Arede 023

Apresenta
A Rede
Novela de:
Evana Ribeiro
CAPÍTULO 23
TV DESTINO . A REDE . CAPITULO 23 2
CENA 01 – CASA DE EMÍLIO/SALA – INT – DIA

Continuação da cena final do capítulo anterior. Amélia e
Minerva sentam lado a lado no sofá.
MINERVA – Mãe, isso é sério mesmo? Não é trote?
AMÉLIA – Não, não é. Era o detetive mesmo, e ele vem aqui me

explicar tudo, apresentar provas concretas... enfim.
MINERVA – Quer dizer que acharam o corpo...
AMÉLIA – É.
MINERVA – Será que tem jeito de a gente recuperar a grana?
AMÉLIA – O detetive não disse nada. Mas eu acho que é melhor a

gente se conformar que esse dinheiro já tá perdido mesmo. Agora
vou saindo.
MINERVA – Vai onde?
AMÉLIA – Salão...
MINERVA – Eu te acompanho.
Elas saem juntas.
CORTA PARA
CENA 02 – AP. DE WALTER/QUARTO DO CASAL – INT – DIA

Walter, diante do espelho, se arruma para sair. Beth, deitada
na cama, o observa.
BETH – Você tá tão bonito hoje...
WALTER (sorri) – O que houve, Beth? Você nunca diz isso.
BETH – Devia começar a dizer. Bem, você é meu marido, tenho que
te apreciar, né? Digo, demonstrar isso.
Beth levanta, vai até Walter e o abraça. O beija no rosto.
BETH – Me desculpa pelos meus ataquezinhos de ciúme? Desculpa?
WALTER – Tá tudo bem. Já perdoei tudo. Mas não vai fazer de novo,
hein?
BETH – Pode deixar, eu nunca mais vou dar chilique por besteira,
nem vou te chatear gastando seu dinheiro com besteira. (pausa) Vou
fazer de tudo pra te fazer o homem mais feliz do mundo.
Sonoplastia: Sronila koleshko – Natalia Bannova.

Beth beija Walter, que corresponde. Beth vai empurrando
Walter para a cama enquanto o beija. Quando ambos já estão
deitados, ouve-se o som da campainha tocando, interrompendo todo
o clima.
BETH – Droga!
WALTER – Beth, tenho que ir, tô atrasado.

Walter ajeita rapidamente a roupa e sai correndo. Beth vai

atrás dele.
CORTA PARA
CENA 03 – AP. DE WALTER/SALA – INT – DIA

Walter corre e abre a porta. Acaba trombando com Teresa.
WALTER – Nossa, chegou cedo, hein?
TERESA – Bom dia pra vocês! Vim convidá-los pra festinha.
BETH – E não podia fazer isso pelo telefone?
TERESA – Podia, mas achei melhor vir pessoalmente. Tá aqui o

convitinho. (entrega um cartãozinho manuscrito para Beth) Todas as
informações aí. Não faltem!
Teresa e Walter saem. Beth coloca o cartão junto do telefone e

volta para dentro.
CORTA PARA
CENA 04
Tomada do Bairro do Recife.
CORTA PARA
CENA 05 – FOLHA DE PERNAMBUCO/SALA QUALQUER – INT –

DIA
O ambiente é amplo, design moderno, com sofás e mesinhas. A
impressão geral é que se trata de um ambiente para convivência
extra profissional, bem despretensioso. Felícia entra sozinha e senta
em um dos sofás. Fica lá, relaxando, feliz. Mick entra.
MICK – Beatriz, eu...
Mick pára de falar ao ver Felícia.
FELÍCIA – Oi?
MICK – Eu achei que a... Bem, ela não tá aqui.
FELÍCIA – Você é novo aqui, né?
MICK – Sou. Tá tão na cara assim?
FELÍCIA – É normal os novatos se perderem um pouco no prédio... Eu

