Arede 030

Apresenta
A Rede
Novela de:
Evana Ribeiro
CAPÍTULO 30
Obra licenciada pela Creative Commons Brasil. Você pode copiar,

distribuir, exibir e executar; sob as seguintes condições:
1- Atribuição: você deve dar crédito ao autor original, da forma
especificada pelo autor ou licenciante;
2- Uso não comercial: você não pode utilizar esta obra com
finalidades comerciais;
3- Você não pode alterar, transformar ou criar uma obra com base
nesta.
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/
TV DESTINO . A REDE . CAPITULO 30 2
CENA 01 – FOLHA DE PERNAMBUCO – INT – DIA

Continuação da cena final do capítulo anterior. Elissa
abraça Mick, que não disfarça o desconforto com a situação.
ELISSA – E não é só como fotógrafa que eu vou

mostrar serviço não... Também vou trabalhar muito
pra espantar as mosquinhas de padaria de cima do
meu amor. (pausa) Né, Felícia?
MICK (se desvencilha do abraço) – Ô Elissa,

peraí. Vai trabalhar? Beleza, mas não vou deixar
você ficar falando assim com a Felícia. Ela é
minha amiga, pô.
FELÍCIA – Não briga com ela, não...
MICK – Não tô brigando, só não quero que ela te

trate mal.
FELÍCIA – Não precisa se preocupar, eu me

defendo.
ELISSA – Tá vendo, amor? Não precisa ficar tão

bravo por causa da amiguinha...
Elissa beija Mick. Felícia sai.
CORTA PARA
CENA 02 – CASA DE EMÍLIO/SALA – INT – DIA

Amélia e Emílio já estão acordados, e muito
preocupados.
AMÉLIA – Já chega, eu não agüento mais esperar!

Se aconteceu alguma coisa com essa menina...
EMÍLIO – Não deve ter acontecido absolutamente

nada. Miranda não deve ter ido longe com aquela
birra toda. Lembra de quando ela fugiu de casa
pela primeira vez?
AMÉLIA – Ela tinha sete anos. Agora ela tem vinte

e um, é muito diferente! Eu vou ligar pra
polícia, não tenho sangue de barata não...
Amélia vai pegar o telefone sem fio, que toca.
AMÉLIA – Alô?
CORTA PARA
CENA 03 – DELEGACIA – INT – DIA

Michelle fala com Amélia ao telefone. Dentro da cela
está Miranda, abraçada a sua mochila.
MICHELLE – Mãe, a Miranda tá aqui, viu? (pausa)

Aqui na delegacia, mãe.
MIRANDA (grita) – Não era pra falar!
MICHELLE (tel) – Ela não tava querendo que eu

dissesse, mas veio pra cá de madrugada e dormiu
na cela. (pausa) Não, mãe, não tinha nenhum
detento aqui, relaxe! (para Miranda) Ela disse
pra você voltar pra casa agora.
MIRANDA – Diga que eu não volto. Mas não volto

nem amarrada com fio de luz!
MICHELLE (tel) – Tá ouvindo, né, mãe? (pausa) Tá,

eu digo. Beijo.
Michelle desliga o telefone.
MIRANDA – O que foi que ela disse?
MICHELLE – Disse que eu levasse você pra casa

algemada e num camburão que ela vai te dar uma
surra com fio de telefone.
MIRANDA – Não vou! Eu não vou me submeter às

vontades deles. Eu já sou maior de idade e tenho
direitos sobre o meu narizinho e minha vida
acadêmica.
MICHELLE – Espero que você tenha vida construída

antes dos trinta! Olha que só faltam nove anos,
hein?
MIRANDA – Eu sei o que tô fazendo.
MICHELLE – Tô vendo...
CORTA PARA
CENA 04 – AP. DE DANILO/BANHEIRO – INT – DIA

Walter termina de fazer a barba. Danilo espera ele
sair, enquanto conversam.
DANILO – Vai voltar pra casa hoje?

