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JORGE MIGUEL MIRANDA
Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências
Departamento de Engenharia Geográfica, Geofísica e Energia
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Jorge Miguel Miranda, Universidade de Lisboa
Preâmbulo
As notas que se seguem foram preparadas para os alunos de Terra, Ambiente e Clima no
semestre de Outono de 2009. Procuram sistematizar o conteúdo das aulas e incorporar
algum material adicional que permita uma visão integrada do sistema terrestre.
Para a sua preparação utilizei de forma extensiva o material disponível para a mesma
cadeira pela Prof. Isabel Âmbar em 2007-2008, bem como elementos disponíveis para as a
do Prof. Pedro Miranda.
Como é natural numa versão “draft”, muitos erros existirão nestas notas, para os quais
peço a clemência dos seus leitores, bem como a pronta correcção. Procurei incluir
referência a todos os materiais que adaptei de outras fontes e, em todos os casos em que
tal não aconteça, farei tão depressa quanto possível as correspondentes correcções.
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Terra, Ambiente e Clima
Índice
PREÂMBULO 2
CAP 1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 5
1.1 O CLIMA 5
1.2 A TERRA NO SISTEMA SOLAR 7
1.3 VARIAÇÕES CLIMÁTICAS NO PERÍODO INSTRUMENTAL 8
1.3 O CLIMA NA ERA PRÉ-HISTÓRICA 10
1.4 COMPONENTES DO SISTEMA TERRA 12
1.5 BIBLIOGRAFIA 14
CAP 2 - A GEOSFERA 15
2.1 INTRODUÇÃO 15
2.2 A IDADE DA TERRA 15
2.2.1 DATAÇÕES RADIOMÉTRICAS 15
2.2.2 O MÉTODO DO RUBÍDIO ESTRÔNCIO 16
2.2.3 IDADES DA TERRA E DA LUA 18
2.3 OS METEORITOS 18
2.4 COMPOSIÇÃO PRIMITIVA DA TERRA 19
2.5 EVOLUÇÃO E DIFERENCIAÇÃO 21
2.5.1 MANTO E NÚCLEO 21
2.5.2 CRUSTA TERRESTRE 22
2.5.3 ATMOSFERA E OCEANOS 23
2.6 GEODINÂMICA 24
2.6.1 A TECTÓNICA DE PLACAS 24
2.6.2 A ISOSTASIA E A ESTABILIDADE VERTICAL DA LITOSFERA 25
2.6.3 VULCANISMO 26
2.6.4 METEORIZAÇÃO 27
2.7 EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 27
2.8 BIBLIOGRAFIA 28
CAP 3 - A ATMOSFERA: EQUILÍBRIO RADIATIVO E MECÂNICO 29
3.1ESTRUTURA VERTICAL DA TEMPERATURA NA ATMOSFERA 29
3.2 CONSTITUINTES FUNDAMENTAIS DA ATMOSFERA 30
3.3 EQUILÍBRIO RADIATIVO 31
3.3.1 ESPECTRO DA RADIAÇÃO SOLAR 31
3.3.2 BALANÇO DE ENERGIA DO SOL 33
3.3.3 EFEITO DE ESTUFA 35
3.3.4 VARIABILIDADE DA RADIAÇÃO SOLAR 39
3.4 ESCAPE DE GASES ATMOSFÉRICOS 40
3.5 EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 43
3.6 BIBLIOGRAFIA 43
CAP 4 - A ATMOSFERA: DINÂMICA E TRANSPORTE 44
4.1 CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA 44
4.1.1 PADRÃO DE CIRCULAÇÃO TROPOSFÉRICO 44
4.1.2 CORRENTE DE JACTO 45
4.1.3 PADRÃO DE CIRCULAÇÃO ESTRATOSFÉRICO 46
4.2 DINÂMICA DE UMA PARTÍCULA DE AR 46
4.2.1 EXPRESSÃO DA DINÂMICA DA PARTÍCULA 46
4.2.2 VENTO GEOSTRÓFICO 47
4.2.3 VENTO DE GRADIENTE 48
4.2.4 CAMADA LIMITE PLANETÁRIA 49
4.3 AEROSSÓIS 49
4.3.1 TIPOS DE AEROSSÓIS 49
4.3.2 TEMPO DE RESIDÊNCIA DE UM AEROSSOL 50
4.3.3 EFEITO DOS AEROSSÓIS NO CLIMA 51
4.4 EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 52
4.5 BIBLIOGRAFIA 52
CAP 5 - A HIDROSFERA 53
5.1 ÁGUA SALGADA E ÁGUA DOCE 53
5.2 O CICLO DA ÁGUA 53
5.3 O OCEANO 55
5.3.1 CIRCULAÇÃO OCEANICA 55
5.3.2 CORRENTES GERADAS POR GRADIENTES HORIZONTAIS DE PRESSÃO 56
5.3.3 CIRCULAÇÃO EM PROFUNDIDADE – CIRCULAÇÃO TERMOHALINA 57
5.4 A CRIOSFERA 58
5.5 EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 59
5.6 BIBLIOGRAFIA 59
CAP 6 – BIOSFERA 60
6.1 INTRODUÇÃO 60
6.2 NÍVEL TRÓFICO 60
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Terra, Ambiente e Clima
Fig. 1.1: Exemplo de normal climatológica para Lisboa, estabelecida a partir da estação do Instituto Geofísico
Infante Dom Luiz.
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Tabela 1.1: Alguns parâmetros orbitais de planetas do sistema solar. A distância (média) ao Sol é indicada em
106 km. A indicação (r) na coluna do período orbital indica que a rotação é realizada no sentido retrógrado. A
inclinação da órbita é medida em relação ao plana da eclíptica
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Tabela 1.2: Alguns parâmetros característicos de planetas do sistema solar. O diâmetro equatorial encontra-se
expresso em km, a massa em Kg e a massa volúmica em kg m-3.
Como veremos nos capítulos seguintes, estes parâmetros orbitais determinam em última
análise as “condições fronteira” do sistema Terra.
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Terra, Ambiente e Clima
Fig. 1.2: Parâmetros Climáticos Básicos da Mudança Climática. Mudanças observadas no que diz respeito (a) à
temperatura à superfície, (b) nível médio do mar medido pelas redes de marégrafos (azul) e por satélites
(vermelho) e (c) cobertura de neve no hemisfério norte no período Março-Abril. Em todos os casos apresentam-se
os valores anuais (círculos), as médias corridas de 10 anos (a negro) e as margens de erro (azul). Figura
adaptada do 4º Relatório do IPCC
(e) Mudanças nas temperaturas extremas observadas nos últimos 50 anos (dias quentes,
noites quentes e ondas de calor tornaram-se mais frequentes).
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Terra, Ambiente e Clima
Fig. 1.3: Esquema interpretativo da utilização da razão isotópica do Oxigénio para deduzir a paleo-temperatura
Outro método utilizado para estender para trás a janela de observação do clima na Terra foi
o do estudo dos sedimentos marinhos. Todos os anos se acumulam quantidades enormes de
sedimentos nas bacias oceânicas e em lagos. Um dos proxies utilizados tem a ver com a
presença de diatomáceas (algas microscópicas), indicando a ocorrência de upwelling
intenso associado à intensificação dos ventos alíseos. De forma algo similar têm sido
realizados estudos com corais (sensíveis à profundidade do mar) e com polens (permitem
identificar a vegetação presente).
Fig. 1.4: comparação de dois registos de mudança climatic cobrindo o ultimo ciclo glaciar. Os isótopos do
oxigénio no Oceano reflectem simultanemanente as alterações do nivel do mar e da temperature. Neste site do
Pacifico equatorial (core V19-30) o sinal está dominado pelo nível do mar. No caso do gelo da Gronelândia, os
isotopes reflectem a temperature a que se verificou a precipitação. Adaptado de http://oceanexplorer.noaa.gov/
Vale ainda a pena referir pela sua elevada sensibilidade, os estudos realizados sobre os
troncos das árvores (dendrocronologia), utilizando o facto de eles crescerem em largura
formando, em geral, um anel em cada ano. A espessura e a densidade de um anel dependem
da duração da estação de crescimento em que foi formado e das condições climáticas
(humidade, temperatura) que existiam na altura (um ano de seca pode resultar num anel
muito fino). Fazendo a datação das árvores pode-se inferir uma cronologia das condições
climáticas.
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Fig. 1.5: Exemplo de secção do tronco de Pseudotsuga menziesii obtida no Novo México por Chris Baisan e Rex
Adams (photo © H.D. Grissino-Mayer). Retirada de http://web.utk.edu/~grissino/gallery.htm#Trees.
A partir do estudo dos proxies descritos pode assim estabelecer-se a seginte descrição
simplificada: entre 130 000 até 125 000 anos houve um período de aquecimento rápido –
período interglaciar. De 120 000 até cerca de 21 000 anos desenrolou-se um longo período
de temperaturas baixas mas com algumas subidas e descidas de 1 ou 2ºC - Grande Idade
dos Gelos. Há 21 000 anos, durante o último período glaciar, a camada de gelo que cobria a
maior parte da América do Norte, toda a Escandinávia e, no Hemisfério Sul, a maior parte
da Argentina, Chile e Nova Zelândia, teria tido um volume de cerca de 90 milhões de km3.