te vi correndo quando cheguei.
MICK – Meu nome é Mickey, mas pode chamar de Mick, eu sou...
FELÍCIA – Assistente de fotógrafo. Eu já sei, tio Ian me contou.
MICK – Tio Ian? Você é...
FELÍCIA – Não... É que eu trabalhei aqui e me tornei uma grande

amiga do Ian. Por isso o ‘tio’...
MICK – Jornalista?
FELÍCIA – É. Meu nome é Felícia.
MICK – Prazer em conhecê-la.
FELÍCIA – Igualmente...
Eles se cumprimentam com um aperto de mão e sorriem um

para o outro.
CORTA PARA
CENA 06 – CASA DE GABRIELLE/QUARTO DE AMANDA – INT -

DIA
Amanda está dormindo profundamente. Gabrielle entra e a
acorda.
AMANDA – Oi?
GABRIELLE – Tá na hora, moça.
AMANDA – Hora?
GABRIELLE – É, vamos trabalhar, não?
AMANDA – Não tô me sentindo muito bem... Acho que é melhor eu

ficar deitada hoje.
GABRIELLE – Que foi, tá enjoada, é?
AMANDA – Não. É só uma dor de cabeça. Explica lá no colégio que

hoje eu não posso ir mesmo, tá?
GABRIELLE – Que foi, brigou com o Jorge de novo?
AMANDA – Não. A gente foi discutir uns detalhes do casamento, data,

essas coisas. Aí eu cheguei aqui e não conseguir dormir pensando nas
coisas que ele falou.
GABRIELLE – Problema?
AMANDA – Não sei... Ele quer que a gente se mude, só não disse pra
onde.
GABRIELLE – Você quer mudar?
AMANDA – Não. Eu gosto daqui, e tenho trabalho... Eu ia dizer isso

pra ele, mas tava tão cansada, tão cansada que achei melhor vir pra
casa dormir. Só que em vez de dormir, fiquei aqui pensando...
GABRIELLE – Então agora durma direitinho, e pelo menos por

enquanto, evite pensar em problemas.
AMANDA – Vou tentar.
Gabrielle dá um beijo em Amanda e sai. Esta tenta dormir.

Sonoplastia: Pedra – Djavan.
CORTA PARA
CENA 07
Tomada de vários pontos do Recife. Passagem de algumas
horas.
CORTA PARA
CENA 08 – CASA DE EMÍLIO/SALA – INT – TARDE

Amélia, Emílio e o detetive Barreto estão juntos. Michelle entra
correndo.
MICHELLE – Opa, cheguei muito tarde?
EMÍLIO – Não, filha, o detetive acabou de chegar.
MICHELLE (senta no sofá) – Ah, bom... Saí correndo da delegacia só

pra saber que fim levou o Gilson.
DETETIVE – Bem... Como eu já tinha dito antes para dona Amélia, o

senhor Gilson foi encontrado morto em uma praia.
AMÉLIA – Afogado?
DETETIVE – Não. O corpo foi encontrado esquartejado e com marcas

de golpes de faca em uma praia deserta. Foi jogado de alguma
embarcação, estava em estado de decomposição avançado...
AMÉLIA – Pode parar! Que coisa nojenta...
EMÍLIO – E o dinheiro?
DETETIVE – Antes de morrer, ele investiu o dinheiro em ações da

empresa do ramo de informática Bubble Inc.
MICHELLE – Eu sei qual é, é uma empresa que tá chegando aqui no

Brasil.
DETETIVE – Justamente. Ele investiu o dinheiro de vocês no

estabelecimento da empresa no país. Seria detentor de 50% das
ações se estivesse vivo. (pausa) Mas como ele não está, a dona da
empresa e viúva do Gilson, Deanna Doge, é dona absoluta de tudo.
EMÍLIO – Viúva? Quer dizer que ele fugiu e se casou?
DETETIVE – Não ficou dois meses casado.
AMÉLIA – E foi a mulher que matou ele?
DETETIVE – Isso ainda estão investigando...
EMÍLIO – Bom, independente disso, o negócio é que Gilson tá morto

e a gente não pode mais fazer nada. Agora é com a justiça de Deus...
CORTA PARA
CENA 09 – AP. DE CATARINA/BANHEIRO – INT – TARDE

