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Revisão da literatura . . . . . . . .

Urolitíase em cães e gatos: Uma


revisão
Urolithiasis in dogs and cats: A review
Elza de Souza Muniz Neta*
Alexandre Dias Munhoz**

Neta ESM, Munhoz AD. Urolitíase em cães e gatos: Uma revisão. MEDVEP - Rev
Cientif Vet Pequenos Anim Esti 2008;6(17):24-34.

A urolitíase é uma enfermidade que acomete os cães e gatos, como resultado de


processos multifatoriais, que podem ocorrer isolados ou em conjunto. Essa enfermi-
dade pode ocasionar obstrução do fluxo urinário e até mesmo evoluir para o óbito
do animal, se não for tratada. Porém para elaborar um protocolo específico efetivo,
há necessidade de um diagnóstico preciso da composição cristalina do urólito e da
presença ou não de infecção no trato urinário. Devido à relevância dentro da Clínica
de pequenos animais, é que se fundamenta nesta revisão, enfocar os principais pon-
tos que envolvem a urolitíase em cães e gatos, objetivando maiores esclarecimentos
sobre a enfermidade, enfatizando os urólitos de oxalato de cálcio e estruvita, que são
os mais comumente encontrados nessas espécies.
Palavras-chave: Cristais, infecção do trato urinário, hipersaturação urinária,
nutricional, pH urinário.

Urolithiasis is an illness which can affect dogs and cats, as a result of multiple
processes, that may occur isolated or in group. This disease can lead to an obstruc-
tion of the urinary flow and even cause the animal’s death, if not treated. Although,
to elaborate an effective specific protocol, a precise diagnosis of the uroliths crys-
talline composition and whether there is or not an infection in the urinary tract. Due
to the relevance of small animals in clinics, this essay focuses on major points related
to the urolithiasis in dogs and cats, aiming more enlightenment on this disease, em-
phasizing calcium oxalate and struvite uroliths, which are ordinarily found in these
species.
Keywords: Crystals, infection on urinary tract, urinary hipersaturation, nutri-
tional, urinary pH.

*Mestranda em Zoologia – Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)


** Doutor, DCAA - Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)
Contato: elzaneta@yahoo.com.br; munhoz@uesc.br

24 Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2008;6(17);24-34.
Urolitíase em cães e gatos: Uma revisão

Introdução os estruvita, seguido pelos de oxalato de cálcio. Enquanto


que os de uratos, cistina, sílica e os mistos são mais difíceis
Diferentemente do trato gastrointestinal, sólidos que
de ocorrerem (8) (Tabela 1).
se formam no trato urinário são anormais, pois o sistema
urinário é designado para eliminar os resíduos metabóli-
Oxalato Mis-
cos na forma líquida (1). Urólitos Estruvita Uratos Cistina Sílica
de cálcio tos
Das alterações mais comuns do trato urinário tem-
se a falha na eliminação dos metabólitos corporais, que se Ocor-