Hoje em dia, esse volume é apenas 30 milhões de km3, o que implica que o nível médio do
mar estaria abaixo (90 a 120 m) do nível actual. A temperatura média do ar à superfície
durante a última Idade do Gelo era cerca de 4 a 5ºC mais baixa do que actualmente (nas
camadas de gelo do Hemisfério Norte era cerca de 12 a 14ºC mais baixa; nos trópicos
~3ºC).
Desde há 18 000 ou 19 000 anos até há cerca de 15 000 anos teve lugar mais um período de
aquecimento – período interglaciar (em que estamos presentemente) interrompido por um
“episódio” de arrefecimento “súbito” – Younger Dryas – que durou cerca de 700 anos.
Então, há cerca de 15 000 anos atrás, um aquecimento rápido começou. Entre 15 000 e
10 000 apresentou uma variação brusca, mas tem mantido alguma estabilidade desde há
10 000 anos. O clima global aqueceu apreciavelmente no séc. XX. No fim do séc. XX
foram medidas temperaturas 0,6º C acima das temperaturas do final do séc. XIX.
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Terra, Ambiente e Clima
Fig. 1.6: Representação de alguns dos processos do sistema Terra que são relevantes para as alterações
climáticas. A generalidade destes processos envolvem a interacção entre a atmosfera, a hidrosfera, a geosfera e a
biosfera (retirado de IPCC Working Group I, 1997).
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crescimento das árvores, pólen, etc.) que se pode obter informação sobre o clima no
passado. É importante referir aqui a interacção humana com o sistema Terra afecta
fortemente a biosfera, em particular devido a actividades como a agricultura, a urbanização,
a indústria, a poluição, etc.
1.5 Bibliografia
T. E. Graedel e P J Crutzen, Atmospheric Change, An Earth System Perspective, W H Freeman and
Company, New York, pp 1-446, 1993.
Climate Change, The IPCC Scientific Assessment. (http://ipcc-wg1.ucar.edu/wg1/wg1-report.html)
IPCC Working Group I. An Introduction To Simple Climate Models Used In The Ipcc Second Assessment
Report. Pp 1-59, 1997.
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Cap 2 - A Geosfera
2.1 Introdução
A Geosfera é formada pela componente sólida interna da Terra, aqui se incluindo
essencialmente as camadas interiores do planeta, a crusta, as formações sedimentares e o
solo.
A geosfera participa na regulação do sistema climática em diversas escalas. Na escala dos
milhões de anos, ou mesmo dezenas de milhões de anos, a mudança da configuração global
dos continentes e dos oceanos, a dimensão das cadeias de montanhas, a sua formação e
erosão, envolvem a transferência de grandes quantidades de massa e energia e determinam
o comportamento do sistema Terra. Em última análise, uma parte dos voláteis que hoje
constituem a atmosfera ou da água que preenche os oceanos e a criosfera, provém da
diferenciação da geosfera primitiva.
Nas escalas de tempo mais reduzidas, através dos processos físicos e químicos que
condicionam a formação e a evolução dos solos, a dinâmica da geosfera condiciona a
erosão e ao vulcanismo, com a consequente produção de aerossóis que determinam o
comportamento radiactivo da atmosfera e do oceano, determina o ramo interno do ciclo
hidrológico e é particularmente influente nos ciclos biogeoquímicos mais importantes.
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dN
= -l N (2.1)
dt
onde é a constante de decaimento. Integrando a equação anterior podemos escrever:
N 0 Ne t (2.2)
A razão isotópica inicial varia com a história geológica da unidade em estudo. As rochas
privenientes do manto superior, por exemplo, possuem razões isotópicas iniciais muito
baixas uma vez que o manto superior possui razões Rb/Sr muito baixas. No extremo oposto
temos a crusta continental caracterizada por razões Rb/Sr elevadas.
A expressão anterior mostra que a razão 87Sr/86Sr depende linearmente da razão 87Rb/86Sr
para um conjunto de amostras da mesma idade. Numa representação linear simples do tipo
:
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Fig. 2.1 – Isócrona Rb/Sr para um conjunto de amostra de igual idade radiométrica. Na altura da formação a
razão 87Sr/86Sr é suposta ser idêntica mas as razões 87Rb/86Sr poderão ser diferentes. O declive da isócrona
permite a determinação de t.
O método Rb/Sr é utilizado para quase todas as idades geológicas, se bem que a precisão
das datações é reduzida no que diz respeito aos últimos 10/20 Ma.
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2.3 Os Meteoritos
Muito antes da missão Apollo fornecer as primeiras amostras de rochas lunares, havia uma
só fonte directa de dados sobre a composição do Sistema Solar: os meteoritos. Os
meteoritos são conhecidos desde a pré-história, mas só agora são intensamente estudados,
por serem as únicas amostras palpáveis de material dos primeiros dias do sistema solar. Há
já bastante tempo que os meteoritos são encarados como tendo composições análogas às
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Terra, Ambiente e Clima
dos planetas do sistema solar. As estruturas internas dos planetas terrestres deverão ser
constituidas por um núcleo metálico sobreposto por um manto de sílica - à semelhança do
que sabemos quanto à Terra. Esta separação está também presente nos meteoritos, que se
apresentam agrupados em três tipos fundamentais: os meteoritos condríticos, os meteoritos
de ferro-níquel e os meteoritos acondríticos.
As condrites são o tipo de meteoritos mais representado. São rochosas (por oposição a
ferrosas), e caracterizam-se pela presença de côndrulos, glóbulos refractários de Cálcio e
Alumínio (meteoritos de tipo CAl) com dimensões de milímetros a centímetros. Os
côndrulos estão embebidas numa matriz formada habitualmente por uma mistura de
silicatos cristalinos, por vezes incluindo grãos ou filamentos de níquel e ferro. Este tipo de
constituição não foi nunca encontrado na Terra. A idade radiométrica dos meteoritos
condríticos é estimada como sendo 4,555 ± 4 Ma. As condrites são classificadas de acordo
com a sua constituição química e o seu grau de metamorfismo. As condrites que possuem
menor grau de metamorfismo são aquelas que mais interessam ao estudo da composição
primitiva da nébula. É esse o caso das Condrites Carbonáceas, assim designadas pela
presença de compostos de Carbono. São escuras e friáveis, mais ricas em voláteis, mas
muito raras, devido provavelmente à dificuldade de atravessamento da atmosfera. O
meteorito mais importante desta classe – Allende – atingiu o México, em 1969, sob a forma
de milhares de pequenas pedras, dispersas por mais de 300 km2. Cerca de 2000 kg de
material foi recolhido, se bem que se pense que esta quantidade representa apenas uma
pequena fracção do total. É habitual dividir as condrites carbonatadas em três sub-grupos,
C1, C2 e C3, de acordo com o grau crescente de metamorfismo. Allende é do tipo C3.
Uma percentagem significativa dos meteoritos encontrados é constituida por ferro metálico
ou ligas de ferro e níquel. Uma vez que não existe ferro metálico na crusta terrestre, este
tipo de meteorito é imediatamente reconhecido como extra-terrestre. Os meteoritos de ferro
e níquel foram provavelmente dos últimos objectos a diferenciarem-se da nébula primitiva.
A grande importância deste tipo de meteoritos prende-se com o facto de os elementos que
os constituem – Ferro e Níquel – terem um papel muito importante no que diz respeito à
composição actual do núcleo da Terra.
Alguns meteoritos são formados por rochas ígneas com um grau de evolução superior às
condrites, sendo a sua idade radiométrica média um pouco menor que a das condrites.
Angra dos Reis, por exemplo, é um meteorito ígneo com idade de 4,551 ± 2 Ma. As
acondrites basálticas são verdadeiros basaltos semelhantes aos basaltos lunares. Têm, em
média, idades de cristalização da ordem de 4,539 ± 4 Ma, notoriamente com 20 Ma a
menos, relativamente ao material mais antigo datado do Allende. Para além destes tipos de
meteoritos, é ainda importante considerar o tipo SNC (de shergottites, nakhlites e
chassignites). A importância deste tipo provém do facto de as idades radiométricas
respectivas serem muito inferiores aos dos outros tipos de metoritos (da ordem de 1000
Ma), pelo que se admite terem como origem um planeta evoluido do sistema solar. Uma
vez que a composição química dos gases retidos nestesmeteoritos correspondem à
composição da atmosfera de Marte, como foi medido pela sonda Viking, é assumida a sua
origem marciana.
elementos, os elementos siderófilos (com afinidade para o Ferro), que podem estar
misturados com o Ferro no núcleo, mas é pouco provável que estes reduzam a sua
densidade. No entanto o Oxigénio é um elemento abundante e dissolve-se no Ferro fundido
a altas pressões. O FeO, pode também ser um importante componente do manto inferior.
A tabela seguinte mostra a composição oxidada do manto primitivo (manto + crusta). É
necessário considerar em conjunto a crusta e o manto, como aproximação do manto
primitivo, porque apesar de a crusta ser apenas uma fracção muito ínfima da Terra, ela
contém uma grande fracção dos chamados elementos litófilos (com afinidade com as
rochas).
