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801 Lei n° 1.079, de 10.4.

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PARTE TERCEIRA

Título I

Capítulo I
DOS MINISTROS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Art. 39. São crimes de responsabilidade dos Ministros do Supremo Tribunal Federal:
1. alterar, por qualquer forma, exceto por via de recurso a decisão ou voto já proferido em sessão
do Tribunal;
2. proferir julgamento quando, por lei, seja suspeito na causa;
3. exercer atividade político-partidária;
4. ser patentemente desidioso no cumprimento dos deveres do cargo;
5. proceder de modo incompatível com a honra, dignidade e decoro de suas funções.
Art. 39-A. Constituem, também, crimes de responsabilidade do Presidente do Supremo Tribunal
Federal ou de seu substituto quando no exercício da Presidência, as condutas previstas no art. 10
desta Lei, quando por eles ordenadas ou praticadas.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos Presidentes, e respectivos substitutos
quando no exercício da Presidência, dos Tribunais Superiores, dos Tribunais de Contas, dos Tribunais
Regionais Federais, do Trabalho e Eleitorais, dos Tribunais de Justiça e de Alçada dos Estados e do
Distrito Federal, e aos Juízes Diretores de Foro ou função equivalente no primeiro grau de jurisdição.
■ Artigo acrescentado pela Lei n° 10.028, de 19.10.00.

Capítulo II
DO PROCURADOR-GERAL DA REPUBLICA
Art. 40. São crimes de responsabilidade do Procurador-Geral da República:
1. emitir parecer, quando, por lei, seja suspeito na causa;
2. recusar-se à prática de ato que lhe incumba;
3. ser patentemente desidioso no cumprimento de suas atribuições;
4. proceder de modo incompatível com a dignidade e o decoro do cargo.
■ Vide art. 52, 11, da CR/88.
Art. 40-A. Constituem, também, crimes de responsabilidade do Procurador-Geral da República, ou de
seu substituto quando no exercício da chefia do Ministério Público da União, as condutas previstas no
art. 10 desta Lei, quando por eles ordenadas ou praticadas.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se:
I — ao Advogado-Geral da União;
II — aos Procuradores-Gerais do Trabalho, Eleitoral e Militar, aos Procuradores-Gerais de Justiça
dos Estados e do Distrito Federal, aos Procuradores-Gerais dos Estados e do Distrito Federal, e aos
membros do Ministério Público da União e dos Estados, da Advocacia Geral da União, das Procura-
dorias dos Estados e do Distrito Federal, quando no exercício de função de chefia das unidades
regionais ou locais das respectivas instituições.
■ Artigo acrescentado pela Lei n° 10.028, de 19. 10.00.
Lei n° 1.079, de 10.4.50 802

Título II
DO PROCESSO E JULGAMENTO
Capítulo I
DA DENUNCIA
Art. 41. É permitido a todo cidadão denunciar, perante o Senado Federal, os Ministros do Supremo
Tribunal Federal e o Procurador-Geral da República, pelos crimes de responsabilidade que cometerem
(arts. 39 e 40).
Art. 41-A. Respeitada a prerrogativa de foro que assiste às autoridades a que se referem o parágrafo
único do art. 39-A e o inciso II do parágrafo único do art. 40-A, as ações penais contra elas ajuizadas
pela prática dos crimes de responsabilidade previstos no art. 10 desta lei, serão processadas e
julgadas de acordo com o rito instituído pela Lei n° 8.038, de 28 de maio de 1990, permitido, a todo
cidadão, o oferecimento da denúncia.
■ Artigo acrescentado pela Lei n 2 10.028, de 19.10.00.
Art. 42. A denúncia só poderá ser recebida se o denunciado não tiver, por qualquer motivo, deixado
definitivamente o cargo.
Art. 43. A denúncia, assinada pelo denunciante com a firma reconhecida, deve ser acompanhada dos
documentos que a comprovem ou da declaração de impossibilidade de apresentá-los, com a
indicação do local onde possam ser encontrados. Nos crimes de que haja prova testemunhal, a
denúncia deverá conter o rol das testemunhas, em número de cinco, no mínimo.
Art. 44. Recebida a denúncia pela Mesa do Senado, será lida no expediente da sessão seguinte e
despachada a uma comissão especial, eleita para opinar sobre a mesma.
Art. 45. A comissão a que alude o artigo anterior reunir-se-á dentro de 48 (quarenta e oito) horas e,
depois de eleger o seu presidente e relator, emitirá parecer no prazo de 10 (dez) dias sobre se a
denúncia deve ser, ou não, julgada objeto de deliberação. Dentro desse período poderá a comissão
proceder às diligências que julgar necessárias.
Art. 46. 0 parecer da comissão, com a denúncia e os documentos que a instruírem, será lido no
expediente de sessão do Senado, publicado no Diário do Congresso Nacional e em avulsos, que
deverão ser distribuídos entre os senadores, e dado para ordem do dia da sessão seguinte.
Art. 47.0 parecer será submetido a uma só discussão, e a votação nominal, considerando-se aprovado
se reunir a maioria simples de votos.
Art. 48. Se o Senado resolver que a denúncia não deve constituir objeto de deliberação, serão os papéis
arquivados.
Art. 49. Se a denúncia for considerada objeto de deliberação, a Mesa remeterá cópia de tudo ao
denunciado, para responder à acusação no prazo de 10 (dez) dias.
Art. 50. Se o denunciado estiver fora do Distrito Federal, a cópia lhe será entregue pelo Presidente do
Tribunal de Justiça do Estado em que se achar. Caso se ache fora do País ou em lugar incerto e não
sabido, o que será verificado pelo 1 2 Secretário do Senado, a intimação far-se-á por edital, publicado
no Diário do Congresso Nacional, com a antecedência de 60 (sessenta) dias, aos quais se acrescerá,
em comparecendo o denunciado, o prazo do art. 49.
Art. 51. Findo o prazo para a resposta do denunciado, seja esta recebida, ou não, a comissão dará
parecer, dentro de 10 (dez) dias, sobre a procedência ou improcedência da acusação.
Art. 52. Perante a comissão, o denunciante e o denunciado poderão comparecer pessoalmente ou
por procurador, assistir a todos os atos e diligências por ela praticados, inquirir, reinquirir, contestar
testemunhas e requerer a sua acareação. Para esse efeito, a comissão dará aos interessados
conhecimento das suas reuniões e das diligências a que deva proceder, com a indicação de lugar, dia
e hora.
Art. 53. Findas as diligências, a comissão emitirá sobre ela o seu parecer, que será publicado e
distribuído, com todas as peças que o instruírem, e dado para ordem do dia 48 (quarenta e oito) horas,
no mínimo, depois da distribuição.
Art. 54. Esse parecer terá uma só discussão e considerar-se-á aprovado se, em votação nominal, reunir
a maioria simples dos votos.
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Art. 55. Se o Senado entender que não procede a acusação, serão os papéis arquivados. Caso decida
o contrário, a Mesa dará imediato conhecimento dessa decisão ao Supremo Tribunal Federal, ao
Presidente da República, ao denunciante e ao denunciado.
Art. 56. Se o denunciado não estiver no Distrito Federal, a decisão ser-lhe-á comunicada à requisição
da Mesa, pelo Presidente do Tribunal de Justiça do Estado 2
onde se achar. Se estiver fora do País ou
em lugar incerto e não sabido, o que será verificado pelo 1 Secretário do Senado, far-se-á a intimação
mediante edital pelo Diário do Congresso Nacional, com a antecedência de 60 (sessenta) dias.
Art. 57. A decisão produzirá desde a data da sua intimação os seguintes efeitos contra o denunciado:
a. ficar suspenso do exercício das suas funções até sentença final;
b. ficar sujeito à acusação criminal;
c. perder, até sentença final, um terço dos vencimentos, que lhe será pago no caso de absolvição.

Capítulo II
DA ACUSAÇÃO E DA DEFESA

Art. 58. Intimado o denunciante ou o seu procurador da decisão a que aludem os três últimos artigos,
ser-lhe-á dada vista do processo, na Secretaria do Senado, para, dentro de 48 (quarenta e oito) horas,
oferecer o libelo acusatório e o rol das testemunhas. Em seguida abrir-se-á vista ao denunciado ou ao
seu defensor, pelo mesmo prazo para oferecer a contrariedade e o rol das testemunhas.
Art. 59. Decorridos esses prazos, com o libelo e a contrariedade ou sem eles, serão os autos remetidos,
em original, ao Presidente do Supremo Tribunal Federal, ou ao seu substituto legal, quando seja ele o
denunciado, comunicando-se-lhe o dia designado para o julgamento e convidando-o para presidir a
sessão.
Art. 60. 0 denunciante e o acusado serão notificados, pela forma estabelecida no art. 56, para
assistirem ao julgamento, devendo as testemunhas ser, por um magistrado, intimadas a comparecer
à requisição da Mesa.
Parágrafo único. Entre a notificação e o julgamento deverá mediar o prazo mínimo de 10 (dez) dias.
Art. 61. No dia e hora marcados para o julgamento, o Senado reunir-se-á, sob a presidência do Presidente
do Supremo Tribunal Federal ou do seu substituto legal. Verificada a presença de número legal de
senadores, será aberta a sessão e feita a chamada das partes, acusador e acusado, que poderão
comparecer pessoalmente ou pelos seus procuradores.
Art. 62. A revelia do acusador não importará transferência do julgamento, nem perempção da acusa-
ção.
§ 1 9. A revelia do acusado determinará o adiamento do julgamento, para o qual o Presidente
designará novo dia, nomeando um advogado para defender o revel.
§ 29. Ao defensor nomeado será facultado o exame de todas as peças do processo.
Art. 63. No dia definitivamente aprazado para o julgamento, verificado o número legal de senadores,
será aberta a sessão e facultado o ingresso às partes ou aos seus procuradores. Serão juízes todos
os senadores presentes, com exceção dos impedidos nos termos do art. 36.
Parágrafo único. 0 impedimento poderá ser oposto pelo acusador ou pelo acusado e invocado por
qualquer senador.
Art. 64. Constituído o Senado em tribunal de julgamento, o Presidente mandará ler o processo e, em
seguida, inquirirá publicamente as testemunhas, fora da presença umas das outras.
Art. 65. 0 acusador e o acusado, ou os seus procuradores, poderão reinquirir as testemunhas,
contestá-Ias sem interrompê-Ias e requerer a sua acareação. Qualquer senador poderá requerer sejam
feitas as perguntas que julgar necessárias.
Art. 66. Finda a inquirição, haverá debate oral, facultadas a réplica e a tréplica entre o acusador e o
acusado, pelo prazo que o Presidente determinar.
Parágrafo único. Ultimado o debate, retirar-se-ão as partes do recinto da sessão e abrir-se-á uma
discussão única entre os senadores sobre o objeto da acusação.
Art. 67. Encerrada a discussão, fará o Presidente um relatório resumido dos fundamentos da acusação
e da defesa, bem como das respectivas provas, submetendo em seguida o caso a julgamento.
Lei n° 1.079, de 10.4.50 804

Capítulo III
DA SENTENÇA

Art. 68.0 julgamento será feito, em votação nominal, pelos senadores desimpedidos que responderão
"sim" ou "não" à seguinte pergunta enunciada pelo Presidente: "Cometeu o acusado o crime que lhe
é imputado e deve ser condenado à perda do seu cargo?".
Parágrafo único. Se a resposta afirmativa obtiver, pelo menos, dois terços dos votos dos senadores
presentes, o Presidente fará nova consulta ao plenário sobre o tempo não excedente de 5 (cinco) anos,
durante o qual o condenado deverá ficar inabilitado para o exercício de qualquer função pública.
Art. 69. De acordo com a decisão do Senado, o Presidente lavrará, nos autos, a sentença que será
assinada por ele e pelos senadores, que tiverem tomado parte no julgamento, e transcrita na ata.
Art. 70. No caso de condenação, fica o acusado desde logo destituído do seu cargo. Se a sentença
for absolutória, produzirá a imediata reabilitação do acusado, que voltará ao exercício do cargo, com
direito à parte dos vencimentos de que tenha sido privado.
Art. 71. Da sentença, dar-se-á imediato conhecimento ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal
Federal e ao acusado.
Art. 72. Se no dia do encerramento do Congresso Nacional não estiver concluído o processo ou
julgamento de Ministro do Supremo Tribunal Federal ou do Procurador-Geral da República, deverá ele
ser convocado extraordinariamente pelo terço do Senado Federal.
Art. 73. No processo e julgamento de Ministro do Supremo Tribunal, ou do Procurador-Geral da
República, serão subsidiários desta Lei, naquilo em que lhes forem aplicáveis, o Regimento Interno do
Senado Federal e o Código de Processo Penal.

PARTE QUARTA

Título Único

Capítulo I
DOS GOVERNADORES E SECRETÁRIOS DOS ESTADOS
Art. 74. Constituem crimes de responsabilidade dos governadores dos Estados ou dos seus secretá-
rios, quando por eles praticados, os atos definidos como crimes nesta Lei.
■ Quanto aos crimes de responsabilidade do governador do Distrito Federal e de seus secretários,
vide Lei n2 7.106, de 28.6.83.

Capítulo II
DA DENÚNCIA, ACUSAÇÃO E JULGAMENTO
Art. 75. É permitido a todo cidadão denunciar o governador perante a Assembléia Legislativa, por
crime de responsabilidade.
Art. 76. A denúncia, assinada pelo denunciante e com a firma reconhecida, deve ser acompanhada
dos documentos que a comprovem, ou da declaração de impossibilidade de apresentá-los, com a
indicação do local em que possam ser encontrados. Nos crimes de que houver prova testemunhal,
conterá o rol das testemunhas, em número de cinco pelo menos.
805 Lei n 2 1.079, de 10.4.50

Parágrafo único. Não será recebida a denúncia depois que o governador, por qualquer motivo,
houver deixado definitivamente o cargo.
Art. 77. Apresentada a denúncia e julgada objeto de deliberação, se a Assembléia Legislativa, por
maioria absoluta, decretar a procedência da acusação, será o Governador imediatamente suspenso
de suas funções.
Art. 78. O Governador será julgado, nos crimes de responsabilidade, pela forma que determinar a
Constituição do Estado e não poderá ser condenado, senão à perda do cargo, com inabilitação,
até 5 (cinco) anos, para o exercício de qualquer função pública, sem prejuízo da ação da justiça
comum.
§ 1°. Quando o tribunal de julgamento for de jurisdição mista, serão iguais, pelo número, os
representantes dos órgãos que o integrarem, excluído o Presidente, que será o Presidente do Tribunal
de Justiça.
§ 2 2 . Em qualquer hipótese, só poderá ser decretada a condenação pelo voto de dois terços dos
membros de que se compuser o tribunal de julgamento.
§ 3 2 . Nos Estados, onde as Constituições não determinarem o processo nos crimes de responsa-
bilidade dos governadores, aplicar-se-á o disposto nesta Lei, devendo, porém, o julgamento ser
proferido por um tribunal composto de cinco membros do Legislativo e de cinco desembargadores,
sob a presidência do Presidente do Tribunal de Justiça local, que terá direito de voto no caso de empate.
A escolha desse tribunal será feita — a dos membros do Legislativo — mediante eleição pela
Assembléia; a dos desembargadores, mediante sorteio.
§ 42 . Esses atos deverão ser executados dentro em 5 (cinco) dias contados da data em que a
Assembléia enviar ao Presidente do Tribunal de Justiça os autos do processo, depois de decretada a
procedência da acusação.
Art. 79. No processo e julgamento do governador serão subsidiários desta Lei naquilo em que lhe
forem aplicáveis, assim o regimento interno da Assembléia Legislativa e do Tribunal de Justiça, como
o Código de Processo Penal.
Parágrafo único. Os secretários de Estado, nos crimes conexos com os dos governadores, serão
sujeitos ao mesmo processo e julgamento.

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 80. Nos crimes de responsabilidade do Presidente da República e dos Ministros de Estado, a
Cãmara dos Deputados é tribunal de pronúncia e o Senado Federal, tribunal de julgamento; nos crimes
de responsabilidade dos Ministros do Supremo Tribunal Federal e do Procurador-Geral da República,
o Senado Federal é, simultaneamente, tribunal de pronúncia e julgamento.
Parágrafo único. O Senado Federal, na apuração e julgamento dos crimes de responsabilidade,
funciona sob a presidência do Presidente do Supremo Tribunal, e só proferirá sentença condenatória
pelo voto de dois terços dos seus membros.
Art. 81. A declaração de procedência da acusação nos crimes de responsabilidade só poderá ser
decretada pela maioria absoluta da Câmara que a proferir.
Art. 82. Não poderá exceder de 120 (cento e vinte) dias, contados da data da declaração da
procedência da acusação, o prazo para o processo e julgamento dos crimes definidos nesta Lei.
Art. 83. Esta Lei entrará em vigor na data da sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 10 de abril de 1950; 129 2 da Independência e 62 2 da República.
EuRico G. DUTRA
Honório Monteiro

(Publicada no DOU de 12.4.50.)


Lei n° 1.521, de 26.12.51 806

LEI N° 1.521, DE 26 DE DEZEMBRO DE 1951

Altera dispositivos da legislação vigente sobre crimes


contra a economia popular.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1°. Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes e as contravenções contra a economia popular.
Esta Lei regulará o seu julgamento.
Art. 2 2. São crimes desta natureza:
I. recusar individualmente em estabelecimento comercial a prestação de serviços essenciais à
subsistência; sonegar mercadoria ou recusar vendê-la a quem esteja em condições de comprar a
pronto pagamento;
II. favorecer ou preferir comprador ou freguês em detrimento de outro, ressalvados os sistemas
de entrega ao consumo por intermédio de distribuições ou revendedores;
III. exporá venda ou vender mercadoria ou produto alimentício, cujo fabrico haja desatendido a
determinações oficiais, quanto ao peso e composição;
IV. negar ou deixar o fornecedor de serviços essenciais de entregar ao freguês a nota relativa à
prestação de serviço, desde que a importância exceda de Cr$ 15,00 (quinze cruzeiros), e com a
indicação do preço, do nome e endereço do estabelecimento, do nome da firma ou responsável, da
data e local da transação e do nome e residência do freguês;
V. misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, expô-los à venda ou vendê-los como
puros; misturar gêneros e mercadorias de qualidades desiguais para expô-los à venda ou vendê-los
por preço marcado para os de mais alto custo;
VI. transgredir tabelas oficiais de gêneros e mercadorias, ou de serviços essenciais, bem como
expor à venda ou oferecer ao público ou vender tais gêneros, mercadorias ou serviços, por preço
superior ao tabelado, assim como não manter afixadas, em lugar visível e de fácil leitura, as tabelas
de preços aprovadas pelos órgãos competentes;
VII. negar ou deixar o vendedor de fornecer nota ou caderno de venda de gêneros de primeira
necessidade, seja à vista ou a prazo, e cuja importância exceda de Cr$ 10,00 (dez cruzeiros), ou de
especificar na nota ou caderno — que serão isentos de selo — o preço da mercadoria vendida, o nome
e o endereço do estabelecimento, a firma ou o responsável, a data e local da transação e o nome e
residência do freguês;
VIII. celebrar ajuste para impor determinado preço de revenda ou exigir do comprador que não
compre de outro vendedor;
IX. obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado de
pessoas mediante especulações ou processos fraudulentos ("bola de neve", "cadeias", "pichardismo"
e quaisquer outros equivalentes);
X. violar contrato de venda a prestações, fraudando sorteios ou deixando de entregar a coisa
vendida, sem devolução das prestações pagas, ou descontar destas, nas vendas com reserva de
domínio, quando o contrato for rescindido por culpa do comprador, quantia maior do que a correspon-
dente à depreciação do objeto;
XI. fraudar pesos ou medidas padronizadas em lei ou regulamentos; possui-los ou detê-los, para
efeitos de comércio, sabendo estarem fraudados:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa de Cr$ 2.000,00 (dois mil cruzeiros)
a Cr$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzeiros).
■ Vide art. 22 da Lei n° 7.209/84 sobre pena de multa.
Parágrafo único. Na configuração dos crimes previstos nesta Lei, bem como na de qualquer outra
de defesa de economia popular, sua guarda e seu emprego, considerar-se-ão como de primeira
necessidade, ou necessários ao consumo do povo, os gêneros, artigos, mercadorias e qualquer outra
espécie de coisas ou bens indispensáveis à subsistência do indivíduo em condições higiênicas e ao
exercício normal de suas atividades; estão compreendidos nesta definição os artigos destinados à
alimentação, ao vestuário e à iluminação, os terapêuticos ou sanitários, o combustível, a habitação e
os materiais de construção.
807 Lei n° 1.521, de 26.12.51

Art. 3 2. São também crimes dessa natureza:


I. destruir ou inutilizar, intencionalmente e sem autorização legal, com o fim de determinar alta
de preços, em proveito próprio ou de terceiro, matérias-primas ou produtos necessários ao consumo
do povo;
II. abandonar ou fazer abandonar lavoura ou plantações, suspender ou fazer suspender a atividade
de fábricas, usinas ou quaisquer estabelecimentos de produção, ou meios de transporte, mediante
indenização paga pela desistência da competição;
III. promover ou participar de consórcio, convênio, ajuste, aliança ou fusão de capitais, com o fim
de impedir ou dificultar, para o efeito de aumento arbitrário de lucros, a concorrência em matéria de
produção, transportes ou comércio;
IV. reter ou açambarcar matérias-primas, meios de produção ou produtos necessários ao consu-
mo do povo, com o fim de dominar o mercado em qualquer ponto do País e provocar a alta dos preços;
V. vender mercadorias abaixo do preço de custo com o fim de impedir a concorrência;
VI. provocar a alta ou baixa de preços de mercadorias, títulos públicos, valores ou salários por
meio de noticias falsas, operações fictícias ou qualquer outro artifício;
VII. dar indicações ou fazer afirmações falsas em prospectos ou anúncios, para o fim de substitui-
ção, compra ou venda de títulos, ações ou quotas;
VIII. exercer funções de direção, administração ou gerência de mais de uma empresa ou sociedade
do mesmo ramo de indústria ou comércio com o fim de impedir ou dificultar a concorrência;
IX. gerir fraudulenta ou temerariamente bancos ou estabelecimentos bancários, ou de capitaliza-
ção; sociedades de seguros, pecúlios ou pensões vitalícias; sociedades para empréstimos ou finan-
ciamento de construções e de vendas de imóveis a prestações, com ou sem sorteio ou preferência
por meio de pontos ou quotas; caixas econômicas; caixas Raiffeisen; caixas mútuas, de beneficência,
socorros ou empréstimos; caixas de pecúlio, pensão e aposentadoria; caixas construtoras; coopera-
tivas; sociedades de economia coletiva, levando-as à falência ou à insolvência, ou não cumprindo
qualquer das cláusulas contratuais com prejuízo dos interessados;
X. fraudar de qualquer modo escriturações, lançamentos, registros, relatórios, pareceres e outras
informações devidas a sócios de sociedades civis ou comerciais, em que o capital seja fracionado em
ações ou quotas de valor nominativo igual ou inferior a Cr$1.000,00 (um mil cruzeiros) com o fim de
sonegar lucros, dividendos, percentagens, rateios ou bonificações, ou de desfalcar ou desviar fundos
de reserva ou reservas técnicas:
Pena — detenção, de 2 (dois) anos a 10 (dez) anos, e multa de Cr$ 20.000,00 (vinte mil cruzeiros)
a Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros).
■ Sobre pena de multa, vide art. 2° da Lei n° 7.209/84.
Art. 42. Constitui crime da mesma natureza a usura pecuniária ou real, assim se considerando:
a. cobrar juros, comissões ou descontos percentuais, sobre dívidas em dinheiro, superiores à
taxa permitida por lei; cobrar ágio superior à taxa oficial de câmbio, sobre quantia permutada
por moeda estrangeira; ou, ainda, emprestar sob penhor que seja privativo de instituição oficial
de crédito;
b. obter, ou estipular, em qualquer contrato, abusando da premente necessidade, inexperiência
ou leviandade de outra parte, lucro patrimonial que exceda o quinto do valor corrente ou justo
da prestação feita ou prometida:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa Cr$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros) a
Cr$ 20.000,00 (vinte mil cruzeiros).
■ Sobre pena de multa, vide art. 2° da Lei n° 7.209/84.
§ 1°. Nas mesmas penas incorrerão os procuradores, mandatários ou mediadores que intervierem
na operação usurária, bem como os cessionários de crédito usurário que, cientes de sua natureza
lícita, o fizerem valer em sucessiva transmissão ou execução judicial.
§ 2°. São circunstâncias agravantes do crime de usura:
I. ser cometido em época de grave crise econômica;
II. ocasionar grave dano individual;
III. dissimular-se a natureza usurária do contrato;
IV. quando cometido:
a. por militar, funcionário público, ministro de culto religioso; por pessoa cuja condição econômi-
co-social seja manifestamente superior à da vítima;
b. em detrimento de operário ou de agricultor; de menor de 18 (dezoito) anos ou de deficiente
mental, interditado ou não.
Lei n° 1.521, de 26.12.51 808

§ 3 2 . A estipulação de juros ou lucros usurários será nula, devendo o juiz ajustá-los à medida legal,
ou, caso já tenha sido cumprida, ordenar a restituição da quantia paga em excesso, com os juros legais
a contar da data do pagamento indevido.
■ Vide art. 192, § 3 2,, da CR/88.
Art. 52. Nos crimes definidos nesta Lei haverá suspensão da pena e livramento condicional em todos
os casos permitidos pela legislação comum. Será a fiança concedida nos termos da legislação em
vigor, devendo ser arbitrada dentro dos limites de Cr$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros) a Cr$ 50.000,00
(cinqüenta mil cruzeiros), nas hipóteses do art 2 2 , e dentro dos limites de Cr$ 10.000,00 (dez mil
cruzeiros), a Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros) nos demais casos, reduzida a metade dentro desses
li mites, quando o infrator for empregado do estabelecimento comercial ou industrial, ou não ocupe
cargo ou posto de direção dos negócios.
■ Redação determinada pela Lei n 2 3.290, de 23.10.57.
Art. 62. Verificado qualquer crime contra a economia popular ou contra a saúde pública (Capítulo Ill
do Título VIII do Código Penal) e atendendo à gravidade do fato, sua repercussão e efeitos, o juiz, na
sentença, declarará a interdição de direito, determinada no art. 69, IV, do Código Penal, de 6 (seis)
meses a 1 (um) ano assim como, mediante representação da autoridade policial, poderá decretar,
dentro de 48 (quarenta e oito) horas, a suspensão provisória, pelo prazo de 15 (quinze) dias, do
exercício da profissão ou atividade do infrator.
■ Vide atual art. 47 do CP.
Art. 72. Os juízes recorrerão de ofício sempre que absolverem os acusados em processo por crime
contra a economia popular ou contra a saúde pública, ou quando determinarem o arquivamento dos
autos do respectivo inquérito policial.
Art. 8 2 . Nos crimes contra a saúde pública, os exames periciais serão realizados, no Distrito Federal,
pelas repartições da Secretaria Geral da Saúde e Assistência e da Secretaria da Agricultura, Indústria
e Comércio da Prefeitura ou pelo Gabinete de Exames Periciais do Departamento de Segurança
Pública e, nos Estados e Territórios, pelos serviços congêneres, valendo qualquer dos laudos como
corpo de delito.
Art. 92 . ( Revogado pela Lei n 2 6.649, de 16.5.79.)
■ Acerca da locação de imóveis urbanos, vide Lei n 2 8.245/91.
Art. 10. Terá forma sumária, nos termos do Capítulo V, Título II, Livro II, do Código de Processo Penal,
o processo das contravenções e dos crimes contra a economia popular, não submetidos ao julgamento
pelo Júri.
§ 1 2. Os autos policiais (inquérito ou processo iniciado por portaria) deverão terminar no prazo de
10 (dez) dias.
§ 2 2 . 0 prazo para oferecimento da denúncia será de 2 (dois) dias, esteja ou não o réu preso.
§ 3 2. A sentença do juiz será proferida dentro do prazo de 30 (trinta) dias contados do recebimento
dos autos da autoridade policial (art. 536 do Código de Processo Penal).
§ 4 2 . A retardação injustificada, pura e simples, dos prazos indicados nos parágrafos anteriores
importa em crime de prevaricação (art. 319 do Código Penal).
Art. 11. No Distrito Federal, o processo das infrações penais relativas à economia popular caberá,
indistintamente, a todas as varas criminais com exceção das 1 2 e 202 , observadas as disposições
quanto aos crimes da competência do Júri de que trata o art. 12.
Arts. 12 a 30. (Revogados pelo Decreto-Lei n°2, de 14.1.66.)
■ Esses dispositivos tratavam do Tribunal do Júri para os crimes contra a economia popular. Cf., a
respeito, art. 5 2, XXXVIII, d, da CR/88.
................................................................................................................................................................... .

Art. 33. Esta Lei entrará em vigor 60 (sessenta) dias depois de sua publicação, aplicando-se aos
processos iniciados na sua vigência.
Art. 34. Revogam-se as disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 26 de dezembro de 1951; 130 2 da Independência e 63 2 da República.
GETÚLI0 VARGAS
Francisco Negrão de Lima
(Publicada no DOU de 27.12.51.)
809 Lei n° 1.579, de 18.3.52

LEI N9 1.579, DE 18 DE MARÇO DE 1952

Dispõe sobre as Comissões Parlamentares


de Inquérito.
■ Vide art. 58 e §§ 1° a 4° da CR/88.

O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
As Comissões Parlamentares de Inquérito, criadas na forma do art. 53 da Constituição Federal,
Art. 1°.
terão ampla ação nas pesquisas destinadas a apurar os fatos determinados que deram origem à sua
formação.
■ Refere-se à CR de 1946.
Parágrafo único. A criação de Comissão Parlamentar de Inquérito dependerá de deliberação
plenária, se não for determinada pelo terço da totalidade dos membros da Câmara dos Deputados ou
do Senado.
No exercício de suas atribuições, poderão as Comissões Parlamentares de Inquérito determinar
A rt. 22.
as diligências que reputarem necessárias e requerer a convocação de ministros de Estado, tomar o
depoimento de quaisquer autoridades federais, estaduais ou municipais, ouvir os indiciados, inquirir
testemunhas sob compromisso, requisitar de repartições públicas e autárquicas informações e docu-
mentos, e transportar-se aos lugares onde se fizer mister a sua presença.
Art. 32. Indiciados e testemunhas serão intimados de acordo com as prescrições estabelecidas na
legislação penal.
Parágrafo único. Em caso de não-comparecimento da testemunha sem motivo justificado, a sua
inti mação será solicitada ao juiz criminal da localidade em que resida ou se encontre, na forma do art.
218 do Código de Processo Penal.
2
Art. 4 . Constitui crime:
I. impedir, ou tentar impedir, mediante violência, ameaça ou assuadas, o regular funcionamento
de Comissão Parlamentar de Inquérito, ou o livre exercício das atribuições de qualquer dos seus
membros:
Pena — a do art. 329 do Código Penal;
II. fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, tradutor ou
intérprete, perante a Comissão Parlamentar de Inquérito:
Pena — a do art. 342 do Código Penal.
Art. 5 9. As Comissões Parlamentares de Inquérito apresentarão relatório de seus trabalhos à respectiva
Câmara, concluindo por projeto de resolução.
§ 1 Q . Se forem diversos os fatos objeto de inquérito, a comissão dirá, em separado, sobre cada um,
podendo fazê-lo antes mesmo de finda a investigação dos demais.
§ 2°. A incumbência da Comissão Parlamentar de Inquérito termina com a sessão legislativa em
que tiver sido outorgada, salvo deliberação da respectiva Camara, prorrogando-a dentro da legislatura
em curso.
Art. 6 2. 0 processo e a instrução dos inquéritos obedecerão ao que prescreve esta Lei, no que lhes
for aplicável, às normas do processo penal.
Art. 72 . Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 18 de março de 1952; 131 2 da Independência e 64 2 da República.
GETÚLIO VARGAS

(Publicada no DOU de 21.3.52.)


Lei n° 2.252, de 1.7.54 810

LEI N2 2.252, DE 1 2 DE JULHO DE 1954

Dispõe sobre a corrupção de menores.


O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 Q . Constitui crime, punido com a pena de reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, corromper
ou facilitar a corrupção de pessoa menor de 18 (dezoito) anos, com ela praticando infração penal ou
induzindo-a a praticá-la.
■ Vide art. 22 da Lei n° 7.209, de 11.7.84, sobre pena de multa.
Art. 22 . Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Art. 32 . Revogam-se as disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 1 2 de julho de 1954; 133 2 da Independência e 66 2 da República.
GETÚLIO VARGAS

(Publicada no DOU de 3.7.54.)

LEI N 2 2.889, DE 1 4 DE OUTUBRO DE 1956

Define e pune o crime de genocídio.


■ Vide art. 12 da Lei n2 8.072, de 25.7.90 (Lei dos Crimes Hediondos).
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 2. Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou
religioso, como tal:
a. matar membros do grupo;
b. causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
c. submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a
destruição física total ou parcial;
d. adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e. efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo.
Será punido:
— com as penas do art. 121, § 22, do Código Penal, no caso da letra a;
— com as penas do art. 129, § 22 , no caso da letra b;
— com as penas do art. 270, no caso da letra c;
— com as penas do art. 125, no caso da letra d;
— com as penas do art. 148, no caso da letra e.
Art. 22. Associarem-se mais de três pessoas para prática dos crimes mencionados no artigo anterior:
Pena — metade da cominada aos crimes ali previstos.
Art. 32. Incitar, direta e publicamente, alguém a cometer qualquer dos crimes de que trata o art. 1 2 :
Pena — metade das penas ali cominadas.
§ 1 2 . A pena pelo crime de incitação será a mesma do crime incitado, se este se consumar.
§ 22. A pena será aumentada de um terço, quando a incitação for cometida pela imprensa.
Art. 42. A pena será agravada de um terço, no caso dos arts. 1 2 , 22 e 3 2 , quando cometido o crime por
governante ou funcionário público.
Art. 52. Será punida com dois terços das respectivas penas a tentativa dos crimes definidos nesta Lei
Art. 62 . Os crimes de que trata esta Lei não serão considerados crimes políticos para efeitos de
extradição.
811 Lei n2 3.924, de 26.7.61

Art. 72. Revogam-se as disposições em contrário.


Rio de Janeiro, 1 2 de outubro de 1956; 135 2 da Independência e 68 2 da República.
JUSCELINO KUBITSCHEK
Nereu Ramos
(Publicada no DOU de 2. 10.56.)

LEI N2 3.924, DE 26 DE JULHO DE 1961

Dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos.


■ Vide notas aos arts. 163, parágrafo único, Ill (crime de dano qualificado), e 165 (dano em coisa de
valor artístico, arqueológico ou histórico) do CP. Vide, também, Lei n° 9.605, de 12.2.98, arts. 62 a 65.

Capítulo I

Art. 1 2. Os monumentos arqueológicos ou pré-históricos de qualquer natureza existentes no território


nacional e todos os elementos que neles se encontram ficam sob a guarda e proteção do Poder Público,
de acordo como que estabelece o art. 175 da Constituição Federal.
Parágrafo único. A propriedade da superfície, regida pelo direito comum, não inclui a das jazidas
arqueológicas ou pré-históricas, nem a dos objetos nelas incorporados na forma do art. 152 da mesma
Constituição.
■ Refere-se à CR de 1946.
Art. 2 2. Consideram-se monumentos arqueológicos ou pré-históricos:
a. as jazidas de qualquer natureza, origem ou finalidade, que representem testemunhos da cultura
dos paleoameríndios do Brasil, tais como sambaquis, montes artificiais ou tesos, poços sepul-
crais, jazigos, aterrados, estearias e quaisquer outras não especificadas aqui, mas de significado
idêntico, a juízo da autoridade competente;
b. os sítios nos quais se encontram vestígios positivos de ocupação pelos paleoameríndios, tais
como grutas, lapas e abrigos sob rocha;
c. os sítios identificados como cemitérios, sepulturas ou locais de pouso prolongado ou de
aldeamento, "estações" e "cerãmios" nos quais se encontrem vestígios humanos de interesse
arqueológico ou paleoetinográfico;
d. as inscrições rupestres ou locais como sulcos de polimentos de utensílios e outros vestígios de
atividade de paleoameríndios.
Art. 3 2. São proibidos em todo o território nacional o aproveitamento econômico, a destruição ou
mutilação, para qualquer fim, das jazidas arqueológicas ou pré-históricas conhecidas como samba-
quis, casqueiros, concheiros, birbigueiras ou sernambis, e bem assim dos sítios, inscrições e objetos
enumerados nas alíneas b, c e d do artigo anterior, antes de serem devidamente pesquisados,
respeitadas as concessões anteriores e não caducas.
Art. 42. Toda a pessoa, natural ou jurídica, que na data da publicação desta Lei já estiver procedendo,
para fins econômicos ou outros, à exploração de jazidas arqueológicas ou pré-históricas, deverá
comunicar à Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, dentro de 60 (sessenta) dias, sob
pena de multa de dez mil a cinqüenta mil cruzeiros, o exercício dessa atividade, para efeito de exame,
registro, fiscalização e salvaguarda do interesse da ciência.
Art. 5 2 . Qualquer ato que importe na destruição ou mutilação dos monumentos a que se refere o art.
22 desta Lei será considerado crime contra o Patrimônio Nacional e, como tal, punível de acordo com
o disposto nas leis penais.
................................................................................................................................................................... .
Lei n°4.117, de 27.8.62 812

Art. 29. Aos infratores desta Lei serão aplicadas as sanções dos arts. 163 a 167 do Código Penal,
conforme o caso, sem prejuízo de outras penalidades cabíveis.
Brasília, 26 de julho de 1961; 140 2 da independência e 73 2 da República.
JANTO QUADROS

(Publicada no DOU de 27.7.61. Íntegra na RT 312/771 e Lex 1961/750.)

LEI N 2 4.117, DE 27 DE AGOSTO DE 1962

Institui o Código Brasileiro de Telecomunicações.


■ Vide Lei n° 9.472, de 16.7.97, que estipula crime referente ao desenvolvimento clandestino de
atividades de telecomunicação. Vide, também, art. 5 2, Xll, da CR/88.
....................................................................................................................................................................

Art. 53. Constitui abuso, no exercício da liberdade da radiodifusão, o emprego desse meio de
comunicação para a prática de crime ou contravenção previstos na legislação em vigor no País,
inclusive:
a. incitar a desobediência às leis ou decisões judiciárias;
b. divulgar segredos de Estado ou assuntos que prejudiquem a defesa nacional;
c. ultrajar a honra nacional;
d. fazer propaganda de guerra ou de processos de subversão da ordem política e social;
e. promover campanha discriminatória de classe, cor, raça ou religião;
t insuflar a rebeldia ou a indisciplina nas forças armadas ou nas organizações de segurança
pública;
g. comprometer as relações internacionais do País;
h. ofender a moral familiar, pública, ou os bons costumes;
L caluniar, injuriar ou difamar os Poderes Legislativo, Executivo ou Judiciário ou os respectivos
membros;
/: veicular notícias falsas, com perigo para a ordem pública, econômica e social;
I. colaborar na prática de rebeldia, desordens ou manifestações proibidas.
Parágrafo único. Se a divulgação das notícias falsas houver resultado de erro de informação e for
objeto de desmentido imediato, a nenhuma penalidade ficará sujeita a concessionária ou permissio-
nária.
■ Artigo com redação determinada pelo Decreto-Lei n° 236, de 28.2.67.
Art. 54. São livres as críticas e os conceitos desfavoráveis, ainda que veementes, bem como a narrativa
de fatos verdadeiros, guardadas as restrições estabelecidas em lei, inclusive de atos de qualquer dos
poderes do Estado.
Art. 55. É inviolável a telecomunicação nos termos desta Lei.
Art. 56. Pratica crime de violação de telecomunicação quem, transgredindo lei ou regulamento, exiba
autógrafo ou qualquer documento do arquivo, divulgue ou comunique, informe ou capte, transmita a
outrem ou utilize o conteúdo resumo, significado, interpretação, indicação ou efeito de qualquer
comunicação dirigida a terceiro.
§ 1 2 . Pratica, também, crime de violação de telecomunicações quem ilegalmente receber, divulgar
ou utilizar, telecomunicação interceptada.
§ 22 . Somente os serviços fiscais das estações e postos oficiais poderão interceptar telecomunica-
ção.
Art. 57. Não constitui violação de telecomunicação:
I. a recepção de telecomunicação dirigida por quem diretamente ou como cooperação esteja
legalmente autorizado;
II. o conhecimento dado:
813 Lei n° 4.117, de 27.8.62

a. ao destinatário da telecomunicação ou a seu representante legal;


b. aos intervenientes necessários ao curso da telecomunicação;
c. ao comandante ou chefe, sob cujas ordens imediatas estiver servindo;
d. aos fiscais do governo junto aos concessionários ou permissionários;
e. ao juiz competente, mediante requisição ou intimação deste.
Parágrafo único. Não estão compreendidas nas proibições contidas nesta Lei as radiocomunica-
ções destinadas a ser livremente recebidas, as de amadores, as relativas a navios e aeronaves em
perigo, ou as transmitidas nos casos de calamidade pública.
Art. 58. Nos crimes de violação da telecomunicação, a que se referem esta Lei e o art. 151 do Código
Penal, caberão, ainda, as seguintes penas:
I. para as concessionárias ou permissionárias as previstas nos arts. 62 e 63, se culpados por
ação ou omissão e independentemente da ação criminal;
II. para as pessoas físicas:
a.1 (um) a 2 (dois) anos de detenção ou perda de cargo ou emprego, apurada a responsabilidade
em processo regular, iniciado com o afastamento imediato do acusado até decisão final;
b. para autoridade responsável por violação da telecomunicação, as penas previstas na legisla-
ção em vigor serão aplicadas em dobro;
c. serão suspensos ou cassados, na proporção da gravidade da infração, os certificados dos
operadores profissionais e dos amadores responsáveis pelo crime de violação da telecomu-
nicação.
■ Artigo com redação determinada pelo Decreto-Lei n° 236, de 28.2.67.
Art. 59. As penas por infração desta Lei são:
a. multa, até o valor de Cr$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros);
b. suspensão, até 30 (trinta) dias;
c. cassação;
d. detenção.
§ 1°. Nas infrações em que, a juízo do CONTEL, não se justificar a aplicação de pena, o infrator
será advertido, considerando-se a advertência como agravante na aplicação de penas por inobser-
vância do mesmo ou de outro preceito desta Lei.
§ 2°. A pena de multa poderá ser aplicada isolada ou conjuntamente, com outras sanções especiais
estatuídas nesta Lei.
§ 3°. O valor das multas será atualizado de 3 (três) em 3 (três) anos, de acordo com os níveis de
correção monetária.
■ Artigo e parágrafos com redação determinada pelo Decreto-Lei n° 236, de 28.2.67.
Art. 60. A aplicação das penas desta Lei compete:
a. ao CONTEL: multa e suspensão, em qualquer caso; cassação, quando se tratar de permissão;
b. ao Presidente da República: cassação, mediante representação do CONTEL em parecer
fundamentado.
■ Artigo com redação determinada pelo Decreto-Lei n° 236, de 28.2.67.
Art. 61. A pena será imposta de acordo com a infração cometida, considerados os seguintes fatores:
a. gravidade da falta;
b. antecedentes da entidade faltosa;
c. reincidência específica.
Parágrafo único. Se a concessão ou permissão abranger mais de uma emissora, a penalidade que
recair sobre uma delas não atingirá as demais inocentes.
■ Artigo com redação determinada pelo Decreto-Lei n° 236, de 28.2.67.
Art. 62. A pena de multa poderá ser aplicada por infração de qualquer dispositivo legal, ou quando a
concessionária ou permissionária não houver cumprido, dentro do prazo estipulado, exigência que
tenha sido feita pelo CONTEL.
■ Artigo com redação determinada pelo Decreto-Lei n° 236, de 28.2.67.
Art. 63. A pena de suspensão poderá ser aplicada nos seguintes casos:
a. infração dos arts. 38, alíneas a, b, c, e, g e h, 53, 57, 71 e seus parágrafos;
Lei n 2 4.117, de 27.8.62 814

b. infração à liberdade de manifestação do pensamento e de informação (Lei n° 5.250, de 9 de


fevereiro de 1967);
c. quando a concessionária ou permissionária não houver cumprido, dentro do prazo estipulado,
exigência que lhe tenha sido feita pelo CONTEL;
d. quando seja criada situação de perigo de vida;
e. utilização de equipamentos diversos dos aprovados ou instalações fora das especificações
técnicas constantes da portaria que as tenha aprovado;
f. execução de serviço para o qual não está autorizado.
Parágrafo único. No caso das letras d, e e f deste artigo, poderá ser determinada a interrupção do
serviço pelo agente fiscalizador, ad referendum do CONTEL.
■ Artigo e parágrafo com redação determinada pelo Decreto-Lei n°236, de 28.2.67.
Art. 64. A pena de cassação poderá ser imposta nos seguintes casos:
a. infringência do art. 53;
b. reincidência em infração anteriormente punida com suspensão;
c. interrupção do funcionamento por mais de 30 (trinta) dias consecutivos, exceto quando tenha,
para isso, obtido autorização prévia do CONTEL;
d. superveniência da incapacidade legal, técnica, financeira ou econômica para execução dos
serviços da concessão ou permissão;
e. não haver a concessionária ou permissionária, no prazo estipulado, corrigido as irregularida-
des motivadoras da suspensão anteriormente imposta;
f. não haver a concessionária ou permissionária cumprido as exigências e prazos estipulados,
até o licenciamento definitivo de sua estação.
■ Artigo com redação determinada pelo Decreto-Lei n° 236, de 28.2.67.
Art. 65. 0 CONTEL promoverá as medidas cabíveis, punindo ou propondo a punição, por iniciativa
própria ou sempre que receber representação de qualquer autoridade.
■ Artigo com redação determinada pelo Decreto-Lei n° 236, de 28.2.67.
Art. 66. Antes de decidir da aplicação de qualquer das penalidades previstas, o CONTEL notificará a
interessada para exercer o direito de defesa, dentro do prazo de 5 (cinco) dias, contados do
recebimento da notificação.
§ 1 2 . A repetição da falta no período decorrido entre o recebimento da notificação e a tomada de
decisão, será considerada como reincidência e, no caso das transgressões citadas no art. 53, o
Presidente do CONTEL suspenderá a emissora provisoriamente.
§ 2 2 . Quando a representação for feita por uma das autoridades a seguir relacionadas, o Presidente
do CONTEL verificará in limine sua procedência, podendo deixar de ser feita a notificação a que se
refere este artigo:
I. em todo o território nacional:
a. Mesa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
b. Presidente do Supremo Tribunal Federal;
c. Ministros de Estado;
d. Secretário-Geral do Conselho de Segurança Nacional;
e. Procurador-Geral da República;
f. Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;
II. Nos Estados:
a. Mesa da Assembléia Legislativa;
b. Presidente do Tribunal de Justiça;
c. Secretário de assuntos relativos à Justiça;
d. Chefe do Ministério Público Estadual;
III. nos Municípios:
a. Mesa da Câmara Municipal;
b. Prefeito Municipal.
■ Artigo e parágrafos com redação determinada pelo Decreto-Lei n°236, de 28.2.67.
815 Lei n 2 4.117, de 27.8.62

Art. 67. A perempção da concessão ou autorização será declarada pelo Presidente da República,
precedendo parecer do Conselho Nacional de Telecomunicações se a concessionária ou permissio-
nária decair no direto à renovação.
Parágrafo único. 0 direito à renovação decorre do cumprimento, pela empresa, de seu contrato de
concessão ou permissão, das exigências legais e regulamentares, bem como das finalidades educa-
cionais, culturais e morais a que se obrigou, e de persistirem a possibilidade técnica e o interesse
público em sua existência.
■ Artigo e parágrafo único com redação determinada pelo Decreto-Lei n° 236, de 28.2.67.
Art. 68. A caducidade da concessão ou da autorização será declarada pelo Presidente da República,
precedendo parecer do Conselho Nacional de Telecomunicações, nos seguintes casos:
a. quando a concessão ou a autorização decorra de convênio com outro país, cuja denúncia a torne
inexeqüível;
b. quando expirarem os prazos de concessão ou autorização decorrentes de convênio com outro
país, sendo inviável a prorrogação.
Parágrafo único. A declaração da caducidade só se dará se for impossível evitá-la por convênio
com qualquer país ou por inexistência comprovada de freqüência no Brasil, que possa ser atribuída à
concessionária ou permissionária, a fim de que não cesse seu funcionamento.
■ Artigo e parágrafo único com redação determinada pelo Decreto-Lei n°236, de 28.2.67.
Art. 69. A declaração da perempção ou da caducidade, quando viciada por ilegalidade, abuso de
poder ou pela desconformidade com os fins ou motivos alegados, titulará o prejudicado a postular
reparação do seu direito perante o Judiciário.
■ Artigo com redação determinada pelo Decreto-Lei n° 236, de 28.2.67.
Art. 70. Constitui crime punível com a pena de detenção de 1 (um) a 2 (dois) anos, aumentada da
metade se houver dano a terceiro, a instalação ou utilização de telecomunicações, sem observância
do disposto nesta Lei e nos regulamentos.
Parágrafo único. Precedendo ao processo penal, para os efeitos referidos neste artigo, será
li minarmente procedida a busca e apreensão da estação ou aparelho ilegal.
■ Artigo e parágrafo único com redação determinada pelo Decreto-Lei n° 236, de 28.2.67.
Art. 71. Toda irradiação será gravada e mantida em arquivo durante as 24 (vinte e quatro) horas
subseqüentes ao encerramento dos trabalhos diários da emissora.
§ 1 2 . As emissoras de televisão poderão gravar apenas o som dos programas transmitidos.
§ 22 . As emissoras deverão conservar em seus arquivos os textos dos programas, inclusive
noticiosos, devidamente autenticados pelos responsáveis, durante 60 (sessenta) dias.
§ 32 . As gravações dos programas políticos, de debates, entrevistas, pronunciamentos da mesma
natureza e qualquer irradiação não registrada em texto, deverão ser conservadas em arquivo pelo
prazo de 20 (vinte) dias depois de transmitidas, para as concessionárias ou permissionárias até 1 kw
e 30 (trinta) dias para as demais.
§ 42 . As transmissões compulsoriamente estatuídas por lei serão gravadas em material fornecido
pelos interessados.
■ Artigo e parágrafos com redação determinada pelo Decreto-Lei n° 236, de 28.2.67.
Art. 72. A autoridade que impedir ou embaraçar a liberdade da radiodifusão ou da televisão, fora dos
casos autorizados em lei, incidirá, no que couber, na sanção do art. 322 do Código Penal.
■ Artigo com redação determinada pelo Decreto-Lei n° 236, de 28.2.67.

................................................................................................................................................................... .

Art. 129. Revogam-se as disposições em contrário.


Brasília, 27 de agosto de 1962; 141 2 da Independência e 74 2 da República.
JOÃO GOULART

(Publicada no DOU de 5. 10.62 e republicada no DOU de 17.12.62. Íntegra na RT 329/891 e Lex


1962/255 e 367.)
Lei n2 4.319, de 16.3.64 816

LEI N 2 4.319, DE 16 DE MARÇO DE 1964

Cria o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana.

....................................................................................................................................................................

Art. 82 . Constitui crime:


I. Impedir ou tentar impedir, mediante violência, ameaças ou assuadas, o regular funcionamento
do CDDPH, ou de Comissão de Inquérito por ele instituída ou o livre exercício das atribuições de
qualquer dos seus membros:
Pena — a do art. 329 do Código Penal.
II. Fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade, como testemunha, perito, tradutor ou intérprete
perante o CDDPH ou Comissão de Inquérito por ele instituída:
Pena — a do art. 342 do Código Penal.

....................................................................................................................................................................

Brasília, 16 de março de 1964; 143 2 da Independência e 76 2 da República.


JOÃO GOULART

(Publicada no DOU de 16 3.64 e 20 3.64. Íntegra na Lex 1964/273.)

LEI N° 4.511, DE 1 4 DE DEZEMBRO DE 1964

Dispõe sobre o meio circulante, e dá outras providências.

....................................................................................................................................................................

Art. 13. É proibido o uso, para qualquer fim, de cheques, vales, bilhetes, bônus, brindes ou qualquer
outra forma de impresso, seja qual for a sua procedência ou origem, de natureza particular ou pública
que, de algum modo, se assemelhem às cédulas de papel-moeda ou às moedas metálicas.
§ 1 2 . A infração deste dispositivo, quando por particular, será punida com multa de Cr$ 50.000,00
(cinqüenta mil cruzeiros) a Cr$ 500.000,00 (quinhentos mil cruzeiros), fixada pelo Ministro da Fazenda,
sem prejuízo de outras sanções previstas em lei; quando por autoridade pública, o Ministro da Fazenda
instaurará inquérito competente, sendo o fato considerado "crime de responsabilidade".
■ Vide Lei n 2 1.079/50 sobre os crimes de responsabilidade e seu processo.
§ 2 2 . O Ministério da Fazenda, dentro de 60 (sessenta) dias, a partir da vigência desta Lei, baixará
instruções para a execução deste artigo, determinando, inclusive, a forma de apreensão dos referidos
materiais e respectivas matrizes.
■ Nota: Vide art. 44 da LOP.

....................................................................................................................................................................

Brasília, 1 2- de dezembro de 1964; 143 2 da Independência e 76 2 da República.


H. CASTELLO BRANCO
Octávio Gouveia de Bulhões

(Publicada no DOU de 2. 12.64. Íntegra na RT 353/516 e Lex 1964/1273.)


817 Lei n 2 4.591, de 16.12.64

LEI N° 4.591, DE 16 DE DEZEMBRO DE 1964

Dispõe sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias.


....................................................................................................................................................................

Título II
DAS INCORPORAÇÕES

Capítulo IV
DAS INFRAÇÕES
....................................................................................................................................................................

Art. 65. É crime contra a economia popular promover incorporação, fazendo, em proposta, contratos,
prospectos ou comunicação ao público ou aos interessados, afirmação falsa sobre a constituição do
condomínio, alienação das frações ideais do terreno ou sobre a construção das edificações:
Pena — reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa de cinco a cinqüenta vezes o maior salário
mínimo legal vigente no País.
■ Vide art. 22 da Lei 6° 7.209, de 11.7.84, sobre pena de multa.
§ 1 2 . Incorrem na mesma pena:
I. o incorporador, o corretor e o construtor, individuais, bem como os diretores ou gerentes de
empresa coletiva incorporadora, corretora ou construtora que, em proposta, contrato, publicidade,
prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público ou aos condôminos, candidatos ou
subscritores de unidades, fizerem afirmação falsa sobre a constituição do condomínio, alienação das
frações ideais ou sobre a construção das edificações;
II. o incorporador, o corretor e o construtor, individuais, bem como os diretores ou gerentes de
empresa coletiva, incorporadora, corretora ou construtora que usar, ainda que a título de empréstimo,
em proveito próprio ou de terceiros, bens ou haveres destinados à incorporação contratada por
administração, sem prévia autorização dos interessados.
§ 22 . O julgamento destes crimes será de competência de juízo singular, aplicando-se os arts. 52 ,
6 e 72 da Lei n 2 1.521, de 26 de dezembro de 1951.
2

§ 32 . Em qualquer fase do procedimento criminal objeto deste artigo, a prisão do indiciado


dependerá sempre de mandado do juízo referido no § 2 2 .
■§ acrescentado pela Lei n° 4.864, de 29.11.65.
2
Art. 66. São contravenções relativas à economia popular, puníveis na forma do art. 10 da Lei n 1.521,
de 26 de dezembro de 1951:
I. negociar o incorporador frações ideais de terreno, sem previamente satisfazer às exigências
constantes desta Lei;
II. omitir o incorporador, em qualquer documento de ajuste, as indicações a que se referem os
arts. 37 e 38 desta Lei;
III. deixar o incorporador, sem justa causa, no prazo do art. 35 e ressalvada a hipótese de seus
§§ 2 2 e 32, de promover a celebração do contrato relativo à fração ideal de terreno, do contrato de
construção ou da Convenção do Condomínio;
IV. ( vetado);
V. omitir o incorporador, no contrato, a indicação a que se refere o § 5 2 do art. 55 desta Lei;
VI. paralisar o incorporador a obra, por mais de 30 (trinta) dias, ou retardar-lhe excessivamente o
andamento sem justa causa:
Pena — multa de cinco a vinte vezes o maior salário mínimo vigente no País.
■ Vide art. 22 da Lei n 2 7.209, de 11.7.84, sobre pena de multa.
Parágrafo único. No caso de contratos relativos a incorporações, de que não participe o incorpo-
rador, responderão solidariamente pelas faltas capituladas neste artigo o construtor, o corretor, o
proprietário ou titular de direitos aquisitivos do terreno, desde que figurem no contrato, com direito
regressivo sobre o incorporador, se as faltas cometidas lhe forem imputáveis.
Lei n° 4.595, de 31.12.64 818

■ Remissão: Art. 35.• 0 prazo para promover é de sessenta dias (Lei n° 4.864, de 29.11.65, art. 13),
computados a partir da data de qualquer acerto preliminar, ou, havendo prazo de carência, do
esgotamento do termo desta, sem renúncia ao empreendimento.
■ Remissão.: Art. 37: "Se o imóvel estiver gravado de ônus real ou fiscal ou se contra os alienantes
houver qualquer ação que possa comprometê-lo, o fato será obrigatoriamente mencionado em todos
os documentos de ajuste, com a indicação de sua natureza e das condições da liberação".
■ Remissão: Art. 38: "Também constará, obrigatoriamente, dos documentos de ajuste, se for o caso,
o fato de encontrar-se ocupado o imóvel, esclarecendo-se a que título se deve esta ocupação e quais
as condições de desocupação".
■ Remissão: Art. 55, § 5 A omissão referida é a do orçamento atualizado da construção, sempre que
essa previsão for superior ao preço combinado. Aplica-se só à construção pelo plano de empreitada
por preço reajustável através de índices de correção.