Teresa dá banho em Irina enquanto conversa com Felícia, que
não pára de andar em nenhum momento.
TERESA – Isso tudo é pressa pra voltar pro trabalho?
FELÍCIA – Bom, eu vou substituir uma repórter que passou mal, coisa
de emergência.
TERESA – E como foi que te receberam lá?
FELÍCIA – Super bem! Aquele jornal é como se fosse a minha

segunda casa. (pausa) Conheci um carinha bem legal lá, até lembrei
de você.
TERESA – Por que foi lembrar logo de mim?
FELÍCIA – É que o nome dele é Mickey, a galera chama ele de Mick.

Ele é assistente de fotografia e namorado da filha do Ian Nowak, um
crítico literário e editor chefe fofíssimo que trabalha lá.
TERESA – Mickey?
FELÍCIA – É. Sabe que eu até pensei que ele pudesse ser o cara com
quem você falava?
TERESA – Acho que não... Ele não tinha namorada.
FELÍCIA – Ele é super bacana! Se não for muito inconveniente, eu

queria convidar ele pra festa também.
TERESA – Pode convidar!
FELÍCIA – Vou fazer isso agora à tarde, se ele tiver por lá.
Felícia dá um beijo em Irina, outro em Teresa e sai correndo.
CORTA PARA
CENA 10
Tomada de vários pontos de Recife. Letreiro: ‘uma semana
depois’.
CORTA PARA
CENA 11 – AP. DE CATARINA/SALA – INT – NOITE

A casa está toda arrumada para a festa. Olga liga o som e
coloca um CD de música russa para tocar.
JOYCE – Isso é russo?
OLGA – É. Esse era o que a minha mãe escutava sempre...
MARIA (entra com Teresa) – Quantas mil pessoas você chamou pra
festa, Tetê?
TERESA – Maria, não são tantas mil assim... Só meus dois irmãos,
minha cunhada, meus sobrinhos, uma amiga da faculdade, e um
colega da Felícia.
CATARINA – E a Helena, e os meus amigos.
TERESA – A musa vem?
CATARINA – Vem. Você disse que eu podia chamar...
JOYCE – E Geysa sabe disso?
CATARINA – Não.
JOYCE – Não quero nem ver a cara da Geysa quando vir a Helena
aqui. É tanto amor...
CATARINA – Bom, contanto que ninguém quebre a casa... Se bem

que eu acho que ela nem vem.
Elas continuam ajeitando os últimos detalhes da festa.

CORTA PARA
CENA 12 – AP. DE WALTER/QUARTO DE JÉSSICA – INT –

NOITE
Jéssica está no espelho, se maquiando. Ouvem-se batidas na
porta.
WALTER (off) – Jéssica!
JÉSSICA – Pode entrar, pai! Só tô me arrumando.
Walter entra e fica parado, admirando Jéssica.
WALTER (sorrindo) – Minha filha? (pausa) Pra onde a senhorita pensa

que tá indo com esses trilhões de enfeites, e essa maquiagem?
JÉSSICA – Pra festa da tia Tetê.
WALTER – Meu Deus... Tô ficando velho.
JÉSSICA – Tá nada, paizinho.
WALTER – Mas olha só pra você. (segura as mãos dela) Até ontem
tava maquiando as bonecas e agora... Quantos anos, dez?
JÉSSICA – Treze.
WALTER – Não tô preparado pra isso.
JÚNIOR – Pra isso o quê?

