Sunteți pe pagina 1din 19

c

c 
c  cc ccc
 cc

LONDRINA, 2010
ï cïcc  c
 cc cï  c

  ccc ïcc c

c 
c  cc ccc cc

c 
 c  c  ïc

c
c 
c c 
 c
  ïc  c ï c  c c ï c

  c  c
c
!c
ïc"c c# c

c
c
c
c  c! c#ïcc c
cccccccc cïcc
cccccccc c#cc# c
c
ccccccccccccccccccccccccccccccc   c$  c
c 
c  cc ccc cc

 c!  c % c% c c&#'ï(c

  c )% cc #'ï(c

cccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccc%c#* c+ c )&#'ï(c


 c

'c  ïc

Este artigo tem por objetivo demonstrar a relação da expressão artística, h 
Ê  


através das imagens, representada no trabalho da criação das charges, onde por h 
 

meio da linguagem verbal e não-verbal o artista pode expor suas ideologias, seus
ideais, sua forma de expressão.
Além disso, o fácil acesso a charge que geralmente são encontradas em
jornais e revistas tratando temas atuais, atemporais, divertindo e marcando épocas
faz com que as pessoas tenham maior facilidade de poder estar adquirindo estes
trabalhos, que através de temas do dia a dia demonstram de formam crítica e bem
humorada os nossos problemas. h 
     

Tivemos a oportunidade de entrevistar o chargista da seção de cartas da


Folha de Londrina, Jefferson Hiroch Endo, publicitário, 56 anos atua com charges,
cartuns e ilustrações a pedido; este nos explica a diferença de charge e cartum e
nos conta ainda um pouco sobre como é ser chargista.
Também enfocamos sobre a linguagem verbal e a forma que ela atua; no h 
  

tópico do chargista em destaque expomos uma breve história do Cartunista Glauco


Villas Boas, e ainda a charge ao longo de sua história e sua forma de agir, com isso
analisamos como corpus deste trabalho três charges de diferentes temas para
demonstrarmos algumas maneiras de expor a opinião dos chargistas em relação o
que acontece na sociedade como: a pobreza, pedofilia, sexualidade, etc.
$cc cc ccc
c
A arte mantém uma estreita e enigmática relação com a vida. As
manifestações artísticas são tão antigas quanto a história da humanidade. Portanto,
elas acompanham a complexidade da vida.
O ser humano possui uma obsessão cognitiva de entender as coisas do
mundo, se entender e ser entendido pelos outros. A arte, nesse sentido, pode ser
uma das manifestações ancestrais da natureza humana em busca do entendimento
de si, do mundo e dos outros. É sabido que em certas circunstâncias a vida pode ser
incompreensível, mas pode ser prazerosamente vivida. A arte proporciona essa
experiência do sentir a vida e comunicá-la para além da análise, da racionalização e
da explicação. Com ela podemos nos sentir mais vivos, úteis; podemos nos sentir
mais próximos do enigma da vida. A arte torna-se, assim, aquilo que mais aproxima
o homem do cosmo que o gerou.

Ê Ê  Ê  !  " #$  %#     "



%&  %& '#(#     #$
   '   )
#  '      %   '    # 
     Ê **+ ,#- .+ /010!

  $   ###   # ] 


c c 

cïcc #ï# c cc

'c,c-c.c

A linguagem, segundo definição de Émile Benveniste (1977), é um sistema


de signos socializado. ³Socializado´ remete claramente como, afirma Vanoy (1993,
p.29) é a função de comunicação da linguagem.
A expressão ³sistema de signos´ segundo o autor é empregada para definir a
linguagem como um conjunto cujos elementos se determinam em suas inter-
relações, ou seja, um conjunto no qual nada significa por si, mas tudo significa em
função dos outros elementos. Em outras palavras, o sentido de um termo, bem como
o de um enunciado, é função do contexto em que ele ocorre.
Para John Dewet, , a Linguagem é, em primeiro lugar, comunicação com
sentido entre Homem e Homem.
Conforme Coelho (1974, p.6) linguagem, pois, é o instrumento especifico,
de que os homens, se valem para se comunicar uns com os outros, trocando
experiências, isto é, transmitindo reciprocamente os seus pensamentos, idéias,
desejos, conhecimentos, repulsas, etc'

