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APOSTILA
2001/1
1
Introdução aos Processos Químicos
Capítulo 1 - INTRODUÇÃO
• Processo Químico:
De uma forma geral, a estrutura dos processos químicos e bioquímicos pode ser
dividida em etapas mostradas no diagrama a seguir:
MP P
MP P
MP P R
Tratamento Reação Separação Purificação
SP
R R
R SP
2
Introdução aos Processos Químicos
Sistema:
• Engenharia de Processos
A área da Engenharia Química que se preocupa com a visão sistemática dos Processos
Químicos é a chamada Engenharia de Processos, que pode ser definida da seguinte forma:
“Conjunto de atividades que incluem a concepção, o dimensionamento e a avaliação de
desempenho do processo para obter um produto desejado.”
Definido o produto desejado, informações quanto as possíveis matérias-primas, o seu
preço no mercado, a sua demanda e a qualidade requerida pelo mercado devem ser conhecidas
de modo que sejam iniciadas as atividades da Engenharia de Processos. Estas atividades são
normalmente realizadas em equipes multidisciplinares e podem ser divididas em três níveis:
nível tecnológico (NT), nível estrutural (NE) e nível de processos (NP).
NT P
? NE NP
? ?
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Introdução aos Processos Químicos
A C
A, B
C,P
R S P
A, B, C, P
B P
A A C
B
B,
R C, B,
A, B, P P P
B C, P
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Introdução aos Processos Químicos
vocês tomarão conhecimento ao longo do curso na medida em que forem estudados mais
detalhadamente os princípios de funcionamento dos equipamentos presentes nestas redes. Em
resumo, neste primeiro contato com a Engenharia de Processos, ainda não temos
conhecimentos acumulados que nos permitam trabalhar neste nível.
A Análise de Processos fornece os procedimentos sistemáticos para o trabalho no
Nível de Processo. Neste nível deve-se definir os valores dos parâmetros operacionais nos
quais há uma operação segura e otimizada do processo. Nesta etapa é indispensável a
utilização de modelos matemáticos que permitam a simulação, em regimes estacionário e
transiente, da operação do processo. O conhecimento de resultados mais detalhados sobre o
dimensionamento dos equipamentos permite uma avaliação mais precisa dos custos que
normalmente têm a sua minimização como critério que norteia a otimização dos parâmetros
operacionais.
Segue uma breve lista cronológica de fatos que podem ser relacionados à implantação
de hábitos/costumes de utilização de produtos/substâncias obtidas através de processos
químicos e bioquímicos, ao longo da história.
➫ 2500 A.C.
! pigmentos para paredes # negro de fumo
! tingimento em roupas, cosméticos
! tecnologia para a produção de ferro
! avanços tecnológicos: egípcios, persas, sumérios, babilônios
uso de papiro e pergaminho # uso de tintas
remédios
ouro, prata e bronze
produção de vinho, cerveja em grandes quantidades
cerâmica de alta qualidade
! os gregos assimilaram todas as técnicas
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➫ Idade Média
! novas indústrias químicas
! vidro comum e colorido
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➫ em torno de 1880
! discussão sobre uma nova carreira # Engenharia Química
➫ 1887 # George Davis # Manchester Technical College
! várias conferências sobre o tema, escreveu um livro em 1901.
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Introdução aos Processos Químicos
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Introdução aos Processos Químicos
Dimensão: conceito básico de medida, como comprimento (L), tempo (t), massa (M) e
temperatura (T). Estes são exemplos de dimensões básicas. Essas dimensões podem ser
combinadas, através da multiplicação e/ou da divisão, gerando dimensões que combinam os
conceitos básicos. Por exemplo, o conceito de velocidade combina a idéia de um
comprimento percorrido durante um certo intervalo de tempo, assim sua dimensão é
comprimento por tempo (L/t). Para expressarmos um volume necessitamos de indicar mais de
um comprimento, desta forma a sua dimensões é comprimento ao cubo (L3).
