Arede 034

Apresenta
A Rede
Novela de:
Evana Ribeiro
CAPÍTULO 34
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TV DESTINO . A REDE . CAPITULO 34 2
CENA 01 – RUA – EXT – DIA

Continuação da cena final do capítulo anterior. Walter
continua olhando perplexo para Helena, que retribui.
WALTER – Mas nem morto!
HELENA – Não tem medo de que a sua queridíssima

esposa pegue essas fotos?
WALTER – Eu não acredito em boato.
HELENA – O que não quer dizer que ela não

acredite, né? E não é boato, é a mais pura
verdade. Ou vai querer negar as imagens? (pausa)
Pra evitar a tragédia, eu só quero a parte que me
cabe nesse latifúndio.
Helena dá um apertão na bunda de Walter, que recua,

bravo.
WALTER – Olha, me deixa, esquece que eu existo,

tá bom? E faça o que quiser com essas tais dessas
fotos, pode mandar lá pra casa, pode mostrar pra
Beth, eu não tô nem aí.
Walter vai andando e deixa Helena sozinha.

Sonoplastia: Bota de sete léguas – Joyce.
HELENA – Lembre-se que foi você quem quis assim!
CORTA PARA
CENA 02 – CASA DE AMANDA/SALA – INT – DIA

Amanda está sentada no sofá, com grandes pilhas de
provas a sua volta. Ela vai corrigindo as provas, com ar
desapontado. Gabrielle entra, vinda do quarto, já pronta
para sair.
GABRIELLE – Já tá trabalhando a essa hora? Mas

tua aula não é só de tarde hoje?
AMANDA – É, mas eu disse que ia entregar esses

testes hoje. E olhe... Eu não sei o que fazer com
essas turmas que eu tenho. Tem uns que até se
destacam, mas outros... As notas tão saindo
baixíssimas, olha só.
Amanda dá uma das provas que acaba de corrigir para

Gabrielle dar uma olhada. Esta lê e devolve, desapontada.
GABRIELLE – Realmente...
AMANDA – Tá vendo? Eu tô começando a achar que o

problema é comigo.
GABRIELLE – Não é, não.
AMANDA – Então o que é se não for a aula de

português que eu tô dando e eles tão achando uma
porcaria?
GABRIELLE – Veja de novo essa redação aqui que

você me deu. Veja como eles estão escrevendo.
AMANDA – Um monte de abreviação, tudo truncado...

Eles tão escrevendo assim porque passam muito
tempo em lan house, batendo papo, essas coisas.
AMANDA – E ler livro que é bom, nada!
GABRIELLE – Pois é. É por isso que eles escrevem

assim, e você desce notas baixas neles. (pausa)
Andei pensando bastante nisso e tive uma idéia
pra salvar suas turmas.
AMANDA – Então libera logo o ouro que eu tô

ficando desesperada já!
GABRIELLE – Por que, em vez de ficar tratando o

vício deles em computadores como inimigo, você
não resolve aproveitar isso pra melhorar o seu
trabalho?
AMANDA – Mas, assim... Eu não sei praticamente

nada sobre Internet. Tu fica aí fazendo as coisas
e eu completamente tapada, já sabe...
GABRIELLE – É claro que eu não vou te soltar no

escuro, né menina? Podemos trabalhar juntas. Já
pensei em tudo. Vão chegar uns computadores
novos, atualizados, lá pro laboratório. Quando
chegarem, a gente faz umas aulas com eles lá.
Tipo, uma aula por semana no laboratório. Vai ver
como eles num instante vão se interessar.
Amanda fica um instante quieta, pensando.

AMANDA – É, é uma boa sim. E eu tive outra idéia

legal. É que como eles tão com um problema sério
pra produzir texto, eu pensei que dava pra gente
usar algo a mais, tipo história em quadrinhos,
sabe?
GABRIELLE – É, ia ser massa.
AMANDA – E eu tenho uma amiga que é muito boa

nisso! A Tetê. Eu posso falar com ela ainda hoje,
tenho certeza que ela não vai negar essa força.
Amanda coloca as provas de lado e continua conversando

com a irmã, ambas muito animadas. Sobe Pela Internet –
Gilberto Gil.
CORTA PARA
CENA 03
Tomada das ruas do centro do Recife.
CORTA PARA
CENA 04 – RUA – EXT – DIA