Ü  
          
 
     

       
        
               
           
        
               
                 
 !    
  " #
            
   ! $     
  %           #
  &'())*+(, 

  $   ###   #

'$c c *c

ïcccc,cc/0 .

Segundo Eisner (2001), ao escrever apenas com palavras, o autor dirige a


imaginação do leitor. Na Arte Seqüencial imagina-se pelo leitor.
Para a pesquisadora Garcia (2007) uma vez desenhada, a imagem torna-se
um enunciado preciso que permita pouca interpretação adicional. Quando a palavra
e imagem se ³misturam´, as palavras formam um amálgama com a imagem e já não
serve para descrever, mas para fornecer som, diálogo e texto de ligação.
A Linguagem Não Verbal é a que utiliza a cor, a forma, o movimento, etc. A
imagem funciona como um elemento de interação entre a língua e o indivíduo,
exercendo grande influência na produção do sentido.
Para Garcia (2007), a produção de sentido dentro da linguagem não verbal
dá-se de forma natural, pois é comum lermos as imagens mesmo sem uma
alfabetização prévia. Entretanto, a imagem não traduz a palavra, ela traduz a ideia.
Segundo Eisner (2001), a imagem traduz o significado, tornando visível o
sentido que se faz implícito nela. Antes de aprender a falar, ler e escrever, as
crianças aprendem a ler e interpretar imagens, figuras, objetos e desenhos. Crianças
e até mesmo adultos, quando vêem veem ou lembram algo, remetem (lêeem) aos
aspectos visuais, na cor, forma, cheiro, aparência, entretanto, não é substituído
imediatamente pelo seu signo lingüístico.
c

Ü#
%    # 
    -  !
.   
     #
  
 #              
  
  &%  &'
c

  $   ###   #

cc1 c cc

Segundo Nery (2000), as charges (assim como as caricaturas) surgiram


sobretudo na Inglaterra e na França dos séculos XVIII e XIX, têm suas raízes
igualmente fincadas na iconografia da Idade Média e na atividade dos ateliês de
pintura dos séculos XV e XVI.
As charges adquiram um formato que nos é familiar já no século XVII:
representações pictóricas, freqüentemente legendadas, que satirizam personagem
ou episódio de conhecimento público. Essas estampas fundiam as conquistas
técnicas do desenho, especialmente a perspectiva, a um novo experimento: a
caricaturaÒ
Apesar de ser confundido com Ô  (ou cartum), que é uma palavra de
origem inglesa, é considerado como algo totalmente diferente, pois ao contrário da
charge, que sempre é uma crítica contundente, o cartoon retrata situações mais
corriqueiras do dia-a-dia da sociedade. Mais do que um simples desenho, a charge é
uma crítica político-social onde o artista expressa sua visão sobre determinadas
situações cotidianas através do humor e da sátira. Para entender uma charge não
precisa ser necessariamente uma pessoa culta, basta estar por dentro do que
acontece ao seu redor.
A charge tem um alcance maior do que um editorial, por exemplo, por isso a
charge, como desenho crítico, é temida pelos poderosos. Não é à toa que quando se
estabelece censura em algum país, a charge é o primeiro alvo dos censores.
A charge surgiu, formalmente, na França no princípio do século XIX
(dezenove) como uma forma jamais apresentada, inusitada, de protesto a não
liberdade de imprensa, sempre controlada rigorosamente pelo Estado. Foram
reprimidos por governos (principalmente impérios), porém ganharam grande
popularidade com a população, fato que acarretou sua existência até os tempos de
hoje-em-dia.
Segundo Leffa (1996) seus significados são, freqüentemente, complexos,
precisando que seu leitor tenha conhecimentos prévios dos temas que aparecem
nos mesmos.
O leitor não processa letra por letra, mas usa seu conhecimento prévio,
antecipando assim o conteúdo do texto, o que faz com que não precise se fixar nele
para construir uma interpretação.
Para o pesquisador Leffa (1996):

