arte foram
os holandeses Van Eyck e Van der Weyden, e os italianos Botticelli (1447-1510),
Ghirlandajo (1449-1494). Elevadíssima posição atingiu a pintura através de Leonardo
da Vinci, Rafael e Tiziano. Sabiam exprimir magistralmente a vida psicológica dos
retratados. Também os pintores do Norte, como Dürer (1471-1528), Holbein, o jovem
(1497-1543), e o francês Clouet (1510-1572) fizeram excelentes pinturas, bem
caracterizadas e muito atraentes pela sua fide lidade. A pintura conquistou, por fim,
importante posição na produção artística da Humanidade.
A ARTE DA OURIVESARIA
O ouro, metal nobre e raro, preocupou desde cedo os desejos e as intenções dos homens.
Lendas e fábulas orientais falam-nos de tesouros incomensuráveis, talheres de luxo e
jóias dos príncipes orientais. Os túmulos reais egípcios continham maravilhosos
trabalhos de ourivesaria, em jóias, vasilhas e estátuas. A Bíblia nos informa da riqueza
em ouro do templo de Jerusalém. Na Europa, já nos inícios da Idade do Bronze,
existiam jóias e instrumentos de ouro. Encontraram-se mesmo machados e machadinhas
de ouro maciço. Excelentes ourives trabalharam na Grécia antiga, em Roma, na
Escandinávia e nos países do Danúbio. A terrina de ouro, ricamente enfeitada, que se
descobriu perto de Zurique, tem a idade de mais ou menos 2500 anos. Em Avenches foi
encontrado o busto de ouro de um imperador romano. Os ourives da Idade Média
também produziram milagres de arte, no estilo de seu tempo. Para isso, grandes artistas
lhes forneciam os planos.
O EMPRÊGO DO VIDRO
Já sabemos que os romanos usavam vidros em suas janelas. Por causa das invasões dos
bárbaros, entretanto, perdeu-se esta arte por mais de mil anos. Em nossa gravura vemos
um vidraceiro que liga pequenos pedaços de vidro por meio de barras de chumbo
(1550). Embora estas janelas não fôssem transparentes, em virtude do vidro curvo
empregado, representavam um grande melhoramento em relação às janelas providas de
papel ou de pano embebido em óleo. Pouco a pouco, porém, a fabricação de vidro se
desenvolveu. Do simples vidro de janela passou-se ao vidro artístico, cuja perfeição em
forma e material nunca foi superada. Já no século XVI produziam-se vidros finos,
inclusive para fins ópticos, espelhos e vidros coloridos. Hoje existe vidro flexível e
vidro inquebrável.
OS COMERCIÁNTES HOLANDESES DO
SÉCULO XV1I
A circunavegação da África, no ano de 1497, por Vasco da Gama, foi um feito de
íncornensurável importância. O tráfico comercial para os países orientais estendeu-se
enormemente, porque o transporte de mercadórias pôde ser feito mais rápida e
econômicamente pelo mar, em vez de o ser penosamente pelos caminhos continentais,
com o attxílio de caravanas. Os comerciantes holandeses do século XVII foram ousados
co-fundadores do comércio mundial. Em 1602 fundaram a Companhia das Índias
Orientais. Em Java, Sumatra e Célebes, em Malaca, Ceilão e na África do Sul (Cidade
do Cabo) surgiram colônias. Batávia era o centro de seu poder. Em 1637, a sociedade
conseguiu o direito exclusivo de comércio (monopólio) com o Japão (Nagasaki). O
comércio marítimo fêz tia flolanda dêsse tempo o país mais rico da Europa. Sua frota
comercial contava, então, 35 mil navios. A.os incansáveis pioneiros do século XVII
devem os Países Baixos seu atual poder econômico, sua abastança e suas florescentes
colônias.
MÉDICOS E FARMACÊUTICOS
Grande número de receitas medicinais nos foram transmitidas por textos de caracteres
cuneiformes, deixados por babilônios e assírios (2000 a. C.). Velhos povos de cultura
oriental possuíam, também, e desde muito, preciosos métodos de cura. Os médicos,
quase sempre sacerdotes, possuíam raras qualidades de saber, misturadas a superstições.
Os gregos abriram novos horizontes ao estudo da medicina. As escolas médicas
formavam excelentes médicos e cirurgiões. A “teoria dos humores”, de Hipócrates, o
mais célebre dos médicos (séc. V a. C.) dominou até ao século XVI. Dessa época,
datam as primeiras investigações anatômicas mais exatas do corpo humano, tendo sido
decisivas as experiências de Vesal, Paracelsus e Paré. Em 1628, Harvey descobriu a
circulação do sangue. Sucederam-se depois inúmeras descobertas. Com a amplitude e a
complexidade da medicina, deixaram os médicos de preparar os medicamentos,
cuidados, de então para diante, por farmacêuticos de formação de base científica.
O TEATRO
O teatro já desempenhava papel de grande importância na vida espiritual da Grécia
antiga. As representações se faziam ao ar livre, em anfiteatros. Os romanos possuíam,
também, imensos teatros ao ar livre, sendo gratuitas as representações. Muito tempo
depois, no século XII, apareceram as representações eclesiásticas (peças de Mistérios e
Paixões), apresentadas pelos clérigos nas igrejas. Aumentando, cada vez mais, o
mundanismo de tais peças, passaram a ser representadas em estrados montados em
praças públicas. Vagueando de cidade para cidade, levando em carros todo o material de
representação, apareceram, depois de 1430, artistas profissionais. No século XVI,
estabeleceram-se os primeiros teatros fechados, com cortinas e palco. Aliando.se aos
poetas, compositores escreveram também obras para o teatro, e assim se criou à ópera.
A gravura acima representa o palco usado, em 1599, pelo grande dramaturgo e ator
Shakespearé.
O CORREIO MODERNO
Antigamente, e de modo especial em Roma, o correio era exclusivamente usado pelo
Estado, para servir às atividades oficiais. Nem mesmo mãis tarde, na Idade Média, se
conheceu um serviço de correios prôpriamente dito. No século XVI, Henrique IV, de
França, permitiu o livre uso dos côches de correio para o transporte, tanto de pessoas
como de mercadorias: para isso, Richelieu, em 1627, fixou determinados impostos. A
família Thurn e Taxis possuía o monopólio do serviço de correio para os Países Baixos
e para a Alemanha, nos séculos XVI e XVII. Entretanto, foi só após a instituição do sêlo
postal que os correios dos diversos países foram passando paulatinamente para as mãos
do Estado, com o caráter de serviço público. A criação do correio brasileiro, com êsse
caráter, data de 1864, sendo antes dessa época explorado por particulares.
IDADE CONTEMPORÂNEA
Renato Sabbatini
Ao contrário das invenções, que geralmente são a obra de uma pessoa só, ou
de um número pequeno de colaboradores, as grandes descobertas científicas
(geralmente denominadas de teorias, pois consistem de um conjunto de
explicações cientificamente comprovadas sobre algum fenômeno natural) na
maioria das vezes envolvem um número grande de cientistas, que contribuem
com partes da teoria, seja através de trabalhos de pesquisa experimental, seja
através da elaboração das leis. No entanto, é claro que alguns dos maiores
avanços científicos devem muito a uma única pessoa, como é o caso de
Darwin, Newton, Copérnico ou Einstein.
Charles Darwin