Um ônibus pára e dele descem Ed e Felipe. Os dois vão
andando até chegarem a um prédio luxuoso, não muito longe
do ponto de ônibus. O menino olha para cima, admirado.
FELIPE – É aqui que eu vou fazer teste?
ED – Aqui mesmo. Tá nervoso?
FELIPE – Um pouquinho.
ED – Relaxe, lá em cima ninguém morde não.
Ed entra no prédio com Felipe.
CORTA PARA
CENA 05 – ELEVADOR – INT – DIA

Ed e Felipe estão sozinhos no elevador. Ed aperta o
botão do oitavo andar, enquanto o menino fica paralisado.
Sonoplastia: Pnevmatika.
Depois de alguns instantes, a porta do elevador se
abre e os dois saem. Encontram a porta de um apartamento
aberta, por onde Ed entra e já vai cumprimentando um dos
homens que estão lá. São três homens um pouco mal
encarados. Felipe fica parado no corredor e Ed vai buscá-
lo, o arrastando para dentro.
ED – Rapazes, tá aqui o garoto que eu trouxe pra

vocês conhecerem.
IAGO – Felipe, né?
FELIPE – É.
ED – Lipe, esses aqui são Iago, Vitor e Paulo.

São eles que vão dar uma mãozinha pra ver se você
vai trabalhar na TV.
Felipe sorri, um pouco assustado.
PAULO – Não precisa ter medo, menino! Depois que

você passar no teste, vai ficar tudo mais fácil.
VITOR – Bom... Pra você ir relaxando um pouco,

aqui tem TV, videogame, computador... Escolha o
que quiser, se divirta aí enquanto a gente
conversa aqui com o Ed.
O garoto se afasta um pouco e vai jogar videogame. Os

homens se juntam em outro canto do quarto.
ED – Então, o que acharam do moleque? Quanto ele

vale?
IAGO – Dá pro gasto.
ED – Mas quanto eu vou ganhar por ter trazido o

guri e a mãe dele lá do fim do mundo?
IAGO – Ah, tem mãe também, é?
ED – Claro, seu mané. Ou achou que o pirralho

fosse filho de chocadeira?
IAGO – Não é disso que eu tô falando, pô. Quero

saber se a mulher é boa, se serve pro serviço.
ED – Depende do nível do serviço. Sabe como é,

mulher de interior brabo, tá bem descuidadinha,
mas se der um trato fica até aproveitável. Quer
que eu traga?
IAGO – Traz! Isso pode até facilitar pra gente. O

negócio sendo em família, ele pode topar mais
fácil.
VITOR – Ele fica o dia todo com a gente?

ED – Fica sim, pra ir se acostumando com a área.

Enquanto isso eu vou resolver umas paradas aí,
volto mais tarde.
Ed se despede dos colegas e vai embora. Felipe,

distraído com os jogos, nem percebe.
CORTA PARA
CENA 06 – CASA DE AMANDA/SALA – INT – DIA

Amanda está sozinha, separando as pilhas de provas
por série. A campainha toca e ela vai atender. É Jorge.
AMANDA – Querido! (o abraça)
JORGE – Viu só como eu não ia demorar muito?
AMANDA – Pois é... Agora trate de me contar qual

é a surpresa, acabou o seu prazo.
JORGE – Não, antes eu tenho que matar as saudades

da senhorita.
Jorge e Amanda se beijam e ficam assim por algum

tempo, se apertando, encostados a uma parede. Sobe Pra ser
só minha mulher – Otto. A música segue até que Amanda
empurra Jorge e se afasta dele.
AMANDA – Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem,

mas antes eu quero saber que raio de surpresa é
essa.
JORGE – Tá bom, já que insiste... Eu viajei pra

Natal pra procurar uma casa pra gente. Lembra que
quando a gente começou a namorar você sonhava em
morar lá?
AMANDA – Lembro sim.
JORGE – Pois é, consegui a casa.
AMANDA – Conseguiu?
JORGE – Consegui sim. Mas não é um apartamentinho

não. É um casa mesmo, com quintal, muito espaço
pros filhos que a gente vai ter um dia, fica
perto da praia, e o melhor de tudo: nossos
salários conseguem bancar!
AMANDA – Legal... Mas você esqueceu de um

detalhe. (pausa) Esqueceu de perguntar o que eu
achava disso tudo.
JORGE – Mas não era você mesma que tanto falava

que sonhava com uma casa a beira-mar em Natal?
AMANDA – É, mas agora eu tenho tanta coisa me

prendendo aqui... Não quero largar meu trabalho
agora.
JORGE – É só pedir transferência e pronto!
AMANDA – Olha, eu não quero discutir contigo,

pelo menos não agora, tu acabou de chegar... Vai
pra tua casa, eu vou tomar banho pra ir pro
trabalho e depois a gente conversa, pode ser?
JORGE – Tá bom, não vou te atrasar. Até mais

tarde.
Jorge beija Amanda e sai.
CORTA PARA
CENA 07 – CASA DE EMÍLIO/SALA – INT – DIA