á c c c    c
 c Ô c
  c c  c
 c
c  c  c c    c c  c Ô  c
 c c Ô c Ôc c   c  Ô   c c
  c c  c
 c cÔ  Ô  cc  cc
c   c    c c c Ô c
    c Ô  c Ôc c  c 
Ô c
 c  c Ô  c c  c c   Ô c
Ô  c cÔÔ cc c c c  c  c
  c   c  c c c c c  c á c
 c c

c
As Charges são um meio visual e extremamente eloqüente de expressar
opiniões, geralmente por meio de técnicas de humor. No Brasil, jornais como Rc
!  trazem charges em destaque na primeira página (atualmente executadas por
Chico Caruso). O " c c#  fazia o mesmo até meados dos anos 1990, com o
cartunista Ique. O jornal francês á c$ é conhecido por utilizar diariamente uma
ilustração editorial no alto da primeira página, logo abaixo a manchete, e nunca
fotos.
O New York Times se utiliza, na página Op-Ed, de uma diagramação
diferenciada com ilustrações realizadas por profissionais consagrados. Muitos
jornais e revistas brasileiras adotam uma abordagem semelhante nas páginas de
opinião, optando por ilustrações expressivas em vez de charges políticas.
As ilustrações dessas páginas expressam uma opinião assim como o artigo,
mas de uma forma mais subjetiva, enriquecendo o sentido conceitual do texto
escrito.
As charges costumam serem publicados em jornais, revistas, em jornais,
revistas, livros, etc. Com o desenvolvimento da Internet, apareceram vários sites
especializados em apresentar charges animadas elaboradas em linguagem flash.
Um dos aspectos essenciais do trabalho do chargista é o criticismo afirma.
O artista não tem o direito à critica, mas sim o dever de critica.
Suas cobranças devem ser dirigidas aos governantes da ocasião, afinal são eles
que possuem os instrumentos para melhorar a vida dos cidadãos. Assim, o alvo
preferido das charges devem ser os líderes dos países ric os, que comandam a
economia mundial e as instituições internacionais, como a ONU, o FMI, o Banco
Mundial, etc. Naturalmente, o criticismo das charges não deve ser inconseqüente, a
crítica pela crítica, mas fundamentado em valores. O chargista deve orientar o seu
trabalho a partir de três princípios básicos:
1- Os valores democráticos
Tudo quanto possa atentar e amesquinhar o Estado de Direito democrático e as
instituições democráticas deve ser impiedosamente criticado pelo chargista. As
liberdades democráticas são sagradas.
2- Os valores republicanos
Pode parecer redundante com o item anterior, mas este item tem um significado
diverso. Trata-se de defender o caráter público dos poderes públicos. Isto é, toda
utilização da administração pública para fins e interesses privados e de grupos deve
ser severamente criticada. Seja nas licitações de contratos de empresas prestadoras
de serviços aos governos, seja no manejo de políticas econômicas para favorecer
determinados interesses minoritários na sociedade.
3- Os valores sociais
Num país como o Brasil, onde as desigualdades sociais são gritantes, deve o
chargista cobrar medidas eficazes de erradicação da miséria e da pobreza, que
combatam o desemprego e aumentem a renda da população, inclusive através dos
chamados salários indiretos, como a oferta de bons serviços públicos de transporte,
moradia, saúde, educação, cultura, esportes, lazer, etc.
c
' 0 c c  cc