Unidades: valores específicos, definidos por convenção (arbitrariamente), que
permitem quantificar as dimensões. Exemplos são: metro, polegada e pé para comprimento;
quilograma (kg), grama (g), libra (lb) e slug para massa; kelvin (K) e grau Celsius (°C) para
temperatura; e segundo (s) e hora (h) para o tempo.
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Introdução aos Processos Químicos
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Introdução aos Processos Químicos
multiplicação / divisão:
% o resultado tem como unidade a multiplicação/divisão/potenciação das unidades
das grandezas envolvidas na operação;
% a divisão envolvendo mesmas unidades fornece uma grandeza sem dimensão
(grandeza adimensional).
➫ expoentes e argumentos de funções:
% os argumentos e expoentes de funções exponenciais, logarítmicas ou
trigonométricas devem sempre ser adimensionais, ou seja, devem possuir
representação dimensional unitária e não ter unidades.
Estas regras podem ser facilmente entendidas com o auxílio dos exemplos a seguir:
kg kg kg
a) 10 + 20 = 30 ou ainda, 10 kg/h + 20 kg/h = 30 kg/h → OK!
h h h
kg kg
b) 10 − 7200 = não tem um resultado com significado físico!
s h
c) 20 m * 10 m * 5 m = 1000 m 3 → OK!
kg s kg s kg
d) 10 * 3600 = 36000 * = 36000 → OK!
s h s h h
m kg
15 *4 3
h m m kg 1 m 3 1 mol m
e) = 15 *4 3 * * = 12 → OK!
mol kg h m 10 mol 25 kg h
10 3
* 25
m mol
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Introdução aos Processos Químicos
Note que, como o fator de conversão é originado de uma razão entre duas grandezas que
representam exatamente a mesma coisa, ele pode ser multiplicado em qualquer parcela de
uma equação sem interferir no valor relativo entre estas parcelas. Usando a fator de conversão
pertinente, tem-se:
kg kg kg kg 1h kg kg kg
10 − 7200 = 10 − 7200 * = 10 − 2 = 8
s h s h 3600s s s s
Leia cuidadosamente os exemplos a seguir. Eles mostram como lidar com equações
dimensionais (equação cujas parcelas possuem unidades) e como utilizar os fatores de
conversão para escrevê-las de forma conveniente para um determinado uso.
• Exemplo 1.3.1.1:
Seja um experimento de queda livre no qual se quer saber a velocidade de um corpo
após uma queda de 1,5 min. No instante inicial este corpo está a uma velocidade V0. A
equação a ser utilizada é:
V (m/s) = V0 (m/s) + g (m/s2) . t(s) ,
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Introdução aos Processos Químicos
(ii) transformar a equação original de tal forma que o tempo possa ser colocado em
minutos e ela continue consistente:
Como na equação original o tempo deve ser expresso em segundos, para podermos
entrar com o tempo em minutos é necessário que o fator de conversão seja inserido na
equação de tal forma a manter a consistência dimensional:
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Introdução aos Processos Químicos
Exemplos 1.3.1.2:
Considere a equação D (ft) = 3 t (s) + 4 .
i) Se a equação é válida, quais são as unidades das constantes 3 e 4?
Para a equação ser consistente (homogênea), suas três parcelas devem ter a mesma dimensão
(L) e estar expressas na mesma unidade (ft). Assim: 3 ft/s e 4 ft .
ii) Obtenha uma equação equivalente na qual a distância percorrida seja calculada em metros
e o tempo seja introduzido em minutos.