Tabela 2.3 - Abundâncias dos elementos terrestres. Os índices s e v referem-se a elementos voláteis (supostos
deplectados nos planetas terrestres) e a elementos siderófilos, provavelmente importantes no núcleo da Terra.
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Os litófilos refractários podem ter sido excluídos de um manto fundido rico em Ferro e
estes podem também estar concentrados na região D”. Em qualquer dos casos, D” estaria
enriquecida de Al2O3 e CaO. Equilíbrio entre o material da D” e o núcleo, pode também
resultar numa região muito rica em FeO. Se a D” é intrinsecamente mais densa que o resto
do material do manto inferior, será gravitacional estável na base do manto. Por outro lado,
está embebida na camada fronteira entre o manto e o núcleo e tem por isso uma
temperatura elevada, que permite ao material da D” subir no manto inferior até atingir uma
flutuabilidade neutra. À medida que arrefece, vai-se afundando de novo na camada D”.
Fig. 2.2 – Modelo Simplificado da evolução e diferenciação do Manto. O Manto primitivo (1) funde no decorrer
do processo acreccionário. O Manto fracciona-se num nível superficial rico em plagioclase e num nível profundo
rico em olivina (3). Produtos tardios da fusão das olivinas são removidos (4) conduzindo à formação da crusta
continental (CC) ao enriquecimento da camada de peridotite e a deplecção dosBasaltos da Crista Média
(MORBS).
O resultado final para um planeta que experimentou uma fusão parcial, separação
gravitacional e mudanças de fase, é a estratificação química. A possibilidade de três regiões
“basálticas” (altos valores de CaO, Al2O3 e possivelmente FeO, relativamente a MgO) tem
sido identificada. Estas regiões são a crusta, a zona de transição (entre o manto superior e
inferior) e a D”. As duas últimas podem ser o resultado de subducção sólida ou
afundamento de magmas com alta densidade. O manto superior e inferior, pode assim estar
entalado entre camadas ricas em basalto.
penetrou a espessa camada de nuvens que ensombram Vénus e nos revelou a sua superfície
com uma grande clareza. Das imagens detalhadas das formas do solo, os cientistas
planetários podem prever o tipo de rochas que cobrem Vénus.
Vénus aparece coberto por um cobertor de rochas com composição basáltica - muito
parecidas com as rochas escuras e de grão fino que cobrem as bacias oceânicas terrestres.
No entanto, a Magellan não encontrou áreas extensas análogas à crusta continental
terrestre. Regiões elevadas chamadas Afrodite Terra e Ishtar Terra parecem ser
reminiscências de lavas basálticas muito deformadas. Em Vénus não se verifica criação,
movimento e destruição contínua da sua superfície, à semelhança do que conhecemos na
Terra. E não há equivalentes óbvios para as extensas cristas médias oceânicas ou para os
grandes sistemas de falhas terrestres. Assim, é pouco provável que a crusta venusiana se
recicle regularmente em material mantélico. Nem parece haver evidência da necessidade de
abrir espaço para a formação de nova crusta : a quantidade de lava que está continuamente
a ser lançada na superfície de Vénus por erupção, mal é equivalente à lava gerada pelo
vulcão havaiano Kilauea.
Estas descobertas em Vénus, e descobertas semelhantes noutros corpos sólidos do Sistema
Solar, mostram que a crusta planetária pode ser dividida em três tipos fundamentais. A
chamada crusta primária que data do início do Sistema Solar, emergiu depois de
aglomerados de material primordial terem chocado com o planeta em crescimento,
libertando energia suficiente para causar a fusão do protoplaneta original. À medida que a
rocha derretida começou a arrefecer, os cristais de alguns tipos de minerais solidificaram
relativamente cedo e puderam separar-se do corpo de magma. Estes processos criaram,
provavelmente, as brancas terras altas da Lua, depois de grãos do mineral feldspato, com
baixa densidade, terem flutuado para o topo de um inicial “oceano” lunar de basalto
derretido. As crustas de muitos satélites dos planetas gigantes externos, compostos de
misturas de rocha com água, metano e amónia, gelados, podem também ter origem da fusão
catastrófica durante a acreção inicial.
Em contraste com o produto de episódios de fusão tão repentinos e de larga escala, as
crustas secundárias formam-se depois do calor do decaimento de elementos radioactivos se
acumular gradualmente dentro de um corpo planetário. Tal aquecimento, tão lento, causa a
fusão de uma pequena parte do interior rochoso do planeta, resultando normalmente na
erupção de lavas basálticas. As superfícies de Marte e de Vénus e a crusta oceânica
terrestre, estão cobertas de crusta secundária, formada deste modo. Os “mares” lunares são
também formados de lavas basálticas que tiveram origem fundo no interior da Lua. Calor
proveniente da radioactividade - ou talvez induzido por forças de maré - em algumas luas
geladas do Sistema Solar externo, podem também ter dado origem a crustas secundárias.
Muito diferente destes tipos comparativamente comuns, a chamada crusta terciária pode
formar-se se camadas da superfície forem devolvidas ao manto de um planeta
geologicamente activo. Como uma forma de destilação contínua, o vulcanismo pode levar à
produção de magma altamente diferenciado, com uma composição diferente da do basalto -
mais perto de uma rocha granítica ígnea. Porque a reciclagem necessária para gerar
magmas graníticos, só pode ocorrer num planeta em que ocorre tectónica de placas, esta
composição é rara no Sistema Solar. A formação de crusta continental na Terra pode ser a
sua única demonstração.
atmosférica de cerca de 1 kbar, com uma temperatura de cerca de 4,000 K (cf. Cap 4). A
grande absorção de gás para a crusta fundida, da parte de tal atmosfera, resultaria por
exemplo que as abundâncias de néon seriam entre 10 e 100 vezes maiores do que as
actuais. Nem as baixas abundâncias, nem a composição isotópica dos gases raros serviriam
em tal modelo atmosférico.
Um factor adicional, é que as grandes colisões nos estágios finais de agregação, poderão
ter removido a atmosfera primitiva que eventualmente se tenha formado. Assim, as
atmosfera e hidrosfera terrestres actuais, parecem ser inteiramente secundárias em origem,
formadas pelo deplecção em voláteis do interior ou pela tardia acreção de asteróides e
cometas para além de Marte.
A fonte da água na Terra permanece um problema. Estava disponível pouca água na zona
em que foram formados os planetas internos como a Terra, uma vez que, no evento inicial
de aquecimento, a água nunca estava condensada ou estava juntamente com os outros
voláteis. Talvez, em alguns planetésimais já formados, alguma água presente em minerais
hidratados tenha sobrevivido ao intenso aquecimento inicial, que conduziu os voláteis para
fora das regiões internas do Sistema Solar.
Pensa-se que a água gelada é uma fase estável a temperaturas abaixo de 160 K para o valor
da pressão esperável na nébula. Isto significa que a água gelada só aparece para além de 4-
5 UA do Sol no limite da cintura de asteróides; o que é consistente com observações de que
os satélites gelados são restritos da região dos planetas gigantes. As condrites carbonatadas,
típicas provavelmente da composição de asteróides situados a cerca de 3 UA, contêm mais
de 20 % do seu peso em água. Assim a maior parte da água terrestre derivou possivelmente
de planetésimais ou cometas situados para lá de Marte que poderá ter participado
tardiamente no processo de agregação da Terra. Uma fonte possível de água é constituída
pelos cometas: se estes compreendessem 10 % dos corpos responsáveis pelo
bombardeamento da Terra entre 4,400 e 3,800 Ma, então poderiam abastecer a quantidade
apropriada de água para os oceanos terrestres. Contudo, tal modelo não deixa de ter
problemas, uma vez que os cometas colidem a altas velocidades, podem ter removido as
iniciais atmosferas e hidrosferas.
2.6 GEODINÂMICA
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Terra, Ambiente e Clima
Figure 2.3 – Diagrama dos principais processos envolvidos na tectónica de placas. Retirado de
http://www.usgs.gov
Se a altitude fôr negativa, o que acontece num oceano, então teremos uma anti-raiz de
espessura b dada por:
rc - r w
b= h (5.11)
r m - rc
O facto de haver isostasia não implica que a anomalia gravimétrica (de Ar-livre ou Bouguer)
seja nula. Na verdade, podem mesmo obter-se expressões analíticas da ondulação do geóide
correspondentes a estes modelos de equilíbrio (ver por exemplo Turcotte e Schubert, 1982).
Quando se comparam estas ondulações do geóide com as ondulações observadas nas margens
continentais passivas, conclui-se que são muito próximas, mesmo nos médios comprimentos de
onda, o que permite concluir que que as margens continentais passivas se encontram próximas
do equilíbrio isostático.
2.6.3 Vulcanismo
As explosões vulcânicas conduzem à emissão de grandes quantidades de voláteis e
partículas sólidas na alta atmosfera, onde um dos componentes essenciais (dióxido de
enxofre) dá origem a aerossóis ácidos (SO42-) pode permanecer por períodos elevados. Na
baixa troposfera as emissões vulcânicas são removidas pela precipitação em alguns dias.