Observamos que muitas pessoas não têm o hábito da leitura de charge e


que outros o têm, mas de forma distorcida não conseguindo interpretar a verdadeira
mensagem, porque não estão atualizados dos acontecimentos. Pensando nisso,
entrevistamos o chargista da seção de cartas da Folha de Londrina, Jefferson Hiroch
Endo, publicitário, 56 anos atua com charges, cartuns e ilustrações a pedido.
Quando perguntado para Jefferson porque escolheu ser chargista, ele disse
acreditar ser uma vocação, uma tendência que tinha desde criança que o levou a
fazer este trabalho, começou com mais ou menos 16 anos, pintando tela de cinema
e que foi um grande aprendizado.
Diz que para ser um chargista não precisa ter formação, precisa ter o dom
de desenhar ser um ³autodidata´ a única coisa que se pode aprender em uma escola
de formação é a parte teórica de como se interpretar.
Ao questionar se a limites na hora de criar uma charge, o chargista fala que
não há limites, pois o que acontece em nossa volta não existe limites, mesma coisa
é a charge, ³o meu único limite é não ofender´.
Questionamos em outra pergunta como as charges são feitas. Ele diz ter
que seguir uma diretriz dentro da temática do texto e não precisa de uma estrutura
para fazer a charge, que em qualquer lugar pode ser feita desde que esteja com
vontade de criar. A área de atuação de um chargista é a mídia, jornal, televisão e
revistas, ele recebeu poucas criticas e as recebeu de maneira construtiva
aprimorando o seu profissionalismo.
Quando perguntado se a charge e cartuns são a mesma coisa ou existe
alguma diferença? Jefferson deixa claro que são diferentes,charge é uma
manifestação, por parte do chargista, crítica da sociedade, tanto político quanto
social, geralmente é contestadora e reflexiva, que necessita da boa informação do
espectador para ser bem compreendida. A charge tem uma certa vida útil, isto é,
como sempre se refere a um assunto vigente, quando o fato que a gerou é
esquecido ela perde a sua força. Obviamente há assuntos que podem alimentar uma
charge em todas as épocas, tipo injustiça social, miséria, preconceito e coisas assim,
a charge visa fazer o humor de algo real do que existe em nossa volta enquanto o
cartum relata um fato universal que não depende do contexto específico de uma
época ou cultura, sendo assim atemporal. Temas universais como o náufrago, o
amante, o palhaço, a guerra, o bem x mau, são frequentemente explorados em
cartuns, é livre e inteligente, o humor é uma forma de chamar a atenção para
realidade.
O ponto mais visado da charge é a política, principalmente em época de
eleições, é um momento muito propicio para criação de novas charges .
c