Mick lê o caderno de esportes do jornal enquanto fala
com Teresa ao telefone.
MICK (tel) – Pergunta pras meninas se elas querem

dar um passeio hoje com a gente. (pausa) Elas já
foram no Game Station? (pausa) Então a gente pode
levar elas lá. (pausa) Às três horas tá bom?
(pausa) Então eu passo pra pegar vocês aí.
Ouve-se a campainha tocando. Mick larga o jornal e

levanta para atender. Vai até a porta ainda falando ao
telefone.
MICK – Tetê, eu tenho que desligar agora. Até

mais tarde, tá? (pausa) Também te adoro. Beijos.
Ele encerra a chamada e abre a porta, encontrando Ian

do outro lado.
MICK (surpreso) – Seu Ian?
IAN – Bom dia, Mickey, posso entrar?
MICK – Claro, à vontade.

Ian entra.
MICK – Senta, por favor.
IAN (senta) – Obrigado.
MICK – Não quer uma/
IAN (corta) – Não, obrigado, não quero nada. Só

quero que você sente aqui e me escute.
MICK – Tá bom...
Mick senta ao lado de Ian. Os dois ficam calados por

um breve instante.
MICK – É sobre Elissa, não é? Eu sei que eu fui

péssimo forjando aquela traição, mas foi num
impulso, e acabou funcionando.
IAN – Eu não vim falar sobre o seu relacionamento

com a minha filha, pelo menos não diretamente
sobre isso. Quero falar sobre o seu emprego no
jornal, o emprego que você largou quando terminou
o namoro com Elissa.
MICK – Bom, eu só entrei lá porque tava com ela,

não é verdade?
IAN – É, mas você tava se saindo bem, tem amigos

no jornal, tem a minha consideração independente
de qualquer coisa, rapaz. (pausa) Eu vim aqui pra
tentar fazer você reconsiderar essa saída.
MICK – Puxa, seu Ian... Eu não esperava isso do

senhor.
IAN (sorrindo) – Eu não faço isso com qualquer

pessoa. Tô aqui porque acho que você é um cara
batalhador e merece uma chance.
MICK – Agradeço muito. (pausa) Mas acho que ia

ficar chato, a Elissa tá lá todo dia também, a
gente junto, depois de tudo... Não vai prestar.
IAN – Tem certeza?
MICK – Tenho.
IAN – É uma pena, Mickey. Uma pena mesmo... Mas

tudo bem. Desejo sorte nas suas próximas
empreitadas.
MICK – Muito obrigado, seu Ian.
Eles se cumprimentam com um aperto de mão.
CORTA PARA
CENA 08
Tomada aérea do prédio da Bubble Inc. Uma contrução de
grande porte, na qual predominam o branco e tons pastéis.
Sonoplastia: Face – Aerosmith.
CORTA PARA
CENA 09 – BUBBLE INC./SALA DE REUNIÕES – INT – DIA

Reunião já iniciada. Compõem a mesa Deanna, ocupando a
cadeira da presidência, Minerva, à sua direita, Leo Stein
(acionista germânico-brasileiro) à esquerda, e outros
acionistas de menor importância.
DEANNA – Bem, como todos vocês já sabem, nas

últimas semanas fechamos um importante contrato
que fortalece ainda mais as relações da Bubble
com o público brasileiro. Adquirimos o site de
relacionamentos Minerva.net assinando um contrato
milionário com sua criadora, Minerva Barros, que
está aqui presente, como parte do staff de nossa
empresa, representando nosso projeto mais
rentável. (pausa) O motivo que me levou a
convocar esta segunda reunião, além do projeto de
aprimoramento do Minerva que vai ser apresentado
e apreciado por vocês, é o contrato que estamos
em vias de assinar com o senhor Leo Stein, aqui
presente, nome de referência no segmento de TI1
no Nordeste e, por que não dizer, no Brasil. O
senhor Stein está na vice-direção da Estação
Digital, um novo braço do Porto Digital, que
todos vocês já conhecem, e está trazendo da
Alemanha e da Suécia uma nova plataforma
tecnológica que vai ser implantada até o fim
deste mês no Recife e Região Metropolitana...
Deanna continua falando, fora de áudio. Sobe a música

Bob – Otto. Corta para PV de Minerva. Leo está olhando
fixamente para ela. Minerva abaixa os olhos, tímida. Ele
continua olhando, insistente.
1
Tecnologia da Informação.
LEO (off) – Mocinha bonita... Tô vendo que esse

contrato pode render mesmo muito bons frutos...
Leo sorri para Minerva, que abaixa a cabeça, séria.

