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De Evana Ribeiro
CAPÍTULO 15
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CENA 1 - CASA DE HERMAN - INT - NOITE
Herman liga o som, que toca uma música instrumental. Caminha
pela sala, para conferir se está tudo em ordem. Depois vai
para a cozinha
HERMAN
Lori? Is everything ready?
LORI
(off)
Yes, sir!
Herman sorri e sai da cozinha. Atravessa a sala, vai para a
varanda e fica observando o movimento, sorrindo.
CORTA PARA
ANGELA
(puxando a blusa de Valentina)
Mamãe! Deixa eu tocar! Deixa, por
favor!
VALENTINA
Ok! (ergue Angela para que ela
fique no nível da campainha)
CORTA PARA
CORTA PARA
VIZINHA
No, she’s not home. She went out
with her flatmates three hours ago.
MICHAEL
(entre decepcionado e
envergonhado)
Oh... Thank you. I’m sorry about
the noise. I’m really, really
sorry. (sai rapidamente)
A vizinha entra no flat. Michael chama o elevador.
CORTA PARA
LUCILLE
Aqui! Estas aqui não somos nós
duas, Tininha?
VALENTINA
De quando é essa foto?
HERMAN
A tirei logo no dia em que fui a
casa de vocês pela primeira vez.
FADE PARA
MARCELO
Então o senhor também é fotógrafo!
HERMAN
Sim, mas só como hobby.
MARCELO
Se Lucille não se importar...
LUCILLE
(sorrindo,sem olhar para eles)
De forma alguma! Pode tirar a foto,
doutor.
Herman prepara a câmera e fotografa as duas.
FADE PARA
VALENTINA
Eu... Eu posso ficar com ela?
HERMAN
Claro! (retira cuidadosamente a
fotografia e a entrega a Valentina)
É sua.
Valentina recebe a foto e sorri, agradecida.
CORTA PARA
HERMAN
Lucille? (estende a mão para ela)
LUCILLE
Com prazer. (dá a mão para ele e
levanta do sofá)
Herman e Lucille começam a dançar, sendo observados
atenciosamente por Valentina e Angela. Ao fim da música, as
duas aplaudem.
VALENTINA
Puxa, não sabia que você dançava
tão bem!
LUCILLE
Digamos que não tive muitas
oportunidades para demonstrações...
(ri)
HERMAN
Lucille é uma ótima parceira de
dança. Tem certeza de que não quer
se arriscar, Valentina?
VALENTINA
Tenho. Depois desse show que
Lucille deu, não quero me arriscar
mesmo!
HERMAN
Pois tenha certeza de que terei
imenso prazer em ensiná-la um dia.
(sorri, com ar levemente
galanteador)
LUCILLE
(olha no relógio)
Acho que já está ficando tarde...
HERMAN
Não, ainda é cedo! Não é nem meia
noite ainda...
VALENTINA
Lucille tem razão. Não podemos
ficar fora até tarde. Tem Angela...
HERMAN
Oh, é verdade.
9.
VALENTINA
Eu vou ligar para o taxista. Com
licença. (faz menção de sair)
HERMAN
(a detém)
Não, não! Faço questão de levar
vocês até a casa.
VALENTINA
Não precisa! Eu já tinha combinado
com o motorista que nos trouxe...
HERMAN
Faço questão, já disse. É só eu
pegar meu casaco e nos poremos a
caminho.
VALENTINA
Tudo bem, já que insiste...
Herman sai.
LUCILLE
Ele é tão gentil, não é verdade?
VALENTINA
Ah, isso é.
LUCILLE
Já não se fazem homens assim, minha
filha. (suspira) Não mesmo!
Herman volta, com o casaco e dois guarda-chuvas.
HERMAN
Estou pronto. Vamos?
VALENTINA
Sim, vamos. (pega Angela no colo)
Herman abre a porta para elas saírem e sai logo depois.
CORTA PARA
CORTA PARA
JERRI
Ei! Que é isso?
CLIENTE 3
Tá dormindo, é? Eu não pedi esse
CD!
JERRI
Ih, foi mal aí! Peraí que eu vou
trocar, calma aí... (pega os discos
que os clientes jogam)
Corta para o lugar onde Ana Paula e Milena estão. As duas
têm o olhar atraído para a confusão do outro lado da praça.
ANA PAULA
(levanta)
Mi... Não é melhor a gente dar o
fora daqui? Parece que a briga ali
é feia...
MILENA
(levanta e observa melhor)
Não, não... Não é nada. Só o dono
da carrocinha ali que trocou os
produtos... Coitadinho, tá todo
enrolado. Vamo lá ajudar ele?
(levanta e conduz Ana Paula pela
mão, sem resistência)
As duas atravessam a rua e param perto da carrocinha de CD
pirata. Milena chega mais perto e tenta ajudar o vendedor.
