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voleibol: o bloqueio
*Aluno do Curso de Especialização em
Educação Física Escolar Pablo Aires Araujo*
**Professor Adjunto do Departamento de pab_aires@yahoo.com.br
Desportos Coletivos João Francisco Magno Ribas**
Universidade Federal de Santa Maria, RS ribasjfm@uol.com.br
(Brasil)
Resumo
A literatura no âmbito do ensino dos esportes coletivos tem sido
caracterizada por descrições de técnicas das referidas modalidades,
praticamente desprezando a dinâmica de interação (cooperação e
oposição) peculiar a esse grupo de esportes e jogos. O presente artigo
tem como objetivo apresentar este recente olhar sobre os esportes
coletivos que insere a técnica nas referidas interações de jogo,
apresentando assim elementos referentes ao Processo de Leitura de
Jogo e o desenvolvimento do Processo de Tomada de Decisão a partir
do bloqueio no voleibol. Assim, apresentamos uma forma de
caracterizar o voleibol, onde as ações técnicas estão combinadas com
as ações táticas, indicando que o ensino dessa modalidade deverá
seguir a referida orientação.
Unitermos: Ensino. Esportes. Voleibol.
Devemos enfatizar desde a iniciação até o alto rendimento, que logo após o jogador
participar do bloqueio, este irá realizar uma ação subseqüente. Caso o bloqueio ou a
defesa consiga evitar o ponto, os jogadores que participaram desta ação devem recuar
para a possibilidade de um contra-ataque.
Tanto para o aprendiz como para o jogador experiente entende-se que o participante
deverá realizar a ação de bloqueio com consciência e após uma criteriosa leitura e
análise da situação de jogo, elementos esses que serão apresentados no presente
artigo.
É importante destacar que apresentaremos o sentido do bloqueio em uma estrutura
de Voleibol esportivo institucionalizado, ou seja, as regras e o próprio sistema
desportivo dão a conotação final para essas ações de jogo, no caso, a vitória. Porém o
bloqueio fora desse contexto poderá dar novos sentidos a essa ação como, por
exemplo, em um jogo com aprendizes é muito comum a ação de bloqueio não existir.
Certamente que, dependendo da estatura dos mesmos nem seria possível e em muitos
casos também não haveria necessidade, porém o aprendiz deve compreender qual o
objetivo da ação de bloquear e a sua importância na composição do sistema defensivo.
Em nosso entendimento essa é uma das relações que devem estar presentes já nas
primeiras intervenções do professor.
A literatura atual vem tratando o ensino dos esportes coletivos de forma isolada e
desconexa do jogo, sem mostrar os elementos de leitura e muito menos as interações
de oposição que se estabelecem, impossibilitando o ensino e a compreensão técnica
no contexto do jogo (tática). É muito freqüente que as metodologias de ensino do
voleibol não respondam questões como: Qual o sentido do bloqueio no voleibol? Quais
as percepções necessárias para realizar um bloqueio eficiente? Quais as interações que
se estabelecem neste momento do jogo?
Estes elementos só têm sido considerados de forma sistemática a partir dos estudos
do francês Pierre Parlebas que há quase 40 anos vem construindo instrumentos de
análise da lógica interna de jogos e esportes. O referido autor, que possui vários livros
publicados sobre o tema, em 1999 lançou o léxico dos jogos e esportes (“Jeux, Sports
et Sociétés”) onde reúne as principais idéias da área, assim como descreve os
instrumentos de análise (PARLEBAS, 1999).
2. Principais técnicas:
Em relação à própria equipe o grupo achou pertinente uma observação, não citada
pelos autores, referente à armação do bloqueio, ou seja, se há possibilidade de
bloqueio duplo ou em algumas circunstâncias o triplo (alto rendimento).
Elementos relativos à oposição
Análise antecipada
Análise Situacional
Na iniciação o bloqueio simples e duplo são mais utilizados, o bloqueio triplo é mais
difícil para os aprendizes pelo alto grau de aprendizado técnico / tático necessário e
por envolver também grandes deslocamentos. O bloqueio triplo pode ser ensinado só
que sua aplicação é mais complexa, sendo difícil de acontecer por causa das jogadas
serem com bolas médias na ponta, mas é interessante como desafio aos alunos.