Os constituintes principais da explosão vulcânica são designadas como cinzas ou tephra, e
para além do dióxido de enxofre há ainda a considerar os halogenos, a água, e pequenas
partículas de silicatos, como constituintes importantes. Para além. das explosões vulcânicas
de grandes dimensões é ainda necessário entrar em linha de conta com a actividade
vulcânica menos catastrófica mas mais persistente, como as fumarolas, os geysers, e o
vulcanismo submarino.
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Terra, Ambiente e Clima
A primeira avaliação sistemática da actividade vulcânica global é dada pelo dust veil índex
(DVI) proposto por Lamb em 1970. Este índice é um valor numérico que avalia o impacto
de cada erupção vulcânica na libertação de poeira e aerossóis nos anos seguintes ao evento.
O DVI está calculado para o período 1500-1983 (DVI = 1000 para a explosão do vulcão
Krakatoa em 1883), havendo estimativas de grandes acontecimentos históricos (Santorini
em 1470 BC, Vesuviio em 79 AD e Oraefajokull em 1362 AD, por exemplo). Cada
explosão é caracterizada por um conjunto de parâmetros, os mais importantes dos quais são
(a) a deplecção da radiação solar a seguir à erupção, (b) a variação da temperatura a seguir
à erupção e (c) a quantidade de material sólido dispersado pela erupção.
2.6.4 Meteorização
Para além dos processos tectónicos e vulcânicos que geram profundas alterações profundas
da superfície terrestre, essencialmente construtivas, existe um conjunto de processes de
alteração, quer químicos quer mecânicos que provocam a erosão e o aplanamento da
paisagem geológica. Esses processos envolvem a meteorização, o transporte e e deposição
no mesmo ou noutro local. Como consequência a erosão está continuamente a pôr a
descoberto mais material rochoso que pode ser alterado, ao mesmo tempo que novas rochas
são formadas nas bacias onde se realizaou a sedimentação.
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2.8 BIBLIOGRAFIA
Brown, G. C., Hawkesworth, C. J., Wilson, R. C. L. (eds), “Understanding the Earth”, Cambridge
University Press, 1992, pp 1-551
Frank D Stacey, “Physics of the Earth”, Brookfield Press, Brisbane, Australia, 1992, pp 1-513.
Liboutry, L., Tectonophysique et Géodynamique, pp 1-339, Masson, 1982
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Terra, Ambiente e Clima
Fig. 3.1: variação de temperatura com a altitude nas zonas de latitude média da atmosfera terrestre. Em abcissas
a temperatura é indicada em graus Ccelsius e em ordenadas a altitude é expressa em km
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Terra, Ambiente e Clima
Fig. 3.2 – Espectro electromagnético da radiação solar no topo da atmosfera. A cheio indica-se o espectro teórico
de um corpo negro a 5875 K. A tracejado indica-se o espectro dolar correspondente a dias calmos. Note que o
espectro medido na superfície da Terra é necessariamente diferente devido à absorção atmosférica.
A figura anterior mostra que a radiação solar é mais intensa na região visível do espectro,
decrescendo o fluxo tanto para os comprimentos de onda maiores como menores. Este
comportamento é característico da radiação emitida por um “corpo negro”, ou seja, um
material cuja radiação apenas depende da sua temperatura. Neste caso, sabemos que o
comprimento de onda correspondente ao máximo de amplitude e o fluxo da radição emitida
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700000
T4000
600000 T5000
T6000
T7000
500000
Fluxo (W/m )
2
400000
300000
200000
100000
0 2 4 6 8 10
Comprimento de Onda (micron)
Fig. 3.3 – Radiação de um corpo negro. Em abcissas representa-se o comprimento de onda (1 micron = 10-6 m) e
em ordenadas o fluxo da radiação emitida. As curvas (de baixo para cima) correspondem às temperaturas de
4000 K, 5000 K, 6000 K, e 7000 K.
Este fenómeno, pode ser observado numa combustão ou numa fornalha. As partes menos
quentes da combustão parecem não-radiantes, mas fazem-no na região do infravermelho,
que o olho humano não é capaz de ver. As partes quentes brilham intensamente em tons de
vermelho, as partes mais quentes incandescem com uma luz branca e brilhante. A radiação
que emitem é mais energética e mais concentrada nos comprimentos de onda curtos do que
a radiação proveniente das partes menos quentes.
A relação entre a temperatura absoluta e o comprimento de onda dominante é dada pela Lei
do Deslocamento de Wien segundo a qual:
2897
ldom = (3.2)
T
onde o comprimento de onda está expresso em mícron.
As medidas experimentais não correspondem exactamente às curvas idealizadas, mostradas
na figura 2.3. No entanto, esses espectros idealizados, chamados espectros de Planck,
fornecem uma descrição relativamente aceitável da radiação do material incandescente sob
condições variadas. Por exemplo, na figura 2.1 verifica-se uma correspondência entre o
espectro solar e o espectro de Planck para uma temperatura de 5,875 K. Nas regiões de
microondas e de rádio, assim como nas regiões de ultravioleta distantes e de raios X, o
espectro solar permanece acima do de Planck. Contudo, na maior parte do espectro
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Terra, Ambiente e Clima
verifica-se um ajustamento perfeito entre as duas curvas nas regiões dos infravermelhos e
do visível, onde a luz solar é mais intensa.
As diferenças entre os dois espectros podem ser explicadas como uma consequência das
variações de temperatura em função da altitude das camadas exteriores do Sol. A radiação
solar mais forte é proveniente de uma fina camada com espessura de 300 km na atmosfera
solar, camada denominada por fotosfera. A temperatura na fotosfera varia aproximada-
mente, entre 10,000 K na base e cerca de 5,000 K no topo. Rodeando a fotosfera, existe
uma camada com cerca de 15,000 km de espessura denominada cromosfera. A temperatura
desta camada varia de cerca de 5,000 K na base, para 500,000 K no topo. A temperatura é
ainda mais elevada na corona, camada que gradualmente se vai diluindo no espaço
interplanetário. As temperaturas nesta camada são altas e muito variadas, o seu valor médio
atinge vários milhões de kelvin.
A radiação solar de comprimentos de onda muito curtos e muito longos é proveniente da
cromosfera superior e da corona. O espectro solar é relativamente acentuado nesses
comprimentos de onda, porque as temperaturas nos níveis superiores da atmosfera solar são
muito superiores às temperaturas da fotosfera.
As propriedades da fotosfera não variam significativamente com o tempo. Uma vez que a
radiação solar mais intensa, nas regiões do visível e do infravermelho, é proveniente da
fotosfera, há pouca variabilidade na intensidade total com que o Sol irradia energia para um
planeta. No entanto, existem variações muito acentuadas com o decorrer do tempo para os
comprimentos de onda muito longos e muito curtos do espectro solar. Essas variações são
devidas às acentuadas alterações de densidade e temperatura na cromosfera superior e na
corona. As camadas superiores das atmosferas planetárias são afectadas pelas variações nos
fluxos de radiação ultravioleta e X provenientes do Sol.
em que Eabs representa a energia abosrvida, r o raio do planeta, o fluxo solar e a o albedo
do planeta.
Como é que o planeta irradia energia para o espaço ? Sabe-se da física que a quantidade de
energia irradiada por um material que se encontra a uma temperatura T, é da da pela lei de
Stefan-Boltzman, segundo a qual essa quantidade, por unidade de área e por unidade de
tempo, é proporcional à quarta potência da temperatura (fig. 3.4), ou seja :
f = s ´T 4 (3.4)
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400000
Fluxo (W/m )
2
200000
0
0 100 200 300 400 500
Temperatura (K)
Fig. 3.4: Lei de Stefan Boltzmann (linha continua) sobre a qual se representam as temperaturas efectivas dos
planetas do sistema solar. Abcissas em Kelvin, ordenadas em Wm-2
f (1- a)
Te = 4 (3.6)
4s
A temperatura calculada deste modo é chamada temperatura efectiva de um planeta (Te). É
importante observar que a temperatura efectiva não depende do tamanho do planeta,
mas sim do albedo e da sua distância ao Sol. A tabela 2.I inclui os valores calculados das
temperaturas efectivas para os diversos planetas. Mercúrio, o mais próximo do Sol, possui
uma temperatura efectiva muito alta. Os planetas exteriores são mais frios devido às suas
enormes distâncias ao Sol. Vénus e a Terra possuem temperaturas efectivas muito
próximas, porque embora a Terra se situe mais afastada do Sol, Vénus, com a sua contínua
cobertura de nuvens, tem um albedo maior e absorve por isso uma fracção menor da
radiação incidente.
Deve-se fazer uma distinção importante entre a temperatura efectiva que calculamos e as
temperaturas das superfícies dos planetas. Se um planeta possui atmosfera substancial, essa
atmosfera pode absover toda a radiação térmica da superfície inferior antes que esta se
dissipe no espaço exterior.