acumulam na forma de inúmeros precipitados. Dentre es- rência


42,4% 46,3% 5,6% 0,2% < 0,1% 1,2%
ses precipitados, são de considerável importância os cris- em
tais (2). A cristalúria é conseqüência da hipersaturação da gatos
urina e urólitos podem ser formados se os agregados de Ocor-
49,6% 31,4% 8,0% 1,0% 0,9% 1,9%
cristais não forem excretados (3). rência
43,8% 41,5% 4,8% 0,4% 0,9% 6,5%
A urolitíase não deve ser vista conceitualmente como em cães
uma enfermidade isolada, com único agente etiológico, mas
sim como conseqüência de múltiplas anormalidades, incluin- Tabela 1: Ocorrência dos diferentes tipos de urólitos
do fatores raciais, congênitos, ou patofisiológicos adquiridos em cães e gatos, observados em Ontário no Canadá e
em Minnesota nos Estados Unidos (8,11,36).
que, em combinação, incrementam o risco de precipitação
dos metabólitos excretados pela urina (1), podendo ser en-
contrados em qualquer porção do trato urinário (4). Os urólitos se formam no espaço urinário (9) por meio
Para estabelecer medidas de tratamento e prevenção de precipitações que ocorrem ao redor de um núcleo ou ma-
adequadas, faz-se necessário identificar os tipos de cristais triz de natureza variável, como agregados de células desca-
presentes na urina ou na composição dos urólitos e descartar madas, agrupamentos de bactérias, pequenos depósitos de
ou confirmar a existência de infecção do trato urinário (5). fibrina ou muco, corpos estranhos, proteínas e outros (3,6).
Mediante a sua relevância, tem-se como objetivo nes- Três teorias propõem, explicar o início da forma-
ta revisão, enfocar os principais pontos que envolvem a ção dos urólitos (8). Na da precipitação-cristalização, a
urolitíase em cães e gatos, com ênfase nos urólitos de oxa- hipersaturação da urina com sais seria o fator primário
lato de cálcio e estruvita por serem os mais comumente responsável pelo início da formação do núcleo e pela ma-
encontrados na clínica de pequenos animais. nutenção do crescimento do urólito (3,8). Na nucleação,
a matriz orgânica pré-formada constitui um núcleo que,
subseqüentemente, permitirá o crescimento do urólito,
Revisão de literatura pela precipitação dos cristalóides (8), e na da inibição da
2.1 - Conceito e Características Gerais cristalização, a ausência de um inibidor específico de for-
O termo urólito deriva do grego URO (urina) e LITH mação de cristal, seria o fator primário para a formação
(pedra) (1). São concreções formadas no trato urinário (4) inicial do núcleo (3).
definidas como massas esferóides, ovóides ou facetadas,
Independentemente da teoria, um evento essencial
formadas por precipitações sucessivas de sais de ácidos
é a hipersaturação da urina com cristalóide formador de
inorgânicos, substâncias orgânicas ou outros elementos (6),
urólito (8), visto que esses se formam quando a concentra-
tendo uma estrutura interna altamente organizada sendo
ção do cristal excede sua solubilidade (7).
nomeados com base na sua composição cristalina (7) e de
acordo com sua localização (1,8). Variam no tamanho e for-
2.3 - Fatores Predisponentes
ma, podendo ser simples ou múltiplos, ter superfícies lisas
A formação dos urólitos pode ocorrer devido à com-
ou rugosas, serem brancos, amarelos ou marrons (4).
binação de vários fatores de risco, em geral agrupados
2.2 - Ocorrência / Patogenia em três categorias: 1 - fatores etiológicos relacionados a
Estudos têm indicado similaridade entre cães e ga- agentes infecciosos; 2 - fatores de risco demográficos re-
tos na ocorrência dos diferentes tipos de urólitos. Tanto lacionados à raça (Tabela 2), idade (Tabela 3), sexo e pre-
machos quanto fêmeas estão sujeitos a urolitíase (4). Há disposição genética; 3 - fatores de risco ambientais com
uma variedade de urólitos sendo os de maior ocorrência as condições de criação, fonte de alimentação e de água

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Urolitíase em cães e gatos: Uma revisão

e status socioeconômico. O conhecimento desses fatores é Fatores nutricionais e dietéticos têm sido associados à
imprescindível para um efetivo do diagnóstico, tratamen- formação de urólitos. Em gatos, ração comercial seca é um fa-
to e prevenção da urolitíase (10). tor predisponente (14,15), visto que essas aumentam a excre-
ção de água para o bolo fecal, principalmente em dietas ricas
Urólitos Gatos Cães em fibras, o que leva a um menor volume urinário (13,15).
Schnauzer miniatura, Bichon A ingestão de água limitada pode acarretar um esta-
Estruvita -------- Frise, Shin tzu, SRD, Yorkshire do de hipersaturação de minerais na urina (4,15). Os gatos
terrier e Lhasa apso são naturalmente predispostos à formação de urólitos em
Poodle miniatura, Schnauzer conseqüência da baixa propensão a ingerir líquidos, for-
Himalaio, mando um pequeno volume urinário diário, urinando em
Oxalato Miniatura, Yorkshire Terriers
Persa, média, uma vez por dia (2).
de cálcio ,Lhasa Apso Bichon frise e
Birmanesa Há uma relação entre a ocorrência de urólitos de xan-
Shih tzu, SRD
tina nos cães e gatos que receberam alopurinol (16,17), es-
Dálmata, Buldogues Ingleses,
pecialmente acompanhado de uma dieta com altos teores
Schnauzer Miniatura,
Uratos -------- de purina (15,17,18). A deficiência de vitamina A predis-
Yorkshire Terrier, Shin Tzus,
põe à urolitíase pelo desenvolvimento de alterações meta-
SRD
plásicas no epitélio de transição (4), enquanto que a defici-
Raça
Dachshunds, Buldogues ência de vitamina B6 resulta no aumento de ácido oxálico
doméstica
Ingleses, Newfounddland, e conseqüentemente hiperoxalúria (19).
Cistina de pêlos
Chihuahua, Rottweiler e Dentre os distúrbios metabólicos há anomalias vas-
curtos,
Scottish deerhound, SRD culares portais que predispõem os cães e gatos à urolitíase
Siameses
por urato de amônia, devido à disfunção hepática (9,17);
Pastor Alemão, Labrador
no hiperparatiroidismo primário, hiperadrenocorticismo,
retrievers, Golden retrievers,
hipervitaminose D e hipercalcemia paraneoplásica, ocorre
Silica --------- Shih tzu, miniatura
calciúria e conseqüentemente predisposição à formação
Schaunzer, bichon frise e
de urólitos compostos por cálcio (13, 20)
Lhaza apso, SRD
Hiperuricemia pode estar associada à urólitos de uratos,
Tabela 2: Ocorrências dos principais urólitos da mesma forma que a hipercloremia, hipercalcemia, e acidemia
associados à raça (8,11,36). podem estar associados à acidose tubular renal distal gerando
urólitos compostos por fosfato de cálcio e estruvita (11,13).
Urólitos Gatos (anos) (8) Cães (anos) A ingestão de alimentos que contêm elevadas quan-
Estruvita 7 ± 3,5 6 ± 2,9 (11); 5,8 (36) tidades de proteína animal pode contribuir para urolitíase
Oxalato de cálcio 7,3 ± 3,4 8,5 ± 2,9; 8,2 por oxalato de cálcio, ao aumentar a excreção urinária de
Uratos 6,1 ± 3,1 3 à 6; 5,0 cálcio e de ácido oxálico, e por diminuir a excreção uriná-
Cistina 3,6 2 à 7; 4,1 ria citrato (12,18,19,21,22), que é um inibidor da cristaliza-
Sílica ------- 4 à 9; 8,7 ção dos urólitos compostos por cálcio (3,13,18,23).
Alterações nos glicosaminoglicanos do urotélio podem
Tabela 3: Detecção dos principais urólitos associados à predispor à formação dos urólitos, visto que os mesmos im-
idade média de cães e gatos (8,11,36). pedem a aderência de microrganismos e cristais na mucosa,
em que poderiam iniciar a enucleação de um urólito (3).
Infecções com patógenos podem formar o núcleo dos Defeitos hereditários que resultam em excreção de
urólitos de Estruvita, assim como bactérias produtoras de xantina ou cistina (17,18) podem levar ao surgimento de
urease principalmente Staphylococus sp e Proteus spp, urólitos. Os de uratos formam-se mais comumente em
podem predispor à urolitíase séptica (8,11,12). A retenção cães Dálmatas devido à alta excreção de ácido úrico na
urinária e pH da urina favorável contribuem para que os urina (4,24); já a cistinúria resulta da deficiência da reab-
sais se cristalizem (3), pois alguns se precipitam mais facil- sorção tubular de aminoácidos (5,25).
mente em pH ácido e outros em pH alcalino (4,13).

