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A DAMA DO PEIXOTO, de Douglas Soares e Alan Ribeiro

Como se passava numa praça, a primeira exibição de A DAMA DO PEIXOTO, de Douglas


Soares e Alan Ribeiro, ocorreu na praça principal da cidade de Tiradentes. Associação
curiosa mas que talvez tenha tirado a possibilidade de o curta ter sido melhor apreciado
entre o “público especializado” que comparecia em peso no cine-tenda para assistir às
sessões da Mostra Foco e do Panorama. Independentemente de onde tenha sido exibido, no
entanto, as qualidades do curta, um dos mais interessantes de toda a programação de curtas
da Mostra, são evidentes.

A DAMA DO PEIXOTO me parece um projeto com vários paralelos com o curta anterior
de Douglas Soares – MINHA TIA, MEU PRIMO – pelo qual nutro uma enorme
admiração. Esses paralelos vêm no sentido de que este curta tem diversos pontos em
comum e diferenças em relação ao anterior.

Os dois curtas surgem de uma ideia central de retratar uma pessoa comum. Em MINHA
TIA, MEU PRIMO um enorme sentimento de afetividade surgia pela frontalidade e pela
intimidade com que Douglas conversava com sua irreverente tia, dentro de seu
apartamento, esperando o tempo passar. Mas ao final continuamos sem saber muito bem
quem é essa tia. Uma câmera na mão e com a voz do próprio diretor insere recursos de um
cinema caseiro, precário.

A DAMA DO PEIXOTO a princípio nos parece um filme muito diferente. Temos lá


também uma certa obsessão por uma personagem principal exótica, mas ao contrário do
curta anterior, ela não aparece no filme, apesar de o tempo todo estar lá. Da mesma forma,
ao invés do claustrofóbico apartamento, A DAMA é filmado numa praça, em céu aberto,
com o movimento das pessoas. Dessa vez, a personagem não emite uma única palavra:
temos apenas impressões de quem é ela através de depoimentos das pessoas que
frequentam a praça. Ao contrário de MINHA TIA, A DAMA não assume a aparência de
um filme caseiro, mas possui uma decupagem sofisticada, recortando o corpo da dama e
partes da praça, evocando o extracampo, com quase todos os planos de câmera parada.

No entanto, apesar de todas as diferenças de linguagem, saio com a impressão de que A


DAMA é uma refilmagem de MINHA TIA, MEU PRIMO. Porque as principais
preocupações de Douglas continuam lá: um olhar leve e bem-humorado sobre uma
personagem exótica, mas que ao final esconde mais do que revela. E se não está
enclausurada no apartamento, dessa vez é como se a personagem estivesse enclausurada
dentro do próprio enquadramento, ou ainda, dentro da própria praça, que funciona como
uma espécie de casa para essa mulher (nos termos que me interessam, comuns ao meu
próprio trabalho, A DAMA DO PEIXOTO não deixa de ser um filme sobre como
enquadrar, através de uma distância, a intimidade de uma personagem que vive trancafiada
num quarto). Ou seja, ela fala a partir do seu silêncio, a partir de seu deslocamento,
traduzido através de um olhar para o enquadramento. A sabedoria com que o filme costura
as imagens recortadas com os sons comprova o amadurecimento de Douglas, auxiliado por
Alan Ribeiro, cujos curtas-metragens cada vez mais são exemplos de uma crescente
sobriedade. A DAMA DO PEIXOTO tem o mesmo clima levemente suburbano (apesar de
não ser passado no subúrbio, mas isso pouco importa...) de BOCA A BOCA, primeiro curta
de Alan Ribeiro. No entanto, as opções de decupagem, a criatividade no olhar documental
comprovam o caminho de amadurecimento dos dois realizadores.

São filmes tipicamente cariocas, mas sem o ranço “espertinho” ou “deslumbrado” do típico
cinema local. Curtas que articulam com sabedoria uma ideia de “popular” com um claro
refinamento estilístico.

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