Depois volta a se endireitar.
DEANNA – Bom, acho que o senhor Leo Stein pode

falar melhor do que eu sobre este novo projeto.
Todos ficam calados, esperando que Leo comece a falar.

Este continua distraído, olhando fixamente para Minerva,
que está totalmente desconfortável com a situação.
DEANNA – Senhor Stein?
LEO – Sim?
DEANNA – Eu dizia que o senhor poderia explicar

melhor aos senhores aqui presentes sobre alguns
pormenores da nova plataforma e da implantação da
Estação Digital.
LEO – Oh, sim, com certeza. (para os acionistas)

A Estação é um projeto antigo, que vai, junto com
o Porto Digital favorecer a inclusão dos cidadãos
menos favorecidos no universo...
Leo continua falando, sem áudio. Deanna olha

discretamente para Minerva, com um ar maroto. A garota não
nota.
CORTA PARA
CENA 10
Tomada do trânsito do Recife ao meio dia.
CORTA PARA
CENA 11 – AP. DE HELENA/SALA – INT – DIA

Helena está sentada diante de seu computador. Acaba de
gravar um CD contendo as fotos de Walter e Felícia juntos e
desliga o PC. Guarda o disco em sua bolsa e vai saindo.
CORTA PARA
CENA 12 – BUBBLE INC./ANTESALA – INT – TARDE

A reunião já foi encerrada, os acionistas vão saindo
um a um, e Minerva os segue. Deanna fica sozinha com Leo.
DEANNA – Percebi que você estava muito

interessado na Minerva.
LEO – Não estava, estou. (pausa) Ela é solteira?
DEANNA – Que eu saiba, é sim.
LEO – Gostaria de conversar um pouco com ela,

almoçar...
DEANNA (sorrindo) – Terei prazer em arranjar esse

encontro agora mesmo! Aguarde aqui um minutinho.
Deanna sai correndo. Leo senta em um sofá, pega uma

revista e fica lendo.
CORTE DESCONTÍNUO PARA

CENA 13 – BUBBLE INC./SAÍDA – INT – TARDE

Minerva está saindo do prédio. Deanna vem correndo e a
alcança.
DEANNA – Minerva, espera! Preciso falar com você.
MINERVA – Oi!
DEANNA – Vem cá... (segura a mão dela e vai

puxando Minerva para um canto mais reservado) Eu
não sei se você percebeu, mas Leo Stein ficou
muito interessado em você.
MINERVA – É, eu percebi.
DEANNA – Ele quer almoçar com você, agora. Bater

um papinho, conhecer melhor... Que tal?
MINERVA – Já acertei que ia almoçar com meus

pais, desculpa.
DEANNA – Mas você almoça com seus pais todo dia,

pôxa! Vá com ele. Vai ser bom pra você, vai ser
bom pra Bubble.
MINERVA – Olha, Deanna, vai me desculpar, mas eu

não tive uma impressão das melhores quando vi
esse cara. Ele pode ser um grande empresário, um
cara super competente, mas não tô nem um pouco a
fim de conhecê-lo melhor. Os olhares dele pro meu
lado me assustaram, ele me assusta e...
DEANNA – Foram só uns olharezinhos de interesse,

nada demais! Que é que custa ir almoçar, bater um
papo e fazer a alegria de um empresário

milionário?
MINERVA – Custa a minha vontade.
DEANNA (aperta o braço de Minerva, muito brava) –

Minha filha, não existe vontade livre no mundo
dos negócios, caso você não saiba. Tudo vale um
contrato. (pausa) Você deve ter visto por aí que
eu cheguei aonde cheguei graças a muita
competência e estudo, né? Mas não foi só isso,
não. Eu tive que rodar com muito homem rico,
deitar em muita cama com colchão de pena de ganso
pra poder assinar contratos importantes e ver
minha empresa crescer. E digo a você: não foi
nada mal! Alguns eram péssimos de cama, outros
eram velhos horríveis, mas os luxos compensavam.
E comparado com os amantes que eu tive, Leo Stein
até que é um coroa bem charmosinho! (pausa) Tá
bom, agora acabou o momento lição de vida, e você
vai voltar comigo e vai almoçar com Leo.
MINERVA – Não vou e ponto final!
Minerva se desvencilha de Deanna e vai saindo.
DEANNA – Isso vai te custar caro, tá sabendo?
MINERVA (pára, olha para trás) – Dane-se!
Minerva vai embora.
DEANNA – Garotinha insolente... Não vou deixar

isso barato não. Não mesmo!
Deanna volta para a antesala.
CORTA PARA
CENA 14 – BUBBLE INC./ANTESALA – INT – TARDE