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Exposição endógena ou exógena a altas concentra- foliação provocada na mucosa (3), produzindo a mesma
ções de glicocorticóides pode acarretar uma infecção do sintomatologia nas duas situações (7). Os eventos promo-
trato urinário inferior ou a um quadro de hiperoxalúria tores da formação de pólipos são desconhecidos; contudo,
(3), predispondo ao surgimento de urólitos. Outros fár- admiti-se que irritação crônica da mucosa da bexiga e a
macos, tais como: furosemidas ou suplementos dietéticos infecção bacteriana possam contribuir para a hiperplasia
com cloreto de sódio, cálcio ou vitamina D podem causar da mucosa (3,8).
hipercalciúria (3,18,19,21).
Substâncias estranhas como material de sutura, cabelo 2.6 - Sintomatologia
acidentalmente caído durante procedimento cirúrgico, ou Em geral, os sintomas clínicos da urolitíase depen-
material vegetal presente no trato urinário, também predis- dem do número, do tipo e da localização (Tabela 4) dos
põem à formação de urólitos, se tornando um núcleo para urólitos e do tempo de obstrução se houver (3), embora al-
agregação de minerais em suspensão na urina (1). guns urólitos não causem manifestações clínicas e muitas
vezes passem despercebidos (3, 7).
2.4 - Localização dos urólitos
Os animais podem ter urólitos em mais de um local
Localização
(7), sendo que na maioria dos cães são encontrados na be- Complicações Sintomas
dos urólito
xiga (urocistólitos) ou na uretra (uretrólitos); somente de
5% a 10% se localizam nos rins (nefrólitos) ou nos ureteres Pielonefrite Crôni-
Hematúria, Dor
(ureterólitos)3, já nos felinos quase 90% são encontrados ca, Pionefrose, In-
sublombar, febre,
na bexiga embora, possam ocorrer na uretra, ureteres e flamação Crônica,
Rins depressão, poliúria,
pélvis renal (7). Infecção bacteria-
polidipsia, Ano-
Pequenos urólitos que se formam na bexiga podem na, IRC (Insuficiên-
rexia
transitar até a uretra de felinos e caninos durante a micção. cia renal crônica)
Do mesmo modo, pequenos renólitos podem chegar até Obstrução, Hidro-
os ureteres (8). Em fêmeas, os urólitos estão usualmente nefrose, Rinome-
localizados na pelve renal ou na bexiga (4), enquanto nos Ureteres galia, azotemia, Cólica
machos são comumente encontrados na uretra (26). Ruptura ureteral,
peritonite
2.5 - Fisiopatologia
Hematúria, pola-
Os urólitos podem transitar através das várias partes Cistite, Ruptura de
Bexiga quiúria, disúria,
do trato urinário, podem dissolver-se, continuar seu cresci- bexiga, Peritonite
estrangúria
mento, ou podem tornar-se inativos, contudo, caso permane-
Anorexia, vômitos,
çam no trato urinário, haverá a possibilidade de que ocorram
desidratação, de-
certos transtornos, como: infecção, obstrução urinária parcial
pressão, fraqueza,
ou total, esfoliação da mucosa e formação de pólipos (8).
Obstrução, Azo- colapso, estupor,
A maioria dos urólitos que passa pelos ureteres che-
temia pós-renal, hipotermia, acidose
ga até a bexiga, mas outros podem causar obstrução par-
Uretra hipertrofia de com hiperventila-
cial ou total do ureter, resultando na dilatação do ureter
bexiga, distensão ção ou bradicardia,
proximal e da pelve renal com destruição subseqüente
da bexiga, disúria, hematúria,
do parênquima renal (18). Obstrução unilateral do ureter
polaquiúria estran-
muitas vezes causa hidronefrose unilateral (3), ocasionan-
gúria e até morte
do um quadro de renomegalia. Urólitos de diâmetro me-
súbita
nor que o lúmen uretral podem alojar-se por trás do osso
peniano de cães (3,8,12).
Tabela 4: Complicações e sintomas da urolitíase
Os urólitos podem resultar de cistites bacterianas ou observados em cães e gatos de acordo com a
mesmo podem predispor a uma cistite em função da es- localização dos urólitos (3,18,23,26).