Identificando as novas variáveis na forma: D’(m) e t’(min), deve-se obter a relação entre
elas e as variáveis correspondentes na equação original:
3,2808 ft
D(ft ) = D ′(m) . = 3,2808 D ′(m)
1m
60 s
t (s) = t ′(min) . = 60 t ′(min)
1 min
• Exemplo 1.3.1.3:
A velocidade específica de uma determinada reação química (k) varia com a temperatura
(T) segundo a equação:
20000
20000 -
k = 1,2 × 10 exp −
5
= 1, 2 × 10 5
. e 1, 987*T
1,987 * T
mol cal
onde, k [=] 3
; T [=] K ; 20000 [=] .
cm s mol
Quais as unidades de 1,2 x 105 e 1,987 ?
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Introdução aos Processos Químicos
Nota: A equação que aparece neste exemplo é conhecida como equação de Arrhenius. Esta
equação representa, para a maioria das reações químicas, a dependência da taxa de reação com
a temperatura. De uma forma geral, ela é escrita:
E
k = k 0 exp −
R T
onde E é a energia de ativação da reação química e R é a constante dos gases ideais. Cada
reação química terá um valor específico de k0 e E.
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Introdução aos Processos Químicos
No ano de 1960, ocorreu uma conferência internacional que definiu um dos sistemas
como referência, sendo ele chamado de Sistema Internacional. O início das tentativas de
unificação datam de 1790, quando a França, recém saída da revolução, reconhece a
necessidade do desenvolvimento de um sistema de unidades que facilitasse as relações
comerciais. A Inglaterra foi procurada, mas como já tinha um sistema em uso na ilha em em
suas colônias, não participou com interesse da iniciativa francesa. Da iniciativa francesa
originou-se o Sistema Internacional, que mesmo hoje ainda convive, dentro dos processos
químicos, com sistemas de origem inglesa, principalmente o americano de engenharia.
Os sistemas são divididos em:
• Sistemas Absolutos: nos sistemas absolutos as unidades de força são derivadas das
unidades básicas. Os mais comuns são o CGS, o absoluto inglês e o SI.
• Sistemas Gravitacionais: nestes sistemas, a dimensão de força e a sua unidade são
consideradas básicas. Os mais comuns são o britânico de engenharia e o americano
de engenharia.
O sistema CGS fui durante muito tempo o mais utilizado nos trabalhos científicos. O
americano de engenharia é muito utilizado na indústria química, e particularmente na de
petróleo, nos Estados Unidos. Assim, mesmo com a definição do Sistema Internacional como
o sistema universal, ainda convivemos com muitos dados e informações provenientes dos
processos expressos em outros sistemas de unidades.
A tabela 1.4.1 apresenta as unidades das dimensões mais utilizadas nos cálculos
envolvendo os processos químicos e bioquímicos, nos três sistemas mais comuns. As
unidades em campos com fundo marcado são unidade derivadas.
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Introdução aos Processos Químicos
Esta definição leva a uma inconsistência no sistema, representada pelo fato que 1 lbf é
diferente de 1 lbm ft / s2. Ao nível do mar na latitude indicada, a aceleração da gravidade local
é igual a 32,174 ft/s2. Assim, utilizando-se a lei de Newton, tem-se:
Como a definição de libra-força impõe que este resultado seja igual a 1 (lbf), há a necessidade
de utilizarmos um fator de conversão na lei de Newton, chamado de gc. Tem-se então:
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Introdução aos Processos Químicos
Vemos então que gc nada mais é do que um fator de conversão de unidades, que permite a
passagem de lbm.ft/s2 para lbf. Em sistemas consistentes, como o SI e o CGS, o valor de gc é
unitário.
m cm ft
kg × 2
g × 2 lb m × 2
gc = 1 s =1 s = 32,174 s
N dina lb f
• Exemplo 1.4.1:
100 lb de água escoam pelo interior de uma tubulação a uma velocidade de 10 ft/s.
Qual é a energia cinética da água em ft.lbf ?