Leo ainda está lá, impaciente. Deanna volta, um pouco
decepcionada.
LEO – Você demorou! Onde está a menina?
DEANNA – Leo, me desculpe... Não consegui

alcançar a Minerva. Mas nós podemos sair para o
almoço!
LEO – Sim, vamos.
Leo e Deanna saem juntos.
CORTA PARA
CENA 15 – CASA DE IAN/QUARTO DE ELISSA – INT – TARDE

Elissa está deitada em sua cama, assistindo a um filme
e comendo chocolates. Seu rosto demonstra total
insatisfação. Ouve batidas na porta.
ELISSA – Tá aberta!
IAN (entrando) – Nem perguntou quem é! Tá doente,

menina?
ELISSA – Tô doente de raiva, isso sim. Muita

raiva.
IAN – Sei, você está triste por conta do fim do

seu namoro, mas isso passa.
ELISSA – Não vai passar não.
IAN – Passa sim. Demora um pouco, mas passa. (faz

um carinho na filha) Talvez fosse o caso de fazer
uma viagenzinha pela Europa. Escolha o país que
quiser, eu pago.
ELISSA – Não quero ir.
IAN – Isso é só porque eu sugeri?
ELISSA – Não, papai. É que eu quero ficar aqui em

Recife, e conquistar o Mick de volta.
IAN – Menina... Eu não quero que você saia mais

machucada dessa história.
ELISSA – Não vou me machucar não. Eu quero é

machucar gente!
IAN – Elissa!
ELISSA – Demorei muito pra ter aquele homem pra

mim e agora eu vou ter ele de volta nem que eu
precise passar com um trator por cima de todo
mundo que tentar impedir.
IAN (off) – Meu Deus... Essa menina tá ficando

doida. Culpa daquela mãe doida que ela tem! Foi
mimar demais, deu nisso!
CORTA PARA
CENA 15 – LOJA DE FOTOGRAFIA – INT – TARDE

Helena chega na loja e uma balconista vai atendê-la.
HELENA – Boa tarde. Eu quero uma cópia impressa

de todas as fotos desse CD aqui.
A balconista preenche uma ficha com o pedido de

Helena. Enquanto isso, Geysa entra na mesma loja e fica
encostada num canto, esperando Helena sair. Elas se cruzam
e trocam um olhar frio. Depois que Helena sai, Geysa vai ao
balcão e chama a mesma balconista.
GEYSA – Oi, eu vim buscar as fotos que eu deixei

aqui hoje de manhã. Já estão prontas?
BALCONISTA – Você tá com o protocolo aí?
GEYSA – Tô sim, olha ele aqui.
Ela entrega o pequeno papel para a balconista, que sai

a procurar o envelope. Sozinha, Geysa se estica um pouco,
de modo a conseguir ver qual a foto que está sendo impressa
no laboratório. Não consegue ver nada, então se certifica
de que não está vindo ninguém e passa para o outro lado do
balcão, podendo ver melhor os computadores do laboratório.
Reconhece as fotos de Walter com Felícia.
GEYSA – Hmmm, então estavam com ela! (pausa) Vou

recuperar essas fotos.
Geysa volta rapidamente ao seu lugar e fica esperando

a balconista.
CORTA PARA
CENA 16 – AP. DE CATARINA/SALA – INT – TARDE

Amanda e Teresa tomam sorvete sentadas no sofá.
Conversa já iniciada.
AMANDA – Bom, já te expliquei direitinho tudo

sobre como o projeto vai funcionar. Agora só
falta a sua resposta.
TERESA – É claro que eu topo, amiga! Vou adorar

ajudar vocês, e tô precisando de trabalho
mesmo...
AMANDA – Então tá fechado. Agora vou te deixar

aí, se arrumando pra encontrar o boyzinho.
Teresa ri.
AMANDA – Tá feliz, né?
TERESA – Só não digo que posso morrer feliz

porque é sacanagem encontrar a felicidade e pedir
pra morrer depois...
AMANDA – Depois vou querer conhecer o moço.
Olga entra, com Irina no colo.
OLGA – Não precisa mais ir arrumar a Irina não,

eu já fiz.
TERESA – Muito bem, já tá na idade de ajudar a

cuidar da sua irmãzinha mesmo. Eu é que tenho que
tomar um banho!
Teresa sai correndo.
CORTA PARA
CENA 17 – CIM/CONSULTÓRIO DE GINECOLOGISTA – INT – TARDE