WALTER – Não sei, tô pensando ainda. Cansei de

tentar melhorar minha vida com a Beth e agora
acho que devo tentar ser feliz com outra mulher.
DANILO – Outra mulher... Tipo quem? A Helena?
WALTER – Deus me livre! Se dependesse só da minha

vontade eu nem trabalhava com aquela doida, sabe?
DANILO – Então quem é a responsável pela tua

revolta?
WALTER – A Felícia!
DANILO – Quem?
WALTER – Felícia. Cara, eu não sei... Acho que eu

tô completamente apaixonado por ela. Se não for
paixão, é algo muito parecido.
DANILO – É?
WALTER – É.
DANILO – E se ela não quiser?
WALTER – Ela quer. Desde aquele dia da feira que

ela tava cobrindo, a gente se sentiu tão atraído
um pelo outro que... Na verdade, foi antes disso.
Lá naquele dia da festa da Tetê, quando a gente
se viu, eu fiquei completamente encantado pela
Felícia. O jeito dela falar, e como a gente gosta
das mesmas coisas e...
DANILO (interrompe, bravo) – Tá bom, pô! Chega!

Se tu continuar falando desse jeito, eu vou
começar a achar que trocou de corpo com a Tetê.
WALTER – Eu tô apaixonado por aquela mulher.
DANILO (baixinho) – Ah, que graça, eu também!
WALTER – Disse alguma coisa?
DANILO – Disse que eu também acho que você tá

apaixonado. Tá agindo como todos os apaixonados
agem. Como idiotas!
WALTER – Quando você se apaixonar, mas se

apaixonar de verdade, vai ficar assim, ó,
igualzinho.
Walter sai. Danilo entra no banheiro, triste.
CORTA PARA
CENA 05
Tomada aérea do Aeroporto Gilberto Freyre.
Sonoplastia: Technologic – Daft Punk.
CORTA PARA
CENA 06 – AEROPORTO/HALL – INT – DIA

Sonoplastia: música continua.
Movimentação de passageiros que acabam de desembarcar.
Dentre eles, destaca-se Deanna, elegantemente vestida. Um
assistente carrega suas malas. O celular de Deanna toca.
DEANNA – Alô! (pausa) Sim, acabei de chegar.

(pausa) Não marque nada pra hoje, só quero saber
de dormir. (pausa) Não, com essa eu quero falar
hoje, pode marcar. (pausa) Não, deixa que eu
mesma ligo. Pode me passar o número da menina,
meu assistente anota.
Sobe a música, encobrindo a voz de Deanna enquanto ela

fala com o assistente, que começa a anotar.
CORTA PARA
CENA 07
Tomada da Vila do Ipsep.
CORTA PARA
CENA 08 – CASA DE AMANDA/SALA – INT - DIA

Amanda está fazendo faxina e ouvindo rádio. A
campainha toca. É Jorge, que carrega uma mochila nas
costas.
AMANDA (surpresa) – Jorge? E essa mochila aí?
JORGE (beijo) – Vou viajar.
AMANDA – Pra onde, posso saber?
JORGE – É surpresa.
AMANDA – Jorge, não começa...

JORGE – Eu juro que é coisa boa, só não posso

dizer agora o que é.
AMANDA – Não gosto disso.
JORGE – Eu volto em três dias, viu?
AMANDA – Tá certo. E quando voltar, vai me contar

direitinho essa história de surpresa, tá ouvindo?
JORGE – Vai ser a primeira coisa que vou fazer

assim que voltar. Tchau.
Jorge a beija e sai correndo.
AMANDA – Tchau...
Amanda fecha a porta e volta para seus afazeres.
CORTA PARA
CENA 09 – CANHOTINHO/RUA QUALQUER – EXT – DIA

Ed está sozinho em uma esquina, parece estar esperando
alguém. Um garoto (Felipe), aparentando ter 15 anos de
idade, se aproxima dele.
ED – Oi!
FELIPE – Você é o Eduardo?
ED – Sou sim. E você deve ser o Felipe. (pausa)

Quer mesmo trabalhar na televisão?
FELIPE – Quero. O senhor pode mesmo me ajudar?

ED – Claro! Eu vou pra capital em alguns dias, só

tô esperando uma ligação.
FELIPE – Só que a minha mãe quer falar com o

senhor antes. Ela disse que tem medo dessas
coisas...
ED – Vou sim, claro! Se quiser vou falar com ela

agora.
O garoto sorri.
CORTA PARA
CENA 10 – CASA DE FELIPE/SALA – INT – DIA

O lugar é bastante pequeno, modesto, com pintura
descascando, poucos móveis, um ou dois retratos de família,
quadros de santos. Ed conversa com Célia, mãe de Felipe, e
o garoto está por perto.
CÉLIA – Moço, tem certeza que meu menino pode