Solução:
mv 2
Ec =
2
onde m = 100 lbm e v = 10 ft/s . Assim,
2
1 ft ft 2
E c = × 100 lb m × 10 = 5000 lb m 2
2 s s
lb m . ft
Como : 1 lb f = 32,174
s2
ft 2 lb f
E c = 5000 lb m × = 155,4 lb f . ft
s2 ft
32,174 lb m . 2
s
• Exemplo 1.4.2:
Qual é a energia potencial, em ft . lbf, em relação à superfície da terra, de um tambor
de 100 lb colocado 10 ft acima da superfície terrestre ?
Solução:
Ep = m g h
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Introdução aos Processos Químicos
ft 1 lb f
E p = 100 lb m × 32,2 2
× 10 ft ×
s ft
32,174 lb m × 2
s
E p = 1000,8 lb f . ft
• Exemplo 1.4.3:
A água tem densidade igual a 62,4 lbm/ft3. Qual é o peso de 2000 ft3 de água, ao nível
do mar e a 45o de latitude ? Qual será o peso em uma cidade onde g = 32,1 ft/s2 ?
Solução:
P = m g
onde: m = ? e g é uma função do local. Assim, a massa da água é:
m lbm
ρ≡ ⇒ m = ρ . V = 62,4 3
× 2000 ft 3 = 124800 lb m
V ft
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Introdução aos Processos Químicos
Existe um conjunto de unidades que são aceitas para uso com o SI, sem restrição de
prazo. Nesse conjunto, com utilização na indústria de processos químicos, tem-se: o litro (l); o
grau (°), o minuto(‘) e o segundo(“), para ângulo plano; a unidade de massa atômica (u); a
tonelada (t); o minuto (min), a hora (h) e o dia (d); e a rotação por minuto (rpm).
Há ainda um outro conjunto formados por unidades fora do SI, mas que continuam
admitidas temporariamente. Entre elas, com importância na indústria de processos químicos,
pode-se listar: a atmosfera (atm), o bar (bar) e o milímetro de mercúrio (mm Hg), para
pressão; o quilograma-força (kgf) para força; a caloria (cal) para energia; e o cavalo-vapor
(cv) para potência. Lembre-se que a utilização do quilograma-força torna o sistema não
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Introdução aos Processos Químicos
coerente, sendo assim o gc é diferente da unidade como foi mostrado no item 1.4. Apesar de
admitidas, há uma recomendação para se evitar o uso da caloria, do cavalo-vapor, do
quilograma-força e do milímetro de mercúrio.
Na tabela 1.4.1.3 são apresentados os prefixos do SI.
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Introdução aos Processos Químicos
massa A kg g lb m
ρA = [ =] 3 , ,
volume A m cm 3 ft 3
massa por unidade de volume: ρ = ρ (P, T)
O índice representa o material, podendo ser omitido quando não necessário. A densidade de
gases é função da pressão (P) e da temperatura (T). Líquidos e sólidos têm ρ variando também
com P e T, mas esta variação é bem menos importante do que a observada nos gases. Na
prática, para líquidos e sólidos pode-se considerar que a densidade somente varia com a
temperatura, ou seja, estes estados podem ser considerados incompressíveis. Em misturas, a
densidade varia com P, T e a composição.
A relação entre a densidade e a P, a T e a composição será estudada em outras
disciplinas no decorrer do seu curso. Um exemplo desta relação que você já conhece é a
válida para gases que se comportam como gases ideais:
P M
ρ =
R T
onde P é a pressão, M a massa molar da substância, R a constante universal dos gases e T a
temperatura. Estas equações que representam esta relação são conhecidas como equações de
estado.
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Introdução aos Processos Químicos
A densidade e/ou o volume específico podem ser usados como fatores de conversão
para relacionar a massa com o volume.
• Exemplo 1.5.2.1:
Sabendo-se que a densidade do tetracloreto de carbono é igual a 1,595 g/cm3, qual a
massa de 20 cm3 de tetracloreto? E o volume de 6,2 lbm ?