................................................................................................................................................................... .
g
Brasília, 16 de dezembro de 1964; 143 da Independência e 76° da República.
H. CASTELLO BRANCO
Milton Soares Campos

(Publicada no DOU de 21.12.64. Íntegra na RF 209/462 e Lex 1964/1367.)

LEI N° 4.595, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1964

Dispõe sobre a política e as instituições monetárias, bancárias e creditfcias,


cria o Conselho Monetário Nacional e dá outras providências.

O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

................................................................................................................................................................... .

Capítulo IV
DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
................................................................................................................................................................... .

Seção IV
DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS PRIVADAS

................................................................................................................................................................... .

Art. 34. É vedado às instituições financeiras conceder empréstimos ou adiantamentos:


I. a seus diretores e membros dos conselhos consultivo ou administrativo, fiscais e semelhantes,
bem como aos respectivos cônjuges:
....................................................................................................................................................................
§ 1°. A infração ao disposto no inciso I deste artigo constitui crime e sujeitará os responsáveis pela
transgressão à pena de reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos, aplicando-se, no que couber, o Código
Penal e o Código de Processo Penal.
................................................................................................................................................................... .
Art. 38. As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços
prestados.
................................................................................................................................................................... .
819 Lei n° 4.595, de 31.12.64

§ 7°. A quebra do sigilo de que trata este artigo constitui crime e sujeita os responsáveis à pena de
reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, aplicando-se, no que couber, o Código Penal e o Código de
Processo Penal, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.
................................................................................................................................................................... .

Capítulo V
DAS PENALIDADES
....................................................................................................................................................................

Art. 43. 0 responsável pela instituição financeira que autorizar a concessão de empréstimo ou
adiantamento vedado nesta Lei, se o fato não constituir crime, ficará sujeito, sem prejuízo das sanções
administrativas ou civis cabíveis, à multa igual ao dobro do valor do empréstimo ou adiantamento
concedido, cujo processamento obedecerá, no que couber, ao disposto no art. 44 desta Lei.
Art. 44. As infrações aos dispositivos desta Lei sujeitam as instituições financeiras, seus diretores,
membros de conselhos administrativos, fiscais e semelhantes, e gerentes, às seguintes penalidades,
sem prejuízo de outras estabelecidas na legislação vigente:
I. advertência;
II. multa pecuniária variável;
III. suspensão do exercício de cargos;
IV. inabilitação temporária ou permanente para o exercício de cargos de direção na administração
ou gerência em instituições financeiras;
V. cassação da autorização de funcionamento das instituições financeiras públicas, exceto as
federais, ou privadas;
VI. detenção, nos termos do § 7° deste artigo;
VII. reclusão, nos termos dos arts. 34 e 38 desta Lei.
■ Sobre cobrança de juros de mora nos títulos vencidos em sábados, domingos e feriados, vide arts. 1°
e 3° da Lei n° 7.089, de 23.3.83, que pune os infratores com as mesmas penalidades deste artigo.
§ 1°. A pena de advertência será aplicada pela inobservância das disposições constantes da
legislação em vigor, ressalvadas as sanções nela previstas, sendo cabível também nos casos de
fornecimento de informações inexatas, de escrituração mantida em atraso ou processada em desa-
cordo com as normas expedidas de conformidade com o art. 4°, XII, desta Lei.
§ 2°. As multas serão aplicadas até duzentas vezes o maior salário mínimo vigente no País, sempre
que as instituições financeiras, por negligência ou dolo:
a. advertidas por irregularidades que tenham sido praticadas, deixarem de saná-Ias no prazo que
lhes for assinalado pelo Banco Central da República do Brasil;
b. infringirem as disposições desta Lei relativas ao capital, fundos de reserva, encaixe, recolhimen-
tos compulsórios, taxa de fiscalização, serviços e operações, não-atendimento ao disposto nos
arts. 27 e 33, inclusive as vedadas nos arts. 34 (incisos II a V), 35 a 40 desta Lei, e abusos de
concorrência (art. 18, § 2°);
c. opuserem embaraço à fiscalização do Banco Central da República do Brasil.
■ O Banco Central da República do Brasil, através do Decreto-Lei n2 278, de 28.2.67, passou a
denominar-se Banco Central do Brasil.
§ 3°. As multas cominadas neste artigo serão pagas mediante recolhimento ao Banco Central da
República do Brasil, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, contados do recebimento da respectiva
notificação, ressalvado o disposto no § 5° deste artigo e serão cobradas judicialmente, com acréscimo
da mora de 1% (um por cento) ao mês contada da data da aplicação da multa, quando não forem
li quidadas naquele prazo.
§ 4°. As penas referidas nos incisos Ill e IV deste artigo serão aplicadas quando forem verificadas
infrações graves na condução dos interesses da instituição financeira ou quando da reincidência
específica, devidamente caracterizada em transgressões anteriormente punidas com multa.
§ 5°. As penas referidas nos incisos II, Ill e IV deste artigo serão aplicadas pelo Banco Central da
República do Brasil admitido recurso, com efeito suspensivo, ao Conselho Monetário Nacional,
interposto dentro de 15 (quinze) dias, contados do recebimento da notificação.
Lei n° 4.728, de 14.7.65 820

§ 6 2 . É vedada qualquer participação em multas, as quais serão recolhidas integralmente ao Banco


Central da República do Brasil.
§ 72 . Quaisquer pessoas físicas ou jurídicas que atuem como instituição financeira, sem estar
devidamente autorizadas pelo Banco Central da República do Brasil, ficam sujeitas à multa referida
neste artigo e detenção de 1 (um) a 2 (dois) anos, ficando a esta sujeitos, quando pessoa jurídica,
seus diretores e administradores.
§ 82 . No exercício da fiscalização prevista no art. 10, VIII, desta Lei, o Banco Central da República
do Brasil poderá exigir das instituições financeiras ou das pessoas físicas ou jurídicas, inclusive as
referidas no parágrafo anterior, a exibição a funcionários seus, expressamente credenciados, de
documentos, papéis e livros de escrituração, considerando-se a negativa de atendimento como
embaraço à fiscalização, sujeitos à pena de multa, prevista no § 2 2 deste artigo, sem prejuízo de outras
medidas e sanções cabíveis.
■ Vide art. 19 da Lei n° 7.730, de 31.1.89, que alterou o item VIII do art. 10 para item IX.
§ 92 . A pena de cassação, referida no inciso V deste artigo, será aplicada pelo Conselho Monetário
Nacional, por proposta do Banco Central da República do Brasil, nos casos de reincidência específica
de infrações anteriormente punidas com as penas previstas nos incisos Ill e IV, deste artigo.
Art. 45. As instituições financeiras públicas não federais e as privadas estão sujeitas, nos termos da
legislação vigente, à intervenção efetuada pelo Banco Central da República do Brasil ou à liquidação
extrajudicial.
Parágrafo único. A partir da vigência desta Lei, as instituições de que trata este artigo não poderão
impetrar concordata.

....................................................................................................................................................................

Art. 65. Esta Lei entrará em vigor 90 (noventa) dias após a data de sua publicação, revogadas as
disposições em contrário.
Brasília, em 31 de dezembro de 1964 1432 da Independência e 76 2 da República.
H. CASTELLO BRANCO
Octávio Gouveia de Bulhões
(Publicada no DOU de 31.12.64. Íntegra na RT 353/541 e Lex 1964/1499.)

LEI N° 4.728, DE 14 DE JULHO DE 1965

Disciplina o mercado de capitais e estabelece


medidas para o seu desenvolvimento.
0 Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
....................................................................................................................................................................

Seção XIV
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA

Art. 66. A alienação fiduciária em garantia transfere ao credor o domínio resolúvel e a posse indireta
da coisa móvel alienada, independentemente da tradição efetiva do bem, tornando-se o alienante ou
devedor em possuidor direto e depositário com todas as responsabilidades e encargos que lhe
incumbem de acordo com a lei civil e penal.
§ 1 2 . A alienação fiduciária somente se prova por escrito e seu instrumento, público ou particular,
qualquer que seja o seu valor, será obrigatoriamente arquivado, por cópia ou microfilme, no Registro
de Títulos e Documentos do domicílio do credor, sob pena de não valer contra terceiros, e conterá,
além de outros dados, os seguintes:
821 Lei n° 4.728, de 14.7.65

a. o total da dívida ou sua estimativa;


b. o local e a data do pagamento;
c. a taxa de juros, as comissões cuja cobrança for permitida e, eventualmente, a cláusula penal e
a estipulação de correção monetária, com indicação dos índices aplicáveis;
d. a descrição do bem objeto da alienação fiduciária e os elementos indispensáveis à sua identifica-
ção.
§ 2°. Se, na data do instrumento de alienação fiduciária, o devedor ainda não for proprietário da
coisa objeto do contrato, o domínio fiduciário desta se transferirá ao credor no momento da aquisição
da propriedade pelo devedor, independentemente de qualquer formalidade posterior.
§ 3°. Se a coisa alienada em garantia não se identifica por números, marcas e sinais indicados no
instrumento de alienação fiduciária, cabe ao proprietário fiduciário o ônus da prova, contra terceiros,
da identidade dos bens do seu domínio que se encontram em poder do devedor.
§ 4°. No caso de inadimplemento da obrigação garantida, o proprietário fiduciário pode vender a
coisa a terceiros e aplicar o preço da venda no pagamento do seu crédito e das despesas decorrentes
da cobrança, entregando ao devedor o saldo porventura apurado, se houver.
§ 5°. Se o preço da venda da coisa não bastar para pagar o crédito do proprietário fiduciário e
despesas, na forma do parágrafo anterior, o devedor continuará pessoalmente obrigado a pagar o
saldo devedor apurado.
§ 6°. E nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia,
se a dívida não for paga no seu vencimento.
§ 7°. Aplica-se à alienação fiduciária em garantia o disposto nos arts. 758, 762, 763 e 802 do Código
Civil, no que couber.
§ 8°. O devedor que alienar, ou der em garantia a terceiros, coisa que já alienara fiduciariamente
em garantia, ficará sujeito à pena prevista no art. 171, § 2°, I, do Código Penal.
§ 9°. Não se aplica à alienação fiduciária o disposto no art. 1.279 do Código Civil.
§ 10. A alienação fiduciária em garantia de veículo automotor deverá, para fins probatórios, constar
do Certificado de Registro, a que se refere o art. 52 do Código Nacional de Trânsito.
■ Art. 66 e parágrafos com redação dada pelo Decreto-Lei n°911, de 1. 10.69. 0 Certificado de Registro
de Veículo, a que se refere o § 10 do art. 66, é hoje objeto dos arts. 121 e ss. do novo Código de Trânsito
Brasileiro (Lei n° 9.503, de 23.9.97).
....................................................................................................................................................................

Seção XV
DISPOSIÇÕES DIVERSAS
....................................................................................................................................................................

Art. 73. Ninguém poderá fazer, imprimir ou fabricar ações de sociedades anônimas, ou cautelas que
as representem, sem autorização escrita e assinada pela respectiva representação legal da sociedade,
com firmas reconhecidas.
§ 1°. Ninguém poderá fazer, imprimir ou fabricar prospectos ou qualquer material de propaganda
para venda de ações de sociedade anônima, sem autorização dada pela respectiva representação
legal da sociedade.
§ 29 . A violação de qualquer dos dispositivos constituirá crime de ação pública, punido com pena
de 1 (um) a 3 (três) anos de detenção, recaindo a responsabilidade, quando se tratar de pessoa
jurídica, em todos os seus diretores.
Art. 74. Quem colocar no mercado ações de sociedade anônima ou cautelas que a representem, falsas
ou falsificadas, responderá por delito de ação pública, e será punido com pena de 1 (um) a 4 (quatro)
anos de reclusão.
Parágrafo único. Incorrerá nas penas previstas neste artigo quem falsificar ou concorrer para a
falsificação ou uso indevido de assinatura autenticada mediante chancela mecânica.
■ Caput com redação determinada pela Lei n° 5.589, de 3.7.70, que acrescentou o parágrafo único.

....................................................................................................................................................................
Lei n 2 4.729, de 14.7.65 822

Art. 83. A presente Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Art. 84. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 14 de julho de 1965; 144 2 da Independência e 77 2 da República.
H. CASTELLO BRANCO
Octávio Gouveia de Bulhões
(Publicada no DOU de 16.7.65. Íntegra na RT 360/480 e Lex 1965/954.)

LEI N2 4.729, DE 14 DE JULHO DE 1965

Define o crime de sonegação fiscal e dá outras providências.


■ Vide Lei n° 8.137/90 (Lei dos Crimes contra a Ordem Tributária, Econômica e contra as Relações de
Consumo), Lei n° 9.249/95, art. 34 (extinção da punibilidade pelo pagamento do tributo) e Lei n°
7.429/86 (Lei do "colarinho branco"). Sobre a ação penal, cf. Súmula 609 do STF e Lei n° 9.430/97,
art. 83.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 2. Constitui crime de sonegação fiscal:
I. prestar declaração falsa ou omitir, total ou parcialmente, informação que deva ser produzida a
agentes das pessoas jurídicas de direito público interno, com a intenção de eximir-se, total ou parcial-
mente, do pagamento de tributos, taxas e quaisquer adicionais devidos por lei;
II. inserir elementos inexatos ou omitir rendimentos ou operações de qualquer natureza em
documentos ou livros exigidos pelas leis físicas, com a intenção de exonerar-se do pagamento de
tributos devidos à Fazenda Pública;
III. alterar faturas e quaisquer documentos relativos a operações mercantis com o propósito de
fraudar a Fazenda Pública;
IV. fornecer ou emitir documentos graciosos ou alterar despesas, majorando-as, com o objetivo
de obter dedução de tributos devidos à Fazenda Pública, sem prejuízo das sanções administrativas
cabíveis;
V. exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário da paga, qualquer
percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida do imposto sobre a renda como incentivo fiscal:
■ Inciso V acrescentado pela Lei n° 5.569, de 25.11.69.
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa de duas a cinvo vezes o valor do
tributo.
§ 1 2 . Quando se tratar de criminoso primário, a pena será reduzida à multa de dez vezes o valor do
tributo.
§ 22 . Se o agente cometer o crime prevalecendo-se do cargo público que exerce, a pena será
aumentada da sexta parte.
§ 32 . O funcionário público com atribuições de verificação, lançamento ou fiscalização de tributos,
que concorrer para a prática do crime de sonegação fiscal, será punido com a pena deste artigo,
aumentada da terça parte, com a abertura obrigatória do competente processo administrativo.
Art. 2 2. ( Revogado pela Lei n°8.383, de 30.12.91.)
■ Sobre a extinção da punibilidade pelo pagamento, vide art. 18, caput, do Decreto-Lei n° 157, de
10.2.67, e art. 34 da Lei n 2 9.249, de 26.12.95.
Art. 3 2. Somente os atos definidos nesta Lei poderão constituir crime de sonegação fiscal.
Art.42. A multa aplicada nos termos desta Lei será computada e recolhida, integralmente, como receita
pública extraordinária.
Art. 5 2. No art. 334 do Código Penal, substituam-se os §§ 1 2 e 22 pelos seguintes:
■ Texto já integrado ao CP.
823 Lei n° 4.737, de 15.7.65

Art. 62. Quando se tratar de pessoa jurídica, a responsabilidade penal pelas infrações previstas nesta
Lei será de todos os que, direta ou indiretamente ligados à mesma, de modo permanente ou eventual,
tenham praticado ou concorrido para a prática da sonegação fiscal.
Art. 72. As autoridades administrativas que tiverem conhecimento de crime previsto nesta Lei, inclusive
em autos e papéis que conhecerem, sob pena de responsabilidade, remeterão ao Ministério Público
os elementos comprobatórios da infração, para instrução do procedimento criminal cabível.
§ 1 9. Se os elementos comprobatórios forem suficientes, o Ministério Público oferecerá, desde logo,
denúncia.
§ 22. Sendo necessários esclarecimentos, documentos ou diligências complementares, o Ministério
Público os requisitará, na forma estabelecida no Código de Processo Penal.
■ Sobre o envio da "representação fiscal" ao Ministério Público, somente após o término do procedi-
mento fiscal-administrativo, vide Lei n2 9.430, de 27.12.96, art. 83.
Art. 82. Em tudo o mais em que couber e não contrariar os arts. 1 2 a 72 desta Lei, aplicar-se-ão o Código
Penal e o Código de Processo Penal.
Art. 9 2. ( Revogado pela Lei n°8.021, de 12.4.90.)
Art. 10. 0 Poder Executivo procederá às alterações do Regulamento do Imposto de Renda decorrentes
das modificações constantes desta Lei.
Art. 11. Esta Lei entrará em vigor 60 (sessenta) dias após sua publicação.
Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, em 14 de julho de 1965; 144 2 da Independência e 77 2 da República.
H. CASTELLO BRANCO
Milton Soares Campos
(Publicada no DOU de 19.7.65.)

LEI N° 4.737, DE 15 DE JULHO DE 1965

Institui o Código Eleitoral.


O Presidente da República
Faço saber que sanciono a seguinte Lei, aprovada pelo Congresso Nacional, nos termos do art. 4 2 ,
caput, do Ato Institucional, de 9 de abril de 1964:
................................................................................................................................................................... .

Título IV
DISPOSIÇÕES PENAIS

Capítulo I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 283. Para os efeitos penais são considerados membros e funcionários da Justiça Eleitoral:
I. os magistrados que, mesmo não exercendo funções eleitorais, estejam presidindo Juntas
Apuradoras ou se encontrem no exercício de outra função por designação de Tribunal Eleitoral;
II. o cidadãos que temporariamente integram órgãos da Justiça Eleitoral;
III. o cidadãos que hajam sido nomeados para as mesas receptoras ou Juntas Apuradoras;
IV. os funcionários requisitados pela Justiça Eleitoral.
§ 1 2 . Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, além dos indicados no presente
artigo, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função
pública.
Lei n° 4.737, de 15.7.65 824

§ 2 2 . Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade


paraestatal ou em sociedade de economia mista.
Art. 284. Sempre que este Código não indicar o grau mínimo, entende-se que será ele de 15 (quinze)
dias para a pena de detenção e de 1 (um) ano para a de reclusão.
Art. 285. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o quantum, deve
o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os limites da pena cominada ao crime.
Art. 286. A pena de multa consiste no pagamento, ao Tesouro Nacional, de uma soma de dinheiro, que
é fixada em dias-multa. Seu montante é, no mínimo, 1 (um) dia-multa e, no máximo, 300 (trezentos)
dias-multa.
§ 1 2 . O montante do dia-multa é fixado segundo o prudente arbítrio do juiz, devendo este ter em
conta as condições pessoais e econômicas do condenado, mas não pode ser inferior ao salário mínimo
diário da região, nem superior ao valor de um salário mínimo mensal.
§ 22 . A multa pode ser aumentada até o triplo, embora não possa exceder o máximo genérico
(caput), se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do condenado, é ineficaz a
cominada, ainda que no máximo, ao crime de que se trate.
■ Quanto à pena de multa, vide, também, arts. 49 e ss. do CP.
Art. 287. Aplicam-se aos fatos incriminados nesta Lei as regras gerais do Código Penal.
Art. 288. Nos crimes eleitorais cometidos por meio da imprensa, do rádio ou da televisão, aplicam-se
exclusivamente as normas deste Código e as remissões a outra lei nele contempladas.

Capítulo II
DOS CRIMES ELEITORAIS
■ Vide Leis n°6.091, de 15.8.74, e n° 7.021, de 21.9.82.
Art. 289. Inscrever-se fraudulentamente eleitor:
Pena — reclusão, até 5 (cinco) anos, e pagamento de 5 (cinco) a 15 (quinze) dias-multa.
Art. 290. Induzir alguém a se inscrever eleitor com infração de qualquer dispositivo deste Código:
Pena — reclusão, até 2 (dois) anos, e pagamento, de 15 (quinze) a 30 (trinta) dias-multa.
Art. 291. Efetuar o juiz, fraudulentamente, a inscrição de alistando:
Pena — reclusão, até 5 (cinco) anos, e pagamento, de 5 (cinco) a 15 (quinze) dias-multa.
Art. 292. Negar ou retardar a autoridade judiciária, sem fundamento legal, a inscrição requerida:
Pena — pagamento, de 30 (trinta) a 60 (sessenta) dias-multa.
Art. 293. Perturbar ou impedir de qualquer forma o alistamento:
Pena — detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, ou pagamento de 30 (trinta) a 60 (sessenta)
dias-multa.
Art. 294. ( Revogado pela Lei n 2 8.868, de 14.4.94.)
Art. 295. Reter título eleitoral contra a vontade do eleitor:
Pena — detenção, até 2 (dois) meses, ou pagamento, de 30 (trinta) a 60 (sessenta) dias-multa.
Art. 296. Promover desordem que prejudique os trabalhos eleitorais:
Pena — detenção, até 2 (dois) meses, e pagamento, de 60 (sessenta) a 90 (noventa) dias-multa.
Art. 297. Impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio:
Pena — detenção, até 6 (seis) meses, e pagamento, de 60 (sessenta) a 100 (cem) dias-multa.
Art. 298. Prender ou deter eleitor, membro de mesa receptora, fiscal, delegado de partido ou candidato,
com violação do disposto no art. 236:
Pena — reclusão, até 4 (quatro anos).
Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva ou
qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que
a oferta não seja aceita:
Pena — reclusão, até 4 (quatro) anos, e pagamento, de 5 (cinco) a 15 (quinze) dias-multa.
825 Lei n 2 4.737, de 15.7.65

Art. 300. Valer-se o servidor público da sua autoridade para coagir alguém a votar ou não votar em
determinado candidato ou partido:
Pena — detenção, até 6 (seis) meses, e pagamento, de 60 (sessenta) a 100 (cem) dias-multa.
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleitoral e comete o crime
prevalecendo-se do cargo a pena é agravada.
Art. 301. Usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado
candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos:
Pena — reclusão, até 4 (quatro) anos, e pagamento, de 5 (cinco) a 15 (quinze) dias-multa.
Art. 302. Promover, no dia da eleição, com o fim de impedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto
a concentração de eleitores, sob qualquer forma, inclusive o fornecimento gratuito de alimento e
transporte coletivo:
Pena — reclusão, de 4 (quatro) a 6 (seis) anos, e pagamento, de 200 (duzentos) a 300 (trezentos)
dias-multa.
■ Artigo com redação determinada pelo Decreto-Lei n° 1.064, de 24.10.69.
■ Vide Lei n° 6.091, de 15.8.74.
Art. 303. Majorar os preços de utilidades e serviços necessários ã realização de eleições, tais como
transporte e alimentação de eleitores, impressão, publicidade e divulgação de matéria eleitoral:
Pena — pagamento, de 250 (duzentos e cinqüenta) a 300 (trezentos) dias-multa.
■ Vide Lei n°6.091, de 15.8.74.
Art. 304. Ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar no dia da eleição o fornecimento, normalmente a
todos, de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder exclusividade dos mesmos a
determinado partido ou candidato:
Pena — pagamento, de 250 (duzentos e cinqüenta) a 300 (trezentos) dias-multa.
Art. 305. Intervir autoridade estranha à mesa receptora, salvo o juiz eleitoral, no seu funcionamento
sob qualquer pretexto:
Pena — detenção, até 6 (seis) meses, e pagamento, de 60 (sessenta) a 90 (noventa) dias-multa.
Art. 306. Não observar a ordem em que os eleitores devem ser chamados a votar:
Pena — pagamento, de 15 (quinze) a 30 (trinta) dias-multa.
Art. 307. Fornecer ao eleitor cédula oficial já assinalada ou por qualquer forma marcada:
Pena — reclusão, até 5 (cinco) anos, e pagamento, de 5 (cinco) a 15 (quinze) dias-multa.
Art. 308. Rubricar e fornecer a cédula oficial em outra oportunidade que não a de entrega da mesma
ao eleitor:
Pena — reclusão, até 5 (cinco) anos, e pagamento, de 60 (sessenta) a 90 (noventa) dias-multa.
Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem:
Pena — reclusão, até 3 (três) anos.
Art. 310. Praticar, ou permitir o membro da mesa receptora que seja praticada qualquer irregularidade
que determine a anulação de votação, salvo no caso do art. 311:
Pena — detenção, até 6 (seis) meses, ou pagamento, de 90 (noventa) a 120 (cento e vinte)
dias-multa.
Art. 311. Votar em seção eleitoral em que não está inscrito, salvo nos casos expressamente previstos,
e permitir, o presidente da mesa receptora, que o voto seja admitido:
Pena — detenção, até 1 (um) mês, ou pagamento, de 5 (cinco) a 15 (quinze) dias-multa para o
eleitor, e de 20 (vinte) a 30 (trinta) dias-multa para o presidente da mesa.
Art. 312. Violar ou tentar violar o sigilo do voto:
Pena — detenção, até 2 (dois) anos.
Art. 313. Deixar o juiz e os membros da Junta de expedir o boletim de apuração imediatamente após
a apuração de cada urna e antes de passar à subseqüente, sob qualquer pretexto e ainda que
dispensada a expedição pelos fiscais, delegados ou candidatos presentes:
Pena — pagamento, de 90 (noventa) a 120 (cento e vinte) dias-multa.
Parágrafo único. Nas seções eleitorais em que a contagem for procedida pela mesa receptora
incorrerão na mesma pena o presidente e os mesários que não expedirem imediatamente o respectivo
boletim.
Lei n2 4.737, de 15.7.65 826

Art. 314. Deixar o juiz e os membros da Junta de recolher as cédulas apuradas na respectiva urna,
fechá-la, e lacrá-la, assim que terminar a apuração de cada seção e antes de passar à subseqüente,
sob qualquer pretexto e ainda que dispensada a providência pelos fiscais, delegados ou candidatos
presentes:
Pena — detenção, até 2 (dois) meses, ou pagamento, de 90 (noventa) a 120 (cento e vinte)
dias-multa.
Parágrafo único. Nas seções eleitorais em que a contagem dos votos for procedida pela mesa
receptora incorrerão na mesma pena o presidente e os mesários que não fecharem e lacrarem a urna
após a contagem.
Art. 315. Alterar nos mapas ou nos boletins de apuração a votação obtida por qualquer candidato ou
lançar nesses documentos votação que não corresponda às cédulas apuradas:
Pena — reclusão, até 5 (cinco) anos, e pagamento, de 5 (cinco) a 15 (quinze) dias-multa.
Art. 316. Não receber ou mencionar nas atas da eleição ou da apuração os protestos devidamente
formulados ou deixar de remetê-los à instância superior:
Pena — reclusão, até 5 (cinco) anos, e pagamento, de 5 (cinco) a 15 (quinze) dias-multa.
Art. 317. Violar ou tentar violar o sigilo da urna ou dos invólucros:
Pena — reclusão, de 3 (três) a 5 (cinco) anos.
Art. 318. Efetuar a mesa receptora a contagem dos votos da urna quando qualquer eleitor houver
votado sob impugnação (art. 190):
Pena — detenção, até 1 (um) mês, ou pagamento, de 30 (trinta) a 60 (sessenta) dias-multa.
Art. 319. Subscrever o eleitor mais de uma ficha de registro de um ou mais partidos:
Pena— detenção, até 1 (um) mês, ou pagamento, de 10 (dez) a 30 (trinta) dias-multa.
Art. 320. Inscrever-se o eleitor, simultaneamente, em dois ou mais partidos:
Pena— pagamento, de 10 (dez) a 20 (vinte) dias-multa.
Art. 321. Colher a assinatura do eleitor em mais de uma ficha de registro de partido:
Pena — detenção, até 2 (dois) meses, ou pagamento, de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias-multa.
Art. 322. ( Revogado pela Lei n° 9.504, de 30.9.97.)
Art. 323. Divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou candidatos,
e capazes de exercerem influência perante o eleitorado:
Pena — detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, ou pagamento, de 120 (cento e vinte) a 150
(cento e cinqüenta) dias-multa.
Parágrafo único. A pena é agravada se o crime é cometido pela imprensa, rádio ou televisão.
Art. 324. Caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, imputando-lhe
falsamente fato definido como crime:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento, de 10 (dez) a 40 (quarenta)
dias-multa.
§ 1 2. Nas mesmas penas incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 22. A prova da verdade do fato imputado exclui o crime, mas não é admitida:
I. se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por
sentença irrecorrível;
II. se o fato é imputado ao Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro;
III. se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença
irrecorrível.
Art. 325. Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, imputando-lhe
fato ofensivo à sua reputação:
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e pagamento, de 5 (cinco) a 30 (trinta) dias-multa.
Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e
a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
827 Lei n° 4.737, de 15.7.65

Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, ofendendo-lhe a
dignidade ou o decoro:
Pena — detenção, até 6 (seis) meses, ou pagamento, de 30 (trinta) a 60 (sessenta) dias-multa.
§ 1 2 . O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I. se o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II. no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2 2 . Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou meio empregado,
se considerem aviltantes:
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e pagamento, de 5 (cinco) a 20 (vinte) dias-multa,
além das penas correspondentes à violência previstas no Código Penal.
Art. 327. As penas cominadas nos arts. 324, 325 e 326 aumentam-se de um terço, se qualquer dos
crimes é cometido:
I. contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro;
II. contra funcionário público, em razão de suas funções;
III. na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da ofensa.
Art. 328. ( Revogado pela Lei n°9.504, de 30.9.97.)
Art. 329. ( Revogado pela Lei n° 9.504, de 30.9.97.)
Art. 330. Nos casos dos arts. 328 e 329, se o agente repara o dano antes da sentença final, o juiz pode
reduzir a pena.
■ A referência feita por este artigo restou prejudicada diante da revogação dos dispositivos nele
mencionados.
Art. 331. Inutilizar, alterar ou perturbar meio de propaganda devidamente empregado:
Pena — detenção, até 6 (seis) meses, ou pagamento, de 90 (noventa) a 120 (cento e vinte)
dias-multa.
Art. 332. Impedir o exercício de propaganda:
Pena — detenção, até 6 (seis) meses, e pagamento, de 30 (trinta) a 60 (sessenta) dias-multa.
Art. 333. ( Revogado pela Lei n° 9.504, de 30.9.97.)
Art. 334. Utilizar organização comercial de vendas, distribuição de mercadorias, prêmios e sorteios
para propaganda ou aliciamento de eleitores:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e cassação do registro se o responsável for
candidato.
Art. 335. Fazer propaganda, qualquer que seja a sua forma, em língua estrangeira:
Pena — detenção, de 3 (três) a 6 (seis) meses, e pagamento, de 30 (trinta) a 60 (sessenta)
dias-multa.
Parágrafo único. Além da pena cominada, a infração ao presente artigo importa na apreensão e
perda do material utilizado na propaganda.
Art. 336. Na sentença que julgar ação penal pela infração de qualquer dos arts. 322, 323, 324, 325,
326, 328, 329, 331, 332, 333, 334 e 335, deve o juiz verificar, de acordo como seu livre convencimento,
se o diretório local do partido, por qualquer dos seus membros, concorreu para a prática de delito, ou
dela se beneficiou conscientemente.
■ Os arts. 322, 328, 329 e 333 encontram-se revogados.
Parágrafo único. Nesse caso, imporá o juiz ao diretório responsável pena de suspensão de sua
atividade eleitoral, por prazo de 6 (seis) a 12 (doze) meses, agravada até o dobro nas reincidências.
Art. 337. Participar, o estrangeiro ou brasileiro que não estiver no gozo dos seus direitos políticos, de
atividades partidárias, inclusive comícios e atos de propaganda em recintos fechados ou abertos:
Pena — detenção, até 6 (seis) meses, e pagamento, de 90 (noventa) a 120 (cento e vinte) dias-multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorrerá o responsável pelas emissoras de rádio ou televisão
que autorizar transmissões de que participem os mencionados neste artigo, bem como o diretor de
jornal que lhes divulgar os pronunciamentos
Art. 338. Não assegurar o funcionário postal a prioridade prevista no art. 239:
Pena — pagamento, de 30 (trinta) a 60 (sessenta) dias-multa.
Lei n2 4.737, de 15.7.65 828

■ Remissão: Art. 239: "Aos partidos políticos é assegurada a prioridade postal durante os 60 (sessenta)
dias anteriores à realização das eleições, para remessa de material de propaganda de seus candidatos
registrados".
Art. 339. Destruir, suprimir ou ocultar urna contendo votos, ou documentos relativos à eleição:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento, de 5 (cinco) a 15 (quinze) dias-multa.
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleitoral e comete o crime
prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada.
Art. 340. Fabricar, mandar fabricar, adquirir, fornecer, ainda que gratuitamente, subtrair ou guardar
urnas, objetos, mapas, cédulas ou papéis de uso exclusivo da Justiça Eleitoral:
Pena — reclusão, até 3 (três) anos, e pagamento, de 3 (três) a 15 (quinze) dias-multa.
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleitoral e comete o crime
prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada.
Art. 341. Retardar a publicação ou não publicar, o diretor ou qualquer outro funcionário de órgão oficial
federal, estadual, ou municipal, as decisões, citações ou intimações da Justiça Eleitoral:
Pena — detenção, até 1 (um) mês, ou pagamento, de 30 (trinta) a 60 (sessenta) dias-multa.
Art. 342. Não apresentar o órgão do Ministério Público, no prazo legal, denúncia ou deixar de promover
a execução de sentença condenatória:
Pena — detenção, até 2 (dois) meses, ou pagamento, de 60 (sessenta) a 90 (noventa) dias-multa.
Art. 343. Não cumprir o juiz o disposto no § 3° do art. 357:
Pena — detenção, até 2 (dois) meses, ou pagamento, de 60 (sessenta) a 90 (noventa) dias-multa.
Art. 344. Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa causa:
Pena — detenção, até 2 (dois) meses, ou pagamento, de 90 (noventa) a 120 (cento e vinte)
dias-multa.
Art. 345. Não cumprir a autoridade judiciária, ou qualquer funcionário dos órgãos da Justiça Eleitoral,
nos prazos legais, os deveres impostos por este Código, se a infração não estiver sujeita a outra
penalidade:
Pena — pagamento, de 30 (trinta) a 90 (noventa) dias-multa.
■ Artigo com redação determinada pela Lei n° 4.961, de 4.5.66.
Art. 346. Violar o disposto no art. 377:
Pena — detenção, até 6 (seis) meses, e pagamento, de 30 (trinta) a 60 (sessenta) dias-multa.
Parágrafo único. Incorrerão na pena, além da autoridade responsável, os servidores que prestarem
serviços e os candidatos, membros ou diretores de partido que derem causa à infração.
■ Remissão: O art. 377 do Código Eleitoral dispõe que "o serviço de qualquer repartição federal,
estadual, municipal, autarquia, fundação do Estado, sociedade de economia mista, entidade mantida
ou subvencionada pelo poder público, ou que realiza contrato com este, inclusive o respectivo prédio
e suas dependências, não poderá ser utilizado para beneficiar partido ou organização de caráter
político. Parágrafo único. O disposto neste artigo será tornado efetivo, a qualquer tempo, pelo órgão
competente da Justiça Eleitoral, conforme o ãmbito nacional, regional ou municipal do órgão infrator,
mediante representação fundamentada de autoridade pública, representante partidário, ou de qual-
quer eleitor".
Art. 347. Recusar alguém cumprimento ou obediência a diligências, ordens ou instruções da Justiça
Eleitoral ou por embaraços à sua execução:
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e pagamento, de 10 (dez) a 20 (vinte) dias-multa.
Art. 348. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro
para fins eleitorais:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento, de 15 (quinze) a 30 (trinta) dias-multa.
§ 1 2. Se o agente é funcionário público e comete o crime prevalecendo-se do cargo, a pena é
agravada.
829 Lei n° 4.737, de 15.7.65

§ 2°. Para os efeitos penais, equipara-se a documento público o emanado de entidade paraestatal
inclusive Fundação de Estado.
Art. 349. Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro,
para fins eleitorais:
Pena — reclusão, até 5 (cinco) anos, e pagamento, de 3 (três) a 10 (dez) dias-multa.
Art. 350. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir
ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais:
Pena — reclusão, até 5 (cinco) anos, e pagamento, de 5 (cinco) a 15 (quinze) dias-multa se o
documento é público, e reclusão, até 3 (três) anos, e pagamento, de 3 (três) a 10 (dez) dias-multa se
o documento é particular.
Parágrafo único. Se o agente da falsidade documental é funcionário público e comete o crime
prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, a pena
é agravada.
Art. 351. Equipara-se a documento (arts. 348, 349 e 350) para os efeitos penais, a fotografia, o filme
cinematográfico, o disco fonográfico ou fita de ditafone a que se incorpore declaração ou imagem
destinada a prova de fato juridicamente relevante.
Art. 352. Reconhecer, como verdadeira, no exercício da função pública, firma ou letra que o não seja,
para fins eleitorais:
Pena — reclusão, até 5 (cinco) anos e pagamento, de 5 (cinco) a 15 (quinze) dias-multa se o
documento é público, e reclusão, até 3 (três) anos, e pagamento, de 3 (três) a 10 (dez) dias-multa se
o documento é particular.
Art. 353. Fazer uso de qualquer dos documentos falsificados ou alterados, a que se referem os arts.
348 a 352:
Pena — a cominada à falsificação ou à alteração.
Art. 354. Obter, para uso próprio ou de outrem, documento público ou particular, material ou ideologi-
camente falso para fins eleitorais:
Pena — a cominada à falsificação ou à alteração.

Capítulo III
DO PROCESSO DAS INFRAÇOES
Art. 355. As infrações penais definidas neste Código são de ação pública.
Art. 356. Todo cidadão que tiver conhecimento de infração penal deste Código deverá comunicá-la
ao juiz eleitoral da zona onde a mesma se verificou.
§ 1°. Quando a comunicação for verbal, mandará a autoridade judicial reduzi-la a termo, assinado
pelo apresentante e por duas testemunhas, e a remeterá ao órgão do Ministério Público local, que
procederá na forma deste Código.
§ 29 . Se o Ministério Público julgar necessários maiores esclarecimentos e documentos comple-
mentares ou outros elementos de convicção, deverá requisitá-los diretamente de quaisquer autorida-
des ou funcionários que possam fornecê-los.
Art. 357. Verificada a infração penal, o Ministério Público oferecerá a denúncia dentro do prazo de 10
(dez) dias.
§ 1°. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento
da comunicação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa da
comunicação ao Procurador Regional, e este oferecerá a denúncia, designará outro promotor para
oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual então estará o juiz obrigado a atender.
§ 2°. A denúncia conterá a exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias, a
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do
crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
§ 3°. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo legal representará contra
ele a autoridade judiciária, sem prejuízo da apuração da responsabilidade penal.
Lei n° 4.771, de 15.9.65 830

§ 42 . Ocorrendo a hipótese prevista no parágrafo anterior o juiz solicitará ao Procurador Regional a


designação de outro promotor, que, no mesmo prazo, oferecerá a denúncia.
§ 52 . Qualquer eleitor poderá provocar a representação contra o órgão do Ministério Público, se o
juiz, no prazo de 10 (dez) dias, não agir de ofício.
Art. 358. A denúncia será rejeitada quando:
I. o fato narrado evidentemente não constitui crime;
II. já estiver extinta a punibilidade, pela prescrição ou outra causa;
III. for manifesta a ilegitimidade da parte ou faltar condição exigida pela lei para o exercício da
ação penal.
Parágrafo único. Nos casos do n° III, a rejeição da denúncia não obstará ao exercício da ação penal,
desde que promovida por parte legítima ou satisfeita a condição.
Art. 359. Recebida a denúncia e citado o infrator, terá este o prazo de 10 (dez) dias para contestá-la,
podendo juntar documentos que ilidam a acusação e arrolar as testemunhas que tiver.
Art. 360. Ouvidas as testemunhas da acusação e da defesa e praticadas as diligências requeridas
pelo Ministério Público e deferidas ou ordenadas pelo juiz, abrir-se-á o prazo de 5 (cinco) dias a cada
uma das partes — acusação e defesa — para alegações finais.
Art. 361. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos ao juiz dentro de 48 (quarenta e oito) horas, terá
o mesmo 10 (dez) dias para proferir a sentença.
Art. 362. Das decisões finais de condenação ou absolvição cabe recurso para o Tribunal Regional, a
ser interposto no prazo de 10 (dez) dias.
Art. 363. Se a decisão do Tribunal Regional for condenatória, baixarão imediatamente os autos à
instância inferior para a execução da sentença, que será feita no prazo de 5 (cinco) dias, contados da
data da vista ao Ministério Público.
Parágrafo único. Se o órgão do Ministério Público deixar de promover a execução da sentença
serão aplicadas as normas constantes dos §§ 3 2 , 42 e 52 do art. 357.
Art. 364. No processo e julgamento dos crimes eleitorais e dos comuns que lhes forem conexos, assim
como nos recursos e na execução, que lhes digam respeito, aplicar-se-á, como lei subsidiária ou
supletiva, o Código de Processo Penal.
................................................................................................................................................................... .

Art. 382. Este Código entrará em vigor 30 (trinta) dias após a sua publicação.
Art. 383. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 15 de julho de 1965; 144 2 da Independência e 77 2 da República.
H. CASTELLO BRANCO
Milton Soares Campos

(Publicada no DOU de 19.7.65. Íntegra na Lex 1965/981.)

LEI N° 4.771, DE 15 DE SETEMBRO DE 1965


Institui o novo Código Florestal.
■ Vide Lei n°9.605, de 12.2.98, Capítulo V, Seção 11— Dos Crimes Contra a Flora, arts. 38 a 53.

O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
................................................................................................................................................................... .

Art. 26. Constituem contravenções penais, puníveis com 3 (três) meses a 1 (um) ano de prisão simples
ou multa de uma a cem vezes o salário mínimo mensal, do lugar e da data da infração ou ambas as
penas cumulativamente:
831 Lei n°4.771, de 15.9.65

a. destruir ou danificar a floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em


formação, ou utilizá-la com infringência das normas estabelecidas ou previstas nesta Lei;
b. cortar árvores em florestas de preservação permanente, sem permissão da autoridade compe-
tente;
c. penetrar em floresta de preservação permanente conduzindo armas, substâncias ou instrumen-
tos próprios para caça proibida ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem
estar munido de licença da autoridade competente;
d. causar danos aos Parques Nacionais, Estaduais ou Municipais, bem como às Reservas Bioló-
gicas;
e. fazer fogo, por qualquer modo, em florestas e demais formas de vegetação, sem tomar as
precauções adequadas;
I. fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e
demais formas de vegetação;
g. impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação;
h. receber madeira, lenha, carvão e outros produtos procedentes de florestas, sem exigir a exibição
de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente e sem munir-se da via que
deverá acompanhar o produto, até final beneficiamento;
i. transportar ou guardar madeiras, lenha, carvão e outros produtos procedentes de florestas, sem
li cença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade
competente;
j. deixar de restituir à autoridade licenças extintas pelo decurso do prazo ou pela entrega ao
consumidor dos produtos procedentes de florestas;
I. empregar, como combustível, produtos florestais ou hulha, sem uso de dispositivo que impeça
a difusão de fagulhas, suscetíveis de provocar incêndios nas florestas;
m soltar animais ou não tomar precauções necessárias para que o animal de sua propriedade não
penetre em florestas sujeitas a regime especial;
n. matar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros
públicos ou em propriedade privada alheia ou árvore imune de corte;
o. extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia
autorização, pedra, areia, cal ou qualquer outra espécie de minerais;
p. (vetado);
q. transformar madeiras-de-lei em carvão, inclusive para qualquer efeito industrial, sem licença da
autoridade competente.
■ Alínea q acrescentada pela Lei n° 5.870, de 26.3.73.
■ Quanto à pena de multa, vide art. 22 da Lei n° 7.209, de 11.7.84.
Art. 27. É proibido o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação.
Parágrafo único. Se peculiaridades locais ou regionais justificarem o emprego do fogo em práticas
agropastoris ou florestais, a permissão será estabelecida em ato do Poder Público, circunscrevendo
as áreas e estabelecendo normas de precaução.
■ Parágrafo regulamentado pelo Decreto n 2 2.661, de 8.7.98.
Art. 28. Além das contravenções estabelecidas no artigo precedente, subsistem os dispositivos sobre
contravenções e crimes previstos no Código Penal e nas demais leis, com as penalidades neles
cominadas.
Art. 29. As penalidades incidirão sobre os autores, sejam eles:
a. diretos;
b. arrendatários, parceiros, posseiros, gerentes, administradores, diretores, promitentes compra-
dores ou proprietários das áreas florestais, desde que praticadas por prepostos ou subordinados
e no interesse dos preponentes ou dos superiores hierárquicos;
c. autoridades que se omitirem ou facilitarem, por consentimento legal, na prática do ato.
Art. 30. Aplicam-se às contravenções previstas neste Código as regras gerais do Código Penal e da
Lei das Contravenções Penais, sempre que a presente Lei não disponha de modo diverso.
Art. 31. São circunstâncias que agravam a pena, além das previstas no Código Penal e na Lei das
Contravenções Penais:
Lei n2 4.771, de 15.9.65 832

a. cometer a infração no período de queda das sementes ou de formação das vegetações


prejudicadas, durante a noite, em domingos ou dias feriados, em épocas de seca ou inundações;
b. cometer a infração contra a floresta de preservação permanente ou material dela provindo.
Art. 32. A ação penal independe de queixa, mesmo em se tratando de lesão em propriedade privada,
quando os bens atingidos são florestas e demais formas de vegetação, instrumentos de trabalho,
documentos e atos relacionados com a proteção florestal disciplinada nesta Lei.
Art. 33. São autoridades competentes para instaurar, presidir e proceder a inquéritos policiais, lavrar
autos de prisão em flagrante e intentar a ação penal, nos casos de crimes ou contravenções, previstos
nesta Lei, ou em outras leis e que tenham por objeto florestas e demais formas de vegetação,
instrumentos de trabalho, documentos e produtos procedentes das mesmas:
a. as indicadas no Código de Processo Penal;
b. os funcionários da repartição florestal e de autarquias, com atribuições correlatas, designados
para a atividade de fiscalização.
Parágrafo único. Em caso de ações penais simultâneas, pelo mesmo fato, iniciadas por várias
autoridades, o juiz reunirá os processos na jurisdição em que se firmou a competência.
Art. 34. As autoridades referidas no item b do artigo anterior, ratificada a denúncia pelo Ministério
Público, terão ainda competência igual à deste, na qualidade de assistente, perante a Justiça comum,
nos feitos de que trata esta Lei.
Art. 35. A autoridade apreenderá os produtos e os instrumentos utilizados na infração e, se não
puderem acompanhar o inquérito, por seu volume e natureza, serão entregues ao depositário público
local, se houver e, na sua falta, ao que for nomeado pelo juiz, para ulterior devolução ao prejudicado.
Se pertencerem ao agente ativo da infração, serão vendidos em hasta pública.

....................................................................................................................................................................

Art. 45. Ficam obrigados ao registro do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis — IBAMA os estabelecimentos comerciais responsáveis pela comercialização de motos-
serras, bem como aqueles que adquirirem este equipamento.
§ 1°. A licença para o porte e uso de motosserras será renovada a cada 2 (dois) anos perante o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis — IBAMA.
§ 2 2 . Os fabricantes de motosserras ficam obrigados, a partir de 180 (cento e oitenta) dias da
publicação desta Lei, a imprimir, em local visível deste equipamento, numeração cuja seqüência será
encaminhada ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis —IBAMA
e constará das correspondentes notas fiscais.
§ 3°. A comercialização ou utilização de motosserras sem a licença a que se refere este artigo
constitui crime contra o meio ambiente, sujeito à pena de detenção de 1 (um) a 3 (três) meses e multa
de um a dez salários mínimos de referência e à apreensão da motosserra, sem prejuízo da responsa-
bilidade pela reparação dos danos causados.
■ Artigo e parágrafos com redação determinada pela Lei n° 7.803, de 18.7.89.
■ O teor do § 2° deste art. 45 não conta com a melhor técnica legislativa. Apesar de integrar o texto
desta Lei n° 4.771/65, acaba fazendo referência à Lei n° 7.803/89: "a partir de 180 (cento e oitenta)
dias da publicação 'desta Lei'''. Fica, portanto, a estranha situação de uma lei de 1965 fazer menção
a uma outra, vinte e quatro anos mais nova.

....................................................................................................................................................................

Art. 50. Esta Lei entrará em vigor 120 (cento e vinte) dias após a data de sua publicação, revogados
o Decreto n2 23.793, de 23 de janeiro de 1934 (Código Florestal), e demais disposições em contrário.
■ Artigo renumerado pela Lei n° 7.803, de 18.7.89.
Brasília, 15 de setembro de 1965; 144 2 da Independência e 77 2 da República.
H. CASTELLO BRANCO
Hugo Leme

(Publicada no DOU de 16.9.65.)


833 Lei n2 4.888, de 9.12.65

LEI N° 4.888, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965

Proíbe o emprego da palavra couro


em produtos industrializados e dá outras providências.

0 Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 2. Fica proibido pôr à venda ou vender, sob o nome de couro, produtos que não sejam obtidos
exclusivamente de pele animal.
Art. 22 . Os produtos artificiais de imitação terão de ter sua natureza caracterizada para efeito de
exposição e venda.
Art. 32. Fica também proibido o emprego da palavra couro, mesmo modificada com prefixos ou sufixos,
para denominar produtos não enquadrados no art. 1 9 .
Art. 42 . A infração da presente Lei constitui crime previsto no art. 196 e seus parágrafos do Código
Penal.
■ Vide Lei n°9.279, de 14.5.96.
Art. 52. (Vetado.)
Art. 62. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 9 de dezembro de 1965; 144 9' da Independência e 779 da República.
H. CASTELLO BRANCO
Octávio Gouveia de Bulhões
(Publicada no DOU de 13. 12.65.)

LEI N° 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965

Regula o direito de representação e o processo de responsabilidade


administrativa civil e penal, nos casos de abuso de autoridade.

■ Vide Lei n 2 5.249, de 9.2.67, sobre a falta de representação do ofendido.

O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art.1 2 . O direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa civil e penal, contra
as autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela presente
Lei.
Art. 22 . O direito de representação será exercido por meio de petição:
a. dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para aplicar, à autoridade, civil ou
militar culpada, a respectiva sanção;
b. dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência para iniciar processo-crime contra
a autoridade culpada.
Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e conterá a exposição do fato constitutivo
do abuso de autoridade, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol de
testemunhas, no máximo de três, se as houver.
Art. 3 2 . Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
a. à liberdade de locomoção;
b. à inviolabilidade do domicílio:
c. ao sigilo da correspondência;
d. à liberdade de consciência e de crença;
Lei n°4.898, de 9.12.65 834

e. ao livre exercício do culto religioso;


f. à liberdade de associação;
g. aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto;
h. ao direito de reunião;
i. à incolumidade física do indivíduo;
aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional.
■ Alínea j acrescentada pela Lei n° 6.657, de 5.6.79.
Art. 42. Constitui também abuso de autoridade:
a. ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou
com abuso de poder;
■ Quanto a criança e adolescente, vide art. 230 da Lei n° 8.069, de 13.7.90 (Estatuto da Criança e do
Adolescente).
b. submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado
em lei;
■ Vide art. 232 da Lei n° 8.069, de 13.7.90.
c. deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer
pessoa;
■ Em relação a criança e adolescente, vide art. 231 da Lei n° 8.069, de 13.7.90.
d. deixar o juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada;
■ Vide, tratando-se de criança e adolescente, art. 234 da Lei n°8.069, de 13.7.90.
e. levar à prisão e nela deter quem quer se proponha a prestar fiança, permitida em lei;
f, cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou
qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie,
quer quanto ao seu valor;
g. recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a título de
carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa;
h. o ato lesivo da honra, ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com
abuso ou desvio de poder ou sem competência legal;
i. prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de
expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade.
■ Alínea i acrescentada pela Lei n° 7.960, de 21.12.89.
■ Em relação a criança e adolescente, vide Lei n°8.069, de 13.7.90, art. 235.
Art. 52 . Considera-se autoridade, para os efeitos desta Lei, quem exerce cargo, emprego ou função
pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.
Art. 62. O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa, civil e penal.
§ 1 2 . A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravidade do abuso cometido e
consistirá em :
a. advertência;
b. repreensão;
c. suspensão do cargo, função ou posto por prazo de 5 (cinco) a 180 (cento e oitenta) dias, com
perda de vencimentos e vantagens;
d. destituição de função;
e. demissão;
f. demissão, a bem do serviço público.
§ 2 2 . A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, consistirá no pagamento de uma
indenização de Cr$ 500,00 (quinhentos cruzeiros) a Cr$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros).
§ 3 2 . A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos arts. 42 a 56 do Código Penal e
consistirá em:
■ Os arts. 42 a 56 do CP correspondem aos atuais arts. 59 a 76.
a. multa de Cr$ 100,00 (cem cruzeiros) a Cr$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros);
■ Vide art. 22 da Lei n° 7.209, de 11.7.84, sobre pena de multa.
835 Lei n° 4.898, de 9.12.65

b. detenção por 10 (dez) dias a 6 (seis) meses;


c. perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública por prazo até
3 (três) anos.
§ 4. As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser aplicadas autônoma ou cumulativa-
mente.
§ 5 2 . Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar, de qualquer
categoria, poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer
funções de natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo de 1 (um) a 5 (cinco) anos.
2
Art. 7 . Recebida a representação em que for solicitada a aplicação de sanção administrativa, a
autoridade civil ou militar competente determinará a instauração de inquérito para apurar o fato.
§ 1 2 . O inquérito administrativo obedecerá às normas estabelecidas nas leis municipais, estaduais
ou federais, civis ou militares, que estabeleçam o respectivo processo.
§ 2 2 . Não existindo no município, no Estado ou na legislação militar normas reguladoras do inquérito
administrativo serão aplicadas, supletivamente, as disposições dos arts. 219 a 225 da Lei n° 1.711, de
28 de outubro de 1952 (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União).
■ O referido Estatuto foi revogado pela Lei n- 8.112, de 11.12.90.
§ 3 2 . O processo administrativo não poderá ser sobrestado para o fim de aguardar a decisão da
ação penal ou civil.
Art. 82 . A sanção aplicada será anotada na ficha funcional da autoridade civil ou militar.
Art. 92 . Simultaneamente com a representação dirigida à autoridade administrativa ou inde-
pendentemente dela, poderá ser promovida, pela vítima do abuso, a responsabilidade civil ou penal
ou ambas, da autoridade culpada.

................................................................................................................................................................... .

Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de inquérito policial ou justificação, por
denúncia do Ministério Público, instruída com a representação da vítima do abuso.
■ A Lei n°5.249, de 9.2.67, que dispõe sobre a ação pública de crimes de responsabilidade, estabelece
no art. 1 2 que "a falta de representação do ofendido, nos casos de abuso previstos na Lei n- 4.898, de
9 de dezembro de 1965, não obsta a iniciativa ou o curso de ação pública".
Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação da vítima, aquele, no prazo de 48 (quarenta
e oito) horas, denunciará o réu, desde que o fato narrado constitua abuso de autoridade, e requererá
ao juiz a sua citação, e, bem assim, a designação de audiência de instrução e julgamento.
§ 1 2 . A denúncia do Ministério Público será apresentada em duas vias.
■ Nota: O art. 13 não tem § 22.
Art. 14. Se o ato ou fato constituído do abuso de autoridade houver deixado vestígios o ofendido ou o
acusado poderá:
a. promover a comprovação da existência de tais vestígios, por meio de duas testemunhas qualifi-
cadas;
b. requerer ao juiz, até 72 (setenta e duas) horas antes da audiência de instrução e julgamento, a
designação de um perito para fazer as verificações necessárias.
§ 1 2 . O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e prestarão seus depoimentos verbalmente,
ou o apresentarão por escrito, querendo, na audiência de instrução e julgamento.
§ 2 2 . No caso previsto na letra a deste artigo a representação poderá conter a indicação de mais
duas testemunhas.
Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento
da representação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa da
representação ao procurador-geral e este oferecerá a denúncia, ou designará outro órgão do Ministério
Público para oferecê-la ou insistirá no arquivamento, ao qual só então deverá o juiz atender.
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo fixado nesta Lei, será
admitida ação privada. 0 órgão do Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa, repudiá-la e
Lei n° 4.898, de 9.12.65 836

oferecer denúncia substitutiva e intervir em todos os termos do processo, interpor recursos e, a todo
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Art. 17. Recebidos os autos, o juiz, dentro do prazo de 48 (quarenta e oito) horas, proferirá despacho,
recebendo ou rejeitando a denúncia.
§ 1°. No despacho em que receber a denúncia, o juiz designará, desde logo, dia e hora para a
audiência de instrução e julgamento, que deverá ser realizada, ìmprorrogavelmente, dentro de 5 (cinco)
dias.
§ 2°. A citação do réu para se ver processar, até julgamento final e para comparecer à audiência
de instrução e julgamento, será feita por mandado sucinto que será acompanhado da segunda via da
representação e da denúncia.
Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão ser apresentadas em juízo, independente-
mente de intimação.
Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de precatória para a audiência ou a intimação de
testemunhas ou, salvo o caso previsto no art. 14, b, requerimentos para a realização de diligências,
perícias ou exames, a não ser que o juiz, em despacho motivado, considere indispensáveis tais
providências.
Art. 19. À hora marcada, o juiz mandará que o porteiro dos auditórios ou o oficial de justiça declare
aberta a audiência, apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o perito, o representante do
Ministério Público ou o advogado que tenha subscrito a queixa e o advogado ou defensor do réu.
Parágrafo único. A audiência somente deixará de realizar-se se ausente o juiz.
Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o juiz não houver comparecido, os presentes poderão
retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de termos de audiência.
Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pública, se contrariamente não dispuser o juiz, e
realizar-se-á em dia útil, entre 10 (dez) e 18 (dezoito) horas, na sede do juízo ou, excepcionalmente,
no local que o juiz designar.
Art. 22. Aberta a audiência o juiz fará a qualificação e o interrogatório do réu, se estiver presente.
Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu advogado, o juiz nomeará imediatamente
defensor para funcionar na audiência e nos ulteriores termos do processo.
Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o juiz dará a palavra, sucessivamente, ao
Ministério Público ou ao advogado que houver subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do réu,
pelo prazo de 15 (quinze) minutos para cada um, prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz.
Art. 24. Encerrado o debate, o juiz proferirá imediatamente a sentença.
Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no livro próprio, ditado pelo juiz, termo que conterá,
em resumo, os depoimentos e as alegações da acusação e da defesa, os requerimentos e, por extenso,
os despachos e a sentença.
Art. 26. Subscreverão o termo o juiz, o representante do Ministério Público ou o advogado que houver
subscrito a queixa, o advogado ou defensor do réu e o escrivão.
Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte forem difíceis e não permitirem a observância dos
prazos fixados nesta Lei, o juiz poderá aumentá-los, sempre motivadamente, até o dobro.
Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas do Código de Processo Penal, sempre que
compatíveis com o sistema de instrução e julgamento regulado por esta Lei.
Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças, caberão os recursos e apelações previstas
no Código de Processo Penal.
Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 9 de dezembro de 1965; 144° da Independência e 77° da República.
H. CASTELLO BRANCO
Juracy Magalhães
(Publicada no DOU de 13.12.65.)

837 Lei n 2 4.947, de 6.4.66

LEI N° 4.947, DE 6 DE ABRIL DE 1966

Fixa normas de direito agrário, dispõe sobre o sistema de


organização e funcionamento do Instituto Brasileiro
de Reforma Agrária e dá outras providências.
....................................................................................................................................................................

Art. 19. Utilizar, como prova de propriedade ou de direitos a ela relativos, documento expedido pelo
IBRA para fins cadastrais ou tributários, em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único. Se o agente é funcionário público e comete o crime prevalecendo-se do cargo,
aumenta-se a pena de sexta parte.
■ As atribuições do IBRA (Instituto Brasileiro de Reforma Agrária) foram transferidas para o INCRA
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) pelo Decreto-Lei n° 1.110, de 9.7.70.
Art. 20. Invadir, com intenção de ocupá-las, terras da União, dos Estados e dos Municípios:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, com idêntico propósito, invadir terras de órgãos
ou entidades federais, estaduais ou municipais, destinadas à Reforma Agrária.

....................................................................................................................................................................

H. CASTELLO BRANCO

(Publicada no DOU de 11.4.66. Íntegra na RT 369/363.)

DECRETO-LEI N 2 16, DE 10 DE AGOSTO DE 1966

Dispõe sobre a produção, o comércio e o transporte


clandestino de açúcar e de álcool e dá outras providências.

....................................................................................................................................................................

Art. 1 2. Constitui crime:


a. produzir, manter em estoque ou dar saída a açúcar fora ou acima da cota autorizada no Plano
Anual de Safra do Instituto do Açúcar e do Alcool (art. 32 , § 52 , da Lei n°4.870, de 1 2 de dezembro
de 1965);
b. produzir açúcar em fábrica clandestina, conforme previsto nos arts. 22 e 30 do Decreto-Lei n°
1.831, de 4 de dezembro de 1939, bem como dar saída ou armazenar o produto assim irregular-
mente obtido;
c. receber, dar saída, ou manter em estoque, açúcar desacompanhado da nota de remessa ou de
entrega, conforme previsto na alínea b do art. 60 do Decreto-Lei n° 1.831, de 4 de dezembro de
1939, e no art. 43 da Lei n° 4.870, de 1 2 de dezembro de 1965;
d. dar saída, armazenar, transportar ou embarcar açúcar com inobservância do disposto no art.
32 , a e c, deste Decreto-Lei ou dos arts. 31, e seus parágrafos, e 33 do Decreto-Lei n° 1.831, de
4 de dezembro de 1939;
e. dar saída a açúcar além das cotas mensais de comercialização deferidas às usinas e às
cooperativas de produtores, com infração do disposto no § 2 2 do art. 51 da Lei n 2 4.870, de 1 2
de dezembro de 1965;
f. dar saída, receber ou transportar álcool sem prévia autorização do Instituto do Açúcar e do
Alcool, desacompanhado da Nota de Expedição de Alcool, com infração das disposições
constantes dos arts. 1 2 , 2 2 , e 42 do Decreto-Lei n 2 5.998, de 18 de novembro de 1943:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
2
Lei n 5.172, de 25.10.66 838

Parágrafo único. Em igual pena incorrerá todo aquele que, de qualquer modo, concorrer para o
crime previsto neste artigo.
■ Artigo e parágrafo único com redação determinada pelo Decreto-Lei n° 56, de 18.11.66.
■ & Lei n 2 4.870, de 1.12.65, dispõe sobre a produção açucareira, a receita do Instituto do Açúcar e
do Alcool e sua aplicação, e dá outras providências; modificou-a o Decreto-Lei n° 308, de 28.2.67.
Sobre a defesa da produção do açúcar, vide Decreto-Lei n2 1.831, de 4.12.39. Vide, também,
Decreto-Lei n 2 5.998, de 18.11.43, que regula a distribuição do álcool de todos os tipos. Vide, também,
quanto ao álcool etílico hidratado carburante, Lei n-2 8.176, de 8.2.91.
Art. 22. Quando se tratar de pessoa jurídica, a responsabilidade penal incidirá sobre o dirigente da
empresa que, de qualquer modo, tenha contribuído para o crime capitulado no artigo anterior.
Art. 32 . O fiscal ou qualquer outro servidor que facilitar, com infração do dever funcional, a prática de
qualquer dos crimes previstos nesta Lei, ficará sujeito à pena cominada no art. 1 2 , acrescida de uma
terça parte, com abertura obrigatória do competente inquérito administrativo.
Art. 4 2 . Compete à Fiscalização do Instituto do Açúcar e do Álcool apurar as infrações aos preceitos
da legislação açucareira e alcooleira, mediante processo administrativo fiscal, que terá por base o auto
de infração.
Art. 5 2 . Verificada a existência de flagrante de delito, o fiscal deverá prender em flagrante o infrator e
conduzi-lo à autoridade policial mais próxima para o devido processamento criminal, nos termos do
art. 301 do Código de Processo Penal.
Parágrafo único. No caso de desacato ou resistência à prisão, o fiscal solicitará o auxílio da
autoridade policial.
Art. 62. Quando, no curso do processo fiscal, as autoridades administrativas tiverem conhecimento de
crime, sob pena de responsabilidade, remeterão ao Ministério Público os elementos comprobatórios
da infração penal, para instauração do processo criminal cabível.

................................................................................................................................................................... .

Art. 15. Revogam-se as disposições em contrário, entrando este Decreto-Lei em vigor na data de sua
publicação.
Brasília, 10 de agosto de 1966; 145 2- da Independência e 78 2 da República.
H. CASTELLO BRANCO
Carlos Medeiros Silva
(Publicado no DOU de 11.8.66.)

LEI N° 5.172, DE 25 DE OUTUBRO DE 1966

Dispõe sobre o sistema tributário nacional e institui normas


gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios.
................................................................................................................................................................... .

RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES

Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária
independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos
do ato.
Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente:
839 Decreto-Lei n° 70, de 21.11.66

I. quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando praticadas
no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem
expressa emitida por quem de direito;
II. quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja elementar;
III. quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico:
a. das pessoas referidas no art. 134, contra aquelas por quem respondem;
b. dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes, preponentes ou emprega-
dores;
c. dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, contra estas.
Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for
o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada
pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração.
Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer
procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.

................................................................................................................................................................... .

Brasília, 25 de outubro de 1966; 145° da Independência e 78 2 da República.


H. CASTELLO BRANCO

(Publicada no DOU de 27. 10.66 e retificada em 31.10.66.)

DECRETO-LEI N 2 70, DE 21 DE NOVEMBRO DE 1966

Autoriza o funcionamento de associações de


poupança e empréstimo e institui a cédula hipotecária.
................................................................................................................................................................... .

Art. 27. A emissão ou o endosso de cédula hipotecária, com infringência deste Decreto-Lei, constitui,
para o emitente ou o endossante, crime de estelionato, sujeitando-o às sanções do art. 171 do Código
Penal.
................................................................................................................................................................... .

Art. 46. Revogam-se as disposições em contrário.


Brasília, 21 de novembro de 1966; 1459- da Independência e 78 2 da República.
H. CASTELLO BRANCO

(Publicado no DOU de 22.11.66.)

DECRETO-LEI N° 73, DE 21 DE NOVEMBRO DE 1966

Disp6e sobre o Sistema Nacional de Seguros Privados, regula


as operações de seguros e resseguros e dá outras providências.

................................................................................................................................................................... .

Art. 110. Constitui crime contra a economia popular, punível de acordo com a legislação respectiva, a
ação ou omissão, pessoal ou coletiva, de que decorra a insuficiência das reservas e de sua cobertura,
vinculadas à garantia das obrigações das Sociedades Seguradoras.
■ Sobre crime contra a economia popular, vide Lei n° 1.521, de 26.12.51 (art. 3°, IX).
................................................................................................................................................................... .
Lei n° 5.197, de 3.1.67 840

Art. 121. Provada qualquer infração penal a SUSEP remeterá cópia do processo ao Ministério Público
para fins de direito.
Brasília, 21 de novembro de 1966; 1452 da Independência e 78 2 da República.
H. CASTELLO BRANCO

(Publicado no DOU de 22.11.66. Íntegra na RT 378/421 e Lex 1966/1753.)

LEI N 2 5.197, DE 3 DE JANEIRO DE 1967

Dispõe sobre a proteção à fauna e dá outras providências.


■ Vide Lei n° 9.605, de 12.2.98, Capítulo V, Seção I — Dos Crimes Contra a Fauna.

0 Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 2. Os animais de quaisquer espécies em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem
naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros
naturais são propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça
ou apanha.
§ 1 2 . Se peculiaridades regionais comportarem o exercício da caça, a permissão será estabelecida
em ato regulamentador do Poder Público Federal.
§ 22 . A utilização, perseguição, caça ou apanha de espécies da fauna silvestre em terras de domínio
privado, mesmo quando permitidas na forma do parágrafo anterior, poderão ser igualmente proibidas
pelos respectivos proprietários, assumindo estes a responsabilidade da fiscalização de seus domínios.
Nestas áreas, para a prática do ato de caça é necessário o consentimento expresso ou tácito dos
proprietários, nos termos dos arts. 594, 595, 596, 597 e 598 do Código Civil.
Art. 22 . É proibido o exercício da caça profissional.
Art. 32. É proibido o comércio de espécimes da fauna silvestre e de produtos e objetos que impliquem
a sua caça, perseguição, destruição ou apanha.
§ 1 2 . Excetuam-se os espécimes provenientes de criadouros devidamente legalizados.
§ 22 . Será permitida, mediante licença da autoridade competente, a apanha de ovos, larvas e
filhotes que se destinem aos estabelecimentos acima referidos, bem como a destruição de animais
silvestres considerados nocivos à agricultura ou à saúde pública.
§ 3 2 . O simples desacompanhamento de comprovação de procedência de peles ou outros produtos
de animais silvestres, nos carregamentos de via terrestre, fluvial, marítima ou aérea, que se iniciem ou
transitem pelo País, caracterizará, de imediato, o descumprimento do disposto no caput deste artigo.
■ § 32 acrescentado pela Lei n° 9.111, de 10.10.95.
Art. 42. Nenhuma espécie poderá ser introduzida no País, sem parecer técnico oficial favorável e
li cença expedida na forma da Lei.
Art. 52. ( Revogado pela Lei n° 9.985, de 18.7.00.)
Art. 62. O Poder Público estimulará:
a. a formação e o funcionamento de clubes e sociedades amadoristas de caça e de tiro ao vôo,
objetivando alcançar o espírito associativista para a prática desse esporte;
b. a construção de criadouros destinados à criação de animais silvestres para fins econômicos e
industriais.
Art.72. A utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha de espécimes da fauna silvestre, quando
consentidas na forma desta Lei, serão consideradas atos de caça.
841 Lei n2 5.197, de 3.1.67

Art. 82. 0 órgão público federal competente, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, publicará e atualizará
anualmente:
a. a relação das espécies cuja utilização, perseguição, caça ou apanha será permitida, indicando
e delimitando as respectivas áreas;
b. a época e o número de dias em que o ato acima será permitido;
c. a quota diária de exemplares cuja utilização, perseguição, caça ou apanha será permitida.
Parágrafo único. Poderão ser, igualmente, objeto de utilização, caça, perseguição ou apanha os
animais domésticos que, por abandono, se tornem selvagens ou feras.
2
Art. 92 . Observado o disposto no art. 8 e satisfeitas as exigências legais, poderão ser capturados e
mantidos em cativeiro espécimes da fauna silvestre.
Art. 10. A utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha de espécimes da fauna silvestre são
proibidas:
a. com visgos, atiradeiras, fundas, bodoques, veneno, incêndio ou armadilhas que maltratem a
caça;
b. com armas a bala, a menos de 3 km (três quilômetros) de qualquer via férrea ou rodovia pública;
c. com armas de calibre 22 para animais de porte superior ao tapiti (Sylvilagus brasiliensis);
d. com armadilhas constituídas de armas de fogo;
e. nas zonas urbanas, suburbanas, povoadas e nas estâncias hidrominerais e climáticas;
f. nos estabelecimentos oficiais e açudes do domínio público, bem como nos terrenos adjacentes,
até a distância de 5 km (cinco quilômetros);
g. na faixa de 500 m (quinhentos metros) de cada lado do eixo das vias férreas e rodovias públicas;
h. nas áreas destinadas á proteção da fauna, da flora e das belezas naturais;
i. nos jardins zoológicos, nos parques e jardins públicos;
j. fora do período de permissão de caça, mesmo em propriedades privadas;
/. á noite, exceto em casos especiais no caso de animais nocivos;
in do interior de veículos de qualquer espécie.
Art. 11. Os clubes ou sociedades amadoristas de caça e de tiro ao vôo poderão ser organizados
distintamente ou em conjunto com os de pesca, e s6 funcionarão validamente após a obtenção da
personalidade jurídica, na forma da lei civil e o registro no órgão público federal competente.
Art. 12. As entidades a que se refere o artigo anterior deverão requerer licença especial para seus
associados transitarem com arma de caça e de esporte, para uso em suas sedes, durante o período
defeso e dentro do perímetro determinado.
Art. 13. Para exercício da caça, é obrigatória a licença anual, de caráter específico e de âmbito
regional, expedida pela autoridade competente.
Parágrafo único. A licença para caçar com armas de fogo deverá ser acompanhada do porte de
arma emitido pela Polícia Civil.
Art. 14. Poderá ser concedida a cientistas, pertencentes a instituições científicas, oficiais ou oficializa-
das, ou por estas indicadas, licença especial para a coleta de material destinado a fins científicos, em
qualquer época.
2
§ 1 . Quando se tratar de cientistas estrangeiros, devidamente credenciados pelo país de origem,
deverá o pedido de licença ser aprovado e encaminhado ao órgão público federal competente, por
intermédio de instituição científica oficial do País.
§ 22 . As instituições a que se refere este artigo, para efeito da renovação anual da licença, darão
ciência ao órgão público federal competente das atividades dos cientistas licenciados no ano anterior.
§ 32 . As licenças referidas neste artigo não poderão ser utilizadas para fins comerciais ou esportivos.
§ 42 . Aos cientistas das instituições nacionais que tenham por lei a atribuição de coletar material
zoológico, para fins científicos, serão concedidas licenças permanentes.
Art. 15. 0 Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas do Brasil ouvirá o órgão
público federal competente toda vez que, nos processos em julgamento, houver matéria referente à
fauna.
Lei n° 5.197, de 3.1.67 842

Art. 16. Fica instituído o registro das pessoas físicas ou jurídicas que negociem com animais silvestres
e seus produtos.
Art. 17. As pessoas físicas ou jurídicas, de que trata o artigo anterior, são obrigadas à apresentação
de declaração de estoques e valores, sempre que exigida pela autoridade competente.
Parágrafo único. O não-cumprimento do disposto neste artigo, além das penalidades previstas
nesta Lei, obriga o cancelamento do registro.
Art. 18. É proibida a exportação, para o Exterior, de peles e couros de anfíbios e répteis, em bruto.
Art. 19. 0 transporte interestadual e para o Exterior, de animais silvestres, lepidópteros, e outros insetos
e seus produtos, depende de guia de trânsito, fornecida pela autoridade competente.
Parágrafo único. Fica isento dessa exigência o material consignado a Instituições Científicas
Oficiais.
Art. 20. As licenças de caçadores serão concedidas mediante pagamento de uma taxa anual
equivalente a um décimo do salário mínimo mensal.
Parágrafo único. Os turistas pagarão uma taxa equivalente a um salário mínimo mensal e a licença
será válida por 30 (trinta) dias.
Art. 21. 0 registro de pessoas físicas ou jurídicas, a que se refere o art. 16, será feito mediante o
pagamento de uma taxa equivalente a meio salário mínimo mensal.
Parágrafo único. As pessoas físicas ou jurídicas de que trata este artigo pagarão, a título de licença,
uma taxa anual para as diferentes formas de comércio, até o limite de um salário mínimo mensal.
Art. 22. 0 registro de clubes ou sociedades amadoristas, de que trata o art. 11, será concedido
mediante pagamento de uma taxa equivalente a meio salário mínimo mensal.
Parágrafo único. As licenças de trânsito com arma de caça e de esporte, referidas no art. 12, estarão
sujeitas ao pagamento de uma taxa anual equivalente a um vigésimo do salário mínimo mensal.
Art. 23. Far-se-á, com a cobrança da taxa equivalente a dois décimos do salário mínimo mensal, o
registro dos criadouros.
Art. 24. 0 pagamento das licenças, registros e taxas previstos nesta Lei será recolhido ao Banco do
Brasil S/A em conta especial, a crédito do Fundo Federal Agropecuário, sob o título "Recursos da
Fauna".
Art. 25. A União fiscalizará diretamente pelo órgão executivo específico, do Ministério da Agricultura,
ou em convênio com os Estados e Municípios, a aplicação das normas desta Lei, podendo, para tanto,
criar os serviços indispensáveis.
Parágrafo único. A fiscalização da caça pelos órgãos especializados não exclui a ação da
autoridade policial ou das Forças Armadas por iniciativa própria.
Art. 26. Todos os funcionários, no exercício da fiscalização da caça, são equiparados aos agentes de
segurança pública, sendo-lhes assegurado o porte de armas.
Art. 27. Constitui crime punível com pena de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos a violação do disposto
nos arts. 22 , 32, 17 e 18 desta Lei.
§ 1 2. É considerado crime punível com a pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos a violação do
disposto nos arts. 1 2 e seus parágrafos, 4 2, 8 2 e suas alíneas a, b e c, 10 e suas alíneas a, b, c, d, e, f,
g, h, 1,j, Iem,e14eseu§ desta Lei.
§ 22. Incorre na pena prevista no caput deste artigo quem provocar, pelo uso direto ou indireto de
agrotóxicos ou de qualquer outra substância química, o perecimento de espécimes da fauna ictiológica
existente em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou mar territorial brasileiro.
§ 32 . Incide na pena prevista no § 1 2 deste artigo quem praticar pesca predatória, usando
instrumento proibido, explosivo, erva ou substância química de qualquer natureza.
■ Quanto à pesca com explosivos e substâncias tóxicas, vide Lei n° 7.679, de 23.11.88
§ 42 . (Revogado pela Lei n° 7.679, de 23. 11.88.)
843 Lei n° 5.197, de 3.1.67

§ 52. Quem, de qualquer maneira, concorrer para os crimes previstos no caput e no § 1 2 deste artigo
incidirá nas penas a eles cominadas.
§ 62 . Se o autor da infração considerada crime nesta Lei for estrangeiro, será expulso do País, após
o cumprimento da pena que lhe foi imposta (vetado), devendo a autoridade judiciária ou administrativa
remeter, ao Ministério da Justiça, cópia da decisão cominativa da pena aplicada, no prazo de 30 (trinta)
dias do trânsito em julgado de sua decisão.
■ Artigo e parágrafos com redação determinada pela Lei n° 7.653, de 12.2.88.
Art. 28. Além das contravenções estabelecidas no artigo precedente, subsistem os dispositivos sobre
contravenções e crimes previstos no Código Penal e nas demais leis, com as penalidades neles
contidas.
Art. 29. São circunstâncias que agravam a pena, afora aquelas constantes do Código Penal e da Lei
das Contravenções Penais, as seguintes:
a. cometer a infração em período defeso à caça ou durante a noite;
b. empregar fraude ou abuso de confiança;
c. aproveitar indevidamente licença de autoridade;
d. incidir a infração sobre animais silvestres e seus produtos oriundos de áreas onde a caça é
proibida.
Art. 30. As penalidades incidirão sobre os autores, sejam eles:
a. diretos;
b. arrendatários, parceiros, posseiros, gerentes, administradores, diretores, promitentes compra-
dores ou proprietários das áreas, desde que praticada por prepostos ou subordinados e no
interesse dos proponentes ou dos superiores hierárquicos;
c. autoridades que por ação ou omissão consentirem na prática do ato ilegal, ou que cometerem
abusos do poder.
Parágrafo único. Em caso de ações penais simultâneas pelo mesmo fato, iniciadas por várias
autoridades, o juiz reunirá os processos na jurisdição em que se firmar a competência.
Art. 31. A ação penal independente de queixa, mesmo em se tratando de lesão em propriedade
privada, quando os bens atingidos são animais silvestres e seus produtos, instrumentos de trabalho,
documentos e atos relacionados com a proteção da fauna disciplinada nesta Lei.
Art. 32. São autoridades competentes para instaurar, presidir e proceder a inquéritos policiais, lavrar
autos de prisão em flagrante e intentar a ação penal, nos casos de crimes ou de contravenções
previstas nesta Lei ou em outras leis que tenham por objeto os animais silvestres, seus produtos,
instrumentos e documentos relacionados com os mesmos, as indicadas no Código de Processo Penal.
Art. 33. A autoridade apreenderá os produtos da caça e/ou da pesca bem como os instrumentos
utilizados na infração, e se estes, por sua natureza ou volume, não puderem acompanhar o inquérito,
serão entregues ao depositário público local, se houver, e, na sua falta, ao que for nomeado pelo juiz.
Parágrafo único. Em se tratando de produtos perecíveis, poderão ser os mesmos doados a
instituições científicas, penais, hospitais e/ou casas de caridade mais próximas.
■ Artigo e parágrafo único com redação determinada pela Lei n° 7.653, de 12.2.88.
Art. 34. Os crimes previstos nesta Lei são inafiançáveis e serão apurados mediante processo sumário,
aplicando-se, no que couber, as normas do Título II, Capítulo V, do Código de Processo Penal.
■ Artigo com redação determinada pela Lei n° 7.653, de 12.2.88.
Art. 35. Dentro de 2 (dois) anos a partir da promulgação desta Lei, nenhuma autoridade poderá permitir
a adoção de livros escolares de leitura que não contenham textos sobre a proteção da fauna, aprovados
pelo Conselho Federal de Educação.
§ 1 2 . Os programas de ensino de nível primário e médio deverão contar pelo menos com duas aulas
anuais sobre a matéria a que se refere o presente artigo.
§ 22 . Igualmente os programas de rádio e televisão deverão incluir textos e dispositivos aprovados
Lei n2 5.249, de 9.2.67 844

pelo órgão público federal competente, no limite mínimo de 5 (cinco) minutos semanais, distribuídos
ou não, em diferentes dias.
Art. 36. Fica instituído o Conselho Nacional de Proteção à Fauna, com sede em Brasília, como órgão
consultivo e normativo da política de proteção à fauna do País.
Parágrafo único. O Conselho, diretamente subordinado ao Ministério da Agricultura, terá sua
composição e atribuições estabelecidas por decreto do Poder Executivo.
Art. 37. 0 Poder Executivo regulamentará a presente Lei, no que for julgado necessário à sua exe-
cução.
Art. 38. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogados o Decreto-Lei n 2 5.894, de 20
de outubro de 1943, e demais disposições em contrário.
Brasília, 3 de janeiro de 1967; 146 2 da Independência e 79 2 da República.

H. CASTELLO BRANCO
Severo Fagundes Gomes
(Publicada no DOU de 5.1.67.)

LEI N 5.249, DE 9 DE FEVEREIRO DE 1967


2

Dispõe sobre a ação pública de crimes de responsabilidade.


O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 2 . A falta de representação do ofendido, nos casos de abusos previstos na Lei n 2 4.898, de 9 de
dezembro de 1965, não obsta a iniciativa ou o curso de ação pública.
Art. 2 2. A presente Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 3 2. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 9 de fevereiro de 1967; 146 2 da Independência e 79 2 da República.
H. CASTELLO BRANCO

(Publicada no DOU de 10.2.67.)

LEI N 5.250, DE 9 DE FEVEREIRO DE 1967


2

Regula a liberdade de manifestação do pensamento e de informação.


O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Capítulo I
DA LIBERDADE DE MANIFESTAÇAO
DO PENSAMENTO E DE INFORMAÇAO
Art. 1 2 . É livre a manifestação do pensamento e a procura, o recebimento e a difusão de informações
ou idéias, por qualquer meio, e sem dependência de censura, respondendo cada um, nos termos da
lei, pelos abusos que cometer.
§ 1 2 . Não será tolerada a propaganda de guerra, de processos de subversão da ordem política e
social ou de preconceitos de raça ou classe.
§ 2 2 . O disposto neste artigo não se aplica a espetáculos e diversões públicas, que ficarão sujeitos
à censura, na forma da lei, nem na vigência do estado de sítio, quando o Governo poderá exercer a
845 Lei n° 5.250, de 9.2.67

censura sobre os jornais ou periódicos e empresas de radiodifusão e agências noticiosas nas matérias
atinentes aos motivos que o determinaram, como também em relação aos executores daquela medida.
Art. 22 . É livre a publicação e circulação, no território nacional, de livros e de jornais e outros periódicos,
salvo se clandestinos (art. 11) ou quando atentem contra a moral e os bons costumes.
§ 1 2 . A exploração dos serviços de radiodifusão depende de permissão ou concessão federal, na
forma da lei.
§ 2 2 . E li vre a exploração de empresas que tenham por objeto o agenciamento de notícias, desde
que registradas nos termos do art. 8°.
■ Vide Lei n°4.117, de 27.8.62, que instituiu o Código Brasileiro de Telecomunicações, complementada
e modificada pelo Decreto-Lei n° 236, de 28.2.67.
Art. 3 2 . É vedada a propriedade de empresas jornalísticas, sejam políticas ou simplesmente noticiosas,
a estrangeiros e a sociedades por ações ao portador.
§ 1 2 . Nem estrangeiros nem pessoas jurídicas, excetuados os partidos políticos nacionais, poderão
ser sócios ou participar de sociedades proprietárias de empresas jornalísticas, nem exercer sobre elas
qualquer tipo de controle direto ou indireto.
§ 2 2 . A responsabilidade e a orientação intelectual e administrativa das empresas jornalísticas
caberão, exclusivamente, a brasileiros natos, sendo rigorosamente vedada qualquer modalidade de
contrato de assistência técnica com empresas ou organizações estrangeiras, que lhes faculte, sob
qualquer pretexto ou maneira, ter participação direta, indireta ou sub-reptícia, por intermédio de
prepostos ou empregados, na administração e na orientação da empresa jornalística.
§ 3 2 . A sociedade que explorar empresas jornalísticas poderá ter forma civil ou comercial, respei-
tadas as restrições constitucionais e legais relativas à sua propriedade e direção.
§ 4 2 . São empresas jornalísticas, para os fins da presente Lei, aquelas que editarem jornais, revistas
ou outros periódicos. Equiparam-se às empresas jornalísticas, para fins de responsabilidade civil e
penal, aquelas que explorarem serviços de radiodifusão e televisão, agenciamento de notícias e as
empresas cinematográficas.
■ § 42 com redação dada pela Lei n° 7.300, de 27.3.85.
§ 5 2 . Qualquer pessoa que emprestar seu nome ou servir de instrumento para violação do disposto
nos parágrafos anteriores ou que emprestar seu nome para se ocultar o verdadeiro proprietário, sócio,
responsável ou orientador intelectual ou administrativo das empresas jornalísticas, será punida com a
pena de 1 (um) a 3 (três) anos de detenção e multa de dez a cem salários mínimos vigorantes na capital
do País.
■ Vide art. 2 2 da Lei n° 7.209, de 11.7.84, sobre pena de multa.
§ 6 2 . As mesmas penas serão aplicadas àquele em proveito de quem reverter a simulação ou que
a houver determinado ou promovido.
§ 7 Estão excluídas do disposto nos §§ e deste artigo as publicações científicas, técnicas,
culturais e artísticas.
■ Vide arts. 5 2 e 62.
■ Por força do art. 1 2 do Decreto-Lei n 2 207, de 27.2.67, o § 32 do art. 60 passou a constituir, com a
mesma redação, este § 72.
Art. 42 . Caberá exclusivamente a brasileiros natos a responsabilidade e a orientação intelectual e
administrativa dos serviços de notícias, reportagens, comentários, debates e entrevistas, transmitidos
pelas empresas de radiodifusão.
§ 1 2 . É vedado às empresas de radiodifusão manter contratos de assistência técnica com empresas
ou organizações estrangeiras, quer a respeito de administração, quer de orientação, sendo rigorosa-
mente proibido que estas, por qualquer forma ou modalidade, pretexto ou expediente, mantenham ou
nomeiem servidores ou técnicos que, de forma direta ou indireta, tenham intervenção ou conhecimento
da vida administrativa ou da orientação da empresa de radiodifusão.
§ 2 2 . A vedação do parágrafo anterior não alcança a parte estritamente técnica ou artística da
programação e do aparelhamento da empresa.
■ Vide arts. 52 e 6°.

2 2
Obs.: O art. 3 foi parcialmente revogado pela nova redação do art. 222 da CR/88, dada pela EC n 36, de
28.5.2002, que passou a admitir a participação do capital estrangeiro nas empresas de mídia, em até 30%, o que
foi regulamentado pela Lei n° 10.610, de 20.12.2002 (Anexo IV).
Lei n° 5.250, de 9.2.67 846

Art. 59 . As proibições a que se referem o § 2° do art. 3° e o § 1° do art. 4° não se aplicam aos casos
de contrato de assistência técnica, com empresa ou organização estrangeira, não superior a 6 (seis)
meses e exclusivamente referente à fase de instalação e início de funcionamento de equipamento,
máquinas e aparelhamento técnicos.
Art. 64. Depende da prévia aprovação do CONTEL qualquer contrato que uma empresa de radiodifu-
são pretenda fazer com empresa ou organização estrangeira, que possa, de qualquer forma, ferir o
espírito das disposições dos arts. 3° e 4°, sendo também proibidas quaisquer modalidades contratuais
que de maneira direta ou indireta assegurem a empresas ou organizações estrangeiras participação
nos lucros brutos ou líquidos das empresas jornalísticas ou de radiodifusão.
Art. 72. No exercício da liberdade de manifestação do pensamento e de informação não é permitido
o anonimato. Será, no entanto, assegurado e respeitado o sigilo quanto às fontes de origem de
informações recebidas ou recolhidas por jornalistas, radiorrepórteres ou comentaristas.
§ 1°. Todo jornal ou periódico é obrigado a estampar, no seu cabeçalho, o nome do diretor ou
redator-chefe, que deve estar no gozo dos seus direitos civis e políticos, bem como indicar a sede da
administração e do estabelecimento gráfico onde é impresso, sob pena de multa diária de, no máximo,
um salário mínimo da região, nos termos do art. 10.
§ 2°. Ficará sujeito à apreensão pela autoridade policial todo impresso que, por qualquer meio,
circular ou for exibido em público sem estampar o nome do autor e editor, bem como a indicação da
oficina onde foi impresso, sede da mesma e data da impressão.
§ 3°. Os programas de noticiário, reportagens, comentários, debates e entrevistas, nas emissoras
de radiodifusão, deverão enunciar, no princípio e ao final de cada um, o nome do respectivo diretor ou
produtor.
§ 4°. O diretor ou principal responsável do jornal, revista, rádio e televisão manterá em livro próprio
que abrirá e rubricará em todas as folhas, para exibir em juízo, quando para isso for intimado, o registro
dos pseudônimos, seguidos da assinatura dos seus utilizantes, cujos trabalhos sejam ali divulgados.

Capítulo II
DO REGISTRO
Art. 8°. Estão sujeitos a registro no cartório competente do Registro Civil das Pessoas Jurídicas:
I. os jornais e demais publicações periódicas;
II. as oficinas impressoras de quaisquer naturezas, pertencentes a pessoas naturais ou jurídicas;
III. as empresas de radiodifusão que mantenham serviços de notícias, reportagens, comentários,
debates e entrevistas;
IV. as empresas que tenham por objeto o agenciamento de notícias.
■ Vide art. 2° § 2°
Art. 92 . 0 pedido de registro conterá as informações e será instruído com os documentos seguintes:
I. no caso de jornais ou outras publicações periódicas:
a. título do jornal ou periódico, sede da redação, administração e oficinas impressoras, esclare-
cendo, quanto a estas, se são próprias ou de terceiros, e indicando, neste caso, os respectivos
proprietários;
b. nome, idade, residência e prova de nacionalidade do diretor ou redator-chefe;
c. nome, idade, residência e prova de nacionalidade do proprietário;
d. se propriedade de pessoa jurídica, exemplar do respectivo estatuto ou contrato social e nome,
idade, residência e prova da nacionalidade dos diretores, gerentes e sócios da pessoa jurídica
proprietária;
II. no caso de oficinas impressoras:
a. nome, nacionalidade, idade e residência do gerente e do proprietário, se pessoa natural;
b. sede da administração, lugar, rua e número onde funcionam as oficinas e denominação destas;
c. exemplar do contrato ou estatuto social, se pertencentes a pessoa jurídica;
III. no caso de empresas de radiodifusão:
a. designação da emissora, sede da sua admnistração e local das instalações do estúdio;
b. nome, idade, residência e prova de nacionalidade do diretor ou redator-chefe responsável
pelos serviços de notícias, reportagens, comentários, debates e entrevistas;
847 Lei n 2 5.250, de 9.2.67

IV. no caso de empresas noticiosas:


a. nome, nacionalidade, idade e residência do gerente e do proprietário, se pessoa natural;
b. sede da administração;
c. exemplar do contrato ou estatuto social, se pessoa jurídica.
Parágrafo único. As alterações em qualquer dessas declarações ou documentos deverão ser
averbadas no registro no prazo de 8 (oito) dias.
■ Vide arts. 28, § 1 2, b, 37, 11, b, e 51, parágrafo único, c.
Art. 10. A falta de registro das declarações exigidas no artigo anterior, ou de averbação da alteração,
será punida com a multa que terá o valor de meio a dois salários mínimos da região.
§ 1 2 . A sentença que impuser a multa fixará prazo, não inferior a 20 (vinte) dias, para registro ou
alteração das declarações.
§ 22 . A multa será liminarmente aplicada pela autoridade judiciária, cobrada por processo execu-
tivo, mediante ação do Ministério Público, depois que, marcado pelo juiz, não for cumprido o
despacho.
§ 32 . Se o registro ou alteração não for efetivado no prazo referido no § 1 2 deste artigo, o juiz poderá
impor nova multa, agravando-a de 50% (cinqüenta por cento) toda vez que seja ultrapassado de 10
(dez) dias o prazo assinalado na sentença.
Art. 11. Considera-se clandestino o jornal ou outra publicação periódica não registrada nos termos do
art. 9 2 , ou de cujo registro não constem o nome e qualificação do diretor ou redator e do proprietário.

Capítulo III
DOS ABUSOS NO EXERCICIO
DA LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO
DO PENSAMENTO E INFORMAÇÃO

Art. 12. Aqueles que, através dos meios de informação e divulgação, praticarem abusos no exercício
da liberdade de manifestação do pensamento e informação ficarão sujeitos às penas desta Lei e
responderão pelos prejuízos que causarem.
Parágrafo único. São meios de informação e divulgação, para os efeitos deste artigo, os jornais e
outras publicações periódicas, os serviços de radiodifusão e os serviços noticiosos.
Art. 13. Constituem crimes na exploração ou utilização dos meios de informação e divulgação os
previstos nos artigos seguintes.
Art. 14. Fazer propaganda de guerra, de processos para subversão da ordem política e social ou de
preconceitos de raça ou classe:
Pena — de 1 (um) a 4 (quatro) anos de detenção.
Art. 15. Publicar ou divulgar:
a. segredo de Estado, notícia ou informação relativa à preparação da defesa interna ou externa
do País, desde que o sigilo seja justificado como necessário, mediante norma ou recomenda-
ção prévia determinando segredo, confidência ou reserva;
b. notícia ou informação sigilosa, de interesse da segurança nacional, desde que exista, igual-
mente, norma ou recomendação prévia determinando segredo, confidência ou reserva:
Pena — de 1 (um) a 4 (quatro) anos de detenção.
Art. 16. Publicar ou divulgar notícias falsas ou fatos verdadeiros truncados ou deturpados, que
provoquem:
I. perturbação da ordem pública ou alarma social;
II. desconfiança no sistema bancário ou abalo de crédito de instituição financeira ou de qualquer
empresa, pessoa física ou jurídica;
III. prejuízo ao crédito da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município;
IV. sensível perturbação na cotação das mercadorias e dos títulos imobiliários no mercado
financeiro:
Pena — de 1 (um) a 6 (seis) meses de detenção quando se tratar do autor do escrito ou transmissão
incriminada, e multa de cinco a dez salários mínimos da região.
■ Sobre pena de multa, vide art. 22 da Lei n 2 7.209, de 11.7.84.
Lei n° 5.250, de 9.2.67 848

Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, se o crime é culposo:


Pena detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa, de um a dez salários mínimos da região.
Art. 17. Ofender a moral pública e os bons costumes:
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, de um a vinte salários mínimos da região.
Parágrafo único. Divulgar, por qualquer meio e de forma a atingir seus objetivos, anúncio, aviso ou
resultado de loteria não autorizada, bem como de jogo proibido, salvo quando a divulgação tiver por
objetivo inequívoco comprovar ou criticar a falta de repressão por parte das autoridades responsáveis:
Pena — detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa, de um a cinco salários mínimos da região.
■ Vide Decreto-Lei n° 6.259, de 10.2.44, art. 55 e parágrafo único.
Art. 18. Obter ou procurar obter, para si ou para outrem, favor, dinheiro ou outra vantagem, para não
fazer ou impedir que se faça publicação, transmissão ou distribuição de notícias:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, de dois a trinta salários mínimos da região.
§ 1 2 . Se a notícia cuja publicação, transmissão ou distribuição se prometeu não fazer ou impedir
que se faça, mesmo que expressada por desenho, figura, programa ou outras formas capazes de
produzir resultados, for desabonadora da honra e da conduta de alguém:
Pena — reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa, de cinco a cinqüenta salários mínimos da
região.
§ 22 . Fazer ou obter que se faça, mediante paga ou recompensa, publicação ou transmissão que
importe em crime previsto na lei:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, de dois a trinta salários mínimos da região.
Art. 19. Incitar à prática de qualquer infração às leis penais:
Pena — um terço da prevista na lei para a infração provocada, até o máximo de 1 (um) ano de
detenção, ou multa, de um a vinte salários mínimos da região.
§ 1 2 . Se a incitação for seguida da prática do crime, as penas serão as mesmas cominadas a este.
§ 22 . Fazer apologia de fato criminoso ou de autor de crime:
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa, de um a vinte salários mínimos da
região.
Art. 20. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa, de um a vinte salários mínimos da
região.
§ 1 2 . Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, reproduz a publicação ou
transmissão caluniosa.
§ 29 . Admite-se a prova da verdade, salvo se do crime imputado, embora de ação pública, o
ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
§ 3 9 . Não se admite a prova da verdade contra o Presidente da República, o Presidente do Senado
Federal, o Presidente da Câmara dos Deputados, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, Chefes
de Estado ou de Governo estrangeiro, ou seus representantes diplomáticos.
Art. 21. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena — detenção de 3 (três) a 18 (dezoito) meses, e multa, de dois a dez salários mínimos da
região.
§ 1 2 . A exceção da verdade somente se admite:
a. se o crime é cometido contra funcionário público, em razão das funções, ou contra órgão ou
entidade que exerça funções de autoridade pública;
b. se o ofendido permite a prova.
§ 2°. Constitui crime de difamação a publicação ou transmissão, salvo se motivada por interesse
público, de fato delituoso, se o ofendido já tiver cumprido pena a que tenha sido condenado em virtude
dele.
Art. 22. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou decoro:
Pena — detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa, de um a dez salários mínimos da região.
Parágrafo único. O juiz pode deixar de aplicar a pena:
a. quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
b. no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
849 Lei n° 5.250, de 9.2.67

Art. 23. As penas cominadas dos arts. 20 a 22 aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é
cometido:
I. contra o Presidente da República, Presidente do Senado, Presidente da Câmara dos Deputa-
dos, Ministro do Supremo Tribunal Federal, Chefe de Estado ou Governo estrangeiro, ou seus
representantes diplomáticos;
II. contra funcionário púbiico, em razão de suas funções;
III. contra órgão ou autoridade que exerça função de autoridade pública.
■ Nota: O art. 23, III, refere-se a "ou autoridade" quando deveria ser "ou entidade" (cf. art. 21, § 1 2, a).
Art. 24. São puníveis, nos termos dos arts. 20 a 22, a calúnia, difamação e injúria contra a memória
dos mortos.
Art. 25. Se de referências, alusões ou frases se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julgar
ofendido poderá notificar judicialmente o responsável, para que, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
as explique.
§ 1 2 . Se neste prazo o notificado não dá explicação, ou, a critério do juiz, essas não são satisfatórias,
responde pela ofensa.
§ 2 2 . A pedido do notificante, o juiz pode determinar que as explicações dadas sejam publicadas
ou transmitidas, nos termos dos arts. 29 e seguintes.
Art. 26. A retratação ou retificação espontânea, expressa e cabal, feita antes de iniciado o procedi-
mento judicial, excluirá a ação penal contra o responsável pelos crimes previstos nos arts. 20 a 22.
§ 1 2 . A retratação do ofensor, em juízo, reconhecendo, por termo lavrado nos autos, a falsidade da
imputação, o eximirá da pena, desde que pague as custas do processo e promova, se assim o desejar
o ofendido, dentro de 5 (cinco) dias e por sua conta, a divulgação da notícia da retratação.
§ 2 2 . Nos casos deste artigo e do § 1 2 a retratação deve ser feita ou divulgada:
a. no mesmo jornal ou periódico, no mesmo local, com os mesmos caracteres e sob a mesma
epígrafe; ou
b. na mesma estação emissora e no mesmo programa ou horário.
Art. 27. Não constituem abusos no exercício da liberdade de manifestação do pensamento e de
informação:
I. a opinião desfavorável da crítica literária, artística, científica ou desportiva, salvo quando inequí-
voca a intenção de injuriar ou difamar;
II. a reprodução, integral ou resumida, desde que não constitua matéria reservada ou sigilosa,
de relatórios, pareceres, decisões ou atos proferidos pelos órgãos competentes das casas legislativas;
III. noticiar ou comentar, resumida ou amplamente, projetos e atos do Poder Legislativo, bem como
debates e críticas a seu respeito;
IV. a reprodução integral, parcial ou abreviada, a notícia, crônica ou resenha dos debates escritos
ou orais, perante juízes e tribunais, bem como a divulgação de despachos e sentenças e de tudo
quanto for ordenado ou comunicado por autoridades judiciais;
V. a divulgação de articulados, cotas ou alegações produzidas em juízo pelas partes ou seus
procuradores;
VI. a divulgação, a discussão e a crítica de atos e decisões do Poder Executivo e seus agentes,
desde que não se trate de matéria de natureza reservada ou sigilosa;
VII. a crítica às leis e a demonstração de sua inconveniência ou inoportunidade;
VIII. a crítica inspirada pelo interesse público;
IX. a exposição de doutrina ou idéia.
Parágrafo único. Nos casos dos incisos I I a VI deste artigo, a reprodução ou noticiário que contenha
injúria, calúnia, ou difamação deixará de constituir abuso no exercício da liberdade de informação, se
forem fiéis e faltas de modo que não demonstrem má-fé.
Art. 28. 0 escrito publicado em jornais ou periódicos sem indicação de seu autor considera-se
redigido:
I. pelo redator da seção em que é publicado, se o jornal ou periódico mantém seções distintas
sob a responsabilidade de certos e determinados redatores, cujos nomes nelas figuram permanente-
mente;
Lei n° 5.250, de 9.2.67 850

II. pelo diretor ou redator-chefe, se publicado na parte editorial;


III. pelo gerente ou pelo proprietário das oficinas impressoras, se publicado na parte ineditorial.
§ 1° Nas emissões de radiodifusão, se não há indicação do autor das expressões faladas ou das
imagens transmitidas, é tido como seu autor:
a. o editor ou produtor do programa, se declarado na transmissão;
b. o diretor ou redator registrado de acordo com o art. 9 2 , inciso Ill, letra b, no caso de programas
de notícias, reportagens, comentários, debates ou entrevistas;
c, o diretor ou proprietário da estação emissora, em relação aos demais programas.
§ 22 . A notícia transmitida por agência noticiosa presume-se enviada pelo gerente da agência de
onde se origine, ou pelo diretor da empresa.
■ Vide arts. 37, 1, § 1 2, e 38, I.

Capítulo IV
DO DIREITO DE RESPOSTA
Art. 29. Toda pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade pública, que for acusado ou ofendido em
publicação feita em jornal ou periódico, ou em transmissão de radiodifusão, ou a cujo respeito os meios
de informação e divulgação veicularem fato inverídico ou errôneo, tem direito a resposta ou retificação.
§ 1 2 . A resposta ou retificação pode ser formulada:
a. pela própria pessoa ou seu representante legal;
b. pelo cônjuge, ascendente, descendente e irmão, se o atingido está ausente do País, se a
divulgação é contra pessoa morta, ou se a pessoa visada faleceu depois da ofensa recebida,
mas antes de decorrido o prazo de decadência do direito de resposta.
§ 22 . A resposta, ou retificação, deve ser formulada por escrito, dentro do prazo de 60 (sessenta)
dias da data da publicação ou transmissão, sob pena de decadência do direito.
§ 32. Extingue-se ainda o direito de resposta com o exercício de ação penal ou civil contra o jornal,
periódico, emissora ou agência de notícias, com fundamento na publicação ou transmissão incriminada.
Art. 30. 0 direito de resposta consiste:
I. na publicação da resposta ou retificação do ofendido, no mesmo jornal ou periódico, no mesmo
lugar, em caracteres tipográficos idênticos ao escrito que lhe deu causa, e em edição e dia normais;
II. na transmissão da resposta ou retificação escrita do ofendido, na mesma emissora e no mesmo
programa e horário em que foi divulgada a transmissão que lhe deu causa; ou
III. a transmissão da resposta ou da retificação do ofendido, pela agência de notícias, a todos os
meios de informação e divulgação a que foi transmitida a notícia que lhe deu causa.
§ 1 2 . A resposta ou pedido de retificação deve:
a. no caso de jornal ou periódico, ter dimensão igual à do escrito incriminado, garantido o mínimo
de cem linhas;
b. no caso de transmissão por radiodifusão, ocupar tempo igual ao da transmissão incriminada,
podendo durar no mínimo 1 (um) minuto, ainda que aquela tenha sido menor;
c. no caso de agência de notícias, ter dimensão igual à da notícia incriminada.
§ 22. Os limites referidos no parágrafo anterior prevalecerão para cada resposta ou retificação em
separado, não podendo ser acumulados.
§ 32. No caso de jornal, periódico ou agência de notícias, a resposta ou retificação será publicada
ou transmitida gratuitamente, cabendo o custo da resposta ao ofensor ou ao ofendido, conforme
decisão do Poder Judiciário, se o responsável não é o diretor ou redator-chefe do jornal, nem com ele
tenha contrato de trabalho ou se não é gerente ou proprietário da agência de notícias nem com ela,
igualmente, mantenha relação de emprego.
§ 42 . Nas transmissões por radiodifusão, se o responsável pela transmissão incriminada não é o
diretor ou proprietário da empresa permissionária, nem com esta tem contrato de trabalho, de
publicidade ou de produção de programa, o custo da resposta cabe ao ofensor ou ao ofendido,
conforme decisão do Poder Judiciário.
851 Lei n° 5.250, de 9.2.67

§ 59 . Nos casos previstos nos §§ 3 9' e 42 , as empresas têm ação executiva para haver o custo de
publicação ou transmissão da resposta daquele que é julgado responsável.
§ 62 . Ainda que a responsabilidade de ofensa seja de terceiros, a empresa perde o direito de
reembolso, referido no § 5 2 , se não transmite a resposta nos prazos fixados no art. 31.
§ 72 . Os limites máximos da resposta ou retificação, referidos no § 1 2 , podem ser ultrapassados, até
o dobro, desde que o ofendido pague o preço da parte excedente às tarifas normais cobradas pela
empresa que explora o meio de informação ou divulgação.
§ 82 . A publicação ou transmissão da resposta ou retificação, juntamente com comentários em
caráter de réplica, assegura ao ofendido direito a nova resposta.
Art. 31. 0 pedido de resposta ou retificação deve ser atendido:
I. dentro de 24 (vinte e quatro) horas, pelo jornal, emissora de radiodifusão ou agência de
notícias;
H. no primeiro número impresso, no caso de periódico que não seja diário.
§ 1 2 . No caso da emissora de radiodifusão se o programa em que foi feita a transmissão incriminada
não é diário, a emissora respeitará a exigência de publicação no mesmo programa, se constar do
pedido resposta de retificação, e fará transmissão no primeiro programa após o recebimento do pedido.
§ 22 . Se, de acordo com o art. 30, §§ 3 2 e 49 , a empresa é a responsável pelo custo da resposta,
pode condicionar a publicação ou transmissão à prova de que o ofendido a requereu em juízo,
contando-se desta prova os prazos referidos no inciso I e no § 1 2 .
Art. 32. Se o pedido de resposta ou retificação não for atendido nos prazos referidos no art. 31, o
ofendido poderá reclamar judicialmente a sua publicação ou transmissão.
§ 1 9 . Para esse fim, apresentará um exemplar do escrito incriminado, se for o caso, ou descreverá
a transmissão incriminada, bem como o texto da resposta ou retificação, em duas vias datilografadas,
requerendo ao juiz criminal que ordene ao responsável pelo meio de informação e divulgação a
publicação ou transmissão, nos prazos do art. 31.
§ 22 . Tratando-se de emissora de radiodifusão, o ofendido poderá, outrossim, reclamar judicialmen-
te o direito de fazer a retificação ou dar a resposta pessoalmente, dentro de 24 (vinte e quatro) horas,
contadas da intimação judicial
§ 32 . Recebido o pedido de resposta ou retificação, o juiz, dentro de 24 (vinte e quatro) horas,
mandará citar o responsável pela empresa que explora meio de informação e divulgação para que,
em igual prazo, diga das razões por que não o publicou ou transmitiu.
§ 49'. Nas 24 (vinte e quatro) horas seguintes, o juiz proferirá a sua decisão, tenha o responsável
atendido ou não à intimação.
§ 5 2 . A ordem judicial de publicação ou transmissão será feita sob pena de multa, que poderá ser
aumentada pelo juiz até o dobro:
a. de Cr$ 10.000 (dez mil cruzeiros) por dia de atraso na publicação, nos casos de jornal e
agências de notícias, e no de emissora de radiodifusão, se o programa for diário;
b. equivalente a Cr$ 10.000 (dez mil cruzeiros) por dia de intervalo entre as edições ou programas,
no caso de impresso ou programa não diário.
§ 69 . Tratando-se de emissora de radiodifusão, a sentença do juiz decidirá do responsável pelo
custo da transmissão e fixará o preço desta.
§ 7 9 . Da decisão proferida pelo juiz caberá apelação sem efeito suspensivo.
§ 8°. A recusa ou demora de publicação ou divulgação de resposta, quando couber, constitui crime
autônomo e sujeita o responsável ao dobro da pena cominada à infração.
§ 99 . A resposta cuja divulgação não houver obedecido ao disposto nesta Lei é considerada
inexistente.
Art. 33. Reformada a decisão do juiz em instância superior, a empresa que tiver cumprido a ordem
judicial de publicação ou transmissão da resposta ou retificação terá ação executiva para haver do
autor da resposta o custo de sua publicação, de acordo com a tabela de preços para os seus serviços
de divulgação.
Art. 34. Será negada a publicação ou transmissão da resposta ou retificação:
I. quando não tiver relação com os fatos referidos na publicação ou transmissão a que pretende
responder;
Lei n 2 5.250, de 9.2.67 852

II. quando contiver expressões caluniosas, difamatórias ou injuriosas sobre o jornal, periódico,
emissora ou agência de notícias em que houve a publicação ou transmissão que lhe deu motivos,
assim como sobre os seus responsáveis, ou terceiros;
III. quando versar sobre atos ou publicações oficiais, exceto se a retificação partir de autoridade
pública;
IV. quando se referir a terceiros, em condições que criem para estes igual direito de resposta;
V. quando tiver por objeto critica literária, teatral, artística, científica ou desportiva, salvo se esta
contiver calúnia, difamação ou injúria.
Art. 35. A publicação ou transmissão da resposta ou pedido de retificação não prejudicará as ações
do ofendido para promover a responsabilidade penal e civil.
Art. 36. A resposta do acusado ou ofendido será também transcrita ou divulgada em pelo menos um
dos jornais, periódicos ou veículos de radiodifusão que houverem divulgado a publicação motivadora,
preferentemente o de maior circulação ou expressão. Nesta hipótese, a despesa correrá por conta do
órgão responsável pela publicação original, cobrável por via executiva.