fazer isso?
ED – Bom, antes ele precisa fazer uns testes. E

se quiser, a senhora pode ir junto.
CÉLIA – Ah, se é assim, eu deixo.
ED – Só tem uma coisa, dona Célia...
CÉLIA – É dinheiro, moço? Se for, lascou, porque

a gente só tem o do Bolsa Família, e muito mal!
ED – Percebi... Mas veja só, eu posso bancar a

viagem de vocês pra outra cidade, depois pra
capital... O problema do dinheiro fica pra
depois.
FELIPE (sorrindo) – Tá vendo, mãe? Seu Eduardo é

legal!
Célia olha para o filho, séria. Depois torna a olhar

para Ed, que mantém um sorriso no rosto, transmitindo
confiança. Sobe Pnevmatika.
CORTA PARA
CENA 11
Tomada de Nova York pela manhã.
CORTA PARA
CENA 12 – NY/RUAS – EXT – DIA

Lady Kelly caminha incógnita pelas ruas, usando roupa
e chapéu negro.
Corta para outro ponto da mesma rua: Julia sai de uma
loja de roupas, carregada de pacotes. Caminha despreocupada
pela rua. Lady Kelly vê Julia passando e a reconhece.
Mostrar Lady Kelly perseguindo Julia (guardando certa
distância). Depois de alguns instantes de caminhada, Julia
olha para trás. Lady Kelly entra em uma loja. Julia fica
olhando por mais um tempo, com ar intrigado.
JULIA – Acho que tenho trabalhado demais...
Julia suspira e continua andando.

CORTA PARA

Minerva está sozinha na sala, lendo uma revista sobre
informática. O telefone toca e ela atende.
MINERVA – Alô... (pausa) Quem?
Divide-se a tela em duas, mostrando também Deanna.
DEANNA – É a Minerva?
MINERVA – Sim... Sou eu!
DEANNA – Aqui é Deanna Doge, da Bubble Inc.

Estava ansiosa para falar com você, seu projeto é
ótimo!
MINERVA – Puxa... Obrigada!
DEANNA – Eu gostaria de encontrar você, pra

conversar um pouco, uma reunião informal, se não
se importa... Agora que vamos trabalhar juntas,
isso seria bom, não é?
MINERVA (gaguejando) – Claro...
DEANNA – Pode ser hoje mesmo? A gente pode se

encontrar no shopping, ou qualquer lugar que você
queira.
MINERVA – No shopping tá bom. Tá ótimo...

DEANNA – Então a gente se encontra no shopping,

às duas da tarde, tá bom?
MINERVA – Tá ok...
DEANNA – Até mais tarde. Tchau.
MINERVA – Tchau.
Elas desligam o telefone. Agora mostra apenas Deanna

em sua casa. Ela levanta do sofá, vai até a cozinha e se
serve de chá. Bebe lentamente.
DEANNA (ri) – Essa menina parece ser tão

engraçada... Devia estar tremendo só de me ouvir
falar, coitadinha!
CORTA PARA

Minerva conversa com Amélia. A menina está muito
agitada.
MINERVA – Mãe, o que eu digo pra ela? Eu pergunto

lá do... Do... Do Gilson?
AMÉLIA – Eu não sei...
MINERVA – Eu vou falar. Eu vou dizer pra ela que

o Gilson deu um golpe na gente e jogou o dinheiro
todo na empresa dela, por isso...
AMÉLIA – Calma, menina!

MINERVA – Mas eu só vou falar isso depois que

tiver assinado tudo direitinho, vai que ela
entende tudo errado. (pausa) Mas será que vai
adiantar? Mãe, eu tô tão nervosa!
AMÉLIA – Relaxa, menina! Essa mulher não é um

monstro. Pelo menos não parece ser...
CORTA PARA
CENA 15
Tomada de Recife, indicando passagem de algumas horas.
Sonoplastia: Naked eye.
CORTA PARA
CENA 16 – SHOPPING/RESTAURANTE – INT – TARDE