Solução:
g
m = ρ . V = 1,595 × 20 cm 3 = 31,9 g = 0,0319 kg
cm 3
e
m 454 g 1 cm 3
V = = 6,2 lb m × × = 1765 cm 3
ρ 1 lb m 1,595 g
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Introdução aos Processos Químicos
141,5
o
API = − 131,5
60o F
ρr o
60 F
onde a referência para a densidade relativa é a densidade da água a 60°F (15,6°C). Relações
análogas para os outros graus podem ser encontradas em Perry et all.
• Exemplo 1.5.3.1:
O valor da ρr de um líquido A é igual a 2. Qual é a densidade (ρ) deste líquido ?
Solução:
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Introdução aos Processos Químicos
ρA g kg lb
Sabe-se que: ρ rA = e ρ ref = ρ H 2O (4 o C) = 1 = 1000 3 = 62,43 m3
ρ ref cm 3
m ft
portanto:
ρA g g kg lbm
= 2 ⇒ ρ A = 2 × ρ ref = 2 × 1 = 2 = 2000 3 = 124,86 3
ρ ref cm 3
cm 3
m ft
• Exemplo 1.5.3.2:
Calcular os valores de ρ do mercúrio, em lbm/ft3, e do volume V de 200 kg de mercúrio,
a 20°C, sabendo-se que ρrHg = 13,546 @ 20 oC.
Solução:
Como:
ρ Hg [20 o C]
ρ rHg = e V=m × ρ
ρ H 2 O [ 4 o C]
Tente resolver.
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Introdução aos Processos Químicos
Como visto, 1 mol de uma substância é a quantidade desta substância que contém o
número de Avogadro (NA) de moléculas. Como há outras formas de se referir a unidade mol,
para evitar confusão o mol muitas vezes é chamado de grama-mol (mol ≡ gmol). Outras
unidades muito utilizadas são o kgmol, correspondente a 1000 mols, e o lb-mol, nos sitesmas
que utilizam a libra como unidade de massa.
Note que 1 kgmol contém 1000 x NA moléculas e, conseqüentemente tem uma massa
1000 vezes maior do que o mol. Analogamente, 1 lb-mol tem uma massa 453,5 vezes maior
do que um mol (lembre-se que 1 lb = 453,5 g). Assim, os fatores de conversão entre as
unidades envolvendo o mol são os mesmos dos análogos envolvendo unidades de massa.
Outro fato importante, que deve estar claro para você é que, tomando por exemplo o
monóxido de carbono (CO - massa molecular igual a 28 u), tem-se pela definição de mol:
1 mol CO ≡ 28 g de CO
1 lb-mol CO ≡ 28 lbm de CO
1 kgmol de CO ≡ 28 kg de CO
1 ton-mol CO ≡ 28 ton de CO
Vê-se então que, se a massa molecular de uma substância é M u, existem M g/mol, M
kg/kgmol, M lbm/lbmol etc desta substância. Esta forma de representar a massa molecular é
muito conveniente nos cálculos envolvendo parâmetros de processo e facilita a operação com
as unidades. Assim, a partir de agora, usares unidades da forma g/mol para as massas
moleculares.
A massa molecular pode ser usada como fator de conversão, que relaciona massa e
número de moles (n).
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Introdução aos Processos Químicos
m m g kg lbm
n= ⇒ M= [ =] ; ; ; ...
M n gmol kgmol lbmol
• Exemplo 1.5.4.1:
Seja a amônia (NH3), que possui massa molecular igual a M = 17 g/mol. Quantos
moles de amônia há em 34 kg da substância? Qual a massa de 4 lb-mol de amônia?
n, para m=34 kg:
1 kgmol
n = 34kg × = 2 kgmol = 2000 mol
17 kg
m, para 4 lbmols:
lb m
m = 4 lbmol × 17 = 68 lb m = 30.838 g
lbmol
• Exemplo 1.5.4.2:
Sejam 100g de CO2 (MM = 44 g/mol). Pergunta-se:
28
Introdução aos Processos Químicos
• Exemplo 1.5.4.3:
A vazão mássica de CO2 em uma tubulação é igual a 100 kg/h (MM = 44 g/mol). Qual
é então a vazão molar?