A temperatura efectiva é a temperatura dessa região emissora, podendo os níveis inferiores
apresentar temperaturas muito mais elevadas. Na Terra, por exemplo, a temperatura média
da superfície é 288 K, no entanto a temperatura efectiva é apenas 253 K. A diferença é
mais sensível em Vénus. As medições de ondas radiotermais emitidas pela superfcie de
Vénus indicam que as temperaturas quase os 700 K, bem próximas do ponto de fusão. Tais
resultados surpreendentes, sobre as suas propriedades atmosféricas, foram confirmados
pelas medições realizadas pelas missões espaciais Venera e Mariner. No entanto a
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Terra, Ambiente e Clima
temperatura efectiva de Vénus atinge apenas 244 K, muito semelhante à da Terra. Para o
caso de Marte, supõe-se que a temperatura média à superfície seja um pouco superior ao
valor da sua temperatura efectiva, cerca de 216 K, isto devido à rarefacção da sua
atmosfera.
Na tabela seguinte apresentamos as temperaturas efectivas de alguns planetas do sistema
solar:
Planeta Distância ao Sol Fluxo da RS Albedo Te(K)
Mercúrio 58 9.2 0.06 442
Vénus 108 2.6 0.71 244
Terra 150 1.38 0.33 253
Marte 228 0.60 0.17 216
Júpiter 778 0.049 0.73 87
Saturno 1430 0.015 0.76 63
Urano 2870 0.0037 0.93 33
Neptuno 4500 0.0015 0.84 32
Plutão 5900 0.00089 0.14 43
Tabela 3.II: distância de cada planeta ao Sol (milhões de km) e os valores correspondentes de fluxo solar (kWm-2),
albedo e temperatura efectiva
Fig. 3.5: Fracção absorvida pela atmosfera terrestre de um feixe de luz em função do comprimento de onda
Está também assinalada a forma do espectro da radiação solar incidente, cujo pico está na
região do visível devido à elevada temperatura efectiva do Sol; e a forma do espectro de
radiação termal da Terra, cujo pico está na região do infravermelho. Este facto está de
acordo com a discussão sobre o espectro de Planck. Pela lei de radiação de Wien, o
comprimento de onda de um pico é inversamente proporcional à temperatura. Como a
temperatura efectiva da Terra é aproximadamente 1/24 menor que a do Sol, o pico do
comprimento de onda da radiação terrestre é cerca de 24 vezes o comprimento de onda da
radiação solar.
Podemos concluir, a partir da figura 2.5, que a atmosfera é moderadamente transparente na
região do visível e que grande parte da radiação solar pode passar através da atmosfera sem
ser absorvida. Por outro lado, os constituintes atmosféricos menores, entre os quais o vapor
de água é o mais importante, absorvem intensamente na região do infravermelho, enquanto
a atmosfera se comporta de modo opaco para a radiação térmica planetária.
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Que acontece quando a atmosfera absorve radiação emitida pela superfície de um planeta ?
A atmosfera não pode acumular energia constantemente, porque se tornaria cada vez mais
quente, mas emite radiação na mesma taxa a que absorve. A radiação é reemitida em todas
as direcções e uma parte substancial é interceptada e absorvida pela superfície. Deste
modo, a superfície de um planeta aquece-se não só pela insolação directa, mas também pela
radiação infravermelha emitida pela atmosfera. Isto explica por que é que a superfície de
um planeta deve emitir mais energia do que a quantidade recebida directamente do Sol, e
por que é que a mesma pode ter uma temperatura superior à temperatura efectiva do
planeta.
As ideias são quantificadas na figura 3.6 que mostra o balanço anual médio do calor na
Terra, com dados obtidos em medições meteorológicas. O lado esquerdo da figura mostra o
que ocorre com a radiação na banda do visível. Todas as quantidades estão expressas em
unidades, de modo que o fluxo solar incidente tem magnitude de 100 unidades. Do fluxo
total incidente, cerca de 22 unidades são absorvidas ao longo da atmosfera e 33 unidades
são reflectidas para o espaço pelo solo, atmosfera e nuvens. Essas 33 unidades representam
o albedo terrestre e essa energia é totalmente perdida pela Terra, não tendo influência no
aquecimento do solo ou da atmosfera. As 45 unidades restantes da radiação incidente, são
absorvidas pelo solo. Tanto a atmosfera como o solo devem perder a energia que absorvem,
irradiando-a na região das ondas longas (infravermelho) do espectro. O lado direito da
figura mostra o que acontece com essa energia.
O fluxo da radiação infravermelha emitida pelo solo, atinge 113 das nossas unidades
arbitrárias, duas vezes e meia maior que o fluxo da radiação solar por ele absorvido. Essa
energia extra provém, como mostra a figura, da atmosfera. O solo absorve um fluxo de
ondas longas da atmosfera equivalente a 98 unidades. Como resultado, a perda real de
radiação pela superfície, na região das ondas longas do espectro, é de apenas 15 unidades.
Considerando que 45 unidades de radiação solar são absorvidas pelo solo, há muita que
penetra no solo. Os outros processos adicionais para remover este calor, estão assinalados
na parte direita da figura 2.6, tais como a evaporação da água e a convecção do calor.
Este fenómeno - pelo qual a temperatura da superfície de um planeta é aumentada, porque a
atmosfera é transparente à radiação solar mas opaca à radiação infravermelha - é conhecido
por efeito de estufa. Um conjunto importante de gases atmosféricos é relevante para o
efeito de estufa:
(i) Dióxido de carbono, CO2: é libertado do interior da Terra e produzido pela respiração,
processos no solo e combustão. O seu aumento é principalmente devido à combustão de
combustíveis fósseis e à desflorestação. É dissolvido no oceano e consumido por
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Terra, Ambiente e Clima
Fig. 3.8: Evolução provável das temperaturas primitivas dos planetas a partir das características das
temperaturas de superfície “iniciais” e do aumento da pressão de vapôr de água por diferenciação química do
planeta.
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Fig. 3.9: Número de Manchas Solares observadas entre 1750 e 2009. Apresentam-se valores médios mensais
compilados pelo “Solar Influences Data Analysis Center” da Bélgica.
Observe que o valor da velocidade de escape, na fórmula que derivámos, não depende da
massa do corpo; é a mesma para um átomo ou para uma nave espacial. Os valores
calculados da velocidade de escape para os diversos planetas, estão na tabela 2.III. As
diferenças entre os planetas não parecem muito acentuadas, mas o número de átomos aptos
para escapar de uma atmosfera depende criticamente das magnitudes relativas da
velocidade de escape ve e da velocidade mais provável v0.
Planeta Aceleração da Raio (km) Velocidade
Gravidade (m/s) de Escape (km/s)
Mercúrio 3.76 2439 4.3
Vénus 8.88 6049 10.3
Terra 9.81 6371 11.2
Marte 3.73 3390 5.0
Júpiter 26.20 69500 60.0
Saturno 11.20 58100 36.0
Urano 9.75 24500 22.0
Neptuno 11.34 24600 24.0
Tabela 3.III - velocidade de escape para os diversos planetas do sistema solar.
2kT
v0 = (2.9)
m
onde k é a constante de Boltzmann (1.38 x 10-23 J/K), T é a temperatura e m é a massa
atómica. Os valores de v0 para as várias temperaturas estão assinalados na tabela 2.III.
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Figura 3.10 - Proporção de átomos cujas velocidades excedem uma determinada velocidade v, em função de v/v0
A situação é diferente para o Hidrogénio, que está presente na atmosfera terrestre quase
exclusivamente na forma de água. Qualquer quantidade elevada de Hidrogénio livre que
tenha já existido escapou durante a história do planeta. Para o Hidrogénio, v0 é quatro vezes
maior, tão grande como para o Oxigénio. A diferença está no aumento de proporção de
átomos cujas velocidades ultrapassam ve, num factor de 1079, fazendo com que o
Hidrogénio se torne uma espécie efémera, pelo menos na escala de tempo cósmico.
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Terra, Ambiente e Clima
Vejamos como Vénus deve ter perdido a sua água. O efeito de estufa permanente poderia
carregar a água para a atmosfera, onde seria submetida à fotodissociação pela radiação
solar ultravioleta. O Hidrogénio produzido por este processo deve ter escapado para o
espaço, deixando o Oxigénio que foi consumido em reacções com os minerais da
superfície. Embora possível, esta explicação pode não estar correcta.
Enquanto o Hidrogénio é uma das espécies efémeras nos planetas interiores, as suas
condições são muito diferentes nos planetas exteriores. Nesses planetas, as baixas
temperaturas (ver tab. 3.I) condicionam valores baixos para a velocidade mais provável, v0,
e as forças gravitacionais elevadas elevadas na superfície originam valores muito altos para
a velocidade de escape, ve. Como resultado, há uma fracção negligenciavelmente reduzida
de átomos de Hidrogénio aptos a escaparem. Os planetas exteriores, obviamente, são
formados por Hidrogénio que foi o constituinte mais abundante do sistema solar primitivo;
este Hidrogénio continuou a dominar até aos dias de hoje.
Por outro lado, devido à pequena força de gravidade, os satélites dos planetas interiores não
podiam "segurar" absolutamente nenhuma atmosfera. No caso de Mercúrio, a aceleração da
gravidade é pequena e a temperatura é muito elevada, não podemos portanto, antecipar a
existência de qualquer atmosfera. No entanto, não foram ainda realizadas medições sobre
este assunto.