O local é bastante luxuoso, freqüentado por
pouquíssimas pessoas, em uma área afastada da praça de
alimentação. Deanna está sozinha, bebendo um drinque
qualquer. Minerva vai se aproximando, devagar, um pouco
assustada.
MINERVA – De... Deanna?
DEANNA (sorrindo) – Minerva! (levanta, a

cumprimenta) Você é mesmo uma gracinha, sabia?
MINERVA (encabulada) – Obrigada...
DEANNA – Vamos, sente aí. A gente tem muita coisa

pra falar, agora que vamos ser sócias.
MINERVA (off) – Sócias... Não sei por que, mas

não gosto dessa palavra.
Elas se sentam. Deanna chama o garçom e pede uma

bebida qualquer. Ele logo volta com o drinque para Minerva,
que bebe um pouco e respira fundo, tentando iniciar a
conversa.
DEANNA – Você fez a melhor decisão da sua vida ao

assinar com a gente, sabia?
MINERVA – É...
DEANNA – Vai ter uma equipe super competente à

sua disposição para melhorar algumas coisas no
site, incluir recursos, essas coisas.
MINERVA – Eu já tenho uma equipe que me ajuda.
DEANNA – Amadores! O que você precisa é de

profissionais, de gente do ramo, que vai te
ajudar a crescer. Não um bando de pirralhos que
só quer puxar o seu tapete.
MINERVA – Mas eles são meus amigos.
DEANNA – Lembre-se daquele ditado... Amigos,

amigos, negócios à parte.
MINERVA – É... E de puxação de tapete eu entendo!
DEANNA – Como é?
MINERVA – Nada não, besteira.

DEANNA – Mas vá por mim, minha querida. Se junte

a profissionais mais experientes, tem muito mais
futuro!
Minerva balança a cabeça, pensativa. Sonoplastia: Face

– Aerosmith.
CORTA PARA
CENA 17
Tomada do prédio da Folha de Pernambuco.
CORTA PARA
CENA 18 – JORNAL/REDAÇÃO – INT – TARDE

Mick está usando o computador de Felícia. Fecha no
monitor, que mostra um recado enviado por Miranda.
MICK (lê em voz alta) – Mick seu chato! Depois

que começou a namorar e arrumou emprego nem liga
mais pra essa irmã menor aqui, né? Acho que tu
nem ficou sabendo que eu larguei a faculdade e tô
correndo que nem uma doida atrás de trabalho.
Tentei me empregar como dançarina numa boate aí,
mas me recusaram...
FELÍCIA (off) – Mick? Tá fazendo o quê aí, rapaz?
Corta para Felícia, entrando na sala.
MICK – Opa, desculpa... Eu não te achei em lugar

nenhum pra pedir o computador emprestado.
FELÍCIA – Esquenta não. Quem ia esquentar se

visse isso era a sua namorada... (risos)
MICK (aborrecido) – Nem fala.
FELÍCIA – Ela é meio doidinha, né?
MICK – Não precisa suavizar as coisas na minha

frente não. Ela não é só doidinha, ela é um
porre!
FELÍCIA – Caramba...
MICK – Eu não disse isso pra ninguém ainda, mas

eu tô de saco cheio daquela mulher. De saco cheio
mesmo. Tô quase acabando o namoro.
FELÍCIA – Não vi tanto motivo pra isso. E não

precisava ficar tão irritado porque ela me tratou
mal, né?
MICK – Não é só isso. Ela é fresca, metida,

irrita qualquer cristão. Desde o começo eu tô com
ela só porque... Enfim, todo o mundo insistiu, e
eu tava querendo esquecer a Teresa.
FELÍCIA – E conseguiu?
MICK – Não.
FELÍCIA – Bom, se é assim...
MICK (corta) – O problema é que eu não sei como

acabar tudo sem magoar ela, entende?
FELÍCIA – Sim, mas...
MICK (corta) – Você pode me ajudar? Hoje à noite

vai toda a turma daqui prum barzinho aí, ela
também vai e eu não queria perder essa
oportunidade de falar com ela.
FELÍCIA – Na frente de todo mundo?
MICK – É, eu preciso de ajuda. Da sua ajuda,

especialmente.
FELÍCIA – Dou todo apoio moral.
MICK – Eu quero que você fique comigo, na frente

da Elissa.
Felícia fica olhando para Mick, surpresa com o que

acaba de ouvir. Ficam em silêncio por um instante. Depois,
Felícia começa a rir.
FELÍCIA – Tá brincando, né?
MICK – Não, pô. Tô falando muito sério.
FELÍCIA – Tá doido? Eu não posso, não quero e não

vou fazer isso.
MICK – Se o problema for o teu emprego, eu

garanto que não vai acontecer nada...
FELÍCIA (corta, irritada) – Não é isso, caramba.