WALTER – Júnior, olha só pra sua irmã. Ela não tá linda?
JÚNIOR – É... A gente vai sair agora?
WALTER – Sua mãe já tá pronta?
JÚNIOR – Acho que tá.
WALTER – Vou lá apressar ela.
Walter sai.
CORTA PARA
CENA 13 – AP. DE WALTER/QUARTO DO CASAL – INT – NOITE

Beth está linda, vestida como se fosse para uma festa de gala.
Walter entra e se surpreende ao vê-la assim.
BETH – Tô pronta! Só falta pegar um brinco e...
WALTER – Beth, você não acha que... Exagerou um pouco não?
BETH – Não acho. A gente tá indo pra uma festa, não é?
WALTER – Mas é uma festa da Tetê! Não precisa dessa parafernália

toda.
BETH – Mas é assim que eu vou pra festa e você não vai me fazer
mudar de idéia.
WALTER – Por favor...

BETH – Eu não vou mudar a minha roupa por causa da sua meia
irmãzinha!
WALTER – Beth, não encrenca. É só uma troca de roupa. Você não

vai querer ser a única vestida como quem vai pro Oscar, né?
BETH – Francamente, eu tô fazendo um esforço tremendo pra sair de

casa, pra ver seus irmãos que eu não suporto... E se eu tô usando
essa roupa, é pra me sentir um pouco melhor, tá?
WALTER – Olha, Beth, não sou eu que tô forçando você a ir. Vai se
quiser. Só não quero que você fique emburrada, estragando a minha
noite, a noite dos meninos e da Tetê.
BETH – Tá bom! Não vou ficar estragando a noite preciosa. (começa

a tirar a roupa, com raiva) Vão vocês.
WALTER – Eu não quero que...
BETH – Vai logo, já disse!
Walter vai saindo. Beth continua arrancando as roupas.
BETH (grita) – Jéssica! Júnior!
Júnior e Jéssica chegam correndo.
JÚNIOR – Que foi, mãe? Tá passando mal?
BETH – Sim, quer dizer... Mais ou menos. Eu não vou mais à festa.
JÉSSICA – Vocês brigaram de novo?

BETH – É... E na verdade eu nem tava querendo ir mesmo! Vocês

sabem que eu não gosto muito de festas.
JÉSSICA – Não?
BETH – Bom, há festas e festas, e pra essa eu não tô com a menor

vontade de ir. Mas quero que vocês me façam um favor. (baixinho)
Fiquem de olho no pai de vocês.
JÚNIOR – Por quê?
BETH – É só pro caso de alguma mocinha enxerida resolver dar em

cima dele.
JÉSSICA – Besteira isso, mãe. Papai é um cara fiel, nunca deu

motivos pra desconfiança.
BETH – Você não entende porque é novinha demais. Mas quando

casar, vai entender o que eu quero dizer com isso. Vão fazer o que eu
tô pedindo?
Jéssica e Júnior se entreolham e não respondem nada.
CORTA PARA

Tudo pronto para a festa. Dos convidados, chegaram apenas os
colegas de turma de Catarina e Joyce: Geysa, Alexandre e alguns
figurantes. Teresa e Felícia conversam sentadas no sofá.
TERESA – E aquele seu colega do jornal, o Mickey, vem?

FELÍCIA – Ih, esqueci de te falar... Ele não pode vir. Hoje é a colação
de grau de uma das irmãs dele, não dava pra perder, né?
TERESA – É... Essas coisas são mesmo imperdíveis.
CORTA PARA
CENA 15
Tomada do Campus da Universidade.
CORTA PARA
CENA 16 – TEATRO DA UFPE – INT – NOITE

Teatro lotado. A cerimônia de colação de grau já foi iniciada.
Buscar a família de Minerva, reunida em um canto no auditório.
AMÉLIA – Meu amor... Nossa filha tá tão linda!
EMÍLIO (segura a mão de Amélia) – Meu coração não tá se

agüentando de orgulho. Três filhos já se ajeitando na vida...
MINERVA – Eu sou a próxima!
EMÍLIO – Assim espero, mocinha.
MICK – Ei, parem de conversar um pouco aí, a Minerva vai começar a

discursar.
Corta para o púlpito. Minerva, trêmula, se posiciona diante do

microfone, respira fundo e olha fixamente para o público.
MINERVA – Queridos colegas, professores, familiares, boa noite.