3.6 Bibliografia
C. Donald Ahrens, Meteorology Today. An Introduction to Weather, Climate and the Environment”, 2007
(8ª edição), Thomson Brooks/Cole, 537 pp + Anexos
G. Bigg, The Oceans and Climate, pp 1-266, Cambridge University Press, 1996.
Richard M. Goody e J. C. G. Walker, Atmosferas Planetárias, editora: Edgard Blucher, pp 1-139, 1996.
T. E. Graedel e P J Crutzen, Atmospheric Change, An Earth System Perspective, W H Freeman and
Company, New York, pp 1-446, 1993.
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O forte aquecimento na zona equatorial produz uma faixa de baixas pressões à superfície
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Terra, Ambiente e Clima
enquanto que o forte arrefecimento nos pólos produz uma região de altas pressões à
superfície.
Na região equatorial o ar é quente e os gradientes horizontais de pressão são fracos e
portanto os ventos são fracos, formando a denominada zona de calmaria equatorial
(“doldrums”). O ar quente sobe e frequentemente condensa sob a forma de nuvens com
grande desenvolvimento vertical (nuvens convectivas, cúmulos). Ao condensar, a água
liberta calor latente o que vai “alimentar” a célula de Hadley.
Do Equador até à latitude de 30º, a circulação corresponde então a uma célula de Hadley.
Ar quente sobe até atingir a tropopausa (que actua como uma barreira), após o que se dirige
para os pólos em altitude. A força de Coriolis deflecte este movimento (para a
direita/esquerda no hemisfério Norte/Sul) dando origem a ventos de W em altitude, em
ambos os hemisférios (são estes ventos que vão atingir máximos e gerar as correntes de
jacto). O ar, no seu movimento para o pólo, vai arrefecendo (perde energia por radiação
infravermelha) e vai convergindo à medida que se aproxima das latitudes médias. Esta
convergência do ar em altitude aumenta a massa de ar acima da superfície e portanto
aumenta a pressão atmosférica à superfície: nas latitudes em torno dos 30º, formam-se
faixas de alta pressão – altas (ou anticiclones) subtropicais. O ar convergente em altitude,
relativamente seco, vai descer e aquecer (por compressão), produzindo temperaturas
superficiais elevadas e céu limpo. É nestas latitudes que se encontram os maiores desertos
do mundo (como o Sahara). No oceano, os gradientes fracos de pressão no centro dos
anticiclones apenas geram ventos fracos ou calmarias (“horse latitudes”).
A partir dos 30º de latitude, parte do ar à superfície vai-se dirigir para o Equador, sendo
este movimento deflectido pela força de Coriolis: ventos de NE no Hemisfério Norte e de
SE no Hemisfério Sul – ventos alísios (“trade winds”). Próximo do Equador, os ventos
alísios de NE e de SE convergem numa faixa denominada zona intertropical de
convergência. Mas nem todo o ar à superfície se dirige para o Equador a partir dos 30º: há
uma parte do ar que se vai deslocar para o pólo, sendo deflectido para Este pela força de
Coriolis: ventos de Oeste (“westerlies”). Este ar, relativamente quente, vai encontrar ar frio
que vem do pólo originando-se a Superfície Frontal Polar (cuja intersecção com a
superfície do Globo é a frente polar) que separa estas duas massas de ar e que corresponde
a uma zona de baixas pressões (~ 60º de latitude), onde o ar à superfície converge e sobe
(formação de nuvens). Algum do ar que subiu volta, em altitude, para as latitudes mais
baixas onde vai descer para a superfície na vizinhança das altas subtropicais (30º).
Esta célula intermédia é indirecta (ar quente desce e ar frio sobe) – célula de Ferrel – fica
completa quando o ar à superfície se dirige para o pólo.
Para latitudes superiores às da frente polar, o ar frio à superfície, vindo dos pólos, é
deflectido pela força de Coriolis, dando origem a ventos de NE. A célula que se forma é a
célula polar.
Quando se compara este modelo de 3 células com a circulação atmosférica real, há algumas
discrepâncias que têm a ver com o facto de haver continentes e oceanos: há regiões onde
existem sistemas de pressão ao longo de todo o ano – sistemas semi-permanentes. No
Hemisfério Sul há relativamente menor área continental do que no Hemisfério Norte e por
isso há menos contrastes entre continente e oceano, sendo a distribuição de pressões à
superfície mais contínua em torno do Globo.
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cerca de 13 km acima das altas subtropicais) e uma corrente de jacto polar (a cerca de 10
km acima da frente polar).
As correntes de jacto são originadas por gradientes de pressão devidos a gradientes
(meridionais) fortes de temperatura.
Onde Ω é a velocidade angular da Terra (7.293 x 10-5 rad s-1), RT é o raio médio da terra
(6371 x 103 m). A força de Coriolis só se faz sentir sobre uma partícula em movimento em
relação à Terra: uma vez que o objecto se desloca a uma velocidade diferente da velocidade
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Terra, Ambiente e Clima
da Terra, a força centrífuga não segue já a expressão (4.2) mas temos que considerar um
termo adicional para expressar este afastamento. Esse termo tem a forma:
Fcor = m(2W sin j )v (4.3)
Numa situação genérica a pressão pode variar lateralmente pelo que é necessário considerar
não apenas a sua variação vertical mas também a variação horizontal. Contudo, na
atmosfera existe sempre uma grande assimetria entre a componente horizontal e a
componente vertical do movimento. Por exemplo, nos sistemas de grande dimensão
espacial (depressões e anticiclones) a velocidade vertical é de apenas 1% da velocidade
horizontal. É por isso que podemos considerar que no que diz respeito à velocidade vertical
do ar existe equilíbrio entre a componente vertical do gradiente de pressão e a gravidade.
A partícula inicialmente em repouso na isóbara dos 5280 mb desloca-se sob acção da força
do gradiente de pressão. À medida que a sua velocidade aumenta a força de Coriolis
aumenta até se atingir o equilíbrio. A partir deste ponto a partícula desloca-se em
velocidade constante ao longo da isóbara, deixando as pressões mais elevadas à sua
esquerda.
Podemos obter uma expressão simples para a velocidade do vento geostrófico, combinando
(4.1), (4.3) e (4.4):
1 dp
v =- (4.5)
r (2W sin j) dn
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No caso do anticiclone tanto a força do gradiente de pressão como a força centrífuga local
estão dirigidas “de dentro para fora”. Para haver equilíbrio a força de Coriolis tem que estar
dirigida “de fora para dentro” pelo que o ar tem que se mover no sentido “anticiclónico”, já
que a força de Coriolis, no hemisfério norte, é sempre para a direita do vector velocidade.
Podemos ainda estimar o valor da velocidade:
1 dp v 2
(2W sin j )v - - =0 (4.8)
r dn r
Para o caso de um anticiclone. Trata-se de uma equação do segundo grau que pode ser
resolvida analiticamente. Havendo duas soluções toma-se como válida a que corresponde
ao menor valor.
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Terra, Ambiente e Clima
Fig. 4.5 – Representação esquemática dos processos mais importantes que têm lugar na camada limite. Adaptado
de www.esrl.noaa.gov/research/themes/pbl/
Muitos dos processos atmosféricos determinantes para o clima são determinados pela
interação entre a Atmosfera e a superfície e afectam essencialmente a camada limite. Os
mecanismos físicos envolvidos incluem o movimento turbulento, o transporte de energia
radiativa, as transições de fase da água e a evapotranspiração.
4.3 Aerossóis
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As poeiras são constituídas por partículas sólidas suspensas em ar. A dimensão das
partículas varia entre 1 e 100 micra. As poeiras são formadas pela libertação de materiais
tal como solo, areia, fertilizantes, carvão, cimento, pollens na atmosfera. As poeira são ais
instáveis e depositam-se mais rapidamente que as emanações.
As névoas são partículas líquidas, com menos de 10 micra, dispersas num gás. O tipo mais
comum é formado por gotículas de água suspensas no ar que, no caso de afectar a
visibilidade, se denominam nevoeiro.
Os sprays são formados por partículas líquidas relativamente grandes, com dimensão
superior a 10 micra. Podem ser formados naturalmente tal como acontece nas praias,
devido à interacção entre a atmosfera e o oceano, ou serem o produto da actividade
humana.
Cerca de três quartos dos aerossóis terrestres têm origem natural: sal marinho, particulas
de solo e de rocha, emissões vulcânicas, fumo de fogos florestais, ou formados como
produto de reacções químicas na atmosfera. Os outros são o produto da actividade humana:
os sprays correntes, os óxidos de azoto ou enxofre produzidos pela combustão de
combustíveis fósseis que podem gerar nitratos líquidos ou sólidos ou sulfatos que são
incorporados nos aerossóis atmosféricos.
Os primeiros estudos dos aerossóis atmosféricos foram realizados por Aitken em 1888.
Notou que eles são importantes no ciclo hidrológico e no sistema climático. Apresentamos
na tabela seguinte a distribuição dos mais importantes aerossóis terrestres.