MILENA
Tá tudo bem?
JERRI
Tá, tá sim... Já tô quase
desmanchando a confusão. Valeu.
MILENA
Tá bom então! Tchau! (se afasta)
JERRI
(corre atrás de Milena)
Ei, menina, peraí! Você não tava
com uma... (esbarra em Ana Paula)
O-oi!
ANA PAULA
Oi.
13.
JERRI
Você é linda, sabia?
ANA PAULA
Eu? (ri) Ah, obrigada! (olha-o de
cima a baixo) Pena que não posso
dizer o mesmo de você.
MILENA
Aninha!
ANA PAULA
O que é?
MILENA
Nada, deixa pra lá. (para Jerri)
Você tava me chamando?
JERRI
Foi, mas era pra perguntar dela.
(olha para Ana Paula) Meu nome é
Jerri Adriano, e o seu?
ANA PAULA
(irônica)
Jerri Adriano?
JERRI
Por causa do cantor.
MILENA
O nome dela é Ana Paula e eu sou
Milena. Sua mãe era fã do Jerri
Adriani?
JERRI
Não, o meu pai... Até o dia da
morte dela, minha mãe sempre odiou
esse nome.
MILENA
Ah, já é falecida! Pobrezinha...
JERRI
E vocês, o que fazem aqui?
ANA PAULA
Não te interessa!
MILENA
Não liga pra ela; é estressadinha
de nascença. A gente não é daqui
não! Chegamos há um mês e umas duas
semanas.
14.
JERRI
E vocês trabalham... Como aquelas
meninas ali? (aponta as prostitutas
do outro lado da praça)
ANA PAULA
(irritada)
Já falei que não te interessa!
Olha, Milena, você vai ficar de
papo com esse abestalhado aí? Eu
vou embora,tá? (sai)
MILENA
É... Jerri, foi um prazer te
conhecer, mas acho que nós
precisamos mesmo voltar a
trabalhar. (se afasta)
JERRI
Tudo bem, a gente se fala depois!
(olhando para Ana Paula, de longe)
Ah, se eu pudesse e o meu dinheiro
desse... Eu tirava essa menina
bonita dessa vida perdida. Ana
Paula! É tão bonita... (volta para
perto do carrinho de CDs)
CORTA PARA
CRISTINA (...cont.)
olhando as pessoas entrando, os
médicos, as enfermeiras. É que eu
quero trabalhar aqui um dia.
ENFERMEIRA
Sério? Que bom!
CRISTINA
Na verdade eu queria mesmo ser
soldada, mas seria sonhar alto
demais... Acho que as mulheres
ainda não são aceitas como
soldadas, só em outras áreas.
ENFERMEIRA
Mas mesmo sem ser um daqueles
soldados, o serviço militar é algo
muito importante. Não tenho ouvido
muitos rapazes dizendo que querem
servir a Pátria. Muito menos
meninas!
CRISTINA
Acho que estou tomando o seu
tempo... Eu vou ficar aqui mais um
pouco e depois vou pra casa, antes
que a minha mãe se preocupe. Bom
trabalho!
ENFERMEIRA
(andando)
Obrigada! Tenha um bom dia!
Cristina assiste a enfermeira se afastar, sorrindo.
CRISTINA
Um dia ainda vestirei aquele
uniforme. (recoloca os óculos)
CORTA PARA
AURORA
(tentando resistir, sem
sucesso)
Dá pra... Me soltar?
FLÁVIO
(a apertando com mais força)
Não me peça esse sacrifício. (a
beija)
AURORA
(baixinho)
Cristina pode chegar!
FLÁVIO
(baixinho, no ouvido dela)
Ela vai demorar, o quartel é longe
daqui!
Aurora tenta dizer mais alguma coisa, mas acaba sucumbindo e
se deixando levar por Flávio. Os dois vão agarrados até a
cama e caem nela, juntos, se beijando ardentemente.
CORTA PARA
JERRI
(ofegante)
Droga, perdi! (recupera o fôlego)
Mas elas vão voltar amanhã.
Jerri faz o caminho de volta e pega o carrinho com o homem
na casa lotérica. Faz sinal de positivo para o homem, como
agradecimento, e segue para a direita. Sobe Eterna Busca -
Seu Jorge.
CORTA PARA
AURORA
Pega lá na minha bolsa!
FLÁVIO
(baixinho)
Pede pra ela trazer mortadela
também! E ovo.
AURORA
Traz mortadela e ovo também! E não
demora, tá?
CRISTINA
(off)
Tá bom!
Aurora e Flávio ficam quietos por alguns instantes, até se
certificarem de que Cristina não está mais no quarto.