'$  cc ,c

Biografia do Cartunista Glauco Villas Boas


Segundo UOL Folha Online, Glauco lauco Villas Boas nasceu em Jandaia do
Sul, no estado do Paraná em 10 de Março de 1957 foi um desenhista, cartunista e
líder religioso brasileiro. Ele pertencia à família dos sertanistas Orlando, Claudio e
Leonardo Vilas Boas. Mudou-se para Ribeirão Preto em 1976, lá publicando seus
primeiros trabalhos no Diário da Manhã.
Em 1984 começou a publicar no jornal Folha de São Paulo, onde
desenvolveu os personagens Geraldão, Casal Neuras, Doy Jorge, Dona Marta e Zé
do Apocalipse. Fez parte do elenco de redatores da TV Pirata e de alguns quadros
do programa infantil TV Colosso, ambos da Rede Globo. Músico, também tocava em
bandas de rock. Para o público infantil, leitor do suplemento semanal "Folhinha"
criou o personagem Geraldinho, que é uma versão light (no traço e na temática) do
seu personagem Geraldão.
Em 1976, foi premiado no Salão de Humor de Piracicaba, a premiação
fortaleceu seu nome e trabalho para a grande imprensa. No ano seguinte, começou
a publicar, esporadicamente, suas tiras no jornal Folha de São Paulo. Em 1984, a
Folha de São Paulo implementou um trabalho inovador dedicando um espaço para a
nova geração de cartunistas do país, são poucos os jornais que tem esta coragem
de dedicar um espaço exclusivo para cartunistas, abrindo espaço para a publicação
das tiras de Glauco com maior periodicidade.
Ainda em 1977 e 1978, foi novamente premiado no 4° e 5° Salão Internacional
de Humor de Piracicaba. ³Criou personagens marcantes que lidavam com o dia a dia
das pessoas em situações lúdicas, entre os quais se destacam ³Geraldão´, ³
Cacique Jaraguá´, Nojinsk´, ³Dona Marta´,´ Zé do Apocalipse´, ³Doy Jorge´,
³Ficadinha´, ³Netão´, ³Edmar Bregman´, ³Casal Neuras´, entre outros. Glauco era
adepto da seita Santo Daime, e fundador da comunidade religiosa Céu de Maria, na
qual era utilizada bebida de cipó nos cultos. Além de sua casa, a comunidade era
composta por 10 casas na zona oeste da capital paulista. O cartunista Glauco foi
assassinado em 12 de março de 2010, em Osasco (SP), junto com seu filho, Raoni
Villas Boas, de 25 anos.

4.2.1Personagem criado por Glauco

# %

Geraldão é o principal personagem criado por Glauco, solteiro, na faixa dos


30 anos, ele ainda é virgem e mora com a mãe, com quem tem uma relação
neurótica. Geraldão bebe, fuma bastante, toma os remédios que encontra pela
frente e adora atacar a geladeira.
O personagem foi criado para o livro "Minorias do Glauco", lançado em
1981.

Referência???? ] 
c 

23c% c /c

 c

Para se fazer a leitura de quaisquer tipos de textos, principalmente da


charge é necessário que o receptor saiba interpretar além da decodificação, caso
contrário ela irá ler a charge, mas não irá entender o que realmente o artista quis
expor naquele trabalho. Como afirma Flores (2002):

O texto da charge como espaço aberto ao processo de produção de


sentido implica o receptor, que não é um mero ponto de chegada da
mensagem, mas um elemento essencial do processo. A interação
da charge com a sua exterioridade, seu leitor, dá-se através de um
processo de semiose que impõe a recepção e decodificação de
determinadas informações, sinais, etc. Se essas informações não
se convertem em signos, não são percebidas e, nesse caso, não
entram no circuito comunicacional. (FLORES, 2002, p. 11).
cccccccccccc
cccccccccccccccO sentido ocorre pelas relações entre os dois planos (de conteúdo e de
expressão) e o contexto, que se encontra a partir do próprio texto. A junção do plano
de conteúdo e do plano de expressão nos permite ler o texto com mais eficácia,
considerando a práxis enunciativa, que permeia todos os níveis de produção e
leitura do texto.
Uma charge, por exemplo, que mostra as µ¶vantagens¶¶ de ser corrupto,
pode ser construída a partir da oposição riqueza vs. pobreza (riqueza proporcionada
pelo dinheiro conseguido a qualquer custo), ou seja, termos de euforia vs. disforia.
As estruturas fundamentais são ponto de partida do percurso de geração de
um texto.Greimas, adotando o ponto de vista se Saussure, diz que a língua é feita
de oposições.
A disforia representa uma relação de desconformidade, e a euforia
estabelece a relação de conformidade com os conteúdos apresentados.
Figuras e os temas podem sofrer redefinições semânticas segundo
diferentes pontos de vista; a alegria (euforizada pela aparência como esperteza e
virtude) é redefinida como roubo pela enunciação da charge.
Fonte: http://www.bello.pjf.mg.gov.br. Acesso: 8/10/2010 ] 
c
c  cc cc

O enunciador, ao ironizar o fato, repudia e faz repudiar atitudes corruptas.