Capítulo V
DA RESPONSABILIDADE PENAL

Seção I
DOS RESPONSAVEIS
Art. 37. São responsáveis pelos crimes cometidos através da imprensa e das emissoras de radiodifu-
são, sucessivamente:
I. o autor do escrito ou transmissão incriminada (art. 28 e § 1 2), sendo pessoa idônea e residente
no País, salvo tratando-se de reprodução feita sem o seu consentimento, caso em que responderá
como seu autor quem a tiver reproduzido;
II. quando o autor estiver ausente do País, ou não tiver idoneidade para responder pelo crime:
a. o diretor ou redator-chefe do jornal ou periódico; ou
b. o diretor ou redator registrado de acordo com o art. 9 2 , inciso Ill, letra b, no caso de programa
de notícias, reportagens, comentários, debates ou entrevistas, transmitidos por emissoras de
radiodifusão;
III. se o responsável, nos termos do inciso anterior, estiver ausente do País ou não tiver idoneidade
para responder pelo crime:
a. o gerente ou proprietário das oficinas impressoras no caso de jornais ou periódicos; ou
b. o diretor ou o proprietário da estação emissora de serviços de radiodifusão;
IV. os distribuidores ou vendedores da publicação ilícita ou clandestina, ou da qual não constar
a indicação do autor, editor, ou oficina onde tiver sido feita a impressão.
§ 1 2 . Se o escrito, a transmissão ou a notícia forem divulgados sem a indicação do seu autor, aquele
que, nos termos do art. 28, §§ 1 2 e 22, for considerado como tal, poderá nomeá-lo, juntando o respectivo
original e a declaração do autor assumindo a responsabilidade.
§ 22 . O disposto neste artigo se aplica:
a. nas empresas de radiodifusão;
b. nas agências noticiosas.
§ 32 . A indicação do autor, nos termos do § 1 2 , não prejudica a responsabilidade do redator de
seção, diretor ou redator-chefe, ou do editor, produtor ou diretor.
§ 42 . Sempre que o responsável gozar de imunidade, a parte ofendida poderá promover a ação
contra o responsável sucessivo, na ordem dos incisos deste artigo.
§ 5 2 . Nos casos de responsabilidade por culpa previstos no art. 37, se a pena máxima privativa da
li berdade for de 1 (um) ano, o juiz poderá aplicar somente a pena pecuniária.
Art. 38. São responsáveis pelos crimes, cometidos no exercício da liberdade de manifestação de
pensamento e de informação através da agência noticiosa, sucessivamente:
I. o autor da notícia transmitida (art. 28, § 2 2 ), sendo pessoa idônea e residente no País;
853 Lei n 2 5.250, de 9.2.67

II. o gerente ou proprietário de agência noticiosa, quando o autor estiver ausente do País ou não
tiver idoneidade para responder pelo crime.
§ 1 2 . O gerente ou proprietário da agência noticiosa poderá nomear o autor da transmissão
incriminada, juntando a declaração deste, assumindo a responsabilidade pela mesma. Neste caso, a
ação prosseguirá contra o autor nomeado, salvo se estiver ausente do País ou for declarado inidôneo
para responder pelo crime.
§ 22 . Aplica-se a este artigo o disposto no § 4 2 do art. 37.
Art. 39. Caberá ao ofendido, caso o deseje, mediante apresentação de documentos ou testemunhas
merecedoras de fé, fazer prova da falta de idoneidade, quer moral, quer financeira, dos responsáveis
pelos crimes previstos nesta Lei, na ordem e nos casos a que se referem os incisos e parágrafos dos
artigos anteriores.
§ 1 2 . Esta prova, que pode ser conduzida perante qualquer juiz criminal, será feita em processo
sumaríssimo, com a intimação dos responsáveis, cuja idoneidade se pretende negar, para em uma
audiência, ou, no máximo, em três, serem os fatos argüidos, provados e contestados.
§ 22 . O juiz decidirá na audiência em que a prova houver sido concluída e de sua decisão cabe
somente recurso sem efeito suspensivo.
§ 3 2 . Declarado inidôneo o primeiro responsável, pode o ofendido exercer a ação penal contra o
que lhe suceder nessa responsabilidade, na ordem dos incisos dos artigos anteriores, caso a respeito
deste novo responsável não se haja alegado ou provado falta de idoneidade.
§ 42 . Aquele que, nos termos do parágrafo anterior, suceder ao responsável, ficará sujeito a um
terço das penas cominadas para o crime. Ficará, entretanto, isento de pena se provar que não
concorreu para o crime com negligência, imperícia ou imprudência.

Seção II
DA AÇÃO PENAL
Art. 40. A ação penal será promovida:
I. nos crimes de que tratam os arts. 20 a 22:
a. pelo Ministério Público, mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do n 2 I do art. 20,
bem como nos casos em que o ofendido for Ministro de Estado;
b. pelo Ministério Público, mediante representação do ofendido, nos casos dos ns. II e III do art.
23;
c. por queixa do ofendido, ou de quem tenha qualidade para representá-lo;
d. pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, indistintamente, quando se tratar de crime
contra a memória de alguém ou contra pessoa que tenha falecido antes da queixa.
II. nos demais crimes por denúncia do Ministério Público.
§ 1 2 . Nos casos do inciso I, alínea c, se o Ministério Público não apresentar denúncia dentro de 10
(dez) dias, o ofendido poderá apresentar queixa.
§ 2 2 . Sob pena de nulidade, é obrigatória a intervenção do Ministério Público, em todos os processos
por abuso de liberdade de imprensa ainda que privados.
§ 3 2 . A queixa pode ser aditada pelo Ministério Público, no prazo de 10 (dez) dias.
■ Redação dada à alínea d pela Lei n 2 6.640, de 8.5.79.
■ O art. 40, I, a, faz remissão ao n 2 I do art. 20, quando deveria aludir ao art. 23, I. O art. 40, § 1 2, faz
remissão à alínea c, quando deveria referir-se à b.
Art. 41. A prescrição da ação penal, nos crimes definidos nesta Lei, ocorrerá 2 (dois) anos após a data
da publicação ou transmissão incriminada, e a condenação, no dobro do prazo em que for fixada.
§ 1 2 . 0 direito de queixa ou de representação prescreverá, se não for exercido dentro de 3 (três)
meses da data da publicação ou transmissão.
§ 2 2 . O prazo referido no parágrafo anterior será interrompido:
a. pelo requerimento judicial de publicação de resposta ou pedido de retificação, e até que este
seja indeferido ou efetivamente atendido;
b. pelo pedido judicial de declaração de inidoneidade do responsável, até o seu julgamento.
§ 3 2 . No caso de periódicos que não indiquem data, o prazo referido neste artigo começará a correr
do último dia do mês ou outro período a que corresponder a publicação.
2
Lei n 5.250, de 9.2.67 854

Seção III
DO PROCESSO PENAL

Art. 42. Lugar do delito, para a determinação da competência territorial, será aquele em que for
impresso o jornal ou periódico, e o do local do estúdio do permissionário ou concessionário do serviço
de radiodifusão, bem como o da administração principal da agência noticiosa.
Parágrafo único. Aplica-se aos crimes de imprensa o disposto no art. 85 do Código de Processo
Penal.
Art. 43. A denúncia ou queixa será instruída com exemplar do jornal ou periódico e obedecerá ao
disposto no art. 41 do Código de Processo Penal, contendo a indicação das provas que o autor
pretendia produzir. Se a infração penal tiver sido praticada através de radiodifusão, a denúncia ou
queixa será instruída com a notificação de que trata o art. 57.
§ 1 2. Ao despachar a denúncia ou queixa, o juiz determinará a citação do réu para que apresente
defesa prévia no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 22. Não sendo o réu encontrado, será citado por edital com o prazo de 15 (quinze) dias. Decorrido
esse prazo e o qüinqüídio para a defesa prévia, sem que o réu haja contestado a denúncia ou queixa,
o juiz o declarará revel e lhe nomeará defensor dativo, a quem se dará vista dos autos para oferecer
defesa prévia.
§ 32. Na defesa prévia, devem ser argüidas as preliminares cabíveis, bem como a exceção da
verdade, apresentando-se, igualmente, a indicação das provas a serem produzidas.
§ 42. Nos processos por ação penal privada, será ouvido a seguir o Ministério Público.
Art. 44. 0 juiz pode receber ou rejeitar a denúncia ou queixa, após a defesa prévia e, nos crimes de
ação penal privada, em seguida à promoção do Ministério Público.
§ 1 2. A denúncia ou queixa será rejeitada quando não houver justa causa para a ação penal, bem
como nos casos previstos no art. 43 do Código de Processo Penal.
§ 22. Contra a decisão que rejeitar a denúncia ou queixa cabe recurso de apelação e, contra a que
recebê-la, recurso em sentido estrito sem suspensão do curso do processo.
Art. 45. Recebida a denúncia, o juiz designará data para a apresentação do réu em juízo e marcará,
desde logo, dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, observados os seguintes preceitos:
I. se o réu não comparecer para a qualificação, o juiz considerá-lo-á revel e lhe nomeará defensor
dativo. Se o réu comparecer e não tiver advogado constituído nos autos, o juiz poderá nomear-lhe
defensor. Em um e outro caso, bastará a presença do advogado ou defensor do réu, nos autos da
instrução;
II. na audiência serão ouvidas as testemunhas de acusação e, em seguida, as de defesa,
marcando-se novas audiências, se necessário, em prazo nunca inferior a 8 (oito) dias;
III. poderá o réu requerer ao juiz que seja interrogado, devendo, nesse caso, ser ele ouvido antes
de inquiridas as testemunhas;
IV. encerrada a instrução, autor e réu terão, sucessivamente, o prazo de 3 (três) dias para
oferecerem alegações escritas.
Parágrafo único. Se o réu não tiver apresentado defesa prévia, apesar de citado, o juizo considerará
revel e lhe dará defensor dativo, a quem se abrirá o prazo de 5 (cinco) dias para contestar a denúncia
ou queixa.
Art. 46. Demonstrada a necessidade de certidões de repartições públicas ou autárquicas, e a de
quaisquer exames, o juiz requisitará aquelas e determinará estes, mediante fixação de prazos para o
cumprimento das respectivas diligências.
§ 1 2. Se dentro do prazo não for atendida, sem motivo justo, a requisição do juiz, imporá este a multa
de Cr$ 10,00 (dez cruzeiros) a Cr$ 100,00 (cem cruzeiros) ao funcionário responsável e suspenderá
a marcha do processo até que em novo prazo seja fornecida a certidão ou se efetue a diligência. Aos
responsáveis pela não-realização desta última, será aplicada a multa de Cr$ 10,00 (dez cruzeiros) a
Cr$ 100,00 (cem cruzeiros). A aplicação das multas acima referidas não exclui a responsabilidade por
crime funcional.
§ 2 2 . (Vetado.)
§ 3 2 . A requisição de certidões e determinação de exames ou diligências serão feitas no despacho
de recebimento da denúncia ou queixa.
855 Lei n° 5.250, de 9.2.67

Art. 47. Caberá apelação, com efeito suspensivo, contra a sentença que condenar ou absolver o réu.
Art. 48. Em tudo o que não é regulado por norma especial desta Lei, o Código Penal e o Código de
Processo Penal se aplicam à responsabilidade penal, à ação penal e ao processo e julgamento dos
crimes de que trata esta Lei.
................................................................................................................................................................... .

Capítulo VII
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 58. As empresas permissionárias ou concessionárias de serviços de radiodifusão deverão
conservar em seus arquivos, pelo prazo de 60 (sessenta) dias, e devidamente autenticados, os textos
dos seus programas, inclusive noticiosos.
§ 1 2 . Os programas de debates, entrevistas ou outros, que não correspondam a textos previamente
escritos, deverão ser gravados e conservados pelo prazo, a contar da data da transmissão, de 20
(vinte) dias, no caso de permissionária ou concessionária de emissora de até 1 kw (um quilowatt), e
de 30 (trinta) dias, nos demais casos.
§ 22 . O disposto no parágrafo anterior aplica-se às transmissões compulsoriamente estatuídas em lei.
§ 3 2 . Dentro dos prazos referidos neste artigo, o Ministério Público ou qualquer interessado poderá
notificar a permissionária ou concessionária, judicial ou extrajudicialmente, para não destruir os textos
ou gravações do programa que especificar. Neste caso, sua destruição dependerá de prévia autori-
zação do juiz da ação que vier a ser proposta, ou, caso esta não seja proposta nos prazos de
decadência estabelecidos na lei, pelo juiz criminal a que a permissionária ou concessionária pedir
autorização.
Art. 59. As permissionárias e concessionárias de serviços de radiodifusão continuam sujeitas às
penalidades previstas na legislação especial sobre a matéria.
Art. 60. Têm livre entrada no Brasil os jornais, periódicos, livros e outros quaisquer impressos que se
publicarem no estrangeiro.
§ 1 2 . O disposto neste artigo não se aplica aos impressos que contiverem algumas das infrações
previstas nos arts. 15 e 16, os quais poderão ter a sua entrada proibida no País, por período de até 2
(dois) anos, mediante portaria do juiz de direito ou do Ministro da Justiça e Negócios Interiores,
aplicando-se neste caso os parágrafos do art. 63.
§ 22 . Aquele que vender, expuser á venda ou distribuir jornais, periódicos, livros ou impressos cuja
entrada no País tenha sido proibida na forma do parágrafo anterior, além da perda dos mesmos,
incorrerá em multa de até Cr$ 10,00 (dez cruzeiros) por exemplar apreendido, a qual será imposta pelo
juiz competente, à vista do auto de apreensão. Antes da decisão, ouvirá o juiz o acusado, no prazo de
48 (quarenta e oito) horas.
■ O § 32 foi revogado pelo art. 2° do Decreto-Lei n°207/67.
Art. 61. Estão sujeitos à apreensão os impressos que:
I. contiverem propaganda de guerra ou de preconceitos de raça ou de classe, bem como os que
promoverem incitamento à subversão da ordem política e social;
II. ofenderem a moral pública e os bons costumes.
§ 1 2 . A apreensão prevista neste artigo será feita por ordem judicial, a pedido do Ministério Público,
que o fundamentará e o instruirá com a representação da autoridade, se houver, e o exemplar do
impresso incriminado.
§ 2 O juiz ouvirá, no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas, o responsável pela publicação ou
distribuição do impresso, remetendo-lhe cópia do pedido ou representação.
§ 32 . Findo esse prazo, com a resposta ou sem ela, serão os autos conclusos e, dentro de 24 (vinte
e quatro) horas, o juiz proferirá sentença.
§ 42 . No caso de deferimento de pedido, será expedido um mandado e remetido à autoridade
policial competente, para sua execução.
§ 52. Da sentença caberá apelação que será recebida somente no efeito devolutivo.
§ 62 . Nos casos de impressos que ofendam a moral e os bons costumes, poderão os juízes de
menores, de ofício ou mediante provocação do Ministério Público, determinar a sua apreensão imediata
para impedir sua circulação.
■ §§ 3° e 5° com redação determinada pela Lei n°6.071, de 3.7.74.
Lei n° 5.250, de 9.2.67 856

Art. 62. No caso de reincidência da infração prevista no art. 61, inciso II, praticada pelo mesmo jornal
ou periódico, pela mesma empresa, ou por periódicos ou empresas diferentes, mas que tenham o
mesmo diretor responsável, o juiz, além da apreensão regulada no art. 61, poderá determinar a
suspensão da impressão, circulação ou distribuição do jornal ou periódico.
§ 1°. A ordem de suspensão será submetida ao juiz competente, dentro de 48 (quarenta e oito)
horas, com justificação da medida.
§ 2°. Não sendo cumprida pelo responsável a suspensão determinada pelo juiz, este adotará as
medidas necessárias à observância da ordem, inclusive mediante a apreensão sucessiva das suas
edições posteriores, consideradas, para efeitos legais, como clandestinas.
§ 3°. Se houver recurso e este for provido, será levantada a ordem de suspensão e sustada a
aplicação das medidas adotadas para assegurá-la.
§ 4°. Transitada em julgado a sentença, serão observadas as seguintes normas:
a. reconhecendo a sentença final a ocorrência dos fatos que justificam a suspensão, serão
extintos os registros da marca comercial e de denominação da empresa editora e do jornal ou
periódico em questão, bem como os registros a que se refere o art. 9° desta Lei, mediante
mandado de cancelamento expedido pelo juiz da execução;
b. não reconhecendo a sentença final os fatos que justificam a suspensão, a medida será levantada,
ficando a União ou o Estado obrigado à reparação das perdas e danos, apurados em ação
própria.
Art. 63. Nos casos dos incisos I e II do art. 61, quando a situação reclamar urgência, a apreensão
poderá ser determinada, independentemente de mandado judicial, pelo Ministro da Justiça e Negócios
Interiores.
■ Os §§ 1 g a 4° deste artigo foram revogados pelo art. 2° do Decreto-Lei n° 510/69.
Art. 64. Poderá a autoridade judicial competente, dependendo da natureza do exemplar apreendido,
determinar a sua destruição.
Art. 65. As empresas estrangeiras autorizadas a funcionar no País não poderão distribuir notícias
nacionais em qualquer parte do território brasileiro, sob pena de cancelamento da autorização por ato
do Ministro da Justiça e Negócios Interiores.
Art. 66. 0 jornalista profissional não poderá ser detido nem recolhido preso antes da sentença
transitada em julgado; em qualquer caso, somente em sala decente, arejada e onde encontre todas
as comodidades.
Parágrafo único. A pena de prisão de jornalistas será cumprida em estabelecimento distinto dos
que são destinados a réus de crime comum e sem sujeição a qualquer regime penitenciário ou
carcerário.
Art. 67. A responsabilidade penal e civil não exclui a estabelecida em outras leis, assim como a de
natureza administrativa, a que estão sujeitas as empresas de radiodifusão, segundo a legislação
própria.
Art. 68. A sentença condenatória nos processos de injúria, calúnia ou difamação será gratuitamente
publicada, se a parte o requerer, na mesma seção do jornal ou periódico em que apareceu o escrito
de que se originou a ação penal, ou em se tratando de crime praticado por meio do rádio ou televisão,
transmitida, também gratuitamente, no mesmo programa e horário em que se deu a transmissão
impugnada.
§ 1°. Se o jornal ou periódico ou a estação transmissora não cumprir a determinação judicial,
incorrerá na pena de multa de um a dois salários mínimos da região, por edição ou programa em que
se verificar a omissão.
§ 2°. No caso de absolvição, o querelado terá o direito de fazer, a custa do querelante, a divulgação
da sentença, em jornal ou estação difusora que escolher.
Art. 69. Na interpretação e aplicação desta Lei, o juiz, na fixação do dolo e da culpa, levará em conta
as circunstâncias especiais em que foram obtidas as informações dadas como infringentes da norma
penal.
Art. 70. Os jornais e outros periódicos são obrigados a enviar, no prazo de 5 (cinco) dias, exemplares
de suas edições à Biblioteca Nacional e à oficial dos Estados, Territórios e Distrito Federal. As
bibliotecas ficam obrigadas a conservar os exemplares que receberem.
857 Decreto-Lei n° 157, de 10.2.67

Art. 71. Nenhum jornalista ou radialista, ou, em geral, as pessoas referidas no art. 25, poderão ser
compelidos ou coagidos a indicar o nome de seu informante ou a fonte de suas informações, não
podendo seu silêncio, a respeito, sofrer qualquer sanção, direta ou indireta, nem qualquer espécie de
penalidade.
Art. 72. A execução de pena não superior a 3 (três) anos de detenção pode ser suspensa por 2 (dois)
a 4 (quatro) anos, desde que:
I. o sentenciado não haja sofrido, no Brasil, condenação por outro crime de imprensa;
II. os antecedentes e a personalidade do sentenciado, os motivos e circunstâncias do crime
autorizem a presunção de que não tornará a delinqüir.
Art. 73. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime de abuso no exercício da
li berdade de manifestação do pensamento e informação, depois de transitar em julgado a sentença
que, no País, o tenha condenado por crime da mesma natureza.
Art. 74. (Vetado.)
Art. 75. A publicação da sentença cível ou criminal, transitada em julgado, na íntegra, será decretada
pela autoridade competente, a pedido da parte prejudicada, em jornal, periódico ou através de órgão
de radiodifusão de real circulação ou expressão, às expensas da parte vencida ou condenada.
Parágrafo único. Aplica-se a disposição contida neste artigo em relação aos termos do ato judicial
que tenha homologado a retratação do ofensor, sem prejuízo do disposto no § 2 2 , letras a e b, do art.
26.
Art. 76. Em qualquer hipótese de procedimento judicial instaurado por violação dos preceitos desta
Lei, a responsabilidade do pagamento das custas processuais e honorários de advogado será da
empresa.
Art. 77. Esta Lei entrará em vigor a 14 de março de 1967, revogadas as disposições em contrário.
Brasília, 9 de fevereiro de 1967; 146 2 da Independência e 79° da República.
H. CASTELLO BRANCO
Carlos Medeiros Silva
(Publicada no DOU de 10.2.67.)

DECRETO-LEI N 2 157, DE 10 DE FEVEREIRO DE 1967


Concede estímulos fiscais à capitalização das empresas, reforça os incentivos
à compra de ações, facilita o pagamento de débitos fiscais.
■ O art. 18 deste decreto-lei estabelece causa de extinção da punibilidade, mas teve seu alcance
restringido pela Lei n° 6.910, de 27.5.81. Vide, também, art. 34 da Lei n° 9.249, de 26. 12.95.

................................................................................................................................................................... .

Art. 18. Nos casos de que trata a Lei n° 4.729, de 14 de julho de 1965, também se extinguirá a
punibilidade dos crimes nela previstos se, mesmo iniciada a ação fiscal, o agente promover o
recolhimento dos tributos e multas devidos, de acordo com as disposições do Decreto-Lei n 2 62, de
21 de novembro de 1966, ou deste Decreto-Lei, ou, não estando julgado o respectivo processo,
depositar, nos prazos fixados, na repartição competente, em dinheiro ou em Obrigações Reajustáveis
do Tesouro, as importâncias nele consideradas devidas, para liquidação do débito após o julgamento
da autoridade da primeira instância.
§ 1 2 . O contribuinte que requerer, até 15 de março de 1967, à repartição competente retificação de
sua situação tributária, antes do início da ação fiscal, indicando as faltas cometidas, ficará isento de
responsabilidade pelo crime de sonegação fiscal, em relação às faltas indicadas, sem prejuízo do
pagamento dos tributos e multas que venham a ser considerados devidos.
§ 22 . Extingue-se a punibilidade quando a imputação penal de natureza diversa da Lei n 2 4.729, de
14 de julho de 1965, decorra de ter o agente elidido o pagamento de tributo, desde que ainda não
tenha sido iniciada a ação penal, se o montante do tributo e multas for pago ou depositado na forma
deste artigo.
Decreto-Lei n 2 167, de 14.2.67 858

§ 32 . As disposições deste artigo e dos parágrafos anteriores não se aplicam às operações de


qualquer natureza, realizadas através de entidades nacionais ou estrangeiras que não tenham sido
autorizadas a funcionar no País.
................................................................................................................................................................... .

(Publicado no DOU de 13.2.67. Íntegra na RT 379/399 e Lex 1967/351.)

DECRETO-LEI N 2 167, DE 14 DE FEVEREIRO DE 1967

Dispõe sobre títulos de crédito rural e dá outras providências.

................................................................................................................................................................... .

Art. 21. São abrangidos pela hipoteca constituída as construções, respectivos terrenos, maquinismos,
instalações e benfeitorias.
Parágrafo único. Pratica crime de estelionato e fica sujeito às penas do art. 171 do Código Penal
aquele que fizer declarações falsas ou inexatas acerca da área dos imóveis hipotecados, de suas
características, instalações e acessórios, da pacificidade de sua posse, ou omitir, na cédula, a
declaração de já estarem eles sujeitos a outros õnus ou responsabilidade de qualquer espécie,
inclusive fiscais.
................................................................................................................................................................... .

Art. 46. Nas vendas a prazo de quaisquer bens de natureza agrícola, extrativa ou pastoril, quando
efetuadas diretamente por produtores rurais ou por suas cooperativas, poderá ser utilizada também,
como título de crédito, a duplicata rural, nos termos deste Decreto-Lei.
................................................................................................................................................................... .

Art. 54. Incorrerá na pena de reclusão por 1 (um) a 4 (quatro) anos, além da multa de 10% (dez por
cento) sobre o respectivo montante, o que expedir duplicata rural que não corresponda a uma venda
efetiva de quaisquer dos bens a que se refere o art. 46, entregues real ou simbolicamente.

................................................................................................................................................................... .

(Publicado no DOU de 15.2.67. Íntegra na RT 380/374.)

DECRETO-LEI N° 201, DE 27 DE FEVEREIRO DE 1967

Dispõe sobre a responsabilidade dos Prefeitos e


Vereadores, e dá outras providências.
■ Súmula 164 do STJ: "O Prefeito Municipal, após a extinção do mandato, continua sujeito a processo
por crime previsto no art. 1 2 do Decreto-Lei n° 201, de 27.2.67".

O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o § 2 2 do art. 92 do Ato Institucional
n2 4, de 7 de dezembro de 1966, decreta:
Art. 1 2. São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipais, sujeitos ao julgamento do Poder
Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara dos Vereadores:
I. Apropriar-se de bens ou rendas públicas, ou desviá-los em proveito próprio ou alheio.
O. Utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio ou alheio, de bens, rendas ou serviços públicos.
III. Desviar, ou aplicar indevidamente, rendas ou verbas públicas.
859 Decreto-Lei n° 201, de 27.2.67

IV. Empregar subvenções, auxílios, empréstimos ou recursos de qualquer natureza, em desacordo


com os planos ou programas a que se destinam.
V. Ordenar ou efetuar despesas não autorizadas por lei, ou realizá-Ias em desacordo com as
normas financeiras pertinentes.
VI. Deixar de prestar contas anuais da administração financeira do Município à Câmara de
Vereadores, ou ao órgão que a Constituição do Estado indicar, nos prazos e condições estabelecidos.
VII. Deixar de prestar contas, no devido tempo, ao órgão competente, da aplicação de recursos,
empréstimos, subvenções ou auxílios internos ou externos, recebidos a qualquer título.
VIII. Contrair empréstimo, emitir apólices, ou obrigar o Município por títulos de crédito, sem
autorização da Câmara ou em desacordo com a lei.
IX. Conceder empréstimos, auxílios ou subvenções sem autorização da Câmara, ou em desacordo
com a lei.
X. Alienar ou onerar bens imóveis, ou rendas municipais, sem autorização da Câmara, ou em
desacordo com a lei.
XI. Adquirir bens, ou realizar serviços e obras, sem concorrência ou coleta de preços, nos casos
exigidos em lei.
XII. Antecipar ou inverter a ordem de pagamento a credores do Município, sem vantagem para o
erário.
XIII. Nomear, admitir ou designar servidor, contra expressa disposição de lei.
XIV. Negar execução a lei federal, estadual ou municipal, ou deixar de cumprir ordem judicial, sem
dar o motivo da recusa ou da impossibilidade, por escrito, à autoridade competente.
XV. Deixar de fornecer certidões de atos ou contratos municipais, dentro do prazo estabelecido
em lei.
XVI . Deixar de ordenar a redução do montante da dívida consolidada, nos prazos estabelecidos
em lei, quando o montante ultrapassar o valor resultante da aplicação do limite máximo fixado pelo
Senado Federal.
XVII. Ordenar ou autorizar a abertura de crédito em desacordo com os limites estabelecidos pelo
Senado Federal, sem fundamento na lei orçamentária ou na de crédito adicional ou com inobservância
de prescrição legal.
XVIII. Deixar de promover ou de ordenar, na forma da lei, o cancelamento, a amortização ou a
constituição de reserva para anular os efeitos de operação de crédito realizada com inobservância de
li mite, condição ou montante estabelecido em lei.
XIX. Deixar de promover ou de ordenar a liquidação integral de operação de crédito por antecipa-
ção de receita orçamentária, inclusive os respectivos juros e demais encargos, até o encerramento do
exercício financeiro.
XX. Ordenar ou autorizar, em desacordo com a lei, a realização de operação de crédito com
qualquer um dos demais entes da Federação, inclusive suas entidades da administração indireta,
ainda que na forma de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente.
XXI. Captar recursos a título de antecipação de receita de tributo ou contribuição cujo fato gerador
ainda não tenha ocorrido.
XXII. Ordenar ou autorizar a destinação de recursos provenientes de emissão de títulos para
finalidade diversa da prevista na lei que a autorizou.
XXIII. Realizar ou receber transferência voluntária em desacordo com limite ou condição estabeleci-
das em lei.
■ Incisos XVI a XXIII acrescentados pela Lei n° 10.028, de 19.10.00.
§ 1 2 . Os crimes definidos neste artigo são de ação pública, punidos os dos itens I e Il, com a pena
de reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e os demais, com a pena de detenção, de 3 (três) meses a
3 (três) anos.
§ 22 . A condenação definitiva em qualquer dos crimes definidos neste artigo acarreta a perda do
cargo e a inabilitação, pelo prazo de 5 (cinco) anos, para o exercício de cargo ou função pública,
eletivo ou de nomeação. Sem prejuízo da reparação civil do dano causado ao patrimônio público ou
particular.
Art. 22 . O processo dos crimes definidos no artigo anterior é o comum do juízo singular, estabelecido
pelo Código de Processo Penal, com as seguintes modificações:
Decreto-Lei n° 201, de 27.2.67 860

I. Antes de receber a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para apresentar defesa
prévia, no prazo de 5 (cinco) dias. Se o acusado não for encontrado para a notificação, ser-lhe-á
nomeado defensor, a quem caberá apresentar a defesa, dentro do mesmo prazo.
II. Ao receber a denúncia, o juiz manifestar-se-á, obrigatória e motivadamente, sobre a prisão
preventiva do acusado, nos casos dos itens I e II do artigo anterior, e sobre o seu afastamento do
exercício do cargo durante a instrução criminal, em todos os casos.
III. Do despacho, concessivo ou denegatório, de prisão preventiva, ou de afastamento do cargo
do acusado, caberá recurso, em sentido estrito, para o Tribunal competente, no prazo de 5 (cinco)
dias, em autos apartados. O recurso do despacho que decretar a prisão preventiva ou o afastamento
do cargo terá efeito suspensivo.
§ 1 2. Os órgãos federais, estaduais ou municipais, interessados na apuração da responsabilidade
do Prefeito, podem requerer a abertura de inquérito policial ou a instauração da ação penal pelo
Ministério Público, bem como intervir, em qualquer fase do processo, como assistente da acusação.
§ 22. Se as providências para a abertura do inquérito policial ou instauração da ação penal não
forem atendidas pela autoridade policial ou pelo Ministério Público estadual, poderão ser requeridas
ao Procurador-Geral da República.
Art. 32. O Vice-Prefeito, ou quem vier a substituir o Prefeito, fica sujeito ao mesmo processo do
substituído, ainda que tenha cessado a substituição.
Art. 4 2. São infrações político-administrativas dos Prefeitos Municipais sujeitas ao julgamento pela
Câmara dos Vereadores e sancionadas com a cassação do mandato:
I. Impedir o funcionamento regular da Câmara.
II. Impedir o exame de livros, folhas de pagamento e demais documentos que devam constar dos
arquivos da Prefeitura, bem como a verificação de obras e serviços municipais, por comissão de
investigação da Câmara ou auditoria, regularmente instituída.
III. Desatender, sem motivo justo, as convocações ou os pedidos de informações da Câmara,
quando feitos a tempo e em forma regular.
IV. Retardar a publicação ou deixar de publicar as leis e atos sujeitos a essa formalidade.
V. Deixar de apresentar à Câmara, no devido tempo, e em forma regular, a proposta orçamentária.
VI. Descumprir o orçamento aprovado para o exercício financeiro.
VII. Praticar, contra expressa disposição de lei, ato de sua competência ou omitir-se na sua prática.
VIII. Omitir-se ou negligenciar na defesa de bens, rendas, direitos ou interesses do Município,
sujeitos à administração da Prefeitura.
IX. Ausentar-se do Município, por tempo superior ao permitido em lei, ou afastar-se da Prefeitura,
sem autorização da Câmara dos Vereadores.
X. Proceder de modo incompatível com a dignidade e o decoro do cargo.
Art. 5 2 . 0 processo de cassação do mandato do Prefeito pela Câmara, por infrações definidas no artigo
anterior, obedecerá ao seguinte rito, se outro não for estabelecido pela legislação do Estado respectivo:
I. A denúncia escrita da infração poderá ser feita por qualquer eleitor, com a exposição dos fatos
e a indicação das provas. Se o denunciante for Vereador, ficará impedido de votar sobre a denúncia
e de integrar a Comissão processante, podendo, todavia, praticar todos os atos de acusação. Se o
denunciante for o Presidente da Câmara, passará a Presidência ao substituto legal, para os atos do
processo, e só votará se necessário para completar o quorum de julgamento. Será convocado o
suplente do Vereador impedido de votar, o qual não poderá integrar a Comissão processante.
II. De posse da denúncia, o Presidente da Câmara, na primeira sessão, determinará sua leitura
e consultará a Câmara sobre o seu recebimento. Decidido o recebimento, pelo voto da maioria dos
presentes, na mesma sessão será constituída a Comissão processante, com três Vereadores sorteados
entre os desimpedidos, os quais elegerão, desde logo, o Presidente e o Relator.
III. Recebendo o processo, o Presidente da Comissão iniciará os trabalhos, dentro em 5 (cinco)
dias, notificando o denunciado, com a remessa de cópia da denúncia e documentos que a instruírem,
para que, no prazo de 10 (dez) dias, apresente defesa prévia, por escrito, indique as provas que
pretender produzir e arrole testemunhas, até o máximo de dez. Se estiver ausente do Município, a
notificação far-se-á por edital, publicado duas vezes, no órgão oficial, com intervalo de 3 (três) dias,
pelo menos, contado o prazo da primeira publicação. Decorrido o prazo de defesa, a Comissão
processante emitirá parecer dentro em 5 (cinco) dias, opinando pelo prosseguimento ou arquivamento
861 Decreto-Lei n° 201, de 27.2.67

da denúncia, o qual, neste caso, será submetido ao Plenário. Se a Comissão opinar pelo prossegui-
mento, o Presidente designará, desde logo, o início da instrução, e determinará os atos, diligências e
audiências que se fizerem necessários, para o depoimento do denunciado e inquirição das testemu-
nhas.
IV.O denunciado deverá ser intimado de todos os atos do processo, pessoalmente, ou na pessoa
de seu procurador, com a antecedência, pelo menos, de 24 (vinte e quatro) horas, sendo-lhe permitido
assistir às diligências e audiências, bem como formular perguntas e reperguntas às testemunhas e
requerer o que for de interesse da defesa.
V. Concluída a instrução, será aberta vista do processo ao denunciado, para razões escritas, no
prazo de 5 (cinco) dias, e, após, a Comissão processante emitirá parecer final, pela procedência ou
improcedência da acusação, e solicitará ao Presidente da Câmara a convocação de sessão para
julgamento. Na sessão de julgamento, o processo será lido, integralmente, e, a seguir, os Vereadores
que o desejarem poderão manifestar-se verbalmente, pelo tempo máximo de 15 (quinze) minutos cada
um, e, ao final, o denunciado, ou seu procurador, terá o prazo máximo de 2 (duas) horas, para produzir
sua defesa oral.
VI. Concluída a defesa, proceder-se-á a tantas votações nominais quantas forem as infrações
articuladas na denúncia. Considerar-se-á afastado, definitivamente, do cargo, o denunciado que for
declarado, pelo voto de dois terços, pelo menos, dos membros da Câmara, incurso em qualquer das
infrações especificadas na denúncia. Concluído o julgamento, o Presidente da Câmara proclamará
imediatamente o resultado e fará lavrar ata que consigne a votação nominal sobre cada infração, e, se
houver condenação, expedirá o competente decreto legislativo de cassação do mandato de Prefeito.
Se o resultado da votação for absolutório, o Presidente determinará o arquivamento do processo. Em
qualquer dos casos, o Presidente da Câmara comunicará à Justiça Eleitoral o resultado.
VII.O processo, a que se refere este artigo, deverá estar concluído dentro em 90 (noventa) dias,
contados da data em que efetivar a notificação do acusado. Transcorrido o prazo sem o julgamento,
o processo será arquivado, sem prejuízo de nova denúncia ainda que sobre os mesmos fatos.
Art. 62 . Extingue-se o mandato de Prefeito, e, assim, deve ser declarado pelo Presidente da Câmara
de Vereadores, quando:
I. Ocorrer falecimento, renúncia por escrito, cassação dos direitos políticos ou condenação por
crime funcional ou eleitoral.
II. Deixar de tomar posse, sem motivo justo aceito pela Camara, dentro do prazo estabelecido
em lei.
III.Incidir nos impedimentos para o exercício do cargo, estabelecidos em lei, e não se desincom-
patibilizar até a posse, e, nos casos supervenientes, no prazo que a lei ou a Câmara fixar.
Parágrafo único. A extinção do mandato independe de deliberação do plenário e se tornará efetiva
desde a declaração do fato ou ato extintivo pelo Presidente e sua inserção em ata.
Art. 72. A Câmara poderá cassar o mandato de Vereador, quando:
I. Utilizar-se do mandato para a prática de atos de corrupção ou de improbidade administrativa.
II. Fixar residência fora do Município.
III.Proceder de modo incompatível com a dignidade da Câmara ou faltar com o decoro na sua
conduta pública.
§ 1 2 . O processo de cassação de mandato de Vereador é, no que couber, o estabelecido no art. 5 2
deste Decreto-Lei.
§ 2 2 . ( Revogado pela Lei n° 9.504, de 30.9.97.)
Art. 82 . Extingue-se o mandato do Vereador e assim será declarado pelo Presidente da Câmara,
quando:
I. Ocorrer falecimento, renúncia por escrito, cassação dos direitos políticos ou condenação por
crime funcional ou eleitoral.
II. Deixar de tomar posse, sem motivo justo aceito pela Câmara, dentro do prazo estabelecido
em lei.
III.Deixar de comparecer, em cada sessão legislativa anual, à terça parte das sessões ordinárias
da Câmara Municipal, salvo por motivo de doença comprovada, licença ou missão autorizada pela
edilidade, ou, ainda, deixar de comparecer a cinco sessões extraordinárias convocadas pelo Prefeito,
por escrito e mediante recibo de recebimento, para apreciação de matéria urgente, assegurada ampla
defesa, em ambos os casos.
Decreto-Lei n° 211, de 27.2.67 862

IV. Incidir nos impedimentos para o exercício do mandato, estabelecidos em lei e não se
desincompatibilizar até a posse, e, nos casos supervenientes, no prazo fixado em lei ou pela Câmara.
§ 1 2 . Ocorrido e comprovado o ato ou fato extintivo, o Presidente da Câmara, na primeira sessão,
comunicará ao plenário e fará constar da ata a declaração da extinção do mandato e convocará
imediatamente o respectivo suplente.
§ 2°. Se o Presidente da Câmara omitir-se nas providências do parágrafo anterior, o suplente do
Vereador ou o Prefeito Municipal poderá requerer a declaração de extinção do mandato, por via judicial,
e, se procedente, o juiz condenará o Presidente omisso nas custas do processo e honorários de
advogado que fixará de plano, importando a decisão judicial na destituição automática do cargo da
Mesa e no impedimento para nova investidura durante toda a legislatura.
§ 32 . O disposto no item III não se aplicará às sessões extraordinárias que forem convocadas pelo
Prefeito, durante os períodos de recesso das Câmaras Municipais.
■ Inciso 111 com redação dada pela Lei n- 6.793, de 11.6.80; § 3° acrescentado pela Lei n 2 5.659, de
8.6.71.
n°s
Art. 92. O presente Decreto-Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as Leis 211,
de 7 de janeiro de 1948, e 3.528, de 3 de janeiro de 1959, e demais disposições em contrário.
Brasília, 27 de fevereiro de 1967; 146° da Independência e 79° da República.
H. CASTELLO BRANCO
Carlos Medeiros Silva

(Publicado no DOU de 27.2.67 e retificado no DOU de 14.3.67.)

DECRETO-LEI N s 211, DE 27 DE FEVEREIRO DE 1967

Dispõe sobre o registro dos órgãos executivos de atividades


hemoterápicas a que se refere o art. 3 2, item 3, da Lei n° 4.701,
de 28 de junho de 1965, e dá outras providências.
■ O art. 5° deste decreto-lei equipara ao delito de exercício ilegal da medicina, arte dentária ou
farmacêutica (CP, art. 282) o exercício ilegal da atividade hemoterápica.
■ Vide Lei n° 7.649, de 25.1.88, sobre a obrigatoriedade do cadastramento dos doadores de sangue
e da realização de exames laboratoriais no sangue coletado.
Art. 1 2 . O exercício das atividades hemoterápicas pelos órgãos públicos e entidades privadas,
referidas no art. 3°, item 3, da Lei n° 4.701, de 28 de junho de 1965, dependerá de registro na Comissão
Nacional de Hemoterapia do Ministério da Saúde.
§ 1 2 . Fica, igualmente, obrigada ao mesmo registro a atividade hemoterápica individual exercida
por profissional médico.
§ 2°. Os órgãos públicos, as entidades privadas e os profissionais médicos que já exercem as
atividades hemoterápicas requererão o registro de que trata este artigo, no prazo de 120 (cento e vinte)
dias, a contar da data em que este Decreto-Lei entrar em vigor.
Art. 2 2. A Comissão Nacional de Hemoterapia organizará e manterá cadastro dos órgãos, entidades
e profissionais de que trata este Decreto-Lei abrangendo, inclusive, dados de ordem técnica e
administrativa.
Art. 32. A Comissão Nacional de Hemoterapia realizará censos dos órgãos, entidades e profissionais
referidos neste Decreto-Lei, mediante convênio com a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística.
Art. 42. A Comissão Nacional de Hemoterapia, pelo voto da maioria dos seus membros, suspenderá
ou cancelará o registro do órgão público, entidade privada ou profissional, médico que exercer a
atividade hemoterápica com inobservância das normas deste Decreto-Lei ou da Lei n 2 4.701, de 28
de junho de 1965, sem prejuízo de responsabilidade penal dos infratores.
863 Decreto-Lei n 2 221, de 28.2.67

Parágrafo único. Da decisão da Comissão Nacional de Hemoterapia que determinar a suspensão


ou cancelamento do registro, caberá, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da publicação da decisão,
recurso, sem efeito suspensivo, para o Ministro da Saúde, que a manterá ou reformará, nos 30 (trinta)
dias subseqüentes.
Art. 5 2 . 0 exercício da atividade hemoterápica sem o registro de que trata este Decreto-Lei configurará
o delito previsto no art. 232 do Código Penal.
■ Houve evidente equívoco na remissão ao art. 232, pois o artigo que trata do exercício ilegal da
medicina, arte dentária ou farmacêutica é o 282.
Art. 62 . Este Decreto-Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.
H. CASTELLO BRANCO

(Publicado no DOU de 27.2.67.)

DECRETO-LEI N° 221, DE 28 DE FEVEREIRO DE 1967

Dispõe sobre a proteção e estímulos à pesca


e dá outras providências.

Capítulo I
DA PESCA

■ Vide Lei n2 9.605, de 12.2.98, Capítulo V, Seção I — Dos Crimes Contra a Fauna. Vide, também, Lei
n° 5.197, de 3.1.67— Código de Caça —, alterada pela Lei n- 7.653/88, que igualmente dispõe sobre
pesca. Vide, ainda, Lei n° 7.643, de 18.12.87, que proíbe a pesca de cetáceo e institui crime, e Lei n2
7.679, de 23.11.88, que estabelece crime para a pesca com explosivo e substâncias tóxicas.
Art. 1 2 . Para os efeitos deste Decreto-Lei define-se por pesca todo ato tendente a capturar ou extrair
elementos animais ou vegetais que tenham na água seu normal ou mais freqüente meio de vida.
Art. 22. A pesca pode efetuar-se com fins comerciais, desportivos ou científicos.
§ 1 2 . Pesca comercial é a que tem por finalidade realizar atos de comércio na forma da legislação
em vigor.
§ 2 2 . Pesca desportiva é a que se pratica com linha de mão, por meio de aparelhos de mergulho
ou quaisquer outros permitidos pela autoridade competente, e que em nenhuma hipótese venha a
importar em atividade comercial.
§ 3 2 . Pesca científica é a exercida unicamente com fins de pesquisas por instituições ou pessoas
devidamente habilitadas para esse fim.
Art. 32. São de domínio público todos os animais e vegetais que se encontrem nas águas dominiais.
Art. 42. Os efeitos deste Decreto-Lei, de seus regulamentos, decretos e portarias dele decorrentes, se
estendem especialmente:
a. às águas interiores do Brasil;
b. ao mar territorial brasileiro;
c. As zonas de alto-mar, em conformidade com as disposições dos tratados e convenções
internacionais ratificadas pelo Brasil;
2
d. à zona contígua, conforme o estabelecido no Decreto-Lei n 44, de 18 de novembro de 1966;
e. à plataforma submarina, conforme o estabelecido no Decreto n° 28.840, de 8 de novembro de
1950, e até a profundidade que esteja de acordo com os tratados e convenções internacionais
ratificados pelo Brasil.
Decreto-Lei n 2 221, de 28.2.67 864

■ Artigo com redação determinada pela Lei n- 5.438, de 20.5.68.


................................................................................................................................................................... .

Art. 34. É proibida a importação ou a exportação de quaisquer espécies aquáticas, em qualquer


estágio de evolução, bem como a introdução de espécies nativas ou exóticas nas águas interiores,
sem autorização da Sudepe.
Art. 35. É proibido pescar:
a. nos lugares e épocas interditados pelo órgão competente;
b. em locais onde o exercício da pesca cause embaraço à navegação;
c. com dinamite e outros explosivos comuns ou com substâncias que, em contato com a água,
possam agir de forma explosiva;
d. com substâncias tóxicas;
e. a menos de 500 m (quinhentos metros) das saídas de esgotos.
§ 1 2 . As proibições das alíneas c e d deste artigo não se aplicam aos trabalhos executados pelo
Poder Público, que se destinem ao extermínio de espécies consideradas nocivas.
§ 22 . Fica dispensado da proibição prevista na alínea a deste artigo o pescador artesanal que utiliza,
para o exercício da pesca, linha de mão ou vara, linha e anzol.
■ A Lei n° 6.631, de 19.4.79, transformou o antigo parágrafo único em § 1 2 e acrescentou o § 22..
................................................................................................................................................................... .

Capítulo VI
DAS INFRAÇÕES E DAS PENAS

....................................................................................................................................................................
Art. 57. As infrações ao art. 35, alíneas c e d, serão punidas com a multa de 1 (um) a 2 (dois) salários
mínimos mensais vigentes na Capital da República.
................................................................................................................................................................... .

Art. 61. As infrações ao art. 35, letras c e d, constituem crime e serão punidas nos termos da legislação
penal vigente.
■ Artigo com redação determinada pela Lei n° 6.276, de 1.12.75.
Art. 62. Os autores de infrações penais, cometidas no exercício da pesca ou que com esta se
relacionem, serão processados e julgados de acordo com os preceitos da legislação penal vigente.
Art. 63. Os infratores presos em flagrante, que resistirem violentamente, serão punidos em conformi-
dade com o art. 329 do Código Penal.
Art. 64.Os infratores das disposições deste Capítulo, quando cometerem nova reincidência, terão suas
matrículas ou licenças cassadas, mediante regular processo administrativo, facultada a defesa prevista
nos arts. 68 e seguintes deste Decreto-Lei.
Parágrafo único. Cassada a licença ou matrícula, nos termos deste artigo, a nova reincidência
implicará a autuação e punição do infrator de acordo com o art. 9 2 e seu parágrafo da Lei das
Contravenções Penais. Estas disposições aplicam-se igualmente àqueles que não possuam licença
ou matrícula.

Capítulo VII
DAS MULTAS
Art. 65. As infrações previstas neste Decreto-Lei, sem prejuízo da ação penal correspondente, sujeitam
os infratores ao pagamento de multa na mesma base estabelecida no Capítulo anterior.
865 Decreto-Lei n° 229, de 28.2.67

2 2
§ 1 2 . As sanções a que se refere o inciso Il, letra b, do § 1 do art. 9 , serão aplicadas pelo
Comandante Naval da área onde se localizar o porto para o qual foi conduzida a embarcação, na forma
abaixo:
a. multa no valor de 5.000 ORIN (cinco mil Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional) para
embarcações de até 300 (trezentas) toneladas de arqueação, acrescida de igual valor, para
cada parcela de 100 (cem) toneladas de arqueação ou fração excedentes, para embarcações
de arqueação superior a 300 (trezentas) toneladas;
C
■ Alínea a com redação dada pelo Decreto-Lei n 2.057, de 23.8.83.
b. apreensão dos equipamentos de pesca proibidos pela Sudepe existentes a bordo, assim como
dos produtos da pesca. Estes equipamentos e produtos serão entregues, imediatamente, à
Sudepe.
2
■ § 1 ° acrescentado pela Lei n 6.276, de 1.12.75.
§ 2°. (Revogado pelo Decreto-Lei n°2.057, de 23.8.83.)
§ 3°. O armador e o proprietário da embarcação respondem solidariamente pelas multas estabele-
cidas no §1° deste artigo.
■ § 3° acrescentado pela Lei n° 6.276, de 1.12.75.
....................................................................................................................................................................

(Publicado no DOU de 28.2.67. Íntegra na RF 218/456 e Lex 1967/482.)

DECRETO-LEI N 2 229, DE 28 DE FEVEREIRO DE 1967 (CLT, ART. 49)

....................................................................................................................................................................

Art. 49. Para os efeitos da emissão, substituição ou anotação de Carteiras de Trabalho e Previdência
Social, considerar-se-á crime de falsidade, com as penalidades previstas no art. 299 do Código Penal:
I. fazer, no todo ou em parte, qualquer documento falso ou alterar o verdadeiro;
II. afirmar falsamente a sua própria identidade, filiação, lugar de nascimento, residência, profissão
ou estado civil e beneficiários, ou atestar os de outra pessoa;
III. servir-se de documentos, por qualquer forma falsificados;
IV. falsificar, fabricando ou alterando, ou vender, usar ou possuir Carteiras de Trabalho e Previdên-
cia Social assim alteradas;
V. anotar dolosamente em Carteira de Trabalho e Previdência Social ou registro de empregado,
ou confessar ou declarar, em juízo ou fora dele, data de admissão em emprego diversa da verdadeira.

DECRETO-LEI N 2 288, DE 28 DE FEVEREIRO DE 1967

Altera as disposições da Lei n° 3.173, de 6 de junho de 1957,


e regula a Zona Franca de Manaus.

■ O art. 39 considera crime de contrabando (CP, art. 334) a saída de mercadorias da Zona Franca,
sem autorização legal.
....................................................................................................................................................................

Art. 39. Será considerado contrabando a saída de mercadorias da Zona Franca sem a autorização
legal expedida pelas autoridades competentes.
....................................................................................................................................................................

Brasília, 28 de fevereiro de 1967; 146 2 da Independência e 79 2 da República.


H. CASTELLO BRANCO

(Publicado no DOU de 28.2.67. Íntegra na Lex 1967/665.)


Lei n2 5.473, de 9.7.68 866

LEI N2 5.473, DE 9 DE JULHO DE 1968

Regula o provimento de cargos e dá outras providências.

O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
2
Art. 1 . São nulas as disposições e providências que, direta ou indiretamente, criem discriminações
entre brasileiros de ambos os sexos, para o provimento de cargos sujeitos a seleção, assim nas
empresas privadas, como nos quadros do funcionalismo público federal, estadual ou municipal, do
serviço autárquico, de sociedades de economia mista e de empresas concessionárias de serviço
público.
Parágrafo único. Incorrerá na pena de prisão simples de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa de
Cr$ 100,00 (cem cruzeiros) a Cr$ 500,00 (quinhentos cruzeiros) quem, de qualquer forma, obstar ou
tentar obstar o cumprimento da presente Lei.
■ Vide art. 22 da Lei n° 7.209, de 11.7.84, sobre pena de multa.
2
Art. 2 . Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
2
Art. 3 . Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 9 de julho de 1968; 147 2 da Independência e 80 2 da República.
A. COSTA E SILVA

(Publicada no DOU de 11.7.68.)

LEI N9 5.478, DE 25 DE JULHO DE 1968

Dispõe sobre ação de alimentos e dá outras providências.

................................................................................................................................................................... .

Art. 22. Constitui crime contra a administração da Justiça deixar o empregador ou funcionário público
de prestar ao juízo competente as informações necessárias à instrução de processo ou execução de
sentença ou acordo que fixe pensão alimentícia:
Pena — Detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, sem prejuízo da pena acessória de suspensão
do emprego de 30 (trinta) a 90 (noventa) dias.
■ A Reforma Penal de 1984 (Lei n° 7.209/84) aboliu as penas acessórias (vide nota ao art. 92 do CP).
Parágrafo único. Nas mesmas penas incide quem, de qualquer modo, ajuda o devedor a eximir-se
ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada, ou se recusa, ou
procrastina a executar ordem de descontos em folhas de pagamento, expedida pelo juiz competente.
................................................................................................................................................................... .

Brasília, 25 de julho de 1968; 147 2 da Independência e 80 2 da República.


A. COSTA E SILVA

(Publicada no DOU de 26.7.68. Íntegra na RT 393/462 e Lex 1968/995.)


867 Lei n° 5.553, de 6.12.68

LEI N9 5.553, DE 6 DE DEZEMBRO DE 1968

Dispõe sobre a apresentação e uso de


documentos de identificação pessoal.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 2 . A nenhuma pessoa física, bem como a nenhuma pessoa jurídica, de direito público ou de direito
privado, é lícito reter qualquer documento de identificação pessoal, ainda que apresentado por
fotocópia autenticada ou pública-forma, inclusive comprovante de quitação com o serviço militar, título
de eleitor, carteira profissional, certidão de registro de nascimento, certidão de casamento, compro-
vante de naturalização e carteira de identidade de estrangeiro.
Art. 22 . Quando, para a realização de determinado ato, for exigida a apresentação de documento de
identificação, a pessoa que fizer a exigência fará extrair, no prazo de até 5 (cinco) dias, os dados que
interessarem, devolvendo em seguida o documento ao seu exibidor.
Parágrafo único. Além do prazo neste artigo, somente por ordem judicial poderá ser retirado
qualquer documento de identificação pessoal.
Art. 32. Constitui contravenção penal, punível com pena de prisão simples de 1 (um) a 3 (três) meses
ou multa de NCr$ 0,50 (cinqüenta centavos) a NCr$ 3,00 (três cruzeiros novos), a retenção de qualquer
documento a que se refere esta Lei.
■ Vide art. 22 da Lei n° 7.209, de 11.7.84, sobre pena de multa.
Parágrafo único. Quando a infração for praticada por preposto ou agente de pessoa jurídica,
considerar-se-á responsável quem houver ordenado o ato que ensejou a retenção, a menos que haja,
pelo executante, desobediência ou inobservância de ordens ou instruções expressas, quando, então,
será este o infrator.
Art. 42 . O Poder Executivo regulamentará a presente Lei dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, a contar
da data de sua publicação.
Art. 52 . Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 6 de dezembro de 1968; 147 2 da Independência e 80 2 da República.
A. COSTA E SILVA
Luís Antônio da Gama e Silva
(Publicada no DOU de 10.12.68.)

DECRETO-LEI N 2 368, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1968

Dispõe sobre efeitos de débitos salariais e dá outras providências.