Solução:
kg 1 kgmol CO 2 kgmol
100 × = 2,27
h 44 kg CO 2 h
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Introdução aos Processos Químicos
iii)Fração Volumétrica:
VA
vA =
Vtotal
Vtotal = VA + VB + ...
Note que em função da definição das frações, o seu somatório em relação à todos os
componentes de uma mistura é igual a um. Assim, em uma mistura com n componentes, tem-
se para as frações molares (zi), mássicas (wi) e volumétricas (vi):
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Introdução aos Processos Químicos
n n n
∑zi =1
i = ∑ w =∑ v
i =1
i
i =1
i =1
massa
∑i mol i M i
M= = = ∑ zi Mi
moles totais moles totais i
Este parâmetro tem o mesmo significado ao se trabalhar com misturas do que a massa
molecular tem ao se lidar com substâncias puras.
• Exemplo 1.5.5.2.1:
Uma solução qualquer contém 15% de A, em massa, e 20% em base molar de B. Com
base nestas informações, calcule:
a) A massa de A em 175 kg de solução:
% de A 0,15 kg de A 15 kg A
wA = = 0,15 ⇒ =
100 1 kg de sol. 100 kg sol.
15 kg A
⇒ 175 kg sol. × = 26 kg A
100 kg sol.
Ou ainda, utilizando diretamente a definição de fração mássica:
mA
wA = ⇒ m A = 0,15 × 175 kg sol. = 26 kg A
m
b) A vazão mássica de A em uma corrente da solução que escoa com uma vazão de 53 lbm/h.
lb m sol lb m A lb A
m A = 53 × 0,15 = 8 m
h lb m sol h
c) Vazão molar de B em uma corrente escoando com vazão total igual à 1000 mol/min.
31
Introdução aos Processos Químicos
• Exemplo 1.5.5.2.2:
Uma mistura de gases tem a seguinte composição mássica:
Composto %
O2 16
CO 4
CO2 17
N2 63
Solução:
a) Para facilitar os cálculos que permitem a passagem de frações mássicas para
molares, defini-se uma base de cálculo, ou seja, uma massa qualquer da mistura na qual os
cálculos são efetuados. Por conveniência serão utilizados 100 g da mistura como base de
cálculo. Os resultados dos cálculos em seqüência são mostrados na tabela 1.5.5.2.
b) Aproveitando os resultados, a massa molecular média da mistura também está
calculada na referida tabela.
c) Em misturas gasosas, as frações molares são iguais as frações volumétricas. Assim a
fração volumétrica do CO é igual a 0,044.
32
Introdução aos Processos Químicos
1.5.5.3 – Concentrações
As concentrações são parâmetros também utilizados na definição da composição de
misturas multicomponentes. De forma distinta das frações, as concentração são parâmetros
dimensionais. De uma forma geral elas representam quantidade de um componente por
quantidade fixa de solvente ou de solução em uma mistura.
i) Concentração Mássica:
massa de A g de A g kg de A kg
[ =] ≡ ; 3 ≡ 3 ; ...
volume de solução l de sol. l m de sol. m
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Introdução aos Processos Químicos
iii) Molalidade:
A molalidade é uma forma de expressar a concentração que usa, em conjunto,
informações mássicas e molares. Por definição, ela representa o número de moles do soluto
existente em 1000 g do solvente.
mol de A gmol de soluto
Molalidade = [ =]
kg solvente 1 kg de solvente
É importante notar que a molalidade é uma forma de expressar a concentração muito pouco
utilizada em cálculos da engenharia de processos.