(pausa) É com grande alegria que eu venho aqui representar os meus
colegas nesse momento de transição das nossas vidas profissionais e,
por que não dizer? Transição na vida pessoal também. (pausa) A
partir de hoje, todos nós vamos tocar os nossos projetos, nossas
realizações... Todo mundo tem um sonho, e nem todos compartilham
o mesmo, o que pode levar a gente a estar em lados opostos um dia.
Mas existe uma frase que eu não lembro quem foi que falou, mas
dizia assim: ‘o importante não é onde vamos chegar, mas
permanecer na estrada.’
Minerva continua falando, fora de áudio.
CORTA PARA

A festa segue tranqüila. As crianças e alguns amigos de
Catarina dançam. Teresa abre a porta e festeja ao ver Amanda.
TERESA – Querida! (a abraça)
AMANDA – Acertei a casa rapidinho, viu?
TERESA – Tão bom te ver... Tá melhor, né?
AMANDA – Um pouco... Dormi quase o dia todo, aí melhorei.
TERESA – Bom, então me conta todas as novidades.
AMANDA – Vou casar no fim do semestre.
TERESA – É? Que bom! Quem é o felizardo?

AMANDA – O nome dele é Jorge. Ele é lá do bairro, mas mudou pra lá

um tempo depois da gente se mudar de lá. Ele tinha uma noiva
antes, só que eles terminaram por causa de um rolo aí... Depois,
quando eu voltei, ele já tava solteiro e a gente ficou. (pausa) Só que
agora a ex dele voltou e ele tá querendo adiantar o nosso casamento
de todo jeito.
TERESA – E qual é o problema nisso?
AMANDA – Você não acha estranho, não? A impressão que eu tenho é

que ele tá querendo apressar tudo só pra provar pra outra que não se
abalou nem um pouco com a traição?
TERESA – Pode ser que sim, mas... Não esquenta com isso, vai! Tu
gosta dele, não é?
AMANDA – É.
TERESA – Então pára de ficar pensando besteira e aproveita os

preparativos do casório!
A campainha toca.
TERESA – Peraí que eu vou lá atender.
Teresa abre a porta. Danilo a abraça.
DANILO – Tudo bom, maninha?
TERESA – Tudo bem!

DANILO – Cadê aquela sua amiga, a Felícia?
TERESA – Tá bem ali, vem comigo.
Teresa arrasta Danilo para o outro lado da sala, onde Felícia,

Alexandre, Catarina, Joyce e Geysa conversam.
TERESA – Pessoal, desculpa interromper o papo, mas eu tenho uma

pessoa pra apresentar pra vocês. (pausa) Esse aqui é o Danilo, um
dos meus irmãos. Danilo, essa é a Felícia, minha amiga; a irmã dela,
Catarina; e a Joyce, o Alexandre e a Geysa, amigos lá da
universidade.
Danilo vai cumprimentando todos, um por um. Demora-se mais

com Felícia.
DANILO – Nossa, você é fotogênica demais!
FELÍCIA – É? Por quê?
DANILO – É que até em foto três por quatro você fica uma gata!
Geysa fica encarando Danilo, impressionada.
GEYSA (off) – Caramba! Tenho certeza que eu conheço esse cara de

algum lugar...
Insert em cena de flashback. Geysa está sozinha na sala do

apartamento de Helena. Ela vê o vídeo de Helena e Danilo na cama.
No vídeo, dá para ver bem o rosto de Danilo.
Volta à realidade, Geysa está parada, pensativa.
GEYSA (baixinho) – É o cara do vídeo!
HELENA (off) – Como vai, Catarina?
Ao ouvir a voz de Helena, Geysa ‘desperta’ do transe. Ela e