4
Art. 1 . A empresa em débito salarial com seus empregados não poderá:
I. pagar honorário, gratificação, pro labore ou qualquer outro tipo de retribuição ou retirada a
seus diretores, sócios, gerentes ou titulares de firma individual;
II. distribuir quaisquer lucros, bonificações, dividendos ou interesses a seus sócios, titulares,
acionistas, ou membros de órgãos dirigentes, fiscais ou consultivos;
III. ser dissolvida.
Parágrafo único. Considera-se em débito salarial a empresa que não paga, no prazo e nas
condições da lei ou do contrato, o salário devido a seus empregados.
Art. 22. A empresa em mora contumaz relativamente a salários não poderá, além do disposto no art.
1 2 , ser favorecida com qualquer benefício de natureza fiscal, tributária, ou financeira, por parte de
órgãos da União, dos Estados ou dos Municípios, ou de que estes participem.
§ 1 2 . Considera-se mora contumaz o atraso ou sonegação de salários devidos aos empregados,
por período igual ou superior a 3 (três) meses, sem motivo grave e relevante, excluídas as causas
pertinentes ao risco do empreendimento.
Decreto-Lei n° 413, de 9.1.69 868

§ 22 . Não se incluem na proibição do artigo as operações de crédito destinadas à liquidação dos


débitos salariais existentes o que deverá ser expressamente referido em documento firmado pelo
responsável legal da empresa, como justificação do crédito.
Art. 32. A mora contumaz e a infração ao art. 1 2 serão apuradas mediante denúncia de empregado da
empresa ou entidade sindical da respectiva categoria profissional, pela Delegacia Regional do
Trabalho, em processo sumário, assegurada ampla defesa ao interessado.
§ 1 2 . Encerrado o processo, o Delegado Regional do Trabalho submeterá ao Ministro do Trabalho
e Previdência Social parecer conclusivo para decisão.
§ 22. A decisão que concluir pela mora contumaz será comunicada às autoridades fazendárias
locais pelo Delegado Regional do Trabalho, sem prejuízo da comunicação que deverá ser feita ao
Ministro da Fazenda.
Art. 42 . Os diretores, sócios, gerentes, membros de órgãos fiscais ou consultivos, titulares de firma
individual ou quaisquer outros dirigentes de empresa responsável pela infração do disposto no art. 1 2 ,
incisos I e II, estarão sujeitos à pena de detenção de 1 (um) mês a 1 (um) ano.
Parágrafo único. Apurada a infração prevista neste artigo, o Delegado Regional do Trabalho
representará, sob pena de responsabilidade, ao Ministério Público, para a instauração da competente
ação penal.
Art. 52. No caso do inciso III do art. 1 2 , a empresa requererá a expedição de Certidão Negativa de
Débito Salarial, a ser passada pela Delegacia Regional do Trabalho mediante prova bastante do
cumprimento, pela empresa, das obrigações salariais respectivas.
Art. 62. Considera-se salário devido, para os efeitos deste Decreto-Lei, a retribuição de responsabili-
dade direta da empresa, inclusive comissões, percentagens, gratificações, diárias para viagens e
abonos, quando a sua liquidez e certeza não sofram contestação nem estejam pendentes de decisão
judicial.
A rt .72 • As infrações descritas no art. 1 4, incisos I e II, e seu parágrafo único, sujeitam a empresa infratora
a multa variável de 10 (dez) a 50% (cinqüenta por cento) do débito salarial, a ser aplicada pelo
Delegado Regional do Trabalho, mediante o processo previsto nos arts. 626 e seguintes da Consoli-
dação das Leis do Trabalho, sem prejuízo da responsabilidade criminal das pessoas implicadas.
Art. 82 . O Ministério do Trabalho e Previdência Social expedirá as instruções necessárias à execução
deste Decreto-Lei.
■ Vide Portaria n°3.035, de 15.1.69, do Ministro do Trabalho i n DOU, de 23.1.69.
Art. 92. Este Decreto-Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.
Brasília, 19 de dezembro de 1968; 147 2 da Independência e 80 2 da República.
A. COSTA E SILVA

(Publicado no DOU de 20. 12.68.)

DECRETO-LEI N° 413, DE 9 DE JANEIRO DE 1969


Dispõe sobre títulos de crédito industrial e dá outras providências.
................................................................................................................................................................... .

Art. 43. Pratica crime de estelionato e fica sujeito às penas do art. 171 do Código Penal aquele que
fizer declarações falsas ou inexatas acerca de bens oferecidos em garantia de cédula de crédito
industrial, inclusive omitir declaração de já estarem eles sujeitos a outros ônus ou responsabilidade de
qualquer espécie, até mesmo de natureza fiscal.
................................................................................................................................................................... .

Brasília, 9 de janeiro de 1969; 148 2 da Independência e 80 2 da República.


A. COSTA E SILVA
869 Decreto-Lei n° 925, de 10.10.69

DECRETO-LEI N2 925, DE 10 DE OUTUBRO DE 1969 (CLT, ARTS. 545 E 552)


■ O Decreto-Lei n° 925, de 10.10.69, deu nova redação ao art. 552 da CLT, equiparando ao crime de
peculato (CP, art. 312) a malversação ou dilapidação do patrimônio de sindicatos.

................................................................................................................................................................... .

Art. 545.Os empregadores ficam obrigados a descontar na folha de pagamento dos seus empregados,
desde que por eles devidamente autorizados, as contribuições devidas ao sindicato, quando por este
notificados, salvo quanto à contribuição sindical, cujo desconto independe dessas formalidades.
Parágrafo único. O recolhimento à entidade sindical beneficiária do importe descontado deverá ser
feito até o 10° (décimo) dia subseqüente ao do desconto, sob pena de juros de mora no valor de 10%
(dez por cento) sobre o montante retido, sem prejuízo da multa prevista no art. 553, e das cominações
penais relativas à apropriação indébita.

................................................................................................................................................................... .

Art. 552. Os atos que importem em malversação ou dilapidação do patrimônio das associações ou
entidades sindicais ficam equiparados ao crime de peculato julgado e punido na conformidade da
legislação penal.

................................................................................................................................................................... .

(Publicado no DOU de 13.10.68. Íntegra na RT 408/82 e Lex 1969/1431.)

LEI N 2 5.700, DE 1 2 DE SETEMBRO DE 1971

Dispõe sobre a forma e a apresentação dos Símbolos Nacionais,


e dá outras providências.

................................................................................................................................................................... .

Capítulo V
DO RESPEITO DEVIDO A BANDEIRA
NACIONAL E AO HINO NACIONAL

Art. 30. Nas cerimônias de hasteamento ou arriamento, nas ocasiões em que a Bandeira se apresentar
em marcha ou cortejo, assim como durante a execução do Hino Nacional, todos devem tomar atitude
de respeito, de pé e em silêncio, os civis do sexo masculino com a cabeça descoberta e os militares
em continência, segundo os regulamentos das respectivas corporações.
Parágrafo único. É vedada qualquer outra forma de saudação.
Art. 31. São consideradas manifestações de desrespeito à Bandeira Nacional, e portanto proibidas:
I. apresentá-la em mau estado de conservação;
II. mudar-lhe a forma, as cores, as proporções, o dístico ou acrescentar-lhe outras inscrições;
III. usá-la como roupagem, reposteiro, pano de boca, guarnição de mesa, revestimento de tribuna,
ou como cobertura de placas, retratos, painéis ou monumentos a inaugurar;
IV. reproduzi-la em rótulos ou invólucros de produtos expostos à venda.
Art. 32. As Bandeiras em mau estado de conservação devem ser entregues a qualquer Unidade Militar,
para que sejam incineradas no Dia da Bandeira, segundo o cerimonial peculiar.
Art. 33. Nenhuma bandeira de outra nação pode ser usada no País sem que esteja ao seu lado direito,
de igual tamanho e em posição de realce, a Bandeira Nacional, salvo nas sedes das representações
diplomáticas ou consulares.
Lei n2 5.709, de 7.10.71 870

Art. 34. É vedada a execução de quaisquer arranjos vocais do Hino Nacional, a não ser o de Alberto
Nepomuceno; igualmente não será permitida a execução de arranjos artísticos instrumentais do Hino
Nacional que não sejam autorizados pelo Presidente da República, ouvido o Ministério da Educação
e Cultura.

Capítulo VI
DAS PENALIDADES
Art. 35. A violação de qualquer disposição desta Lei, excluídos os casos previstos no art. 44 do
Decreto-Lei n 2 898, de 29 de setembro de 1969, é considerada contravenção, sujeito o infrator à pena
de multa, elevada ao dobro nos casos de reincidência.
■ Artigo com redação dada pela Lei n° 6.913, de 27.5.81.
■ O Decreto-Lei n9 898/69 foi revogado pela Lei n° 6.620/78 (Segurança Nacional); vide art. 41 da Lei
n° 6.620/78. A atual Lei de Segurança Nacional (Lei n° 7.170/83), que revogou a Lei n° 6.620/78, não
incrimina os casos referidos no art. 44 do Decreto-Lei n° 898/69.
■ Sobre pena de multa, vide Lei n9 7.209, de 11.7.84, art. 2 9.
Art. 36. 0 processo das infrações a que alude o artigo anterior obedecerá ao rito previsto para as
contravenções penais em geral.
■ Artigo com redação dada pela Lei n°6.913, de 27.5.81.
................................................................................................................................................................... .

Capítulo VII
DISPOSIÇÕES GERAIS
................................................................................................................................................................... .

Art. 44. 0 uso da Bandeira Nacional nas Forças Armadas obedece às normas dos respectivos
regulamentos, no que não colidir com a presente Lei.
Art. 45. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, ficando revogadas a de n 2 5.389, de 22 de
fevereiro de 1968, a de n 2 5.443, de 28 de maio de 1968, e demais disposições em contrário.
Brasília, 1 9 de setembro de 1971; 150° da Independência e 83 2 da República.
EMíuo G. MÉDICI
Alfredo Buzaid
(Publicada no DOU de 2.9.71. Íntegra na RT 431/441 e Lex 1971/1178.)

LEI N 2 5.709, DE 7 DE OUTUBRO DE 1971

Regula a aquisição de imóvel rural por estrangeiro residente no País


ou pessoa jurídica autorizada a funcionar no Brasil, e dá outras providências.

0 Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

................................................................................................................................................................... .

Art. 15. A aquisição de imóvel rural, que viole as prescrições desta Lei, é nula de pleno direito. O
tabelião que lavrar a escritura e o oficial de registro que a transcrever responderão civilmente pelos
871 Lei n° 5.741, de 1.12.71

danos que causarem aos contratantes, sem prejuízo da responsabilidade criminal, por prevaricação
ou falsidade ideológica. O alienante está obrigado a restituir ao adquirente o preço do imóvel.

................................................................................................................................................................... .

Brasília, 7 de outubro de 1971; 150 2 da Independência e 832 da República.


EMÍLIO G. MÉDICI
Alfredo Buzaid

(Publicada no DOU de 11.10.71. Íntegra na RT 432/447.)

LEI N° 5.741, DE 1 2 DE DEZEMBRO DE 1971

Dispõe sobre a proteção do financiamento


de bens imóveis vinculados
ao Sistema Financeiro da Habitação.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

................................................................................................................................................................... .

Art. 94 . Constitui crime de ação pública, punido com a pena de detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos e multa de cinco a vinte salários mínimos, invadir alguém, ou ocupar, com o fim de esbulho
possessório, terreno ou unidade residencial, construída ou em construção, objeto de financiamento do
Sistema Financeiro da Habitação.
■ Vide art. 22 da Lei n° 7.209, de 11.7.84, sobre pena de multa.
§ 1 2. Se o agente usa de violência, incorre também nas penas a esta cominada.
§ 22. É isento da pena de esbulho o agente que, espontaneamente, desocupa o imóvel antes de
qualquer medida coativa.

................................................................................................................................................................... .

Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Art. 14. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 1 2 de dezembro de 1971; 150 2 da Independência e 832 da República.
Emilio G. Woo
Alfredo Buzaid

(Publicada no DOU de 2.12.71. Íntegra na Lex 1971/1579.)

LEI N° 6.001, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1973

Dispõe sobre o Estatuto do Índio.


■ Esta lei estabelece normas penais a propósito da aplicação de penas a índios (art. 56); classifica
como crimes contra os índios e sua cultura determinados comportamentos (art. 58); dispõe sobre a
agravação da pena de crimes praticados contra índios não integrados ou comunidade indígena (art.
59).

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Lei n° 6.091, de 15.8.74 872

Título VI
DAS NORMAS PENAIS

Capítulo I
DOS PRINCÍPIOS
Art. 56. No caso de condenação de índio por infração penal, a pena deverá ser atenuada e na sua
aplicação o juiz atenderá também ao grau de integração do silvícola.
Parágrafo único. As penas de reclusão e de detenção serão cumpridas, se possível, em regime
especial de semiliberdade, no local de funcionamento do órgão federal de assistência aos índios mais
próximos da habitação do condenado.
Art. 57. Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de
sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou
infamante, proibida em qualquer caso a pena de morte.

Capítulo II
DOS CRIMES CONTRA OS INDIOS
Art. 58. Constituem crimes contra os índios e a cultura indígena:
I. escarnecer de cerimônia, rito, uso, costume ou tradição culturais indígenas, vilipendiá-los ou
perturbar, de qualquer modo, a sua prática:
Pena — detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses;
II. utilizar o índio ou comunidade indígena como objeto de propaganda turística ou de exibição
para fins lucrativos:
Pena — detenção de 2 (dois) a 6 (seis) meses;
III. propiciar, por qualquer meio, a aquisição, uso e a disseminação de bebidas alcoólicas, nos
grupos tribais ou entre índios não integrados:
Pena — detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. As penas estatuídas neste artigo são agravadas de um terço, quando o crime for
praticado por funcionário ou empregado do órgão de assistência ao índio.
Art. 59. No caso de crime contra a pessoa, o patrimônio ou os costumes, em que o ofendido seja índio
não integrado ou comunidade indígena, a pena será agravada de um terço.

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(Publicada no DOU de 21.12.73. Íntegra na Lex 1973/1957.)

LEI N° 6.091, DE 15 DE AGOSTO DE 1974

Dispõe sobre o fornecimento gratuito de transporte, em dias de


eleição, a eleitores residentes nas zonas rurais, e dá outras providências.
0 Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 9. Os veículos e embarcações, devidamente abastecidos e tripulados, pertencentes à União,
Estados, Territórios e Municípios e suas respectivas autarquias e sociedades de economia mista,
excluídos os de uso militar, ficarão à disposição da Justiça Eleitoral para o transporte gratuito de
eleitores em zonas rurais, em dias de eleição.
§ 1 9 . Excetuam-se do disposto neste artigo os veículos e embarcações em número justificadamente
indispensável ao funcionamento de serviço público insuscetível de interrupção.
873 Lei n2 6.091, de 15.8.74

§ 2 2 . Até 15 (quinze) dias antes das eleições, a Justiça Eleitoral requisitará dos órgãos da
administração direta ou indireta da União, dos Estados, Territórios, Distrito Federal e Municípios os
funcionários e as instalações de que necessitar para possibilitar a execução dos serviços de transporte
e alimentação de eleitores previstos nesta Lei.
Art. 22 . Se a utilização de veículos pertencentes às entidades previstas no art. 1 2 não for suficiente para
atender ao disposto nesta Lei, a Justiça Eleitoral requisitará veículos e embarcações a particulares, de
preferência os de aluguel.
Parágrafo único. Os serviços requisitados serão pagos, até 30 (trinta) dias depois do pleito, a preços
que correspondam aos critérios da localidade. A defesa correrá por conta do Fundo Partidário.
Art. 32. Até 50 (cinqüenta) dias antes da data do pleito, os responsáveis por todas as repartições,
órgãos e unidades do serviço público federal, estadual e municipal oficiarão à Justiça Eleitoral,
informando o número, a espécie e lotação dos veículos e embarcações de sua propriedade, e
justificando, se for o caso, a ocorrência da exceção prevista no § 1 2 do art. 1 2 desta Lei.
§ 1 2 . Os veículos e embarcações à disposição da Justiça Eleitoral deverão, mediante comunicação
expressa de seus proprietários, estar em condições de ser utilizados, pelo menos, 24 (vinte e quatro)
horas antes das eleições e circularão exibindo de modo bem visível, dístico em letras garrafais, com
a frase: "A serviço da Justiça Eleitoral".
§ 2 2 . A Justiça Eleitoral, à vista das informações recebidas, planejará a execução do serviço de
transporte de eleitores e requisitará aos responsáveis pelas repartições, órgãos ou unidades, até 30
(trinta) dias antes do pleito, os veículos e embarcações necessários.
Art. 42. Quinze dias antes do pleito, a Justiça Eleitoral divulgará, pelo órgão competente, o quadro
geral de percursos e horários programados para o transporte de eleitores, dele fornecendo cópias aos
partidos políticos.
§ 1 2 . O transporte de eleitores somente será feito dentro dos limites territoriais do respectivo
município e quando das zonas rurais para as mesas receptoras distar pelo menos 2 km (dois quilô-
metros).
§ 2 2 . Os partidos políticos, os candidatos, ou eleitores em número de vinte, pelo menos, poderão
oferecer reclamações em 3 (três) dias contados da divulgação do quadro.
§ 3 2 . As reclamações serão apreciadas nos 3 (três) dias subseqüentes, delas cabendo recurso sem
efeito suspensivo.
§ 42. Decididas as reclamações, a Justiça Eleitoral divulgará, pelos meios disponíveis, o quadro
definitivo.
Art. 52 . Nenhum veículo ou embarcação poderá fazer transporte de eleitores desde o dia anterior até
o posterior à eleição, salvo:
I. a serviço da Justiça Eleitoral;
II. coletivos de linhas regulares e não fretados;
III. de uso individual do proprietário, para o exercício do próprio voto e dos membros da sua família;
IV. o serviço normal, sem finalidade eleitoral, de veículos de aluguel não atingidos pela requisição
de que trata o art. 2 2 .
Art. W. A indisponibilidade ou as deficiências do transporte de que trata esta Lei não eximem o eleitor
do dever de votar.
Parágrafo único. Verificada a inexistência ou deficiência de embarcações e veículos, poderão os
órgãos partidários ou os candidatos indicar à Justiça Eleitoral onde há disponibilidade para que seja
feita a competente requisição.
Art. 7 2. O eleitor que deixar de votar e não se justificar perante o juiz eleitoral até 60 (sessenta) dias
após a realização da eleição incorrerá na multa de 3% (três por cento) a 10% (dez por cento) sobre o
salário mínimo da região, imposta pelo juiz eleitoral e cobrada na forma prevista no art. 367 da Lei n°
4.737, de 15 de julho de 1965.
Art. 82. Somente a Justiça Eleitoral poderá, quando imprescindível, em fase da absoluta carência de
recursos de eleitores da zona rural, fornecer-lhes refeições, correndo, nesta hipótese, as despesas por
conta do Fundo Partidário.
Art. 92. É facultado aos partidos exercer fiscalização nos locais onde houver transporte e fornecimento
de refeições a eleitores.
2
Lei n 6.192, de 19.12.74 874

Art. 10. E vedado aos candidatos ou órgãos partidários, ou a qualquer pessoa, o fornecimento de
transporte ou refeições aos eleitores da zona urbana.
Art. 11. Constitui crime eleitoral:
I. descumprir, o responsável por órgão, repartição ou unidade do serviço público, o dever
imposto no art. 32 , ou prestar informação inexata que vise a elidir, total ou parcialmente, a contribuição
de que ele trata:
Pena— detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, e pagamento, de 60 (sessenta) a 100 (cem)
dias-multa;
II. desatender à requisição de que trata o art. 2 2 :
Pena — pagamento de 200 (duzentos) a 300 (trezentos) dias-multa, além da apreensão do veículo
para o fim previsto;
III. descumprir a proibição dos arts. 5 2, 82 e 10:
Pena — reclusão, de 4 (quatro) a 6 (seis) anos, e pagamento, de 200 (duzentos) a 300 (trezentos)
dias-multa (art. 302 do Código Eleitoral);
IV. obstar, por qualquer forma, a prestação dos serviços previstos nos arts. 42 e 82 desta Lei,
atribuídos à Justiça Eleitoral:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos;
V. utilizar em campanha eleitoral, no decurso de 90 (noventa) dias que antecedem o pleito,
veículos e embarcações pertencentes à União, Estados, Territórios, Municípios e respectivas autar-
quias e sociedades de economia mista:
Pena — cancelamento do registro do candidato ou de seu diploma, se já houver sido proclamado
eleito.
Parágrafo único. O responsável, pela guarda do veículo ou da embarcação, será punido com a
pena de detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, e pagamento de 60 (sessenta) a 100 (cem)
dias-multa.
■ Vide art. 22 da Lei n° 7.209, de 11.7.84, sobre pena de multa.

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Art. 28. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Brasília, 15 de agosto de 1974; 153 2 da Independência e 86 2 da República.
ERNESTO GEISEL
Armando Falcão
(Publicada no DOU de 15.8.74. Íntegra na Lex 1974/886.)

LEI N 9 6.192, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1974


Dispõe sobre restrições a brasileiros
naturalizados, e dá outras providências.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 2. É vedada qualquer distinção entre brasileiros natos e naturalizados.
Art. 22 . A condição de "brasileiro nato", exigida em leis ou decretos, para qualquer fim, fica modificada
para a de "brasileiro".
Art. 32 . Não serão admitidos a registro os atos de constituição de sociedade comercial ou civil que
contiverem restrição a brasileiro naturalizado.
Art. 42. Nos documentos públicos, a indicação da nacionalidade brasileira alcançada mediante
naturalização far-se-á sem referência a esta circunstância.
875 Lei n2 6.368, de 21.10.76

Art. 5 2. A violação do disposto no art. 1 2 desta Lei constitui contravenção penal, punida com as penas
de prisão simples de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses e multa igual a três vezes o valor do maior salário
mínimo vigente no País.
■ Vide art. 22 da Lei n2 7.209, de 11.7.84, sobre pena de multa.
Art. 62. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Brasília, 19 de dezembro de 1974; 153 2 da Independência e 86 2 da República.
ERNESTO GEISEL
Armando Falcão

(Publicada no DOU de 20.12.74.)

LEI N° 6.368, DE 21 DE OUTUBRO DE 1976

Dispde sobre medidas de prevenção e repressão ao tráfico


ilícito e uso indevido de substâncias entorpecentes ou que
determinem dependência física ou psíquica, e dá outras providências.
■ Vide art. 52, XLIII, da CR/88; art. 2 2, I e II e §§ 1 2 a 32, art. 52 e art. 10 da Lei n 2 8.072, de 25.7.90 (Lei
dos Crimes Hediondos). Sobre a expropriação de glebas em que se localizem culturas ilegais, vide
Lei n 2 8.257, de 26.11.91. Sobre o Sistema Nacional Antidrogas de que trata o art. 3 2 desta Lei, vide
Decreto n° 2.632, de 19.6.98. Vide, ainda, Lei n° 10.409, de 11.1.02. A respeito da Lei n° 6.368, de
21.10.76, vide Celso Delmanto, Tóxicos, 1982.

O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Capítulo I
DA PREVENÇÃO

Art. 1 2. É dever de toda pessoa física ou jurídica colaborar na prevenção e repressão ao tráfico ilícito
e uso indevido de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica.
Parágrafo único. As pessoas jurídicas que, quando solicitadas, não prestarem colaboração nos
planos governamentais de prevenção e repressão ao tráfico ilícito e uso indevido de substância
entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica perderão, a juízo do órgão ou do poder
competente, auxílios ou subvenções que venham recebendo da União, dos Estados, do Distrito
Federal, Territórios e Municípios, bem como de suas autarquias, empresas públicas, sociedades de
economia mista e fundações.
Art. 22. Ficam proibidos em todo o território brasileiro o plantio, a cultura, a colheita e a exploração,
por particulares, de todas as plantas das quais possa ser extraída substância entorpecente ou que
determine dependência física ou psíquica.
§ V. As plantas dessa natureza, nativas ou cultivadas, existentes no território nacional, serão
destruídas pelas autoridades policiais, ressalvados os casos previstos no parágrafo seguinte.
§ 22 . A cultura dessas plantas com fins terapêuticos ou científicos só será permitida mediante prévia
autorização das autoridades competentes.
§ 32 . Para extrair, produzir, fabricar, transformar, preparar, possuir, importar, exportar, reexportar,
remeter, transportar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir para qualquer fim
substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, ou matéria-prima destina-
da à sua preparação, é indispensável licença da autoridade sanitária competente, observadas as
demais exigências legais.
Lei n° 6.368, de 21.10.76 876

§ 4°. Fica dispensada da exigência prevista no parágrafo anterior a aquisição de medicamentos


mediante prescrição médica, de acordo com os preceitos legais ou regulamentares.
Art. 3°. As atividades de prevenção, repressão ao tráfico ilícito, uso indevido e produção não autorizada
de substâncias entorpecentes e drogas que causem dependência física ou psíquica, e a atividade de
recuperação de dependentes serão integradas num Sistema Nacional Antidrogas, constituído pelo
conjunto de órgãos que exerçam essas atribuições nos âmbitos federal, estadual, distrital e municipal.
■ Caput do art. 3 9 com relação determinada pe/a Medida Provisória n° 1.964-28, de 27.6.00.
Parágrafo único. O sistema de que trata este artigo será formalmente estruturado por decreto do
Poder Executivo, que disporá sobre os mecanismos de coordenação e controle globais de atividades,
e sobre os mecanismos de coordenação e controle incluídos especificamente nas áreas de atuação
dos governos federal, estaduais e municipais.
Art.4°. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino ou hospitalares, ou de entidades sociais, culturais,
recreativas, esportivas ou beneficentes, adotarão, de comum acordo e sob a orientação técnica de
autoridades especializadas, todas as medidas necessárias à prevenção do tráfico ilícito e do uso
indevido de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, nos recintos
ou imediações de suas atividades.
Parágrafo único. A não-observância do disposto neste artigo implicará a responsabilidade penal e
administrativa dos referidos dirigentes.
Art. 5 2. Nos programas dos cursos de formação de professores serão incluídos ensinamentos
referentes a substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica, a fim de
que possam ser transmitidos com observância dos seus princípios científicos.
Parágrafo único. Dos programas das disciplinas da área de ciências naturais, integrantes dos
currículos dos cursos de 1° grau, constarão obrigatoriamente pontos que tenham por objetivo o
esclarecimento sobre a natureza e efeitos das substâncias entorpecentes ou que determinem depen-
dência física ou psíquica.
Art. 6°. Compete privativamente ao Ministério da Saúde, através de seus órgãos especializados, baixar
instruções de caráter geral ou especial sobre proibição, limitação, fiscalização e controle da produção,
do comércio e do uso de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou
psíquica e de especialidades farmacêuticas que as contenham.
Parágrafo único. A competência fixada neste artigo, no que diz respeito à fiscalização e ao controle,
poderá ser delegada a órgãos congêneres dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
Art. 7°. A União poderá celebrar convênios com os Estados visando à prevenção e repressão do tráfico
ilícito e do uso indevido de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica.

Capítulo II
DO TRATAMENTO E DA RECUPERAÇAO
Art. 84. Os dependentes de substâncias entorpecentes, ou que determinem dependência física ou
psíquica, ficarão sujeitos às medidas previstas neste Capítulo.
Art. 9 2 . As redes dos serviços de saúde dos Estados, Territórios e Distrito Federal contarão, sempre
que necessário e possível, com estabelecimentos próprios para tratamento dos dependentes de
substâncias a que se refere a presente Lei.
§ 1 2. Enquanto não se criarem os estabelecimentos referidos neste artigo, serão adaptadas, na rede
já existente, unidades para aquela finalidade.
§ 2°. O Ministério da Previdência e Assistência Social providenciará no sentido de que as normas
previstas neste artigo e seu § sejam também observadas pela sua rede de serviços de saúde.
Art. 10. 0 tratamento sob regime de internação hospitalar será obrigatório quando o quadro clínico do
dependente ou a natureza de suas manifestações psicopatológicas assim o exigirem.
§ 1°. Quando verificada a desnecessidade de internação, o dependente será submetido a trata-
mento em regime extra-hospitalar, com assistência do serviço social competente.
§ 2°. Os estabelecimentos hospitalares e clínicas, oficiais ou particulares, que receberem depen-
dentes para tratamento, encaminharão à repartição competente, até o dia 10 de cada mês, mapa
estatístico dos casos atendidos durante o mês anterior, com a indicação do código da doença, segundo
a classificação aprovada pela Organização Mundial de Saúde, dispensada a menção do nome do
paciente.
877 Lei n° 6.368, de 21.10.76

Art. 11. Ao dependente que, em razão da prática de qualquer infração penal, for imposta pena privativa
de liberdade ou medida de segurança detentiva será dispensado tratamento em ambulatório interno
do sistema penitenciário onde estiver cumprindo a sanção respectiva.

Capítulo Ill
DOS CRIMES E DAS PENAS

■ Sobre a pena de multa, vide art. 2° da Lei n° 7.209, de 11.7.84.


Art. 12. Importar ou exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda ou
oferecer, fornecer ainda que gratuitamente, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar,
prescrever, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a consumo substância entorpecente ou que
determine dependência física ou psíquica, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar:
Pena — reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos, e pagamento, de 50 (cinqüenta) a 360 (trezentos
e sessenta) dias-multa.
§ 1°. Nas mesmas penas incorre quem, indevidamente:
I. importa ou exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda ou oferece, fornece
ainda que gratuitamente, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda matéria-prima destinada
a preparação de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica;
II. semeia, cultiva ou faz a colheita de plantas destinadas à preparação de entorpecente ou de
substância que determine dependência física ou psíquica.
§ 2°. Nas mesmas penas incorre, ainda, quem:
I. induz, instiga ou auxilia alguém a usar entorpecente ou substância que determine dependência
física ou psíquica;
II. utiliza local de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente
que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, para uso indevido ou tráfico ilícito de entorpecente
ou de substância que determine dependência física ou psíquica;
III. contribui de qualquer forma para incentivar ou difundir o uso indevido ou o tráfico ilícito de
substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica.
Art. 13. Fabricar, adquirir, vender, fornecer ainda que gratuitamente, possuir ou guardar maquinismo,
aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou transfor-
mação de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, sem autorização
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena — reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento, de 50 (cinqüenta) a 360 (trezentos e
sessenta) dias-multa.
Art. 14. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer
dos crimes previstos nos arts. 12 e 13 desta Lei:
Pena — reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento, de 50 (cinqüenta) a 360 (trezentos e
sessenta) dias-multa.
Art. 15. Prescrever ou ministrar, culposamente, o médico, dentista, farmacêutico ou profissional de
enfermagem substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, em dose
evidentemente maior que a necessária ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento, de 30 (trinta) a 100 (cem)
dias-multa.
Art. 16. Adquirir, guardar ou trazer consigo, para uso próprio, substância entorpecente ou que determine
dependência física ou psíquica, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento, de 20 (vinte) a 50 (cinqüenta)
dias-multa.
Art. 17. Violar de qualquer forma o sigilo de que trata o art. 26 desta Lei:
Pena — detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) meses, ou pagamento, de 20 (vinte) a 50 (cinqüenta)
dias-multa, sem prejuízo das sanções administrativas a que estiver sujeito o infrator.
Lei n° 6.368, de 21.10.76 878

Art. 18. As penas dos crimes definidos nesta Lei serão aumentadas de um terço a dois terços:
I. no caso de tráfico com o exterior ou de extraterritorialidade da lei penal;
II. quando o agente tiver praticado o crime prevalecendo-se de função pública relacionada com
a repressão à criminalidade ou quando, muito embora não titular de função pública, tenha missão de
guarda e vigilância;
III. se qualquer deles decorrer de associação ou visar a menores de 21 (vinte e um) anos ou a
quem tenha, por qualquer causa, diminuída ou suprimida a capacidade de discernimento ou de
autodeterminação;
■ Inc. Ill com nova redação determinada pela Lei n° 10.741/03 - Estatuto do Idoso (vide Anexo X).
IV. se qualquer dos atos de preparação, execução ou consumação ocorrer nas imediações ou no
interior de estabelecimentos de ensino ou hospitalar, de sedes de entidades estudantis, sociais,
culturais, recreativas, esportivas ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo de estabelecimentos
penais, ou de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, sem prejuízo
da interdição do estabelecimento ou do local.
Art. 19. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito de substância
entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica proveniente de caso fortuito ou força
maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um terço a dois terços se, por qualquer das
circunstâncias previstas neste artigo, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Capítulo IV
DO PROCEDIMENTO CRIMINAL
Art. 20. 0 procedimento dos crimes definidos nesta Lei reger-se-á pelo disposto neste Capítulo,
aplicando-se subsidiariamente o Código de Processo Penal.
Art. 21. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade policial dela fará comunicação imediata ao juiz
competente, remetendo-lhe juntamente uma cópia do auto lavrado e o respectivo auto nos 5 (cinco)
dias seguintes.
§ 1°. Nos casos em que não ocorrer prisão em flagrante, o prazo para remessa dos autos do
inquérito a juízo será de 30 (trinta) dias.
§ 22 . Nas comarcas onde houver mais de uma vara competente, a remessa far-se-á na forma
prevista na Lei de Organização Judiciária local.
Art. 22. Recebidos os autos em juízo, será aberta vista ao Ministério Público para, no prazo de 3 (três)
dias, oferecer denúncia, arrolar testemunhas até o máximo de cinco e requerer as diligências que
entender necessárias.
§ 1 2 . Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e do oferecimento da denúncia, no que
tange à materialidade do delito, bastará laudo de constatação da natureza da substância firmado por
perito oficial, ou, na falta deste, por pessoa idõnea escolhida de preferência entre as que tiverem
habilitação técnica.
§ 22 . Quando o laudo a que se refere o parágrafo anterior for subscrito por perito oficial, não ficará
este impedido de participar da elaboração do laudo definitivo.
§ 32 . Recebida a denúncia, o juiz, em 24 (vinte e quatro) horas, ordenará a citação ou requisição
do réu e designará dia e hora para o interrogatório, que se realizará dentro dos 5 (cinco) dias seguintes.
§ 42 . Se o réu não for encontrado nos endereços constantes dos autos, o juiz ordenará sua citação
por edital, com prazo de 5 (cinco) dias, após o qual decretará sua revelia. Neste caso, os prazos
correrão independentemente de intimação.
■ Sobre revelia, vide arts. 366 a 370 do CPP.
§ 52 . No interrogatório, o juiz indagará do réu sobre eventual dependência, advertindo-o das
conseqüências de suas declarações.
879 Lei n° 6.368, de 21.10.76

§ 6°. Interrogado o réu, será aberta vista à defesa para, no prazo de 3 (três) dias, oferecer alegações
preliminares, arrolar testemunhas até o máximo de cinco e requerer as diligências que entender
necessárias. Havendo mais de um réu, o prazo será comum e correrá em cartório.
Art. 23. Findo o prazo do § 6° do artigo anterior, o juiz proferirá despacho saneador, em 48 (quarenta
e oito) horas, no qual ordenará as diligências indispensáveis ao julgamento do feito e designará, para
um dos 8 (oito) dias seguintes, audiência de instrução e julgamento, notificando-se o réu e as
testemunhas que nela devam prestar depoimento, intimando-se o defensor e o Ministério Público, bem
como cientificando-se a autoridade policial e os órgãos dos quais dependa a remessa de peças ainda
não constantes dos autos.
§ 1°. Na hipótese de ter sido determinado exame de dependência, o prazo para a realização da
audiência será de 30 (trinta) dias.
§ 2°. Na audiência, após a inquirição das testemunhas, será dada a palavra, sucessivamente, ao
órgão do Ministério Público e ao defensor do réu, pelo tempo de 20 (vinte) minutos para cada um,
prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz que, em seguida, proferirá sentença.
§ 3°. Se o juiz não se sentir habilitado a julgar de imediato a causa, ordenará que os autos lhe sejam
conclusos para, no prazo de 5 (cinco) dias, proferir sentença.
Art. 24. Nos casos em que couber fiança, sendo o agente menor de 21 (vinte e um) anos, a autoridade
policial, verificando não ter o mesmo condições de prestá-la, poderá determinar o seu recolhimento
domiciliar na residência dos pais, parentes ou de pessoa idônea, que assinarão termo de responsabi-
li dade.
§ 1°. O recolhimento domiciliar será determinado sempre ad referendum do juiz competente que
poderá mantê-lo ou revogá-lo, ou ainda conceder liberdade provisória.
§ 2°. Na hipótese de revogação de qualquer dos benefícios previstos neste artigo o juiz mandará
expedir mandado de prisão contra o indiciado ou réu aplicando-se, no que couber, o disposto no § 4 9
do art. 22.
Art. 25. A remessa dos autos de flagrante ou de inquérito a juízo far-se-á sem prejuízo das diligências
destinadas ao esclarecimento do fato, inclusive a elaboração do laudo de exame toxicológico e, se
necessário, de dependência, que serão juntados ao processo até a audiência de instrução e julga-
mento.
Art. 26. Os registros, documentos ou peças de informação, bem como os autos de prisão em flagrante
e os de inquérito policial para a apuração dos crimes definidos nesta Lei serão mantidos sob sigilo,
ressalvadas, para efeito exclusivo de atuação profissional, as prerrogativas do juiz, do Ministério
Público, da autoridade policial e do advogado na forma da legislação específica.
Parágrafo único. Instaurada a ação penal, ficará a critério do juiz a manutenção do sigilo a que se
refere este artigo.
Art. 27. O processo e o julgamento do crime de tráfico com o exterior caberão à justiça estadual com
interveniência do Ministério Público respectivo, se o lugar em que tiver sido praticado for município
que não seja sede de vara da Justiça Federal, com recurso para o Tribunal Federal de Recursos.
■ Com a extinção do Tribunal Federal de Recursos e a criação dos Tribunais Regionais Federais, o
recurso deverá ser dirigido a estes.
Art. 28. Nos casos de conexão e continência entre os crimes definidos nesta Lei e outras infrações
penais, o processo será o previsto para a infração mais grave, ressalvados os da competência do júri
e das jurisdições especiais.
Art. 29. Quando o juiz absolver o agente, reconhecendo por força de perícia oficial que ele, em razão
de dependência, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, ordenará seja o mesmo
submetido a tratamento médico.
§ 1°. Verificada a recuperação, será esta comunicada ao juiz que, após comprovação por perícia
oficial, e ouvido o Ministério Público, determinará o encerramento do processo.
§ 2°. Não havendo peritos oficiais, os exames serão feitos por médicos, nomeados pelo juiz, que
prestarão compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo.
§ 3°. No caso de o agente frustrar, de algum modo, tratamento ambulatorial ou vir a ser novamente
processado nas mesmas condições do caput deste artigo, o juiz poderá determinar que o tratamento
seja feito em regime de internação hospitalar.
Lei n° 6.368, de 21.10.76 880

Art. 30. Nos casos em que couber fiança, deverá a autoridade, que a conceder ou negar, fundamentar
a decisão.
§ 1°. O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder, entre o mínimo de Cr$ 500,00
(quinhentos cruzeiros) e o máximo de Cr$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros).
§ 2°. Aos valores estabelecidos no parágrafo anterior, aplicar-se-á o coeficiente de atualização
monetária referido no parágrafo único do art. 2 2 da Lei n° 6.205, de 29 de abril de 1975.
Art. 31. No caso de processo instaurado contra mais de um réu, se houver necessidade de realizar-se
exame de dependência, far-se-á sua separação no tocante ao réu a quem interesse o exame,
processando-se este em apartado, e fixando o juiz prazo até 30 (trinta) dias para sua conclusão.
A rt .32. Para os réus condenados à pena de detenção, pela prática de crime previsto nesta Lei, o prazo
para requerimento da reabilitação será de 2 (dois) anos.
Art. 33. Sob pena de responsabilidade penal e administrativa, os dirigentes, funcionários e emprega-
dos dos órgãos da administração pública direta e autárquica, das empresas públicas, sociedades de
economia mista, ou fundações instituídas pelo poder público, observarão absoluta precedência nos
exames, perícias e na confecção e expedição de peças, publicação de editais, bem como no
atendimento de informações e esclarecimentos solicitados por autoridades judiciárias, policiais ou
administrativas com o objetivo de instruir processos destinados à apuração de quaisquer crimes
definidos nesta Lei.
Art. 34. Os veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer outros meios de transporte, assim como os
maquinismos, utensílios, instrumentos e objetos de qualquer natureza, utilizados para a prática dos
crimes definidos nesta Lei, após a sua regular apreensão, ficarão sob custódia da autoridade de polícia
judiciária, excetuadas as armas, que serão recolhidas na forma da legislação específica.
§ 1 P . (Revogado pela Lei n2 9.804, de 30.6.99.)
§ 2°. (Revogado pela Lei n° 7.560, de 19.12.86.)
§ Y. Feita a apreensão a que se refere o caput, e tendo recaído sobre dinheiro ou cheques emitidos
como ordem de pagamento, a autoridade policial que presidir o inquérito deverá, de imediato, requerer
ao juízo competente a intimação do Ministério Público.
§ 4°. Intimado, o Ministério Público deverá requerer ao juízo a conversão do numerário apreendido
em moeda nacional se for o caso, a compensação dos cheques emitidos após a instrução do inquérito
com cópias autênticas dos respectivos títulos, e o depósito das correspondentes quantias em conta
judicial, juntando-se aos autos o recibo.
§ 5°. Recaindo a apreensão sobre bens não previstos nos parágrafos anteriores, o Ministério
Público, mediante petição autônoma, requererá ao juízo competente que, em caráter cautelar, proceda
à alienação dos bens apreendidos, excetuados aqueles que a União, por intermédio da Secretaria
Nacional Antidrogas — SENAD, indicar para serem colocados sob custódia de autoridade policial, de
órgãos de inteligência ou militar federal, envolvidos nas operações de prevenção e repressão ao tráfico
ilícito e uso indevido de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica.
§ 6°. Excluídos os bens que a União, por intermédio da SENAD, houver indicado para os fins
previstos no parágrafo anterior, o requerimento de alienação deverá conter a relação de todos os
demais bens apreendidos, com a descrição e a especificação de cada um deles, e informações sobre
quem os tem sob custódia e o local onde se encontram custodiados.
§ T. Requerida a alienação dos bens, a respectiva petição será autuada em apartado, cujos autos
terão tramitação autônoma em relação aos da ação principal.
§ 8°. Autuado o requerimento de alienação, os autos serão conclusos ao juiz que, verificada a
presença de nexo de instrumentalidade entre o delito e os objetos utilizados para a sua prática e risco
de perda de valor econômico pelo decurso do tempo, determinará a avaliação dos bens relacionado,
intimando a União, o Ministério Público e o interessado, este, se for o caso, inclusive por edital com
prazo de 5 (cinco) dias.
§ 9°. Feita a avaliação, e dirimidas eventuais divergências sobre o respectivo laudo, o juiz, por
sentença, homologará o valor atribuído aos bens, determinando sejam alienados mediante leilão.
§ 10. Realizado o leilão, e depositada em conta judicial a quantia apurada, a União será intimada
para oferecer, na forma prevista em regulamento, caução equivalente àquele montante e aos valores
depositados nos termos do § 4°, em certificados de emissão do Tesouro Nacional, com características
a serem definidas em ato do Ministro de Estado da Fazenda.
§ 11. Compete à SENAD solicitar à Secretaria do Tesouro Nacional a emissão dos certificados a
que se refere o parágrafo anterior.
881 Lei n2 6.368, de 21.10.76

§ 12. Feita a caução, os valores da conta judicial serão transferidos para a União, mediante depósito
na conta do Fundo Nacional Antidrogas — FUNAD, apensando-se os autos da alienação aos do
processo principal.
§ 13. Na sentença de mérito, o juiz, nos autos do processo de conhecimento, decidirá sobre o
perdimento dos bens e dos valores mencionados nos §§ 42 e 59 , e sobre o levantamento da caução.
§ 14. No caso de levantamento da caução, os certificados a que se refere o § 10 deverão ser
resgatados pelo seu valor de face, sendo os recursos para o pagamento providos pelo FUNAD.
§ 15. A Secretaria do Tesouro Nacional fará constar dotação orçamentária para o pagamento dos
certificados referidos no § 10.
§ 16. No caso de perdimento, ern favor da União, dos bens e valores mencionados nos §§ e 52 ,
a Secretaria do Tesouro Nacional providenciará o cancelamento dos certificados emitidos para
caucioná-los.
§ 17. Não terão efeito suspensivo os recursos interpostos contra as decisões proferidas no curso
do procedimento previsto neste artigo.
§ 18. A União, por intermédio da SENAD, poderá firmar convênio com os Estados, com o Distrito
Federal e com os organismos envolvidos na prevenção, repressão e no tratamento de tóxico-depen-
dentes, com vistas á liberação de recursos por ela arrecadados nos termos deste artigo, para a
implantação e execução de programas de combate ao tráfico ilícito e uso indevido de substâncias
entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica.
§ 19. Nos processos penais em curso, o juiz, a requerimento do Ministério Público, poderá determinar
a alienação dos bens apreendidos, observado o disposto neste artigo.
§ 20. A SENAD poderá firmar convênios de cooperação, a fim de promover a imediata alienação
de bens não leiloados, cujo perdimento já tenha sido decretado em favor da União.
■ Art. 34, caput, alterado e §§ 3 9 a 20 acrescentados pela Lei n° 9.804, de 30.6.99.
Art. 35. 0 réu condenado por infração dos arts. 12 ou 13 desta Lei não poderá apelar sem recolher-se
à prisão.
■ Quanto à possibilidade de apelação em liberdade, vide art. 29 § 29 da Lei n° 8.072, de 25.7.90.
Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste Capítulo serão contados em dobro quando se
tratar dos crimes previstos nos arts. 12, 13 e 14.
■ Parágrafo único acrescentado pela Lei n°8.072, de 25.7.90.

Capítulo V
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 36. Para os fins desta Lei serão consideradas substâncias entorpecentes ou capazes de
determinar dependência física ou psíquica aquelas que assim forem especificadas em lei ou relacio-
nadas pelo Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde.
Parágrafo único. O Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia deverá rever, sempre
que as circunstâncias assim o exigirem, as relações a que se refere este artigo, para o fim de exclusão
ou inclusão de novas substâncias.
Art. 37. Para efeito de caracterização dos crimes definidos nesta Lei, a autoridade atenderá à natureza
e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação
criminosa, às circunstâncias da prisão, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.
Parágrafo único. A autoridade deverá justificar, em despacho fundamentado, as razões que a
levaram à classificação legal do fato, mencionando concretamente as circunstâncias referidas neste
artigo, sem prejuízo de posterior alteração da classificação pelo Ministério Público ou pelo juiz.
Art. 38. A pena de multa consiste no pagamento, ao Tesouro Nacional, de uma soma em dinheiro que
é fixada em dias-multa.
§ 1 9 . O montante do dia-multa será fixado segundo o prudente arbítrio do juiz, entre o mínimo de
Cr$ 25,00 (vinte e cinco cruzeiros) e o máximo de Cr$ 250,00 (duzentos e cinqüenta cruzeiros).
§ 29 . Aos valores estabelecidos no parágrafo anterior aplicar-se-á o coeficiente de atualização
monetária referido no parágrafo único do art. 2 2 da Lei n 9 6.205, de 29 de abril de 1975.
§ Y. A pena pecuniária terá como referência os valores do dia-multa que vigorarem à época do fato.
Lei n° 6.368, de 21.10.76 882

■ Vide, no final, Tabela para Cálculo de Penas de Multa.


■ Quanto ao número e ao valor dos dias-multa, vide art. 49 do CP.
Art. 39. As autoridades sanitárias, policiais e alfandegárias organizarão e manterão estatísticas,
registros e demais informes, inerentes às suas atividades relacionadas com a prevenção e repressão
de que trata esta Lei, deles fazendo remessa ao órgão competente com as observações e sugestões
que julgarem pertinentes à elaboração do relatório que será enviado anualmente ao órgão internacional
da fiscalização de entorpecentes.
Art. 40. Todas as substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica,
apreendidas por infração a qualquer dos dispositivos desta Lei, serão obrigatoriamente remetidas,
após o trânsito em julgado da sentença, ao órgão competente do Ministério da Saúde ou congênere
estadual, cabendo-lhes providenciar o seu registro e decidir do seu destino.
§ 1°. Ficarão sob a guarda e responsabilidade das autoridades policiais, até o trânsito em julgado
da sentença, as substâncias referidas neste artigo.
§ 2°. Quando se tratar de plantação ou quantidade que torne difícil o transporte ou apreensão da
substância na sua totalidade, a autoridade policial recolherá quantidade suficiente para exame pericial
destruindo o restante, de tudo lavrando auto circunstanciado.
Art. 41. As autoridades judiciárias, o Ministério Público e as autoridades policiais poderão requisitar
às autoridades sanitárias competentes, independentemente de qualquer procedimento judicial, a
realização de inspeções nas empresas industriais ou comerciais, nos estabelecimentos hospitalares,
de pesquisa, ensino e congêneres, assim como nos serviços médicos que produzirem, venderem,
comprarem, consumirem ou fornecerem substâncias entorpecentes ou que determinem dependência
física ou psíquica, ou especialidades farmacêuticas que as contenham, sendo facultada a assistência
da autoridade requisitante.
§ 1 2 . Nos casos de falência ou de liquidação judicial das empresas ou estabelecimentos referidos
neste artigo, ou de qualquer outro em que existam tais produtos, cumpre ao juízo por onde correr o
feito oficiar às autoridades sanitárias competentes, para que promovam, desde logo, as medidas
necessárias ao recebimento, em depósito, das substâncias arrecadadas.
§ 2°. As vendas em hasta pública de substâncias ou especialidades a que se refere este artigo
serão realizadas com a presença de um representante da autoridade sanitária competente, só
podendo participar da licitação pessoa física ou jurídica regularmente habilitada.
Art. 42. É passível de expulsão, na forma da legislação específica, o estrangeiro que praticar qualquer
dos crimes definidos nesta Lei, desde que cumprida a condenação imposta, salvo se ocorrer interesse
nacional que recomende sua expulsão imediata.
Art. 43. Os Tribunais de Justiça deverão, sempre que necessário e possível, observado o disposto no
art. 144, § 5 9, da Constituição Federal, instituir juízos especializados para o processo e julgamento dos
crimes definidos nesta Lei.
■ O artigo refere-se à antiga CR/69.
Art. 44. Nos setores de repressão a entorpecentes do Departamento de Polícia Federal, só poderão
ter exercício policiais que possuam especialização adequada.
Parágrafo único. O Poder Executivo disciplinará a especialização dos integrantes das Categorias
Funcionais da Polícia Federal, para atendimento ao disposto neste artigo.
Art. 45. O Poder Executivo regulamentará a presente Lei dentro de 60 (sessenta) dias, contados da
sua publicação.
Art. 46. Revogam-se as disposições em contrário, em especial o art. 311 do Decreto-Lei n° 1.004, de
21 de outubro de 1969, com as alterações da Lei n° 6.016, de 31 de dezembro de 1973, e a Lei n°
5.726, de 29 de outubro de 1971, com exceção do seu art. 22.
■ A Lei n° 6.578, de 11.10.78 (DOU de 13.10.78) revogou o Decreto-Lei n° 1.004, de 21.10.69, bem
como a Lei n° 6.016, de 31.12.73.
Art. 47. Esta Lei entrará em vigor 30 (trinta) dias após a sua publicação.
Brasília, 21 de outubro de 1976; 1559- da Independência e 88 9- da República.
ERNESTO GEISEL
Armando Falcão

(Publicada no DOU de 22. 10.76 e retificada no DOU de 29. 10.76.)


883 Decreto n° 78.992, de 21.12.76

DECRETO N 2 78.992, DE 21 DE DEZEMBRO DE 1976


Regulamenta a Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976, que dispõe sobre medidas
de prevenção e repressão do tráfico ilícito e uso indevido de substâncias
entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica.

O Presidente da República, no uso da atribuição que lhe confere o art. 81, item III, da Constituição
e nos termos do art. 45 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976, decreta:
Art. 1 2. É dever de toda pessoa física ou jurídica colaborar na prevenção e repressão ao tráfico ilícito
e uso indevido de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica.
§ 1 2 . As pessoas jurídicas que, quando solicitadas, não prestarem colaboração nos planos gover-
namentais de prevenção e repressão ao tráfico ilícito e uso indevido de substância entorpecente ou
que determine dependência física ou psíquica perderão, a juízo do órgão ou do poder competente,
auxílios ou subvenções que venham recebendo da União, dos Estados, do Distrito Federal, Territórios
e Municípios, bem como de suas autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e
fundações.
§ 29 . O órgão ou autoridade a quem incumbir a execução dos planos e programas de prevenção
ou repressão previstos no art. 1°, parágrafo único, da Lei n 2 6.368, de 21 de outubro de 1976, verificando
a recusa ou omissão de colaboração, comunicará o fato imediatamente à entidade fornecedora da
subvenção que, em 60 (sessenta) dias, adotará as providências necessárias para o fim previsto no
mesmo dispositivo.
Art. 22 . Ficam proibidos em todo o território brasileiro o plantio, a cultura, a colheita e a exploração,
por particulares, de todas as plantas das quais possa ser extraída substância entorpecente ou que
determine dependência física ou psíquica.
§ 1 2 . As plantas dessa natureza, nativas ou cultivadas, existentes no território nacional, serão
destruídas pelas autoridades policiais, ressalvados os casos previstos no art. 2 2 , §§ 22 e 3 2 , da Lei n°
6.368, de 21 de outubro de 1976.
§ 22 . Serão também destruídas as plantas nativas ou cultivadas existentes no território nacional, no
caso de violação da autorização concedida na forma dos dispositivos referidos neste artigo.
Art. 32. Para a destruição das plantas nativas ou cultivadas, a que se referem os §§ 1° e 2° do artigo
anterior, o Ministério da Justiça poderá, além de celebrar convênios com os Estados, solicitar a
cooperação de autoridades civis e militares da União.
Art. 42. O Ministério da Educação e Cultura, em articulação com o Ministério da Saúde, coordenará a
execução dos programas previstos no art. 5° e seu parágrafo único da Lei n 2 6.368, de 21 de outubro
de 1976, até que seja efetivamente implantado o Sistema referido no art. 3 2 da mesma lei.
Art. 52 . Os Ministérios da Saúde e da Previdência e Assistência Social e o Departamento de Polícia
Federal providenciarão, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, normas expressas que visem a dar
cumprimento ao disposto nos arts. 8 2 , 92 , 10 e seu § 1° da Lei n 2 6.368, de 21 de outubro de 1976.
§ 1 2 . Para os fins do disposto neste artigo, os Ministérios da Saúde e da Previdência e Assistência
Social e o Departamento de Polícia Federal procederão, em conjunto, ao levantamento do quadro
existente no País, visando a orientar a ação do Governo Federal em relação ao problema.
§ 22 . As normas a que se refere este artigo deverão contemplar aspectos relacionados com o
diagnóstico e tratamento, hospitalar ou extra-hospitalar, bem como estabelecer os parâmetros para a
avaliação das respectivas necessidades em cada unidade da Federação.
Art. 62 . A assistência social aos dependentes que forem submetidos a tratamento em regime extra-
hospitalar, na forma do art. 10, § 1 2 , da Lei n 2 6.368, de 21 de outubro de 1976, terá por objetivo a
avaliação da influência dos fatores sociais na situação do paciente, permitindo visão ampla do quadro
clínico apresentado e tornando possível melhor planejamento terapêutico. Sua atuação se fará junto
ao paciente, à sua família, ao seu trabalho e à sua comunidade, para aproveitamento ao tratamento
instituído, objetivando sua recuperação.
Art. 72 . 0 Ministério da Saúde fará publicar, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a consolidação de
todas as normas, instruções e relações vigentes sobre proibição, limitação, fiscalização e controle da
produção, do comércio e do uso de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física
ou psíquica e de especialidades farmacêuticas que as contenham, referidos nos arts. 6 2 e 36 da Lei
n° 6.368, de 21 de outubro de 1976.
Decreto n2 78.992, de 21.12.76 884

Art. 82 . Nenhum texto, cartaz, representação, curso, seminário, conferência ou propaganda sobre o
uso de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, ainda que a título
de campanha de prevenção, será divulgado sem prévia autorização do órgão competente.
Art. 92 . As autoridades de censura fiscalizarão rigorosamente os espetáculos públicos, a fim de evitar
representações, cenas ou situações que possam, ainda que veladamente, suscitar interesse pelo uso
de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica.
Art. 10. Somente o Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia (SNFMF) poderá
conceder licença para o plantio, cultivo e colheita das plantas mencionadas no art. 2 2 , § 22 , da Lei n2
6.368, de 21 de outubro de 1976.
§ 1 2 . A licença para as atividades previstas neste artigo só poderá ser concedida às pessoas
jurídicas de direito público que tenham por objetivo, devidamente comprovado, a extração ou
exploração dos princípios ativos das plantas referidas neste artigo, para fins terapêuticos ou científicos.
§ 22. A concessão da licença será requerida pelo Diretor ou responsável pelo estabelecimento
interessado, devendo o requerimento ser instruído com os seguintes documentos:
I. programa ou plano completo da atividade a ser desenvolvida;
II. relação dos técnicos que participarão da atividade, comprovada sua habilitação para as
funções indicadas;
III. indicação taxativa das plantas pelo nome vulgar e nomenclatura botânica atualizada, mencio-
nando-se família, gênero, espécie e variedades, se houver;
IV. declaração da localização, extensão do cultivo e da estimativa da produção.
§ 32. Para a concessão da licença, poderá o Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e
Farmácia determinar a realização de diligências, bem como a apresentação de novos documentos.
§ 42. O Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia dará, obrigatoriamente, conhe-
cimento das licenças concedidas à Divisão de Repressão a Entorpecentes do Departamento de Polícia
Federal.
§ 5 2 . Compete ao Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia fiscalizar o estrito
cumprimento da autorização constante da licença.
Art. 11. Sempre que for destruída qualquer plantação, na forma prevista nos arts. 2 2 , § 1 2 , e 40, § 2 2 ,
da Lei n 2 6.368, de 21 de outubro de 1976, a autoridade que proceder à diligência remeterá cópia do
respectivo auto ao Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia e à Divisão de Repressão
a Entorpecentes do Departamento de Polícia Federal.
Art. 12. Compete privativamente ao Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia
conceder a autorização prevista no art. 2 2 , § 32, da Lei n 2 6.368, de 21 de outubro de 1976, às pessoas
jurídicas que obtenham inscrição prévia naquele órgão.
Art. 13. É proibido, sob qualquer forma ou pretexto, distribuir amostras para propaganda de substância
entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica e das especialidades farmacêuticas
que as contenham, inclusive a médicos, dentistas, veterinários ou farmacêuticos, só se permitindo a
propaganda dos mesmos em revistas ou publicações técnico-científicas, de circulação restrita a esses
profissionais.
Parágrafo único. Sem prejuízo das demais sanções legais, a inobservância da proibição prevista
neste artigo constitui infração sanitária, regulando-se o processo e a aplicação da sanção cabível pelo
disposto no Decreto-Lei n 2 785, de 25 de agosto de 1969.
Art. 14. 0 trânsito, pelo território nacional, de substâncias entorpecentes ou que determinem depen-
dência física ou psíquica, fica sujeito a licença especial do Serviço Nacional de Fiscalização da
Medicina e Farmácia, mediante solicitação dos representantes diplomáticos, ou, à sua falta, dos
agentes consulares do País a que se destinam, por intermédio do Ministério das Relações Exteriores.
A licença, quando concedida, será expedida em duas vias, destinando-se a primeira ao requerente e
a segunda ao órgão competente do Ministério da Fazenda.
Parágrafo único. Na solicitação da licença deverão ser indicados a natureza, o tipo, a quantidade,
o nome da firma exportadora, a proveniência, o nome do importador e o país a que se destinam essas
substâncias, bem como os locais de entrada e saída no território nacional.
Art. 15. Somente os órgãos e entidades públicos previamente autorizados pelo Serviço Nacional de
Fiscalização da Medicina e Farmácia poderão receber ou doar, para fins terapêuticos ou científicos,
substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica, bem como as espe-
cialidades farmacêuticas que as contenham, desde que o façam em embalagens apropriadas,
observadas as cautelas exigidas para aquele órgão.
885 Lei n° 6.453, de 17.10.77

Art. 16. Os médicos, dentistas e farmacêuticos deverão observar, rigorosamente, os preceitos legais
e regulamentares sobre a prescrição de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência
física ou psíquica.
Art. 17. Ao Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia compete baixar Instruções de
caráter geral ou especial sobre modelos de receituários oficiais para a prescrição de substância
entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, bem como aprovar modelos para a
elaboração de estatísticas e balanços.
Art. 18. De toda receita, bula, rótulo e embalagem de especialidade farmacêutica que contenha
substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica deverá constar, obrigato-
riamente, em destaque e em letras de corpo maior do que o texto, a expressão:
"Atenção — Pode causar dependência física ou psíquica".
Parágrafo único. 0 disposto neste artigo quanto a bulas, rótulos e embalagens será cumprido
conforme plano de implantação gradativa elaborado pelo Serviço Nacional de Fiscalização da
Medicina e Farmácia, que deverá estar concluído dentro do prazo de 180 (cento e oitenta) dias.
Art. 19. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino ou hospitalares, ou de entidades sociais,
culturais, recreativas, esportivas ou beneficentes, adotarão, de comum acordo e sob a orientação
técnica de autoridades especializadas, todas as medidas necessárias à prevenção do tráfico ilícito e
do uso indevido de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, nos
recintos ou imediações de suas atividades.
Parágrafo único. A não-observância do disposto neste artigo implicará a responsabilidade penal e
administrativa dos referidos dirigentes.
Art. 20. 0 Ministério da Saúde estabelecerá intercâmbio permanente de informes e consultas com os
organismos internacionais especializados e com as autoridades sanitárias dos países com os quais o
Brasil mantém relações. Deverá, ainda, colaborar com os órgãos internos para a execução das
Convenções ratificadas pelo Brasil.
Art. 21. Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.
2 2
Brasília, 21 de dezembro de 1976; 155 da Independência e 88 da República.
ERNESTO GEISEL
Armando Falcão
(Publicado no DOU de 22.12.76.)