Emissões (Tg/ano)
Aerossol Marinho Total 5900
0-2μm 82,1
2-20μm 2460
Poeira do Solo <1μm 250
1-10μm 1000
0,2-2μm 250
2-20μm 4875
Carbono Orgânico Total 69
Queima de biomassa 54,3
Combustíveis Fósseis 28,8
Oxidação de terpenos 18,5
Carbono Elementar Total 12
Queima de biomassa 5,6
Combustíveis Fósseis 6,6
Sulfato (c/o H2SO4) Total 150
Natural 32
Antropogênico 111
Nitrato 11,3
Amónia 33,6
Fig. 4.6 – Distribuição dos mais importantes aerossóis atmosféricos. Segundo Raes et al., 2000.
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Terra, Ambiente e Clima
Em 1908, Gustav Mie apresentou uma solução analítica das equações de Maxwell para a
difusão da radiação electromagnética por partículas esféricas válida para a situação em que
a dimensão das partículas difusoras é superior. A sua demonstração é muito complexa mas
esse modelo físico aplica-se muito bem aos processos que têm lugar na baixa troposfera
onde são frequentes os aerossóis de maiores dimensões: poeiras, poléns, fumos e vapor de
água. Um dos efeitos mais comuns deste tipo de difusão é o facto de as nuvens serem
visualizadas como brancas: as suas gotículas têm diâmetros da ordem dos 20 mícra, o que é
superior ao comprimento das onda de luz visível, e são por isso suficientemente grandes
para difundir todos os comprimentos de onda visíveis de modo aproximadamente igual.
Quando as nuvens apresentam maior desenvolvimento a atenuação da luz incidente faz-nos
percepcioná-las como mais escuras.
4.3.3.2 Reflexão
Cerca de 33% da energia solar incidente é refletida de volta para o espaço (cf. figura 2.6),
aqui se incluindo a componente que é retrodifundida. Com excepção da reflexão pelo solo
os restantes processos envolvem o papel dos aerossóis: os topos das nuvens são os mais
importantes refletores da radiação, sendo o seu albedo função da espessura, variando de
menos de 40% para núvens pouco espessas (menos de 50m) até 80% para (nuvens com
espessuras superiores a 5000m).
4.3.3.3 Absorção
Os principais elementos que contribuem para a absorção da radiação electromagnética e sua
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conversão em calor incluem como vimos no capítulo anterior o vapor d'água, o ozono, o
oxigênio e o dióxido de carbono. As nuvens são importantes no balanço de radiação da
Terra : impedem que os dias sejam muito quentes e as noites muito frias uma vez que
absorvem a radiação emitida pela Terra além de refletir a solar. A absorção da radiação
solar devida aos aerossóis pode ser quantificada em termos da sua espessura óptica
espectral.
4.3.3.4 Núcleos de Condensação
Os aerossóis constituem os núcleos de condensação das nuvens. Entre o momento em que a
gota começa seu processo de crescimento com um diâmetro típico de 20 micra até a sua
chegada ao chão, como gota de chuva, com um diâmetro típico de 1 a 2 mm, vários
processos intermediários podem ocorrer. Se o ambiente é relativamente limpo, não poluído,
há poucos núcleos de condensação. Na disputa pelo vapor de água disponível núcleos
relativamente grandes ou solúveis em água crescem rapidamente e caiem como chuva.
Caso a atmosfera possua um número muito elevado de núcleos de condensação as gotas
crescem pouco e devagar. Muitas vezes não chega a chover, sendo a água e os aerossóis,
transportados na circulação atmosférica.
4.5 Bibliografia
T. E. Graedel e P J Crutzen, Atmospheric Change, An Earth System Perspective, W H Freeman and
Company, New York, pp 1-446, 1993.
Simone Gomes e Sandra Mara Domiciano. O IMPACTO DOS AEROSSÓIS NA
TEMPERATURA. VII Semana de Engenharia Ambiental 01 a 04 de junho 2009 Campus Irati.
Raes, F., Bates, T., McGovern, F. M. and Liedekerke, M. V. 2000. The second Aerosol Characterization
Experiment (ACE-2): General overview and main results. T ellus 52B, 111–126.
Pag 52
Terra, Ambiente e Clima
Cap 5 - A Hidrosfera
5.1 Água salgada e água doce
O oceano ocupa cerca de 7/10 da superfície da Terra. Constitui o maior reservatório de
água do planeta. Contudo, a água encontra-se armazenada no planeta num conjunto de
reservatórios:
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5.3 O Oceano
Se a água for suficientemente profunda, a corrente à superfície faz um ângulo de 45º para a
direita do vento e, à medida que se avança para maiores profundidades, a corrente vai
sendo progressivamente menos intensa e mais desviada para a direita. A uma dada
profundidade (cerca de 100 ou 200 m), deixa de haver corrente gerada pelo vento. A
camada até onde chega este efeito do vento chama-se camada de Ekman (oceanógrafo que
criou um modelo muito simples para explicar este fenómeno, no princípio do séc. XX).
Se integrarmos a corrente gerada pelo vento na totalidade da camada de Ekman, obtemos
um transporte de água que se dirige a 90º para a direita (no Hemisfério Norte) da direcção
do vento: transporte de Ekman.
No caso de um vento que sopra ao largo de uma zona costeira e paralelo à linha de costa, se
o transporte de Ekman que lhe está associado for dirigido para o largo, cria uma
divergência junto à costa. A camada superficial é arrastada para o largo e a água da camada
subsuperficial ascende à superfície. Como, em geral, a temperatura no oceano decresce
com a profundidade, essa água subsuperficial, mais fria, será trazida para a superfície junto
à costa. Este é o fenómeno do afloramento costeiro (ou “coastal upwelling”).
No caso da costa Portuguesa, o vento dominante durante os meses de Verão é de Norte (a
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“nortada”). Então, este vento vai transportar a camada superficial para o largo, o que faz
ascender água mais fria (as águas ao largo da costa ocidental Portuguesa são frias durante o
Verão) e mais rica em nutrientes (alimento do fitoplancton, o qual constitui a base da
cadeia trófica) e portanto com alta produtividade.
As correntes oceânicas à superfície são fundamentalmente geradas pelo campo do vento. A
figura seguinte ilustra o campo das correntes à superfície e os vórtices de grande escala no
oceano Atlântico e no oceano Pacífico (vórtice subpolar e vórtice subtropical):
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5.4 A Criosfera
A criosfera compreende a água em estado sólido. A água sólida pode ser encontrada na
neve, no gelo de água doce que se forma nos rios e lagos, no gelo oceânico, nos lençóis de
gelo e no solo gelado, aqui se incluindo o solo permanentemente gelado (permafrost).
Alguns destes componentes são essencialmente sazonais enquanto que outros podem
permanecer no estado sólido durante período entre 104 e 105 anos. No caso da Antartida
oriental as partículas de água permanecem no estado sólido durante cerca de 106 anos.
A maior fracção de gelo está localizada na Antartida. No hemisfério norte a área coberta
por gelo atinge cerca de 23% do total no mês de Janeiro. A distribuição espacial da
criosfera terrestre é a seguinte:
Fig. 5.8 – Distribuição da criosfera terrestre. Fonte: Projecto CLIC (Climate and the Cryosphere) adaptado de
http://stratus.astr.ucl.ac.be
A importância da criosfera prende-se com a sua reflexividade, com um albedo que pode
atingir 0.90 na Antártida, cerca de três vezes superior à média planetária, o que aumenta a
irradiação da Terra. Em todos os períodos da história da terra nos quais a criosfera foi
muito reduzida (exemplo: Cretácico) a temperatura média à superfície manifestou um
aumento em relação à situação presente, entre 8 a 10ºC.
A criosfera tem igualmente um papel estabilizador, diminuindo a mistura e a transferência
de calor entre a atmosfera e o oceano, e condicionando a circulação termohalina global
descrita anteriormente.
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Fig. 5.9 – Variação da cobertura em gelo no hemisfério norte desde 1900. Fonte:
http://arctic.atmos.uiuc.edu/cryosphere/
5.6 Bibliografia
T. E. Graedel e P J Crutzen, Atmospheric Change, An Earth System Perspective, W H Freeman and
Company, New York, pp 1-446, 1993.
Peixoto & Oort, Physics of Climate.
G. L. Pickard e W. J. Emery, 1982, Descriptive Physical Oceanography, (4ª edição), Pergamon Press, 256
pp.
Instituto Geológico e Mineiro (2001). Água Subterrânea: Conhecer para Preservar o Futuro. Instituto
Geológico e Mineiro, Versão Online no site do INETI: http://e-Geo.ineti.pt/geociencias/edicoes_online
/diversos/agua_subterranea/indice.htm
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Cap 6 – Biosfera
6.1 Introdução
Apesar de a biosfera estar espacialmente interligada com as restantes components do
sistema climático, é conveniente considerá-la de forma isolada. A biosfera afecta o albedo,
uma vez que as áreas florestais possuem albedo muito baixo, entre 0.09 e 0.18, em função
do tipo de cobertura florestal, afectando de forma importante o balaço radiativo.
A biosfera influencia de forma importante os fluxos biogeoquímicos do Dióxido de
Carbono e do Metano, em particular através do papel do plankton marinho e da fotosíntese.
A biosfera é um contribuinte importante dos aerossóis, sob a forma de esporos, micro-
organismos, poléns e outras espécies transportadas pelo vento atmosférico.