Cecília está em consulta, acompanhada de sua mãe.
CECÍLIA – Então, doutor... Tá tudo ok comigo? Eu

posso fazer atividade física sem problema?
MÉDICO – Não só pode como deve, Cecília. Vai ser

ótimo pra você fazer uma atividade, só não pode
exagerar.
CECÍLIA – Ah, que bom... Eu tava doida pra fazer

aula de dança lá perto de casa.
MÉDICO – Mas já sabe; tudo em excesso pode

prejudicar você e o bebê. Principalmente depois
daquele acidente, todo cuidado é pouco.
PATRÍCIA – Pode deixar que eu não vou tirar os

olhos dessa mocinha, doutor. Se precisar, até me
matriculo nas aulas.
CECÍLIA – Ah, mãe, não precisa...
PATRÍCIA – Precisa sim senhora, não discuta.
Eles continuam falando, sem áudio.

CORTA PARA
CENA 18
Tomada aérea do Ipsep.
CORTA PARA
CENA 19 – RUA – EXT – TARDE

Rodrigo está sentado na calçada em frente a Faculdade
Boa Viagem. Eloíse sai em companhia de alguns colegas, o vê
e se aproxima.
ELOÍSE – Que surpresa! (beijo)
RODRIGO – Vim te levar pra dar um passeiozinho.

Se não tiver muito ocupada, claro...
ELOÍSE – E onde vai me levar?
RODRIGO – A qualquer lugar.
Eles saem abraçados.
CORTE DESCONTÍNUO
CENA 20 – AP. DE ANUSKA/QUARTO DE ANUSKA – INT – TARDE

Eloíse e Rodrigo estão deitados na cama de Anuska, se
beijando. Vão tirando as roupas, etc. Corta para a entrada
do quarto. Anuska vai chegando e pára, indignada, ao ver a
cena.
ANUSKA – Ei, ei! Que é isso aqui na minha cama,

hein?
O casal interrompe os amassos e levanta da cama.

Eloíse pega a blusa e sai correndo, envergonhada. Rodrigo
tenta ir atrás dela.
RODRIGO – Elô, espera aí!
ANUSKA (o detém) – Deixa a menina ir e me diga

quem foi que deixou você fazer meu quarto de
motel?
RODRIGO – Pôxa, Nuska... Foi mal aí.
ANUSKA – Foi mal? Foi péssimo!
RODRIGO – A gente não se segurou...
ANUSKA – E como não tinham dinheiro pro motel,

vieram pra cá. Se tivesse usado o seu quarto eu
nem reclamava, mas o meu?
RODRIGO – Já pedi desculpa!
ANUSKA – Tá, tudo bem... Mas vê se segura um

pouco os hormônios. Ou pelo menos o senso de
noção. (pausa) Agora vai lá atrás da Eloíse,
vai...
Rodrigo sai. Anuska larga suas coisas num canto e

começa a arrumar a cama.
ANUSKA – Essas crianças sem juízo...
CORTA PARA
CENA 21 – CASA DE EMÍLIO/COZINHA – INT – TARDE

Amélia está cortando legumes. Emílio entra
sorrateiramente na cozinha, para atrás dela e agarra a
esposa, assustando-a. Ela grita e vira pra ele com a
peixeira na mão. Assustado, ele dá um passo pra trás e
esbarra na mesa.
EMÍLIO – Também não precisa vir pra cima de mim

com isso!
AMÉLIA – Desculpa. Mas precisava me assustar

assim?
EMÍLIO – Desculpe... É que eu recebi uma notícia

tão boa que não me agüentei.
AMÉLIA – Então me conte!
EMÍLIO – Consegui um empréstimo pra reconstruir a

lan house.
AMÉLIA – Empréstimo pra reconstruir aquilo?
EMÍLIO – É. Não gostou?
AMÉLIA – Você sabe muito bem que nunca fui com a

cara dessas tais lan houses... Tudo coisa do
capeta. Tava vendo uma matéria outro dia... A
quantidade de criança que é aliciada no interior
por causa desses negócios!
EMÍLIO – Mas o nosso é decente, é limpinho...