Helena se encaram.
GEYSA – Oi, professora... Que surpresa!
HELENA – Pois é...
DANILO – Helena? (pausa) Há quanto tempo!
Danilo vai até Helena e dá dois beijos nela.
TERESA – Vocês se conhecem?
GEYSA – Muitíssimo bem!
Helena se aproxima discretamente de Geysa e aperta o seu

braço.
HELENA – Se não quiser que eu estrague a sua noite, é bom não

abrir o bico. Você pode falar demais e...
GEYSA – Tá bom, eu entendi.
Geysa e Helena se entreolham. O clima é tenso. Danilo e os

outros convidados não entendem nada.
DANILO – O que é que tá pegando?

TERESA – Ora, e eu sei lá!
CORTA PARA
CENA 18 – AP. DE WALTER/QUARTO DO CASAL – INT – NOITE

Beth está deitada na cama, apenas de lingerie. As roupas de
gala que ela estava usando estão espalhadas pela cama e pelo chão.
Ela tem o olhar perdido, triste.
BETH – O que será que tá acontecendo naquela festa? (pausa) Será

que tem alguma outra mulher dando em cima do meu Walter? Aquela
Helena... Do jeito que a Teresa me odeia, ela pode estar empurrando
aquela professora oferecida pra cima dele. (pausa) Mas eu não posso
deixar, não vou deixar nenhuma vagabunda tirar o meu homem de
mim! (grita) Eu não vou deixar!
Beth levanta num impulso e começa a se vestir e se maquiar

rapidamente. De repente pára diante do espelho e fica se olhando.
BETH – Pensando bem, é melhor não sair. Eu posso fazer muito

melhor...
Beth começa a tirar a roupa de novo e vai para o banheiro.

Entra no box, liga o chuveiro, começa a tomar banho. Sonoplastia:
Revenge – Patti Smith.
CORTA PARA

A festa continua. Helena bebe um pouco de uísque enquanto
conversa com Catarina. Danilo dança com Felícia.
DANILO – É uma pena que seu coraçãozinho esteja fechado pra

balanço. Eu ia adorar preenchê-lo, sabia?
FELÍCIA – Mas com certeza você vai encontrar algum coraçãozinho

doido pra ser preenchido.
DANILO – Nenhuma como Felícia.
Danilo tenta beijar Felícia, que desvia o rosto.
FELÍCIA (brava) – Vai devagar, mocinho!
Felícia se solta de Danilo e vai beber alguma coisa com Helena,

que agora está sozinha. A campainha toca e Catarina vai atender. É
Walter, com Jéssica e Júnior.
CATARINA – Professor!
WALTER – Oi, Catarina, tudo bem? (dois beijos) Esses aqui são meus
filhos, Jéssica e Júnior.
CATARINA – Vão entrando, fiquem à vontade!
WALTER – E Teresa?
CATARINA – Foi trocar a fralda da Irina...
TERESA (voltando, com Irina no colo) – Cheguei! (pausa) Meus

amores!
Teresa corre para abraçar o irmão e os sobrinhos.

TERESA – E Beth?
WALTER – Tivemos uma discussão besta e ela resolveu ficar em casa.
TERESA – Ah, Felícia, vem cá! Quero te apresentar uma pessoa.
Felícia se aproxima deles.
TERESA – Walter, essa é minha amiga, Felícia. Feli, o meu irmão,

Walter.
Felícia e Walter ficam se encarando. Sorriem um para o outro.
FIM DO CAPITULO 23

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CENA 01 – CASA DE EMÍLIO/SALA – INT – DIA

MINERVA – Mãe, isso é sério mesmo? Não é trote?

AMÉLIA – Não, não é. Era o detetive mesmo, e ele vem aqui me

MINERVA – Quer dizer que acharam o corpo...