LEI N2 6.453, DE 17 DE OUTUBRO DE 1977

Dispõe sobre a responsabilidade civil por danos nucleares e a responsabilidade


criminal por atos relacionados com atividades nucleares e dá outras providências.

................................................................................................................................................................... .

Capítulo III
DA RESPONSABILIDADE CRIMINAL

Art. 19. Constituem crimes na exploração e utilização de energia nuclear os descritos neste Capítulo,
além dos tipificados na legislação sobre segurança nacional e nas demais leis.
Art. 20. Produzir, processar, fornecer ou usar material nuclear sem a necessária autorização ou para
fi m diverso do permitido em lei:
Pena — reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
Art. 21. Permitir o responsável pela instalação nuclear sua operação sem a necessária autorização:
Pena reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Art. 22. Possuir, adquirir, transferir, transportar, guardar ou trazer consigo material nuclear sem a
necessária autorização:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Lei n° 6.538, de 22.6.78 886

Art. 23. Transmitir ilicitamente informações sigilosas, concernentes à energia nuclear:


Pena — reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.
Art. 24. Extrair, beneficiar ou comerciar ilegalmente minério nuclear:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Art. 25. Exportar ou importar, sem a necessária licença, material nuclear, minérios nucleares e seus
concentrados, minérios de interesse para a energia nuclear e minérios e concentrados que contenham
elementos nucleares:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
Art. 26. Deixar de observar as normas de segurança ou de proteção relativas à instalação nuclear ou
ao uso, transporte, posse e guarda de material nuclear, expondo a perigo a vida, a integridade física
ou o patrimônio de outrem:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
Art. 27. Impedir ou dificultar o funcionamento de instalação nuclear ou o transporte de material nuclear:
Pena — reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
Art. 28. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, em 17 de outubro de 1977; 156 9 da Independência e 89 9 da República.
ERNESTO GEISEL
Armando Falcão
(Publicada no DOU de 18.10.77.)

LEI N° 6.538, DE 22 DE JUNHO DE 1978

Dispõe sobre os serviços postais.

....................................................................................................................................................................

Título V
DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO POSTAL
E O SERVIÇO DE TELEGRAMA
■ Quanto ao número e valor do dia-multa, vide art. 49 do CP.
Falsificação de selo, fórmula de franqueamento ou vale-postal
Art. 36. Falsificar, fabricando ou adulterando, selo, outra fórmula de franqueamento ou vale-postal:
Pena — reclusão, até 8 (oito) anos, e pagamento, de 5 (cinco) a 15 (quinze) dias-multa.
Uso de selo fórmula de franqueamento ou vale-postal falsificados
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede,
empresta, guarda, fornece, utiliza ou restitui à circulação, selo, outra fórmula de franqueamento ou
vale-postal falsificados.
Supressão de sinais de utilização
Art. 37. Suprimir, em selo, outra fórmula de franqueamento ou vale-postal, quando legítimos, com o fim
de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua utilização:
Pena — reclusão, até 4 (quatro) anos, e pagamento, de 5 (cinco) a 15 (quinze) dias-multa.
Forma assimilada
§ 1°. Incorre nas mesmas penas quem usa, vende, fornece ou guarda, depois de alterado, selo,
outra fórmula de franqueamento ou vale-postal.
§ 2 9 . Quem usa ou restitui à circulação, embora recebido de boa-fé, selo, outra fórmula de
franqueamento ou vale-postal, depois de conhecer a falsidade ou a alteração, incorre na pena de
detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou pagamento, de 3 (três) a 10 (dez) dias-multa.
887 Lei n°6.538, de 22.6.78

Petrechos de falsificação de selo, fórmula de franqueamento ou vale-postal


Art.38. Fabricar, adquirir, fornecer, ainda que gratuitamente, possuir, guardar, ou colocar em circulação
objeto especialmente destinado à falsificação de selo, outra fórmula de franqueamento ou vale-postal:
Pena — reclusão, até 3 (três) anos, e pagamento, de 5 (cinco) a 15 (quinze) dias-multa.
Reprodução e adulteração de peça filatélica
Art. 39. Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica de valor para coleção, salvo quando a reprodução
ou a alteração estiver visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça:
Pena — detenção, até 2 (dois) anos, e pagamento, de 3 (três) a 10 (dez) dias-multa.
Forma assimilada
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem, para fins de comércio, faz uso de selo ou peça
filatélica de valor para coleção, ilegalmente reproduzidos ou alterados.
Violação de correspondência
Art. 40. Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada dirigida a outrem:
Pena — detenção, até 6 (seis) meses, ou pagamento não excedente a 20 (vinte) dias-multa.
Sonegação ou destruição de correspondência
§ 1 12 . Incorre nas mesmas penas quem se apossa indevidamente de correspondência alheia,
embora não fechada, para sonegá-la ou destruí-la, no todo ou em parte.
Aumento de pena
§ 2°. As penas aumentam-se da metade se há dano para outrem.
Quebra do segredo profissional
Art. 41. Violar segredo profissional, indispensável à manutenção do sigilo da correspondência
mediante:
I. divulgação de nomes de pessoas que mantenham, entre si, correspondência;
II. divulgação, no todo ou em parte, de assunto ou texto de correspondência de que, em razão
do ofício, se tenha conhecimento;
Ill. revelação do nome de assinante de caixa postal ou o número desta, quando houver pedido
em contrário do usuário;
IV. revelação do modo pelo qual ou do local especial em que qualquer pessoa recebe correspon-
dência:
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou pagamento não excedente a 50 (cinqüenta)
dias-multa.
Violação do privilégio postal da União
Art. 42. Coletar, transportar, transmitir ou distribuir, sem observância das condições legais, objetos
de qualquer natureza sujeitos ao monopólio da União, ainda que pagas as tarifas postais ou de
telegramas:
Pena— detenção, até 2 (dois) meses, ou pagamento não excedente a 10 (dez) dias-multa.
Forma assimilada
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem promova ou facilite o contrabando postal ou
pratique qualquer ato que importe em violação do monopólio exercido pela União sobre os serviços
postal e de telegrama.
Agravação da pena
Art. 43. Os crimes contra o serviço postal, ou serviço de telegrama, quando praticados por pessoa
prevalecendo-se do cargo, ou em abuso da função, terão a pena agravada.
Pessoa jurídica
Art. 44. Sempre que ficar caracterizada a vinculação de pessoa jurídica em crimes contra o serviço
postal ou serviço de telegrama, a responsabilidade penal incidirá também sobre o dirigente da empresa
que, de qualquer modo, tenha contribuído para a prática do crime.
Lei n°6.538, de 22.6.78 888

Representação
Art. 45. A autoridade administrativa, a partir da data em que tiver ciência da prática de crime
relacionado com o serviço postal ou com o serviço de telegrama, é obrigada a representar, no prazo
de 10 (dez) dias, ao Ministério Público Federal contra o autor ou autores de ilícito penal, sob pena de
responsabilidade.
Provas documentais e periciais
Art. 46. 0 Ministério das Comunicações colaborará com a entidade policial, fornecendo provas que
forem colhidas em inquéritos ou processos administrativos e, quando possível, indicando servidor para
efetuar perícias e acompanhar os agentes policiais em suas diligências.

Título VI
DAS DEFINIÇÕES
Art. 47. Para os efeitos desta Lei, são adotadas as seguintes definições:
Carta —objeto de correspondência, com ou sem envoltório, sob a forma de comunicação escrita,
de natureza administrativa, social, comercial, ou qualquer outra, que contenha informação de interesse
específico do destinatário.
Cartão-postal — objeto de correspondência, de material consistente, sem envoltório, contendo
mensagem e endereço.
Cecograma —objeto de correspondência impresso em relevo, para uso dos cegos. Considera-se
também cecograma o material impresso para uso dos cegos.
Código de Endereçamento Postal — conjunto de números, ou letras e números, gerados segundo
determinada lógica, que identifiquem um local.
Correspondência — toda comunicação de pessoa a pessoa, por meio de carta, através da via
postal ou por telegrama.
Correspondência agrupada —reunião, em volume, de objetos da mesma ou de diversas naturezas,
quando, pelo menos um deles, for sujeito ao monopólio postal, remetidos a pessoas jurídicas de direito
público ou privado e/ou suas agências, filiais ou representantes.
Cupom-Resposta Internacional — título ou documento de valor postal permutável em todo país-
membro da União Postal Universal por um ou mais selos postais, destinados a permitir ao expedidor
pagar para seu correspondente no estrangeiro o franqueamento de uma carta para resposta.
Encomenda — objeto com ou sem valor mercantil, para encaminhamento por via postal.
Estação — um ou vários transmissores ou receptores, ou um conjunto de transmissores e recepto-
res, incluindo os equipamentos acessórios necessários para assegurar um serviço de telecomunicação
em um determinado local.
Fórmula de franqueamento — representação material de pagamento de prestação de um serviço
postal.
Franqueamento postal — pagamento da tarifa e, quando for o caso, do prêmio, relativos a objeto
postal. Diz-se também da representação da tarifa.
I mpresso — reprodução obtida sobre material de uso corrente na imprensa, editado em vários
exemplares idênticos.
Objeto postal — qualquer objeto de correspondência, valor ou encomenda encaminhado por via
postal.
Pequena encomenda —objeto de correspondência, com ou sem valor mercantil, com peso limitado,
remetido sem fins comerciais.
Preço — remuneração das atividades conectadas ao serviço postal ou ao serviço de telegrama.
Prêmio — importância fixada percentualmente sobre o valor declarado dos objetos postais, a ser
paga pelos usuários de determinados serviços para cobertura de riscos.
Registro — forma de postagem qualificada, na qual o objeto é confiado ao serviço postal contra
emissão de certificado.
Selo — estampilha postal, adesiva ou fixa, bem como a estampa produzida por meio de máquina
de franquear correspondência, destinadas a comprovar o pagamento da prestação de um serviço
postal.
Tarifa —valor, fixado em base unitária, pelo qual se determina a importância a ser paga pelo usuário
do serviço postal ou do serviço de telegrama.
Telegrama — mensagem transmitida por sinalização elétrica ou radioelétrica, ou qualquer outra
forma equivalente, a ser convertida em comunicação escrita, para entrega ao destinatário.
889 Lei n° 6.638, de 8.5.79

Vale-postal — título emitido por uma unidade postal à vista de um depósito de quantia para
pagamento na mesma ou em outra unidade postal.
Parágrafo único. São adotadas, no que couber, para os efeitos desta Lei, as definições estabeleci-
das em convenções e acordos internacionais.

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 48. 0 Poder Executivo baixará os decretos regulamentares decorrentes desta Lei em prazo não
superior a 1 (um) ano, a contar da data de sua publicação, permanecendo em vigor as disposições
constantes dos atuais e que não tenham sido, explícita ou implicitamente, revogados ou derrogados.
Art. 49. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Brasília, em 22 de junho de 1978; 157 9 da Independência e 90 9- da República.
ERNESTO GEISEL
Armando Falcão
(Publicada no DOU de 23.6.78. Íntegra na RF 262/445 e Lex 1978/541.)

LEI N 2 6.638, DE 8 DE MAIO DE 1979

Estabelece normas para a prática didático-científica da vivissecção


de animais e determina outras providências.

■ O art. 5 2, 1, desta lei comina à vivissecção irregular de animais as penas do art. 64, caput, da LCP
(crueldade contra animais).
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 2. Fica permitida, em todo o território nacional, a vivissecção de animais, nos termos desta Lei.
Art. 22 . Os biotérios e os centros de experiências e demonstrações com animais vivos deverão ser
registrados em órgão competente e por ele autorizados a funcionar.
Art. 32. A vivissecção não será permitida:
I. sem o emprego de anestesia;
II. em centros de pesquisas e estudos não registrados em órgão competente;
III. sem a supervisão de técnico especializado;
IV. com animais que não tenham permanecido mais de 15 (quinze) dias em biotérios legalmente
autorizados;
V. em estabelecimentos de ensino de primeiro e segundo graus e em quaisquer locais freqüen-
tados por menores de idade.
Art. 42. O animal só poderá ser submetido às intervenções recomendadas nos protocolos das
experiências que constituem a pesquisa ou os programas de aprendizado cirúrgico, quando, durante
ou após a vivissecção, receber cuidados especiais.
§ 1 9 . Quando houver indicação, o animal poderá ser sacrificado sob estrita obediência às prescri-
ções científicas.
§ 22 . Caso não sejam sacrificados, os animais utilizados em experiências ou demonstrações
somente poderão sair do biotério 30 (trinta) dias após a intervenção, desde que destinados a pessoas
ou entidades idõneas que por eles queiram responsabilizar-se.
Art. 5 2. Os infratores desta Lei estarão sujeitos:
I. às penalidades cominadas no art. 64, caput, do Decreto-Lei n2 3.688, de 3 de outubro de 1941,
no caso de ser a primeira infração;
11. à interdição e cancelamento do registro do biotério ou do centro de pesquisa, no caso de
reincidência.
Art. 62 . 0 Poder Executivo, no prazo de 90 (noventa) dias, regulamentará a presente Lei, especificando:
Lei n° 6.766, de 19.12.79 890

I. o órgão competente para o registro e a expedição de autorização dos biotérios e centros de


experiências e demonstrações com animais vivos;
II. as condições gerais exigíveis para o registro e o funcionamento dos biotérios;
III. órgão e autoridades competentes para a fiscalização dos biotérios e centros mencionados no
inciso I.
2
Art. 7 . Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
4
Art. 8 . Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, em 8 de maio de 1979; 158 2 da Independência e 91 2 da República
JOÃO B. DE FIGUEIREDO
Petrõnio Porte/1a

(Publicada no DOU de 10.5.79.)

LEI N2 6.766, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1979

Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras providências.


................................................................................................................................................................... .

Capítulo IX
DISPOSIÇÕES PENAIS
Art. 50. Constitui crime contra a Administração Pública:
I. dar início, de qualquer modo ou efetuar loteamento ou desmembramento do solo para fins
urbanos, sem autorização do órgão público competente, ou em desacordo com as disposições desta
Lei ou das normas pertinentes do Distrito Federal, Estados e Municípios;
II. dar início, de qualquer modo, ou efetuar loteamento ou desmembramento do solo para fins
urbanos sem observância das determinações constantes do ato administrativo de licença;
III. fazer, ou veicular em proposta, contrato, prospecto ou comunicação ao público ou a interes-
sados, afirmação falsa sobre a legalidade de loteamento ou desmembramento do solo para fins
urbanos, ou ocultar fraudulentamente fato a ele relativo:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa de cinco a cinqüenta vezes o maior salário
mínimo vigente no Pais.
■ Sobre a pena de multa, vide art. 22' da Lei n° 7.209, de 11.7.84.
Parágrafo único. O crime definido neste artigo é qualificado, se cometido:
I. por meio de venda, promessa de venda, reserva de lote ou quaisquer outros instrumentos que
manifestem a intenção de vender lote em loteamento ou desmembramento não registrado no Registro
de Imóveis competente;
II. com inexistência de título legítimo de propriedade do imóvel loteado ou desmembrado,
ressalvado o disposto no art. 18, §§ 4 2 e 52 , desta Lei, ou com omissão fraudulenta de fato a ele relativo,
se o fato não constituir crime mais grave:
■ Inciso 11 com redação dada pela Lei n° 9.785, de 29.1.99.
Pena — reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de dez a cem vezes o maior salário mínimo
vigente no País.
■ Vide art. da Lei n° 7.209/84 sobre pena de multa.
Art. 51. Quem, de qualquer modo, concorra para a prática dos crimes previstos no artigo anterior desta
Lei incide nas penas a estes cominadas, considerados em especial os atos praticados na qualidade
de mandatário de loteador, diretor ou gerente de sociedade.
Parágrafo único. (Vetado.)
Art. 52. Registrar loteamento ou desmembramento não aprovado pelos órgãos competentes, registrar
o compromisso de compra e venda, a cessão ou promessa de cessão de direitos, ou efetuar registro
de contrato de venda de loteamento ou desmembramento não registrado:
891 Lei n° 6.815, de 19.8.80

Pena — detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa de cinco a cinqüenta vezes o maior salário
mínimo vigente no País, sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis.
■ Vide art. 2 2 da Lei n° 7.209, de 11.7.84, sobre pena de multa.
................................................................................................................................................................... .
2
Brasília, em 19 de dezembro de 1979; 158° da Independência e 91 da República.

JOÃO FIGUEIREDO
Petrônio Portella
(Publicada no DOU de 20.12.79. Íntegra na Lex 1979/1008.)

LEI N° 6.815, DE 19 DE AGOSTO DE 1980

Define a situação jurídica do estrangeiro no Brasil, cria


o Conselho Nacional de Imigração e dá outras providências.

................................................................................................................................................................... .

Título VII
DA DEPORTAÇÃO

Art. 57. Nos casos de entrada ou estada irregular de estrangeiro, se este não se retirar voluntariamente
do território nacional no prazo fixado em Regulamento, será promovida sua deportação.
§ 1 2 . Será igualmente deportado o estrangeiro que infringir o disposto nos arts. 21, § 2°, 24, 37,
§ 2°, 98 a 101, §§ 1° ou 2° do art. 104 ou art. 105.
§ 2°. Desde que conveniente aos interesses nacionais, a deportação far-se-á independentemente
da fixação do prazo de que trata o caput deste artigo.
Art. 58. A deportação consistirá na saída compulsória do estrangeiro.
Parágrafo único. A deportação far-se-a para o país da nacionalidade ou de procedência do
estrangeiro, ou para outro que consinta em recebê-lo.
Art. 59. Não sendo apurada a responsabilidade do transportador pelas despesas com a retirada do
estrangeiro, nem podendo este ou terceiro por ela responder, serão as mesmas custeadas pelo Tesouro
Nacional.
Art. 60. 0 estrangeiro poderá ser dispensado de qualquer penalidade relativa à entrada ou estada
irregular no Brasil ou formalidade cujo cumprimento possa dificultar a deportação.
Art. 61. 0 estrangeiro, enquanto não se efetivar a deportação, poderá ser recolhido à prisão por ordem
do Ministro da Justiça, pelo prazo de 60 (sessenta) dias.
Parágrafo único. Sempre que não for possível, dentro do prazo previsto neste artigo, determinar-se
a identidade do deportando ou obter-se documento de viagem para promover a sua retirada, a prisão
poderá ser prorrogada por igual período, findo o qual será ele posto em liberdade, aplicando-se o
disposto no art. 73.
Art. 62. Não sendo exeqüível a deportação ou quando existirem indícios sérios de periculosidade ou
indesejabilidade do estrangeiro, proceder-se-á à sua expulsão.
Art. 63. Não se procederá à deportação se implicar em extradição inadmitida pela lei brasileira.
Art. 64. 0 deportado só poderá reingressar no território nacional se ressarcir o Tesouro Nacional, com
correção monetária, das despesas com a sua deportação e efetuar, se for o caso, o pagamento da
multa devida à época, também corrigida.
Lei n°6.815, de 19.8.80 892

Título VIII
DA EXPULSÃO
■ Sobre a expulsão de estrangeiro condenado por tráfico ilícito de entorpecentes, vide Decreto n°
98.961, de 15.2.90.
Art. 65. É passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança
nacional, a ordem política ou social, a tranqüilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou
cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais.
Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estrangeiro que:
a. praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanência no Brasil;
b. havendo entrado no território nacional com infração à lei, dele não se retirar no prazo que lhe
for determinado para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação;
c. entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
d. desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para estrangeiro.
Art. 66. Caberá exclusivamente ao Presidente da República resolver sobre a conveniência e a
oportunidade da expulsão ou de sua revogação.
Parágrafo único. A medida expulsória ou a sua revogação far-se-á por decreto.
Art. 67. Desde que conveniente ao interesse nacional, a expulsão do estrangeiro poderá efetivar-se,
ainda que haja processo ou tenha ocorrido condenação.
Art. 68. Os órgãos do Ministério Público remeterão ao Ministério da Justiça, de ofício, até 30 (trinta)
dias após o trânsito em julgado, cópia da sentença condenatória de estrangeiro autor de crime doloso
ou de qualquer crime contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a economia popular, a
moralidade ou a saúde pública, assim como da folha de antecedentes penais constantes dos autos.
Parágrafo único. O Ministro da Justiça, recebidos os documentos mencionados neste artigo,
determinará a instauração de inquérito para a expulsão do estrangeiro.
Art. 69. 0 Ministro da Justiça, a qualquer tempo, poderá determinar a prisão, por 90 (noventa) dias,
do estrangeiro submetido a processo de expulsão e, para concluir o inquérito ou assegurar a execução
da medida, prorrogá-la por igual prazo.
Parágrafo único. Em caso de medida interposta junto ao Poder Judiciário que suspenda, proviso-
riamente, a efetivação do ato expulsório, o prazo de prisão de que trata a parte final do caput deste
artigo ficará interrompido, até a decisão definitiva do Tribunal a que estiver submetido o feito.
Art. 70. Compete ao Ministro da Justiça, de ofício ou acolhendo solicitação fundamentada, determinar
a instauração de inquérito para a expulsão do estrangeiro.
Art. 71. Nos casos de infração contra a segurança nacional, a ordem política ou social e a economia
popular, assim como nos casos de comércio, posse ou facilitação de uso indevido de substância
entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, ou de desrespeito a proibição
especialmente prevista em lei para estrangeiro, o inquérito será sumário e não excederá o prazo de
15 (quinze) dias, dentro do qual fica assegurado ao expulsando o direito de defesa.
Art. 72. Salvo as hipóteses previstas no artigo anterior, caberá pedido de reconsideração no prazo de
10 (dez) dias, a contar da publicação do decreto de expulsão, no Diário Oficial da União.
Art. 73. 0 estrangeiro, cuja prisão não se torne necessária, ou que tenha o prazo desta vencido,
permanecerá em liberdade vigiada, em lugar designado pelo Ministro da Justiça, e guardará as normas
de comportamento que lhe forem estabelecidas.
Parágrafo único. Descumprida qualquer das normas fixadas de conformidade com o disposto neste
artigo ou no seguinte, o Ministro da Justiça, a qualquer tempo, poderá determinar a prisão administra-
tiva do estrangeiro, cujo prazo não excederá a 90 (noventa) dias.
Art. 74. 0 Ministro da Justiça poderá modificar, de ofício ou a pedido, as normas de conduta impostas
ao estrangeiro e designar outro lugar para a sua residência.
Art. 75. Não se procederá à expulsão:
I. se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira; ou
II. quando o estrangeiro tiver:
893 Lei n° 6.815, de 19.8.80

a. cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou de direito, e desde
que o casamento tenha sido celebrado há mais de 5 (cinco) anos; ou
b. filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependa economicamente.
§ 1°. Não constituem impedimento à expulsão a adoção ou o reconhecimento de filho brasileiro
supervenientes ao fato que a motivar.
§ 2°. Verificados o abandono do filho, o divórcio ou a separação, de fato ou de direito, a expusão
poderá efetivar-se a qualquer tempo.

Título IX
DA EXTRADIÇÃO
■ Vide CR/88, arts. 5°, LI e LII, 22, XV, e 102, 1, g.
Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o governo requerente se fundamentar em tratado,
ou quando prometer ao Brasil a reciprocidade.
Art. 77. Não se concederá a extradição quando:
I. se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa nacionalidade verificar-se após o fato que
motivar o pedido;
11. o fato que motivar o pedido não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente;
III. o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime imputado ao extraditando;
IV. a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão igual ou inferior a 1 (um) ano;
V. o extraditando estiver a responder a processo ou já houver sido condenado ou absolvido no
Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido;
VI. estiver extinta a punibilidade pela prescrição segundo a lei brasileira ou a do Estado requeren-
te;
VII. o fato constituir crime politico; e
VIII. o extraditando houver de responder, no Estado requerente, perante Tribunal ou Juízo de
exceção.
§ 1°. A exceção do item VII não impedirá a extradição quando o fato constituir, principalmente,
infração da lei penal comum, ou quando o crime comum, conexo ao delito político, constituir o fato
principal.
§ 29 . Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Federal, a apreciação do caráter da infração.
§ 3 Q . O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de considerar crimes políticos os atentados contra
Chefes de Estado ou quaisquer autoridades, bem assim os atos de anarquismo, terrorismo, sabotagem,
seqüestro de pessoa, ou que importem propaganda de guerra ou de processos violentos para
subverter a ordem política ou social.
Art. 78. São condições para concessão da extradição:
I. ter sido crime cometido no território do Estado requerente ou serem aplicáveis ao extraditando
as leis penais desse Estado; e
II. existir sentença final de privação de liberdade, ou estar a prisão do extraditando autorizada
por juiz, tribunal ou autoridade competente do Estado requerente, salvo o disposto no art. 82.
Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradição da mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá
preferência o pedido daquele em cujo território a infração foi cometida.
§ 1°. Tratando-se de crimes diversos, terão preferência, sucessivamente:
I. o Estado requerente em cujo território haja sido cometido o crime mais grave, segundo a lei
brasileira;
II. o que em primeiro lugar houver pedido a entrega do extraditando, se a gravidade dos crimes
for idêntica; e
III. o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar do extraditando, se os pedidos forem
simultâneos.
§ 22 . Nos casos não previstos decidirá sobre a preferência o Governo brasileiro.
Lei n 2 6.815, de 19.8.80 894

§ 32 . Havendo tratado com algum dos Estados requerentes, prevalecerão suas normas no que
disserem respeito à preferência de que trata este artigo.
Art. 80. A extradição será requerida por via diplomática ou, na falta de agente diplomático do Estado
que a requerer, diretamente de Governo a Governo, devendo o pedido ser instruído com a cópia
autêntica ou a certidão da sentença condenatória, da de pronúncia ou da que decretar a prisão
preventiva, proferida por juiz ou autoridade competente. Esse documento ou qualquer outro que se
juntar ao pedido conterá indicações precisas sobre o local, data, natureza e circunstâncias do fato
criminoso, identidade do extraditando, e, ainda, cópia dos textos legais sobre o crime, a pena e sua
prescrição.
§ 1 2 . O encaminhamento do pedido por via diplomática confere autenticidade aos documentos.
§ 22 . Não havendo tratado que disponha em contrário, os documentos indicados neste artigo serão
acompanhados de versão oficialmente feita para o idioma português no Estado requerente.
Art. 81. 0 Ministério das Relações Exteriores remeterá o pedido ao Ministério da Justiça, que ordenará
a prisão do extraditando, colocando-o à disposição do Supremo Tribunal Federal.
■ Vide nota no art. 82.
Art. 82. Em caso de urgência, poderá ser ordenada a prisão preventiva do extraditando desde que
pedida, em termos hábeis, qualquer que seja o meio de comunicação, por autoridade competente,
agente diplomático ou consular do Estado requerente.
§ 1 2 . O pedido, que noticiará o crime cometido, deverá fundamentar-se em sentença condenatória,
auto de prisão em flagrante, mandado de prisão, ou, ainda, em fuga do indiciado.
§ 22 . Efetivada a prisão, o Estado requerente deverá formalizar o pedido em 90 (noventa) dias, na
conformidade do art. 80.
§ 32 . A prisão com base neste artigo não será mantida além do prazo referido no parágrafo anterior,
nem se admitirá novo pedido pelo mesmo fato sem que a extradição haja sido formalmente requerida.
■ Vide Portaria n° 737/88 do Ministério da Justiça.
Art. 83. Nenhuma extradição será concedida sem prévio pronunciamento do Plenário do Supremo
Tribunal Federal sobre sua legalidade e procedência, não cabendo recurso da decisão.
Art. 84. Efetivada a prisão do extraditando (art. 81), o pedido será encaminhado ao Supremo Tribunal
Federal.
Parágrafo único. A prisão perdurará até o julgamento final do Supremo Tribunal Federal, não sendo
admitidas a liberdade vigiada, a prisão domiciliar, nem a prisão-albergue.
Art. 85. Ao receber o pedido, o relator designará dia e hora para o interrogatório do extraditando e,
conforme o caso, dar-lhe-á curador ou advogado, se não o tiver, correndo do interrogatório o prazo de
10 (dez) dias para a defesa.
§ 1 2 . A defesa versará sobre a identidade da pessoa reclamada, defeito de forma dos documentos
apresentados ou ilegalidade da extradição.
§ 22 . Não estando o processo devidamente instruído, o tribunal, a requerimento do procurador-ge-
ral da República, poderá converter o julgamento em diligência para suprir a falta no prazo improrro-
gável de 60 (sessenta) dias, decorridos os quais o pedido será julgado independentemente da
diligência.
§ 32 . O prazo referido no parágrafo anterior correrá da data da notificação que o Ministério das
Relações Exteriores fizer à missão diplomática do Estado requerente.
Art. 86. Concedida a extradição, será o fato comunicado através do Ministério das Relações Exteriores
à missão diplomática do Estado requerente que, no prazo de 60 (sessenta) dias da comunicação,
deverá retirar o extraditando do território nacional.
Art. 87. Se o Estado requerente não retirar o extraditando do território nacional no prazo do artigo
anterior, será ele posto em liberdade, sem prejuízo de responder a processo de expulsão, se o motivo
da extradição o recomendar.
Art. 88. Negada a extradição, não se admitirá novo pedido baseado no mesmo fato.
Art. 89. Quando o extraditando estiver sendo processado, ou tiver sido condenado, no Brasil, por crime
punível com pena privativa de liberdade, a extradição será executada somente depois da conclusão
do processo ou do cumprimento da pena, ressalvado, entretanto, o disposto no art. 67.
895 Lei n° 6.815, de 19.8.80

Parágrafo único. A entrega do extraditando ficará igualmente adiada se a efetivação da medida


puser em risco a sua vida por causa de enfermidade grave comprovada por laudo médico oficial.
Art. 90. 0 Governo poderá entregar o extraditando ainda que responda a processo ou esteja
condenado por contravenção.
Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Estado requerente assuma o compromisso:
I. de não ser o extraditando preso nem processado por fatos anteriores ao pedido;
N. de computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi imposta por força da extradição;
III. de comutar em pena privativa de liberdade a pena corporal ou de morte, ressalvados, quanto
à última, os casos em que a lei brasileira permitir a sua aplicação;
IV. de não ser o extraditando entregue, sem consentimento do Brasil, a outro Estado que o
reclame; e
V. de não considerar qualquer motivo político para agravar a pena.
Art. 92. A entrega do extraditando, de acordo com as leis brasileiras e respeitado o direito de terceiro,
será feita com os objetos e instrumentos do crime encontrados em seu poder.
Parágrafo único. Os objetos e instrumentos referidos neste artigo poderão ser entregues inde-
pendentemente da entrega do extraditando.
Art. 93. 0 extraditando que, depois de entregue ao Estado requerente, escapar à ação da Justiça e
homiziar-se no Brasil, ou por ele transitar, será detido mediante pedido feito diretamente por via
diplomática, e de novo entregue sem outras formalidades.
Art. 94. Salvo motivo de ordem pública, poderá ser permitido, pelo Ministro da Justiça, o trânsito, no
território nacional, de pessoas extraditadas por Estados estrangeiros, bem assim o da respectiva
guarda, mediante apresentação de documentos comprobatórios de concessão da medida.

................................................................................................................................................................... .

Título XII
DAS INFRAÇÕES, PENALIDADES E SEU PROCEDIMENTO

Capítulo I
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES
Art. 125. Constitui infração, sujeitando o infrator às penas aqui cominadas:
I. entrar no território nacional sem estar autorizado (clandestino);
Pena — deportação;
II. demorar-se no território nacional após esgotado o prazo legal de estada:
Pena — multa de um décimo do maior valor de referência, por dia de excesso, até o máximo de
dez vezes o maior valor de referência, e deportação, caso não saia no prazo fixado;
III. deixar de registrar-se no órgão competente, dentro do prazo estabelecido nesta Lei (art. 30):
Pena — multa de um décimo do maior valor de referência, por dia de excesso, até o máximo de
dez vezes o maior valor de referência;
IV. deixar de cumprir o disposto nos arts. 96, 102 e 103:
Pena — multa de duas a dez vezes o maior valor de referência;
V. deixar a empresa transportadora de atender à manutenção ou promover a saída do território
nacional do clandestino ou do impedido (art. 27):
Pena — multa de trinta vezes o maior valor de referência, por estrangeiro;
VI. transportar para o Brasil estrangeiro que esteja sem a documentação em ordem:
Pena — multa de dez vezes o maior valor de referência, por estrangeiro, além da responsabilidade
pelas despesas com a retirada deste do território nacional;
VII. empregar ou manter a seu serviço estrangeiro em situação irregular ou impedido de exercer
atividade remunerada:
Pena — multa de trinta vezes o maior valor de referência, por estrangeiro;
Lei n°6.815, de 19.8.80 896

VIII. infringir o disposto nos arts. 21, § 2 2 , 24, 98, 104, §§ ou 22, e 105:
Pena — deportação;
IX. infringir o disposto no art. 25:
Pena — multa de cinco vezes o maior valor de referência para o resgatador e deportação para o
estrangeiro;
X. infringir o disposto nos arts. 18, 37, § 2 2 , ou 99 a 101:
Pena — cancelamento do registro e deportação;
XI. infringir o disposto nos arts. 106 ou 107:
Pena — detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos e expulsão;
XII. introduzir estrangeiro clandestinamente ou ocultar clandestino ou irregular:
Pena — detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos e, se o infrator for estrangeiro, expulsão;
XIII. fazer declaração falsa em processo de transformação de visto, de registro, de alteração de
assentamentos, de naturalização, ou para a obtenção de passaporte para estrangeiro, laissez-passer,
ou, quando exigido, visto de saída:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos e, se o infrator for estrangeiro, expulsão;
XIV. infringir o disposto nos arts. 45 a 48:
Pena — multa de cinco a dez vezes o maior valor de referência;
XV. infringir o disposto nos arts. 26, § 1 2 , ou 64:
Pena — deportação e, na reincidência, expulsão;
XVI. infringir ou deixar de observar qualquer disposição desta Lei ou de seu Regulamento para a
qual não seja cominada sanção especial:
Pena — multa de duas a cinco vezes o maior valor de referência.
Parágrafo único. As penalidades previstas no item XI aplicam-se também aos diretores das
entidades referidas no item I do art. 107.
Art. 128, As multas previstas neste Capítulo, nos casos de reincidência, poderão ter os respectivos
valores aumentados do dobro ao quíntuplo.

Capítulo II
DO PROCEDIMENTO PARA APURAÇAO
DAS INFRAÇOES
Art. 127. A infração punida com multa será apurada em processo administrativo, que terá por base o
respectivo auto, conforme se dispuser em regulamento.
Art. 128. No caso do art. 125, itens XI a XIII, observar-se-á o Código de Processo Penal e, nos casos
de deportação e expulsão, o disposto nos Títulos VII e VIII desta Lei, respectivamente.

................................................................................................................................................................... .

Art. 140. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.


Art. 141. Revogam-se as disposições em contrário, especialmente o Decreto-Lei n 2 406, de 4 de maio
de 1938; art. 69 do Decreto-Lei n° 3.688, de 3 de outubro de 1941; Decreto-Lei n 2 5.101, de 17 de
dezembro de 1942; Decreto-Lei n° 7.967, de 18 de setembro de 1945; Lei n°5.333, de 11 de outubro
de 1967; Decreto-Lei n 2 417, de 10 de janeiro de 1969; Decreto-Lei n° 941, de 13 de outubro de 1969;
art. 22 da Lei n° 5.709, de 7 de outubro de 1971, e Lei n° 6.262, de 18 de novembro de 1975.
Brasília, em 19 de agosto de 1980; 159 da Independência e 92 da República.
JOÃO FIGUEIREDO
(Publicada no DOU de 21.8.80, retificada em 22.8.80 e republicada em 10.12.81.)
897 Lei n° 6.910, de 27.5.81

LEI N 2 6.910, DE 27 DE MAIO DE 1981

Restringe a aplicação do disposto no art. 2° da Lei n° 4.729, de 14 de julho de 1965,


e no art. 18, § 2° do Decreto-Lei n° 157, de 10 de fevereiro de 1967, e
revoga o Decreto-Lei n° 1.650, de 19 de dezembro de 1978.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 2 . O disposto no art. 22 da Lei n° 4.729, de 14 de julho de 1965, e no art. 18, § 2 9 , do Decreto-Lei
n° 157, de 10 de fevereiro de 1967, não se aplica aos crimes de contrabando ou descaminho, em suas
modalidades próprias ou equiparadas nos termos dos §§ 1 9 e 2 9 do art. 334 do Código Penal.
Art. 22 . É revogado o Decreto-Lei n° 1.650, de 19 de dezembro de 1978.
Art. 39 . Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Brasília, em 27 de maio de 1981 160 9 da Independência e 93 9 da República.
JOÃO FIGUEIREDO
Ibrahim Abi-Ackel
(Publicada no DOU de 28.5.81.)

LEI N2 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981

Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,


seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e
dá outras providências.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
....................................................................................................................................................................

Art. 15.0 poluidor que expuser a perigo a incolumidade humana, animal ou vegetal, ou estiver tornando
mais grave situação de perigo existente, fica sujeito à pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e
multa de 100 a 1.000 MVR.
■ Sobre a pena de multa, vide art. 2° da Lei n° 7.209, de 11.7.84.
§ 1 2 . A pena é aumentada até o dobro se:
I. resultar:
a. dano irreversível à fauna, à flora e ao meio ambiente;
b. lesão corporal grave;
II. a poluição é decorrente de atividade industrial ou de transporte;
III. o crime é praticado durante a noite, em domingo ou em feriado.
§ 2°. Incorre no mesmo crime a autoridade competente que deixar de promover as medidas
tendentes a impedir a prática das condutas acima descritas.
■ Artigo e parágrafos com redação dada pela Lei n° 7.804, de 18.7.89.

....................................................................................................................................................................

Art. 20. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.


Art. 21. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, em 31 de agosto de 1981; 160 9 da Independência e 93 2 da República.
JOÃO FIGUEIREDO
Ibrahim Abi-Ackel
(Publicada no DOU de 2.9.81.)
Lei n 2 7.106, de 28.6.83 898

LEI N 2 7.106, DE 28 DE JUNHO DE 1983

Define os crimes de responsabilidade do Governador do Distrito Federal, dos


Governadores dos Territórios Federais e de seus respectivos Secretários,
e dá outras providências.

■ Atualmente não existem mais Territórios Federais.

0 Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1'. São crimes de responsabilidade do Governador do Distrito Federal ou de seus Secretários,
quando por eles praticados, os definidos na Lei n 2 1.079, de 10 de abril de 1950, ou ainda quando
simplesmente tentados.
Art. 22. É facultado a qualquer cidadão denunciar o Governador ou Secretário do Governo do Distrito
Federal perante o Senado Federal.
Art. 32. Recebida pelo Presidente do Senado Federal, a denúncia, devidamente acompanhada dos
elementos que a comprovem, ou da declaração de impossibilidade de apresentá-los, mas com a
indicação do local em que possam ser encontrados, será remetida à Comissão de Constituição e
Justiça e às que devam examinar-lhe o mérito, depois do que o Senado Federal, por maioria absoluta,
poderá decretar a procedência da acusação e a conseqüente suspensão do Governador de suas
funções.
Art. 42. Declarada a procedência da acusação e suspensão do Governador, a Comissão Especial,
constituída por cinco Senadores e cinco Desembargadores do Tribunal de Justiça, presidida pelo
Presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, no prazo improrrogável de 90 (noventa) dias,
concluirá pela condenação, ou não, do Governador à perda do cargo, com inabilitação até 5 (cinco)
anos para o exercício de qualquer função política, sem prejuízo da ação da justiça comum.
2
Art. 5 . O Governador do Distrito Federal e os Secretários do Governo, nos crimes conexos com os
daquele, responderão, até 2 (dois) anos após haverem deixado o cargo, pelos atos que, consumados
ou tentados, a lei considere crime de responsabilidade praticados no exercício da função pública.
§ 1 2 . Aplica-se o disposto neste artigo aos dirigentes de autarquias, órgãos e entidades do complexo
administrativo do Distrito Federal.
§ 2 2 . Na hipótese do parágrafo anterior, a denúncia, a acusação e o julgamento se farão de acordo
com a norma do processo administrativo, pelo órgão competente.
Art. 62. As disposições da presente Lei aplicam-se aos Governadores e Secretários dos Territórios
Federais.
2
Art. 7 . Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
2
Art. 8 . Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, em 28 de junho de 1983; 162 2 da Independência e 95 2 da República.
JOÃO FIGUEIREDO
Ibrahim Abi-Ackel

(Publicada no DOU de 29.6.83.)

LEI N2 7.134, DE 26 DE OUTUBRO DE 1983

Dispõe sobre a obrigatoriedade de aplicação dos créditos e financiamentos de


organismos governamentais e daqueles provenientes de incentivos fiscais,
exclusivamente nos projetos para os quais foram concedidos.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
899 Lei n2 7.170, de 14.12.83

Art. 1 2 . Todo crédito ou financiamento concedido por órgãos da administração pública, direta ou
indireta, ou recurso proveniente de incentivo fiscal terá que ser aplicado exclusivamente no projeto
para o qual foi liberado.
■ Sobre incentivo fiscal, vide art. 22, IV, da Lei n- 8.137/90.
Art. 22. Os infratores ficam sujeitos às seguintes penalidades:
I. não se beneficiarão de nenhum outro empréstimo de organismo oficial de crédito e nem
poderão utilizar recursos de incentivos fiscais, por um período de 10 (dez) anos;
II. terão que saldar todos os débitos, vencidos e vincendos, relativos ao crédito ou financiamento
cuja aplicação foi desviada, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da constatação da irregularidade.
Parágrafo único. As penalidades constantes deste artigo somente serão aplicadas mediante
processo regular, assegurada ao acusado ampla defesa.
Art. Y. Além das sanções previstas no artigo anterior, os responsáveis pela infração dos dispositivos
desta Lei ficam sujeitos às penas previstas no art. 171 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de
1940 — Código Penal Brasileiro.
Art. 42. O Poder Executivo regulamentará a presente Lei no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da
sua publicação.
Art. 52 . Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 6 2 . Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, em 26 de outubro de 1983; 162 2 da Independência e 95 2 da República.
JOÃO FIGUEIREDO
Ernane Galvêas

(Publicada no DOU de 27.10.83.)

LEI N2 7.170, DE 14 DE DEZEMBRO DE 1983

Define os crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social,


estabelece seu processo e julgamento e dá outras providências.
■ Vide arts. 52, XLIV, 21, Ill, e 22, XXVIII, da CR/88.

0 Presidente da República

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Título I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1 2 . Esta Lei prevë os crimes que lesam ou expõem a perigo de lesão:
I. a integridade territorial e a soberania nacional;
II. o regime representativo e democrático, a Federação e o Estado de Direito;
III. a pessoa dos chefes dos Poderes da União.
Art. 22 . Quando o fato estiver também previsto como crime no Código Penal, no Código Penal Militar
ou em leis especiais, levar-se-ão em conta, para a aplicação desta Lei:
I. a motivação e os objetivos do agente;
II. a lesão real ou potencial aos bens jurídicos mencionados no artigo anterior.
Art. 32 . Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, reduzida de um a dois
terços, quando não houver expressa previsão e cominação específica para a figura tentada.
Parágrafo único. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução, ou impede
que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
Lei n° 7.170, de 14.12.83 900

Art. 42 . São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não elementares do crime:
I. ser o agente reincidente;
II. ter o agente:
a. praticado o crime com o auxílio, de qualquer espécie, de governo, organização internacional
ou grupos estrangeiros;
b. promovido, organizado ou dirigido a atividade dos demais, no caso do concurso de agentes.
Art. 52 . Em tempo de paz, a execução da pena privativa da liberdade, não superior a 2 (dois) anos,
pode ser suspensa, por 2 (dois) a 6 (seis) anos, desde que:
I. o condenado não seja reincidente em crime doloso, salvo o disposto no § do art. 71 do
Código Penal Militar;
II. os seus antecedentes e personalidade, os motivos e as circunstâncias do crime, bem como
sua conduta posterior, autorizem a presunção de que não tornará a delinqüir.
Parágrafo único. A sentença especificará as condições a que fica subordinada a suspensão.
Art. 6 2. Extingue-se a punibilidade dos crimes previstos nesta Lei:
I. pela morte do agente;
II. pela anistia ou indulto;
III. pela retroatividade da lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV. pela prescrição.
Art. 72. Na aplicação desta Lei, observar-se-á, no que couber, a Parte Geral do Código Penal Militar e,
subsidiariamente, a sua Parte Especial.
Parágrafo único. Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos
às normas estabelecidas na legislação especial.

Título II
DOS CRIMES E DAS PENAS
Art. 82 . Entrar em entendimento ou negociação com governo ou grupo estrangeiro, ou seus agentes,
para provocar guerra ou atos de hostilidade contra o Brasil:
Pena reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos.
Parágrafo único. Ocorrendo a guerra ou sendo desencadeados os atos de hostilidade, a pena
aumenta-se até o dobro.
Art. 92 . Tentar submeter o território nacional, ou parte dele, ao domínio ou à soberania de outro país:
Pena — reclusão, de 4 (quatro) a 20 (vinte) anos.
Parágrafo único. Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena aumenta-se até um terço; se resulta
morte, aumenta-se até a metade.
Art. 10. Aliciar indivíduos de outro país para invasão do território nacional:
Pena — reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.
Parágrafo único. Ocorrendo a invasão, a pena aumenta-se até o dobro.
Art. 11. Tentar desmembrar parte do território nacional para constituir país independente:
Pena — reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Art. 12. Importar ou introduzir, no território nacional, por qualquer forma, sem autorização da autoridade
federal competente, armamento ou material militar privativo das Forças Armadas:
Pena — reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, sem autorização legal, fabrica, vende, transporta,
recebe, oculta, mantém em depósito ou distribui o armamento ou material militar de que trata este
artigo.
Art. 13. Comunicar, entregar ou permitir a comunicação ou a entrega, a governo ou grupo estrangeiro,
ou a organização ou grupo de existência ilegal, de dados, documentos ou cópias de documentos,
planos, códigos, cifras ou assuntos que, no interesse do Estado brasileiro, são classificados como
sigilosos:
Pena — reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
901 Lei n° 7.170, de 14.12.83

I. com o objetivo de realizar os atos previstos neste artigo, mantém serviço de espionagem ou
dele participa;
II. com o mesmo objetivo, realiza atividade aerofotográfica ou de sensoreamento remoto, em
qualquer parte do território nacional;
III. oculta ou presta auxílio a espião, sabendo-o tal, para subtrai-lo à ação da autoridade pública;
IV. obtém ou revela, para fim de espionagem, desenhos, projetos, fotografias, notícias ou informa-
ções a respeito de técnicas, de tecnologias, de componentes, de equipamentos, de instalações ou de
sistemas de processamento automatizado de dados, em uso ou em desenvolvimento no País, que,
reputados essenciais para a sua defesa, segurança ou economia, devem permanecer em segredo.
Art. 14. Facilitar, culposamente, a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 12 e 13, e seus
parágrafos:
Pena detenção, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.
Art. 15. Praticar sabotagem contra instalações militares, meios de comunicações, meios e vias de
transporte, estaleiros, portos, aeroportos, fábricas, usinas, barragens, depósitos e outras instalações
congêneres:
Pena — reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.
§ 1°. Se do fato resulta:
a. lesão corporal grave, a pena aumenta-se até a metade;
b. dano, destruição ou neutralização de meios de defesa ou de segurança; paralisação, total ou
parcial, de atividade ou serviços públicos reputados essenciais para a defesa, a segurança
ou a economia do País, a pena aumenta-se até o dobro;
c. morte, a pena aumenta-se até o triplo.
§ 2°. Punem-se os atos preparatórios de sabotagem com a pena deste artigo reduzida de dois
terços, se o fato não constitui crime mais grave.
Art. 16. Integrar ou manter associação, partido, comitê, entidade de classe ou grupamento que tenha
por objetivo a mudança do regime vigente ou do Estado de Direito, por meios violentos ou com o
emprego de grave ameaça:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.
Art. 17. Tentar mudar, com emprego de violência ou grave ameaça, a ordem, o regime vigente ou o
Estado de Direito:
Pena — reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos.
Parágrafo único. Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena aumenta-se até a metade; se resulta
morte, aumenta-se até o dobro.
Art. 18. Tentar impedir, com emprego de violência ou grave ameaça, o livre exercício de qualquer dos
Poderes da União ou dos Estados:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Art. 19. Apoderar-se ou exercer o controle de aeronave, embarcação ou veículo de transporte coletivo,
com emprego de violência ou grave ameaça à tripulação ou a passageiros:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 10 (dez) anos.
Parágrafo único. Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena aumenta-se até o dobro; se resulta
morte, aumenta-se até o triplo.
Art. 20. Devastar, saquear, extorquir, roubar, seqüestrar, manter em cárcere privado, incendiar,
depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo
político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas
ou subversivas:
Pena — reclusão de 3 (três) a 10 (dez) anos.
Parágrafo único Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena aumenta-se até o dobro; se resulta
morte, aumenta-se até o triplo.
Art. 21. Revelar segredo obtido em razão de cargo, emprego ou função pública, relativamente a planos,
ações ou operações militares ou policiais contra rebeldes, insurretos ou revolucionários:
Pena -- reclusão, de 2 (dois) a 10 (dez) anos.
Art. 22. Fazer, em público, propaganda:
I. de processos violentos ou ilegais para alteração da ordem política ou social;
Lei n° 7.170, de 14.12.83 902

II. de discriminação racial, de luta pela violência entre as classes sociais, de perseguição
religiosa;
III. de guerra;
IV. de qualquer dos crimes previstos nesta Lei:
Pena — detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 1°. A pena é aumentada de um terço quando a propaganda for feita em local de trabalho ou por
meio de rádio ou televisão.
§ 22 . Sujeita-se à mesma pena quem distribui ou redistribui:
a. fundos destinados a realizar a propaganda de que trata este artigo;
b. ostensiva ou clandestinamente boletins ou panfletos contendo a mesma propaganda.
§ 32 . Não constitui propaganda criminosa a exposição, a crítica ou o debate de quaisquer doutrinas.
Art. 23. Incitar:
I. à subversão da ordem política ou social;
II. à animosidade entre as Forças Armadas ou entre estas e as classes sociais ou as instituições
civis;
III. à luta com violência entre as classes sociais;
IV. à prática de qualquer dos crimes previstos nesta Lei:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Art. 24. Constituir, integrar ou manter organização ilegal de tipo militar, de qualquer forma ou natureza,
armada ou não, com ou sem fardamento, com finalidade combativa:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
Art. 25. Fazer funcionar, de fato, ainda que sob falso nome ou forma simulada, partido político ou
associação dissolvidos por força de disposição legal ou de decisão judicial:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.
Art. 26. Caluniar ou difamar o Presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos
Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo
à reputação:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, conhecendo o caráter ilícito da imputação, a
propala ou divulga.
Art. 27. Ofender a integridade corporal ou a saúde de qualquer das autoridades mencionadas no artigo
anterior:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 1 2 . Se a lesão é grave, aplica-se a pena de reclusão de 3 (três) a 15 (quinze) anos.
§ 2°. Se da lesão resulta a morte e as circunstâncias evidenciam que este resultado pode ser
atribuído a título de culpa ao agente, a pena é aumentada até um terço.
Art. 28. Atentar contra a liberdade pessoal de qualquer das autoridades referidas no art. 26:
Pena — reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Art. 29. Matar qualquer das autoridades referidas no art. 26:
Pena — reclusão, de 15 (quinze) a 30 (trinta) anos.