• Exemplo 1.5.5.3.1:
Uma solução aquosa de H2SO4 com concentração 0,5 molar escoa em um processo
com uma vazão de 1,25 m3/min. A ρr da solução é 1,03. Calcule:
a) A concentração mássica de H2SO4 em kg/m3;
b) A vazão mássica de H2SO4 em kg/s;
c) A fração mássica de H2SO4.
Solução:
0,5molA 98gA 1kg 103 l kgA
a) * * 3 * 3 = 49 3
1lsol. 1molA 10 g m m sol.
kg 1,25m3 1min kg
Q = 1030 3
* * = 21,46
m min 60s s
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Introdução aos Processos Químicos
• Exemplo 1.5.5.3.2:
Na fabricação de um produto A com massa molar de 192, a corrente de saída de um
reator flui a uma vazão de 10,3 l/min. Esta corrente contém A e H2O. A porcentagem mássica
de A é de 41,2 % e a densidade relativa da solução (ρrsol) é de 1,025. Calcule a concentração
de A em kg/l nesta corrente e a vazão molar de A, em kgmol/min.
Solução :
41,2% p/pA
Reator
58,8% p/pH2O
F N dina lb f
P = [=] 2 ≡ Pa ; ; ≡ psi
A m cm 2 in 2
N
No SI ⇒ = Pa (pascal)
m2
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Introdução aos Processos Químicos
figura esta abertura é representada por um pequeno tubo lateral. Para que não haja vazamento
por este tubo devemos exercer uma determinada força em um dispositivo que obstrua esta
abertura. Esta força é equilibrada pela força que o fluido que está escoando exerce pelo lado
de dentro. Assim, a pressão do fluido em escoamento é dada pela razão entre esta força e a
área da seção reta deste tubo lateral.
A(m2)
P(N/m2)
F(N)
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Introdução aos Processos Químicos
P0 (N/m2)
A (m2)
h ρ (kg/m3)
(m)
P (N/m2)
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Introdução aos Processos Químicos
(mmHg, mH2O, etc) para as unidades tradicionais de pressão (Pa, dina/cm2, etc) são
normalmente achados em tabelas, e a sua determinação está baseada na relação:
P=ρgh
• Exemplo 1.5.6.1.1:
Calcule a pressão, em N/m2, 30 m abaixo da superfície de um lago, sabendo-se que a
pressão atmosférica, isto é, a pressão na superfície do lago é de 10,4 mH2O e a densidade da
H2O é igual a 1000 kg/m3. Considere g = 9,8 m/s2.
Solução:
P= P0 + ρ g h
1,013 × 10 5 N m 2 kg m N
P (N/m2) = 10,4 mH 2 O × + 1000 3 × 9,8 2 × 30 m = 3,96 × 10 5 2
10,33 mH 2 O m s m
38
Introdução aos Processos Químicos
Note que, se Prel = 0, então Pabs = Patm. Quando Prel < 0, então Pabs < Patm, e diz-se que
há vácuo no local onde a pressão esta sendo medida.
Nos cálculos, a pressão deve sempre ser expressa no referencial absoluto (Pabs). Porém,
quando a grandeza envolve diferenciais de pressão não há necessidade de se utilizar pressões
absolutas, pois o tamanho das unidades é o mesmo:
∆Pabs = ∆Prel
Temperatura:
• É um conceito originado da sensibilidade ao frio e ao calor;
• Pode ser rigorosamente definida através da Termodinâmica;
• Definição de Maxwell para a temperatura:
“ A temperatura de um corpo é uma medida de um estado térmico considerado em
referência ao seu poder de transferir calor para outros corpos.“
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Introdução aos Processos Químicos
• Na escala Celsius (ou Centígrada), para a H2O à pressão atmosférica padrão, temos que:
Tf = 0 oC e Teb = 100 oC
O zero absoluto equivale a -273,15 oC.