É outra coisa... Acontece que...
Ian chega, interrompendo-a.
IAN – Felícia, eu tava te procurando!
FELÍCIA – Ah... Oi, Ian...
IAN – Vem comigo, preciso de uma reunião rápida

com os repórteres e só tava faltando você.
FELÍCIA – Tá bom. (para Mick) Depois a gente

conversa. (vai saindo)
MICK – Até a noite.
Felícia sai com Ian; Mick sai logo depois.

Sonoplastia: Night School.
CORTA PARA
CENA 19
Tomada de Nova York.
CORTA PARA
CENA 20 – AP. DE FELÍCIA/SALA – INT – TARDE

Agora, quem está ocupando o apartamento é Julia. Ela
assiste a um filme na TV e não parece prestar muita
atenção.
JULIA – Será que tinha mesmo alguém me seguindo

hoje na rua? (pausa) Não dá mais pra sentir
segurança em lugar nenhum hoje em dia, viu...
De repente seu celular toca.
JULIA – Hello. (pausa) Yes... Of course! (pausa)

Thank you very much. I’ll be there tomorrow
morning. [Alô. Sim… Claro! Muito obrigada.
Estarei aí amanhã de manhã.]
Julia desliga o telefone, sorridente.
JULIA – Era isso que eu precisava! (levanta) Dona

Julia, esqueça esse tal perseguidor... Que talvez
nem exista... E vá se preparar para o novo
trabalho!
Julia desliga a televisão e vai para o quarto.

Sonoplastia: Frisson – Elba Ramalho.
CORTA PARA
CENA 21
Tomada de NY e Recife. Transição tarde-noite.
CORTA PARA
CENA 22 – AP. DE DANILO/INT – NOITE

Walter está deitado no sofá-cama, vendo televisão,
meio desanimado. Danilo passa de um lado para outro, se
arrumando para sair, animado. Pára e fica olhando para o
irmão.
DANILO – Rapaz, muda essa cara! Tá parecendo que

veio do velório!
WALTER – E esse filme ajuda. Que porre...

DANILO – Foi mal aí... Eu sou um pobre lascado

que não tem TV a cabo. E pra completar minha
televisão só pega três canais. (pausa) Mas em vez
de ficar aí reclamando da vida, bem que tu podia
sair comigo, tomar umas biritas, ver gente,
principalmente gente do sexo feminino,
solteira...
WALTER – Não tô a fim não, cara.
DANILO – E vai ficar aí, curtindo fossa? Não faz

nem graça! O cara, quando se separa...
WALTER – Não tô separado ainda.
DANILO – Mas estará.
WALTER – E o que você acha disso?
DANILO – Eu não acho nada, não tenho essa sorte.

Mas eu acho mesmo que você tem que dar uma volta,
se divertir um pouco. Tu fica o tempo todo com
essa cara de professor universitário, parece que
vive num congresso eterno! Tem que respirar um
pouco, né?
WALTER – Outro dia, quem sabe...
DANILO – Tem outro dia não. Depois tu volta pra

casa e não tem mais uma oportunidade dessas,
porque Beth não te deixa nem piscar pro teto que
ela já pensa que tem uma mulher lá.
WALTER – Tá bom, seu chato! Eu vou contigo.
Walter levanta e vai tomar banho. Sonoplastia: Naked

eye.
CORTA PARA
CENA 23
Tomada de Recife á noite.
CORTA PARA
CENA 24 – BAR – INT – NOITE

Felícia, Mick, Elissa e todos os jovens funcionários
do jornal estão reunidos, bebendo, comendo, conversando,
etc. Uma música qualquer da trilha sonora toca ao fundo.
Elissa levanta e se afasta da mesa. Nesse instante, Mick se
aproxima de Felícia.
MICK – Felícia...
FELÍCIA – Sim?
MICK – Pensou naquela proposta?
FELÍCIA – Qual?
MICK – A de ficar comigo na frente da Elissa.
FELÍCIA – Eu já disse minha resposta... É não e

pronto.
MICK – Felícia! Em nome da nossa amizade...