AMÉLIA – E de que adianta ser limpinho se só tem

gente pervertida lá?
EMÍLIO – Deixa de ser chata, mulher...
AMÉLIA – Deixe a minha chatice.
EMÍLIO – Viu o Mick por aí?
AMÉLIA – Saiu com a velha namorada nova...
CORTA PARA
CENA 22 – SHOPPING CENTER RECIFE – INT – TARDE

Teresa, Mick, Olga e Maria passeiam pelo shopping,
tomando sorvete. Mick carrega Irina no colo.
TERESA – Sabe que te olhando assim com a Irina...

Você seria um pai super talentoso?
MICK – Pai talentoso é aquele que sabe preparar

mamadeira, dar banho e trocar fralda...
TERESA – Isso se aprende.
MICK – Tá querendo me ajudar a treinar, é?
TERESA – Isso... Vá treinando com a Irina, que é

o único bebê que você vai ver por um bom tempo.
As meninas riem. O casal se beija, apaixonado. Corta

para uma loja de roupas, de onde saem Elissa e Joséphine.
Elissa vê a cena e fica séria.
ELISSA – Não acredito no que tô vendo.
JOSÉPHINE – O que foi, filhinha?
ELISSA – Olha só quem tá lá no maior amor com

aquela galega... Galega? (pausa) Aquela azedinha
da Internet é loira! Só falta ser ela!
Elissa sai correndo na direção do grupo. Joséphine vai

atrás dela, sem entender nada.
JOSÉPHINE – Elissinha, me explica o que é que

você vai fazer!
Elissa não responde e continua andando na frente.

Joséphine a persegue. Teresa e Mick não percebem a
aproximação da moça até que ela pára perto deles.
ELISSA – Foi ligeiro, né?
MICK (olha para ela, surpreso) – Oi...
ELISSA – Tô conhecendo esse rosto... É

aquelazinha de Nova York, né? Foi por ela que
você me largou?
TERESA – Assim, florzinha... Aquelazinha aqui tem

nome, sabe? (estende a mão para ela) Teresa
Scheid, encantada. E você é a?
ELISSA – A mulher que vai arrebentar a tua cara!

Sobe Subway - Aerosmith. Elissa parte para cima de

Teresa com tudo, e as crianças se afastam, assustadas. Mick
dá um tapa em Elissa, que se aquieta e começa a chorar nos
braços da mãe.
ELISSA – Tá vendo, mãe?
MICK – Qual é, Elissa? Nem te bati tão forte

assim!
JOSÉPHINE – Mas bateu, rapaz!
MICK – E eu lá ia ficar de braços cruzados

enquanto ela tenta bater na minha namorada?
JOSÉPHINE – Eu é que não admito que ninguém rele

um dedo no meu tesouro. (grita) Segurança!
CORTA PARA
CENA 23 – DELEGACIA/CELA – INT – TARDE

Mick está sozinho na cela. Teresa está do outro lado,
segurando as mãos dele.
MICK – Duas doidas, duas doidas!
TERESA – Fica calmo, Mick... Tu sai daí loguinho!

Aproveita esse tempo no xadrez e se acalma. Quer
que eu traga um chazinho?
MICK – Que mané chá, Teresa? Eu quero sair daqui

e rezar pra nunca mais aqueles dois encostos
passarem na minha frente.
TERESA – Então é bom ficar aí mais um pouco,

porque elas ainda tão lá fora.
Teresa beija Mick por entre as grades.
CORTA PARA
CENA 24 – DELEGACIA/SALA DA DELEGADA – INT – TARDE

Michelle está nervosíssima, discutindo com Elissa e
Joséphine. As crianças estão em um canto, alheias a tudo.
MICHELLE – Escuta aqui, Elissa. Não acha que

passou um pouquinho dos limites mandando meu
irmão pra cá?
ELISSA – Tá reclamando só porque é o seu maninho

que tá no xadrez, ex-cunhadinha?
JOSÉPHINE – Pois por mim ele vai praquele... Como

é o nome daquele presídio mesmo? (pausa) Aníbal
Cardoso?
MICHELLE – É Aníbal Bruno. E outra; segundo os

depoimentos, foi você, Elissa, que começou a
confusão. Não seria o caso de eu te mandar pra
cela também?
JOSÉPHINE – Olhe que eu posso te denunciar pros

superiores, tá sabendo, mocinha?
MICHELLE (irônica) – Isso, chama o governador!
Teresa entra na sala e ignora Joséphine e Elissa.