FLÁVIO
Acho que já dá pra sair.
AURORA
(respira fundo)
Essa foi por pouco! (sai) Por que é
que eu ainda me exponho ao perigo?
FLÁVIO
Por que é bom viver perigosamente.
(beija o pescoço de Aurora)
Respondi bem?
AURORA
(batendo nele)
Sai de perto de mim. Sai, sai, sai,
sai!
FLÁVIO
(se esquivando dos tapas)
Sim senhora!
Os dois começam a se vestir rapidamente.
Corte para mostrar Cristina entrando no quarto, com três
sacolas. Em seguida, corte para mostrar Aurora sentada de um
lado da cama, vendo televisão; e Flávio em uma cadeira,
lendo jornal.
CRISTINA
Aquela padaria tava o inferno! Por
isso que demorei tanto.
20.
AURORA
Não demorou nadinha, filha!
(levanta-se) Vamos comer?
FLÁVIO
Ah, sim, vamos! Aurora, você me
prepara dois sanduíches de
mortadela, um café e traz pra cá,
por favor?
AURORA
(seca)
Levante e vá preparar seus
sanduíches. Já tá muito grandinho
pra precisar de empregada.
CRISTINA
Isso, tá certa, mãezinha. Prepara o
meu?
AURORA
Isso vale pra você também, mocinha!
CRISTINA
Então tá, então!
As duas começam a preparar sanduíches. Flávio levanta-se,
com certa resistência, e as acompanha.
CORTA PARA
LEON
São os estudos. Quero muito passar
nesse concurso.
MILENA
Ai, e eu te atrapalhei vindo aqui,
né? Desculpa... Eu já vou embora.
(faz menção de sair)
LEON
Não, não! (segura seu braço) Não
vai não. Eu tava pensando em dar
uma parada pra descansar mesmo...
Essas regras de português tão me
matando. Sabe como é, eu nunca fui
muito bom nessa matéria...
MILENA
Se quiser, posso te ajudar.
LEON
Mesmo? (sorri) Eu adoraria.
MILENA
Então depois que você comer a
pizza, a gente começa.
Leon entra na cozinha e volta com um garfo e uma faca.
MILENA
Por que você não come com a mão
mesmo?
LEON
(sorri, tímido)
Sei lá... Força do hábito.
MILENA
Ah, tá...
Leon começa a comer a pizza, enquanto Milena pega o livro de
português sobre a mesa de centro e começa a folheá-lo.
CORTA PARA
AMANDA
(olhando no visor)
É Julian. (atende) Oi. (tempo)
Desculpa, Julian, desculpa mesmo,
mas não dá pra eu sair de casa
hoje. (tempo) Meu irmão saiu de
casa e até agora não voltou. Você
entende, não é? (tempo) Obrigada.
Até amanhã. (encerra a chamada)
LAYLA
Johann, for Heaven’s sake, leave
call the Police!
JOHANN
No, dear! Not yet.
Ouve-se o barulho da porta abrindo. Todos se voltam em
direção a ela, apreensivos. A porta se abre devagar,
revelando Michael, que entra a passos lentos na casa,
completamente molhado e com a camisa rasgada.
DARREN
(murmura)
Ele foi pro cemitério de novo!
LAYLA
(levanta-se)
He’s going to hear me right now!
JOHANN
(a contém)
No, Layla! He’s still drunk. Wait
for tomorrow.
Layla torna a se sentar. Todos acompanham Michael, que
caminha trôpego e sobe as escadas com dificuldade.
CORTA PARA
LAYLA
Não, vai ser agora! (segura-o com
força e o faz olhar para ela) Isso,
olha bem nos meus olhos. Tá vendo
essas olheiras aqui? São sinais da
minha preocupação. Eu só não chamei
a polícia porque seu pai não
deixou!
MICHAEL
Desculpa, mãe, mas não precisava se
preocupar! Sério!
LAYLA
Mas eu penso na sua filha! Ela já
perdeu a mãe, vai perder o pai
também?
MICHAEL
Acho que não vou fazer tanta falta
assim pra Liv.
LAYLA
Onde você esteve?
MICHAEL
Olha, mãe, vamos encerrar essa
conversa por aqui. ok? Desculpe-me
pelo aborrecimento, mas agora não
quero mais falar. Vou tomar um
banho. (levanta-se, beija a testa
da mãe e sai)
CORTA PARA
GIULIA (...cont.)
Você não apareceu mais no bar
depois daquele dia... Por quê?
LILA
Nada... Foram só uns problemas. Eu
queria saber se você pode me levar
hoje pra conhecer a área.
GIULIA
Claro! Dá só um minutinho pra eu
trocar de roupa, tá? (sai)
Lila senta-se no sofá, pensativa e um pouco triste.
CORTA PARA