Nesta charge, devido à ironia, o que o enunciado afirma a enunciação nega.
O sujeito da enunciação usa argumentativamente o enunciado para fazer
crer na crítica social.
A oposição semântica contida nesta charge é de manipulação versus
credulidade, pois os políticos, através de ações corruptas, oprimem o povo utilizando
da retórica persuasiva e mentirosa.
Pelo exposto, fica claro que a utilização de textos sincréticos e virtuais está
cada vez mais presente em nosso cotidiano, e precisam ser investigados, tendo por
base teorias que auxiliem as leituras deste tipo de texto, visto à inserção progressiva
dos meios de comunicação.
Assim, nesta charge a dominação do sujeito Roriz, é disfórica e da
Bezerrinha é eufórica.
Na charge em estudo temos um sujeito disfórico querendo passar a imagem
de esperteza, eufórica.
A narrativa é um encadeamento de ocorrências, formas, conseqüência
ordenada, cujo objetivo é operar valores e conquistas como submetidas à sanção
dos sujeitos a que se destinam.
No programa narrativo há um contrato estipulado entre destinador e
destinatário para a aquisição da competência necessária para a realização da
performance e obtenção da sanção. O programa se desenvolve em quatro fases,
que recebem o nome de manipulação, competência, performance e sanção.
A manipulação se faz por sedução, provocação, tentação ou intimidação.
Na charge a Bezerrinha dos Ovos de Ouro temos:
Manipulação ± é um fazer-fazer. O sujeito Roriz induz, no caso a Bezerrinha que
está manipulada pelo poder a ³botar´ ovos de ouro.
Competência ± o sujeito do fazer adquire um saber e um poder (utilizado para
enriquecer ilicitamente).
- Provocação ± na caricatura fica claro o olhar sorrateiro do sujeito sobre a
Bezerrinha, que alienada e serviçal obedece pacificamente, deixando-se seduzir.
- Performance - a Bezerrinha executa a ação até a hora em que todas as falcatruas
forem descobertas, e os culpados forem punidos.
- Sanção ± nesse caso ocorre uma sanção disfórica. O caricaturado tem o seu status
exposto pela mídia revelando cruamente os passos do golpe do gado super
faturado.
c
  4 c)  )  c
Esta charge da Bezerrinha de ovos de ouro foi produzida em meados de
2007, quando ecoou incansavelmente na mídia, o escândalo da venda de gado do
então presidente do senado, Renan Calheiros e do Senador Joaquim Roriz. Faz-se
necessário observar que o chargista organizou o corpus da linguagem verbal e não
verbal por retomadas intertextuais de textos já publicados, e que, acionando os
esquemas mentais, certamente afloram na memória do leitor.
O título parece-nos uma alusão ao texto O Homem e Galinha, da escritora
Ruth Rocha, ou de histórias infantis que circulam nos meios didáticos, que abordam
o tema A Galinhas dos Ovos de Ouro.
Tanto na charge, como nos textos citados a possibilidade de enriquecer
rapidamente é facilmente percebida.
O texto O Homem e Galinha, narra a história de um casal que tinha uma
galinha, que começou a botar ovos de ouro. Era uma galinha diferente. A mulher
começou a tratá-la bem, visto que ela botava ovos de ouro. O homem, como
proprietário e capitalista proíbe a mulher de dar alimentos ³nobres´ para a galinha.
A Galinha continuava a botar ovos de ouro, mesmo tratada com diferença,
até que um dia, encontra o portão aberto e vai embora.
Analisando o tema desse texto, verifica-se que ele faz menção à sociedade
capitalista que é opressora; que a galinha possuía ³mão de obra especializada´, pois
botava ovos diferentes ± de ouro- e, portanto não era alienado, o que faltava para
ela era oportunidade, e quando esta apareceu ela foi embora.
Analisemos, a charge, começando pelo nível narrativo.
Verificamos que há um sujeito ± caricatura de Roriz ± que quer estar em conjunção
com o objeto de valor ± no caso os ovos de ouro-que representam riqueza, poder,
ascensão social. A ação de ³colher´ ovos de ouro, como fazer que transforma, isto é,
tudo que o dinheiro pode proporcionar.