Se exceptuarmos um conjunto muito pequeno de ecossistemas (sistemas hidrotermais do
mar profundo e comunidades microbianas de ambientex extremos), a radiação solar
constitui a fonte de energia que é utilizada pelos seres vivos. Contudo, da quantidade total
de energia solar recebida na Terra (5.1024 J /ano) apenas uma pequena parte (3.1020 J/ano) é
utilizada na fotosíntese, e desta apenas uma pequena parte é utilizada pela clorofila A,
sendo a restante utilizada para aquecimento e evaporação da água, contribuindo assim para
o ciclo da água.
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Figura 6.1 – Produção primária líquida em Pg de Carbono. Fonte: Field, Behrensen e Falkowski, Science 281, pg
237-240, 1998
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Fig. 7.1– Esquema geral de um reservatório que contém a carga de M unidades de uma propriedade extensiva, e
onde o fluxo de entrada é Q e o fluxo de saída S.
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Fig. 7.2 – Tempos de residência de um conjunto de compostos na atmosfera da Terra. Concentrações mais baixas
correspondem a zonas remotas sobre o Oceano, concentrações mais elevadas correspondem a zonas urbanas
poluídas. Fontes: IPCC (1995), Seinfeld e Pandis (1998).
No caso em que existe mais do que um processo que retira o conteúdo do reservatório com
fluxos Si, podemos definir tempos de retorno parciais, de modo equivalente a (7.1):
M
t 0i = (7.3)
Si
t m = ò t f (t ) d t (7.5)
0
t a = ò t y (t ) d t (7.6)
0
A distribuição estatística desta quantidade () depende de caso para caso mas, no caso de
um reservatório estacionário, será sempre uma função monótona decrescente.
Estas duas propriedadades em geral não coincidem. Na figura seguinte apresentam-se os
três casos extremos para os quais a<m, a=m, a>m. Estes casos estão discutidos em
Jacobson et al. (2008) e são exemplificados da seguinte forma: no primeiro caso podemos
estar na presença de um lago onde a fonte e o sumidouro se localizam em extremos oposto;
a generalidade das moléculas terão um tempo de residência igual ao intervalo de tempo
necessário para que a corrente média as transporte entre os dois extremos, enquanto que
uma pequena parte fará esse percurso de forma mais rápida ou mais lenta; a curva de idades
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Fig. 7.3 – Curvas de tempo de residência e idade para as três situações extremas: a<m, a=m, a>m
M (t ) = M 1 - ( M 1 - M 0 ) e-kt (7.9)
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Fig. 7.4 – Exemplo simplificado onde consideramos o caso do metano CH4, cuja carga inicial na atmosfera
estimamos em 4000 Tg, admitindo que a fonte passa de 400 Tg/ano para 800 Tg/ano, mantendo-se um tempo de
renovação de 6 anos. O valor de M cresce exponencialmente entre o valor inicial do equilíbrio e o valor final,
onde o tempo de renovação igual o período necessário para reduzir de e-1 (37%) o desiquilíbrio.
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O isótopo 12C corresponde a cerca de 99% do carbono total. Em todos os processos onde os
fluxos de carbono entre reservatórios são dependentes da densidade, a proporção entre 12C
e 13C pode ser utilizada para avaliar esse fluxo.
Os reservatórios e os fluxos do Carbono no sistema terrestre encontra-se representados
esquematicamente na figura seguinte:
Fig. 7.5 – Diagrama simplificado do Ciclo do carbono. Cargas e Fluxos representados em Pg C e Pg/ano C,
respectivamente.
atmosférico. Algumas bactérias que vivem em associação simbiótica com outros seres
vivos são capazes de fixar o azoto de forma metabólica, como acontece num conjunto de
plantas como as proteaginosas. Alguns processos naturais como as trovoadas podem
igualmente conduzir à fixação de quantidades significativas de azoto. A utilização intensiva
de adubos com elevados teores de azoto tem contribuído para a elevação dos níveis de
fixação de azoto.
A incorporação de Azoto corresponde à conversão da amónia em Azoto orgânico. Os
organismos que estão no topo da cadeia trófica incorporam na digestão sob a forma de
azoto orgânico, o azoto fixado inicialmente pelas bactérias.
A mineralização corresponde ao processo inverso do anterior. Após a morte dos
organismos vivos, a acção dos decompositores, como as bactérias e os fungos, conduzem a
formação de amónia que pode ser dispobilizado de novo para o nível trófico inferior.
A nitrificação é um processo que conduz à produção de nitrato (NO3-) a partir da amónia,
na presença de oxigénio. As bactérias que executam este processo obtêm um ganho
energético.
A desnitrificação é um processo anaeróbico que conduz à producção de N2 a partir do
nitrato ou nitrito. A sequência de conversão é a seguinte:
NO3- > NO2- > NO > N2O > N2.
O oxido nitric (NO) contribui para o smog, o óxido ntroso (N2O) é um impoirtante gás que
gera efeito de estufa.
O ciclo do Azoto encontra-se representado sumariamente na figura seguinte.
Fig. 7.6 – Diagrama simplificado do Ciclo do Azoto. Cargas e Fluxos representados em Tg N e Tg/ano N,
respectivamente. Tempos de renovação entre parentesis.
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Fig. 7.6 – Diagrama simplificado do Ciclo do Fósforo. Cargas e Fluxos representados em Tg P e Tg/ano P,
respectivamente. Retirado de Chameides, W.L., and Perdue, E.M., 1997, Biogeochemical Cycles: A Computer
Interactive Study of Earth System Science and Global Change, New York: Oxford University Press, p. 97-107
(Chp. 5, The Global Phosphorous Cycle).
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No que diz respeito aos fluxos associados a cada um dos processos de transferência de
massa, podemos considerar o seguinte esquema:
Figura 7.8 – Principais fluxos de Enxofre no sistema terrestre. Unidades T g/ano S. Fonte: Brimblecombe et al.
(1989).
7.7 Bibliografia
Brimblecombe, P. and Lein, A. Yu. (1989). Evolution of the Global Biogeochemical Sulphur Cycle. Wiley,
Chichester.
Trudinger (1979).
Chameides, W.L., and Perdue, E.M., 1997, Biogeochemical Cycles: A Computer Interactive Study of Earth System
Science and Global Change, New York: Oxford University Press, p. 97-107 (Chp. 5, The Global Phosphorous
Cycle).
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Jacobson, M, Charlson RJ, Rodhe H, Orians GH, Earth System Science, from Biogeochemical Cycles to Global
Change. International Geophysics Series, Vol72. Elsevier, 2008.
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Cap 8 –Forçamento
8.1 Forçamento Externo
8.1.2.1 Obliquidade
De acordo com a tabela 1.1 do capítulo anterior, o eixo de rotação da Terra faz um ângulo
de 23.4º com o plano da eclíptica. Este ângulo varia entre 22º e 24.5º com um período de
cerca de 41000 anos, influenciando obviamente a distribuição latitudinal da radiação solar.
Quando a obliquidade aumenta aumenta também a radiação efectiva que atinge as latitudes
elevadas no Verão e dimiui no Inverno. Nas latitudes baixas, próximo do Equador, não se
verifica nenhuma alteração significativa.
8.1.2.2 Excentricidade
A Terra realize um movimento translaccional em torno do Sol cuja trajectória é descrita
matematicamente por uma elipse. A excentricidade dessa elipse é dada por
a2 - b2
e= (8.1)
a
O valor da excentricidade, actualmente de 0.018 pode variar entre um valor muito baixo
(0.005) o que quer dizer que a órbita é praticamente circular, e um valor um pouco mais
alto (0.060), apresentando esta variação dois períodos de 96000 e 413000 anos
respectivamente (Berger, 1976). As variações de excentricidade influenciam o ciclo annual
de radiação solar incidente no topo da atmosfera. Este ciclo pode originar variações
próximas de 30%.
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8.1.2.3 Precessão
O terceiro fenómeno que diz respeito à variação dos parâmetros orbitais tem a ver com a
precessão dos equinóxios. Devido à interacção gravitacional entre a Terra e os outros
planetas do sistema solar, principalmente a Lua e Jupiter, verifica-se uma deslocação do
perihélio, o ponto onde a Terra se encontra mais próxima do Sol, o que faz variar a
trajectória da Terra e afecta a intensidade e o sincronismo das estações. Este efeito é
conhecido como precessão dos equinóxios.
A precessão inclui uma precessão axial (o momento da força aplicada pela influência
gravitacional externa conduz a que o eixo da Terra execute um movimento semelhante ao
de um pião) e uma precessão orbital, na qual a orbita elíptica da Terra roda em torno de um
foco. O efeito conjugado corresponde a um período médio de 22000 anos.
Tal como a obliquidade, a precessão não afecta a radiação total recebida pela Terra no topo
da atmosfera mas o balanço entre estações.
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8.2.2 Vulcanismo
O vulcanismo foi associado desde muito cedo à mudança climática, e pelo menos desde as
observações de Franklin, em 1784. A importância do vulcanismo como um forçador das
alterações climáticas ganhou muito das observações realizadas aquando da explosão do
Pinatubo em 1991.
As erupções vulcânicas injectam na estratosfera Tg de de aerossóis sólidos e gases, em
particular SO2, que gera a formação de iões sulfato sob a forma de aerossol. O tempo de
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