Título Ill
DA COMPETÊNCIA, DO PROCESSO E DAS NORMAS
ESPECIAIS DE PROCEDIMENTOS
Art. 30. Compete à Justiça Militar processar e julgar os crimes previstos nesta Lei, com observância
das normas estabelecidas no Código de Processo Penal Militar, no que não colidirem com disposição
desta Lei, ressalvada a competência originária do Supremo Tribunal Federal nos casos previstos na
Constituição.
Parágrafo único. A ação penal é pública, promovendo-a o Ministério Público.
Art. 31. Para apuração de fato que configure crime previsto nesta Lei instaurar-se-á inquérito policial,
pela Polícia Federal:
I. de ofício;
II. mediante requisição do Ministério Público;
903 Lei n2 7.209, de 11.7.84

III. mediante requisição de autoridade militar responsável pela segurança interna;


IV. mediante requisição do Ministro da Justiça.
Parágrafo único. Poderá a União delegar, mediante convênio, a Estado, ao Distrito Federal ou a
Território, atribuições para a realização do inquérito referido neste artigo.
Art. 32. Será instaurado inquérito policial-militar se o agente for militar ou assemelhado, ou quando o
crime:
I. lesar patrimônio sob administração militar;
II. for praticado em lugar diretamente sujeito à administração militar ou contramilitar ou asseme-
lhado em serviço;
III. for praticado nas regiões alcançadas pela decretação do estado de emergência ou do estado
de sítio.
Art. 33. Durante as investigações, a autoridade que presidir o inquérito poderá manter o indiciado
preso ou sob custódia, pelo prazo de 15 (quinze) dias, comunicando imediatamente o fato ao juízo
competente.
§ 1 2. Em caso de justificada necessidade, esse prazo poderá ser dilatado por mais 15 (quinze) dias,
por decisão do juiz, a pedido do encarregado do inquérito, ouvido o Ministério Público.
§ 22 . A incomunicabilidade do indiciado, no período inicial das investigações, será permitida pelo
prazo improrrogável de, no máximo, 5 (cinco) dias.
§ 32 . O preso ou custodiado deverá ser recolhido e mantido em lugar diverso do destinado aos
presos por crimes comuns, com estrita observância do disposto nos arts. 237 a 242 do Código de
Processo Penal Militar.
§ 42. Em qualquer fase do inquérito, a requerimento da defesa, do indiciado, de seu cônjuge,
descendente ou ascendente, será realizado exame na pessoa do indiciado para verificação de sua
integridade física e mental; uma via do laudo, elaborado por dois peritos médicos e instruída com
fotografias, será juntada aos autos do inquérito.
§ 52 . Esgotado o prazo de 15 (quinze) dias de prisão ou custódia ou de sua eventual prorrogação,
o indiciado será imediatamente libertado, salvo se decretada a prisão preventiva, a requerimento do
encarregado do inquérito ou do órgão do Ministério Público.
§ 62. O tempo de prisão ou custódia será computado no de execução da pena privativa de
li berdade.
Art. 34. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 35. Revogam-se a Lei n 2 6.620, de 17 de dezembro de 1978, e demais disposições em contrário.
Brasília, em 14 de dezembro de 1983; 162 2 da Independência e 95 2 da República.
JOÃO FIGUEIREDO
Ibrahim Abi-Ackel

(Publicada no DOU de 15.12.83.)

LEI N° 7.209, DE 11 DE JULHO DE 1984

Altera dispositivos do Decreto-Lei n ° 2.848, de 7 de dezembro de


1940 — Código Penal, e dá outras providências.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 2. O Decreto-Lei n2 2.848, de 7 de dezembro de 1940 — Código Penal, passa a vigorar com as
seguintes alterações:
■ Alterações já constantes da nova Parte Geral do Código Penal (arts. 1 2 a 120).
Art. 2 2. São canceladas, na Parte Especial do Código Penal e nas leis especiais alcançadas pelo art.
12 do Código Penal, quaisquer referências a valores de multas, substituindo-se a expressão multa de
por multa.
Art. 3 2. Dentro de 1 (um) ano, a contar da vigência desta Lei, a União, Estados, Distrito Federal e
Territórios tomarão as providências necessárias para a efetiva execução das penas restritivas de
direitos, sem prejuízo da imediata aplicação e do cumprimento dessas penas onde seja isso possível.
Lei n° 7.347, de 24.7.85 904

Parágrafo único. Nas comarcas onde ainda não for possível a execução das penas previstas nos
incisos I e Ill do art. 43 do Código Penal, poderá o juiz, até o vencimento do prazo de que trata este
artigo, optar pela concessão da suspensão condicional, observado, no que couber, o disposto nos
arts. 77 a 82 do mesmo Código.
Art. 4 2. O Poder Executivo fará republicar o Código Penal com seu texto atualizado.
Art. 5 2. Esta Lei entra em vigor 6 (seis) meses após a data de sua publicação.
Brasília, em 11 de julho de 1984; 163 2 da Independência e 96 2 da República.
JOÃO FIGUEIREDO

(Publicada no DOU de 13.7.84.)

LEI N 2 7.347, DE 24 DE JULHO DE 1985

Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos


causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (vetado) e dá outras providências.
■ Vide art. 129, Ill e § 1 9, da CR/88.

O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
................................................................................................................................................................... .

Art. 10. Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, mais multa de 10 (dez)
a 1.000 (mil) OTN — Obrigações do Tesouro Nacional, a recusa, o retardamento ou a omissão de dados
técnicos indispensáveis à propositura da ação civil, quando requisitados pelo Ministério Público.
■ Vide art. 22 da Lei n° 7.784/89 sobre a conversão das penalidades previstas em OTN para BTN —
Bônus do Tesouro Nacional. Observe-se, contudo, que o BTN foi extinto pela Lei n° 8.177/91.
................................................................................................................................................................... .

Brasília, 24 de julho de 1985; 164 2 da Independência e 97 9 da República.


JOSÉ SARNEY

(Publicada no DOU de 25.7.85.)

LEI N 2 7.492, DE 16 DE JUNHO DE 1986

Define os crimes contra o Sistema


Financeiro Nacional
e dá outras providências.
0 Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 2. Considera-se instituição financeira, para efeito desta Lei, a pessoa jurídica de direito público
ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação,
intermediação ou aplicação de recursos financeiros (vetado) de terceiros, em moeda nacional ou
estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de
valores mobiliários.
Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira:
I. a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou
qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros;
II. a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de
forma eventual.
905 Lei n° 7.492, de 16.6.86

DOS CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Art. 2 9. Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou põr em circulação, sem autorização
escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou valor
mobiliário:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir
prospecto ou material de propaganda relativo aos papéis referidos neste artigo.
Art. 32. Divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 42. Gerir fraudulentamente instituição financeira:
Pena — reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único. Se a gestão é temerária:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 5 9 . Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta Lei, de dinheiro, título, valor
ou qualquer outro bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta Lei,
que negociar direito, título ou qualquer outro bem móvel ou imóvel de que tem a posse, sem autorização
de quem de direito.
Art. 62. Induzir ou manter em erro sócio, investidor ou repartição pública competente, relativamente a
operação ou situação financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a falsamente:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa
Art. 72. Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários:
I. falsos ou falsificados;
II. sem registro prévio de emissão junto à autoridade competente, em condições divergentes das
constantes do registro ou irregularmente registrados;
III. sem lastro ou garantia suficientes, nos termos da legislação;
VI. sem autorização prévia da autoridade competente, quando legalmente exigida:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
A rt .8Q . Exigir, em desacordo com a legislação (vetado) juro, comissão ou qualquer tipo de remuneração
sobre operação de crédito ou de seguro, administração de fundo mútuo ou fiscal ou de consórcio,
serviço de corretagem ou distribuição de títulos ou valores mobiliários:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 92. Fraudar a fiscalização ou o investidor, inserindo ou fazendo inserir, em documento comproba-
tório de investimento em títulos ou valores mobiliários, declaração falsa ou diversa da que dele deveria
constar:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação, em demonstrativos
contábeis de instituição financeira, seguradora ou instituição integrante do sistema de distribuição de
títulos de valores mobiliários:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Art. 11. Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legislação:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Art. 12. Deixar, o ex-administrador de instituição financeira, de apresentar, ao interventor, liquidante,
ou síndico, nos prazos e condições estabelecidas em lei as informações, declarações ou documentos
de sua responsabilidade:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 13. Desviar (vetado) bem alcançado pela indisponibilidade legal resultante de intervenção,
li quidação extrajudicial ou falência de instituição financeira:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o interventor, o liquidante ou o síndico que se apropriar
de bem abrangido pelo caput deste artigo, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio.
Lei n° 7.492, de 16.6.86 906

Art. 14. Apresentar, em liquidação extrajudicial, ou em falência de instituição financeira, declaração


de crédito ou reclamação falsa, ou juntar a elas título falso ou simulado:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o ex-administrador ou falido que reconhecer, como
verdadeiro, crédito que não o seja.
Art. 15. Manifestar-se falsamente o interventor, o liquidante ou o síndico (vetado) a respeito de assunto
relativo a intervenção, liquidação extrajudicial ou falência de instituição financeira:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante declaração
(vetado) falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 17. Tomar ou receber, qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta Lei, direta ou
indiretamente, empréstimo ou adiantamento, ou deferi-lo a controlador, a administrador, a membro de
conselho estatutário, aos respectivos cônjuges, aos ascendentes ou descendentes, a parentes na linha
colateral até o 2 2 grau, consangüíneos ou afins, ou a sociedade cujo controle seja por ela exercido,
direta ou indiretamente, ou por qualquer dessas pessoas:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I. em nome próprio, como controlador ou na condição de administrador da sociedade, conceder
ou receber adiantamento de honorários, remuneração, salário ou qualquer outro pagamento, nas
condições referidas neste artigo;
II. de forma disfarçada, promover a distribuição ou receber lucros de instituição financeira.
Art. 18. Violar sigilo de operação ou de serviço prestado por instituição financeira ou integrante do
sistema de distribuição de títulos mobiliários de que tenha conhecimento, em razão de ofício:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é cometido em detrimento de
instituição financeira oficial ou por ela credenciada para o repasse de financiamento.
Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato, recursos provenientes de
financiamento concedido por instituição financeira oficial ou por instituição credenciada para repas-
sá-lo:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 21. Atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa identidade, para realização de operação de câmbio:
Pena — detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, para o mesmo fim, sonega informação que devia
prestar ou presta informação falsa.
Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do País:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal,
a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição
federal competente.
Art. 23. Omitir, retardar ou praticar, o funcionário público, contra disposição expressa de lei, ato de
ofício necessário ao regular funcionamento do sistema financeiro nacional, bem como a preservação
dos interesses e valores da ordem econômico-financeira:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 24. (Vetado.)

DA APLICAÇÃO E DO PROCEDIMENTO CRIMINAL


Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta Lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (vetado).
907 Lei n° 7.492, de 16.6.86

§ 1 2. Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (vetado) o interventor, o liquidante


ou o síndico.
■ Antigo parágrafo único transformado em § 1 9 pela Lei n° 9.080, de 19.7.95.
§ 22. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou participe
que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda trama delituosa terá
sua pena reduzida de um a dois terços.
■ § 29 acrescentado pela Lei n2 9.080, de 19.7.95.
Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta Lei, será promovida pelo Ministério Público Federal,
perante a Justiça Federal.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Código de Processo Penal, aprovado pelo
Decreto-Lei n° 3.689, de 3 de outubro de 1941, será admitida a assistência da Comissão de Valores
Mobiliários — CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita á disciplina e
à fiscalização dessa Autarquia, e do Banco Central do Brasil quando, fora daquela hipótese, houver
sido cometido na órbita de atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização.
Art. 27. Quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o ofendido poderá representar ao
Procurador-Geral da República, para que este a ofereça, designe outro órgão do Ministério Público
para oferecê-la ou determine o arquivamento das peças de informação recebidas.
Art. 28. Quando, no exercício de suas atribuições legais, o Banco Central do Brasil ou a Comissão de
Valores Mobiliários — CVM verificar a ocorrência de crime previsto nesta Lei, disso deverá informar ao
Ministério Público Federal, enviando-lhe os documentos necessários à comprovação do fato.
Parágrafo único. A conduta de que trata este artigo será observada pelo interventor, liquidante ou
síndico que, no curso de intervenção, liquidação extrajudicial ou falência, verificar a ocorrência de
crime de que trata esta Lei.
Art. 29. 0 órgão do Ministério Público Federal, sempre que julgar necessário, poderá requisitar, a
qualquer autoridade, informação, documento ou diligência relativa à prova dos crimes previstos nesta
Lei.
Parágrafo único. O sigilo dos serviços e operações financeiras não pode ser invocado como óbice
ao atendimento da requisição prevista no caput deste artigo.
Art. 30. Sem prejuízo do disposto no art. 312 do Código de Processo Penal, aprovado pelo Decreto-Lei
n 2 3.689, de 3 de outubro de 1941, a prisão preventiva do acusado da prática de crime previsto nesta
Lei poderá ser decretada em razão da magnitude da lesão causada (vetado).
Art. 31. Nos crimes previstos nesta Lei e punidos com penas de reclusão, o réu não poderá prestar
fi ança, nem apelar antes de ser recolhido à prisão, ainda que primário e de bons antecedentes, se
estiver configurada situação que autoriza a prisão preventiva.
Art. 32. (Vetado.)

Art. 33. Na fixação da pena de multa relativa aos crimes previstos nesta Lei, o limite a que se refere o
§ 1 2 do art. 49 do Código Penal, aprovado pelo Decreto-Lei n 2 2.848, de 7 de dezembro de 1940, pode
ser estendido até o décuplo, se verificada a situação nele cogitada.

Art. 34. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Art. 35. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, em 16 de junho de 1986; 165 9 da Independência e 98 2 da República.
JOSÉ SARNEY

(Publicada no DOU de 18.6.86.)


Lei n 2 7.505, de 2.7.86 908

LEI N 2 7.505, DE 2 DE JULHO DE 1986

Dispõe sobre benefícios fiscais na área do imposto de renda


concedidos a operações de caráter cultural e artístico.
■ Regulamentada pelo Decreto n° 93.335, de 3.10.86.

O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

....................................................................................................................................................................

Art. 11. As infrações aos dispositivos desta Lei, sem prejuízo das sanções penais cabíveis, sujeitarão
o contribuinte à cobrança do imposto sobre a renda não recolhido em cada exercício acrescido das
penalidades previstas na legislação do imposto de renda, além da perda do direito de acesso, após
a condenação, aos benefícios fiscais aqui instituídos, e sujeitando o beneficiário à multa de 30% (trinta
por cento) do valor da operação, assegurando o direito de regresso contra os responsáveis pela fraude.

Art. 14. Obter redução do imposto de renda, utilizando-se fraudulentamente de qualquer dos benefí-
cios desta Lei, constitui crime punível com reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) meses e multa.
§ 1 2 . No caso de pessoa jurídica, respondem pelo crime o acionista controlador e os administrado-
res, que para ele tenham concorrido.
§ 22 . Na mesma pena incorre aquele que, recebendo recursos, bens ou valores, em função desta
Lei, deixa de promover, sem justa causa, atividade cultural objeto do incentivo.

Art. 17. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Art. 18. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, em 2 de julho de 1986; 165 2 da Independência e 98 2 da República.
JosÉ SARNEY

(Publicada no DOU de 3.7.86 e republicada no DOU de 4.7.86.)

LEI N° 7.643, DE 18 DE DEZEMBRO DE 1987

Proíbe a pesca de cetáceo nas águas jurisdicionais


brasileiras, e dá outras providências.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 2. Fica proibida a pesca, ou qualquer forma de molestamento intencional, de toda espécie de
cetáceo nas águas jurisdicionais brasileiras.
Art. 2 2. A infração ao disposto nesta Lei será punida com a pena de 2 (dois) a 5 (cinco) anos de reclusão
e multa de 50 (cinqüenta) a 100 (cem) OTN Obrigações do Tesouro Nacional, com perda da
embarcação em favor da União, em caso de reincidência.
■ Vide art. 22 da Lei n° 7.784/89 sobre a conversão das penalidades previstas em OTN para BTN —
Bônus do Tesouro Nacional. Observe-se, contudo, que o BTN foi extinto pela Lei n° 8.177/91.
Art. 3 2. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 60 (sessenta) dias, contados de sua
publicação.
909 Lei n2 7.649, de 25.1.88

Art. 42. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Art. 52. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 18 de dezembro de 1987; 1662 da Independência e 99 2 da República.
JOSÉ SARNEY
Henrique Sabóia
(Publicada no DOU de 21.12.87.)

LEI N2 7.649, DE 25 DE JANEIRO DE 1988

Estabelece a obrigatoriedade do cadastramento dos doadores de


sangue bem como a realização de exames laboratoriais no sangue
coletado, visando a prevenir a propagação de doenças,
e dá outras providências.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 2. Os bancos de sangue, os serviços de hemoterapia e outras entidades afins ficam obrigados a
proceder ao cadastramento dos doadores e a realizar provas de laboratório, visando a prevenir a
propagação de doenças transmissíveis através do sangue ou de suas frações.
Art. 2 2. 0 cadastramento referido no artigo anterior deverá conter o nome do doador, sexo, idade, local
de trabalho, tipo e número de documento de identidade, histórico patológico, data da coleta e os
resultados dos exames de laboratório realizados no sangue coletado.
Parágrafo único. Será recusado o doador que não fornecer corretamente os dados solicitados.
Art. 32. As provas de laboratório referidas no art. 1 2 desta Lei incluirão, obrigatoriamente, aquelas
destinadas a detectar as seguintes infecções: Hepatite B, Sífilis, Doença de Chagas, Malária e
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS).
Parágrafo único. O Ministério da Saúde, através de portarias, determinará a inclusão de testes
laboratoriais para outras doenças transmissíveis, sempre que houver necessidade de proteger a saúde
das pessoas e os testes forem disponíveis.
Art. 42. Os tipos de provas laboratoriais a serem executadas bem como os reagentes e as técnicas
utilizados serão definidos através de portarias do Ministério da Saúde.
Art. 52. O sangue coletado que apresentar pelo menos uma prova laboratorial de contaminação não
poderá ser utilizado no seu todo ou em suas frações, devendo ser desprezado.
Art. 62 . A autoridade sanitária e o receptor da transfusão de sangue ou, na sua impossibilidade, seus
familiares ou responsáveis terão acesso aos dados constantes do cadastramento do doador ou
doadores do sangue transfundido ou a transfundir.
Art. 72. Compete ás Secretarias de Saúde das unidades federadas fiscalizar a execução das medidas
previstas nesta Lei, em conformidade com as normas do Ministério da Saúde.
Art. 82 . A inobservância das normas desta Lei acarretará a suspensão do funcionamento da entidade
infratora por um período de 30 (trinta) dias e, no caso de reincidência, o cancelamento da autorização
de funcionamento da mesma, sem prejuízo da responsabilidade penal dos seus diretores e/ou
responsáveis.
Art. 9 2. A inobservância das normas desta Lei configurará o delito previsto no art. 268 do Código Penal.
Art. 10. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a partir de
sua publicação.
Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, em 25 de janeiro de 1988; 167 2 da Independência e 100 2 da República.
JOSÉ SARNEY

(Publicada no DOU de 27.1.88.)


Lei n2 7.679, de 23.11.88 910

LEI N 2 7.679, DE 23 DE NOVEMBRO DE 1988

Dispõe sobre a proibição da pesca de espécies em períodos


de reprodução e dá outras providências.
Art. 1 2 . Fica proibido pescar:
....................................................................................................................................................................
IV. mediante a utilização de:
a explosivos ou de substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante;
b. substâncias tóxicas;
................................................................................................................................................................... .

Art. 82. Constitui crime, punível com pena de reclusão de 3 (três) meses a 1 (um) ano, a violação do
disposto nas alíneas a e b do item IV do art. 1 2 .
Art. 92 . Sem prejuízo das penalidades previstas nos dispositivos anteriores, aplica-se aos infratores o
disposto no § 1 2 do art. 14 da Lei n 2 6.938, de 31 de agosto de 1981.
Art. 10. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 11. Revogam-se as disposições em contrário, especialmente o § 4 2 e suas alíneas do art. 27 da
Lei n2 5.197, de 3 de janeiro de 1967, alterada pela Lei n 2 7.653, de 12 de fevereiro de 1988.
Senado Federal, em 23 de novembro de 1988; 167 2 da Independência e 100 2 da República.
Humberto Lucena

(Publicada no DOU de 24.11.88 e republicada no DOU de 5.12.88.)

LEI N° 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989

Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.


■ Vide art. 5 , XLII, da CR/88.
2

0 Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 2 . Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de
raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
■ Artigo com redação dada pela Lei n2 9.459, de 13.5,97.
Art. 22 . (Vetado.)
Art. 3 2. Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da
Administração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Art. 44 . Negar ou obstar emprego em empresa privada:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Art. 52 . Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou
receber cliente ou comprador:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Art. 62. Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino
público ou privado de qualquer grau:
Pena — reclusão, de 3 (três) a 5 (cinco) anos.
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de 18 (dezoito) anos a pena é agravada de
um terço.
Art. 72 . Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabe-
lecimento similar:
Pena — reclusão, de 3 (três) a 5 (cinco) anos.
911 Lei n2 7.716, de 5.1.89

Art. 82 . Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais


semelhantes abertos ao público:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Art. 92. Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de diversões,
ou clubes sociais abertos ao público:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou
casas de massagem ou estabelecimentos com as mesmas finalidades:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou
escada de acesso aos mesmos:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como aviões, navios, barcas, barcos, õnibus,
trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em qualquer ramo das Forças Armadas:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência familiar e social:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Art. 15. (Vetado.)
Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou função pública, para o servidor público,
e a suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a 3 (três) meses.
Art. 17. (Vetado.)
Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não são automáticos, devendo ser motiva-
damente declarados na sentença.
Art. 19. (Vetado.)
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
§ 1 2 . Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou
propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fim de divulgação do nazismo:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 22 . Se qualquer dos crimes previsto no caput é cometido por intermédio dos meios de comunica-
ção social ou publicação de qualquer natureza:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 32 . No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido
deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência:
I. o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;
II. a cessação das respectivas transmissões radiofônicas ou televisivas.
§ 42 . Na hipótese do § 22 , constitui efeito da condenação, após o trânsito em julgado da decisão,
a destruição do material apreendido.
■ Artigo acrescentado pela Lei n° 8.081, de 21.9.90, e §§ 1° a 3 2 acrescentados pela Lei n° 8.882, de
3.6.94, com redação posterior determinada pela Lei n° 9.459, de 13.5.97.
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário.
■ Arts. 21 e 22 renumerados pela Lei n° 8.081, de 21.9.90.

JOSÉ SARNEY

(Publicada no DOU de 6. 1.89 e retificada no DOU de 9. 1.89.)


Lei n° 7.783, de 28.6.89 912

LEI N 2 7.783, DE 28 DE JUNHO DE 1989

Dispõe sobre o exercício do direito de greve, define as


atividades essenciais, regula o atendimento das atividades
inadiáveis da comunidade, e dá outras providências.

■ Vide arts. 92, §§ 1 ° e 22, e 37, Vll, da CR/88.

O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 2 . É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade
de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
Parágrafo único. O direito de greve será exercido na forma estabelecida nesta Lei.
Art. 22. Para os fins desta Lei, considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva,
temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador.
Art. 32. Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recurso via arbitral, é facultada a
cessação coletiva do trabalho.
Parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessa-
dos serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação.
Art. 42 . Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na forma do seu estatuto, assembléia
geral que definirá as reivindicações da categoria e deliberará sobre a paralisação coletiva da prestação
de serviços.
§ 1°. O estatuto da entidade sindical deverá prever as formalidades da convocação e o quorum
para a deliberação, tanto da deflagração quanto da cessação da greve.
§ 2°. Na falta de entidade sindical, a assembléia geral dos trabalhadores interessados deliberará
para os fins previstos no caput, constituindo comissão de negociação.
Art. 5°. A entidade sindical ou comissão especialmente eleita representará os interesses dos trabalha-
dores nas negociações ou na Justiça do Trabalho.
Art. 62 . São assegurados aos grevistas dentre outros direitos:
I. o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem ã
greve;
II. a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento.
§ 1°. Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar
ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem.
§ 22 . É vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao
trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento.
§ 3°. As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso
ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa.
Art. 72 . Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em greve suspende o contrato
de trabalho, devendo as reações obrigacionais durante o período ser regidas pelo acordo, convenção,
laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho.
Parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a2
contratação de trabalhadores substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstas nos arts. 9
e 14.
Art. 82 . A Justiça do Trabalho, por iniciativa de qualquer das partes ou do Ministério Público do Trabalho,
decidirá sobre a procedência, total ou parcial, ou improcedência das reivindicações cumprindo ao
Tribunal publicar, de imediato, o competente acórdão.
Art. 9 2. Durante a greve o sindicato ou a comissão de negociação mediante acordo com a entidade
patronal ou diretamente com o empregador, manterá em atividade equipes de empregados com o
propósito de assegurar os serviços cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração
irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à
retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento.
913 Lei n°7.783, de 28.6.89

Parágrafo único. Não havendo acordo, é assegurado ao empregador, enquanto perdurar a greve, o
direito de contratar diretamente os serviços necessários a que se refere este artigo.
Art. 10. São considerados serviços ou atividades essenciais:
I. tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e
combustíveis;
II. assistência médica e hospitalar;
III. distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;
IV. funerários;
V. transporte coletivo;
VI. captação e tratamento de esgoto e lixo;
VII. telecomunicações;
VIII. guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares;
IX. processamento de dados ligados a serviços essenciais;
X. controle de tráfego aéreo;
XI. compensação bancária.
Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam
obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao
atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
Parágrafo único. São necessidades inadiáveis da comunidade aquelas que não atendidas colo-
quem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população.
Art. 12. No caso da inobservância do disposto no artigo anterior o Poder Público assegurará a prestação
dos serviços indispensáveis.
Art. 13. Na greve em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalha-
dores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com
antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação.
Art. 14. Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, bem
como a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça
do Trabalho.
Parágrafo único. Na vigência de acordo, convenção ou sentença normativa não constitui abuso do
exercício do direito de greve a paralisação que:
I. tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula ou condição;
II. seja motivada pela superveniência de fato novo ou acontecimento imprevisto que modifique
substancialmente a relação de trabalho.
Art. 15. A responsabilidade pelos atos praticados, ilícitos ou crimes cometidos, no curso da greve,
será apurada, conforme o caso, segundo a legislação trabalhista, civil ou penal.
Parágrafo único. Deverá o Ministério Público, de ofício, requisitar a abertura do competente inquérito
e oferecer denúncia quando houver indício da prática de delito.
Art. 16. Para os fins previstos no art. 37, inciso VII, da Constituição, lei complementar definirá os termos
e os limites em que o direito de greve poderá ser exercido.
Art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de
frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregadores
(lockout).
Parágrafo único. A prática referida no caput assegura aos trabalhadores o direito à percepção dos
salários durante o período de paralisação.
Art. 18. Ficam revogados a Lei n°4.330, de 1° de junho de 1964, o Decreto-Lei n° 1.632, de 4 de agosto
de 1978, e demais disposições em contrário.
Art. 19. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, em 28 de junho de 1989; 168° da Independência e 101° da República.
JOSÉ SARNEY

(Publicada no DOU de 29.6.89.)


Lei n° 7.802, de 11.7.89 914

LEI N° 7.802, DE 11 DE JULHO DE 1989

Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e


rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda
comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos
resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle,
a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes
e afins, e dá outras providências.
■Vide Lei n° 9.605, de 12.2.98, art. 56.

0 Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

....................................................................................................................................................................

Art. 15. Aquele que produzir, comercializar, transportar, aplicar, prestar serviço, der destinação a
resíduos e embalagens vazias de agrotóxicos, seus componentes e afins, em descumprimento às
exigências estabelecidas na legislação pertinente estará sujeito à pena de reclusão, de 2 (dois) a 4
(quatro) anos, além de multa.
■ Artigo com nova redação dada pela Lei n° 9.974, de 6.6.00.
Art. 16.O empregador, profissional responsável ou o prestador de serviço, que deixar de promover as
medidas necessárias de proteção à saúde e ao meio ambiente, estará sujeito a pena de reclusão de
2 (dois) a 4 (quatro) anos, além de multa de 100 (cem) a 1.000 (mil) MVR. Em caso de culpa, será
punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, além de multa de 50 (cinqüenta) a 500
(quinhentos) MVR.

................................................................................................................................................................... .

Art. 22. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Art. 23. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 11 de junho de 1989; 168 2 da Independência e 101° da República.
JOSÉ SARNEY

(Publicada no DOU de 12.7.89.)

LEI N9 7.805, DE 18 DE JULHO DE 1989

Altera o Decreto-Lei n° 227, de 28 de fevereiro de 1967,


cria o regime de permisão de lavra garimpeira, extingue
o regime de matrícula, e dá outras providências.

O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

................................................................................................................................................................... .

Art. 21. A realização de trabalhos de extração de substâncias minerais, sem a competente permissão,
concessão ou licença, constitui crime, sujeito a penas de reclusão de 3 (três) meses a 3 (três) anos e
multa.
Parágrafo único. Sem prejuízo da ação penal cabível, nos termos deste artigo, a extração mineral
realizada sem a competente permissão, concessão ou licença acarretará a apreensão do produto
mineral, das máquinas, veículos e equipamentos utilizados, os quais, após transitada em julgado a
915 Lei n2 7.853, de 24.10.89

sentença que condenar o infrator, serão vendidos em hasta pública e o produto da venda recolhido à
conta do Fundo Nacional de Mineração, instituído pela Lei n 2 4.425, de 8 de outubro de 1964.
Brasília, 18 de julho de 1989; 168 2 da Independência e 101 2 da República.
JOSÉ SARNEY

(Publicada no DOU de 20.7.89.)

LEI N9 7.853, DE 24 DE OUTUBRO DE 1989

Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração


social, sobre a Coordenadora Nacional para Integração da Pessoa Portadora
de Deficiência (CORDE), institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos
ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público,
define crimes, e dá outras providências.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

................................................................................................................................................................... .

Art. 82. Constitui crime punível com reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa:
I. recusar, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição de
aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, por motivos
derivados da deficiência que porta;
II. obstar, sem justa causa, o acesso de alguém a qualquer cargo público, por motivos derivados
de sua deficiência;
III. negar, sem justa causa, a alguém, por motivos derivados de sua deficiência, emprego ou
trabalho;
IV. recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de prestar assistência médico-hospitalar e
ambulatorial, quando possível, a pessoa portadora de deficiência;
V. deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida
na ação civil a que alude esta Lei;
VI. recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil objeto
desta Lei, quando requisitados pelo Ministério Público.

................................................................................................................................................................... .

Art. 19. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Art. 20. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 24 de outubro de 1989; 168 2 da Independência e 101 2 da República.
JOSÉ SARNEY

(Publicada no DOU de 25.10.89.)

DECRETO N 9 98.961, DE 15 DE FEVEREIRO DE 1990

Dispõe sobre expulsão de estrangeiro condenado por


tráfico de entorpecentes e drogas afins.

0 Presidente da República, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição,
decreta:
Lei n° 8.021, de 12.4.90 916

Art. 1 2 . 0 inquérito de expulsão de estrangeiro condenado por uso indevido ou tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins obedecerá ao rito procedimental estabelecido nos arts. 68 e 71 da Lei
n° 6.815, de 19 de agosto de 1980, e nos arts. 100 a 105 do Decreto n° 86.715, de 10 de dezembro de
1981, mas somente serão encaminhados com parecer final ao Ministro da Justiça mediante certidão
do cumprimento integral da pena privativa de liberdade.
§ 1°. Permitir-se-á certidão do cumprimento da pena nos 60 (sessenta) dias anteriores ao respectivo
término, mas o decreto de expulsão será executado no dia seguinte ao último da condenação.
§ 22 . Na hipótese de atraso do decreto de expulsão, caberá ao Ministério da Justiça requerer, ao
Juiz competente, a prisão, para efeito de expulsão, do estrangeiro de que trata este Decreto.
Art. 22. As condições de expulsabilidade serão aquelas existentes na data da infração penal, apuradas
no inquérito, não se considerando as alterações ocorridas após a prática do delito.
Art. 32. Se, antes do cumprimento da pena, for conveniente ao interesse nacional a expulsão do
estrangeiro, condenado por uso indevido ou tráfico de entorpecentes ou drogas afins, o Ministro da
Justiça fará exposição fundamentada ao Presidente da República, que decidirá na forma do art. 66 da
Lei n° 6.815, de 19 de agosto de 1980.
Art. 4 2 . Nos casos em que o Juízo de Execução conceder ao estrangeiro, de que trata este Decreto,
regime penal mais benigno do que aquele fixado na decisão condenatória, caberá ao Ministério da
Justiça requerer ao Ministério Público providências para que seja restabelecida a autoridade da
sentença transitada em julgado.
Art. 52 . Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 62 . Revogam-se as disposições em contrário.
Brasíla, 15 de fevereiro de 1990; 1692 da Independência e 102 2 da República.
JOSÉ SARNEY
(Publicado no DOU de 16.2.90.)

LEI N2 8.021, DE 12 DE ABRIL DE 1990

Dispõe sobre a identificação dos contribuintes


para fins fiscais e dá outras providências.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

....................................................................................................................................................................

Art. 72. A autoridade fiscal do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento poderá proceder a
exame de documentos, livros e registros das bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e
assemelhadas, bem como solicitar a prestação de esclarecimentos e informações a respeito de
operações por elas praticadas inclusive em relação a terceiros.
§ 1 2 . As informações deverão ser prestadas no prazo máximo de 10 (dez) dias úteis contados da
data da solicitação. O não-cumprimento desse prazo sujeitará a instituição à multa de valor equivalente
a 1.000 (mil) BTN Fiscais por dia útil de atraso.
§ 22 . As informações obtidas com base neste artigo somente poderão ser utilizadas para efeito de
verificação do cumprimento de obrigações tributárias.
§ 3 2 . O servidor que revelar informações que tiver obtido na forma deste artigo estará sujeito às
penas previstas no art. 325 do Código Penal Brasileiro.

...................................................................................................................................................................

Art. 12. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


917 Lei Complementar n 2 64, de 18.5.90

Art. 13. Revogam-se o art. 9 2 da Lei n2 4.729, de 14 de julho de 1965, os arts. 32 e 33 da Lei n2 6.404,
de 15 de dezembro de 1976, e demais disposições em contrário.
Brasília, em 12 de abril de 1990; 169 2 da Independência e 102 2 da República.
FERNANDO COLLOR

(Publicada no DOU de 13.4.90.)

LEI COMPLEMENTAR N 2 64, DE 18 DE MAIO DE 1990

Estabelece, de acordo com o art. 14, § 92


da Constituição Federal, casos de inelegibilidade,
prazos de cessação, e determina outras providências.

O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

................................................................................................................................................................... .

Art. 25. Constitui crime eleitoral a argüição de inelegibilidade, ou a impugnação de registro de


candidato feito por interferência do poder econômico, desvio ou abuso do poder de autoridade,
deduzida de forma temerária ou de manifesta má-fé:
Pena — detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa de vinte a cinqüenta vezes o valor do
Bônus do Tesouro Nacional — BTN e, no caso de sua extinção, de título público que o susbstitua.

................................................................................................................................................................... .

Art. 27. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 28. Revogam-se a Lei Complementar n 2 5, de 29 de abril de 1970, e as demais disposições em
contrário.
Brasília, 18 de maio de 1990; 169 2 da Independência e 102 2
da República.
FERNANDO COLLOR

(Publicada no DOU de 21.5.90.)

LEI N 2 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990 *

Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do


Adolescente, e dá outras providências.

O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

................................................................................................................................................................... .

Os arts. 143, 239, 240, §§ 1 2 e 2 9 , 241, 242 e 243, da Lei n° 8.069/90 - ECA, receberam nova redação
determinada pela Lei n 2 10.764/03 (vide Anexo XII).
Lei n2 8.069, de 13.7.90 918

Livro II
PARTE ESPECIAL

Título VII
DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS

Capítulo I
DOS CRIMES

Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra a criança e o adolescente, por ação ou
omissão, sem prejuízo do disposto na legislação penal.
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas da Parte Geral do Código Penal e,
quanto ao processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal.
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública incondicionada.

Seção II
DOS CRIMES EM ESPÉCIE

Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de


gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta
Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração
de nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena — detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) meses, ou multa.
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante
de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de
proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena — detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) meses, ou multa.
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar
em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem observância das
formalidades legais.
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer
imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por
ele indicada:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
constrangimento:
Pena— detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Art. 233. ( Revogado pela Lei n° 9.455, de 7.4.97.)
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de criança
ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
919 Lei n° 8.069, de 13.7.90

Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício de adolescente privado
de liberdade:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar ou
representante do Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei
ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a paga ou recompensa.
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para
o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro:
Pena — reclusão, de 4 (quatro) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 240. Produzir ou dirigir representação teatral, televisiva ou película cinematográfica, utilizando-se
de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, nas condições referidas neste artigo, contracena
com criança ou adolescente.
Art. 241. Fotografar ou publicar cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou
adolescente arma, munição ou explosivo:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
■ Vide art. 10, § 1 Q, da Lei n° 9.437, de 20.2.97 (SINARM).
Art. 243. Vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança
ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou
psíquica, ainda que por utilização indevida:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se o fato não constituir crime mais
grave.
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou
adolescente fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam
incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 22 desta Lei, à
prostituição ou à exploração sexual:
Pena — reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.
§ 1°. Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se
verifique a submissão de criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo.
§ 29 . Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de
funcionamento do estabelecimento.
■ Art. 244-A e parágrafos acrescentados pela Lei n° 9.975, de 23.6.00, publicada no DOU de 26.6.00.

................................................................................................................................................................... .

Art. 263.0 Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 — Código Penal, passa a vigorar com as
seguintes alterações:
■ Alterações já constantes do texto do Código Penal.
................................................................................................................................................................... .

Art. 266. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias após sua publicação.
Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão ser promovidas atividades e campanhas
de divulgação e esclarecimentos acerca do disposto nesta Lei.
Lei n 2 8.072, de 25.7.90 920

Art. 267. Revogam-se as Leis n2S 4.513, de 1964, e 6.697, de 10 de outubro de 1979 (Código de
Menores), e as demais disposições em contrário.
Brasília, em 13 de julho de 1990; 169 2 da Independência e 102 2 da República.
FERNANDO COLLOR

(Publicada no DOU de 16.7.90 e retificada no DOU de 27.9.90.)

LEI N2 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990

Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5°,


inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 2. São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei n 2 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 — Código Penal, consumados ou tentados:
I. homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que
cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2 2 , I, II, III, IV e V);
II. latrocínio (art. 157, § 3 2 , in fine);
III. extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2 2 );
IV. extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput e seus §§ 1 2 , 22 e 32);
V. estupro (art. 213, caput e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único);
VI. atentado violento ao pudor (art. 214 e sua combinação com o art. 223, capute parágrafo único);
VII. epidemia com resultado morte (art. 267, § 1 2 ).
VII-A. (vetado).
VII-B. falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou
medicinais (art. 273, capute §1 2 , §1 2 -A e §1 2-B, com a redação dada pela Lei n 2 9.677, de 2 de julho
de 1998).
Parágrafo único. Considera-se hediondo o crime de genocídio previsto nos arts. 1 2 , 2 2 e 32 da Lei
n 2 2.889, de 1 2 de outubro de 1956, tentado ou consumado.
■ Caput, incisos I a VII e2 parágrafo único com redação dada pela Lei n 2 8.930, de 6.9.94. Inciso Vll-B
acrescentado pela Lei n 9.695, de 20.8.98.
Art. 22 . Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o
terrorismo são insuscetíveis de:
I. anistia, graça e indulto;
II. fiança e liberdade provisória.
§ 1 2 . A pena por crime previsto neste artigo será cumprida integralmente em regime fechado.
§ 22 . Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar
em liberdade.
§ 32 . A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei n 2 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos
crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso
de extrema e comprovada necessidade.
Art. 3 2. A União manterá estabelecimentos penais, de segurança máxima, destinados ao cumprimento
de penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja permanência em presídios estaduais
ponha em risco a ordem ou incolumidade pública.
Art. 42 . (Vetado.)
Art. 52 . Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o seguinte inciso:
■ Alteração já constante do texto do Código Penal.
Art. 62. Os arts.157, § 3 2 , 159, caput e seus §§ 1 2 , 22 e 3 2 , 213, 214, 223, caput e seu parágrafo único,
267, caput, e 270, caput, todos do Código Penal, passam a vigorar com a seguinte redação:
■ Alterações já constantes do texto do Código Penal.
Art. 72 . Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o seguinte parágrafo:
■ Alteração já constante do texto do Código Penal.
921 Lei n° 8.078, de 11.9.90

2
Art. 8 . Será de 3 (três) a 6 (seis) anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando
se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou
terrorismo.
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha,
possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços.
2
Art. 9 . As penas fixadas no art. 6 2 para os crimes capitulados nos arts. 157, § 32, 158, § 2 2, 159, caput
e seus §§ 1 2, 22 e 3 2 , 213, caput, e sua combinação com o art. 223, capute parágrafo único, 214 e sua
combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, todos do Código Penal, são acrescidas de
metade, respeitado o limite superior de 30 (trinta) anos de reclusão, estando a vítima em qualquer das
hipóteses referidas no art. 224 também do Código Penal.
Art. 10. 0 art. 35 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976, passa a vigorar acrescido de parágrafo
único, com a seguinte redação:
■ Alteração já constante da referida lei.
................................................................................................................................................................... .

Brasília, em 25 de julho de 1990; 169 2 da Independência e 102 2 da República.


FERNANDO COLLOR
(Publicada no DOU de 26.7.90.)

LEI N 2 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990

Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.


■ Em vigor a partir de 11.3.91.

O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
................................................................................................................................................................... .

Título II
DAS INFRAÇÕES PENAIS
Art. 61. Constituem crimes contra as relações de consumo previstas neste Código, sem prejuízo do
disposto no Código Penal e leis especiais, as condutas tipificadas nos artigos seguintes.
Art. 62. (Vetado.)
Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos, nas
embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
§1 2 . Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante recomendações escritas
ostensivas, sobre a periculosidade do serviço a ser prestado.
§ 2 2 . Se o crime é culposo:
Pena — detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a nocividade ou periculo-
sidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação no mercado:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de retirar do mercado, imediatamente
quando determinado pela autoridade competente, os produtos nocivos ou perigosos, na forma deste
artigo.
Art. 65. Executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação de autoridade
competente:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à lesão
corporal e à morte.
Lei n°8.078, de 11.9.90 922

Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, caracte-
rística, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos
ou serviços:
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
§ 1 2 . Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta.
§ 22. Se o crime é culposo:
Pena — detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva:
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único. (Vetado.)
Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o consumidor
a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. (Vetado.)
Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publicidade:
Pena — detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Art. 70. Empregar, na reparação de produtos, peças ou componentes de reposição usados, sem
autorização do consumidor:
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral,
afirmações falsas, incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o
consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer:
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às informações que sobre ele constem em
cadastros, banco de dados, fichas e registros:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, ou multa.
A rt .73. Deixar de corrigir imediatamente informação sobre o consumidor constante de cadastro, banco
de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata:
Pena — detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequadamente preenchido e com
especificação clara de seu conteúdo:
Pena — detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes referidos neste Código incide nas penas
a esses cominadas na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, administrador ou gerente da
pessoa jurídica que promover, permitir ou por qualquer modo aprovar o fornecimento, oferta, exposição
à venda ou manutenção em depósito de produtos ou a oferta e prestação de serviços nas condições
por ele proibidas.
Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados neste Código:
I. serem cometidos em época de grave crise econõmica ou por ocasião de calamidade;
II. ocasionarem grave dano individual ou coletivo;
III. dissimular-se a natureza ilícita do procedimento;
IV. quando cometidos:
a. por servidor público, ou por pessoa cuja condição econômico-social seja manifestamente
superior à da vítima;
b. em detrimento de operário ou rurícola; de menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta)
anos ou de pessoas portadoras de deficiência mental, interditadas ou não;
V. serem praticados em operações que envolvam alimentos, medicamentos ou quaisquer outros
produtos ou serviços essenciais.
Art. 77. A pena pecuniária prevista nesta Seção será fixada em dias-multa, correspondente ao mínimo
e ao máximo de dias de duração da pena privativa da liberdade cominada ao crime. Na individualiza-
ção desta multa, o juiz observará o disposto no art. 60, § 1 2 , do Código Penal.
Art. 78. Além das penas privativas de liberdade e de multa, podem ser impostas, cumulativa ou
alternadamente, observado o disposto nos arts. 44 a 47 do Código Penal:
923 Lei n 2 8.080, de 19.9.90

I. a interdição temporária de direitos;


II. a publicação em órgãos de comunicação de grande circulação ou audiência, às expensas do
condenado, de notícia sobre os fatos e a condenação;
III. a prestação de serviços à comunidade.
Art. 79. 0 valor da fiança, nas infrações de que trata este Código, será fixado pelo juiz, ou pela
autoridade que presidir o inquérito, entre cem e duzentas mil vezes o valor do Bônus do Tesouro
Nacional — BTN, ou índice equivalente que venha substituí-Io.
Parágrafo único. Se assim recomendar a situação econômica do indiciado ou réu, a fiança poderá
ser:
a. reduzida até a metade de seu valor mínimo;
b. aumentada pelo juiz até vinte vezes.
Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste Código, bem como a outros crimes e
contravenções que envolvam relações de consumo, poderão intervir, como assistentes do Ministério
Público, os legitimados indicados no art. 82, incisos Ill e IV, aos quais também é facultado propor ação
penal subsidiária, se a denúncia não for oferecida no prazo legal.

Título III
DA DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO

Capítulo I
DISPOSIÇÕES GERAIS
................................................................................................................................................................... .
Art. 82. Para fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:

................................................................................................................................................................... .
III. as entidades e órgãos da administração pública, direta ou indireta, ainda que sem personali-
dade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este
Código;
IV. as associações legalmente constituídas há pelo menos 1 (um) ano e que incluam entre seus
fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este Código, dispensada a
autorização assemblear.
................................................................................................................................................................... .
Brasília, em 11 de setembro de 1990; 1692 da Independência e 102 2 da República.
FERNANDO COLLOR

(Publicada no DOU de 12.9.90.)

LEI N2 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990

Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação


da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes,
e dá outras providências.

O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
....................................................................................................................................................................
Lei n° 8.137, de 27.12.90 924

Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui crime de emprego irregular de verbas ou
rendas públicas (Código Penal, art. 315) a utilização de recursos financeiros do Sistema Único de
Saúde — SUS em finalidades diversas das previstas nesta Lei.
....................................................................................................................................................................

Art. 55. São revogadas a Lei n° 2.312, de 3 de setembro de 1954, a Lei n° 6.229, de 17 de julho de
1975, e demais disposições em contrário.
Brasília, em 19 de setembro de 1990; 169° da Independência e 102° da República.
FERNANDO COLLOR

(Publicada no DOU de 20.9.90.)

LEI N 2 8.137, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1990 *

Define crimes contra a ordem tributária, econômica e contra


as relações de consumo, e dá outras providências.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Capítulo I
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTARIA

Seção I
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULARES
Art. 1 4. Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e
qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
I. omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
II. fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer
natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
III. falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento
relativo à operação tributável;
IV. elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou
inexato;
V. negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa
a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo
com a legislação:
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que
poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da
dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V.
Art. 2°. Constitui crime da mesma natureza:
I. fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra
fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;
II. deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou
cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos;
III. exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer porcentagem
sobre a parcela dedutível ou deduzida do imposto ou de contribuição como incentivo fiscal;
IV. deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de
impostos liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento;

" Sobre parcelamento do débito tributário, suspensão do processo e extinção da punibilidade dos crimes
previstos nos arts. 1° e 2° da Lei n° 8.137/90, vide Lei n° 10.684, de 30.5.2003 (Anexo VII).
925 Lei n° 8.137, de 27.12.90

V. utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da


obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda
Pública:
Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Seção II
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
Art. 3 9 . Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos nc Decreto-Lei n 2 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 — Código Penal (Título XI, Capítulo I):
I. extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão
da função; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato
de tributo ou contribuição social;
II. exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa
de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcial-
mente:
Pena — reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa;
III. patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária,
valendo-se da qualidade de funcionário público:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Capítulo II
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM ECONOMICA
E AS RELAÇÕES DE CONSUMO
Art. 4 4 . Constitui crime contra a ordem econômica:
■ Vide, sobre o acordo de Ieniência, a Lei n° 10.149, de 21. 12.00 (Anexo IV).
I. abusar do poder econômico, dominando o mercado ou eliminando, total ou parcialmente, a
concorrência mediante:
a. ajuste ou acordo de empresas;
b. aquisição de acervos de empresas ou cotas, ações, títulos ou direitos;
c. coalizão, incorporação, fusão ou integração de empresas;
d. concentração de ações, títulos, cotas, ou direitos em poder de empresa, empresas coligadas
ou controladas, ou pessoas físicas;
e. cessação parcial ou total das atividades da empresa;
I. impedimento a constituição, funcionamento ou desenvolvimento de empresa concorrente;
II. formar acordo, convénio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando:
a. à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produzidas;
b. ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de empresas;
a ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de fornecedores;
III. discriminar preços de bens ou de prestação de serviços por ajustes ou acordo de grupo
econômico, com o fim de estabelecer monopólio, ou de eliminar, total ou parcialmente, a concorrência;
IV. açambarcar, sonegar, destruir ou inutilizar bens de produção ou de consumo, com o fim de
estabelecer monopólio ou de eliminar, total ou parcialmente, a concorrência;
V. provocar oscilação de preços em detrimento de empresa concorrente ou vendedor de maté-
ri a-prima, mediante ajuste ou acordo, ou por outro meio fraudulento;
VI. vender mercadorias abaixo do preço de custo, com o fim de impedir a concorrência;
VII. elevar sem justa causa o preço de bem ou serviço, valendo-se de posição dominante no
mercado:
■ Inciso VII com redação dada pela Lei n° 8.884, de 11.6.94.
Pena — reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.
Lei n° 8.137, de 27.12.90 926

Art. 52. Constitui crime da mesma natureza:


I. exigir exclusividade de propaganda, transmissão ou difusão de publicidade, em detrimento de
concorrência;
II. subordinar a venda de bem ou a utilização de serviço à aquisição de outro bem, ou ao uso de
determinado serviço;
III. sujeitar a venda de bem ou a utilização de serviço à aquisição de quantidade arbitrariamente
determinada;
IV. recusar-se, sem justa causa, o diretor, administrador, ou gerente de empresa a prestar à
autoridade competente ou prestá-la de modo inexato, informação sobre o custo de produção ou preço
de venda:
Pena — detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que
poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da
dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso IV.
Art. W. Constitui crime da mesma natureza:
I. vender ou oferecer à venda mercadoria, ou contratar ou oferecer serviço, por preço superior
ao oficialmente tabelado, ao fixado por órgão ou entidade governamental, e ao estabelecido em regime
legal de controle;
II. aplicar fórmula de reajustamento de preços ou indexação de contrato proibida, ou diversa
daquela que for legalmente estabelecida, ou fixada por autoridade competente;
III. exigir, cobrar ou receber qualquer vantagem ou importância adicional de preço tabelado,
congelado, administrado, fixado ou controlado pelo Poder Público, inclusive, por meio da adoção ou
de aumento de taxa ou outro percentual, incidente sobre qualquer contratação:
Pena — detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, ou multa.
Art. 72. Constitui crime contra as relações de consumo:
I. favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou freguês, ressalvados os sistemas de
entrega ao consumo por intermédio de distribuidores ou revendedores;
II. vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, especificação, peso ou composi-
ção esteja em desacordo com as prescrições legais, ou que não corresponda à respectiva classifica-
ção oficial;
III. misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, para vendê-los ou expô-los à venda
como puros; misturar gêneros e mercadorias de qualidades desiguais para vendê-los ou expô-los à
venda por preço estabelecido para os de mais alto custo;
IV. fraudar preços por meio de:
a. alteração, sem modificação essencial ou de qualidade, de elementos tais como denominação,
sinal externo, marca, embalagem, especificação técnica, descrição, volume, peso, pintura ou
acabamento de bem ou serviço;
tx divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente oferecido à venda em conjunto;
c junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à venda em separado;
d. aviso de inclusão de insumo não empregado na produção do bem ou na prestação dos serviços;
V. elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens ou serviços, mediante a exigência de
comissão ou de taxa de juros ilegais;
VI. sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-los a quem pretenda comprá-los nas condi-
ções publicamente ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação;
VII. induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou afirmação falsa ou enganosa
sobre a natureza, qualidade de bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a veiculação
ou divulgacão publicitária;
VIII. destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou mercadoria, com o fim de provocar alta de
preço, em proveito próprio ou de terceiros;
IX. vender, ter em depósito para vender ou expor a venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-
prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo:
Pena — detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, Ill e IX pune-se a modalidade culposa, reduzindo-se
a pena de detenção de um terço ou a de multa à quinta parte.
927 Lei n 2 8.137, de 27.12.90

Capítulo III
DAS MULTAS
Art. 82 . Nos crimes definidos nos arts.1 2 a 3° desta Lei, a pena de multa será fixada entre 10 (dez) e
360 (trezentos e sessenta) dias-multa, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime.
Parágrafo único. 0 dia-multa será fixado pelo juiz em valor não inferior a 14 (quatorze) nem superior
a 200 (duzentos) BTN — Bônus do Tesouro Nacional.
Art. 92. A pena de detenção ou reclusão poderá ser convertida em multa de valor equivalente a:
I. 200.000 (duzentos mil) até 5.000.000 (cinco milhões) de BTN, nos crimes definidos no art. 4 2 ;
II. 5.000 (cinco mil) até 200.000 (duzentos mil) BTN, nos crimes definidos nos arts. 5 2 e 62 ;
III. 50.000 (cinqüenta mil) até 1.000.000 (um milhão) de BTN, nos crimes definidos no art. 7 2 .
Art. 10. Caso o juiz, considerado o ganho ilícito e a situação econômica do réu, verifique a insuficiência
ou excessiva onerosidade das penas pecuniárias previstas nesta Lei, poderá diminuí-Ias até a décima
parte ou elevá-las ao décuplo.

Capítulo IV
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 11. Quem, de qualquer modo, inclusive por meio de pessoa jurídica, concorre para os crimes
definidos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida de sua culpabilidade.
Parágrafo único. Quando a venda ao consumidor for efetuada por sistema de entrega ao consumo
ou por intermédio de distribuidor ou revendedor, seja em regime de concessão comercial ou outro em
que o preço ao consumidor é estabelecido ou sugerido pelo fabricante ou concedente, o ato por este
praticado não alcança o distribuidor ou revendedor.
Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de um terço até a metade as penas previstas nos arts.
1 2 , 22 e 4 2 a 7 2 :
I. ocasionar grave dano à coletividade;
II. ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas funções;
III. ser o crime praticado em relação à prestação de serviços ou ao comércio de bens essenciais
à vida ou à saúde.
Art. 13. (Vetado.)
Art. 14. (Revogado pelo art. 98 da Lei n° 8.383, de 30.12.91.)
■ A extinção da punibilidade pela promoção do pagamento antes do recebimento da denúncia,
prevista no revogado art. 98, voltou a ser estatuída pelo art. 34 da Lei n- 9.249/95.
Art. 15. Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública, aplicando-se-lhes o disposto no art.
100 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 — Código Penal.
Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do Ministério Público nos crimes descritos nesta
Lei, fornecendo-lhe por escrito informações sobre o fato e a autoria, bem como indicando o tempo, o
lugar e os elementos de convicção.
Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor
ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama
delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços.
■ Parágrafo único acrescentado pela Lei n° 9.080, de 19.7.95.
Art. 17. Compete ao Departamento Nacional de Abastecimento e Preços, quando e se necessário,
providenciar a desapropriação de estoques, a fim de evitar crise no mercado ou colapso no abasteci-
mento.
Art. 18. (Revogado pela Lei n°8.176, de 8.2.91.)
Art. 19. 0 caput do art.172 do Decreto-Lei n 2 2.848, de 7 de dezembro de 1940 — Código Penal, passa
a ter a seguinte redação:
Lei n2 8.176, de 8.2.91 928

■ Alteração já constante do texto do Código Penal.