Esta charge apresenta dois enunciados distintos: o enunciado de estado e o
enunciado de fazer. No enunciado de estado, o sujeito Roriz mantém relação de
junção com o seu meio, e isso fica evidente pelo olhar sorrateiro e pelo largo sorriso.
No enunciado de fazer, o sujeito Bezerrinha, apesar de ³botar´ ovos de
ouro, permanece amarrada.
A junção é a relação que determina o estado, a situação do sujeito em
relação a um objeto. Há dois tipos de junção: A conjunção e a disjunção.
Enunciado de estado conjuntivo: Sujeito Roriz colhendo ovos de ouro, com
expressão de felicidade.
Enunciado de estado disjuntivo: Sujeito Bezerrinha amarrada, desnutrida
e com olhar de tristeza.
Essa charge apresenta as figuras de Roriz (caricaturado) baixo, gordo
e cabeça grande ± sinal de inteligência (senso comum) sorrindo, carregando baldes
cheios de ovos de ouro, e uma vaca branca malhada de preto com as pernas
dianteiras amarradas e um sino pendurado no pescoço, com uma frase escrita em
letras garrafais A bezerrinha dos ovos de Ouro.
Inicialmente observaremos os temas do ponto de vista do enunciado/eufóricos.
As figuras visuais estão sustentadas pela exacerbação eufórica provocada
pelo prazer da riqueza. São elas:
-O alto astral ± conceitos dos que se dão bem na vida citam-se o sorriso
largo e a expressão facial representando entusiasmo e felicidade.
-A felicidade proporcionada pelo dinheiro.
- O olhar sorrateiro. A esperteza de enriquecer fácil e rapidamente.
- Status social a qualquer preço.
- Apresentação pessoal ± vestido de terno e gravata, conceito de beleza e
elegância.
- A estatura ligeiramente obesa sinal de bem nutrido.
-Temas valorizados negativamente/disfóricos:
- Enriquecimento ilícito.
- O interesse, que corrompe relações interpessoais.
-A sujeição aos prazeres oferecidos pelo dinheiro.
-A importância do poder econômico como base de prestígio social e pessoal
(valorização do ter). O fetichismo de corromper e enganar. Papéis sociais
estereotipados (a bezerra com os pés amarrados representado eleitores alienados).
A vaca magra (alusão ao povo pobre de cultura e alimento). O sino no pescoço
(fala-se muito, faz-se muito alarme e ninguém é punido). Os ovos caindo do balde
(desperdício provocado pelo ³ganho fácil´). Ausência das tetas da vaca e olhar de
submissão (vaca dá leite e não ovos). A palavra ³bezerrinha´ colocada no diminutivo
para ironizar o povo brasileiro.
Este cartum, de autoria de Airon/SP, de caráter não-verbal, usa como
intertexto a história bíblica de  c c c no paraíso. Para se entender essa charge
é preciso ter o conhecimento prévio da história original, presente Gênesis 3, na
Bíblia Sagrada. Na história, a serpente induz Eva a comer o fruto da árvore proibida
(a maçã) que a leva à tentação da carne (o sexo) com Adão. Segundo Lins (2008)
afirma que é importante ressaltar que essa imagem já é internalizada pelas pessoas
da sociedade ocidental, que interagem numa cultura predominantemente cristã.
Então quem não é cristão, ou não conhece a história do primeiro casal da
humanidade (segundo a Bíblia), dificilmente entenderá o humor expressado na
charge acima. Dessa forma, foram condensadas duas imagens já conhecidas,
porém paradoxais. Uma que remete a uma história bíblica, Adão e Eva, e outra
contemporânea, o uso da camisinha. Faz-se, dessa forma, um jogo antagônico entre
passado e presente segundo Lins (2008) teríamos três hipóteses:
1. Se na época de Adão existisse camisinha, a serpente daria uma a Eva; então
seria boa e não ruim, como é na historia.
2. A serpente, sabendo que Eva iria transar, aconselha-a a se prevenir usando
camisinha.
3. Adão e Eva comeram a maçã contrariando uma cde Deus de não comer
esse fruto proibido, e descobriram o prazerc sexual. A serpente os induz a
contrariarem outra imposição, a dac igreja, para assim descobrirem o prazer do sexo
com prevenção.c
Outras interpretações podem ser feitas, mas todas se relacionamc a esse conselho
dado pela serpente para Eva se prevenir usandoc camisinha. c