2. Principais técnicas
Técnica de deslocamentos
• Passada lateral: com os ombros paralelos a rede deslocar
com passadas laterais.
• Passada de frente e giro: desloca correndo, gira e salta no
momento do ataque.
• Passadas cruzadas e ajuste com passada lateral: desloca
em passada cruzada e faz o ajuste (momento de equilíbrio do
bloqueador para realizar a impulsão) em passada lateral.
No ataque de fundo, onde a bola está um pouco mais longe da rede e altura de
média para alta, o bloqueador saltará depois do atacante.
Devemos enfatizar que ações pensadas são tão, ou até, mais importantes no
processo de ensino-aprendizagem, quanto o gesto automatizado, os professores terão
que desenvolver o raciocínio de seus jogadores para não ficarem presos somente a
ações previamente condicionadas. Agora que o aluno desenvolveu ou está em fase de
desenvolvimento do processo, devemos aprimorar os elementos do bloqueio com base
na sua experiência e orientação do professor.
O aluno deve estar atento não somente à bola, mas também a movimentação dos
atacantes da sua região (trajetórias de deslocamentos e fintas). Em função dessa
movimentação do atacante é que o bloqueio poderá ajustar a região da quadra que
será coberta assim como o tempo da sua impulsão em relação à impulsão do atacante.
O desenvolvimento da percepção da movimentação dos atacantes poderá ser realizado
a partir de exercícios que enfatizem a variação de trajetórias e fintas dos atacantes.
Tipo de levantamento
Considerações finais
O presente estudo, em linhas gerais, mostrou, de forma objetiva, que a ação técnica
em Jogos Esportivos Coletivos (JEC) se constitui em uma ação tática, que são
orientadas pelos elementos de interação do jogo (cooperação e oposição). No caso do
bloqueio, mais do que realizar uma boa execução técnica o participante deverá
considerar os elementos de oposição, ou seja, uma ação técnica orientada pela leitura
da ação do adversário (tática), bem como uma ação de cooperação junta ao restante
da defesa, onde, quanto melhor a comunicação (elemento que media a cooperação)
entre os companheiros, melhor será a possibilidade de êxito do grupo.
Esperamos com esse texto fornecer subsídios para que o leitor problematize as
metodologias de ensinos dos jogos esportivos coletivos que tem predominado na
literatura atual, e, como proposta de reflexão, elencamos as seguintes questões: a
mera descrição de técnicas de execução leva a alguma alteração significativa nas
metodologias do ensino do voleibol? Com base nas reflexões propostas no texto, o
ensino e o treinamento devem ser organizados de forma diferenciada? Como? Existem
outras formas de compreensão da essência do jogo? Até onde as reflexões levantadas
neste texto poderão expressar novas formas de ensinar?
Referências
•
• GRAÇA, Amândio; OLIVEIRA, José (org.) (1995). O ensino dos jogos
desportivos. 2ed. Porto: Universidade do Porto, Faculdade de Ciências do
Desporto e da Educação Física.
• GRECO, Pablo Juan (org.) (1998). Iniciação esportiva universal:
Metodologia da iniciação esportiva na escola e no clube. Vol 2. Belo
Horizonte: Editora da UFMG.
• HERNÁNDEZ MORENO, José (1994). Fundamentos del Deporte:
Análisis de las estructuras del juego deportivo. Primera Edición.
Barcelona, Espanha: INDE Publicaciones.
• KRÖGER, Cristian e ROTH, Klaus (2006). Escola da Bola. Um ABC
para iniciantes nos jogos esportivos. 2ª edição. Traduzido por Pablo Juan
Greco. São Paulo: Phorte Editora, 2ª edição.
• PARLEBAS, Pierre (1988). Elementos de Sociologia del Deporte.
Málaga, Espanha: Junta de Andalucia/Universidad Internacional Deportiva
de Andalucia.
• PARLEBAS, Pierre (1999). Jeux, Sports et sociétés: lexique de
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physique.
• SERENINE, Antônio Luiz Prado; NOCE, Franco; FREIRE, Auro
(1998). Voleibol. In: GRECO, Pablo Juan (org.). Iniciação esportiva
universal: Metodologia da iniciação esportiva na escola e no clube. Vol 2.
Belo Horizonte: Editora da UFMG.