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Urolitíase em cães e gatos: Uma revisão

A observação do comportamento do animal pode- refeições em períodos determinados, formação de urina


rá auxiliar no diagnóstico da urolitíase; nas primeiras 6 a concentrada, e retenção urinária (11).
24 horas, a maioria dos gatos com obstrução uretral fará Como já mencionado as infecções com bactérias pro-
tentativas de urinar, andando de um lado para o outro, dutoras de urease, predispõe a formação de cristais de es-
miando, escondendo-se, lambendo a genitália e mostran- truvita, pelo fato de tornar a urina alcalina e com grande
quantidade de íon amônio e fosfato (8,11,12).
do ansiedade. Caso a obstrução esteja na pelve pode ser
Concentrações elevadas de amônia podem lesar os
observado um comportamento de corre em círculos e
glicosaminoglicanos do urotélio, ligando-se aos grupos
morder os flancos (3). Em outra situação observou-se a co-
de sulfato negativamente carregados contidos nesses (12),
profagia em cães com urolitíase de sílica (12). aumentando a possibilidade de aderência de bactérias e
cristais na mucosa (3).
2.7 - Classificação dos urólitos de acordo com a com- Atualmente a estruvita representa menos de 40% dos
posição cristalina urólitos no trato urinário inferior de felinos, sendo que,
Embora normalmente um tipo de mineral predomi- desses, 95% são estéreis. São mais comuns em fêmeas
ne, a composição de muitos urólitos pode ser mista com (55%) que em machos (45%). Nos cães 50% afetam o trato
o núcleo composto por um tipo de mineral e as camadas urinário inferior e 33% o trato superior, sendo mais co-
externas compostas por outros (1), donde, estudos têm mum em fêmeas (85%) que nos machos (15%) (18).
indicado semelhanças entre as estruturas cristalinas dos
urólitos encontrados em cães e gatos (27). 2.7.2 - Urólitos de oxalato de Cálcio
As causas envolvidas na patogenia da urolitíase
com cristais de oxalato de cálcio (Figura 1C) em gatos7 e
2.7.1 - Urólitos de estruvita
cães não são de todo compreendidas, mas quase sempre
Os urólitos de estruvita (Figura 1A e 1B), também
implicam em concentrações elevadas de cálcio na urina
chamados de fosfato triplo magnesiano, são compostos como no período pós-prandial associado com hipercal-
principalmente de fosfato-amoniaco-magnesiano e de pe- cemia por absorção; na reabsorção tubular deficiente de
quenas quantidades de matriz, sendo necessário para sua cálcio ou de forma secundária, menos freqüente como
formação um estado de hipersaturação, do volume uriná- no hiperparatireoidismo primário, linfoma e intoxica-
rio, de fatores dietéticos, como também da quantidade de ção por vitamina D, aumento urinário de ácido oxálico,
magnésio e fósforo presentes na urina (8,12). acidemia, na diminuição urinária de citrato e na defici-
ência de nefrocalcina (3,8,11).
1A 1B Nos últimos anos tem ocorrido um aumento na pre-
valência de urólitos de oxalato de cálcio e declínio subs-
tancial da prevalência de urólitos de estruvita (1,3,8,11).

1C

1A e 1B - Cristais de estruvita.