c  c

cccccccccPor meio deste trabalho pudemos conhecer melhor o gênero charge e modo
como através da linguagem não verbal, nós somos capazes se transmitir nossas
opiniões, ideologias. O ser humano não pensa nem se comunica apenas por
palavras, usa sim, uma infinidade de outros signos que dão sentido às imagens,
sons, cheiros, gestos, símbolos. A charge é uma forma de movimento artístico, pois
através do uso da imagem o artista pode se expressar de diversas maneiras
utilizando sempre do humor e da criticidade a seu favor.
Através deste artigo tivemos a possibilidade de conhecer o chargista
Jefferson Hiroch Endo que foi muito atencioso e nos orientou sobre o seu trabalho e
o gênero charge.c

(...) uma imagem pode conter informação que não cabe em mil
palavras e uma palavra pode resumir o conhecimento de mil imagens.
(LAJE, 1987, p.07)

cc5! c# !c

FIORIN, José Luis. Linguagem e IdeologiacSão Paulo: Ática, 1988.


_________, José Luiz. Elementos de Análise do Discurso. São Paulo:
Contexto, 2006.
GERALDI,J. W. Portos de Passagem. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes,1997.
TRAVAGLIA .L.C. Texto e Coerência. 4 ed. São Paulo: Cortez, 1998.
Charge A bezerrinha dos ovos de ouro de: 07/06/2007:
http://www.bello.pjf.mg.gov.br. Acesso: 8/10/2010
FLÔRES, Onici. A leitura da charge.cCanoas, Ed. Ulbra, 2002.
LEFFA, Vilson. Aspectos de leitura: uma perspectiva psicolingüística.
Porto Alegre. Sagra Luzatto, 1996
LAJOLO, Marisa. O que é Literatura.
São Paulo. Editora Brasiliense S.A., 1984.
VANOYE, Francis. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e
escrita;[tradução e adaptação de Clarice Madureira Sabóia...et al].- 9ªed.- São
Paulo: Martins Fontes, 1993.
COELHO, Neli Novaes,1922- Literatura e linguagem: a obra literária e a expressão
lingüística, introdução aos cursos de letras e de ciências humanas. Rio de Janeiro, J.
Olympio, 1974.
VAN, Loon Hendrik Willem. As Artes. Porto Alegre, Globo, 1939.
BENVENISTE, Emile. Problemas de lingüística geral. São Paulo, Editora Nacional,
1977.
GARCIA, Nilce Helena da Mota. Para além das Palavra: Charges, tiras e Quadrinhos
16ª edição Anais da Associação Brasileira, 2007.
EISNER, Will. Quadrinhos e arte Seqüencial. São Paulo: Editora Martins Fontes,
3ªed., 2001.
Biografia Glauco Villas Boas, site: www.uol.com.br. Acesso: 9/10/10.
NERY, Laura. Charge: cartilha do mundo imediato.
 c% 
, Rio de Janeiro,
v. 7. Disponível em: <http://www.letras.puc-rio.br/catedra/revista/7Sem_10.html>.
Acesso em: 11 de setembro de 2010.

S-ar putea să vă placă și