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Núcleo de Educação Continuada do Paraná NECPAR

Programa de Pós Graduação em Psicanálise: Teoria e Clínica

Aluna: Lívia Batista Pereira Larranhaga


Professora: Rute Grossi Milani

TRABALHO REFERENTE AO MÓDULO: Clínica das Neuroses

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa fazer uma correlação de um caso clínico contido no filme “Melhor é
Impossível” com os conceitos de culpa depressiva e culpa persecutória. No entanto, foi
necessário abordar, de forma breve, os sintomas e os mecanismos de defesa da neurose em
questão.

2. O FILME

“Melhor é Impossivel” conta a história de um escritor, Sr. Udall (Jack Nicholson) que mora
sozinho e sofre de neurose obsessiva-compulsiva. Sua rotina é marcada por muitos rituais e por
seus conflitos frequentes com seus vizinhos, em especial com Simon, um homossexual que tem
um cachorro que é sempre o motivo das desavenças entre eles. Uma outra personagem
importante no filme é Carol, a garçonete que sempre o atende em suas visitas diárias ao
restaurante da qual ela é funcionária. Portanto, o enredo gira em torno desses três personagens e
seus conflitos. A vida de Udall começa a mudar quando Simon envolve-se em uma briga e é
espancado violentamente, por causa disso ele fica hospitalizado por uma semana e nesse período,
seu cachorrinho (Verdell) acaba ficando aos cuidados do escritor com o tempo este começa a se
apegar ao animalzinho, mas reluta em aceitar o afeto existente entre eles. Simon sai do hospital,
seu cachorro volta aos seus cuidados, mas ele percebe que Verdell não é mais o mesmo, ele está
triste, então, fica claro então que ele estava sentindo a falta de Udall. Enquanto isso, o escritor
tinha o hábito de ir ao mesmo restaurante todos os dias, sentar no mesmo lugar e ser atendido
sempre pela mesma garçonete, a Carol. Até que um dia esta falta no serviço, pois seu filho
(Spencer) fica doente, contrariado em chegar no mesmo local e não encontrar aquela que o servia
diariamente, Udall descobre onde ela mora e vai até lá, quando ela abre a porta, ele diz: estou
com fome. Ela fica irritada e pede para que ele se retire de sua casa, pois ela não tinha ido
trabalhar, pois seu filho estava doente. A partir desse momento o senhor começa a ajudá-la
financeiramente nos cuidados com o garoto. No início, ela se sente incomodada com esse
auxílio, mas com o passar do tempo ela passa aceitar e ser grata para com o Sr. Udall, este
sempre afirmava que só estava ajudando-a por que queria que ela voltasse a trabalhar no
restaurante e, realmente, foi isso que aconteceu. Caminhando para o desfecho do filme, Simon
precisa fazer uma viagem e solicita Udall para que este o levasse em seu carro conversível, ele
aceita ajuda-lo, mas antes ele convida Carol, pois diz que não gostaria de fazer uma viagem
sozinho com um homossexual, ela concorda em fazer companhia ao senhor e eles seguem em
viagem. Durante o caminho, ela se interessa pela história do rapaz e os três passam a se conhecer
melhor. O final não poderia ser diferente: Carol e Udall acabam se apaixonando e Simon ganha a
simpatia e o carinho do escritor depois de muitos conflitos.

3. ANÁLISE

Essa análise visa fazer um enquadre dos sintomas e os mecanismos de defesa, bem como uma
correlação da culpa persecutória e depressiva com o quadro clínico presente no filme.

3.1 Sintomas e mecanismos de defesa

Como podemos notar, o protagonista do filme é um exemplo clássico e até caricaturesco de um


neurótico obsessivo-compulsivo. Clássico, pois observamos vários sintomas e mecanismos de
defesa presentes no personagem e caricaturesco, pois a personalidade de Sr. Udall chega a ser
cômica.