Especula-se que há três mecanismos envolvidos na


formação dos urólitos de estruvita sendo (1) a formação de
urólitos assépticos; (2) a formação de urólitos “infectados”
ou “por urease”; e nos felinos (3) a formação de tampões ure-
trais contendo grandes quantidades de estruvita (2,11,15).
Os prováveis fatores predisponentes para a gênese
dos urólitos de estruvita assépticos são: composição mi-
neral, conteúdo energético, teor de umidade, metabólitos
alcalinizantes da urina nas dietas, quantidade de alimen-
to consumido, esquema de alimentação ad libitum versus 1C - Cristal de oxalato de cálcio

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Urolitíase em cães e gatos: Uma revisão

Acreditava-se que a explicação para este acontecimento


devia-se ao amplo uso de dieta calculolítica para a dis- 1D
solução dessas formações, e pelas dietas de manutenção
e prevenção de cristalúria de estruvita (7,19). Contudo a
compreensão da fisiopatologia dos urólitos de estruvita se
sobressaía, em que clínicos estavam mais aptos a preveni-
los e dissolve-los. Em conseqüência, a formação do urólito
de estruvita e sua remessa para análise teria diminuído,
resultando em um aumento proporcional na percentagem
de urólitos de oxalato de cálcio (8).
O aparecimento de oxalato na urina de gatos machos
pode estar relacionado ao aumento na produção hepática
de oxalatos mediada pela testosterona. Em contrapartida, os
estrógenos na fêmea podem aumentar a excreção de citrato
pela urina, apresentando assim uma função protetora (3).
A alta incidência de cristais de oxalato de cálcio em 1D - Cristal de ácido úrico.
algumas raças, tais como a do Schaunzer miniatura, suge-
1E
re uma tendência familiar (18). Possivelmente um defeito
nos mecanismos de defesa, transmitidos geneticamente,
apresente alguma influência na sua patogênese (24).

2.7.3 - Urólitos de uratos, cistina, sílica, fosfato de cálcio, xan-


tina e bilirrubina
Além dos cristais de estruvita e oxalato de cálcio
existem os de uratos, cistina, sílica, fosfato de cálcio, xan-
tina e bilirrubina que ocorrem com menor freqüência em
cães e gatos (Tabela 5; Figuras 1D, 1E e 1F). Um urólito foi
encontrado na bexiga de quatro gatos Persas e um cão da
raça Collie, cuja composição mineral era formada por po-
tássio, magnésio e fósforo, ainda não tendo recebido uma
denominação específica (28).
1F
Tipos de
Etiológias prováveis
urólitos
Alta excreção urinária de ácido úrico;
Aumento na excreção ou produção renal de
Uratos
íons de amônio; Aumento do íon amônio pela
urease; Anomalias porto vasculares
Deficiência da reabsorção tubular de
Cistina
aminoácidos
Sílica Origem nutricional
Fosfato de Hiperparatiroidismo primário; Aminoacidúria
cálcio (nutricional)
Xantina Origem nutricional; Xantinúria hereditária 1E e 1F - Cristais de Bilirrubina.
Bilirrubina Hepatopatias
2.8 - Diagnóstico
Tabela 5 – Tipos de urólitos que ocorrem com menor O diagnóstico, localização e classificação dos uróli-
freqüência em cães e gatos e suas possíveis etiologias tos geralmente se baseiam na anamnese e em combinação
(8,11 29). com exame físico e complementares tais como: exames