TERESA – Michelle, de quanto é a fiança pra

liberar o Mick?
MICHELLE – Trezentinho.
JOSÉPHINE – Pois está até barato, pros danos que

ele causou...
MICHELLE (corta, impaciente) – Dona Josefina, aí

fora tem uma jaqueira. Vá colher umas jaquinhas
pra levar pra casa, vá.
JOSÉPHINE (brava) – É Joséphine!
Joséphine sai, bufando, acompanhada de Elissa.
MICHELLE – Cuidado pra não lhe cair uma madura na

cabeça!
Todas riem.
TERESA – Eu tirei uns trocados aqui no caixa

eletrônico.
Teresa dá o dinheiro a Michelle, que faz menção de

devolver.
MICHELLE – Não precisa...
TERESA – Precisa. Fica com isso aí e libera o

cara...
CORTA PARA
CENA 25 – RUA – EXT – TARDE

O trânsito está movimentado na área. Mick, Teresa e as
crianças saem da delegacia. Frederico está do outro lado da
rua e os vê. Na mesma hora, começa a atravessar a rua,
quando vem um carro em sua direção e ele se joga, como se
tivesse sido atropelado.
FIM DO CAPITULO 34

Arede 034

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CENA 01 – RUA – EXT – DIA

WALTER – Mas nem morto!

HELENA – Não tem medo de que a sua queridíssima

WALTER – Eu não acredito em boato.

HELENA – O que não quer dizer que ela não

Helena dá um apertão na bunda de Walter, que recua,

WALTER – Olha, me deixa, esquece que eu existo,

Walter vai andando e deixa Helena sozinha.

HELENA – Lembre-se que foi você quem quis assim!

CENA 02 – CASA DE AMANDA/SALA – INT – DIA

GABRIELLE – Já tá trabalhando a essa hora? Mas

AMANDA – É, mas eu disse que ia entregar esses

Amanda dá uma das provas que acaba de corrigir para

AMANDA – Tá vendo? Eu tô começando a achar que o

GABRIELLE – Não é, não.

AMANDA – Então o que é se não for a aula de

GABRIELLE – Veja de novo essa redação aqui que

AMANDA – Um monte de abreviação, tudo truncado...

AMANDA – E ler livro que é bom, nada!

GABRIELLE – Pois é. É por isso que eles escrevem

AMANDA – Então libera logo o ouro que eu tô

GABRIELLE – Por que, em vez de ficar tratando o

AMANDA – Mas, assim... Eu não sei praticamente

GABRIELLE – É claro que eu não vou te soltar no

Amanda fica um instante quieta, pensando.

AMANDA – É, é uma boa sim. E eu tive outra idéia

GABRIELLE – É, ia ser massa.

AMANDA – E eu tenho uma amiga que é muito boa

Amanda coloca as provas de lado e continua conversando

CENA 04 – RUA – EXT – DIA

FELIPE – É aqui que eu vou fazer teste?

ED – Aqui mesmo. Tá nervoso?

ED – Relaxe, lá em cima ninguém morde não.

Ed entra no prédio com Felipe.

CENA 05 – ELEVADOR – INT – DIA

ED – Rapazes, tá aqui o garoto que eu trouxe pra

IAGO – Felipe, né?

ED – Lipe, esses aqui são Iago, Vitor e Paulo.

Felipe sorri, um pouco assustado.

PAULO – Não precisa ter medo, menino! Depois que

VITOR – Bom... Pra você ir relaxando um pouco,

O garoto se afasta um pouco e vai jogar videogame. Os

ED – Então, o que acharam do moleque? Quanto ele

IAGO – Dá pro gasto.

ED – Mas quanto eu vou ganhar por ter trazido o

IAGO – Ah, tem mãe também, é?

ED – Claro, seu mané. Ou achou que o pirralho

IAGO – Não é disso que eu tô falando, pô. Quero

ED – Depende do nível do serviço. Sabe como é,

IAGO – Traz! Isso pode até facilitar pra gente. O

VITOR – Ele fica o dia todo com a gente?

ED – Fica sim, pra ir se acostumando com a área.

Ed se despede dos colegas e vai embora. Felipe,

CENA 06 – CASA DE AMANDA/SALA – INT – DIA

AMANDA – Querido! (o abraça)

JORGE – Viu só como eu não ia demorar muito?

AMANDA – Pois é... Agora trate de me contar qual

JORGE – Não, antes eu tenho que matar as saudades

Jorge e Amanda se beijam e ficam assim por algum

AMANDA – Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem,

JORGE – Tá bom, já que insiste... Eu viajei pra