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29/07/2010 

 O Novo Transcendente
Frei Betto

A história da humanidade é uma  história de sujeições. No


período pré-moderno, sujeição aos deuses do  politeísmo, ao Deus do
monoteísmo, ao Rei da monarquia e ao Povo (sujeito  abstrato) da
República. Havia sempre uma figura do Outro ao qual todos 
deveriam se reportar.

Esse Grande Outro prescrevia o certo e o  errado, o bem e o


mal, a graça e o pecado, a lei e o crime. O mundo se  configurava de
acordo com os preceitos do Grande Outro. As alternativas eram 
simples: sujeitar-se sob promessa de recompensa ou rebelar-se sob
risco de  punição.

Na modernidade, o Outro se multiplicou, adquiriu várias  faces,


descentralizou-se na diversidade de ideologias, sistemas de governo
e  crenças religiosas. Tanto a antiguidade quanto a modernidade nos
remetiam à  transcendência, ainda que fundada na razão. Se não era
Deus, era o Partido, o  líder supremo, as idéias inquestionáveis. Algo
ou alguém nos precedia e  determinava o nosso comportamento,
incutindo-nos gratificação ou culpa. 

A pós-modernidade, em cuja porta de entrada nos


encontramos,  “promete” fazer de nós sujeitos livres de toda
sujeição. Seria a volta ao  protagonismo exacerbado, em que cada
indivíduo é a medida de todas as coisas.  Já não se vive em tempos
de cosmogonias e cosmologias, teogonias e ideologias.  Agora todos
os tempos convergem simultaneamente ao espaço reduzido do aqui
e  agora. Graças às novas tecnologias de comunicação, tempo e
espaço ganham  dimensão holográfica: cabem em cada pequeno
detalhe do aqui e  agora.

Será que, de fato, a pós-modernidade nos emancipa do 


transcendente e da transcendência? Introduz-nos no
“desencantamento do mundo”  apontado por Max Weber?

  A resposta é não.

Há um  novo Grande Outro que nos é imposto como paradigma


inquestionável: o Mercado.  As sedutoras imagens deste deus
implacável são disseminadas por seu principal  oráculo: a
publicidade. À semelhança de seu homólogo de Delfos, nos
adverte:  “Dize-me o que consomes, o que compras, o valor do seu
gasto, e eu te direi quem és”.

O grande teólogo  desse novo deus foi Adam Smith. Inspirado


na física de Newton, em “A riqueza  das nações” e “A teoria dos
sentimentos morais”, Smith aplicou à economia a  metáfora religiosa
do Grande Relojoeiro que preside o Universo. 

O relógio funciona graças à precisão mecânica fabricada por 


alguém fora dele e invisível a quem o porta: o relojoeiro. Assim, na
opinião  de Newton, seria o Universo. Na de Smith, a vida social
regida por interesses  econômicos. A diferença é que o Deus
Relojoeiro de Newton é chamado de Mão  Invisível por Smith.
Segundo este, o egoísmo de cada um, guiado pela Mão  Invisível,
promoveria o bem de todos...

É exatamente o que afirma  Milton Friedman, líder da Escola de


Chicago: “Os preços que emergem das  transações voluntárias entre
compradores e vendedores são capazes de coordenar  a atividade de
milhões de pessoas, sendo que cada uma conhece apenas o próprio 
interesse.”

Esse o fundamento do pensamento liberal e do sistema 


capitalista. É o principio do laisser faire, deixar (o deus mercado)
fazer. O  que, traduzido em termos políticos, significa
desregulamentar, não apenas as  esferas econômicas e políticas, mas
também a moral. Abaixo a ética de  princípios e viva a ética de
resultados! Nesse protagonismo pós-moderno, cada  ego é a medida
de todas as coisas. O que imprime ao sujeito (no sentido latino  de
sujeição, submissão) a impressão de autonomia e liberdade.

O  resultado do novo paradigma centrado no deus Mercado


todos conhecemos:  degradação ambiental; guerras; gastos
exorbitantes em armas, sistemas de  defesa e segurança;
narcotráfico e dependência química; esgarçamento dos  vínculos
familiares; depressão, frustração e infelicidade.

Ainda  é tempo de professarmos o mais radical ateísmo frente


ao deus Mercado e,  iconoclastas, apelarmos à ética para introduzir,
como paradigma, a  generosidade, a partilha dos bens da Terra e dos
frutos do trabalho, a  felicidade centrada nas condições dignas de
vida e no aprofundamento  espiritual da subjetividade.

Isso, contudo, só será possível se  não ficarmos restritos à


esfera da auto-ajuda, das terapias tranquilizadoras da  alma para
suportarmos o estresse da competitividade, e nos mobilizarmos 
comunitariamente para organizar a esperança em novo projeto
político fundado  na globalização da solidariedade.
Eis o desafio ético que, como  assinalou José Martí, será capaz
de articular emancipação política e  emancipação espiritual. 

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