As escalas Kelvin (K) e Rankine (oR) têm a sua origem (valor zero) no zero absoluto, e
os tamanhos dos graus são os mesmos do Celsius e Fahrenheit, respectivamente.
o o o
R F C K @ 1 atm, H2O
672 212 100 373 ebulição
492 32 0 273 congelamento
o
420 -40 -40 233 C = oF
0 -460 -273 0 zero absoluto
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Introdução aos Processos Químicos
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Introdução aos Processos Químicos
∆ ( o C ) ∆ ( K ) ∆ ( o F) ∆ ( o R )
= = =
5 5 9 9
Note que estas expressões também representam uma relação entre os tamanhos dos graus nas
escalas. Considere por exemplo o intervalo de temperatura de 0 oC para 5 oC. Neste intervalo
existem 5 oC. Na escala Fahrenheit tem-se para o mesmo intervalo 32 oF (0 oC) e 41 oF (5 oC),
o que significa um intervalo de 9 oF. Assim aparecem os fatores de conversão para os
intervalos de temperatura:
1 ∆oC = 1,8 ∆oF
1,8 ∆oF = 1 ∆K
1 ∆oF = 1 ∆oR
1 ∆oC = 1 ∆K
que, como não poderia deixar de ser, são as mesmas expressões definidas para a conversão
dos diferenciais de temperaturas.
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Introdução aos Processos Químicos
1o C 1o C
b) ∆T(oC) = ∆T(oF) * = (80-20) o
F*
1,8o F 1,8o F
∆T(oC) = 33,3 oC
Outro fato importante diz respeito às unidades compostas que contêm unidades de
temperatura. Por exemplo, quando representamos a unidade de calor específico na forma
J/(kg.°C), estamos nos referindo ao fato de que necessitamos de 1 J de energia para elevar de
1°C a temperatura de 1 kg de água. Ou seja, o °C que aparece no denominador na realidade
significa um ∆°C (diferença unitária de temperaturas - a unidade é então: joules por quilo por
diferença unitária de graus Celcius) e a sua passagem para outra escala é feita pelos fatores de
conversão das unidades de grau.
Btu
Ex: A condutividade térmica do alumínio à 32 oF é igual a 117 . Encontre o valor
2 F
o
h. ft
ft
Btu
equivalente à 0oC nas unidades: .
K
h. ft 2
ft
Solução:
Note que 0°C = 32°F, assim não há necessidade de correção em relação à variação de
temperatura. Desta forma, o problema se resume a uma simples correção de unidades:
Ex: A variação com a temperatura do calor específico, na base molar (em cal/(gmol.°C), do
H2SO4 pode ser representada pela equação:
Cp = 33,25 + 3,727 * 10−2 T
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Introdução aos Processos Químicos
onde T[=] oC. Modifique a equação de modo que a expressão resultante forneça o Cp nas
Btu
unidades de o
, com T[=] oR.
gmol R
Solução:
Cp = 33,25 + 3,727 * 10−2 T
T(oF) = 1,8*T(oC) + 32 e
T ( oR ) − 492
T( R) = T( F) + 460 ==> T( R) - 460 = 1,8*T( C) + 32 ==> T ( C ) =
o o o o o
1,8
Então:
T( o R ) − 492
C p = 33,25 + 3,727 * 10−2 ;
1,8
fazendo a conta:
cal −2
Cp = 23,063 + 2,071 * 10 T( R )
o
(A)
mol o C
Definindo, agora:
Btu
Cp′ [ = ]
mol oR
cal Btu 252cal 1 R 1,8 F
o o
Cp = C p′ * * o * o
mol C mol R 1Btu 1 F 1 C
o o
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Introdução aos Processos Químicos
Ex: O calor específico à pressão constante da amônia, definido como a quantidade de calor
necessária para aumentar a temperatura de uma unidade de massa de amônia de 1o à pressão
constante, é, em uma faixa limitada de temperatura, dado pela expressão:
Btu
Cp o
= 0,487 + 2,29 * 10−4 T[ o F]
lbm F
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