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radiográficos (tabela 6), ultra-sonográficos, urinálise, uro- A radiografia abdominal simples permite a avaliação
cultura, hemograma, bioquímica sérica e análise quantita- do número e localização dos urólitos radiopacos. Os uró-
tiva dos urólitos (3, 8, 24). litos de tamanho pequeno que não são visualizados nas
radiografias ou ultrassonografias podem ser evidenciadas
Aparência por meio de urografia intravenosa ou cistouretroscopia
Tipo de urólito pH urinário
radiográfica (8,18), que também permite uma avaliação dos rins afe-
Estruvita Alcalina à neutra radiopacos tados e ajuda a diferenciar outras estruturas radiopacas
Oxalato de cálcio Ácidas à neutra radiopacas semelhantes aos urólitos (23). Já a radiografia contrastada
Fosfato de cálcio alcalina radiopacos pode ser usada para se delinear a bexiga e a uretra, e pode
fornecer informações valiosas sobre a forma e localização
Uratos Ácida radiolucente
dos urólitos. A pneumocistografia ou a cistografia podem
Cistina Ácida intermediário
ser únicos métodos através dos quais se pode demonstrar
Tabela 6 – Urólitos relacionados com o pH urinário um urólito radiolucente (30,31).
para sua formação e o seu aspecto radiográfico Os achados da urinálise em cães e gatos com uro-
(3,13,18,25). litíase quase sempre indicam a presença de inflamação
do trato urinário (hematúria, piúria, células epiteliais
A anamnese identifica as predisposições raciais (9), o aumentadas e proteinúria) (3). A constatação de piúria é
tipo de alimentação (22), o uso de medicamentos que po- indicativo de provável infecção urinária. A urocultura e
dem predispor (29) e sintomatologia clínica típica (Tabela o antibiograma identificarão o microorganismo e o antibi-
2) (17,18). No exame físico, muitas vezes é possível palpar ótico mais adequado (32). A cultura bacteriana do interior
urólitos na bexiga e na uretra durante exames abdominais dos urólitos, principalmente de estruvita também poderá
ou retais (18). Urocistólito único normalmente leva a uma ser útil (18). Alguns cristais podem aparecer em qualquer
parede vesical espessada com uma massa móvel sólida no pH, contudo, normalmente são mais numerosos em um
lúmen, já os múltiplos produzem crepitação à palpação (26), deles (tabela 6). O significado clínico da cristalúria deve
embora inflamação e espessamento da parede da bexiga ser interpretada no contexto de todos os achados clínicos
possam dificultar a identificação de pequenos urólitos (8). relevantes, pois, a cristalúria não é sinal de formação de
Para se confirmar à presença de urólitos (8), e definir urólitos, visto que pode ser de ocorrência normal em mui-
seu número, tamanho e localização (26) faz-se necessário tos animais sem urolitíase (1).
recorrer à ultra-sonografia ou radiografia (Figura 2A) sim- A classificação visual dos cristais por meio da mi-
ples ou contrastada do trato urinário (8). croscopia pode ser difícil uma vez que vários cristais
apresentam morfologia semelhante, outros se modificam
com o tempo e pH, e ainda devido à formação in vitro (no
interior dos recipientes) após a micção. Como exemplo,
tem-se o urato de sódio e o fosfato de cálcio que podem
aparecer, respectivamente, como urato amorfo e fosfato
amorfo (25,29).
A análise quantitativa realizada através de análise
cristalográfica com espectroscopia em infravermelho e di-
fração por raios X, de urólitos recuperados cirurgicamente
ou eliminados espontaneamente, propicia as informações
mais definitivas para o diagnóstico, prognóstico, trata-
mento da urolitíase, bem como a prevenção de recidivas
(8,11,26), porém esse serviço não é rotineiro no Brasil.
Testes comerciais para análise quantitativa de urólitos
não são recomendados, porque não detectam sais ácidos
2A - Radiografia simples indicando estrutura radiopaca
de silício, não costumam detectar urólitos contendo cálcio
na bexiga, sugestiva de urólito.

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e propiciam resultados falso-positivos para ácido úrico em Na terapia medicamentosa (tabela 7) o objetivo é
mais da metade dos animais com urólitos de cistina (3). promover a dissolução dos urólitos ou mesmo impedir o
No Brasil, a elaboração de protocolos de tratamentos e crescimento e o aumento do número através da correção
prevenção da urolitíase tem sido realizada mediante a iden- ou controle dos fatores predisponentes. Essa terapia visa
tificação de protótipos para os tipos minerais como alimen- induzir uma baixa concentração urinária dos cristais for-
tação, raça, idade, sexo, achados laboratoriais (urinálise, madores de urólitos; aumentar a solubilidade de cristais
bioquímica), radiográficos e ultrassonográficos, em função mudando o pH e aumentar o volume urinário (21).
da dificuldade para a realização das análises quantitativas.
A avaliação dos valores bioquímicos séricos pode Medicação Dosagem Efeito Indicação
ajudar na identificação das anormalidades subjacentes 1000mg/ Urólitos em
responsáveis pela formação dos urólitos (8), bem como da Metionina acidificante
gato/dia pH alcalinos
evolução do tratamento (9). Por exemplo, a hipercalcemia
800mg/gato/
foi assinalada em cães com hiperparatiroidismo primário
Cloreto de dia 200mg/ Urólitos em
e com urólitos de oxalato de cálcio e fosfato de cálcio (8). acidificante
amônio Kg a cada 8h pH alcalinos
Hipoalbuminemia são sugestivas de hepatopatias. Testes
de função hepática, com dosagem de ácidos biliares se- (cães)
riam indicados para identificar desvios portossistêmicos Diminui
Oxalato de
(7,18), assim como aumento da uréia, creatinina e fósforo Vitamina B6 10mg/kg/dia excreção de
cálcio
em virtude de uma de insuficiência renal, por obstrução ácido oxálico
ureteral bilateral ou unilateral (9). Diminui
Urólitos
Provas de aminoácidos urinários revelam quantida- Hidrocloro- 2-4mg/Kg a excreção
compostos por
des anormais de cistina, e em alguns cães e gatos, lisina, tiazida cada 12 h urinária de
cálcio
arginina e ornitina, podendo ser útil no diagnóstico de cálcio
distúrbios no metabolismo dos aminoácidos e formação Aumenta
de urólitos relacionados (18). 100-150mg/ Oxalato de
excreção
Tais medidas visam principalmente diferenciar a Citrato de kg/dia divi- cálcio e outros
urinária de
urolitíase de infecções do trato urinário, neoplasias, póli- Potássio dido em 2 – 3 urólitos de pH
ácido cítrico;
pos, anomalias urogenitais (8) e tampões uretrais (11) doses ácido
alcalinizante
Urólitos
2.9 - Tratamento Geral
Ácido aceto- 25mg/kg/dia Inibidor da induzidos por
Os objetivos dos tratamentos das urolitíases são cor-
hidroxâmi- dividido em 2 urease bacte- infecção bacte-
rigir qualquer fator predisponente (se possível), eliminar
os cálculos existentes por meio de tratamento clínico ou co (AHA) subdoses riana riana produto-
cirúrgico e impedir a recidiva (9). A escolha entre realizar ras de urease
uma terapia medicamentosa ou a intervenção cirúrgica Inibidor da
15mg/Kg a
deverá ser individualizada, devendo considerar o local e Alopurinol xantina oxi- Uratos
cada 12h
tipo de urólito, a idade e sexo do animal, a severidade dos dase
sintomas clínicos, a presença de outras doenças, os riscos Bicarbonato 10-90 grãos/ Urólitos de pH
Alcalinizante
anestésicos, e o desejo do proprietário (7). de sódio dia ácido
Alguns urólitos podem ser removidos sem cirurgia, N-(2-mer-
através do catéter ou por uroidropropulsão ou uroidropo- captopropi- Diminui
pulsão retrógrada e posterior uroidropropulsão (3,8,33), 15mg/Kg a
nil) glicina concentração Cistina
se suas dimensões permitirem a passagem através de ca- cada 12h
(2-MPG) de cistina
téteres uretrais (8). A grande vantagem dessas técnicas é
(Tiol)
serem procedimentos simples e ambulatoriais (18).
Outra opção em cães é a fragmentação de urólitos Tabela 7 - Bases farmacológicas e suas dosagens,
por litotripsia com ondas de choque. Depois da realização efeitos e indicações para tratamento das urolitíases
da litotripsia, a uroidropropulsão é indicada para colher (3,8,11).
os fragmentos (18,34)