A respeito dos sintomas, fica claro que Sr. Udall apresenta a maioria dos sintomas que Grinberg
(2000) enumera, como: dúvidas, cismas, ideias compulsivas, mania de limpeza, tendência
exagerada para a ordem e para a simetria, medos de contato, fobias e superstições.
Esses sintomas podem ser observados durante o filme. O escritor coleciona vários sintomas e os
mais marcantes são: a mania de limpeza, a tendência para ordem e para a simetria, os medos de
contato e superstições.

O primeiro é expressado por seu ritual de lavagem das mãos, cuidadosamente ele abre um dos
sabonetes estocados em seu gabinete, todos são de glicerina, enquanto ele tira a embalagem de
seu sabonete, ele abre a torneira na água quente e deixa até o ponto de sair fumaça, feito isso, ele
coloca as suas mãos embaixo de água com um certo receio, pois a água está muito quente e ele as
lava com aquele sabonete, feito isso, ele joga fora esse mesmo sabonete que só foi usada uma
única vez.

O segundo sintoma pode ser observado na extrema organização de seu apartamento. Já os medos
de contato ficam evidentes quando notamos que em vários momentos da história ele veste luvas,
por exemplo: quando ele fica com o cachorro do vizinho e quando ele vai viajar com seu vizinho
e a garçonete.

O último sintoma, as superstições, pode ser notado em seu comportamento no restaurante que ele
frequenta diariamente em que ele só aceita se sentar em uma das mesas, ficando muito irritado
quando sua mesa não está disponível. Ainda nesse estabelecimento, ele só aceita ser atendido por
Carol, uma das garçonetes, isso fica mais evidente ainda quando o filho de Carol adoece e ela
falta ao trabalho, Udall, por não aceitar ser atendido por outra profissional, descobre onde ela
mora, vai até ela e diz: estou com fome. Um outro tipo de superstição presente na personalidade
do protagonista diz respeito a sua maneira de andar pelas calçadas, ele não se permite pisar nas
linhas dos pisos que as compõem.

Sobre os mecanismos de defesa que Grinberg (2000) discorre, o escritor apresenta todos, a saber:
formação reativa, isolamento e anulação. Segundo o autor, a formação reativa se dá na oposição
que o sujeito faz dos seus sentimentos agressivos com uma atitude de exagerada amabilidade.
Entendo que a formação reativa está presente de outra forma em Udall, isso porque ele expressa
sua agressividade para com as pessoas, mas esse comportamento se opõe a uma amabilidade que
será desvendada no desfecho do filme.
O isolamento, para o autor, está relacionado ao tabu de contato e pode ser observado em diversas
áreas do personagem em questão, isso porque ele se distancia de pessoas e objetos que ele julga
não poder se aproximar por razões inconscientes.

Já o mecanismo da anulação é outro aspecto marcante no Sr. Udall e pode ser exemplificado
através de sua lavagem compulsiva.

O desenvolvimento intelectual do protagonista também é algo característico dos neuróticos


obsessivos.

3.2 Culpa persecutória e culpa depressiva

Para Grinberg, uma das principais causas para o aparecimento da culpa persecutória é o trauma
do nascimento, pois este é um evento em que se evidenciam um estado de privação e um déficit e
o efeito disso se dá inconscientemente quando o Eu perde partes próprias, como: as membranas
fetais, o cordão umbilical, a provisão nutricional e a própria mãe. Dessa forma, a culpa
persecutória é uma culpa precoce e tem relação com o mecanismo de onipotência e este é
vivenciado pela criança quando ela alucina o seio na tentativa mágica de conservar uma relação
de indiferenciação com sua mãe, é uma forma de manter uma ilusão de unidade. Para o autor, em
toda perda vai existir uma certa dose de culpa e o que define se essa culpa será persecutória ou
depressiva é a intensidade da reação do sujeito frente a perda.

Ao citar M. Klein, o autor diz que ela uma das principais defesas contra a pulsão de morte é a sua
projeção para fora, dessa forma:

[...] a projeção das pulsões projetivas sobre um objeto determinam que


este se converta em perseguidor por excelência. Mas o fato de ter
utilizado o objeto como reservatório para nele depositar a pulsão de
morte desfusionada, provoca também uma culpa persecutória pela
utilização ou aproveitamento que se fez do objeto e porque este ameaça
então com a retaliação. pg. 102.