Art. 20.0 § 1 2 do art. 316 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 — Código Penal, passa
a ter a seguinte redação:
■ Alteração já constante do texto do Código Penal.
Art. 21. 0 art. 318 do Decreto-Lei n 2 2.848, de 7 de dezembro de 1940 — Código Penal, quanto à
fixação da pena, passa a ter a seguinte redação:
■ Alteração já constante do texto do Código Penal.
Art. 22. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 23. Revogam-se as disposições em Contrário e, em especial, o art. 279 do Decreto-Lei n° 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 — Código Penal.
Brasília, em 27 de dezembro de 1990; 169 2 da Independência e 102 2 da República.
FERNANDO COLLOR

(Publicada no DOU de 28.12.90.)

LEI N9 8.176, DE 8 DE FEVEREIRO DE 1991

Define crimes contra a ordem económica e cria o


Sistema de Estoques de Combustíveis.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 2 . Constitui crime contra a ordem econômica:
I. adquirir, distribuir e revender derivados de petróleo, gás natural e suas frações recuperáveis,
álcool etílico hidratado carburante e demais combustíveis líquidos carburantes, em desacordo com as
normas estabelecidas na forma da lei;
II. usar gás liquefeito de petróleo em motores de qualquer espécie, saunas, caldeiras e aqueci-
mento de piscinas, ou para fins automotivos, em desacordo com as normas estabelecidas na forma
da lei:
Pena — detenção, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.
Art. 2°. Constitui crime contra o patrimônio, na modalidade de usurpação, produzir bens ou explorar
matéria-prima pertencentes à União, sem autorização legal ou em desacordo com as obrigações
impostas pelo título autorizativo:
Pena — detenção, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1 2 . Incorre na mesma pena aquele que, sem autorização legal, adquirir, transportar, industrializar,
tiver consigo, consumir ou comercializar produtos ou matéria-prima, obtidos na forma prevista no caput
deste artigo.
§ 22 . No crime definido neste artigo, a pena de multa será fixada entre 10 (dez) e 360 (trezentos e
sessenta) dias-multa, conforme seja necessário e suficiente para a reprovação e a prevenção do crime.
§ 32 . O dia-multa será fixado pelo juiz em valor não inferior a 14 (quatorze) nem superior a 200
(duzentos) BTN — Bônus do Tesouro Nacional.
Art. 3 2. (Vetado.)
Art. 4°. Fica instituído o Sistema Nacional de Estoques de Combustíveis.
§ 1 2 . O Poder Executivo encaminhará ao Congresso Nacional, dentro de cada exercício financeiro,
o Plano Anual de Estoques Estratégicos de Combustíveis para o exercício seguinte, do qual constarão
as fontes de recursos financeiros necessários à sua manutenção.
§ 22 . O Poder Executivo estabelecerá, no prazo de 60 (sessenta) dias, as normas que regulamen-
tarão o Sistema Nacional de Estoques de Combustíveis e o Plano Anual de Estoques Estratégicos de
Combustíveis.
Art. 52 . Esta Lei entra em vigor 5 (cinco) dias após a sua publicação.
929 Lei n 2 8.213, de 24.7.91

9
Art. 6 . Revogam-se as disposições em contrário, em especial o art.18 da Lei n 2 8.137, de 27 de
dezembro de 1990, restaurando-se a numeração dos artigos do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 — Código Penal brasileiro, alterado por aquele dispositivo.
Brasília, em 8 de fevereiro de 1991; 170 2 da Independência e 103 2 da República.
FERNANDO COLLOR

(Publicada no DOU de 13.2.91.)

LEI N 2 8.213, DE 24 DE JULHO DE 1991

Dispõe sobre os Planos de Benefícios


da Previdência Social e dá outras providências.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

....................................................................................................................................................................

Art. 19. Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo
exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho.
§ 1 2 . A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de proteção
e segurança da saúde do trabalhador.
§ 22 . Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as normas de
segurança e higiene do trabalho.
§ 3 2 . É dever da empresa prestar informações pormenorizadas sobre os riscos da operação a
executar e do produto a manipular.
§ 42 . O Ministério do Trabalho e da Previdência Social fiscalizará e os sindicatos e entidades
representativas de classe acompanharão o fiel cumprimento do disposto nos parágrafos anteriores,
conforme dispuser o Regulamento.
....................................................................................................................................................................

Art. 155. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Art. 156. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 24 de julho de 1991;1702 da Independência e 103 2 da República.
FERNANDO COLLOR
Antônio Magri
(Publicada no DOU de 25.7.91.)

LEI N° 8.245, DE 18 DE OUTUBRO DE 1991

Dispõe sobre as locações de imóveis urbanos


e os procedimentos a elas pertinentes.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

....................................................................................................................................................................
Lei n2 8.245, de 18.10.91 930

Título
DA LOCAÇÃO

Capítulo I
DISPOSIÇÕES GERAIS
................................................................................................................................................................... .

Seção VIII
DAS PENALIDADES CRIMINAIS E CIVIS

Art. 43. Constitui contravenção penal, punível com prisão simples de 5 (cinco) dias a 6 (seis) meses
ou multa de 3 (três) a 12 (doze) meses do valor do último aluguel atualizado, revertida em favor do
locatário:
I. exigir, por motivo de locação ou sublocação, quantia ou valor além do aluguel e encargos
permitidos;
II. exigir, por motivo de locação ou sublocação, mais de uma modalidade de garantia num mesmo
contrato de locação;
III. cobrar antecipadamente o aluguel, salvo a hipótese do art. 42 e da locação para temporada.
Art. 44. Constitui crime de ação pública, punível com detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano, que
poderá ser substituída pela prestação de serviços à comunidade:
I. recusar-se o locador ou sublocador, nas habitações coletivas multifamiliares, a fornecer recibo
discriminado do aluguel e encargos;
II. deixar o retomante, dentro de 180 (cento e oitenta) dias após a entrega do imóvel, no caso do
inciso Ill do art. 47, de usá-lo para o fim declarado ou, usando-o, não o fizer pelo prazo mínimo de 1
(um) ano;
III. não iniciar o proprietário, promissário comprador ou promissário cessionário, nos casos do
inciso IV do art. 9 2 , inciso IV do art. 47, inciso I do art. 52 e inciso II do art. 53, a demolição ou a reparação
do imóvel, dentro de 60 (sessenta) dias contados de sua entrega;
IV. executar o despejo com inobservância do disposto no § 2 2 do art. 65.
Parágrafo único. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas neste artigo, poderá o prejudicado
reclamar, em processo próprio, multa equivalente a um mínimo de 12 (doze) e um máximo de 24 (vinte
e quatro) meses do valor do último aluguel atualizado ou do que esteja sendo cobrado do novo
locatário, se realugado o imóvel.

................................................................................................................................................................... .

Art. 89. Esta Lei entrará em vigor 60 (sessenta) dias após a sua publicação.
Art. 90. Revogam-se as disposições em contrário, especialmente:
I. o Decreto n2 24.150, de 20 de abril de 1934;
II. a Lei n2 6.239, de 19 de setembro de 1975;
III. a Lei n2 6.649, de 16 de maio de 1979;
IV. a Lei n2 6.698, de 15 de outubro de 1979;
V. a Lei n2 7.355, de 31 de agosto de 1985;
VI. a Lei n2 7.538, de 24 de setembro de 1986;
VII. a Lei n2 7.612, de 9 de julho de 1987; e
VIII. a Lei n2 8.157, de 3 de janeiro de 1991.
Brasília, em 18 de outubro de 1991; 1702 da Independência e 103 2 da República.
FERNANDO COLLOR
Jarbas Passarinho

(Publicada no DOU de 21.10.91.)


931 Lei n2 8.313, de 23.12.91

LEI N 9 8.313, DE 23 DE DEZEMBRO DE 1991

Restabelece princípios da Lei n° 7.505, de 2 de julho de 1986,


institui o Programa Nacional de Apoio a Cultura — PRONAC
e dá outras providências.
■ Regulamentada pelo Decreto n° 455, de 26.2.92.

O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

................................................................................................................................................................... .

Art. 38. Na hipótese de dolo, fraude ou simulação, inclusive no caso de desvio de objeto, será aplicada,
ao doador e ao beneficiário, a multa correspondente a duas vezes o valor da vantagem recebida
indevidamente.
Art. 39. Constitui crime, punível com a reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) meses e multa de 20% (vinte por
cento) do valor do projeto, qualquer discriminação de natureza política que atente contra a liberdade
de expressão, de atividade intelectual e artística, de consciência ou crença, no andamento dos projetos
a que se refere esta Lei.
Art. 40. Constitui crime, punível com reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) meses e multa de 20% (vinte por
cento) do valor do projeto, obter redução do imposto de renda utilizando-se fraudulentamente de
qualquer benefício desta Lei.
§ 1 2 . No caso de pessoa jurídica respondem pelo crime o acionista controlador e os administradores
que para ele tenham concorrido.
§ 22 . Na mesma pena incorre aquele que, recebendo recursos, bens ou valores em função desta
Lei, deixe de promover, sem justa causa, atividade cultural objeto do incentivo.

................................................................................................................................................................... .

Art. 42. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Art. 43. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 23 de dezembro de 1991; 1702 da Independência e 103 2 da República.
FERNANDO COLLOR

(Publicada no DOU de 24.12.91.)

LEI N 2 8.383, DE 30 DE DEZEMBRO DE 1991

Institui a Unidade Fiscal de Referência, altera a legislação


do imposto de renda, e dá outras providências.

O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

....................................................................................................................................................................

Art.64. Responderão como co-autores de crime de falsidade o gerente e o administrador de instituição


financeira ou assemelhadas que concorrerem para que seja aberta conta ou movimentados recursos
sob nome:
I. falso;
II. de pessoa física ou de pessoa jurídica inexistente;
III. de pessoa jurídica liquidada de fato ou sem representação regular.
Lei n° 8.429, de 2.6.92 932

Parágrafo único. É facultado às instituições financeiras e às assemelhadas solicitar ao Departamento


da Receita Federal a confirmação do número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no
Cadastro Geral de Contribuintes.

................................................................................................................................................................... .

Art. 97. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação e produzirá efeitos a partir de 1 2 de janeiro
de 1992.
Art. 98. Revogam-se o art. 44 da Lei n° 4.131, de 3 de setembro de 1962, os §§ 1 2 e 22 do art. 11 da
Lei n2 4.357, de 16 de julho de 1964, o art. 2 2 da Lei n 2 4.729, de 14 de julho de 1965, o art. 5 2 do
Decreto-Lei n 2 1.060, de 21 de outubro de 1969, os arts. 13 e 14 da Lei n 2 7.713, de 1988, os incisos
Ill e IV e os §§ 1 2 e 22 do art. 7 2 e o art. 10 da Lei n 2 8.023, de 1990, o inciso Ill e parágrafo único do
art. 11 da Lei n2 8.134, de 27 de dezembro de 1990, e o art. 14 da Lei n° 8.137, de 27 de dezembro de
1990.

FERNANDO COLLOR

(Publicada no DOU de 31.12.91.)

LEI N2 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992

Dispõe sobre sanções aplicáveis aos agentes públicos nos


casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato,
cargo, emprego ou função na administração pública direta,
indireta ou fundacional e dá outras providências.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
................................................................................................................................................................... .

Capítulo VI
DAS DISPOSIÇÕES PENAIS
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou terceiro
beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente:
■ Se o ato de improbidade constituir crime, vide nota Confronto ao art. 339 do CP.
Pena - detenção, de 6 (seis) a 10 (dez) meses e multa.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o denunciado pelos
danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado.
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito
em julgado da sentença condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o afasta-
mento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração,
quando a medida se fizer necessária à instrução processual.
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta Lei independe:
I. da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público;
II. da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou
Conselho de Contas.
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Ministério Público, de ofício, a requerimento
de autoridade administrativa ou mediante representação formulada de acordo com o disposto no art.
14, poderá requisitar a instauração de inquérito policial ou procedimento administrativo.
933 Lei n°8.666, de 21.6.93

Capítulo VII
DA PRESCRIÇÃO

Art. 23. As ações destinadas a levar a efeito as sanções previstas nesta Lei podem ser propostas:
I. até 5 (cinco) anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função
de confiança;
II. dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com
demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.

Capítulo VIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 24. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Art. 25. Ficam revogadas as Leis n 2s 3.164, de 1.6.57, e 3.502, de 21.12.58, e demais disposições em
contrário.
Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171 2 da Independência e 104 2 da República.
FERNANDO COLLOR
Celio Borja
(Publicada no DOU de 3.6.92.)

LEI N2 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993

Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,


institui normas para licitações e contratos da
Administração Pública e dá outras providências.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
....................................................................................................................................................................

Capítulo IV
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DA TUTELA JUDICIAL

Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
................................................................................................................................................................... .
Art. 82. Os agentes administrativos que praticarem atos em desacordo com os preceitos desta Lei ou
visando a frustrar os objetivos da licitação sujeitam-se às sanções previstas nesta Lei e nos regula-
mentos próprios, sem prejuízo das responsabilidades civil e criminal que seu ato ensejar.
Art. 83. Os crimes definidos nesta Lei, ainda que simplesmente tentados, sujeitam os seus autores,
quando servidores públicos, além das sanções penais, à perda do cargo, emprego, função ou mandato
eletivo.
Art. 84. Considera-se servidor público, para os fins desta Lei, aquele que exerce, mesmo que
transitoriamente ou sem remuneração, cargo, função ou emprego público.
§ 1 2 . Equipara-se a servidor público, para os fins desta Lei, quem exerce cargo, emprego ou função
em entidade paraestatal, assim consideradas, além das fundações, empresas públicas e sociedades
de economia mista, as demais entidades sob controle, direto ou indireto, do Poder Público.
§ 22 . A pena imposta será acrescida da terça parte, quando os autores dos crimes previstos nesta
Lei forem ocupantes de cargo em comissão ou de função de confiança em órgão da Administração
Lei n° 8.666, de 21.6.93 934

direta, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista, fundação pública, ou outra entidade
controlada direta ou indiretamente pelo Poder Público.
Art. 85. As infrações penais previstas nesta Lei pertinem às licitações e aos contratos celebrados pela
União, Estados, Distrito Federal, Municípios, e respectivas autarquias, empresas públicas, sociedades
de economia mista, fundações públicas, e quaisquer outras entidades sob seu controle direto ou
indireto.

................................................................................................................................................................... .

Seção III
DOS CRIMES E DAS PENAS

Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as
formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade:
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente concorrido para a
consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato
com o Poder Público.
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter
competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem
decorrente da adjudicação do objeto da licitação:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração, dando causa
à instauração de licitação ou à celebração de contrato, cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder
Judiciário:
Pena- detenção de 6 (deis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorrogação
contratual, em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos celebrados com o Poder
Público, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos
contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade, observa-
do o disposto no art. 121 desta Lei:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
■ Caput com redação determinada pela Lei n° 8.883, de 8.6.94.
Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado que, tendo comprovadamente concorrido
para a consumação da ilegalidade, obtém vantagem indevida ou se beneficia, injustamente. das
modificações ou prorrogações contratuais.
Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedimento licitatório, ou proporcionar a
terceiro o ensejo de devassá-lo:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.
Art. 95. Afastar ou procurar afastar licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou ofereci-
mento de vantagem de qualquer tipo:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém ou desiste de licitar, em razão da
vantagem oferecida.
Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação instaurada para aquisição ou venda de
bens ou mercadorias, ou contrato dela decorrente:
I. elevando arbitrariamente os preços;
II. vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada;
III. entregando uma mercadoria por outra;
IV. alterando substância, qualidade ou quantidade da mercadoria fornecida;
V. tornando, por qualquer modo, injustamente, mais onerosa a proposta ou a execução do
contrato:
Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
2
935 Lei n 8.685, de 20.7.93

Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com empresa ou profissional declarado inidôneo:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que, declarado inidôneo, venha a licitar ou a contratar
com a Administração.
Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a inscrição de qualquer interessado nos registros
cadastrais ou promover indevidamente a alteração, suspensão ou cancelamento de registro do inscrito:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 desta Lei consiste no pagamento de quantia fixada
na sentença e calculada em índices percentuais, cuja base corresponderá ao valor da vantagem
efetivamente obtida ou potencialmente auferível pelo agente.
§ 1 2. Os índices a que se refere este artigo não poderão ser inferiores a 2% (dois por cento), nem
superiores a 5% (cinco por cento) do valor do contrato licitado ou celebrado com dispensa ou
inexigibilidade de licitação.
§ 22 . 0 produto da arrecadação da multa reverterá, conforme o caso, à Fazenda Federal, Distrital,
Estadual ou Municipal.

................................................................................................................................................................... .

Art. 125. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Art. 126. Revogam-se as disposições em contrário, especialmente os Decretos-Leis n 2 s 2.300, de 21
de novembro de 1986, 2.348, de 24 de julho de 1987, 2.360, de 16 de setembro de 1987, a Lei n2 8.220,
2
de 4 de setembro de 1991, e o art. 83 da Lei n 5.194, de 24 de dezembro de 1966.
Brasília, 21 de junho de 1993; 1722 da Independência e 105 2 da República.
ITAMAR FRANCO

(Publicada no DOU de 22.6.93.)

LEI N° 8.685, DE 20 DE JULHO DE 1993

Cria mecanismos de fomento à atividade


audiovisual e dá outras providências.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

................................................................................................................................................................... .

Art. 10. Sem prejuízo das sanções de natureza administrativa ou fiscal, constitui crime obter reduções
de impostos, utilizando-se fraudulentamente de qualquer benefício desta Lei, punível com a pena de
reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) meses e multa de 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor da redução.
§ 1 2. No caso de pessoa jurídica, respondem pelo crime o acionista ou o quotista controlador e os
administradores que para ele tenham concorrido, ou que dele se tenham beneficiado.
§ 22. Na mesma pena incorre aquele que, recebendo recursos em função desta Lei, deixe de
promover, sem justa causa, a atividade objeto do incentivo.
................................................................................................................................................................... .

Art. 14. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Art. 15. Fica revogado o art. 45 da Lei n2 4.131, de 3 de setembro de 1962.
Brasília, 20 de julho de 1993; 172 2 da Independência e 105 2 da República.
ITAMAR FRANCO

(Publicada no DOU de 21.7.93.)


Lei n- 8.884, de 11.6.94 936

LEI N2 8.884, DE 11 DE JUNHO DE 1994

Transforma o Conselho Administrativo de Defesa Econômica —


CADE em autarquia, dispõe sobre a prevenção e a repressão
ás infrações contra a ordem econômica, e dá outras providências.
0 Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
....................................................................................................................................................................
Art. 35-B. A União, por intermédio da SDE, poderá celebrar acordo de leniência, com a extinção
da ação punitiva da administração pública ou a redução de um a dois terços da penalidade aplicável,
nos termos deste artigo, com pessoas físicas e jurídicas que forem autoras de infração à ordem
econômica, desde que colaborem efetivamente com as investigações e o processo administrativo e
que dessa colaboração resulte:
I. a identificação dos demais co-autores da infração; e
II. a obtenção de informações e documentos que comprovem a infração noticiada ou sob
investigação.
§ 1°. O disposto neste artigo não se aplica às empresas ou pessoas físicas que tenham estado à
frente da conduta tida como infracionária.
§ 2°. O acordo de que trata o caput deste artigo somente poderá ser celebrado se preenchidos,
cumulativamente, os seguintes requisitos:
I. a empresa ou pessoa física seja a primeira a se qualificar com respeito à infração notificada
ou sob investigação;
II. a empresa ou pessoa física cesse completamente seu envolvimento na infração noticiada ou
sob investigação a partir da data de propositura do acordo;
III. a SDE não disponha de provas suficientes para assegurar a condenação da empresa ou
pessoa física quando da propositura do acordo; e
IV. a empresa ou pessoa física confesse sua participação no ilícito e coopere plena e permanen-
temente com as investigações e o processo administrativo, comparecendo, sob suas expensas,
sempre que solicitada, a todos os atos processuais, até seu encerramento.
§ 3°. O acordo de leniência firmado com a União, por intermédio da SDE, estipulará as condições
necessárias para assegurar a efetividade da colaboração e o resultado útil do processo.
§ 49 . A celebração de acordo de leniência não se sujeita à aprovação do CADE, competindo-lhe,
no entanto, quando do julgamento do processo administrativo, verificado o cumprimento do acordo:
I. decretar a extinção da ação punitiva da administração pública em favor do infrator, nas
hipóteses em que a proposta de acordo tiver sido apresentada à SDE sem que essa tivesse
conhecimento prévio da infração noticiada; ou
II. nas demais hipóteses, reduzir de um a dois terços as penas aplicáveis, observado o disposto
no art. 27 desta Lei, devendo ainda considerar na gradação da pena a efetividade da colaboração
prestada e a boa-fé do infrator no cumprimento do acordo de leniência.
§ 5°. Na hipótese do inciso II do parágrafo anterior, a pena sobre a qual incidirá o fator redutor não
será superior à menor das penas aplicadas aos demais co-autores da infração, relativamente aos
percentuais fixados para a aplicação das multas de que trata o art. 23 desta Lei.
§ 6°. Serão estendidos os efeitos do acordo de leniência aos dirigentes e administradores da
empresa habilitada, envolvidos na infração, desde que firmem o respectivo instrumento em conjunto
com a empresa, respeitadas as condições impostas nos incisos II a IV do § 2° deste artigo.
§ 7°. A empresa ou pessoa física que não obtiver, no curso de investigação ou processo adminis-
trativo, habilitação para a celebração do acordo de que trata este artigo, poderá celebrar com a SDE,
até a remessa do processo para julgamento, acordo de leniência relacionado a uma outra infração, da
qual não tenha qualquer conhecimento prévio a Secretaria.
§ 8°. Na hipótese do parágrafo anterior, o infrator se beneficiará da redução de um terço da pena
que lhe for aplicável naquele processo, sem prejuízo da obtenção dos benefícios de que trata o inciso I
do § deste artigo em relação à nova infração denunciada.
§ 9°. Considera-se sigilosa a proposta de acordo de que trata este artigo, salvo no interesse das
investigações e do processo administrativo.
937 Lei n° 8.906, de 4.7.94

§ 10. Não importará em confissão quanto à matéria de fato, nem reconhecimento de ilicitude da
conduta analisada, a proposta de acordo de leniência rejeitada pelo secretário da SDE, da qual não
se fará qualquer divulgação.
§ 11. A aplicação do disposto neste artigo observará a regulamentação a ser editada pelo Ministro
de Estado da Justiça.
Art. 35-C. Nos crimes contra a ordem econômica, tipificados na Lei n° 8.137, de 27 de novembro
de 1990, a celebração de acordo de leniência, nos termos desta Lei, determina a suspensão do curso
do prazo prescricional e impede o oferecimento da denúncia.
Parágrafo único. Cumprido o acordo de leniência pelo agente, extingue-se automaticamente a
punibilidade dos crimes a que se refere o caput deste artigo.
■ Arts. 35-B e 35-C acrescentados pela Lei n° 10.149, de 21.12.00.
................................................................................................................................................................... .
Art. 78. Todo aquele que se opuser ou obstaculizar a intervenção ou, cessada esta, praticar quaisquer
atos que direta ou indiretamente anulem seus efeitos, no todo ou em parte, ou desobedecer a ordens
legais do interventor será, conforme o caso, responsabilizado criminalmente por resistência, desobe-
diência ou coação no curso do processo, na forma dos arts. 329, 330 e 344 do Código Penal.

................................................................................................................................................................... .
n°S
Art. 92. Revogam-se as disposições em contrário, assim como as Leis 4.137, de 10 de setembro
de 1962, 8.158, de 8 de janeiro de 1991, e 8.002, de 14 de março de 1990, mantido o disposto no art.
Q
36 da Lei n 8.880, de 27 de maio de 1994.
Art. 93. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 11 de junho de 1994; 173 9- da Independência e 106 9 da República.
ITAMAR FRANCO
Alexandre de Paula Dupeyrat Martins

(Publicada no DOU de 13.6.94.)

LEI N2 8.906, DE 4 DE JULHO DE 1994

Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a


Ordem dos Advogados do Brasil - OAB.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

................................................................................................................................................................... .

Art. 72. São direitos do advogado:

....................................................................................................................................................................

§ 29-. O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato
puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem
prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer.

................................................................................................................................................................... .

Art. 86. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Art. 87. Revogam-se as disposições em contrário, especialmente a Lei n°4.215, de 27 de abril de 1963,
a Lei n° 5.390, de 23 de fevereiro de 1968, o Decreto-Lei n° 505, de 18 de março de 1969, a Lei n 2
5.681, de 20 de julho de 1971, a Lei n° 5.842, de 6 de dezembro de 1972, a Lei n° 5.960, de 10 de
Lei n° 8.929, de 22.8.94 938

dezembro de 1973, a Lei n° 6.743, de 5 de dezembro de 1979, a Lei n° 6.884, de 9 de dezembro de


1980, a Lei n° 6.994, de 26 de maio de 1982, mantidos os efeitos da Lei n° 7.346, de 22 de julho de
1985.
Brasília, 4 de julho de 1994; 173° da Independência e 106° da República.
ITAMAR FRANCO
Alexandre de Paula Dupeyrat Martins
(Publicada no DOU de 5.7.94.)

LEI N2 8.929, DE 22 DE AGOSTO DE 1994

Institui a Cédula de Produto Rural, e dá outras providências.


O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1`. Fica instituída a Cédula de Produto Rural - CPR, representativa de promessa de entrega de
produtos rurais, com ou sem garantia cedularmente constituída.

................................................................................................................................................................... .

Art. 16. A busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente, promovida pelo credor, não elide
posterior execução, inclusive da hipoteca e do penhor constituído na mesma cédula, para satisfação
do crédito remanescente.
Parágrafo único. No caso a que se refere o presente artigo, o credor tem direito ao desentranha-
mento do título, após efetuada a busca e apreensão, para instruir a cobrança do saldo devedor em
ação própria.
Art. 17. Pratica crime de estelionato aquele que fizer declarações falsas ou inexatas acerca de bens
oferecidos em garantia da CPR, inclusive omitir declaração de já estarem eles sujeitos a outros ônus
ou responsabilidade de qualquer espécie, até mesmo de natureza fiscal.
Art. 18. Os bens vinculados à CPR não serão penhorados ou seqüestrados por outras dívidas do
emitente ou do terceiro prestador da garantia real, cumprindo a qualquer deles denunciar a existência
da cédula às autoridades incumbidas da diligência, ou a quem a determinou, sob pena de responde-
rem pelos prejuízos resultantes de sua omissão.

................................................................................................................................................................... .

Art. 20. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Brasília, 22 de agosto de 1994; 173° da Independência e 106° da República.
ITAMAR FRANCO

(Publicada no DOU de 23.8.94.)

LEI N° 8.974, DE 5 DE JANEIRO DE 1995

Regulamenta os incisos II e V do § 1 g do art. 225 da Constituição Federal,


estabelece normas para o uso das técnicas de engenharia genética e
liberação no meio ambiente de organismos geneticamente modificados,
autoriza o Poder Executivo a criar, no âmbito da Presidência da República,
a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, e dá outras providências.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

................................................................................................................................................................... .
939 Lei n° 8.974, de 5.1.95

Art. 3°. Para efeitos desta Lei, define-se:


I. organismo – toda entidade biológica capaz de reproduzir e/ou de transferir material genético,
incluindo vírus, príons e outras classes que venham a ser conhecidas;
II. ácido desoxirribonucléico (ADN), ácido ribonucléico (ARN) – material genético que contém
informações determinantes dos caracteres hereditários transmissíveis à descendência;
III. moléculas de ADN/ARN recombinante – aquelas manipuladas fora das células vivas, mediante
a modificação de segmentos de ADN/ARN natural ou sintético que possam multiplicar-se em uma célula
viva, ou ainda, as moléculas de ADN/ARN resultantes dessa multiplicação. Consideram-se, ainda, os
segmentos de ADN/ARN sintéticos equivalentes aos de ADN/ARN natural;
IV. organismo geneticamente modificado (OGM) – organismo cujo material genético (ADN/ARN)
tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética;
V. engenharia genética – atividade de manipulação de moléculas de ADN/ARN recombinante.
Parágrafo único. Não são considerados como OGM aqueles resultantes de técnicas que impliquem
a introdução direta, num organismo, de material hereditário, desde que não envolvam a utilização de
moléculas de ADN/ARN recombinante ou OGM, tais como: fecundação in vitro, conjugação, transdu-
ção, transformação, indução poliplóide e qualquer outro processo natural.
A rt.42. Esta Lei não se aplica quando a modificação genética for obtida através das seguintes técnicas,
desde que não impliquem a utilização de OGM como receptor ou doador:
I. mutagênese;
II. formação e utilização de células somáticas de libridoma animal;
111. fusão celular, inclusive a de protoplasma, de células vegetais, que possa ser produzida mediante
métodos tradicionais de cultivo;
IV. autoclonagem de organismos não-patogênicos que se processe de maneira natural.

................................................................................................................................................................... .

Art. 13. Constituem crimes:


I. a manipulação genética de células germinais humanas;
II. a intervenção em material genético humano in vivo, exceto para o tratamento de defeitos
genéticos, respeitando-se princípios éticos tais como o princípio de autonomia e o princípio de benefi-
cência, e com a aprovação prévia da CTNBio:
Pena – detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
§ 1 2 . Se resultar em:
a. incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 (trinta) dias;
b. perigo de vida;
c. debilidade permanente de membro, sentido ou função;
d. aceleração de parto:
Pena – reclusão de 1 (um) a 5 (cinco) anos.
§ 22. Se resultar em:
a. incapacidade permanente para o trabalho;
b. enfermidade incurável;
c perda ou inutilização de membro, sentido ou função;
d. deformidade permanente;
e. aborto:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
§ 32. Se resultar em morte:
Pena – reclusão de 6 (seis) a 20 (vinte) anos;
III. a produção, armazenamento ou manipulação de embriões humanos destinados a servirem
como material biológico disponível:
Pena – reclusão de 6 (seis) a 20 (vinte) anos;
IV. a intervenção in vivo em material genético de animais, excetuados os casos em que tais
intervenções se constituam em avanços significativos na pesquisa científica e no desenvolvimento
Lei n° 8.974, de 5.1.95 940

tecnológico, respeitando-se princípios éticos, tais como o princípio da responsabilidade e o princípio


da prudência, e com aprovação prévia da CTNBio:
Pena - detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano;
V. a liberação ou o descarte no meio ambiente de OGM em desacordo com as normas estabe-
lecidas pela CTNBio e constantes na regulamentação desta Lei:
Pena - reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 1 2. Se resultar em:
a. lesões corporais leves;
b. perigo de vida;
a debilidade permanente de membro, sentido ou função;
d. aceleração de parto;
e. dano à propriedade alheia;
f dano ao meio ambiente:
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
§ 22 . Se resultar em:
a. incapacidade permanente para o trabalho;
b. enfermidade incurável;
c. perda ou inutilização de membro, sentido ou função;
d. deformidade permanente;
e. aborto;
f. inutilização da propriedade alheia;
g. dano grave ao meio ambiente:
Pena - reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
§ 32. Se resultar em morte:
Pena - reclusão de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.
§ 4°. Se a liberação, o descarte no meio ambiente ou a introdução no meio ambiente de OGM for
culposo:
Pena - reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos.
§ 52 . Se a liberação, o descarte no meio ambiente ou a introdução no País de OGM for culposo, a
pena será aumentada de um terço se o crime resultar de inobservância de regra técnica de pro-
fissão.
§ 62 . O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsa-
bilidade civil e criminal por danos causados ao homem, aos animais, às plantas e ao meio ambiente,
em face do descumprimento desta Lei.
Art. 14. Sem obstar a aplicação das penas previstas nesta Lei, é o autor obrigado, independentemente
da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros,
afetados por sua atividade.

................................................................................................................................................................... .

Art. 17. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 18. Revogam-se as disposições em contrário.


Brasília, 5 de janeiro de 1995; 174 2 da Independência e 107 2 da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


Nelson Jobim

(Publicada no DOU de 6.1.95.)


941 Lei n° 9.029, de 13.4.95

LEI N 2 9.029, DE 13 DE ABRIL DE 1995

Proíbe a exigência de atestados de gravidez e esterilização,


e outras práticas discriminatórias, para efeitos admissionais
ou de permanência da relação jurídica de trabalho,
e dá outras providências.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
2
Art. 1 . Fica proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso a
relação de emprego, ou sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação
familiar ou idade, ressalvadas, neste caso, as hipóteses de proteção ao menor previstas no inciso XXXIII
do art. 72 da Constituição Federal.
2
Art. 2 . Constituem crime as seguintes práticas discriminatórias:
I. a exigência de teste, exame, perícia, laudo, atestado, declaração ou qualquer outro procedi-
mento relativo à esterilização ou a estado de gravidez;
II. a adoção de quaisquer medidas, de iniciativa do empregador, que configurem:
a. indução ou instigamento à esterilização genética;
b. promoção do controle de natalidade, assim não considerado o oferecimento de serviços e de
aconselhamento ou planejamento familiar, realizados através de instituições públicas ou
privadas, submetidas às normas do Sistema Único de Saúde – SUS:
Pena – detenção de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. São sujeitos ativos dos crimes a que se refere este artigo:
I. a pessoa física empregadora;
II. o representante legal do empregador, como definido na legislação trabalhista;
III. o dirigente, direto ou por delegação, de órgãos públicos e entidades das administrações
públicas direta, indireta e fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.

................................................................................................................................................................... .

Art. 5 2 . Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Art. 6 2 . Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 13 de abril de 1995; 174 2 da Independência e 107 2 da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

(Publicada no DOU de 17.4.95.)

LEI N 2 9.034, DE 3 DE MAIO DE 1995

Dispõe sobre a utilização de meios operacionais para a prevenção


e repressão de ações praticadas por organizações criminosas.

■ Para crimes relacionados a tóxicos, a Lei n2 10.409, de 11. 1.02, trouxe novas modalidades de
procedimentos investigatórios (arts. 33 e 34).

O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Lei n 2 9.034, de 3.5.95 942

Capítulo I
DA DEFINIÇÃO DE AÇÃO PRATICADA POR
ORGANIZAÇOES CRIMINOSAS E DOS MEIOS
OPERACIONAIS DE INVESTIGAÇÃO E PROVA
Art. 1 2 . Esta Lei define e regula meios de prova e procedimentos investigatórios que versem sobre
ilícitos decorrentes de ações praticadas por quadrilha ou bando ou organizações ou associações
criminosas de qualquer tipo.
Art. 22. Em qualquer fase da persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei,
os seguintes procedimentos de investigação e formação de provas:
I. (vetado);
II. a ação controlada, que consiste em retardar a interdição policial do que se supõe ação
praticada por organizações criminosas ou a ela vinculado, desde que mantida sob observação e
acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz do ponto de vista
da formação de provas e fornecimento de informações;
III. o acesso a dados, documentos e informações fiscais, bancárias, financeiras e eleitorais.
IV. a captação e a interceptação ambiental de sinais eletromagnéticos, óticos ou acústicos, e o
seu registro e análise, mediante circunstanciada autorização judicial;
V. infiltração por agentes de polícia ou de inteligência, em tarefa de investigação, constituída
pelos órgãos especializados pertinentes, mediante circusntanciada autorização judicial.
Parágrafo único. A autorização judicial será estritamente sigilosa e permanecerá nesta condição
enquanto perdurar a infiltração.
■ A Lei n° 10.217, de 11.4.01, deu nova redação aos arts. 1 2 e 22, acrescentou os incisos IV e V a este
último e o parágrafo único.

Capítulo II
DA PRESERVAÇÃO DO SIGILO CONSTITUCIONAL

Art. 32. Nas hipóteses do inciso Ill do art. 2 2 desta Lei, ocorrendo possibilidade de violação de sigilo
preservado pela Constituição ou por lei, a diligência será realizada pessoalmente pelo juiz, adotado o
mais rigoroso segredo de justiça.
§ 1 2 . Para realizar a diligência, o juiz poderá requisitar o auxílio de pessoas que, pela natureza da
função ou profissão, tenham ou possam ter acesso aos objetos do sigilo.
§ 22 . O juiz, pessoalmente, fará lavrar auto circunstanciado da diligência, relatando as informações
colhidas oralmente e anexando cópias autênticas dos documentos que tiverem relevãncia probatória,
podendo, para esse efeito, designar uma das pessoas referidas no parágrafo anterior como escrivão
ad hoc.
§ 32 . 0 auto de diligência será conservado fora dos autos do processo, em lugar seguro, sem
intervenção de cartório ou servidor, somente podendo a ele ter acesso, na presença do juiz, as partes
legítimas na causa, que não poderão dele servir-se para fins estranhos à mesma, e estão sujeitas às
sanções previstas pelo Código Penal em caso de divulgação.
§ 42 . Os argumentos de acusação e defesa que versarem sobre a diligência serão apresentados
em separado para serem anexados ao auto de diligência, que poderá servir como elemento na
formação da convicção final do juiz.
§ 52 . Em caso de recurso, o auto de diligência será fechado, lacrado e endereçado em separado
ao juízo competente para revisão, que dele tomará conhecimento sem intervenção das secretarias e
gabinetes, devendo o relator dar vistas ao Ministério Público e ao defensor em recinto isolado, para o
efeito de que a discussão e o julgamento sejam mantidos em absoluto segredo de justiça.

Capítulo Ill
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 42. Os órgãos da polícia judiciária estruturarão setores e equipes de policiais especializados no
combate à ação praticada por organizações criminosas.
943 Lei n° 9.099, de 26.9.95

Art. 5 2. A identificação criminal de pessoas envolvidas com a ação praticada por organizações
criminosas será realizada independentemente da identificação civil.
Art. 62. Nos crimes praticados em organização criminosa, a pena será reduzida de um a dois terços,
quando a colaboração espontânea do agente levar ao esclarecimento de infrações penais e sua autoria.
Art. 72. Não será concedida liberdade provisória, com ou sem fiança, aos agentes que tenham tido
intensa e efetiva participação na organização criminosa.
Art. 82. O prazo para encerramento da instrução criminal, nos processos por crime de que trata esta
Lei, será de 81 (oitenta e um) dias, quando o réu estiver preso, e de 120 (cento e vinte) dias, quando
solto.
■ Artigo com redação dada pela Lei n° 9.303, de 5.9.96.
Art. 9'. O réu não poderá apelar em liberdade, nos crimes previstos nesta Lei.
Art. 10. Os condenados por crimes decorrentes de organização criminosa iniciarão o cumprimento da
pena em regime fechado.
Art. 11. Aplicam-se, no que não forem incompatíveis, subsidiariamente, as disposições do Código de
Processo Penal.
Art. 12. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 3 de maio de 1995; 174° da Independência e 107° da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Milton Seligman
(Publicada no DOU de 4.5.95.)

LEI N° 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995

Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais,


e dá outras providências.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Capítulo I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art.1°. Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da Justiça ordinária, serão criados pela União,
no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julgamento e
execução, nas causas de sua competência.
Art. 22. 0 processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia
processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação.

................................................................................................................................................................... .

Capítulo III
DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 60. 0 Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência
para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo.
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 1 (um) ano,
excetuados os casos em que a lei preveja procedimento especial.
Lei n° 9.099, de 26.9.95 944

Art. 62. 0 processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalida-
de, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos
sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade.

Seção I
DA COMPETÊNCIA E DOS ATOS PROCESSUAIS

Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal.
Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno e em qualquer
dia da semana, conforme dispuserem as normas de organização judiciária.
Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais foram
realizados, atendidos os critérios indicados no art. 62 desta Lei.
§ 1 9 . Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.
§ 2 19 . A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio
hábil de comunicação.
§ 3 9 . Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos havidos por essenciais. Os atos
realizados em audiência de instrução e julgamento poderão ser gravados em fita magnética ou
equivalente.
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado.
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o juiz encaminhará as peças existentes
ao juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.
Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com aviso de recebimento pessoal, ou, tratando-se
de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será
obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de
mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo de comunicação.
Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência considerar-se-ão desde logo cientes as partes,
os interessados e defensores.
Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de citação do acusado constará a
necessidade de seu comparecimento acompanhado de advogado, com a advertência de que, na sua
falta, ser-lhe-á designado defensor público.

Seção II
DA FASE PRELIMINAR
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e
o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as
requisições dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado
ao Juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem
se exigirá fiança.
■ A Lei n° 10.455, de 13.5.02, conferiu nova redação ao parágrafo único do art. 69 (vide Anexo II).
Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo possível a realização imediata da
audiência preliminar, será designada data próxima, da qual ambos sairão cientes.
Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvidos, a Secretaria providenciará sua
intimação e, se for o caso, a do responsável civil, na forma dos arts. 67 e 68 desta Lei.
Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e a
vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o juiz esclarecerá sobre
a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena
não privativa de liberdade.
Art. 73. A conciliação será conduzida pelo juiz ou por conciliador sob sua orientação.
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça, recrutados, na forma da lei local,
preferentemente entre bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam funções na administração da
Justiça Criminal.
945 Lei n° 9.099, de 26.9.95

Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo juiz mediante
sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no Juízo Cível competente.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública
condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou
representação.
Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a oportuni-
dade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo.
Parágrafo único. O não-oferecimento da representação na audiência preliminar não implica deca-
dência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei.
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não
sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva
de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
§ 1°. Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o juiz poderá reduzi-la até a metade.
§ 22 . Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I. ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade,
por sentença definitiva;
II. ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de 5 (cinco) anos, pela aplicação de
pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
III. não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
§ 32 . Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do juiz.
§ 42 . Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o juiz aplicará a pena
restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para
impedir novamente o mesmo benefício no prazo de 5 (cinco) anos.
§ 52 . Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
2
§ 62 . A imposição da sanção de que trata o § 4 deste artigo não constará de certidão de
antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis,
cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.

Seção III
DO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do
autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público
oferecerá ao juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindí-
veis.
§ 1 2 . Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência
referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame de corpo de
delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.
§ 22 . Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o
Ministério Público poderá requerer ao juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do
parágrafo único do art. 66 desta Lei.
§ 32 . Na ação penal de iniciativa do ofendido, poderá ser oferecida queixa oral, cabendo ao juiz
verificar se a complexidade e as circunstâncias do caso determinam a adoção das providências
previstas no parágrafo único do art. 66 desta Lei.
Art. 78.Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se cópia ao acusado, que
com ela ficará citado e imediatamente cientificado da designação de dia e hora para a audiência de
instrução e julgamento, da qual também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável
civil e seus advogados.
§ 1 2 . Se o acusado não estiver presente, será citado na forma dos arts. 66 e 68 desta Lei e
cientificado da data da audiência de instrução e julgamento, devendo a ela trazer suas testemunhas
ou apresentar requerimento para intimação, no mínimo 5 (cinco) dias antes de sua realização.
§ 22 . Não estando presentes o ofendido e o responsável civil, serão intimados nos termos do art.
67 desta Lei para comparecerem à audiência de instrução e julgamento.
Lei n° 9.099, de 26.9.95 946

§ 32 . As testemunhas arroladas serão intimadas na forma prevista no art. 67 desta Lei.


Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de instrução e julgamento, se na fase preliminar
não tiver havido possibilidade de tentativa de conciliação e de oferecimento de proposta pelo Ministério
Público, proceder-se-á nos termos dos arts. 72, 73, 74 e 75 desta Lei.
Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o juiz, quando imprescindível, a condução coercitiva
de quem deva comparecer.
Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que
o juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as
testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se
imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença.
§ 1 2 . Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, podendo o juiz
li mitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.
§ 2 2 . De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo
breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença.
§ 3 2 . A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do juiz.
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá
ser julgada por turma composta de três juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos
na sede do Juizado.
§ 1 2 . A apelação será interposta no prazo de 10 (dez) dias, contados da ciência da sentença pelo
Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido
do recorrente.
§ 22 . 0 recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazo de 10 (dez) dias.
§ 32 . As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita magnética a que alude o § 32
do art. 65 desta Lei.
§ 42 . As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela imprensa.
§ 52 . Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de
acórdão.
Art. 83. Caberão embargos de declaração quando, em sentença ou acórdão, houver obscuridade,
contradição, omissão ou dúvida.
§ 1 2 . Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou oralmente, no prazo de 5 (cinco)
dias contados da ciência da decisão.
§ 22 . Quando opostos contra sentença, os embargos de declaração suspenderão o prazo para o
recurso.
§ 32 . Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.

Seção IV
DA EXECUÇAO
Art. 84. Aplicada exclusivamente pena de multa, seu cumprimento far-se-á mediante pagamento na
Secretaria do Juizado.
Parágrafo único. Efetuado o pagamento, o juiz declarará extinta a punibilidade, determinando que
a condenação não fique constando dos registros criminais, exceto para fins de requisição judicial.
Art. 85. Não efetuado o pagamento de multa, será feita a conversão em pena privativa da liberdade,
ou restritiva de direitos, nos termos previstos em lei.
Art. 86. A execução das penas privativas de liberdade e restritivas de direitos, ou de multa cumulada
com estas, será processada perante o órgão competente, nos termos da lei.

Seção V
DAS DESPESAS PROCESSUAIS
Art. 87. Nos casos de homologação do acordo civil e aplicação de pena restritiva de direitos ou multa
(arts. 74 e 76, § 4 2 ), as despesas processuais serão reduzidas, conforme dispuser lei estadual.
947 Lei n° 9.099, de 26.9.95

Seção VI
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação
a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a 1 (um) ano, abrangidas ou
não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo,
por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional
da pena (art. 77 do Código Penal).
§ 1°. Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do juiz, este, recebendo a
denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes
condições:
I. reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II. proibição de freqüentar determinados lugares;
III. proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
IV. comparecimento pessoal e obrigatório a Juízo, mensalmente, para informar e justificar suas
atividades.
§ 2 2 . O juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que
adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
§ 32 . A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por
outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
§ 42 . A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo,
por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.
§ 5 2 . Expirado o prazo sem revogação, o juiz declarará extinta a punibilidade.
§ 62 . Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.
§ 7 2 . Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus
ulteriores termos.
A rt .90. As disposições desta Lei não se aplicam aos processos penais cuja instrução já estiver iniciada.
Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar.
■ Art. 90-A acrescentado pela Lei n° 9.839, de 27.9.99.
Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir representação para a propositura da ação penal
pública, o ofendido ou seu representante legal será intimado para oferecê-la no prazo de 30 (trinta)
dias, sob pena de decadência.
Art. 92. Aplicam-se subsidiariamente as disposições dos Códigos Penal e de Processo Penal, no que
não forem incompatíveis com esta Lei.

Capítulo IV
DISPOSIÇÕES FINAIS COMUNS
Art. 93. Lei estadual disporá sobre o Sistema de Juizados Especiais Cíveis e Criminais, sua organiza-
ção, composição e competência.
Art. 94. Os serviços de cartório poderão ser prestados, e as audiências realizadas fora da sede da
comarca, em bairros ou cidades a ela pertencentes, ocupando instalações de prédios públicos, de
acordo com audiências previamente anunciadas.
Art. 95. Os Estados, Distrito Federal e Territórios criarão e instalarão os Juizados Especiais no prazo
de 6 (seis) meses, a contar da vigência desta Lei.
Art. 96. Esta Lei entra em vigor no prazo de 60 (sessenta) dias após a sua publicação.
Art. 97. Ficam revogadas a Lei n° 4.611, de 2 de abril de 1965, e a Lei n 2 7.244, de 7 de novembro de
1984.
Brasília, 26 de setembro de 1995; 174 2 da Independência e 107 2 da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

(Publicada no DOU de 27.9.95.)


Lei n° 9.100, de 2.10.95 948

LEI N2 9.100, DE 2 DE OUTUBRO DE 1995

Estabelece normas para a realização das eleições municipais de


3 de outubro de 1996, e dá outras providências.
0 Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

....................................................................................................................................................................

DA ARRECADAÇÃO E DA APLICAÇÃO DE
RECURSOS NAS CAMPANHAS ELEITORAIS
....................................................................................................................................................................

Art. 36. A partir da constituição dos comitês financeiros, as pessoas físicas e jurídicas poderão fazer
doações em dinheiro, ou estimáveis em dinheiro, a partido ou a candidato, para as campanhas
eleitorais.
§ 1 2 . As doações e contribuições de que trata este artigo ficam limitadas:
I. no caso de pessoa física, a 10% (dez por cento) dos rendimentos brutos auferidos no ano
anterior à eleição;
II. no caso em que o candidato utilize recursos próprios, ao valor máximo de gastos estabelecido
pelo seu partido ou coligação;
III. no caso de pessoa jurídica, a 1 % (um por cento) da receita operacional bruta do ano anterior
à eleição.
§ 22 . Os percentuais de que tratam os incisos I e III do parágrafo anterior poderão ser excedidos,
desde que as contribuições e doações não sejam superiores a 70.000 UFIR e 300.000 UFIR, respecti-
vamente.
§ 32 . As doações e contribuições serão convertidas em UFIR, pelo valor desta no mês em que
ocorrerem.
§ 42 . Em qualquer das hipóteses deste artigo, a contribuição de pessoa jurídica a todos os
candidatos de determinada circunscrição eleitoral não poderá exceder de 2% (dois por cento) da
receita de impostos, arrecadados pelo Município no ano anterior ao da eleição, acrescida das
transferências constitucionais.
§ 52. Toda doação a candidato específico ou a partido deverá ser feita mediante recibo, em
formulário impresso em série própria para cada partido, segundo modelo aprovado pela Justiça
Eleitoral.

....................................................................................................................................................................

DAS PESQUISAS ELEITORAIS


Art. 48. A partir de 2 de abril de 1996, as entidades ou empresas que realizarem pesquisas de opinião
pública relativas às eleições ou aos candidatos, para serem levadas ao conhecimento público, são
obrigadas a registrar, junto à Justiça Eleitoral, até 5 (cinco) dias antes da divulgação de cada pesquisa,
as informações a seguir relacionadas:
I. quem contratou a realização da pesquisa;
II. valor e origem dos recursos despendidos no trabalho;
III. a metodologia e o período de realização da pesquisa;
IV. o plano amostral e ponderação no que se refere a sexo, idade, grau de instrução, nível
econômico e área física de realização do trabalho;
V. o intervalo de confiança e a margem de erro;
VI. o nome de quem pagou pela realização do trabalho;
VII. o sistema interno de controle e verificação, conferência e fiscalização da coleta de dados e do
trabalho de campo;
2
949 Lei n 9.100, de 2.10.95

VIII. o questionário completo aplicado.


§ 1 2 . A juntada de documentos e o registro das informações a que se refere este artigo, relativas às
eleições nas capitais, devem ser feitos, a cada pesquisa, nos Tribunais Regionais Eleitorais, e, nos
demais municípios, nos juízos eleitorais respectivos.
§ 22 . A Justiça Eleitoral afixará, imediatamente, no local de costume, aviso comunicando o registro
das informações a que se refere este artigo, colocando-as à disposição dos partidos ou coligações
com candidatos ao pleito, que a elas terão livre acesso pelo prazo de 30 (trinta) dias.
§ 32. I mediatamente após o registro referido no caput, as empresas ou entidades referidas colocarão
à disposição dos partidos ou coligações que possuam candidatos registrados para as eleições a que
se refere a pesquisa, na sede do Município onde se situa o órgão da Justiça Eleitoral perante o qual
foi registrada, as informações e demais elementos atinentes a cada um dos resultados a publicar, em
meio magnético ou impresso, a critério do interessado.
§ 42 . Os responsáveis pela empresa ou entidade de pesquisa, pelo órgão veiculador, partido,
coligação ou candidato que divulgarem pesquisa não registrada estarão sujeitos à pena cominada no
art. 323 do Código Eleitoral e a multa de 20.000 UFIR ou de valor igual ao contratado pela realização
da pesquisa, se este for superior.
................................................................................................................................................................... .

DOS CRIMES ELEITORAIS


Art. 67. Constitui crime eleitoral:
I. doar, direta ou indiretamente, a partido, coligação ou candidato, recurso de valor superior ao
definido no art. 36, para aplicação em campanha eleitoral:
Pena - detenção de 1 (um) a 3 (três) meses e multa de 4.000 UFIR a 12.000 UFIR ou de valor igual
ao do excesso verificado, caso seja superior ao máximo aqui previsto;
II. receber, direta ou indiretamente, recurso de valor superior ao definido pelo art. 36, para
aplicação em campanha eleitoral:
Pena - a mesma do inciso I;
III. gastar recursos acima do valor estabelecido pelo partido ou coligação para aplicação em
campanha eleitoral:
Pena - a mesma do inciso I;
IV. divulgar fato que sabe inverídico ou pesquisa manipulada com infringéncia do art. 48, distorcer
ou manipular informações relativas a partido, coligação, candidato ou sobre a opinião pública, com
objetivo de influir na vontade do eleitor:
Pena - detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano ou pagamento de multa de 4.000 UFIR a 12.000
UFIR, agravada, se o crime é cometido pela imprensa, rádio ou televisão;
2
V. deixar o juiz de declarar-se impedido nos termos do § 3 do art. 14 da Lei n° 4.737, de 15 de
julho de 1965:
Pena - detenção de até 1 (um) ano e multa;
VI. reter título eleitoral ou comprovante de alistamento eleitoral contra a vontade do eleitor ou
alistando:
Pena - detenção de 2 (dois) a 6 (seis) meses ou multa;
VII. obter ou tentar obter, indevidamente, acesso a sistema de tratamento automático de dados
utilizado pelo serviço eleitoral, a fim de alterar a apuração ou contagem de votos:
Pena - reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa;
VIII. tentar desenvolver ou introduzir comando, instrução ou programa de computador, capaz de
destruir, apagar, eliminar, alterar, gravar ou transmitir dado, instrução ou programa ou provocar
qualquer outro resultado diverso do esperado em sistema de tratamento automático de dados utilizado
pelo serviço eleitoral:
Pena - reclusão de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa;
IX. distribuir, no dia da eleição, qualquer espécie de propaganda política, inclusive volantes e
outros impressos, ou fazer funcionar postos de distribuição ou de entrega de material de propaganda:
Lei n 2 9.112, de 10.10.95 950

Pena - multa;
X. exercer, no dia da eleição, qualquer forma de aliciamento ou coação tendente a influir na
vontade do eleitor:
Pena - detenção de 1 (um) a 3 (três) meses;
XI. causar ou tentar causar dano físico ao equipamento utilizado na votação eletrônica ou às suas
partes:
Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1 2 . Consideram-se recursos para os fins dos incisos I a III:
I. quantia em dinheiro, seja em moeda nacional ou estrangeira;
II. título representativo de valor mobiliário;
III. qualquer mercadoria que tenha valor econômico;
IV. a prestação, gratuita ou por preço significativamente inferior ao do mercado, de qualquer
serviço, ressalvada a oferta de mão-de-obra por pessoa física;
V. a utilização de qualquer equipamento ou material;
VI. a difusão de propaganda, por qualquer meio de comunicação, ou o pagamento das despesas
necessárias à sua produção ou veiculação;
VII. a cessão de imóvel, temporária ou definitiva;
VIII. o pagamento de salário ou qualquer outra forma de remuneração a empregado ou prestador
de serviço a partido ou a candidato;
IX. o pagamento, a terceiros, de quaisquer despesas relativas às hipóteses previstas neste artigo.
§ 22 . As penas indicadas nos incisos II e Ill do caput serão aplicadas aos dirigentes partidários ou
membros de comitês de partidos ou coligações, se responsáveis pelo ato delituoso.
§ 32 . O candidato, se responsável pelo crime, está sujeito às penas indicadas neste artigo e à
cassação do registro de sua candidatura.
§ 42 . Aplicam-se as penas previstas no inciso I ao presidente, gerente, diretor, administrador ou
equivalente responsável por pessoa jurídica da qual se originem recursos não autorizados por esta
Lei, destinados a partidos, coligações ou candidato.

................................................................................................................................................................... .

Art. 71. Salvo disposição em contrário, no caso de reincidência, as penas pecuniárias previstas nesta
Lei serão aplicadas em dobro.

................................................................................................................................................................... .

Art. 90. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Art. 91. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 29 de setembro de 1995; 174 2 da Independência e 107 2 da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

(Publicada no DOU de 2.10.95.)

LEI N° 9.112, DE 10 DE OUTUBRO DE 1995

Dispõe sobre a exportação de bens sensíveis


e serviços diretamente vinculados.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 4 . Esta Lei disciplina as operações relativas à exportação de bens sensíveis e serviços direta-
mente vinculados a tais bens.
§ 1 2 . Consideram-se bens sensíveis os bens de aplicação bélica, os bens de uso duplo e os bens
de uso na área nuclear, química e biológica:

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