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Urolitíase em cães e gatos: Uma revisão

A terapia depende da composição mineral do uró- 2.9.1 - Tratamento de urolitíases de estruvita


lito (18) e até o presente momento métodos para dis- As recomendações para o tratamento dos urólitos de
solver urólitos só foram estabelecidos para urólitos de estruvita consistem na erradicação e controle da infecção
estruvita em gatos (7, 8, 11), e para estruvita, os de ura- do trato urinário quando presente; no uso de dietas calcu-
to e cistina, em cães que podem ser tratados, nas duas lolíticas; na promoção de urinas ácidas; e na administra-
ção de inibidores da urease nos pacientes com persistência
espécies com rações terapêuticas (8, 18, 21).
de infecção do trato urinário (8).
Quando a dissolução medicamentosa dos urólitos
As dietas estruvitolíticas têm o objetivo de reduzir a
estiver sendo realizada, o paciente deverá ser reexami-
concentração urinária de fósforo, magnésio e uréia, nesse caso
nado pelo menos mensalmente (3). Em função dos uró-
resultando na redução nos níveis de substrato para bactérias
litos menores que 3mm de diâmetro poderem escapar produtoras de urease, e promovendo diurese (8,23,35).
da detecção do exame radiográfico ou ultrassonográfico, Essas dietas também contêm quantidades significan-
recomenda-se que a dieta calculolítica e os medicamentos tes de Nacl para estimular a polidipsia e conseqüentemen-
utilizados no tratamento, sejam mantidos por aproxima- te poliúria, devendo-se ter cuidado especial com pacientes
damente um mês após a constatação radiográfica da dis- cardiopatas (8,23,35).
solução do urólito (12). Metas terapêuticas deveriam incluir produção da
A remoção cirúrgica (Figura 2B) deverá ser indica- urina com pH abaixo de 6,5 e densidade específica uriná-
da aos pacientes com obstrução ou disúria quando eles ria abaixo de 1.025 (23) Quando são utilizadas dietas não
não puderem ser removidos por métodos não cirúrgi- acidificantes, pode-se mesclar ao alimento a metionina,
cos (18, 22), em pacientes com infecção do trato urinário como redutor da alcalinização urinária pós-prandial (11),
porém, com muita cautela para evitar doses tóxicas (8).
para evitar uma rápida disseminação da infecção e sep-
Os antibióticos devem ser selecionados com base em
ticemia, e nos casos dos urólitos refratários ao tratamen-
testes de sensibilidade ou de concentração inibitória mí-
to clínico como os de oxalato de cálcio, sílica e fosfato
nima para serem utilizados em doses terapêuticas (8,17)
de cálcio (8, 9, 22). Em alguns casos, há necessidade da
durante todo o período em que os urólitos induzidos por
cirurgia para o tratamento da urolitíase, devido a pouca infecção puderem ser detectados radiograficamente. A
cooperação do cliente ou paciente diante das recomen- razão é que os microrganismos calculogênicos tendem a
dações terapêuticas para a resolução clínica (8). Porém, persistir nas partes mais internas dos urólitos, podendo
uma vez que as causas desencadeantes em geral não causar recidivas (11).
são eliminadas, a cirurgia não diminuirá a freqüência
de recidivas dos urólitos (3). 2.9.2 - Tratamento de Urolitíases de oxalato de cálcio
Não foi desenvolvido um protocolo para a dissolu-
ção farmacológica de urólitos de oxalato cálcio, porém te-
rapia dietética ou farmacológica projetada para prevenir o
aumento do tamanho e do número de urólitos é benéfica
(23), no qual métodos físicos de remoção são opções para
correção clinica da doença (21).
Em pacientes hipercalcêmicos, deve ser identificada
a causa primária a ser corrigida se possível (8). O trata-
mento do hiperparatiroidismo primário não dissolverá os
urólitos já existentes, mas pode ajudar significantemente
na prevenção de subseqüentes. Já nos normocalcêmicos,
deve-se identificar outros fatores como dietas acidificantes
ou terapia com glicocorticóides (22, 23)
Os objetivos da dieta preventiva incluem a redução
da concentração de cálcio e do ácido oxálico urinários; o
2B – Confirmação de urólito, após cirurgia.