FELÍCIA – Nossa amizade não é tão longa assim pra

eu ficar fazendo esses favores. E tem outro
negócio que eu tô tentando falar faz tempo, mas
ninguém deixa. Eu não posso ficar com você
porque...
MICK – Você tem namorado, é isso.
FELÍCIA (irritada) – Deixa eu falar, caramba!
MICK – Tá bom, desculpa.
FELÍCIA – Eu não posso ficar contigo porque eu

gosto de outra pessoa. E tem mais! Eu sou amiga
da...
Corta para Elissa, que vem voltando a mesa. Em

seguida, corta para Danilo e Walter, que chegam ao local.
Mick vê Elissa e interrompe Felícia, beijando-a. Ela fica
paralisada. Elissa vê a cena e paralisa, assustada. Corta
para mostrar a reação de Walter e Danilo.
FIM DO CAPITULO 30

Arede 030

Încărcat de

Informații document

Titlu original

Drepturi de autor

Formate disponibile

Partajați acest document

Partajați sau inserați document

Opțiuni de partajare

Vi se pare util acest document?

Este necorespunzător acest conținut?

Drepturi de autor:

Formate disponibile

Arede 030

Încărcat de

Drepturi de autor:

Formate disponibile

Apresenta

Obra licenciada pela Creative Commons Brasil. Você pode copiar,

CENA 01 – FOLHA DE PERNAMBUCO – INT – DIA

ELISSA – E não é só como fotógrafa que eu vou

MICK (se desvencilha do abraço) – Ô Elissa,

FELÍCIA – Não briga com ela, não...

MICK – Não tô brigando, só não quero que ela te

FELÍCIA – Não precisa se preocupar, eu me

ELISSA – Tá vendo, amor? Não precisa ficar tão

Elissa beija Mick. Felícia sai.

CENA 02 – CASA DE EMÍLIO/SALA – INT – DIA

AMÉLIA – Já chega, eu não agüento mais esperar!

EMÍLIO – Não deve ter acontecido absolutamente

AMÉLIA – Ela tinha sete anos. Agora ela tem vinte

Amélia vai pegar o telefone sem fio, que toca.

CENA 03 – DELEGACIA – INT – DIA

MICHELLE – Mãe, a Miranda tá aqui, viu? (pausa)

MIRANDA (grita) – Não era pra falar!

MICHELLE (tel) – Ela não tava querendo que eu

MIRANDA – Diga que eu não volto. Mas não volto

MICHELLE (tel) – Tá ouvindo, né, mãe? (pausa) Tá,

Michelle desliga o telefone.

MIRANDA – O que foi que ela disse?

MICHELLE – Disse que eu levasse você pra casa

MIRANDA – Não vou! Eu não vou me submeter às

MICHELLE – Espero que você tenha vida construída

MIRANDA – Eu sei o que tô fazendo.

CENA 04 – AP. DE DANILO/BANHEIRO – INT – DIA

DANILO – Vai voltar pra casa hoje?

WALTER – Não sei, tô pensando ainda. Cansei de

DANILO – Outra mulher... Tipo quem? A Helena?

WALTER – Deus me livre! Se dependesse só da minha

DANILO – Então quem é a responsável pela tua

WALTER – Felícia. Cara, eu não sei... Acho que eu

DANILO – E se ela não quiser?

WALTER – Ela quer. Desde aquele dia da feira que

DANILO (interrompe, bravo) – Tá bom, pô! Chega!

WALTER – Eu tô apaixonado por aquela mulher.

DANILO (baixinho) – Ah, que graça, eu também!

WALTER – Disse alguma coisa?

DANILO – Disse que eu também acho que você tá

WALTER – Quando você se apaixonar, mas se

Walter sai. Danilo entra no banheiro, triste.

CENA 06 – AEROPORTO/HALL – INT – DIA

DEANNA – Alô! (pausa) Sim, acabei de chegar.

Sobe a música, encobrindo a voz de Deanna enquanto ela

CENA 08 – CASA DE AMANDA/SALA – INT - DIA

AMANDA (surpresa) – Jorge? E essa mochila aí?

JORGE (beijo) – Vou viajar.

AMANDA – Pra onde, posso saber?

AMANDA – Jorge, não começa...

JORGE – Eu juro que é coisa boa, só não posso

AMANDA – Não gosto disso.

JORGE – Eu volto em três dias, viu?

AMANDA – Tá certo. E quando voltar, vai me contar

JORGE – Vai ser a primeira coisa que vou fazer

Jorge a beija e sai correndo.

Amanda fecha a porta e volta para seus afazeres.

CENA 09 – CANHOTINHO/RUA QUALQUER – EXT – DIA

FELIPE – Você é o Eduardo?

ED – Sou sim. E você deve ser o Felipe. (pausa)

FELIPE – Quero. O senhor pode mesmo me ajudar?

ED – Claro! Eu vou pra capital em alguns dias, só