MINERVA – Será que tem jeito de a gente recuperar a grana?

AMÉLIA – O detetive não disse nada. Mas eu acho que é melhor a

MINERVA – Vai onde?

Elas saem juntas.

CENA 02 – AP. DE WALTER/QUARTO DO CASAL – INT – DIA

BETH – Você tá tão bonito hoje...

WALTER (sorri) – O que houve, Beth? Você nunca diz isso.

Beth levanta, vai até Walter e o abraça. O beija no rosto.

BETH – Me desculpa pelos meus ataquezinhos de ciúme? Desculpa?

Sonoplastia: Sronila koleshko – Natalia Bannova.

WALTER – Beth, tenho que ir, tô atrasado.

Walter ajeita rapidamente a roupa e sai correndo. Beth vai

CENA 03 – AP. DE WALTER/SALA – INT – DIA

WALTER – Nossa, chegou cedo, hein?

TERESA – Bom dia pra vocês! Vim convidá-los pra festinha.

BETH – E não podia fazer isso pelo telefone?

TERESA – Podia, mas achei melhor vir pessoalmente. Tá aqui o

Teresa e Walter saem. Beth coloca o cartão junto do telefone e

CENA 05 – FOLHA DE PERNAMBUCO/SALA QUALQUER – INT –

MICK – Beatriz, eu...

Mick pára de falar ao ver Felícia.

MICK – Eu achei que a... Bem, ela não tá aqui.

FELÍCIA – Você é novo aqui, né?

MICK – Sou. Tá tão na cara assim?

FELÍCIA – É normal os novatos se perderem um pouco no prédio... Eu

MICK – Meu nome é Mickey, mas pode chamar de Mick, eu sou...

FELÍCIA – Assistente de fotógrafo. Eu já sei, tio Ian me contou.

MICK – Tio Ian? Você é...

FELÍCIA – Não... É que eu trabalhei aqui e me tornei uma grande

FELÍCIA – É. Meu nome é Felícia.

MICK – Prazer em conhecê-la.

Eles se cumprimentam com um aperto de mão e sorriem um

CENA 06 – CASA DE GABRIELLE/QUARTO DE AMANDA – INT -

GABRIELLE – Tá na hora, moça.

GABRIELLE – É, vamos trabalhar, não?

AMANDA – Não tô me sentindo muito bem... Acho que é melhor eu

GABRIELLE – Que foi, tá enjoada, é?

AMANDA – Não. É só uma dor de cabeça. Explica lá no colégio que

GABRIELLE – Que foi, brigou com o Jorge de novo?

AMANDA – Não. A gente foi discutir uns detalhes do casamento, data,

GABRIELLE – Você quer mudar?

AMANDA – Não. Eu gosto daqui, e tenho trabalho... Eu ia dizer isso

GABRIELLE – Então agora durma direitinho, e pelo menos por

AMANDA – Vou tentar.

Gabrielle dá um beijo em Amanda e sai. Esta tenta dormir.

CENA 08 – CASA DE EMÍLIO/SALA – INT – TARDE

MICHELLE – Opa, cheguei muito tarde?

EMÍLIO – Não, filha, o detetive acabou de chegar.

MICHELLE (senta no sofá) – Ah, bom... Saí correndo da delegacia só

DETETIVE – Bem... Como eu já tinha dito antes para dona Amélia, o

DETETIVE – Não. O corpo foi encontrado esquartejado e com marcas

AMÉLIA – Pode parar! Que coisa nojenta...

DETETIVE – Antes de morrer, ele investiu o dinheiro em ações da

MICHELLE – Eu sei qual é, é uma empresa que tá chegando aqui no

DETETIVE – Justamente. Ele investiu o dinheiro de vocês no

EMÍLIO – Viúva? Quer dizer que ele fugiu e se casou?

DETETIVE – Não ficou dois meses casado.

AMÉLIA – E foi a mulher que matou ele?