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Urolitíase em cães e gatos: Uma revisão

aumento da concentração urinária dos fatores inibidores alcalinizante com restrição de proteína e metionina, em
da formação dos urólitos e promover aumento do volume combinação com medicamentos contendo Tiol (3, 8, 25)
urinário (22). onde o pH urinário deve ser mantido em torno de 7,5 (3).
Uma dieta com quantidades reduzidas de proteínas, Os meios recomendados para diminuir a recidiva de
cálcio e sódio, e que também não promova a formação de urólitos de sílicas após remoção cirúrgica incluem altera-
urina ácida, minimiza o crescimento e/ou recidivas dos ções na alimentação como restrição de proteína vegetal e
urólitos de oxalato de cálcio (8,11), porém sem restringir o aumento do volume urinário (aumentando o consumo de
fósforo, magnésio e potássio (33). As rações que possuem água) e alcalinização urinária (3,8).
o citrato adicionado dispensa a complementação com al-
calinizantes (8) devendo o pH apropriado da urina estar
em torno de 6,5 e a densidade específica menor que 1.020 Considerações finais
para cães e 1.035 para gatos (18). A urolitíase é uma enfermidade muito freqüente na
Não deve ser restringido o fósforo da alimentação, clínica de pequenos animais. Os conhecimentos dos meca-
pois essa redução pode estar associada à ativação da vi- nismos que levam o animal a desenvolver a formação do
tamina D, o que promove absorção de cálcio intestinal e urólito constituem um dos principais pontos de partida
subseqüente calciúria. Além disso, pirofosfato é inibidor para o tratamento e prevenção de recidivas.
do oxalato de cálcio (8,11,13). Quanto ao magnésio, esse é É importante saber que a urolitíase pode ocorrer
um redutor de oxalato de cálcio in vitro, podendo exercer como conseqüência de vários fatores e que o tratamento
também algum benefício in vivo (22). de apenas parte desses garante uma resolução, apenas em
A restrição alimentar moderada de sódio é recomen- curto prazo, não tendo efeito duradouro se os fatores pro-
dada em função do consumo elevado e do aumento da motores não estiverem sido corrigidos.
excreção renal de cálcio (3,8). Nesse caso, alimentos hidra- Em qualquer tipo de urólito, é de suma importância
tados podem trazer maiores benefícios que os alimentos a cooperação do proprietário em fazer cumprir todo o pro-
secos, caso sejam associados à diurese compensatória (11) tocolo de tratamento estabelecido pelo médico veterinário,
embora, outros estudos recomendem o cloreto de sódio sendo dessa forma, também o sucesso do tratamento uma
oral para minimizar a recorrência de urólitos por promo- responsabilidade conjunta.
ver diurese e sede (33). Muitos casos de urolitíase podem ser evitados se esti-
A dieta deverá conter vitamina B6, visto que a ver relacionada com fatores relacionados à manejo através
deficiência desta promove produção endógena e sub- da orientação do proprietário, possibilitando a diminuição
seqüente excreção urinária de ácido oxálico (8,33). Ou- da ocorrência desses nos animais domésticos, visto que
tros urólitos compostos por cálcio seguem estes mes- essa enfermidade ocorre num processo dinâmico que se
mos protocolos de tratamento. modifica de acordo com situações que podem ser relacio-
nadas como um reflexo da sociedade. Por essa razão não
2.9.3 - Tratamento de urolitíases de uratos, cistina e sílica se deve descartar a possibilidade de encontrar um tipo
Os urólitos de uratos cuja causa primária não estão novo ou uma formação que não conhecemos nos relatos
relacionados às anomalias portovasculares, é resolvida da literatura.
com utilização da dieta calculolítica, (restrita de agentes
acidificantes, sódio, purinas e inibidores de xantina oxida-
se) (8), eliminação de infecção do trato urinário se existir
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