Atitudes autopounitivas vão predominar em indivíduos que se encontram sob a influência desse
tipo de culpa. Caminhando para o final do filme, Udall diz para Carol que seu psiquiatra tinha
receitado alguns comprimidos para que fosse curado de sua doença, mas ele nunca tinha tomado
um comprimido sequer, pois os achava perigosos. Isso nos mostra não só essa atitude
autopunitiva como também a relação que o neurótico obsessivo tem com os objetos, pois ao
considerar os comprimidos perigosos, ele evidencia a projeção das pulsões destrutivas sobre um
objeto e este se converte em perseguidor.

Grinberg, em seu capítulo sobre a culpa depressiva, inicia seu texto falando que a culpa é um
afeto que está ligado a evolução psíquica do indivíduo e a medida que vai havendo uma maior
integração, a culpa depressiva vai se instaurando de forma mais estável.

O que caracteriza a culpa depressiva é o desejo de reparação do objeto que se sente destruído
pelos próprios impulsos destrutivos. A tendência reparadora de forma mais maníaca de
onipotente vão corresponder a mais à culpa persecutória do que à culpa depressiva.

Segundo Grinberg, Winnicott faz uma relação da culpa depressiva com a saúde do Eu e com o
crescimento emocional, por outro lado, fala da culpa persecutória quando fala de uma
psicopatologia da culpa e inclui a neurose obsessiva como exemplo desse segundo tipo de culpa.
E continua dizendo que as pessoas que estão sob um excesso de culpa (persecutória) podem ter
seus sentimentos de culpa atenuados a partir do momento em que elas tem a oportunidade de
iniciar um trabalho construtivo, em contrapartida ela reaparece de forma acentuada frente a
qualquer fracasso.

Ainda é dito que o sentimento de luto da posição depressiva e os sentimentos reparadores são a
base da criatividade e da sublimação, e considerando a atividade de escritor que o protagonista
desenvolve podemos afirmar a presença da culpa depressiva no personagem em questão. No
entanto, é no desfecho do filme que podemos perceber a culpa depressiva de forma mais nítida.
Isso porque, Udall e Carol acabam se envolvendo emocionalmente e tudo indica que a partir
daquele momento eles começariam a construir um relacionamento, isso mostra que o escritor
começou a se relacionar com um objeto total e não mais de forma parcial. A maior prova disso se
encontra no momento em que ele diz a Carol que faria um elogio a ela e prossegue dizendo que
depois que eles começaram a se relacionar de forma mais próxima, ele voltou a tomar os
comprimidos que até então ele considerava perigosos, Carol não entende o elogio e ele completa
dizendo "você me faz querer ser um homem melhor".
Pra finalizar, é necessário dizer que o filme mostra como as culpas persecutória e depressiva
podem coexistir simultaneamente, como diz Grinberg (2000):

“ [...] ambos os tipos de culpa podem coincidir, em grande parte, com as


posições esquizoparanoide e depressiva descritas por M. Klein, não
correspondem as mesmas. Podem coexistir simultaneamente - ainda que
em diferentes proporções - durante quase toda a vida indivíduo e
predominar uma ou outra consoante predomine o instinto de amor ou o
destrutivo e segundo tenham sido as circunstâncias em que se tenha
desenvolvido a existência.” página 135

4. CONCLUSÃO
Foi possível, então, fazer a correlação proposta na introdução, visto que o filme escolhido
discorre sobre um tipo de neurose em que observamos a presença dos dois tipos de culpa
estudados durante o módulo. Isso facilitou a análise do caso clínico contido no filme, permitindo
assim a aplicação de conceitos estudados na neurose obsessiva presentes no material observado.

5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

GRINBERG, L. Culpa e Depressão: Lisboa. Climepsi, 2000.


MELHOR É IMPOSSÍVEL. As Good As It Gets . James L. Brooks. EUA: Tristar Pictures,
Gracie Films. 1997. DVD. 139 min.

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